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TEMAS DA FILOSOFIA
GUIA DE ESTUDO 5
PROFESSOR (A): PROF.ª MS. KÁTIA CRISTIANA COTA
MANTOVANI
E
PROF.ª PAULA BIANCO
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4) Temas da Filosofia
Ementa:
Períodos da Filosofia. Iluminismo. Positivismo. Idealismo.
Marxismo.Hermenêutica. Fenomenologia.
Referência Bibliográfica
CHAUI, M.. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática: 1997.
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. São Paulo:
Moderna, 1998.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis.
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SUMÁRIO
Introdução ...................................................................................................................................... 4
1. Os Períodos Da Filosofia ........................................................................................................ 4
1.1. Período Pré-Socrático ...................................................................................................... 4
1.2. Período Clássico .............................................................................................................. 5
1.3. Período Da Filosofia Medieval........................................................................................ 28
1.4. Período da Filosofia Moderna ........................................................................................ 30
1.5. Filosofia Contemporânea .............................................................................................. 48
2. Período importante na História: O Iluminismo ...................................................................... 51
2.1. As fases do Iluminismo .................................................................................................. 52
3. Positivismo ........................................................................................................................... 53
3.1. Metodos do positivismo .................................................................................................. 54
3.2. Positivismo no Brasil ...................................................................................................... 55
4. Idealismo .............................................................................................................................. 57
5. Marxismo .............................................................................................................................. 58
6. Hermenêutica ....................................................................................................................... 59
7. Fenomenologia ..................................................................................................................... 60
8. Considerações Finais ........................................................................................................... 61
9. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 65
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Introdução
A palavra Filosofia é grega. Philo e Sophia. Philo
deriva-se de philia, que
significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer
sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Portanto, amizade pela sabedoria,
amor e respeito pelo saber.
A Filosofia teve seu surgimento, quando alguns gregos admiradores e
espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes
dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando
que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, os
acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e
que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
A Filosofia teve seu nascimento no final do século VII e início do século VI antes
de cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. Onde o primeiro
filósofo foi Tales de Mileto.
1. Os Períodos Da Filosofia
1.1. Período Pré-Socrático
Abrange os filósofos das colônias gregas (Jônia e Magma Grécia) que
iniciaram o processo de desligamento entre a filosofia e o pensamento místico. Ela
se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas das
transformações na Natureza. ( final do século VII ao final do século V a.C.). seus
principais filósofos foram:
- Tales de Mileto
- Parmênides
- Anaxímenes
- Heráclito
- Anaximandro
- Demócrito
- Heráclito
- Pitágoras
- Empédocles
- Anaxágoras
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Tales de Mileto
Tales de Mileto foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o
marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência fenícia, nasceu em Mileto, antiga
colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 625/4 a.C. e faleceu
aproximadamente em 558/6 a.C..Tales é apontado como um dos sete sábios da
Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica. Considerado, também, o
primeiro filósofo da "physis"(natureza), porque outros, depois dele, seguiram seu
caminho buscando o princípio natural das coisas. Tales considerava a água como
sendo a origem de todas as coisas. E seus seguidores, embora discordassem
quanto à “substância primordial” (que constituia a essência do universo),
concordavam com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para
essa natureza primordial. Entre os principais discípulos de Tales de Mileto, merecem
destaque: Anaxímenes que dizia ser o "ar" a substância primária; e Anaximandro,
para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação.
1.2. Período Clássico
È o termo geralmente usado para descrever, em seu período clássico antigo,
o mundo grego e áreas próximas (como Chipre, Turquia, Sicília, sul da Itália e costa
do Mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países). Não existe
uma data fixa ou sequer acordo quanto ao período em que iniciou-se e terminou a
Grécia Antiga. O uso comum situa toda história grega anterior ao Império Romano
como pertencente a esse período, mas os historiadores usam a expressão Grécia
Antiga de modo mais preciso. Alguns escritores incluem o período minóico e o
período micênico (entre 1600 a.C. e 1100 a.C.) dentro da Grécia Antiga, enquanto
que outros argumentam que essas civilizações eram tão diferentes das culturas
gregas posteriores que, mesmo falando grego, devem ser classificadas à parte.
Tradicionalmente, o período da Grécia Antiga abrange desde o ano dos primeiros
Jogos Olímpicos em 776 a.C. (alguns historiadores extendem o começo para o ano
de 1000 a.C.) até à morte de Alexandre Magno em 323 a.C. O período seguinte
naquela região da Europa é o do Helenismo.Estas datas são convenções dos
historiadores e alguns autores chegam mesmo a considerar a Grécia Antiga como
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um período presente até ao advento do Cristianismo, no terceiro século da era
cristã. Os gregos se autodenominavam helenos. Nunca chamaram a si mesmos de
gregos, pois esta palavra é de origem latina, sendo-lhes atribuída pelos romanos.
- Sócrates
- Platão
- Aristóteles
- Epícuro
- Sêneca
- Justino
- Sexto empírico
- Orígenes
- Plotino
- Porfírio
- Santo Agostinho
- Escoto Eriúgena
- Avicena
- Santo Anselmo de
Cantuária
- Abelardo
- São Tomás de Aquino
- Bacon
- João Duns Scoto
- Guilherme de Ocham
- Giordano Bruno
- Maquiavel
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Platão
Platão de Atenas, 428/27 a.C. - 347 a.C., filósofo grego. Discípulo de Sócrates,
fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Seu nome verdadeiro era Aristócles;
Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua caracteristica
física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla
capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Plátos, em grego significa
amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência.
Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do
conhecimento.
Vida
Platão nasceu um ano após a morte do estadista ateniense Péricles. Seu pai
tinha como ancestral o rei Codros e sua mãe tinha Sólon entre seus antepassados.
Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de
Heráclito. No entanto, por volta dos vinte anos, encontrou o filósofo Sócrates e
tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de 399 a.C., Platão esteve
em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates, hospedando-se na casa de
Euclides. Em 388 a.C., quando já contava com quarenta anos, Platão viajou para a
Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas.
Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem,
Dionísio I convidou Platão para ir a Siracusa, na Sicília. Platão parte para Siracusa
com a esperança de lá implantar seus ideais políticos. No entanto, acabou por se
desentender com o tirano local e retorna para Atenas. Em seu retorno, funda a
Academia. A instituição logo adquire prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em
busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367
a.C., Dionísio I morre e Platão retorna a Siracusa a fim de uma vez mais tentar
implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo do
filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. volta pela última vez a Siracusa com o
mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta a Atenas em 360 a.C., Platão
permaneceu na direção da Academia até sua morte, em 347 a.C.
Pensamento platônico
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Metodologia do Ensino Superior
Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em
contato permanente com dois tipos de realidade: os inteligíveis e os sensíveis. Os
primeiros são realidades, mais concretas, permanentes, imutáveis, iguais a si
mesmas. As segundas são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são
realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis. Tal
concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Idéias ou Teoria das
Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira
de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa
aos fenômenos. Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma
pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa,
junto com todos os outros objetos de sua categoria, de uma Idéia perfeita. Uma
determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato,
tamanho, etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta,
tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão,
a Idéia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A
ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Idéia
desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas
como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.O problema que Platão
propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser
é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a
permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão,
pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode ser, assim, não
há mudança.Ou seja, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde
o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto
outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança,
tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto
da árvore em relação a outra. Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e
nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e é uma
ilusão sua mudança. Platão resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O
que há de permanente em um objeto é a Idéia, mais precisamente, a participação
desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto
não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto. No
exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não
outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de
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outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é sua
participação na Idéia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida
representação da Idéia de Árvore. Também elaborou uma teoria gnosiológica, ou
seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria
do conhecimento. Segundo ele, ao vermos um objeto repetidas vezes, uma pessoa
lembra-se, aos poucos, da Idéia daquele objeto, que viu no mundo das Idéias. Para
explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) que diz que,
antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma Estrela, onde localizam-se as
Idéias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto
que ocorre faz com que esqueça o que viu na Estrela. Mas ao ver um objeto
aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma
recorda-se da Idéia daquele objeto que foi vista na Estrela. Tal recordação, em
Platão, chama-se anamnesis.
Conhecimento
Platão não buscava as verdades essências da forma física como buscavam
Demócrito e seus seguidores, sob influência de Sócrates buscava a verdade
essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas
coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como
o filósofo deveria buscar a verdade plena, deveria buscá-la em algo estável, as
verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar, se há uma
verdade essencial para os homens esta verdade dever valer para todas as pessoas.
Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior. Nas coisas devem ter um outro
fundamento, que seja alem do físico (metafísico), a forma de buscar estas realidades
vem do conhecimento, não das coisas, mas do além das coisas. Esta busca racional
é contemplativa, isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem. Porém
o próprio homem não é meramente sujeito particular, mas como um participante das
verdades essenciais do ser. Platão assim como seu mestre Sócrates busca
descobrir as verdades essenciais das coisas. O conhecimento era assim o
conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto
corpo, mas enquanto alma. O conhecimento que continha na alma era a essência
daquilo que existia no mundo sensível, assim em Platão também a técnica e o
mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do
mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência
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sensível.Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à
bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento,
que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre já possuía e que o
levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A
obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico. Referente ao
mundo material o homem pode ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que
permitia a sobrevivência do homem, ao passo que referente ao mundo das idéias,
ou verdadeiro conhecimento filosófico, o homem pode ter a épisthéme (verdadeiro
conhecimento). Platão não defendia que todas as pessoas tivessem iguais acessos
à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem todos chegavam à
contemplação absoluta do mundo das idéias.
Política
"... os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e
autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma
divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente". (Platão). Afirmação de Platão
deve ser compreendida baseado na teoria do conhecimento, e lembrando que o
conhecimento para Platão tem fins morais. Mas cumpre ressaltar outro aspecto:
Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma.
A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou
seja, a governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.
A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do estado, isto
é, os soldados, pois sua alma de prata é imbuída de vontade.
E, por fim, a virtude da temperança, que deveria ser o baixo-ventre do estado,
ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas
sensíveis.
Sócrates
A Vida
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Quem valorizou a descoberta do homem feita pelos sofistas, orientando-a
para os valores universais, segundo a via real do pensamento grego, foi Sócrates.
Nasceu Sócrates em 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho de Sofrônico, escultor, e de
Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se inteiramente à
meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, não obstante sua
pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível
de bom cidadão. Combateu a Potidéia, onde salvou a vida de Alcebíades e em
Delium, onde carregou aos ombros a Xenofonte, gravemente ferido. Formou a sua
instrução sobretudo através da reflexão pessoal, na moldura da alta cultura
ateniense da época, em contato com o que de mais ilustre houve na cidade de
Péricles.
Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas
preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. Quanto à família,
podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula
Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com outros
cuidados que não os domésticos.
Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em geral,
conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que
contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu juízo. Julgava que devia
servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos
sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas, que agiam para o próprio
proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se acometerem uns
contra os outros e escravizar o próximo.
Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a
sua atitude crítica, irônica e a consequente educação por ele ministrada, criaram
descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua
probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos racionários,
aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo
hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra
ele por Mileto, Anito e Licon: de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria
introduzindo outros. Sócrates desdenhou defender-se diante dos juizes e da justiça
humana, humilhando-se e desculpando-se mais ou menos. Tinha ele diante dos
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olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da
razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma pequena
minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o
condenou à pena capital com o voto da maioria.
Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei vedava
as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos o discípulo
Criton preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou, declarando
não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo
preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos.
Especialmente famoso é o diálogo sobre a imortalidade da alma - que se teria
realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão no Fédon com arte
incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter sorvido
tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a Esculápio". É que o deus da
medicina tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte. Morreu Sócrates em
399 a.C. com 71 anos de idade.
Método de Sócrates
É a parte polêmica. Insistindo no perpétuo fluxo das coisas e na variabilidade
extrema das impressões sensitivas determinadas pelos indivíduos que de contínuo
se transformam, concluíram os sofistas pela impossibilidade absoluta e objetiva do
saber. Sócrates restabelece-lhe a possibilidade, determinando o verdadeiro objeto
da ciência.
O objeto da ciência não é o sensível, o particular, o indivíduo que passa; é o
inteligível, o conceito que se exprime pela definição. Este conceito ou idéia geral
obtém-se por um processo dialético por ele chamado indução e que consiste em
comparar vários indivíduos da mesma espécie, eliminar-lhes as diferenças
individuais, as qualidades mutáveis e reter-lhes o elemento comum, estável,
permanente, a natureza, a essência da coisa. Por onde se vê que a indução
socrática não tem o caráter demonstrativo do moderno processo lógico, que vai do
fenômeno à lei, mas é um meio de generalização, que remonta do indivíduo à noção
universal.
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Praticamente, na exposição polêmica e didática destas idéias, Sócrates
adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava de
um adversário a confutar ou de um discípulo a instruir. No primeiro caso, assumia
humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando as perguntas até colher
o adversário presunçoso em evidente contradição e constrangê-lo à confissão
humilhante de sua ignorância. É a ironia socrática. No segundo caso, tratando-se de
um discípulo (e era muitas vezes o próprio adversário vencido), multiplicava ainda as
perguntas, dirigindo-as agora ao fim de obter, por indução dos casos particulares e
concretos, um conceito, uma definição geral do objeto em questão. A este processo
pedagógico, em memória da profissão materna, denominava ele maiêutica ou
engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava a parturição das idéias.
Doutrinas Filosóficas
A introspecção é o característico da filosofia de Sócrates. E exprime-se no
famoso lema conhece-te a ti mesmo isto é, torna-te consciente de tua ignorância
como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante a virtude. E
alcançava em Sócrates intensidade e profundidade tais, que se concretizava, se
personificava na voz interior divina do gênio ou demônio.
Sócrates não deixou nada escrito. As notícias de sua vida e de seu
pensamento, devem-se especialmente aos seus dois discípulos Xenofonte e Platão,
de feição intelectual muito diferente. Xenofonte, autor de Anábase, em seus Ditos
Memoráveis, legou-nos de preferência o aspecto prático e moral da doutrina do
mestre. Xenofonte, de estilo simples e harmonioso, mas sem profundidade, não
obstante a sua devoção para com o mestre e a exatidão das notícias, não entendeu
o pensamento filosófico de Sócrates, sendo mais um homem de ação do que um
pensador. Platão, pelo contrário, foi filósofo grande demais para nos dar o preciso
retrato histórico de Sócrates; nem sempre é fácil discernir o fundo socrático das
especulações acrescentadas por ele. Seja como for, cabe-lhe a glória e o privilégio
de ter sido o grande historiador do pensamento de Sócrates, bem como o seu
biógrafo genial. Com efeito, pode-se dizer que Sócrates é o protagonista de todas as
obras platônicas embora Platão conhecesse Sócrates já com mais de sessenta anos
de idade.
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"Conhece-te a ti mesmo" o lema em que Sócrates cifra toda a sua vida de
sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as suas
especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia.
A psicologia serve-lhe de preâmbulo, a teodicéia de estímulo à virtude e de natural
complemento da ética.
Em psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e imortalidade da alma,
distingue as duas ordens de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas não define o
livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência.
Em teodicéia, estabelece a existência de Deus:
a) com o argumento teológico, formulando claramente o princípio: tudo o que
é adaptado a um fim é efeito de uma inteligência;
b) com o argumento, apenas esboçado, da causa eficiente: se o homem é
inteligente, também inteligente deve ser a causa que o produziu;
c) com o argumento moral: a lei natural supõe um ser superior ao homem,
um legislador, que a promulgou e sancionou. Deus não só existe, mas é também
Providência, governa o mundo com sabedoria e o homem pode propiciá-lo com
sacrifícios e orações. Apesar destas doutrinas elevadas, Sócrates aceita em muitos
pontos os preconceitos da mitologia corrente que ele aspira reformar.
Moral. É a parte culminante da sua filosofia. Sócrates ensina a bem pensar
para bem viver. O meio único de alcançar a felicidade ou semelhança com Deus, fim
supremo do homem, é a prática da virtude. A virtude adquiri-se com a sabedoria ou,
antes, com ela se identifica. Esta doutrina, uma das mais características da moral
socrática, é consequência natural do erro psicológico de não distinguir a vontade da
inteligência. Conclusão: grandeza moral e penetração especulativa, virtude e
ciência, ignorância e vício são sinônimos. "Se músico é o que sabe música, pedreiro
o que sabe edificar, justo será o que sabe a justiça".
Sócrates reconhece também, acima das leis mutáveis e escritas, a existência
de uma lei natural - independente do arbítrio humano, universal, fonte primordial de
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todo direito positivo, expressão da vontade divina promulgada pela voz interna da
consciência.
Sublime nos lineamentos gerais de sua ética, Sócrates, em prática, sugere
quase sempre a utilidade como motivo e estímulo da virtude. Esta feição utilitarista
empana-lhe a beleza moral do sistema.
Gnosiologia
O interesse filosófico de Sócrates volta-se para o mundo humano, espiritual,
com finalidades práticas, morais. Como os sofistas, ele é cético a respeito da
cosmologia e, em geral, a respeito da metafísica; trata-se, porém, de um ceticismo
de fato, não de direito, dada a sua revalidação da ciência. A única ciência possível e
útil é a ciência da prática, mas dirigida para os valores universais, não particulares.
Vale dizer que o agir humano - bem como o conhecer humano
se baseia em
normas objetivas e transcendentes à experiência. O fim da filosofia é a moral; no
entanto, para realizar o próprio fim, é mister conhecê-lo; para construir uma ética é
necessário uma teoria; no dizer de Sócrates, a gnosiologia deve preceder
logicamente a moral. Mas, se o fim da filosofia é prático, o prático depende, por sua
vez, totalmente, do teorético, no sentido de que o homem tanto opera quanto
conhece: virtuoso é o sábio, malvado, o ignorante. O moralismo socrático é
equilibrado pelo mais radical intelectualismo, racionalismo, que está contra todo
voluntarismo, sentimentalismo, pragmatismo, ativismo.
A filosofia socrática, portanto, limita-se à gnosiologia e à ética, sem
metafísica. A gnosiologia de Sócrates, que se concretizava no seu ensinamento
dialógico, donde é preciso extraí-la, pode-se esquematicamente resumir nestes
pontos fundamentais: ironia, maiêutica, introspecção, ignorância, indução, definição.
Antes de tudo, cumpre desembaraçar o espírito dos conhecimentos errados, dos
preconceitos, opiniões; este é o momento da ironia, isto é, da crítica. Sócrates, de
par com os sofistas, ainda que com finalidade diversa, reivindica a independência da
autoridade e da tradição, a favor da reflexão livre e da convicção racional. A seguir
será possível realizar o conhecimento verdadeiro, a ciência, mediante a razão. Isto
quer dizer que a instrução não deve consistir na imposição extrínseca de uma
doutrina ao discente, mas o mestre deve tirá-la da mente do discípulo, pela razão
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imanente e constitutiva do espírito humano, a qual é um valor universal. É a famosa
maiêutica de Sócrates, que declara auxiliar os partos do espírito, como sua mãe
auxiliava os partos do corpo.
Esta interioridade do saber, esta intimidade da ciência - que não é
absolutamente subjetivista, mas é a certeza objetiva da própria razão - patenteiamse no famoso dito socrático "conhece-te a ti mesmo" que, no pensamento de
Sócrates, significa precisamente consciência racional de si mesmo, para organizar
racionalmente a própria vida. Entretanto, consciência de si mesmo quer dizer, antes
de tudo, consciência da própria ignorância inicial e, portanto, necessidade de
superá-la pela aquisição da ciência. Esta ignorância não é, por conseguinte,
ceticismo sistemático, mas apenas metódico, um poderoso impulso para o saber,
embora o pensamento socrático fique, de fato, no agnosticismo filosófico por falta de
uma metafísica, pois, Sócrates achou apenas a forma conceptual da ciência, não o
seu conteúdo.
O procedimento lógico para realizar o conhecimento verdadeiro, científico,
conceptual é, antes de tudo, a indução: isto é, remontar do particular ao universal,
da opinião à ciência, da experiência ao conceito. Este conceito é, depois,
determinado precisamente mediante a definição, representando o ideal e a
conclusão do processo gnosiológico socrático, e nos dá a essência da realidade.
A Moral
Como Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina do
conceito, assim é o fundador, em particular da ciência moral, mediante a doutrina de
que eticidade significa racionalidade, ação racional. Virtude é inteligência, razão,
ciência, não sentimento, rotina, costume, tradição, lei positiva, opinião comum. Tudo
isto tem que ser criticado, superado, subindo até à razão, não descendo até à
animalidade como ensinavam os sofistas. É sabido que Sócrates levava a
importância da razão para a ação moral até àquele intelectualismo que, identificando
conhecimento e virtude bem como ignorância e vício - tornava impossível o livre
arbítrio. Entretanto, como a gnosiologia socrática carece de uma especificação
lógica, precisa - afora a teoria geral de que a ciência está nos conceitos assim a
ética socrática carece de um conteúdo racional, pela ausência de uma metafísica.
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Se o fim do homem for o bem realizando-se o bem mediante a virtude, e a virtude
mediante o conhecimento Sócrates não sabe, nem pode precisar este bem, esta
felicidade, precisamente porque lhe falta uma metafísica. Traçou, todavia, o
itinerário, que será percorrido por Platão e acabado, enfim, por Aristóteles. Estes
dois filósofos, partindo dos pressupostos socráticos, desenvolverão uma gnosiologia
acabada, uma grande metafísica e, logo, uma moral.
Escolas Socráticas Menores
A reforma socrática atingiu os alicerces da filosofia. A doutrina do conceito
determina para sempre o verdadeiro objeto da ciência: a indução dialética reforma o
método filosófico; a ética une pela primeira vez e com laços indissolúveis a ciência
dos costumes à filosofia especulativa. Não é, pois, de admirar que um homem, já
aureolado pela austera grandeza moral de sua vida, tenha, pela novidade de suas
idéias, exercido sobre os contemporâneos tamanha influência. Entre os seus
numerosos discípulos, além de simples amadores, como Alcibíades e Eurípedes,
além dos vulgarizadores da sua moral (socratici viri), como Xenofonte, havia
verdadeiros filósofos que se formaram com os seus ensinamentos. Dentre estes,
alguns, saídos das escolas anteriores não lograram assimilar toda a doutrina do
mestre; desenvolveram exageradamente algumas de suas partes com detrimento do
conjunto.
Sócrates não elaborou um sistema filosófico acabado, nem deixou algo de
escrito; no entanto, descobriu o método e fundou uma grande escola. Por isso, dele
depende, direta ou indiretamente, toda a especulação grega que se seguiu, a qual,
mediante o pensamento socrático, valoriza o pensamento dos pré-socráticos
desenvolvendo-o em sistemas vários e originais. Isto aparece imediatamente nas
escolas socráticas. Estas - mesmo diferenciando-se bastante entre si - concordam
todas pelo menos na característica doutrina socrática de que o maior bem do
homem é a sabedoria. A escola socrática maior é a platônica; representa o
desenvolvimento lógico do elemento central do pensamento socrático o conceito
juntamente com o elemento vital do pensamento precedente, e culmina em
Aristóteles, o vértice e a conclusão da grande metafísica grega. Fora desta escola
começa a decadência e desenvolver-se-ão as escolas socráticas menores.
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São fundadores das escolas socráticas menores, das quais as mais
conhecidas são:
1. A escola de Megara, fundada por Euclides (449-369), que tentou uma
conciliação da nova ética com a metafísica dos eleatas e abusou dos processos
dialéticos de Zenão.
2. A escola cínica, fundada por Antístenes (n. c. 445), que, exagerando a
doutrina socrática do desapego das coisas exteriores, degenerou, por último, em
verdadeiro desprezo das conveniências sociais. São bem conhecidas as
excentricidades de Diógenes.
3. A escola cirenaica ou hedonista, fundada por Aristipo, (n. c. 425) que
desenvolveu o utilitarismo do mestre em hedonismo ou moral do prazer. Estas
escolas, que, durante o segundo período, dominado pelas altas especulações de
Platão e Aristóteles , verdadeiros continuadores da tradição socrática, vegetaram na
penumbra, mais tarde recresceram transformadas ou degeneradas em outras seitas
filosóficas. Dentre os herdeiros de Sócrates, porém, o herdeiro genuíno de suas
idéias, o seu mais ilustre continuador foi o sublime Platão
Aristóteles
Aristóteles ( 384 a.C. – 322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como
a física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica, a retórica, o governo, a
ética, a biologia e a zoologia.
Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto
como uma das figuras mais importantes, e um dos fundadores, da filosofia ocidental.
Seu ponto de vista sobre as ciências físicas influenciaram profundamente o cenário
intelectual medieval, e esteve presente até mesmo o Renascimento embora
eventualmente tenha vindo a ser substituída pela física newtoniana. Nas ciências
biológicas, a precisão de algumas de suas observações foi confirmada apenas no
século XIX. Suas obras contêm o primeiro estudo formal conhecido da lógica, que foi
incorporado posteriormente à lógica formal. Na metafísica, o aristotelismo teve uma
influência profunda no pensamento filosófico e teológico nas tradições judaico18
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islâmicas durante a Idade Média, e continua a influenciar a teologia cristã,
especialmente a ortodoxa oriental, e a tradição escolástica da Igreja Católica. Seu
estudo da ética, embora sempre tenha continuado a ser influente, conquistou um
interesse renovado com o advento moderno da ética da virtude. Todos os aspectos
da filosofia de Aristóteles continuam a ser objeto de um ativo estudo acadêmico nos
dias de hoje. Embora tenha escrito diversos tratados e diálogos num estilo elegante
(Cícero descreveu seu estilo literário como "um rio de ouro"), acredita-se que a maior
parte de sua obra tenha sido perdida, e apenas um terço de seus trabalhos tenham
sobrevivido.
Apesar do alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram
tradicionalmente, os acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma
parte considerável do corpus aristotélico.
Foi chamado por Augusto Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros
filósofos", por Platão de "O Leitor" (pela avidez com que lia e por se ter cercado dos
livros dos poetas, filósofos e homens da ciência contemporâneos e anteriores) e,
pelos pensadores árabes, de o "preceptor da inteligência humana". Também era
conhecido como O Estagirita, por sua terra natal, Estagira.
Vida
Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia, sendo filho de Nicômaco, amigo
e médico pessoal do rei macedônio Amintas III, pai de Filipe II. É provável que o
interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da atividade médica exercida
pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez gerações.
Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de
Nicômaco, filho de Macaão, filho de Esculápio.
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e
artístico da Grécia. Como muitos outros jovens da época, foi para lá prosseguir os
estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos jovens: a escola de
Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia,
com preferência à ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do
aviso de que, quem não conhecesse Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles
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decidiu-se pela academia platônica e nela permaneceu vinte anos, até 347 a.C., ano
que morreu Platão.
Com a morte do grande mestre e com a escolha do sobrinho de Platão,
Espeusipo, para a chefia da academia, Aristóteles partiu para Assos com alguns exalunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio: Espeusipo
representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a matematização
da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o
mais apto para assumir a direção da Academia, no entanto não assumira devido ao
fato de que não era grego, era imigrante da Macedônia.
Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de
Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se
com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles partiu para
Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte das famosas investigações
biológicas. No ano de 343 a.C. chamado por Filipe II, tornou-se preceptor de
Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando Alexandre subiu ao trono.
Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, origem da palavra
Liceu cujos alunos ficaram conhecidos como peripatéticos (os que passeiam), nome
decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as
árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu
privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares
da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do
conhecimento clássico de então, filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica,
poesia, biologia, zoologia, medicina e estabeleceu as bases de tais disciplinas
quanto a metodologia científica.
Aristóteles dirigiu a escola até 324 a.C., pouco depois da morte de Alexandre.
Os sentimentos antimacedônicos dos atenienses voltaram-se contra ele que,
sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a cidade
cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de Sócrates).
Deixou a escola aos cuidados do principal discípulo, Teofrasto (372 a.C. - 288 a.C.)
e retirou-se para Cálcis, na Eubéia. Nessa época, Aristóteles já era casado com
Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido pouco tempo depois do assassinato de
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Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e o filho Nicômaco. Morreu a
322 a.C.
O pensamento aristotélico
A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia
aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o ponto
culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia pretendia não
apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias
anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas,
revisões e novas proposições.
Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia.
Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos
sentidos, o mundo concreto , em constante mutação; e outro mundo abstrato , o das
ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do
espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo:
este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser
nada para nós.
Lógica
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências
e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente
estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma
conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a
indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem
verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Física
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas
análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e
potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência
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relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma com a ausência
de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de
acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois o ar;
depois a água e, por último, a terra.
Psicologia
A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e
intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em
potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a
uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará
perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz
com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz
com que os animais sintam.
No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há
também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de
modo independente da condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria
passiva, ao passo que o homem seria ativo.
Biologia
A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria
psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o
verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da
palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais
recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser
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precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à
beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos
documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que estuda os
peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu
comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura
e da aquariofilia.
Metafísica
O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica
era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com
realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata
apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma
definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:
1. a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
2. a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser
do ente;
3. a ciência que investiga as substâncias;
4. a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o
que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem
especial importância na metafísica aristotélica.
As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:

A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);

A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);

A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge,
como as mãos de quem trabalha a argila);
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
A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para
enfeitar um ambiente).
A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é
como um artista que age no interior das coisas.
Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá
identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo
ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou informações
estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o
fato de ter uma história ou informações é o que permite-o ser identificado como
"livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo
assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por
exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande;
a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente,
alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).
Potência, ato e movimento
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa
que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em
ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É
interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência
(pois uma árvore uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma
mesa em potência).
A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o
Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele
é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse
conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "Ato
Puro".
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Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum
movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por
isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto
está em potência.
O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer
através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência
passiva).
Ética
No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na
medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa
com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido
por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as
virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da
felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada
um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser
modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar
afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas
pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o
vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus
contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de
coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido
quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus.
Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a
alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento
pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.
Política
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Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética.
Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia
prática.
Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política
se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política
investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de
assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do
estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da
época em que ele era preceptor de Alexandre, o Grande.
Direito
Para Aristóteles, assim como a
política, o direito também é um
desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é uma ciência dialética, por ser
fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas
principalmente pela aprovação da maioria.
Retórica
Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se
constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos)
e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema
(silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa
ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero
deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo).
Poética
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a
dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo
que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se
de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem
como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem
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exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou
defeito.
Astronomia
O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém
finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa
subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e
que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema
(sistema geocêntrico).
Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro
elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas por um elemento não
transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos
celestes seriam, além de naturais, eternos
Perda dos seus escritos
De acordo com a distinção que se origina com o próprio Aristóteles, seus
escritos são divididas em dois grupos: os "exotéricos" e os esotéricos". A maioria
dos estudiosos tem entendido isso como uma distinção entre as obras de Aristóteles
destinadas ao público (exotéricas), e os trabalhos mais técnicos (esotéricos)
destinados ao público mais restrito de estudantes de Aristóteles e outros filósofos
que estavam familiarizados com o jargão e as questões típicas das escolas platônica
e aristotélica. Outra suposição comum é que nenhuma das obras exotéricas
sobreviveu - todos os escritos de Aristóteles existentes são do tipo esotérico.
O conhecimento atual sobre o que exatamente os escritos exotéricos eram é
escasso e duvidoso, apesar de muitos deles poderem ter sido em forma de diálogo.
(Fragmentos de alguns dos diálogos de Aristóteles sobreviveram.) Talvez seja a
esses que Cícero refere-se quando ele caracteriza o estilo de escrita de Aristóteles
como "um rio de ouro"; é difícil para muitos leitores modernos aceitar que alguém
poderia tão seriamente admirar o estilo daquelas obras atualmente disponíveis para
nós. No entanto, alguns estudiosos modernos têm advertido que não podemos saber
ao certo se o elogio de Cícero foi dirigido especificamente para as obras exotéricas;
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alguns estudiosos modernos têm realmente admirado o estilo de escrita concisa
encontrado nas obras existentes de Aristóteles
1.3. Período Da Filosofia Medieval
Essência: conciliar fé com razão.
Representantes: São Justino (165 d.C.), Tertuliano (nasc. 155 d.C.), Santo
Agostinho (354-430), Santo Anselmo (1033-1109), Pedro Abelardo (1079-1142),
Santo Tomás de Aquino (1221-1274), John Duns Scot (1270-1308) e Guilherme
Ockham (1229-1350)
Gregório (2006) relata que na Idade Média não existia uma Filosofia, mas
correntes de opiniões, doutrinas e teorias, denominadas de Escolástica. Santo
Tomás de Aquino e Santo Agostinho são seus principais representantes. Buscavase conciliar fé com razão. O método utilizado é o da disputa: baseando-se no
silogismo aristotélico, partiam de uma intuição primária e, através da controvérsia,
caminhavam até às últimas conseqüências do tema proposto. A finalidade era o
desenvolvimento do raciocínio lógico.
1) SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho (354-430), influenciado por Platão, é o pensador que mais se
destaca nesse período.
Deixou formulado indicando o caminho para a sua solução - o problema das
relações entre a Razão e Fé, que será o problema fundamental da escolástica
medieval. Ao mesmo tempo demonstra claramente sua vocação filosófica na medida
em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e compreender
com a razão o conteúdo da mesma. Entretanto, defronta-se com um primeiro
obstáculo no caminho da verdade: a dúvida cética, largamente explorada pelos
acadêmicos. Como a superação dessa dúvida é condição fundamental para o
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estabelecimento de bases sólidas para o conhecimento racional, Santo Agostinho,
antecipando o cogito cartesiano, apelará para as evidências primeiras do sujeito que
existe, vive, pensa e duvida.
Em relação ao platonismo, o posicionamento de Santo Agostinho não é
meramente passivo, pois o reinterpreta para conciliá-lo com os dogmas do
cristianismo, convencido de que a verdade entrevista por Platão é a mesma que se
manifesta plenamente na revelação cristã. Assim, apresenta uma nova versão da
teoria das idéias, modificando-a em sentido cristão, para explicar a criação do
mundo.
Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as idéias
divinas. Essas idéias ou razões não existem em um mundo à parte, como afirmava
Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o testemunho da Bíblia.
(Rezende, 1996).
2) SANTO TOMÁS DE AQUINO
Santo Tomás de Aquino (1221-1274), influenciado por Aristóteles, é o pensador
que mais se destaca na Escolástica.
Santo Tomás representa o apogeu da escolástica medieval na medida em que
conseguiu estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a Razão, a
teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente.
Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo. Contudo, a
filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes
da razão divina manifestada na revelação.
Há distinção, mas não oposição entre as verdades da razão e as da revelação,
pois a razão humana é uma expressão imperfeita da razão divina, estando-lhe
subordinada. Por isso o conteúdo das verdades reveladas pode estar acima da
capacidade da razão natural, mas nunca pode ser contrário a ela. (Rezende, 1996,
p. 81).
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1.4. Período da Filosofia Moderna
A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente
compreendido entre a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453) e a
eclosão da Revolução Francesa (1789). Neste período a importância do indivíduo, e
menos da Igreja foi reconhecida pela sociedade ocidental e por seus líderes. O
descobrimento das Américas também tem sua parte nesta mudança progressiva. a
Europa Ocidental, esta é uma época marcada pelas viagens das Descobertas, pelo
Renascimento, pela Reforma, pela afirmação do poder centralizador das
monarquias, pelos avanços do espírito científico, do racionalismo e também pela
histeria de caça às bruxas (antes atribuída ao período medieval).Tem sido propostas
outras datas para o início deste período, como a conquista de Ceuta pelos
portugueses em 1415, a viagem de Cristóvão Colombo ao continente americano em
1492 ou a viagem à Índia de Vasco da Gama em 1497.Algumas correntes
historiográficas anglo-saxónicas preferem trabalhar com o conceito de "Tempos
Modernos", entendido como um período não acabado, introduzindo nele subdivisões
entre Early Modern Times (mais antiga) e Later Modern Times (mais recente), ou
então procedem a uma divisão entre sociedades pré-industriais e sociedades
industriais.
A noção de Idade Moderna tende a ser desvalorizada pela historiografia
marxista, que prolonga a Idade Média até ao advento das revoluções liberais e ao
fim do regime senhorial na Europa.
Devido a ampla ação das Cruzadas, que expandiram o comercio na Europa.
Representantes: Giordano Bruno (1548-1600), Galileu Galilei (1564-1642),
Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650), John Locke (1632-1704),
Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Diderot (1713-1784), d’Alembert
(1717-1783), Rousseau (1712-1778) e Adam Smith (1723-1790), George Berkeley
(1685-1753), David Hume (1711-1776), Immanuel Kant (1724-1804)
Immanuel Kant
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Emanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724, Königsberg, 12 de fevereiro
de 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande
filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores
mais influentes.
Depois de um longo período como professor secundário de geografia,
começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi
nomeado professor catedrático da Universidade de Königsberg, cidade da qual
nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos
filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática, etc.
Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo continental
(de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo),
e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que
valoriza a indução).
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo
transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não
vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de
outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza
humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo
conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito
provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como por
exemplo o Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira
moderna, de uma teoria da formação do sistema solar, conhecida como a hipótese
Kant-Laplace.
A menoridade humana
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O filosofo alemão Immanuel Kant define a palavra esclarecimento como a
saída do homem de sua menoridade. Segundo esse pensador, o homem é
responsável por sua saída da menoridade. Kant define essa menoridade como a
incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento.
A permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não ousar
pensar. A covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a
permanecerem na menoridade. Um outro motivo é o comodismo. É bastante
cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e objetos
que pensem e façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais fácil que
alguém o faça, do que fazer determinado esforço, pois já existem outros que podem
fazer por mim. Os homens quando permanecem na menoridade, são incapazes de
fazer uso das próprias pernas,são incapazes de tomar suas próprias decisões e
fazer suas próprias escolhas.
Em seu texto O que é ilustração, Kant sintetiza seu otimismo iluminista em
relação à possibilidade de o homem seguir por sua própria razão, sem deixar
enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias. Nele, descreve o processo de
ilustração como sendo "a saída do homem de sua menoridade", ou seja, um
momento em que o ser humano, como uma criança que cresce e amadurece, se
torna consciente da força e inteligência para fundamentar a sua própria maneira de
agir, sem a doutrina ou tutela de outrem.
Kant afirma que é difícil para o homem sozinho livrar-se dessa menoridade,
pois ela se apossou dele como uma segunda natureza. Aquele que tentar sozinho
terá inúmeros impedimentos, pois seus tutores sempre tentarão impedir que ele
experimente tal liberdade. Para Kant, são poucos aqueles que conseguem pelo
exercício do próprio espírito libertar-se da menoridade.
Vida
Kant nasceu, viveu e morreu em Königsberg (atual Kaliningrado), na altura
pertencente à Prússia. Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg Kant, um
artesão fabricante de correias (componente das carroças de então) e da mulher
Regina. Nascido numa família protestante (Luterana), teve uma educação austera
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numa escola pietista, que frequentou graças à intervenção de um pastor. Ele próprio
foi um cristão devoto por toda a sua vida.
Passou grande parte da juventude como estudante, sólido mas não
espetacular, preferindo o bilhar ao estudo. Tinha a convicção curiosa de que uma
pessoa não podia ter uma direcção firme na vida enquanto não atingisse os 39 anos.
Com essa idade, era apenas um metafísico menor numa universidade prussiana,
mas foi então que uma breve crise existencial o assomou. Pode argumentar-se que
teve influência na posterior direção.
Kant foi um respeitado e competente professor universitário durante quase
toda a vida, mas nada do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria qualquer
reputação histórica. Nunca deixou a Prússia e raramente saiu da cidade natal.
Apesar da reputação que ganhou, era considerado uma pessoa muito sociável:
recebia convidados para jantar com regularidade, insistindo que a companhia era
boa para a constituição física.
Por volta de 1770, com 46 anos, Kant leu a obra do filósofo escocês David
Hume. Hume é por muitos considerados um empirista ou um cético, muitos autores o
consideram um naturalista.
Kant sentiu-se profundamente inquietado. Achava o argumento de Hume
irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante 10 anos não publicou nada e,
então, em 1781 publicou o massivo "Crítica da Razão Pura", um dos livros mais
importantes e influentes da moderna filosofia. Neste livro, ele desenvolveu a noção
de um argumento transcendental para mostrar que, em suma, apesar de não
podermos saber necessariamente verdades sobre o mundo "como ele é em si",
estamos forçados a percepcionar e a pensar acerca do mundo de certas formas:
podemos saber com certeza um grande número de coisas sobre "o mundo como ele
nos aparece". Por exemplo, que cada evento estará causalmente conectado com
outros, que aparições no espaço e no tempo obedecem a leis da geometria, da
aritmética, da física, etc.
Nos próximos vinte anos, até a morte em 1804, a produção de Kant foi
incessante. O seu edifício da filosofia crítica foi completado com a Crítica da Razão
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Prática, que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como a primeira
crítica lidava com o conhecimento; e a Crítica do Julgamento, que lidava com os
vários usos dos nossos poderes mentais, que não conferem conhecimento factual e
nem nos obrigam a agir: o julgamento estético (do Belo e Sublime) e julgamento
teleológico (Construção de Coisas Como Tendo "Fins"). Como Kant os entendeu, o
julgamento estético e teleológico conectam os nossos julgamentos morais e
empíricos um ao outro, unificando o seu sistema.
Uma das obras, em particular, atinge hoje em dia grande destaque entre os
estudiosos da filosofia moral. A Fundamentação da Metafísica dos Costumes é
considerada por muitos filósofos a mais importante obra já escrita sobre a moral. É
nesta obra que o filósofo delimita as funções da ação moralmente fundamentada e
apresenta conceitos como o "Imperativo categórico" e a "Boa vontade".
Os trabalhos de Kant são a sustentação e ponto de início da moderna filosofia
alemã; como diz Hegel, frutificou com força e riqueza só comparáveis à do
socratismo na história da filosofia grega. Fichte, Hegel, Schelling, Schopenhauer,
para indicar apenas os maiores, inscrevem-se na linhagem desse pensamento que
representa um etapa decisiva na história da filosofia e está longe de ter esgotado a
sua fecundidade.
Kant escreveu alguns ensaios medianamente populares sobre história,
política e a aplicação da filosofia à vida. Quando morreu, estava a trabalhar numa
projetada "quarta crítica", por ter chegado à conclusão de que seu sistema estava
incompleto; este manuscrito foi então publicado como Opus Postumum. Morrera em
12 de fevereiro de 1804 na mesma cidade que nascera e permanecera durante toda
sua vida.
Filosofia
Na "Crítica da Razão Pura"
O trabalho filosófico de Kant está na confluência do racionalismo, do
empirismo inglês (David Hume) e a ciência física-matemática de Isaac Newton. Seu
caminho histórico está assinalado pelo governo de Frederico II, a independência
americana e a Revolução Francesa.
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As questões de partida do Kantismo são o problema do conhecimento, e a
ciência, tal como existe. A ciência se arranja de juízos que podem ser analíticos e
sintéticos. Nos primeiros (o quadrado tem quatro lados e quatro ângulos internos),
fundados no princípio de identidade, o predicado aponta um atributo contido no
sujeito. Tais juízos independem da experiência, são universais e necessários. Os
sintéticos, a posteriori resultam da experiência e sobrepõem ao sujeito no predicado
um atributo que nele não se acha previamente contido (o calor dilata os corpos ),
sendo, por isso, privados e incertos.
Uma indagação eminente que o levara à sintetização do pensar: Que juízos
constituem a ciência físico matemática? Caso fossem analíticos, a ciência sempre
diria o mesmo (e não é assim), e, se fossem sintéticos um hábito sem fundamento (o
calor dilata os corpos porque costuma dilatá-los). Os juízos da ciência devem ser, ao
mesmo tempo, a priori, quer dizer, universais e necessários, e sintéticos objetivos,
fundados na experiência. Trata-se pois, de saber como são possíveis os juízos
sintéticos a priori na matemática e na física, ("Estética transcendental" e "Analítica
transcendental"), e se são possíveis na metafísica ("Dialética transcendental", partes
da Crítica da razão pura).
Para os juízos sintéticos a priori são admissíveis na matemática porque essa
ciência se fundamenta no espaço e no tempo, formas a priori da sensibilidade,
intuições puras e não conceitos de coisas como objetos. O espaço é a priori, não
deriva da experiência, mas é sua condição de possibilidade. Podemos pensar o
espaço sem coisas, mas não coisa sem espaço. O espaço é o objeto de intuição e
não conceito, pois não podemos ter intuição do objeto de um conceito (pedra, carro,
cavalo, etc.), gênero ou espécie. Ora, o espaço não é nem uma coisa nem outra, e
só há um espaço (o nada, referindo ao espaço).
Na apresentação "transcendental" do espaço, Kant determina as condições
subjetivas ou transcendentais da objetividade. Se o conhecimento é relação, ou
relacionamento (do sujeito com o objeto), não, pode conhecer as coisas "em si", mas
"para nós".
A geometria pura, quando aplicada, coincide totalmente com a experiência,
porque o espaço é a forma a priori da sensibilidade externa. O tempo é, também, a
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priori. Podemos concebê-lo sem acontecimentos, internos ou externos, mas não
podemos conceber os acontecimentos fora do tempo. Objeto de intuição, não pode
ser conceito. Forma vazia, intuição pura, torna possíveis por exemplo os juízos
sintéticos a priori na aritmética, cujas operações (soma, subtração, etc.), ocorrendo
sucessivamente, o pressupõem. O tempo é, pois, a forma a priori da sensibilidade
interna e externa.
Esse privilégio explica a compenetração da geometria e da aritmética. A
geometria analítica (Descartes) permite reduzir as figuras a equações e vice-versa.
O cálculo infinitesimal (Leibniz) arremata essa compenetração definindo a lei de
desenvolvimento de um ponto em qualquer direção do espaço. A matemática é pois,
um conjunto de leis a priori, que coincidem com a experiência e a tornam
cognoscível.
As condições de possibilidade do conhecimento sensível são, portanto, as
formas a priori da sensibilidade. Não existe a "coisa em si". Se existisse não se
poderia a conhecer enquanto tal, e nada se poderia dizer a seu respeito. Só é
possível conhecer coisas extensas no espaço e sucessivas no tempo, enquanto se
manifestam, ou aparecem, ou seja, "fenômenos,
Na "analítica transcendental", Kant analisa a possibilidade dos juízos
sintéticos a priori na física. Compreendemos que a natureza é regida por leis
matemáticas que ordenam com rigor o comportamento das coisas (o que permite
ciências como engenharia, etc., serem possíveis o determinismo com certa
regularidade). Não há como saber das coisas com apenas percepções sensíveis,
impressões. Há um conhecimento a priori da natureza. A função principal dos juízos
da natureza. Ora, a função principal dos juízos é pôr, colocar a realidade e, em
seguida, determiná-la. As diversas formas do juízo deverão, portanto, conter as
diversas formas da realidade.
Essa formas estão estudadas desde Aristóteles, que as classifica de acordo
com a quantidade, a qualidade, a relação e a modalidade. Na "Dedução
transcendental" das categorias, Kant volta a classificação aristotélica, dando-lhe
novo sentido. Assim, à quantidade, correspondem a unidade, a pluralidade e a
totalidade; à qualidade a essência, a negação e a limitação; a relação a substância,
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a causalidade e a ação recíproca; à modalidade, a possibilidade, a existência e a
necessidade.
Tais categorias são as condições de possibilidade dos juízos sintéticos a priori
em física. As condições do conhecimento são, enfim, como se acabe de ver, as
condições prévias da objetividade. A ciência da natureza postula a existência de
objetos, sua consistência e as relações de causa e efeito. Se as categorias
universais, particulares e contingentes, devem proceder de nós mesmos, de nosso
entendimento.
Em tal descoberta consiste a "inversão copernicana", realizada por Kant. Não
é o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina o objeto. As
categorias são conceitos, todavia, puros, a priori, anteriores à experiência e que, por
isso, a tornam possível. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na medida em
que o sujeito que determina o objeto. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na
medida em que o sujeito cognoscente o reveste das condições de cognoscibilidade.
Na "dialética transcendental", finalmente Kant examina a possibilidade dos
juízos sintéticos a priori na metafísica. A "coisa em si" (alma, Deus, essência do
cosmos, etc.), não nos é dada em experiência alguma. Ora, como chega a razão a
formar esses objetos? Sintetizando além da experiência, fazendo a síntese das
sínteses, porque aspira ao infinito, ao incondicionado, ao absoluto. Nas célebres,
"antinomias", Kant mostra que a razão pura demonstra, "indiferentemente", a finitude
e a infinitude do universo, a liberdade e o determinismo, a existência e a inexistência
de Deus. Ultrapassando os limites da experiência, aplica arbitrariamente as
categorias e pretende conhecer o incognoscível. A metafísica é impossível como
ciência, pois não se pode chegar mais, além disso.
Juízo Estético de Kant
O juízo estético é abordado no livro Crítica da Faculdade do Juízo. De acordo
com Kant para se ter uma investigação crítica a respeito do belo, devemos estar
orientados pelo poder de julgar. E a indagação básica que move essa investigação
crítica a respeito do belo é: existe algum valor universal que conceitue o belo e que
reivindique que outras pessoas, a partir da minha apreciação de uma forma bela da
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natureza ou da arte, confirmem essa posição? Ou então somos obrigados a admitir
que todo objeto que julgamos como sendo belo é uma valoração subjetiva?
O poder de julgar, pertencendo a todo sujeito, é universal e congraça o
julgamento estético, especulativo e prático. Portanto a investigação crítica que Kant
se refere diz respeito às possibilidades e limitações das faculdades subjetivas que
agem sob princípios formulados e que pertencem à essência do pensamento.
Como podemos desnudar o fenômeno que explica o nosso gosto? Se
fizermos uma experiência com vários indivíduos e o defrontarmos com um objeto de
arte, observaremos que as impressões causadas serão as mais diversas. Então
chegaremos à conclusão de que a observação atenta e valorativa daquele objeto,
somada as diferentes opiniões que foram apresentadas pelos indivíduos, nos dá
respaldo para afirmar que o gosto tem que ser discutido. Para Kant apenas sobre
gosto se discute, ao passo que, representa uma reivindicação para tornar universal
um juízo subjetivo.
A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um exercício
persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma da
natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os sujeitos
têm em comum um princípio de avaliação moral livre que determina a avaliação
estética e, portanto, julga o belo como universal.
O juízo estético está relacionado ao prazer ou desprazer que o objeto
analisado nos imprime e, como se refere Kant, o belo "é o que agrada
universalmente, sem relação com qualquer conceito". Essa situação fica bem
evidente quando visitamos um museu. Digamos que essa experiência fosse
realizada no Museu do Louvre, em Paris, com o quadro Monalisa. Se nos
colocarmos como observador, perceberemos que os mais diversos comentários
serão tecidos a cerca dessa obra tão famosa.
Detendo-nos na análise dos comentários favoráveis notaremos que,
ratificando Kant, o belo não está arraigado em nenhum conceito. Pois, dos vários
indivíduos que vão apreciar a obra de Leonardo da Vinci, encontraremos desde
pessoas especializadas em arte até leigos, como eu ou você, que vão empregar
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cada qual um conceito, de acordo com a percepção, após a contemplação da
Monalisa. Então isso comprova que não existe uma definição exata a cerca do belo,
mas sim um sentimento que é universal e necessário.
Filosofia de Kant em geral
Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo objectivo primário
era "criticar" as limitações das nossas capacidades intelectuais, Kant foi um dos
grandes construtores de sistemas, levando a cabo a ideia de crítica nos seus
estudos da metafísica, ética e estética.
Uma citação famosa "o céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro de
mim" - é um resumo dos seus esforços: ele pretendia explicar, numa teoria
sistemática, aquelas duas áreas. Isaac Newton tinha desenvolvido a teoria da física
sob a qual Kant queria edificar a filosofia. Esta teoria envolvia a assunção de forças
naturais de que os homens não se apercebem, mas que são usadas para explicar o
movimento de corpos físicos.
O seu interesse na ciência também o levou a propor em 1755 que o sistema
solar fora criado a partir de uma nuvem de gás na qual os objectos se condensaram
devido à gravidade. Esta Hipótese Nebular é amplamente reconhecida como a
primeira teoria moderna da formação do sistema solar e é precursora das atuais
teorias da formação estelar.
Metafísica e epistemologia de Kant
O livro mais lido e mais influente de Kant é a Crítica da Razão Pura (1781).
De acordo com o próprio autor, a obra, também conhecida como "primeira crítica", é
resultado da leitura de Hume e do seu despertar do sono dogmático, a saber: Kant
se perguntou como são possíveis juízos sintéticos a priori? Para responder a essa
pergunta, Kant escreveu esse livro portentoso, de mais de 800 páginas.
Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e espaço são formas
fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como
ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
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Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem
extensão no espaço.[2] A mente humana não pode produzir tal ideia. Nada pode ser
percebido excepto através destas formas, e os limites da física são os limites da
estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos conhecer fora
do espaço e do tempo.
Mas além das formas da sensibilidade, Kant vai nos dizer que há também o
entendimento, que seria uma faculdade da razão. O entendimento nos fornece as
categorias com as quais podemos operar as sínteses do diverso da experiência.
Assim, como são possíveis juízos sintéticos a priori? São possíveis porque há
uma faculdade da razão -o entendimento que nos fornece categorias a priori - como
causa e efeito - que nos permitem emitir juízos sobre o mundo.
Contudo, diz Kant, as categorias são próprias do conhecimento da
experiência. Elas não podem ser empregadas fora do campo da experiência. Daí
porque, na filosofia crítica de Kant, não nos é possível conhecer a coisa em si, ou
aquilo que não está no campo fenomenológico da experiência.
Na perspectiva de Kant, há, por isso, o conhecimento a priori de algumas
coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de forma a poder
compreender a massa sussurrante de experiência crua, não-interpretada que se
apresenta às nossas consciências. Em segundo lugar, ela remove o mundo real (a
que Kant chamou o mundo numenal ou númeno) da arena da percepção humana.
Kant denominou a filosofia crítica de "idealismo transcendental". Apesar da
interpretação exacta desta frase ser contenciosa, uma maneira de a compreender é
através da comparação de Kant, no segundo prefácio à "Crítica da Razão Pura", da
filosofia crítica com a revolução copernicana na astronomia.
Tal como Copérnico revolucionou a astronomia ao mudar o ponto de vista, a
filosofia crítica de Kant pergunta quais as condições a priori para que o nosso
conhecimento do mundo se possa concretizar.
O idealismo transcendental descreve este método de procurar as condições
da possibilidade do nosso conhecimento do mundo. Mas esse idealismo
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transcendental de Kant deverá ser distinguido de sistemas idealistas, como os de
Berkeley. Enquanto Kant acha que os fenómenos dependem das condições da
sensibilidade, espaço e tempo, esta tese não é equivalente à dependência-mental
no sentido do idealismo de Berkeley.
Para Berkeley, uma coisa é um objecto apenas se puder ser percepcionada.
Para Kant, a percepção não é o critério da existência dos objectos. Antes, as
condições de sensibilidade - espaço e tempo - oferecem as "condições epistêmicas",
para usar a frase de Henry Allison, requeridas para que conheçamos objectos no
mundo dos fenómenos. Kant tinha querido discutir os sistemas metafísicos mas
descobriu "o escândalo da filosofia": não se pode definir os termos correctos para
um sistema metafísico até que se defina o campo, e não se pode definir o campo até
que se tenha definido o limite do campo da física - física, no sentido de discussão do
mundo perceptível.
Kant afirma, em síntese, que não somos capazes de conhecer inteiramente
os objetivos reais e que o nosso conhecimento sobre os objetos reais é apenas fruto
do que somos capazes de pensar sobre eles.
Filosofia Moral
Immanuel Kant desenvolve a filosofia moral em três obras: Fundamentação
da metafísica dos costumes (1785), Crítica da razão prática (1788) e Metafísica dos
costumes (1798).
Nesta área, Kant é provavelmente mais bem conhecido pela teoria sobre uma
obrigação moral única e geral, que explica todas as outras obrigações morais que
temos: o imperativo categórico.
O imperativo categórico, em termos gerais, é uma obrigação incondicional, ou
uma obrigação que temos independentemente da nossa vontade ou desejos (em
contraste com o imperativo hipotético).
As nossas obrigações morais podem ser resultantes do imperativo categórico.
O imperativo categórico pode ser formulado em três formas, que ele acreditava
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serem mais ou menos equivalentes (apesar de opinião contrária de muitos
comentadores):

A primeira formulação (a fórmula da lei universal) diz: "Age somente em
concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo
tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal".

A segunda fórmula (a fórmula da humanidade) diz: "Age por forma a que
uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao
mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio".

A terceira fórmula (a fórmula da autonomia) é uma síntese das duas prévias.
Diz que deveremos agir por forma a que possamos pensar de nós próprios
como leis universais legislativas através das nossas máximas. Podemos
pensar em nós como tais legisladores autônomos apenas se seguirmos as
nossas próprias leis.
René Descartes
René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 Estocolmo, 11
de fevereiro de 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês. Durante a Idade
Moderna também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius.
Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na
ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da
álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de
coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, ele foi uma das figuras-chave na
Revolução Científica.
Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai
da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e
influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias
gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi
uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele. Muitos
especialistas afirmam que a partir de Descartes inaugurou-se o racionalismo da
Idade Moderna. Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas, um movimento
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filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e
David Hume.
Vida
René Descartes nasceu no ano de 1596 em La Haye (hoje Descartes), no
departamento francês de Indre-et-Loire. Com oito anos, ingressou no colégio jesuíta
Royal Henry-Le-Grand, em La Flèche. O curso em La Flèche durava três anos,
tendo Descartes sido aluno do Padre Estevão de Noel, que lia Pedro da Fonseca
nas aulas de Lógica, a par dos Commentarii. Descartes reconheceu que lá havia
certa liberdade, no entanto no seu Discurso sobre o método declara a sua decepção
não com o ensino da escola em si mas com a tradição Escolástica, cujos conteúdos
considerava confusos, obscuros e nada práticos. Em carta a Mersenne, diz que "os
Conimbres são longos, sendo bom que fossem mais breves. Crítica, aliás, já então
corrente, mesmo nas escolas da Companhia de Jesus". Descartes esteve em La
Flèche por cerca de nove anos (1606-1615). "Descartes não mereceu, como se
sabe, a plena admiração dos escolares jesuítas, que o consideravam deficiente
filósofo". Prosseguiu depois seus estudos graduando-se em Direito, em 1616, pela
Universidade de Poitiers.
No entanto, Descartes nunca exerceu o Direito, e em 1618 alistou-se no
exército do Príncipe Maurício de Nassau, com a intenção de seguir carreira militar.
Mas se achava menos um ator do que um espectador: antes ouvinte numa escola de
guerra do que verdadeiro militar. Conheceu então Isaac Beeckman que o influenciou
fortemente e compôs um pequeno tratado sobre música intitulado Compendium
Musicae (Compêndio de Música).
Também é dessa época (1619-1620) o Larvatus prodeo (Ut comœdi, moniti
ne in fronte appareat pudor, personam induunt, sic ego hoc mundi teatrum
conscensurus, in quo hactenus spectator exstiti, larvatus prodeo. Esta declaração do
jovem Descartes no preâmbulo das Cogitationes Privatae (1619) é interpretada
como uma confissão que introduz o tema da dissimulação, e, segundo alguns,
marca uma estratégia de separação entre filosofia e teologia. Jean-Luc Marion, em
seu artigo Larvatus pro Deo : Phénoménologie et théologie refere-se à abordagem
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dionisíaca do homem escondido diante de deus (larvatus pro Deo) como justificativa
teológica do filósofo que avança mascarado (larvatus prodeo).
Em 1619, viaja até a Alemanha, onde, no dia 10 de Novembro, teve uma
visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Em 1622, ele retorna à
França passando os seguintes anos em Paris.
Em 1628 compõe as Regulae ad directionem ingenii (Regras para a Direção
do Espírito) e parte para os Países Baixos onde viverá até 1649. Em 1629, começa
a redigir o Tratado do Mundo, uma obra de Física, na qual aborda a sua tese sobre o
heliocentrismo. Porém, em 1633, quando Galileu é condenado pela Inquisição,
Descartes abandona seus planos de publicá-lo. Em 1635 nasce Francine, filha de
uma serviçal. A criança é batizada no dia 7 de Agosto de 1635 mas morre
precocemente em 1640, o que foi um grande baque para Descartes.
Em 1637, publica três pequenos tratados científicos: A Dióptrica, Os Meteoros
e A Geometria, mas o prefácio dessas obras é que faz seu futuro reconhecimento: o
Discurso sobre o método.
Em 1641, aparece sua obra filosófica e metafísica mais imponente: as
Meditações Sobre a Filosofia Primeira, com os primeiros seis conjuntos de Objeções
e Respostas. Os autores das objeções são: do primeiro conjunto, o teólogo holandês
Johan de Kater; do segundo, Mersenne; do terceiro, Thomas Hobbes; do quarto,
Arnauld; do quinto, Gassendi; e do sexto conjunto, Mersenne.
Em 1642, a segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção, feita
pelo jesuíta Pierre Bourdin, seguida de uma Carta a Dinet.
Em 1643, o cartesianismo é condenado pela Universidade de Utrecht.
Descartes inicia a sua longa correspondência com a Princesa Isabel (1618 – 1680),
filha mais velha de Frederico V e de Isabel da Boémia. A correspondência deverá
durar sete anos, até a morte do filósofo, em 1650.
Também no ano de 1643, Descartes publica Os Princípios da Filosofia, onde
resume seus princípios filosóficos que formariam "ciência". Em 1644, faz uma visita
rápida a França onde encontra Chanut, o embaixador francês junto à corte sueca,
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que o põe em contato com a rainha Cristina da Suécia. Nesta ocasião, Descartes
teria declarado que o Universo é totalmente preenchido por um "éter" onipresente.
Assim, a rotação do Sol, através do éter, criaria ondas ou redemoinhos, explicando o
movimento dos planetas, tal qual uma batedeira. O éter também seria o meio pelo
qual a luz se propaga, atravessando-o pelo espaço, desde o Sol até nós.
Em 1647 Descartes é premiado pelo Rei da França com uma pensão e
começa a trabalhar na Descrição do Corpo Humano. Entrevista Frans Burman em
Egmond-Binnen (1648), resultando na Conversa com Burman. Em 1649, vai à
Suécia, a convite da Rainha Cristina. Seu Tratado das Paixões, que ele dedicou a
sua amiga Isabel da Boêmia, fora publicado.
René Descartes morreu de pneumonia no dia 11 de Fevereiro de 1650, em
Estocolmo, onde estava trabalhando como professor a convite da Rainha.
Acostumado a trabalhar na cama até meio-dia, há de ter sofrido com as demandas
da Rainha Christina, cujos estudos começavam às 5 da manhã. Como um católico
num país protestante, ele foi enterrado num cemitério de crianças não batizadas, na
Adolf Fredrikskyrkan, em Estocolmo.
Em 1667, os restos de Descartes foram repatriados para a França e
enterrados na Abadia de Sainte-Geneviève de Paris. Um memorial construído no
século XVIII permanece na igreja sueca.
Embora a Convenção, em 1792, tenha projetado a transferência do seu
túmulo para o Panthéon, ao lado de outras grandes figuras da França, desde 1819,
seu túmulo está na Igreja de Saint-Germain-des-Prés, em Paris.
A vila no vale do Loire onde ele nasceu foi renomeada La Haye-Descartes e,
posteriormente, já no final do século XX, Descartes.
Pensamento
O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista
em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda
não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Aristóteles tinha deixado
um legado intelectual que o clero se encarregava de disseminar.
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Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre
Protestantes e Católicos na Europa a Guerra dos Trinta Anos. Viajou muito e viu que
sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que
numa região é tido por verdadeiro, é considerado ridículo, disparatado e falso em
outros lugares.
Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição
"cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam.
O primeiro pensador moderno
Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. A sua contribuição à
epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um
método que ajudou no seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras
Discurso sobre o método e Meditações a primeira escrita em francês, a segunda
escrita em latim, língua tradicionalmente utilizada nos textos eruditos de sua época
as bases da ciência contemporânea.
O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico que nada tem a ver
com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e distinta. Ao
contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas
existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser etc.,
Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser
provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar
a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - ego cogito ergo
sum- eu que penso, logo existo) e de Deus.
Também consiste o método de quatro regras básicas:

verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou
coisa estudada;

analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais simples
e estudar essas coisas mais simples;
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
sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo
verdadeiro;

enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a
ordem do pensamento.
Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou
muitos, até ser superada pela metodologia de Newton. Ele sustentava, por exemplo,
que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Acreditava que a matéria não
possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primarias de
extensão e movimento.
Ele dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e res extensa
(matéria). Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito
mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem
intervenção desde então.
Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da
geometria analítica. Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos
completamente separados da Matemática. Descartes mostrou como traduzir
problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um
sistema de coordenadas.
A teoria de Descartes forneceu a base para o Cálculo de Newton e Leibniz, e
então, para muito da matemática moderna. Isso parece ainda mais incrível tendo em
mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo no seu Discurso
Sobre o Método.
Geometria
O interesse de Descartes pela matemática surgiu cedo, no “College de la
Flèche”, escola do mais alto padrão, dirigida por jesuítas, na qual ingressara aos oito
anos de idade. Mas por uma razão muito especial e que já revelava seus pendores
filosóficos: a certeza que as demonstrações ou justificativas matemáticas
proporcionam. Aos vinte e um anos de idade, depois de frequentar rodas
matemáticas em Paris (além de outras), já graduado em Direito, ingressa
voluntariamente na carreira das armas, uma das poucas opções “dignas” que se
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ofereciam a um jovem como ele, oriundo da nobreza menor da França. Durante os
quase nove anos que serviu em vários exércitos, não se sabe de nenhuma proeza
militar realizada por Descartes.
A geometria analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto
chamado Geometria, como um dos três apêndices do Discurso do Método, obra
considerada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes
defende o método matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em
todos os campos.
1.5. Filosofia Contemporânea
A idade contemporânea é o período específico atual da história do mundo
ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).O seu início foi
bastante marcado pela corrente filosófica iluminista, que elevava a importância da
razão. Havia um sentimento de que as ciências iriam sempre descobrindo novas
soluções para os problemas humanos e que a civilização humana progredia a cada
ano com os novos conhecimentos adquiridos.Com o evento das duas grandes
guerras mundiais o ceticismo imperou no mundo, com a percepção que nações
consideradas tão avançadas e instruídas eram capazes de cometer atrocidades
dignas de bárbaros. Decorre daí o conceito de que a classificação de nações mais
desenvolvidas
e
nações
menos
desenvolvidas
tem
limitações
de
aplicação.Atualmente está havendo uma especulação a respeito de quando essa era
irá acabar, e, por tabela, a respeito da eficiência atual do modelo europeu da divisão
histórica.
Essencial: agrupamento da influência do materialismo, da filosofia de vida, da
fenomenologia, do empirismo lógico e da filosofia da existência.
Representantes: Augusto Comte (1798-1857), Karl Marx (1818-1883), Soren Aabye
Kierkegaard (1813-1855), William James (1842-1910), Edmund Husserl (18591938), Alfred Whitehead (1861-1947), Bertrand Russel (1872-1970), Martin
Heidegger (1889-1976) e Jean-Paul Sartre (1905-1980), outros representantes
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como: Quine, Habermas, Ernest Tughendhat, Feyrabend, Thomas Kuhn e Francis
Wolf.
Thomas Kuhn
Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de Julho 1922 - Cambridge, 17 de Junho
1996) foi um físico dos Estados Unidos da América cujo trabalho incidiu sobre
história e filosofia da ciência, tornando-se um marco importante no estudo do
processo que leva ao desenvolvimento científico.Nascido em Ohio no ano de 1922,
seu primeiro livro foi A Revolução Copernicana, publicado em 1957. Mas foi em
1962, com a publicação do livro Estrutura das Revoluções Científicas que Kuhn
tornou-se conhecido não mais como um físico, mas como um intelectual voltado
para a história e a filosofia da ciência.Em uma entrevista cedida à filósofa italiana
Giovanna Borradori, no ano de 1965, em Londres, Thomas Kuhn explica
sinteticamente seu percurso acadêmico até a construção deste texto, que se tornaria
o referencial de discussão entre os filósofos da ciência. Sua carreira inicia-se como
físico e, até a defesa de sua tese de doutorado, tinha tido poucos contatos com a
filosofia. Sua justificativa para este pouco contato com a filosofia é fundada
principalmente na ocorrência da Segunda Guerra Mundial, pois havia, segundo ele,
uma enorme pressão para empreender carreiras científicas e um grande desprezo
em relação às matérias humanísticas.Todavia, foi na Universidade de Harvard,
quando teve que preparar um curso de ciências para não cientistas, que pela
primeira vez, ele utilizou exemplos históricos de progressos científicos. Dessa
experiência, Kuhn percebeu que a ciência, numa perspectiva histórica, era muito
diferente da apresentada nos textos de física ou mesmo de filosofia da ciência. O
Estrutura das Revoluções Científicas foi, então, um texto produzido e direcionado a
um público filosófico, mesmo não sendo um livro de filosofia. Isso porque, conforme
ele mesmo dizia, Kuhn criticava o positivismo sem conhecê-lo em profundidade,
assim como não se sentia influenciado pelo pragmatismo de Willian James e John
Dewey.
A repercussão do seu livro foi tão grande na comunidade acadêmica que, já
na segunda edição, em 1970, Kuhn apresentou um pós-escrito, no qual seus
pontos de vista são, em alguma medida, refinados e modificados. E, para
responder às acusações de irracionalismo, ele escreve, em 1974, um ensaio
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intitulado Reconsiderando os paradigmas e, logo depois, desenvolve com maior
profundidade as descontinuidades históricas, que foram apresentadas em outro
livro chamado Teoria do corpo negro e descontinuidade quântica - 1894-1912,
publicado em 1979.A polêmica sobre a obra de Thomas Kuhn gira em torno da
noção de paradigma científico e da "incomensurabilidade" entre os paradigmas.
Ken Wilber defende (em seu livro A União da Alma e dos Sentidos) que a idéia
de paradigmas proposta por Kuhn tem sido apropriada e abusada por grupos e
indivíduos que tentam fazê-la parecer uma declaração de que a ciência é
arbitrária. Entretanto, a obra de Kuhn abriu espaço pra toda uma nova
abordagem de estudos chamados Social Studies of Science(estudos sociais da
ciência) que desembocou no Programa Forte da Sociologia.Especula-se que
Kuhn tenha se apropriado de muitas das idéias de Ludwick Fleck (como
paradigma, revolução paradigmática, ciência normal, anomalias, etc), médico
polonês que pouco escreveu sobre história da ciência e que permaneceu e
permanece desconhecido de muitos.
Jürgen Habermas
É filósofo e sociólogo alemão.Licenciou-se em 1954, com uma tese sobre
Schelling (1775-1854), intitulado "O Absoluto e a História". De 1956 a 1959, foi
colaborador de Theodor Adorno no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt.Em
1968, transferiu-se para Nova York, passando a lecionar na New Yorker New School
for Social Research. Em 1971, Habermas dirigiu o Instituto Max-Planck, em
Starnberg, Baviera. Em 1983, transferiu-se para a Universidade Johan Wolfgang
Goethe, de Frankfurt.
Pensamento
Herdando as discussões da Escola de Frankfurt, Habermas aponta a ação
comunicativa como superação da razão iluminista transformada num novo mito que
encobre a dominação burguesa (Razão Instrumental). Para ele, importa cultivar o
logos da troca de idéias, opiniões e informações entre os sujeitos históricos
estabelecendo o diálogo. Propõe, assim, duas abordagens teóricas possíveis à
sociedade: o sistema e o mundo da vida. Sistema refere-se à denominada
'reprodução material', regida pela lógica instrumental (adequação de meios a fins).
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Mundo da vida refere-se à 'reprodução simbólica', ou seja, da rede de significados
que compõem determinada visão de mundo, atenham eles aos fatos objetivos, às
normas sociais ou aos conteúdos subjetivos. É conhecido o diagnóstico
habermasiano da colonização do mundo da vida pelo sistema
a crescente
instrumentalização desencadeada pela modernidade, sobretudo com o surgimento
do direito positivo, que reserva o debate normativo aos técnicos e especialistas.
Seus estudos voltam-se para o conhecimento e a ética. Sua tese para
explicar a produção de saber humano recorre ao evolucionismo de Charles Darwin.
Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades mais
complexas de conhecer a realidade. Evolui-se assim através dos erros. Habermas
defende também uma ética universalista, deontológica, formalista e cognitivista.
Para ele, os princípios éticos não devem ter conteúdo, mas, através da participação
nas decisões públicas através de discussões (Discursos), possibilitar a avaliação
dos conteúdos normativos demandados naturalmente pelo mundo da vida.Sobre sua
teoria discursiva, aplicada também à filosofia jurídica, pode ser considerada em prol
da integração social e, como consequência, da democracia e da cidadania. Teoria
que possibilitaria a resolução dos conflitos vigentes na sociedade e, não com uma
simples solução, mas a melhor solução, aquela que é resultado do consentimento de
todos os concernidos. Sua maior relevância está, indubitavelmente, em pretender o
fim da arbitrariedade e da coerção nas questões que circundam toda a comunidade,
propondo uma maneira de haver uma participação mais ativa e igualitária de todos
os cidadão nos litígios que os envolvem e, concomitantemente, obter a tão almejada
justiça. Essa forma defendida por Habermas é o agir comunicativo que se ramifica
no discurso, que será explanado no transcorrer deste trabalho.
2. Período importante na História: O Iluminismo
Iluminismo, Esclarecimento ou Ilustração são termos que designam um dos
mais importantes e prolíficos períodos da história intelectual e cultural ocidental.
Ainda que importantes contemporâneos venham ressaltando as origens do
Iluminismo no século XVII tardio, não há consenso abrangente quanto à datação do
início da era do Iluminismo. Boa parte dos acadêmicos simplesmente utilizam o
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início do século XVIII como marco de referência, aproveitando a já consolidada
denominação Século das Luzes . O término do período é, por sua vez,
habitualmente assinalado em coincidência com o início das Guerras Napoleônicas
(1804-1815).
Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais,
políticas,correntes intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar mesmo em
diversos micro-iluminismos, diferenciando especificidades temporais, regionais e de
matiz religioso, como nos casos de Iluminismo tardio, Iluminismo escocês e
Iluminismo católico.
O Iluminismo é, para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e de ação.
Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este
mundo um mundo melhor mediante introspecção, livre exercício das capacidades
humanas e do engajamento político-social. Immanuel Kant, um dos mais conhecidos
expoentes do pensamento iluminista, num texto escrito precisamente como resposta
à questão O que é o Iluminismo?, descreveu de maneira lapidar a mencionada
atitude:
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que
estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram
incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de
outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma
deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se
fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere
aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do
Iluminismo".
2.1. As fases do Iluminismo
Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado por Charles-Nicolas Cochin e
gravado por Bonaventure-Louis Prévost é uma
obra que está carregada de
simbolismo: a figura do centro representa a verdade – rodeada por luz intensa (o
símbolo central do iluminismo). Duas outras figuras à direita, a razão e a filosofia,
estão a retirar o manto sobre a verdade.
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Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do
conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham poder
contribuir para o progresso da humanidade e para a superação dos resíduos de
tirania e superstição que creditavam ao legado da Idade Média. A maior parte dos
iluministas associava ainda o ideal de conhecimento crítico à tarefa do
melhoramento do estado e da sociedade.
O uso do termo Iluminismo na forma singular justifica-se, contudo, dadas
certas tendências gerais comuns a todos os iluminismos, nomeadamente, a ênfase
nas ideias de progresso e perfetibilidade humana, assim como a defesa do
conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e ideologias
tradicionais.
Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII, a principal
influência sobre a filosofia do iluminismo proveio das concepções mecanicistas da
natureza que haviam surgido na sequência da chamada revolução científica do
século XVII. Neste contexto, o mais influente dos cientistas e filósofos da natureza
foi então o físico inglês Isaac Newton. Em geral, pode-se afirmar que a primeira fase
do Iluminismo foi marcada por tentativas de importação do modelo de estudo dos
fenômenos físicos para a compreensão dos fenômenos humanos e culturais.
No entanto, a partir da segunda metade do século XVIII, muitos pensadores
iluministas passaram a afastar-se das premissas mecanicistas legadas pelas teorias
físicas do século XVII, aproximando-se então das teorias vitalistas que eram
desenvolvidas pelas nascentes ciências da vida.[7] Boa parte das teorias sociais e
das filosofias da história desenvolvidas na segunda metade do século XVIII, por
autores como Denis Diderot e Johann Gottfried von Herder, entre muitos outros,
foram fortemente inspiradas pela obra de naturalistas tais como Buffon e Johann
Friedrich Blumenbach.
3. Positivismo
Positivismo é um conceito utópico que possui distintos significados,
englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras
do século XX. Desde o seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na primeira
metade do século XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra mudou
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radicalmente,
incorporando
diferentes
sentidos,
muitos
deles
opostos
ou
contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se
consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte.
Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do austríaco Hans
Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto
Neurath e seus associados.
Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política.
Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral
do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que
tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais,
ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando
radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da
história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma
classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na
segunda fase da carreira de Comte.
3.1. Metodos do positivismo
O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos
fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, através da promoção do
primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados
concretos (positivos) a verdadeira ciência, sem qualquer atributo teológico ou
metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o
mundo físico ou material. O Positivismo nega à ciência qualquer possibilidade de
investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, considerando este tipo de
pesquisa inútil e inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis
(relações constantes entre os fenômenos observáveis). Em sua obra Apelo aos
conservadores (1855), Comte definiu a palavra "positivo" com sete acepções: real,
útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.
O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única
forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras
formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente.
Tudo aquilo que não puder ser provado pela ciência é considerado como
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pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs
superstições. Para os Positivistas o progresso da humanidade depende única e
exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a
sociedade e o planeta Terra no paraíso que as gerações anteriores colocavam no
mundo além-túmulo.
O Positivismo é uma reação radical ao Transcendentalismo idealista alemão e
ao Romantismo, no qual os afetos das individuais e coletivos e a subjetividade são
completamente ignoradas, limitando a experiência humana ao mundo sensível e ao
conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a Teologia e a Metafísica pelo
Culto à Ciência, o Mundo Espiritual pelo Mundo Humano, o Espírito pela Matéria.
A ideia-chave do Positivismo Comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com
a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na
forma de conceber as suas ideias e a realidade:
1. Teológico: o ser humano explica a realidade apelando para entidades
supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde
viemos?" e "para onde vamos?"; além disso, busca-se o absoluto;
2. Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No
lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade: "o Éter", "o
Povo", "o Mercado financeiro", etc. Continua-se a procurar responder a
questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?" e procurando o
absoluto;
3. Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas,
mas sim o "como", através da descoberta e do estudo das leis naturais, ou
seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação
subordina-se à observação e busca-se apenas pelo observável e concreto.
3.2. Positivismo no Brasil
Seria exagero atribuir aos positivistas a Proclamação da República: é no
processo de consolidação da mesma que se verifica a influência que exerceram,
destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o
epíteto de "Fundador da República Brasileira").
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O lema Ordem e Progresso na bandeira do Brasil é inspirado pelo lema de Auguste
Comte do positivismo: L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but
("Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta"). Foi colocado,
pois várias das pessoas envolvidas no golpe militar que depôs a monarquia e
proclamaram o Brasil República eram seguidores das ideias de Comte.
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na
política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso,
surgida a partir da divisa comteana O Amor por princípio e a Ordem por base; o
Progresso por fim, representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e
progressista.
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta Augusta
(a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos,
Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o marechal Cândido Rondon, Júlio de
Castilhos, Demétrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins,
Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr.,
João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa,
Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira, Eduardo de Sá e
inúmeros outros.
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais
conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de Comte
Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que se aproximava mais dos estudos
primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado pelo
discípulo de Comte Émile Littré.
Crítica
Comte viveu num tempo intermediário entre o apagar das luzes do iluminismo
e a era das grandes generalizações em ciência, um tempo em que o mundo natural
parecia acessível à força do intelecto, no culminar do pensamento mecânico da
Revolução Industrial. Auguste Comte (1798-1857) morreu dois anos antes de Darwin
publicar A Origem das Espécies, em 1859. Também não viveu o suficiente para ver
a publicação de O Capital (1867-1894), por seus contemporâneos Karl Marx e
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Friedrich Engels, embora tivesse visto o Manifesto Comunista. Esse pequeno
contexto histórico ajuda a entender a filosofia de Comte.
Não é justo julgar o passado com os critérios do presente, como não faz
sentido orientar presente com critérios que não mais se aplicam às novas
circunstâncias, como é o caso do positivismo. Comte, por exemplo, desconfiava da
introspecção como meio de se obter o conhecimento, pois a mera observação altera
e distorce estes estados, e insistia na objetividade da informação. Esse princípio
orientou o trabalho dos psicólogos behavioristas do século vinte. Os positivistas
também eram críticos quanto a fenômenos não observáveis. Comte descartou toda
pesquisa cosmológica, considerando-a inútil e inacessível. Segundo ele qualquer
fenômeno que não pudesse ser observado diretamente seria inacessível à ciência.
Essas duas posições positivistas foram colocadas em cheque com avanços na
química e na física, especialmente com Boltzmann (1844-1906) e Max Planck (18581947), ambos inteiramente convencidos da existência de partículas não observáveis
e confiando na intuição como meio de gerar conhecimento, num processo similar ao
que foi chamado mais tarde de "abdução" por Charles Sanders Peirce.
A ciência moderna acabou com as esperanças de uma realidade universal
harmoniosa e ordenada, que pudesse ser traçada a régua e compasso. O
determinismo científico ruiu: as leis naturais são meras abstrações e idealizações do
intelecto, carecendo de qualquer existência objetiva. O gato de Schrödinger comeu,
Heisenberg ficou incerto e Kurt Gödel mostrou que sempre ficava alguma coisa de
fora. O mundo é, confuso, caótico, dominado pelo princípio da incerteza. É assim na
física, é assim na sociedade. O que torna Comte e o Positivismo ultrapassados no
contexto atual é sua ênfase no determinismo, na hierarquia e na obediência, sua
crença no governo da elite intelectual e sua insistência em desprezar a teologia e a
metafísica.
4. Idealismo
O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o advento da
modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental. Seu
oposto é o materialismo. Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada
por Descartes e o seu cogito, é nos pensadores alemães que o Idealismo está em
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geral associado, desde Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da
modernidade. Muitos, ainda, acreditam que a teoria das idéias de Platão é
historicamente o primeiro dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no
mundo das idéias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão.
5. Marxismo
O Marxismo é o conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e sociais
elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais
tarde por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e dialética da
História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das
sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O marxismo compreende o
homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e
desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros
animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o
que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. A luta comunista
se resume à emancipação do proletariado por meio da liberação da classe operária,
para que os trabalhadores da cidade e do campo, em aliança política, rompam na
raiz a propriedade privada burguesa, transformando a base produtiva no sentido da
socialização dos meios de produção, para a realização do trabalho livremente
associado o comunismo , abolindo as classes sociais existentes e orientando a
produção sob controle social dos próprios produtores - de acordo com os interesses
humanos-naturais.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o
marxismo influenciou os mais diversos sectores da atividade humana ao longo do
século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos
sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. O marxismo foi utilizado
desvirtuadamente como base para as doutrinas oficiais utilizadas nos países
socialistas, nas sociedades pós-revolucionárias.
No entanto, o marxismo ultrapassou as idéias dos seus precursores,
tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de
pensadores e militantes, nem sempre coincidentes e assumindo posições teóricas e
políticas às vezes antagônicas, tornando-se necessário observar as diversas
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definições de marxismo e suas diversas tendências, especialmente a socialdemocracia, o bolchevismo, o esquerdismo e o comunismo de conselhos.
6. Hermenêutica
Com Friedrich Schleiermacher (1768-1834), no início do século XIX, a
hermenêutica recebe uma reformulação, pela qual ela definitivamente entra para o
âmbito da filosofia. Em seus projetos de hermenêutica coloca-se uma exigência
significativa: a exigência de se estabelecer uma hermenêutica geral, compreendida
como uma teoria geral da compreensão. A hermenêutica geral deveria ser capaz de
estabelecer os princípios gerais de toda e qualquer compreensão e interpretação de
manifestações lingüísticas. Onde houvesse linguagem, ali aplicar-se-ia sempre a
interpretação. E tudo o que é objeto da compreensão, é linguagem (Hermeneutik,
56). Esta afirmação, entretanto, mostra todas as suas implicações quando se lhe
justapõe esta outra tese de Schleiermacher: “A linguagem é o modo do pensamento
se tornar efetivo. Pois, não há pensamento sem discurso. Ninguém pode pensar
sem palavras.”(Hermeneutik und Kritik, 77) Ao postular a “unidade de pensamento e
linguagem”(ibidem), a tarefa da hermenêutica se torna universal e abarca a
totalidade do que importa ao humano. A hermenêutica, então, é uma análise da
compreensão “a partir da natureza da linguagem e das condições basilares da
relação entre o falante e o ouvinte” (Akademienrede, 156). Quatro distinções básicas
foram estabelecidas por Scheleiermacher. Primeiro, a distinção entre compreensão
gramatical, a partir do conhecimento da totalidade da língua do texto ou discurso, e a
compreensão técnica ou psicológica, a partir do conhecimento da totalidade da
intenção e dos objetivos do autor. Segundo, a distinção entre compreensão
divinatória e comparativa:

Compreensão
comparativa:
Se
apóia
em
uma
multiplicidade
de
conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a
partir do enunciado.

Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão
imediata do sentido de um texto.
Essas distinções apontam para aspectos da compreensão superior que se dá
pela sua integração. Posteriormente, com os trabalhos de Droysen e Dilthey, o
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procedimento hermenêutico tornou-se a metodologia da ciências humanas. Os
eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os
valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm Dilthey é primeiro a formular
a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por
meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão
descritiva.) Compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se
apresenta à compreensão como conteúdo. Só podemos determinar a compreensão
pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão. Heidegger, em sua análise da
compreensão, diz que toda compreensão apresenta uma "estrutura circular". "Toda
interpretação, para produzir compreensão, deve já ter compreendido o que vai
interpretar". O cerne da teoria de Heidegger está, todavia, na ontologização da
compreensão e da interpretação como aspectos do ser do ente que compreende o
ser, o "Dasein"
7. Fenomenologia
A fenomenologia é, em sentido lato, uma escola filosófica fundada por Edmund
Husserl. Num sentido mais estrito, é uma disciplina da filosofia que estuda os
objectos e as estruturas da consciência purificada ou transcendental, isto é, da
consciência cognitiva, e não da consciência individual ou empírica, à qual se reporta
a psicologia. Trata-se, portanto, de uma investigação sobre a consciência em geral,
comum
a
todos
os
sujeitos
cognitivos
plenos,
independentemente
das
idiossincrasias psicológicas de cada um.
Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim sendo, a consciência
não é uma substância, mas uma actividade constituída por atos (percepção,
imaginação, especulação, volição, paixão, etc), com os quais visa algo.
Na prática da fenomenologia efetua-se o processo de redução fenomenológica o
qual permite atingir a essência do fenómeno.
As coisas, segundo Husserl, caracterizam-se pela sua não finalização devida,
pela possibilidade de sempre serem visadas por noesis novas que as enriquecem e
as modificam.
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Já Immanuel Kant diz que fenómeno que é de fato fenómeno, deve possuir duas
propriedades elementares: Caracterizar-se no tempo e no espaço. No tempo,
através da aplicação das categorias do entendimento a priori (uma dedução lógica
da coisa) e em seguida a posteriori (o que pode ser identificado "positivamente"
quanto a este objeto). Com a coisa inserida em um contexto temporal e espacial,
está apta a receber todos os componentes da ciência a fim de estuda-la. E, para a
aplicação dos diversos juízos da ciência (sintético/a priori; analítico/a posteriori),
deve existir o ser que transcenda a ciência, o objecto e a terra.
No meio acadêmico da Física, o termo fenomenologia geralmente é usado em
trabalhos que tentam explicar fenômenos experimentais a partir de teorias bem
conhecidas ou de hipóteses e modelos específicos que não partem de uma teoria.
Há também outras "versões" de fenomenologia, como a de Hegel com seu livro
clássico Fenomenologia do Espírito, e a percepção fenomenológica de Goethe,
principalmente desenvolvida a partir de seus estudos naturais (veja sobre esse
último a obra de Rudolf Steiner).
8. Considerações Finais
Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida
na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes
de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da
natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento
científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto,
Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo
a idéia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e
Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos
átomos.
Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande
desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e
seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o
desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande
pensador Sócrates.
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Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma
educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno,
preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro
desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar
bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades artísticas.
Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando
entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica.
Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou
textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as idéias
de Sócrates através dos relatos deixados por Platão.
Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o
foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de
entender o mundo da realidade, separando-o das aparências.
Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os
estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica
dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A
sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao
conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os
específicos.
Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da
Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da
hegemonia política e militar da Grécia. Ceticismo: de acordo com os
pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano
não consegue conhecer nada de forma exata e segura. Epicurismo: os
epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era
originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para,
desta forma, chegar-se ao prazer. Estoicismo: os sábios estóicos como, por
exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os
fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o
prazer e o sofrimento.
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O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja
Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir,
ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo
Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as idéias eram de
origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam
ser buscadas nas palavras de Deus.
Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de
pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de
idéias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e
Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi Santo
Tomás de Aquino.
Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia
e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo
ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa
para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de
lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ).
Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e
considerando-a base de todo conhecimento.
A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem
seus ideais representados no empirismo e no idealismo.
No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um
método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido,
desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke.
Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o
filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição
para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De
acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência
comprovada.
O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A
experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de
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obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas
da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant,
Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau.
O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal
de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de
refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método
científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao
conhecimento.
Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para
desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx
propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la.
Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle
dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores.
Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos
valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela
cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer
forma de controle moral ou cultural.
Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao
mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir
de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e
Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e influencia o pensamento
do período, graças aos estudos de Claude Lévi-Strauss. A fenomenologia,
descrição das coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior
representante em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância
nas reflexões de Jean-Paul Sartre, o criador do existencialismo.
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9. Referências Bibliográficas
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. São Paulo:
Moderna,
1998.
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ARANHA, Maria Lúcia De Arruda – MARTINS, Maria Helena Pires – Filosofando
Introdução à Filosofia - Editora Moderna – 2ª Edição
CHAUI, Marilena – Convite à Filosofia – Editora Àtica – 9ª Edição – 1997
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia para uma Geração Consciente. Elementos
da História do Pensamento Ocidental. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis.
FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo: Cultrix,
____
GREGÓRIO, Sérgio Biagi. História da Filosofia: Uma Síntese (2006). Disponível em:
http://www.ceismael.com.br/filosofia/sintese-historia-filosofia.htm. Acesso em 22 de
outubro de 2010.
REZENDE, A. (Org.). Curso de Filosofia: para Professore s e Alunos dos Cursos de
Segundo Grau e de Graduação. 6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
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