Proporção dos componentes das plantas de milho para ensilagem inoculadas com
Azospirillum brasilense combinado com diferentes níveis de adubação nitrogenada
Thiago Alves Sirioli Brandão1, Rafael Henrique Pereira dos Reis2, Thiago de Souza Rizzi3, Kamila
Cabral Mielke3, Jean Rodrigo Lemos Nogueira1,
Discente do Curso Técnico em Agropecuária – IFRO Câmpus Colorado do Oeste. Bolsista CNPq, Modalidade PIBIC EM. e-mail:
[email protected]
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Professor do IFRO Câmpus Colorado do Oeste. Docente Orientador, Modalidade PIBIC EM. e-mail: [email protected].
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Graduando em Engenharia Agronômica - IFRO Câmpus Colorado do Oeste. Bolsista de Pesquisa – DEPIPG.
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Área do conhecimento do CNPQ: 5.04.04.01- Avaliação, produção e conservação de forragens.
Agência de fomento: CNPq e Instituto Federal de Rondônia - IFRO.
Resumo: Objetivou-se avaliar as proporções de folha verde, colmo e espiga de plantas de milho sob a
combinação de doses de nitrogênio e inoculação com Azospirillum brasilense, para produção de silagem.
Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado com 10 tratamentos (combinação de
doses de nitrogênio e inoculante) e quatro repetições. Os tratamentos não influenciaram as proporções
dos componentes da planta para produção de silagem, com proporções de espigas variando de 44,94% a
49,38%, sendo este o componente de maior importância na ensilagem por ser a porção da planta em que
está reservado o amido, essencial para fermentação lática no interior do silo.
Palavras–chave: ensilagem, espiga, inoculante, proporções de folha verde
Proportion of components of corn for silage inoculated with Azospirillum
brasilense combined with different levels of nitrogen fertilization
Abstract: This study aimed to assess the proportion of green leaf, stem and ear of corn plants under the
combination of nitrogen and inoculation with Azospirillum brasilense, for silage production. We used a
completely randomized design with 10 treatments (combination of nitrogen and inoculation) and 4
replicates. Treatments did not affect the proportions of the components of the plant for silage production,
with varying proportions of ears of 44.94% to 49.38%, which is the most important component in silage
to be the portion of the plant that is reserved starch, essential for lactic acid fermentation inside the silo.
Keywords: silage, ear, inoculant, proportions of green leaf
Introdução
Na produção pecuária, por conta da escassez de chuvas no período seco do ano, são notáveis os
prejuízos, tanto na produção de carne quanto na de leite. Em nível zootécnico, a seca proporciona queda
no ganho-peso e produtividade dos animais. Desta forma, torna-se necessário a produção de volumosos
por outras fontes para este período, considerando que as pastagens estão em baixa quantidade e
qualidade. Assim, a ensilagem ganha alta importância, uma das alternativas é o cultivo do milho para a
produção de volumoso (Oliveira, 2001). Além disso, é uma cultura com tradição de cultivo, grande
número de cultivares são adaptadas às diferentes regiões do Brasil, comprovado pelo fato de, na região
de Cone Sul do estado de Rondônia, o milho aparecer dentre as principais culturas plantadas, destacandose dentro do cenário estadual. Ademais, cultivos de milho em pequena escala são realizados no
município de Colorado do Oeste por pequenos produtores para produção de milho doce e ensilagem para
os animais.
No entanto, esta cultura apresenta um fator limitante: elevada exigência, principalmente de
fertilizantes, no seu cultivo, o que eleva seu custo de produção. Portanto, avaliação de novas tecnologias
que visem minimizar os custos de produção e a aplicação indiscriminada de fertilizantes, é fundamental
para aumentar a lucratividade dos sistemas produtivos e contribuir para menor poluição ambiental. Por
se tratar de uma nova tecnologia, a inoculação de gramíneas, como o milho, com Azospirillum brasilense
deve ser estudada com vistas a se apresentar uma nova alternativa com viabilidade para os pecuaristas da
região (Ribeiro et al., 1999). Nesse pressuposto, o objetivo dessa pesquisa é avaliar o potencial para
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ensilagem do milho, por meio das proporções de matéria verde, colmo e espigas, produzidas a partir das
combinações feitas entre inoculação e níveis de adubação nitrogenada.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Setor de Produção Vegetal II do Câmpus Colorado do Oeste –
IFRO. O solo é classificado como ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico (Embrapa, 2006). O clima
segundo a classificação de Köppen é do tipo Awa, tropical quente e úmido com duas estações bem
definidas. Foi utilizado o cultivar de milho BG 7049 Hx, híbrido triplo, de ciclo precoce e grão
alaranjado, é com aptidão para produção de grãos ou silagem de planta inteira. As parcelas experimentais
consistiram em cinco linhas de plantas de 5,0m de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,9m;
considerando como área útil as das fileiras centrais desconsiderando 0,5m nas extremidades. A
semeadura foi realizada em 22 de novembro de 2011 com densidade de 60 mil plantas por hectare. O
controle de plantas daninhas foi realizado por meio de aplicação de herbicidas a base de atrazina e
tembotrione e o controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) foi realizado por meio de
inseticida a base de clorpirifós.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com 10 tratamentos e quatro
repetições. Os tratamentos consistiram em combinações entre inoculação com Azospirillum brasilense e
adubação nitrogenada, sendo T1: milho com 0,0 kg/ha de nitrogênio (N) e sem inoculante; T2: milho
com 0,0 kg/ha de N com inoculante; T3: milho com 20 kg/ha de N no plantio sem inoculante; T4: milho
com 20 kg/ha de N no plantio com inoculante; T5: milho com 50% da dosagem de N requerida sem
inoculante; T6: milho com 50% da dosagem de N requerida com inoculante; T7: milho com 100% da
dosagem de N requerida sem inoculante; T8: milho com 100% da dosagem de N requerida com
inoculante; T9: milho com 20 kg/ha N no plantio + 30 kg/ha de N no florescimento sem inoculante e
T10: milho com 20 kg/ha de N no plantio + 30 kg/ha de N no florescimento com inoculante.
No momento da colheita do milho foram coletadas as plantas contidas em um metro linear
dentro da área útil da parcela, pesou-se a massa de forragem individual e, após separados os componentes
espiga, folha verde e colmo, foram calculadas as proporções destes componentes.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando o teste F apresentou-se
significativo, foi realizado o teste Scott-Knott para comparação das médias, ao nível de 5% de
probabilidade.
Resultados e Discussão
Os dados de proporções de folha verde (PROPFV), colmo (PROPCOL) e espiga (PROPESP)
estão apresentados na Tabela 1. Não houve diferença entre os tratamentos das combinações de doses de
adubação nitrogenada e inoculação para estas proporções dos componentes da planta.
Tabela 1- Proporção de folha verde (PROPFV), proporção de colmo (PROPCOL), proporção de espigas
(PROPESP) de milho em combinações de adubação nitrogenada e inoculação com Azospirullum
brasilense.
Tratamento
PROPFV
PROPCOL
PROPESP
0,0 kg/ha de nitrogênio (N) e sem inoculante
13,85a
38,80a
47,34a
0,0 kg/ha de N com inoculante
15,16a
37,53a
47,29a
20 kg/ha de N no plantio sem inoculante
14,58a
36,74a
48,99a
20 kg/ha de N no plantio com inoculante
13,07a
38,38a
48,53a
50% da dosagem de N requerida sem inoculante
17,38a
34,73a
47,87a
50% da dosagem de N requerida com inoculante
12,17a
40,39a
47,43a
100% da dosagem de N requerida sem inoculante
15,36a
38,55a
46,08a
100% da dosagem de N requerida com inoculante
14,31a
36,52a
49,15a
20 kg/ha N no plantio + 30 kg/ha de N no
16,01a
34,59a
49,38a
florescimento sem inoculante
20 kg/ha de N no plantio + 30 kg/ha de N no
16,66a
38,38a
44,94a
florescimento com inoculante
15,26
14,94
10,73
CV (%) *
*Coeficiente de variação. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5%
de probabilidade pelo teste Scott-Knott.
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Para proporção de folha verde (PROPFV) os valores obtidos não foram significativos, pois não
apresentaram diferença estatística, contudo, o T5 que não foi inoculado, mas adubado com 50% da
dosagem de N requerida, apresentou o maior valor. Já em relação à proporção de colmo (PROPCOL) os
valores não apresentaram diferença estatística também, mas o maior valor foi encontrado no T6, onde o
milho foi inoculado além da aplicação de 50% da dosagem de N requerida.
Em relação à proporção de espiga (PROPESP), os valores não apresentaram diferenças
estatísticas, porém o T9 apresentou maior valor, onde se aplicou 20 kg/ha de N no plantio e 30 kg/ha de
N no florescimento, não contendo inoculante.
A inoculação foi eficiente em substituir a adubação nitrogenada, haja visto que os tratamentos
com ou sem adição de inoculante apresentaram respostas estatisticamente semelhantes. No entanto, podese inferir que nem mesmo a aplicação de adubos nitrogenados foram eficientes em alterar as
características avaliadas, pois os tratamentos sem adubação e com adubação não foram estatisticamente
diferentes.
Com vistas a produção de silagem, deve-se selecionar cultivares de milho com elevada
proporção de espigas, que é o componente responsável por acumular amido, carboidrato solúvel
responsável por estimular a fermentação lática no interior do silo, reduzindo o pH da massa ensilada por
meio da produção de ácido lático, proporcionando a conservação.
Conclusões
A inoculação com Azospirullum brasilense foi eficiente em substituir parcialmente a adubação
nitrogenada, devido a não se detectar diferença entre os tratamentos com e sem inoculação. No entanto, a
adubação, mesmo que inorgânica, não foi capaz de alterar as proporções dos componentes.
Agradecimentos
Ao CNPq pela concessão da bolsa PIBIC JR para realização da pesquisa. Ao IFRO pelo apoio
técnico e financeiro para execução do projeto de pesquisa. A todos os integrantes do Grupo de Pesquisa
Sistema Integrados de Produção Agropecuária na Amazônia Ocidental – INTEGRA, pelo
desenvolvimento das atividades no projeto de pesquisa.
Literatura citada
EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2 ed. EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISA AGROPECUÁRIA - Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Rio de Janeiro, 2006. 206p.
OLIVEIRA, J. S. Milho para silagem: alguns conceitos para a escolha de cultivares. Informe
agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.211, p.66-68, 2001.
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V., V. H. Recomendação para o uso de
corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5a Aproximação. Viçosa, MG, 1999. 359p.
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Proporção dos componentes das plantas de milho para ensilagem