Revista
Jesus Vive e é o Senhor
A revista da Renovação Carismática Católica
Edições Louva-a-Deus – ANO XXXVII – Nº 431
www.comunidadeemanuel.org.br
ALMA FEMININA
DIRETO DE ROMA,
A CELEBRAÇÃO DE CANONIZAÇÃO
DOS PAPAS JOÃO XXIII E JOÃO PAULO II
PEDRAS VIVAS
PAPA FRANCISCO, TODOS
NÓS FORMAMOS E
CONSTRUÍMOS A IGREJA
O PECADO DE JUDAS
RANIERO CANTALAMESSA, SOMOS
AOS PECADOS DE JUDAS?
IMUNES
NAMORO
SEM NEURAS, COMO RESOLVER ALGUNS
PROBLEMAS NO NAMORO?
ENSINOS PARA SEU GRUPO ORAÇÃO
NOSSA SENHORA
SAÚDE
MEDITAÇÕES DIÁRIAS DA PALAVRA DE DEUS
Templos do
O que significa ser templo da presença de Deus?
R$ 13,90
Espírito Santo
CARTA AO LEITOR
“O TEMPLO DE DEUS, SOIS VÓS”
Por Dom Cipriano Chagas, OSB
A
obra do Espírito Santo em
nós é fazer-nos semelhantes
a Jesus. Jesus é o modelo. É o
molde. O Espírito Santo nos coloca
nesse molde, e vai nos acertando:
cada parte nossa com a parte correspondente de Jesus. O cristão é
aquele que tem, em si, o Espírito de
Cristo. Não o tem, aquele que não é
de Cristo. Não há meio termo: “se
alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse não é dele” (Rm 8,9).
O Espírito Santo, pois, habita em
nós, que somos de Jesus. Mas não
habita sozinho: ele não existe sozinho! As três Pessoas da Santíssima
Trindade são uma só natureza, e
onde está uma, aí estão também as
outras. Onde está o Espírito Santo,
aí estão o Pai e o Filho.
Como nos ama, quer fazer-nos
semelhantes a Jesus, quer fazer-nos
lindos, como já somos na mente do
Pai.
Por isso ele vai trabalhando em
nós, fazendo de nós uma obra-prima
de Deus, cada um uma obra única,
que reproduz os traços de Jesus.
“O templo de Deus é santo, e esse
templo sois vós” (1Cor 3,17). Deus,
que vem a nós, vem habitar em
nós de um modo diferente daquele
pelo qual habita em todas as coisas
criadas. Deus habita em nós de
quer dizer que ele nos criou para
sermos santos porque Deus é santo
e seus filhos adotivos devem ser
como ele: “Sede santos porque eu sou
santo” (Lv 11,44).
Temos em nós essa santidade
e essa exigência de santidade. O
Espírito de Deus nos ajuda a cortar
todos os laços que impedem, em
nós, a realização dessa santidade de
Deus. Ele vai demolindo esses corações de pedra, e vai criando em nós
corações novos, capazes de amar.
Cada vez que atendemos ao Espírito
Santo, nosso coração se transforma,
e vai perdendo aquela dureza, vai
se tornando capaz de corresponder
espontaneamente ao amor de Deus.
“O ESPÍRITO DE DEUS
EM NÓS, NOS AJUDA
A CORTAR TODOS OS
LAÇOS QUE IMPEDEM,
EM NÓS, A REALIZAÇÃO
DESSA SANTIDADE DE
DEUS”
Se somos templos de Deus, se
temos dentro de nós uma coisa tão
maravilhosa como a presença da
Santíssima Trindade, precisamos estar atentos para viver esta Presença,
caminhar à luz de Deus, caminhar
com esse Deus interior, que habita
lá no fundo de nós mesmos!
outra maneira, de maneira pessoal,
e estabelece conosco um relacionamento pessoal de amor, de amizade
íntima com o Pai, com o Filho e
com o Espírito Santo, as três Pessoas da Santíssima Trindade. Esse
relacionamento é possível, porque
trazemos em nós uma participação
da natureza divina, que nos foi dada
pelo o Espírito Santo.
Deus nos criou para sermos seus
filhos adotivos em Cristo Jesus. Isto
2014
Com minha bênção sacerdotal
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Dom Cipriano Chagas, OSB
edição 431
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Jesus Vive e é o Senhor
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PONTO DE PARTIDA
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS
É FAZER-NOS SEMELHANTES A JESUS
Por Mauro Malta
O
Papa Francisco aborda, nesta
edição, um assunto pouco
explorado – o significado do
Templo para os cristãos. Explica que
“Em Jerusalém, o grande Templo de
Salomão era o lugar do encontro com
Deus na oração; no interior do Templo encontrava-se a Arca da Aliança,
sinal da presença de Deus no meio
do povo; e a Arca continha as Tábuas
da Lei, o maná e a vara de Aarão: uma
referência ao fato de que Deus sempre esteve no seio da história do seu
povo, acompanhando o seu caminho
e orientando os seus passos.” Vai mais
além, afirmando que: “quando vamos
ao templo, também nós devemos
recordar esta história, cada qual a
sua própria história, como Jesus me
encontrou, como Jesus caminhou
comigo, como Jesus me ama e me
abençoa... a Igreja é a “casa de Deus”,
o lugar da sua presença, onde podemos encontrar o Senhor; a Igreja é o
Templo onde habita o Espírito Santo.”
Entretanto, Francisco enfatiza que
o lugar onde podemos entrar em comunhão com o Pai, através de Cristo “é
no Povo de Deus, no meio de nós, que
somos Igreja”. E continua:“ é o próprio
Deus que “constrói a sua casa” para
vir habitar no meio de nós...Cristo é o
Templo vivo do Pai, e é o próprio Cristo
que edifica a sua “casa espiritual”, a
Igreja, feita não de pedras materiais,
mas de “pedras vivas”, que somos
nós mesmos.” E termina seu artigo
lançando um desafio: “como vivemos
o nosso ser Igreja? Somos pedras vivas
ou, por assim dizer, pedras cansadas,
entediadas, indiferentes?”
Dom Cipriano nos avisa que não
devemos continuar a ser “como uma
geração rebelde, de cerviz dura, de
nucas que não se dobram: não abai-
síntese, “Ele é o nosso Pai, nosso
Amigo, nosso Colaborador, e também
nosso Santificador. Ele, nosso Deus,
vindo habitar em nós, transforma-nos
em seus templos, fazendo de nós o
templo santo de Deus.” Mas temos que
nos proteger contra o maligno.
Dom Cipriano, em seu terceiro
artigo, nos alerta “Precavenha-se
contra a tendência a reduzir a guerra
espiritual a pouco mais que uma bela
metáfora, que exprime a milenar luta
entre o bem e o mal.” Nenhum de nós
está imune a ação do maligno, nem os
discípulos de Jesus, dos quais Pedro
é a figura emblemática, O articulista
nos lembra que “Quando Pedro repreendeu seu Mestre por profetizar
seu próprio sofrimento e morte, Jesus
fez uma dura repreensão ao discípulo
espiritualmente cego.Quando o senhor
andou sobre as águas, Pedro ficou logo
motivado em fazer a mesma coisa, mas
começou a afundar quando sua fé fraquejou. Ao aproximar-se da crucifixão,
Pedro jurou que nunca negaria Jesus,
para logo negá-lo três vezes.” “Este
Apóstolo descreve o inimigo espiritual
que está em campo para nos destruir, e
nos dá um aviso sóbrio: “Sede sóbrios
e vigiai.Vossos adversário, o diabo,
anda ao redor de vós como um leão
que ruge, buscando a quem devorar”
(1Pd 5,18-19). Esta passagem oferece
três indicações valiosas: Sede sóbrios,
Vigiai e Resistir-lhe, firme na fé”. Esta é
a mensagem que devemos guardar em
nosso coração, mantendo-a permanentemente à nossa vista.
Amém.
“Sede sóbrios, Vigiai e
Resistir-lhe, firme na fé”.
Esta é a mensagem que
devemos guardar em
nosso coração, mantendo-a permanentemente
à nossa vista.”
xamos a cabeça para obedecer.” Esclarece que “A obra do Espírito Santo em
nós é fazer-nos semelhantes a Jesus.
Jesus é o modelo....E, no fim de todo o
processo, o Pai pode ver em nós a face
de Cristo”. “Tudo isto é obra da graça
incriada, porque, eterno com o Pai e o
Filho, cria, para nós e em nós, graças
que nos santificam e transformam,
conforme o seu plano de amor e de
salvação” afirma o articulista. Em outro artigo, Dom Cipriano nos informa
que: “Nosso Deus nos faz para ele,
para fazer de nós seus filhos adotivos,
e realmente o realiza pela ação do seu
Espírito Santo em nós e Ele nos chama
a: Um Relacionamento pessoal com
ele, muito íntimo, relacionamento de
Pai para filhos, sendo nós seus filhos
adotivos em Jesus; Um relacionamento
de amigo, no qual ele nos revela todas
as suas coisas pelos dons do Espírito
Santo em nós; Um relacionamento de
colaborador, colaborando para a nossa
santificação, nosso aperfeiçoamento,”
e, finalmente, informa que esse relacionamento com Deus, é importante
porque “é que ele nos santifica.” Em
2014
Mauro Moitinho Malta
Mauro Moitinho Malta Membro do
conselho da Comunidade Emanuel, autor
do livro �Perdão, o caminho da felicidade�.
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edição 431
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Jesus Vive e é o Senhor
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ALMA FEMININA
EU PRECISO DE
CATEDRAIS
E SANTOS
ARTIGO ESPECIAL – ROMA - ABRIL, 2014.
Por Anna Gabriela Malta
A Igreja precisa de Santos.
Eles são o nosso link com
Deus. Não apenas nossos
intercessores, mas o link real
e concreto entre o humano e
o divino. Eles são como nós,
enfrentaram todas as
dificuldades humanas
para viver o evangelho,
mas mesmo assim eles
conseguiram. Superaram
os obstáculos e transformaram
vidas. Por isso são santos.
Não apenas pelos milagres
documentados pós-morte.
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Jesus Vive e é o Senhor
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2014
foto: AGMALTA
O
mbro a ombro. Seguindo em
frente, sempre. Uma cotovelada
aqui, outra acolá. De repente todos mais exprimidos – se isso é possível,
para dar passagem – aberta à força, pela
equipe de paramédicos carregando uma
mulher nos braços. Mal eles passam, o
espaço aberto por eles é mais do que
rapidamente ocupado. As pessoas, continuam sua saga para avançar. Alguns
rebeldes resolvem andar na contra-mão,
atrapalhando o já confuso percurso.
Os nervos estão à flor da pele. Inspira e
expira. 1,2,3. Inspira e expira. Olhando
à minha volta não posso acreditar que
estou presa no meio de uma multidão
de mais de um milhão de pessoas com
o mesmo objetivo – ver alguma coisa no
telão – a canonização de dois papas do
século passado que marcaram não só a
Igreja, como o mundo. Santos com os
quais todos ali conviveram, pelo menos
com um deles.
A Igreja precisa de Santos. Eles são o
nosso link com Deus. Não apenas nossos
intercessores, mas o link real e concreto
entre o humano e o divino. Eles são como
nós, enfrentaram todas as dificuldades
humanas para viver o evangelho e, apesar disso, conseguiram. Eles superaram
os obstáculos e transformaram vidas.
Por isso são santos. Não apenas pelos
milagres documentados pós-morte.
A história da Igreja nos presenteou
com muitos santos. Tem para todos os
gostos e estilos, mas nada se compara
a um calouro. Ainda mais se dividimos
com eles uma época, histórias em comum. Os novatos da turma são os papas
João XXIII e João Paulo II. O último, definitivamente, o “queridinho”. A Polônia
veio quase toda prestigiar seu filho
querido e tomou as ruas com bandeiras
e faixas. Os jovens, principalmente, responderam com presença maciça na Praça de São Pedro ao chamado que ele fez
na primeira Jornada da Juventude, ainda
2014
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Jesus Vive e é o Senhor
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ALMA FEMININA
CONTINUAÇÃO
em 1985, em Roma. João Paulo II foi
o primeiro papa de quem me recordo. Lembro-me de ir ao escritório
da minha mãe, no Centro da Cidade
do Rio de Janeiro, para vê-lo passar
e jogar papel picado pela janela, na
sua primeira viagem ao Brasil. Na
segunda, eu não estava no Brasil.
Ele foi o papa que soube usar do
seu carisma pessoal para trazer os
jovens de volta à Igreja. Instituiu a
Festa da Misericórdia, promoveu a
elaboração do Catecismo da Igreja
Católica.
São João XXIII, em quatro anos
de papado revolucionou a maneira
como nos relacionamos com Deus.
Estreitou o relacionamento entre o
humano e o divino. São João Paulo II
e São João XXIII abriram há pouco a
sua agenda de pedidos (aproveitem
porque a fila ainda não é extensa) e eu
já tenho o meu escolhido – João XXIII.
OS SANTOS NOSSOS ÍNTIMOS
Sempre gostei da maneira como
nós, brasileiros, tratamos os santos.
Eles são amigos íntimos a quem
tratamos pelo primeiro nome
e, algumas vezes, até por algum
apelido carinhoso. Não existe cerimônia. Pedimos, agradecemos
e, claro, reclamamos e puxamos a
orelha se não estão nos ouvindo.
Não sei de outro povo que tenha
essa mesma dinâmica. Mesmo em
Roma, terra da Igreja, os santos são
tratados com uma certa formalidade. Tenho carinho por muitos, mas
não tenho nenhum que seja o meu
“queridinho”, assim como a minha
mãe tem Santa Teresinha. Elas são
“melhores amigas” desde criancinha. No meu tempo de colégio, nos
sofrimento com provas de matemática, minha avó me apresentou
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Jesus Vive e é o Senhor
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“Sempre gostei
da maneira
como nós,
brasileiros,
tratamos
os santos”
DIFERENTES. Sem cerimônia,
pedimos, agradecemos e, claro, reclamamos e puxamos a orelha se
não estão nos ouvindo. Não sei de
outro povo que tenha essa mesma
dinâmica.
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2014
São Tomás de Villanueva, doutor da
Igreja. Pensei logo: “É esse! Doutor
da Igreja, deve saber tudo”. Rezava
e fazia muitas promessas, até que
um dia conversando, ou melhor
pedindo uma oração para eu passar, padre Antonio, da Igreja Santa
Mônica, fez uma pergunta que me
pegou de surpresa: ‘Você estudou?’
- ‘Mas como assim, eu tô rezando!’
- “Minha filha, ele é santo, mas, se
você não estudar não dá para ele
fazer a prova por você”. Confesso
que fiquei um pouco decepcionada
com São Tomás, mas no final das
contas, ele sempre passou de ano.
No homem e em Deus. “Eu não gostaria de viver num mundo sem catedrais. Eu preciso das suas belezas e
grandezas. Eu preciso delas contra
a vulgaridade do mundo” (discurso de formatura do personagem
ateu no livro Um trem para Lisboa,
de Mercier Pascal). Infelizmente,
alguns arquitetos modernos resolveram subtrair a questão divina nas
construções de igrejas e catedrais
modernas. O importante para eles
é o prédio, a arquitetura. Podem até
ser bonitos, mas são vazios. Sem
alma. Falta neles o principal - o elo
entre o homem e Deus. A Basílica
de São Paulo tem uma nave central
de quase 132 metros por 65 metros
de largura, ladeada por colunas
que, por sua vez, tem corredores
menores nas laterais. São 5 naves
com um pé direito de 33 metros.
Todo esse espaço sem um banco
ou mobiliário. Vazio? Não. Arte e
silêncio. Humano e Divino juntos e
entrelaçados. Como não se emocionar e conversar com Deus?
foto: AGMALTA
foto: AGMALTA
“A Igreja precisa
das grandes
catedrais, assim
como precisa
de santos.
Santos com
histórias com
as quais nos
reconhecemos.”
IDENTIFICAÇÃO. As Catedrais não
são apenas prédios vazios. Contam a
história da Igreja e da arte. Os Santos
não são homens e mulheres vazios, mas
demonstram, em seu testemunho, que é
possível viver a fé em Jesus Cristo.
Como minha animosidade com
os números (por parte deles!), ia
crescendo, fui recorrendo a alguns santos mais carimbados em
causas perdidas, como São Judas
e Santa Rita. Mas a concorrência
dos pedidos é gigantesca. Também
tive minha queda por São Jorge e
São Pedro, quando namorei um
George e casei com um Pedro, mas
em algum momento no passado,
deixei um pouco de lado os meus
santos e me dediquei a estreitar o
relacionamento direto com Jesus e
Maria. Mãe sempre me parece a melhor interface –tanto no céu quanto
na Terra. Mas adoro um santo. Não
resisto a São Tiago. Desde que fiz o
Caminho de Compostela, me apaixonei por ele e por São Paulo.
UMA OBRA PARA O FUTURO
Falando em São Paulo, nessa
viagem a Roma tive a oportunidade
de conhecer a Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde estão os
restos mortais de Paulo de Tarso.
Humano e divino interligados num
só lugar. Amo as grandes catedrais.
Elas nos colocam nos nossos lugares – seres pequenos diante da
magnitude do mundo, sem oprimir.
Ao contrário. Dão-nos espaço para
silenciar a balbúrdia do mundo
lá fora e nos conectarmos com o
mundo divino. Entendemos, sem
precisar de palavras, a importância
do trabalho em equipe, do trabalho
bem feito, para além da preocupação do hoje e amanhã, mas para daqui a 10, 20 ou 100 anos. Catedrais
resistem às intempéries do tempo
e são guardiães do conhecimento
humano para gerações futuras,
com suas técnicas de construção
e mecenato para artes. As grandes
catedrais são obras de amor e fé.
2014
CATEDRAIS E SANTOS
A Igreja precisa das grandes
catedrais, assim como precisa de
santos. Santos com histórias com
as quais nos reconhecemos, como
João XXIII e João Paulo II. Catedrais
e santos não são simples intermediários ou desperdício de riquezas
que deveriam ser investidas em
outros lugares. Eles fazem parte
da alma da Igreja. Eles tem a árdua
tarefa de fazer a ligação entre os
dois mundos – terreno e divino. Eu
preciso de catedrais e santos contra
a vulgaridade do mundo.
Anna Gabriela Malta é fotógrafa, jornalista e trabalha na área de Marketing
da Comunidade Emanuel.
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edição 431
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Jesus Vive e é o Senhor
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COMUNHÃO ECLESIAL
PEDRAS VIVAS!
Papa Francisco
Hoje, gostaria de fazer uma breve referência a mais uma imagem que nos ajuda a explicar o mistério
da Igreja: a do templo (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 6).
uma referência ao fato de que Deus
sempre esteve no seio da história
do seu povo, acompanhando o seu
caminho e orientando os seus passos. O templo recorda esta história:
quando vamos ao templo, também
nós devemos recordar esta história,
cada qual a sua própria história como Jesus me encontrou, como
Jesus caminhou comigo, como Jesus
me ama e me abençoa.
NO QUE NOS FAZ PENSAR
A PALAVRA TEMPLO?
Faz-nos pensar num edifício,
numa construção. De modo particular, a mente de muitas pessoas vai à
história do Povo de Israel, narrada
no Antigo Testamento. Em Jerusalém, o grande Templo de Salomão
era o lugar do encontro com Deus
na oração; no interior do Templo
encontrava-se a Arca da Aliança,
sinal da presença de Deus no meio
do povo; e a Arca continha as Tábuas
da Lei, o maná e a vara de Aarão:
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Jesus Vive e é o Senhor
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edição 431
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Eis que quanto se tinha prenunciado no antigo Templo é realizado
pelo poder do Espírito Santo na
2014
Igreja: a Igreja é a “casa de Deus”, o
lugar da sua presença, onde podemos encontrar o Senhor; a Igreja é o
Templo onde habita o Espírito Santo
que a anima, orienta e sustém. Se
nos perguntarmos: onde podemos
encontrar Deus? Onde podemos entrar em comunhão com Ele, através
de Cristo? Onde podemos encontrar
a luz do Espírito Santo que ilumina
a nossa vida? A resposta é: no Povo
de Deus, no meio de nós, que somos
Igreja. É aqui que encontraremos
Jesus, o Espírito Santo e o Pai.
mas de “pedras vivas”, que somos
nós mesmos. O apóstolo Paulo diz
aos cristãos de Éfeso: Vós sois “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo por pedra
angular o próprio Cristo Jesus. É nele
que todo o edifício, harmonicamente
disposto, se levanta até formar um
templo santo no Senhor. É nele que
também vós entrais conjuntamente,
pelo Espírito, na estrutura do edifício
que se transforma na morada de
Deus” (Ef 2, 20-22). Isto é bonito!
Nós somos as pedras vivas do edifício de Deus, profundamente unidas
a Cristo, que é a pedra fundamental,
e também de apoio entre nós. O
que significa isto? Quer dizer que
o templo somos nós mesmos, nós
somos a Igreja viva, o templo vivo,
e quando estamos unidos, entre nós
está também o Espírito Santo, que
nos ajuda a crescer como Igreja. Nós
não estamos isolados, mas somos
Povo de Deus: esta é a Igreja!
mais importante na Igreja, pois aos
olhos de Deus todos somos iguais.
Um de vós poderia dizer: “Ouça,
Senhor Papa, Vossa Santidade não
é igual a nós!”. Sim, sou como cada
um de vós, todos nós somos iguais,
somos irmãos! Ninguém é anônimo:
todos nós formamos e construímos
a Igreja. Isto convida-nos também a
meditar sobre o fato de que se faltar
o tijolo da nossa vida cristã, faltará
também algo da beleza da Igreja.
Alguns afirmam: “Nada tenho a ver
com a Igreja”, mas assim falta o tijolo
de uma vida neste bonito Templo.
Ninguém pode ir embora, todos nós
devemos oferecer à Igreja a nossa
vida, o nosso coração, o nosso amor,
o nosso pensamento e o nosso trabalho: todos juntos!
COMO VIVEMOS
O NOSSO SER IGREJA?
Somos pedras vivas ou, por assim
dizer, pedras cansadas, entediadas,
indiferentes? Vistes como é desagradável ver um cristão cansado,
entediado e indiferente? Um cristão
assim não está bem, o cristão deve
ser vivo, sentir-se feliz por ser cristão; deve viver esta beleza de fazer
parte do Povo de Deus, que é a Igreja.
Abrimo-nos à ação do Espírito Santo
para ser parte concreta nas nossas
comunidades, ou fechamo-nos em
nós mesmos, dizendo: “Tenho muitas coisas para fazer, isto não é tarefa
que me compete”?
O Senhor conceda a todos nós
a sua graça e a sua força, a fim de
podermos estar profundamente unidos a Cristo, que é a pedra angular, o
pilar, a pedra fundamental da nossa
existência e de toda a vida da Igreja.
Oremos a fim de que, animados pelo
seu Espírito, sejamos sempre pedras
vivas da sua Igreja.
TODOS NÓS FORMAMOS
E CONSTRUÍMOS A IGREJA
PEDRAS VIVAS
O antigo Templo foi edificado
pelas mãos dos homens: desejava-se
“dar uma casa” a Deus, para ter um
sinal visível da sua presença no meio
do povo. Mediante a Encarnação do
Filho de Deus cumpre-se a profecia de Natã ao rei David (cf.2 Sm7,
1-29): não é o rei, não somos nós
que “damos uma casa a Deus”, mas
é o próprio Deus que “constrói a sua
casa” para vir habitar no meio de
nós, como escreve são João no seu
Evangelho (cf. 1, 14). Cristo é o Templo vivo do Pai, e é o próprio Cristo
que edifica a sua “casa espiritual”, a
Igreja, feita não de pedras materiais,
E é o Espírito Santo, com os seus
dons, que define a variedade. Isto é
importante: o que faz o Espírito Santo no meio de nós? Define a variedade, que é a riqueza da Igreja, e une
tudo e todos, de maneira a constituir
um templo espiritual, no qual não
oferecemos sacrifícios materiais,
mas nós mesmos, a nossa vida (cf.1
Pd 2, 4-5). A Igreja não é um enredo
de coisas e de interesses, mas é o
Templo do Espírito Santo, o Templo
onde Deus age, o Templo onde cada
um de nós, com o dom do Batismo, é
uma pedra viva. Isto diz-nos que na
Igreja ninguém é inútil e se alguém,
porventura, disser ao outro: “Vai
para casa, tu és inútil”, isto não é
verdade, porque na Igreja ninguém
é inútil, todos nós somos necessários para construir este Templo!
Ninguém é secundário! Ninguém é o
2014
PAPA FRANCISCO – AUDIÊNCIA GERAL – Praça de São
Pedro – Quarta-feira, 26 de Junho de 2013
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edição 431
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ENSINO
A
obra do Espírito Santo em nós é
fazer-nos semelhantes a Jesus. Jesus
é o modelo. É o molde. E o Espírito
Santo nos coloca nesse molde, e vai nos
acertando: cada parte nossa com a parte
correspondente de Jesus. E, no fim de todo
o processo, o Pai pode ver em nós a face de
Cristo, a face de Jesus. É muito bonito! Quer
dizer, somos transformados e Cristo! Vocês,
se prestarem atenção às leituras, às orações
que se fazem na Santa Missa das semanas
26 a 28 do ano litúrgico, verão que a Igreja
pede que sejamos transformados naquele
que comemos, em Jesus.
DEUS HABITA
EM NÓS
O ESPÍRITO SANTO É O DOM
Tudo isto é obra da graça incriada,
porque, eterno com o Pai e o Filho, cria,
para nós e em nós, graças que nos santificam e transformam, conforme o seu plano
de amor e de salvação. Mas ele próprio é
o dom por excelência. Vocês se lembram
do Prefácio as 4a Oração litúrgica: lá se diz
que Jesus, tendo subido ao céu, derramou
o Espírito Santo sobre os homens como
seu primeiro dom. Quer dizer, o Espírito
Santo é um dom, uma graça, mas dom
incriado, graça iniciada, porque é Deus,
Deus que nos é envidado para fazer de nós
filhos de Deus, moradas de Deus.
São Paulo nos diz: “se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse não é dele” (Rm
8,9). Palavra forte, não é? Quer dizer que o
cristão é aquele que tem, em si, o Espírito
de Cristo. Não o tem, aquele que não é de
Cristo. Não há meio termo: dá-se, assim,
uma separação real: ou se é de Cristo, e
tem-se o Espírito de Cristo, ou não se tem
o Espírito de Cristo e não se é dele. Daí a
necessidade de sermos missionários, de
falarmos de Jesus, de falarmos de Deus,
de sua salvação; de trazermos as pessoas
para fora da prisão da indiferença, da separação de Deus, para a vida com Jesus,
para receberem o Espírito Santo.
Por Dom Cipriano Chagas, OSB
Jesus restaurou no homem a capacidade de obedecer a Deus,
perdida desde a rebeldia de Adão. Todos nós herdamos essa
desobediência, e, na Sagrada Escritura, de quando em quando o
Senhor diz que somos uma geração rebelde, de cerviz dura, de
nucas que não se dobram: não abaixamos a cabeça para obedecer. Depois de Jesus, porém, essa capacidade de obedecer foi
restaurada, e nos é dada pelo Espírito Santo em nosso batismo.
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS
Pensamos que todo mundo tem o Espírito Santo, mas a Escritura diz que não é
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Jesus Vive e é o Senhor
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edição 431
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assim. E Jesus disse: “aquele que crê
no Filho, tem a vida eterna” (Jo 3,36).
Quem não crê no Filho, portanto, não
a tem. E nós não podemos, nós que
temos Jesus, passar pelos nossos
irmãos sem ver se eles têm Jesus
também. Se não têm, amor de Jesus
em nós, a compaixão de Jesus em
nós, deve levar-nos a falar-lhes de
Jesus. Porque é terrível: quem tem o
Espírito de Cristo, esse não é dele! É
dele, quem tem o Espírito dele!
Este, pois, é o cristão: aquele que
tem, em si, o Espírito de Jesus Cristo.
Porque é o Espírito de Jesus que nos
faz ver interior e exteriormente,
como Jesus. Sem ele, impossível viver
como Jesus, nos conforma a Jesus,
nos dá viver como Jesus, fazer as
obras que Jesus fazia, e mais ainda.
Temos tudo isto em nós.
2014
A TRINDADE HABITA EM NÓS
O Espírito Santo, pois, habita em
nós, que somos de Jesus. Mas não habita sozinho: ele não existe sozinho!
Pensamos que o Espírito Santo está
sozinho, porque, para nós, fica mais
fácil pensar que ele está sozinho. No
entanto, as três Pessoas da Santíssima Trindade são uma só natureza, e
onde está uma, aí estão também as
outras Onde está o Espírito Santo aí
estão também as outras. Onde está o
Espírito Santo, aí estão o Pai e o Filho.
Assim, ele habita em nossas almas
com o Pai e o Filho! Somos templos
da Santíssima Trindade, segundo
as palavras de Jesus: “Se alguém me
ama. Guardará a minha palavra, e
meu Pai o amará, e viremos a ele,
e nele faremos nossa morada” (Jo
14,23). Isto é feito no Espírito Santo.
e do Filho para fazer, e nos ama, e realizaria em nós sua obra de amor. Como
nos ama, quer fazer-nos semelhantes a
Jesus. E o Espírito Santo quer fazer-nos
lindos, como já somos na mente do Pai.
Por isso ele vai trabalhando em
nós, fazendo de nós uma obra-prima
de Deus, cada uma obra única, que
reproduz os traços de Jesus.
“Nós, os batizados,
temos a capacidade
de deixar-nos
conduzir pelo
Espírito Santo.”
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO. Ele age com
docilidade, para que as virtudes, os pensamentos
e sentimentos de Jesus, se reproduzam em nós.
NA ORDEM NATURAL
UMA MUDANÇA INTERIOR
Ele está, portanto, em nós. E em
nossas almas ele derrama seus dons:
os mesmos sentimentos de Jesus,
os costumes de Jesus, as virtudes de
Jesus. O nosso crescimento na vida
sobrenatural consiste em não opormos
resistência ao que o Espírito Santo ensina, ao que ele vai fazendo em nós, à
direção que vai nos dando. Ele é o Deus
fiel, fiel à missão, que recebeu do Pai e
do Filho, de transformar-nos em Jesus.
Ele age sempre em nós, e, a cada momento, somos diferentes: nuca somos
os mesmos que éramos minutos atrás.
Isto é interessante saber. Muitas
pessoas – e nós mesmos, quantas vezes – dizem de alguém: “Ah, fulano é
assim mesmo. Sempre foi assim!” Ora,
isto não é verdade. Quem fala assim
desconhece, ignora a obra contínua de
transformação, de santificação, que o
Espírito Santo realiza em nós, de instante a instante, de minuto a minuto,
de hora em hora, semana a semana,
mês a pós mês, ano após ano, continuamente, incansavelmente, como só
Deus pode fazer.
É a mesma coisa que você pegar
uma semente e botar no chão. Quinze
dias depois, você chega e diz: “Ah, é a
mesma semente! Não mudou nada!”
Ora, como igual, se você não está vendo
o que está se passando lá dentro? Dezoito dias depois, a mesma coisa. Dezenove, o mesmo. No vigésimo dia, você
chega e diz: “Ah brotou!” Claro que brotou! Quando você dizia que a semente
era a mesma, já não era: tudo, debaixo
da casca, estava em movimento; não
tinha nada parado naquela semente,
nada absolutamente parado! Ora, se
essa nessa força vital da natureza criada numa simples semente faz com que
nela nada fique parado, imagine o que o
Dom Incriado, O Espírito Santo, nosso
Deus Criador, faz dentro da gente!
Vocês veem, portanto, que ignorância, a nossa, de achar a que somos iguais
ao que éramos ontem! Você chega, olha
a roseira e vê um botão. Passado alguns
dias olhamos para a roseira e o botão,
agora, é uma rosa. Abriu-se. Durante
aquele tempo todo, ele estava sendo
trabalhado para abrir-se no esplendor
perfumado de uma linda rosa. Assim
somos nós! O Espírito Santo vai trabalhando em nós, e vamos crescendo por
dentro, formamos botões; quando se
abrem, somos uma flor e perfumamos
o ambiente em que estamos, alegrando-o com nossas cores maravilhosas!
Assim, nunca queiram fixar ninguém no passado. Nunca digam: fulano
é assim. Porque o Espírito Santo é fiel
em realizar a obra que recebeu do Pai
2014
Para compreendermos melhor a grandiosidade desse amor de Deus por nós,
consideremos as maneiras como Deus pode
estar em suas criaturas, na ordem natural.
São três:
PELO PODER. Ele tudo pode: pela sua potência, todas as criaturas estão sujeitas ao seu
império, ao seu poder, à sua vontade; ele é
Todo-poderoso, Onipotente;
PELA PRESENÇA. Ele está presente a tudo,
tudo vê, até os mais secretos pensamentos
de nossa mente, ele é Onipresente.
PELA ESSÊNCIA. Ele dá o ser a todas as
criaturas, opera em todas as partes. Se as
criaturas existem, é porque ele as sustenta
na existência. Tudo o que é real nas criaturas,
provém de Deus. Ele é a causa de tudo o
que é real nas criaturas, provém de Deus.
Ele é a causa de tudo o que é real nelas, e
lhes comunica não só o ser, mas também
o movimento e a vida. Quer dizer: se uma
criatura existe, é porque Deus a sustenta na
existência; se ela se move, Deus é que está
ali, dando-lhe mover-se; se vive, é Deus que
lhe dá a vida sustenta. Por isso é que São
Paulo pode dizer que nele nos movemos,
vivemos e somos (cf. At 17,28).
Em Deus não há divisões, mas, como procedemos da análise para a síntese, separamos
as coisas para compreender melhor. E podemos, então, compreender que, na ordem
natural, Deus está nas suas criaturas pelo
seu o poder, sua presença e sua essência.
Ele está em nós, também, dessas maneiras,
como criaturas suas que somos. Entretanto, ele nos criou para sermos seus filhos
adotivos, e, assim, não nos deixa na ordem
natural, no estado de simples criaturas, mas
eleva-nos à ordem da graça.
Dom Cipriano Chagas, OSB. Monge beneditino,
fundador da Comunidade Emanuel, escritor,
pregador e um dos precursores da Renovação
Carismática Católica no Brasil. O monge que pode
mudar sua vida.
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edição 431
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Jesus Vive e é o Senhor
27
NOSSA SENHORA
O CATECISMO DE NOSSA SENHORA – Parte 1
POR QUE NOSSA SENHORA
NÃO TEM PECADO?
Da Redação
Para respondermos de forma direta e clara abordaremos em quatro partes, as questões a respeito de
Nossa Senhora, de sua Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua, Assunção e Realeza. A partir de três
fontes - a Palavra, a Tradição e a Doutrina - responderemos às dúvidas a respeito dos mistérios da missão e da pessoa de Nossa Senhora.
N
ossa Senhora desempenhou
da maneira mais santa a sua
missão de Mãe de Deus. Foi,
segundo a Revelação, digna Mãe
de Deus. Assim estendida, a ideia
da maternidade divina, acarreta a
ideia de uma plenitude de graças
tal, que exclui a presença, na alma
da Virgem, de todo pecado pessoal,
quer mortal, quer venial e mesmo
do pecado original a que deveria estar sujeita, como filha de Adão, mas
cuja culpa, mancha, nódoa jamais
atingiria sua alma – eis a Imaculada
Conceição – e cujas consequências
seriam poupadas ao seu corpo, após
a morte: a Assunção.
34
Jesus Vive e é o Senhor
•
edição 431
•
A IMACULADA CONCEIÇÃO
Quando dizemos: “Ó, Maria,
concebida sem pecado original”,
invocamos sua Imaculada Conceição. Poderiam nos perguntar: Mas,
Maria, como todo descendente de
Adão, herdou a mancha do pecado
original? A resposta é não. Desde o
primeiro instante da sua conceição,
por singular graça e privilégio de
Deus, em virtude dos méritos de
Jesus Cristo, Salvador do gênero
humano, Ela foi preservada, imune de toda a mancha do pecado
original. Por isso, a Igreja a chama:
Imaculada Conceição.
2014
Este privilégio concedido a Nossa Senhora a preservou, não somente da mancha do pecado e da chama
da concupiscência, mas, desde o
primeiro instante de sua conceição
imaculada, foi cumulada de graças
por Deus, num grau incomparavelmente superior a todos os anjos e
homens. Por esse motivo, o Anjo a
saudou: “Ave, cheia de graça”.
SE FOI CONCEBIDA SEM PECADO,
MARIA TAMBÉM FOI REMIDA PELO
SANGUE DE JESUS, NA CRUZ?
Sim, Maria também foi remida
pelos merecimentos de Jesus Cristo, seu divino Filho, só que de um
modo especial e singular. Os merecimentos do Salvador tiveram por
efeito não purificar sua Mãe, mas
preservá-la do pecado que Ela devia
contrair como filha de Adão. Para
Maria, a Redenção não foi liberativa,
mas preservativa.
ENTÃO, POR QUE MARIA FOI
PRESERVADA DO PECADO ORIGINAL?
Porque foi escolhida para ser
a Mãe de Deus. O Salvador não
poderia ter escolhido formar seu
corpo adorável de uma carne que
tivesse sido manchada com a nódoa
do pecado. Santo Anselmo diz que
Deus, conservando puros milhões
de anjos no meio da ruína de tantos
outros, não podia deixar de preservar da queda comum, a Mãe de seu
Filho e Rainha dos anjos.
O DOGMA DA IMACULADA
CONCEIÇÃO DE MARIA É DEFINIDO
PELA IGREJA?
Sim, o Papa Pio IX, no dia 8 de
dezembro de 1854, definiu solenemente como de fé católica, a doutrina
da Imaculada Conceição de Maria,
na Bula “Ineffabilis Deus”: “...com a
autoridade de Nosso Senhor Jesus
Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e com a Nossa,
declaramos, pronunciamos e definimos: A doutrina que sustenta que a
beatíssima Virgem Maria, ao primeiro
instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus
Cristo, salvador do gênero humano,
foi preservada imune de toda mancha
de pecado original, essa doutrina foi
revelada por Deus, e por isso deve
ser crida firme e inviolavelmente por
todos os fiéis” (nº 41).
MAS COMO A ESCRITURA SAGRADA
COMPROVA ESTA VERDADE DE FÉ?
1) Na Sagrada Escritura:
“Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua descendência e a
descendência dela (...) ela te esmagará
a cabeça” (Gn 3,15). Conforme a doutrina constante da Igreja, a “mulher”
de que fala o Gênesis é Maria, Mãe
de Jesus, sua “descendência”. Nessa
passagem são prenunciadas a comum
inimizade e comum vitória total do
Redentor e de sua Mãe Santíssima
sobre o demônio. Ora, essas “inimizades” e essa vitória (“Ela te esmagará a
cabeça”) supõem, não somente em Jesus, mas também em Maria, uma total
ausência de pecado, mesmo original.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA
Por João Paulo II
A
B “Ave, cheia de graça; o Senhor
é contigo” (Lc 1,28). O sentido
exato, da saudação do Anjo, “Ave,
cheia de graça” (kecharitoméne) é que
Maria nunca esteve sem a graça. Logo
nunca esteve com o pecado.
“Toda és formosa, amiga minha, e
em ti não há mácula” (Cânticos 4,7).
A Igreja aplica estas palavras a Maria,
Esposa castíssima do Espírito Santo. E
ainda estas: “Como a açucena entre os
espinhos, assim é a minha amiga entre
as donzelas” (Cânticos 2, 2).
2) Na Tradição: expressa no ensino oficial da Igreja, na Liturgia, na
pregação constante dos Padres e
doutores.
Virgem santa,
Tu que,
Com os apóstolos em oração,
Estavas no Cenáculo,
Esperando a vinda
Do Espírito em Pentecostes,
Pede uma nova infusão
Sobre todos os batizados,
E especialmente os jovens,
Para que respondam plenamente
À sua vocação, à sua missão
Como ramos da videira verdadeira,
Chamados a darem muitos frutos
Para a vida do mundo.
Virgem Mãe,
Guia-nos e sustenta-nos,
Para que vivamos sempre
A própria razão nos persuade
desta verdade. Maria e Mãe de Deus.
Portanto, era sumamente conveniente à Santíssima Trindade que
Ela fosse imaculada.
Como verdadeiros filhos e filhas
Fontes: Artigo – “Pequeno Catecismo de Nossa Senhora”
(Christi Fideles Laici)
A festa da Imaculada Conceição
é celebrada no dia 8 de dezembro.
– JV 163, 1992.
www.institutosapientia.com.br
Da Igreja de teu Filho.
E que possamos contribuir,
A criar na terra
A civilização da verdade e do amor,
Segundo o desejo de Deus,
E para sua glória. Amém.
2014 • Edição 431 • Jesus Vive e é o Senhor
35
ESPAÇO MUSICAL
MINISTÉRIO
DE MÚSICA E LITURGIA
Por Alexandre Honorato
MISSA NÃO É SHOW!
– Ensaie com a assembleia antes da
missa; ensine os cânticos novos e
motive-os a rezar.
– Não queira ser um ministro de
música “garçom”, que apenas serve
aos outros o banquete: participe
ativamente de cada momento da
celebração, sente-se à mesa. Você
também é um “feliz convidado para
a ceia do Senhor”.
– Estude liturgia! Algumas fórmulas da missa, por exemplo:
“Cordeiro de Deus”, não podem ser
modificados. Em liturgia não dá
para improvisar.
– O animador de música na liturgia,
não multiplica as palavras. O animador durante a liturgia mostra o
sentido daquele momento, mas não
é o comentarista da Missa, cuidado!
– Na missa, o centro é Jesus, por
isso, seja discreto e não chame a
atenção do povo para si ou para seu
grupo musical.
M
esmo com o aumento de
ministérios de música de
evangelização, os grupos
de oração e paróquias ainda sofrem
a falta de músicos e ministros de
louvor. Muitos preferem se tornar
banda e bater asas e voar para longe
das paróquias e, por sua vez, as paróquias não conseguem preparar novos
ministros na mesma velocidade com
que perdem.
Por outro lado, também tenho
observado a formação de grupos de
música com a proposta de servirem
exclusivamente na liturgia. Louvado
seja Deus! Mas podemos notar que alguns se preparam com mais dedicação
do que outros.
Dedicamos nosso artigo a estes
irmãos. Nossa coluna de Ministério
de Música não pretende ser ditadora
e impor opinião. No entanto, Santo
Agostinho nos orienta a seguir uma
“regra de ouro” para evangelizar e
ensinar: “Não se imponha a verdade
sem caridade, mas não se sacrifique a
verdade em nome da caridade”. Tomo
estas palavras para segui-las como
uma direção pastoral, sobretudo,
quando trazemos à discussão o tema
liturgia.
LIGAÇÃO ÍNTIMA COM A LITURGIA
A liturgia não é espetáculo para
ser assistido, mas algo para ser participado. É ela que torna os tempos
litúrgicos possíveis de serem entendidos, sentidos e vividos. Sendo assim,
vivemos os tempos do Advento, Natal,
Comum, Quaresmal, Pascal e as fes-
tas da Igreja: Epifanias, Pentecostes,
Cristo Rei, entre outras. Dentro da
liturgia, o ministério de música desempenha a função de sinal e quem
nos ensina isso é o Catecismo da
Igreja Católica: “O canto e a música
desempenham sua função de sinais
de maneira tanto mais significativa
por ‘estarem intimamente ligados à
ação litúrgica’, segundo três critérios
principais: a beleza expressiva da
oração, a participação unânime da
assembleia nos momentos previstos
e o caráter solene da celebração.
Participam assim da finalidade das
palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis”
(nº 1157).
Dessa maneira podemos concluir
que o ministro de música é alguém
atento aos Tempos Litúrgicos e aos detalhes de uma celebração eucarística.
EVITAR OS IMPROVISOS
Podemos perceber que a liturgia
da Igreja não é algo que deva ser
celebrado de qualquer maneira, com
qualquer música, sem uma preparação.
A música e o canto devem conduzir
a assembleia a uma intimidade com
os momentos da Missa. Um grupo de
música um pouco mais atento, poderá
se preparar para as celebrações tendo
mais critério na escolha dos cantos,
mais tempo de prepará-los. Lembro das
noites em que, ao sairmos do grupo de
oração da paróquia de Nossa Senhora
das Graças, pelos meses de setembro,
o coral estava preparando os cantos
do Natal e, em janeiro, preparavam os
cantos da Semana Santa. Investindo
tempo e dedicação para ser sinal.
TEMPOS LITÚRGICOS E MÚSICA
O Catecismo orienta os ministros
de música para que estejam atentos ao
momento litúrgico, seja o Tempo ou
ao momento da celebração.
A liturgia classifica os cantos em
dois grupos. Um grupo é formado
pelos que acompanham o rito e outro, pelos que são o próprio rito. Por
exemplo, os cantos que acompanham
o rito são o canto da procissão entrada,
comunhão, ofertório. Aqueles que
são o próprio rito: o ato penitencial,
glória, santo...
Os cantos que acompanham um
rito devem encerrar-se ao término do
rito: quando a última pessoa termina
de comungar, finaliza-se o canto.
Os cantos que são propriamente os
ritos são cantados por inteiro. Para
ilustrar, podemos ter como exemplo
o Hino de Louvor. Ele expressa o
louvor de toda a criatura ao Criador,
do homem remido ao Salvador e do
homem imperfeito ao Consolador,
relembrando os pontos principais de
todo o mistério de nossa salvação em
Jesus Cristo. Para este canto ser considerado corretamente como hino de
louvor, deve obrigatoriamente conter
toda a oração do hino litúrgico. Há algum tempo, podemos observar que as
comunidades, grupos e ministérios de
música tem se empenhado em compor
melodias para o hino de louvor tal qual
ele é, embora outros não acolham esta
orientação e insistam em substituí-lo
por outros.
CELEBRAÇÕES VIVAS
Para concluir, podemos dizer
que as celebrações se tornarão mais
“vivas”, na mesma medida em que
o ministério de música vive aquele
momento. Digo isto, porque muitos
vão “tocar e cantar” na missa, mas
saem no momento da homilia, não
ensaiam com a assembleia, não se
comunicam com o povo, tocam em
tons impraticáveis de serem cantados
por todos, escolhem músicas difíceis
e acabam cantando sozinhos na ação
de graças, tornando este momento, o
“seu momento”.
As celebrações serão mais vivas
se o ministério de música for sinal de
íntima ligação entre a liturgia e a vida,
entre a Palavra de Deus e o louvor.
Deus abençoe.
Alexandre Honorato é membro da
Comunidade Emanuel e ministro de Louvor.
– Escolha os cânticos de acordo com
as leituras e tempo litúrgico. Não se
pode cantar os hits, a não ser que se
encaixem com o tema da celebração.
– É importante a escolha prévia das
músicas e dos respectivos tons para
celebração para que haja o mínimo de
conversa durante a Missa. Caso haja
necessidade de um diálogo seja o mais
discreto possível. É desagradável o
ministério se entreolhan do com ar
desesperado, se perguntando “qual a
próxima música?” ou “qual o tom?”.
– Peça aos músicos que toquem de
forma harmônica e com um volume
que favoreça a oração.
– Não use a harmonia mais complicada que você sabe tocar. Nas celebrações, precisamos ajudar o povo a
rezar as canções.
– Durante a missa não use roupas
que chamem a atenção, a não ser que
você seja convocado de surpresa e
não haja condições de se trocar. Não
use, de jeito nenhum, roupas sem
mangas, decotadas, transparentes
ou bermudas durante a celebração
Eucarística.
– Cuidado para não fazer das missas
uma “Válvula de escape” para seu
desejo de tocar no Free Jazz Festival
ou no barzinho mais “descolado” de
sua cidade.
POINT JOVEM
PROBLEMAS NO NAMORO?
O QUE FAZER?
Por Prof. Felipe Aquino
O namoro é uma fase bela da
vida, na qual duas almas se
encontram com o desejo de
realizar o anseio profundo de
um dia viver um para o outro,
gerar filhos e ser feliz. É um
anseio que Deus colocou no
coração de cada homem e de
cada mulher; no entanto, esse
tempo bonito pode se transformar em uma etapa triste na
vida de muitos, se não souberem enfrentar com coragem e
sabedoria os seus problemas.
Eles naturalmente surgem,
pois duas pessoas diferentes
se encontram e começam uma
caminhada juntos. Nem sempre
essa caminhada é fácil, os mais
variados problemas podem
surgir no namoro, como:
traição, diferenças de credos,
ciúmes, diferença de idade,
entre outros.
38
Jesus Vive e é o Senhor
•
edição 431
ELE TERMINOU COMIGO,
SERÁ QUE AINDA PODEMOS
VOLTAR?
Um relacionamento sempre
pode voltar a acontecer, mas
isso depende do amadurecimento de cada um e das razões
que levaram ao rompimento.
O que foi de fundamental que
os separou? Se foi algo que
pode ser mudado pelo diálogo e
pela compreensão, a chance de
voltar é maior, mas se o motivo
do término do namoro envolveu
algo mais profundo, em termos
de valores, algo estrutural no
perfil da pessoa, pode ser mais
difícil a reconciliação, e talvez
nem fosse bom.
•
2014
DESCOBRI QUE MEU NAMORADO
NÃO GOSTA MAIS DE MIM COMO
ANTES.
Antes de tudo é preciso conversar
seriamente sobre isso que você está
sentindo; o seu sentimento é real ou
será um tanto imaginário? Deixe o
rapaz lhe falar tudo o que desejar.
O dialogo no namoro é para isso; só
assim você saberá se deve continuar o namoro. Mas atenção, o que
é amor para você, apenas carinho,
atenção? Às vezes somos amados, mas não do jeito que a gente
gostaria; amor não é apenas um
sentimento; é muito mais, é fazer o
outro crescer e ser feliz. Examine
tudo isso.
SEMPRE QUE ME APROXIMO
DE UM RAPAZ QUE ESTÁ
ESTABELECIDO FINANCEIRAMENTE, ME SINTO INFERIOR
A ELE. COMO VENCER ESSA
INFERIORIDADE QUE SINTO
COM RELAÇÃO AOS RAPAZES?
TENHO QUATRO ANOS
E MEIO DE NAMORO E
TENHO MUITA DÚVIDA NO
MEU NAMORO, O QUE EU
FAÇO?
Não é tão raro que haja dúvidas em um namoro; quando
se pensa em um dia se casar,
é normal que se examine a
pessoa do outro com cuidado
para saber se um dia você
pode dar o grande passo de
decidir pelo casamento. O namoro é para isso mesmo; é o
tempo de diálogo profundo,
de conhecer o outro, os seus
valores, os seus problemas,
as suas angústias… e então
você poder decidir se continua ou não o relacionamento.
Veja o que é fundamental
para você; quais são os
valores de que você não abre
mão hoje e amanhã?
SOU AMIGA DE UM RAPAZ, MAS,
AGORA SURGIU UMA ATRAÇÃO, ENTRE NÓS, MAS ELE DISSE QUE TEM
MEDO DE ESTRAGAR NOSSA AMIZADE. O QUE EU FAÇO?
Penso que este rapaz está com um medo
infundado de estragar a amizade com
você. De certa forma isso mostra que ele
gosta muito de você e não quer perder
a sua amizade; você representa algo importante para ele. Então, o que fazer? Vá
conquistando-o aos poucos; mostre-lhe
que mesmo que um namoro não dê certo,
isso não significa que a amizade entre os
dois tenha de terminar, se o namoro acabar. Não tenha pressa e não faça pressão,
conquiste-o pelo que você é, por seus
valores, suas atitudes etc.
HÁ ALGUNS MESES QUE
ESTOU PERDENDO O
AMOR PELA MINHA NAMORADA.
SINTO QUE ELA ME AMA
MUITO, MAS EU NÃO
ESTOU CONSEGUINDO
CORRESPONDER. ESTOU
CONFUSO, TENHO MEDO
DE ACEITAR ISTO; O QUE
EU FAÇO?
Depois de quatro anos de
namoro, não se pode esperar a
mesma empolgação do começo; o fato de conhecer melhor
a pessoa, conviver mais com
ela, leva a gente a ter ciência
dos seus defeitos e qualidades,
e isto pode mudar o relacionamento. Para responder a
sua pergunta é importante
que você saiba muito bem
o que é o amor; amar não é
querer alguém construído,
mas construir alguém querido.
Insisto que o mais importante é
fazer um discernimento sobre
o que é fundamental para você.
Esta moça tem as qualidades
mínimas que você gostaria de
ver em sua esposa e futura
mãe dos seus filhos? Esta é
uma pergunta importante a
ser feita; responda a ela com
tranquilidade e tome a sua
decisão de prosseguir ou não
o namoro. Reze, reflita e tente
entender o que está acontecendo. Fique tranquilo, pois o
namoro é para isso mesmo.
Converse com ela e veja se ela
está sentindo o mesmo.
Penso que é uma vantagem, e não
desvantagem, você se relacionar
com alguém que tenha a vida
financeira equilibrada e resolvida;
não há motivo para você se sentir
inferiorizada por isso. Talvez seja
um pouco de orgulho de sua
parte. Aceite a sua realidade e
a do rapaz e, a partir daí, construa a sua vida. Se preocupe em
conhecer se o rapaz é adequado
a você. A condição financeira não
pode ser o mais importante neste
momento. E nunca se esqueça que
somos diferentes uns dos outros.
O seu valor é intrínseco, isto é,
está naquilo que você é e não naquilo que você tem. Se de um lado
o seu namorado oferece uma boa
situação financeira, você poderá
oferecer a ele outras qualidades
e valores fundamentais. Não se
compra a honra, a honestidade,
a simpatia, o bom humor, o desprendimento, a bondade, etc com
dinheiro.
CONSIDERO MEU NAMORADO UMA PESSOA UM TANTO IMATURA. O QUE DEVO
FAZER PARA AJUDÁ-LO?
É preciso entender que “amar
não é querer alguém construído,
mas construir alguém querido”.
A vida a dois, desde o namoro,
só tem sentido se cada um ajuda
o outro a crescer, senão o relacionamento se esvazia, perde o
sentido, acaba. Se você ama este
rapaz, invista nele seu tempo,
seu carinho, sua atenção, etc.
Corrija-o com delicadeza quando
de suas atitudes imaturas; mas
faça isso com muito jeito, no
momento certo, com palavras
corretas e que não o ofendam.
Professor Felipe Aquino construiu uma
história literária de sucesso, sempre abordando
temas baseados na doutrina católica. Em suas
obras trata de temas comuns ao ser humano,
como espiritualidade, namoro, casamento e família.
2014 • Edição 431 • Jesus Vive e é o Senhor
39
MAIS VIDA
ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL:
FAÇA DOS NUTRIENTES O SEU MAIOR INVESTIMENTO
Por Dra. Patrícia Rodrigues – Nutricionista
T
odos sonham em chegar na
terceira idade com muita saúde
e lucidez. O que podemos fazer
para que isso realmente se concretize?
Ter hábitos alimentares saudáveis,
desde a tenra idade, representa uma
grande parcela nos planos para uma
velhice mais feliz.
Com o aumento progressivo da
população idosa, assim como o aumento da expectativa de vida, torna-se
cada vez mais importante o foco na
prevenção das doenças típicas dessa
faixa etária.
Chegar à terceira idade com saúde
requer um conjunto de iniciativas e
hábitos que incluem além de boas
escolhas alimentares, evitar o sedentarismo com a pratica de atividade
física, não fumar e evitar o consumo
exagerado de bebidas alcoólicas.
Quando atendo os pacientes costumo dizer e explicar de maneira bem
simplificada que somos tudo aquilo
que escolhemos e ingerimos. Nosso
corpo funciona através de células e
independente da sua função ou órgão
em que esteja localizada o combustível
para que elas trabalhem são os nutrientes encontrados nos alimentos. A
partir do momento que fazemos todo
este maquinário funcionar de forma
plena evitamos doenças e a necessidade do uso de medicamentos.
Essa conscientização de uma boa
nutrição está cada dia mais se incorporando nas famílias e retomando o
valor por uma alimentação fresca e natural. Se ainda assim ficarem confusos,
lhes digo: voltem a frequentar feiras e
consumir alimentos que tenham vida
(aqueles que vêm da terra).
46
Jesus Vive e é o Senhor
•
edição 431 •
A mudança alimentar buscando o
envelhecimento saudável se inicia em
reduzir e se possível abandonar alguns
hábitos como: consumo de refrigerantes; produtos coloridos artificialmente
como gelatinas e balas de goma; biscoitos recheados; frituras (batata frita,
bifes a milanesa); embutidos (salsicha,
linguiça, presunto, mortadela); enlatados. Aí você se pergunta: ok, depois de
tantas restrições o que posso comer?
A resposta é fácil: frutas, verduras,
legumes, arroz integral, feijão, grão
de bico, lentilhas, carnes magras (sem
gordura), ovos (preferencialmente o
ovo caipira) cereais (aveia, linhaça,
semente de chia), sementes (girassol
e abóbora), frutas secas (damasco,
tâmaras, goji berry), geleia de fruta
sem açúcar; sucos naturais (quando
industrializados preferir aqueles que
estejam escrito na embalagem 100%
fruta e sem adição de açúcar e conservantes) e muitos outros alimentos
naturais. E depois de abrir este leque
de opções eu lhe pergunto: será que é
tão difícil voltarmos a fazer escolhas
mais conscientes? Faça por um instante uma reflexão sobre seu dia-a-dia e
veja o que está oferecendo para suas
células funcionarem.
Depois disso, devemos pensar que
os alimentos servem muito além do
que o simples fato de matar a fome.
Cada um deles contém propriedades
que são capazes de ativar rotas dentro
das nossas células e fazer com que
tudo funcione da mais perfeita maneira, como uma bela orquestra. Assim,
hoje sabemos que os nutrientes podem modular cada função de maneira
especifica aumentando a disposição e
vitalidade!
2014
O que acha de a partir de hoje
incluir uma porção diária de pelo
menos um alimento de cada grupo
na sua rotina?
Faça mais por você! Viva mais e
com saúde!
DICAS DE ALIMENTOS
FUNCIONAIS EM BUSCA
DO EQUILÍBRIO:
•Saúde do intestino: farelo de aveia,
biomassa de banana verde e alcachofra;
•Saúde do coração: suco de uva integral
orgânico sem açúcar, alho cru, peixes,
azeite extra virgem, nozes;
•Saúde dos olhos: gema do ovo, cenoura, abóbora, banana, damasco,
laranja;
•Saúde da tireoide: semente de abóbora, castanha do para, peixes, nozes,
alho, arroz integral e cogumelos;
•Saúde dos ossos: semente de girassol, semente de gergelim e sardinha;
•Saúde mental e memoria: sardinha,
linhaça dourada, morangos, quinoa
e kiwi;
•P revenção de câncer: molho de
tomate caseiro, tomate cozido com
legumes ou peixes ensopados, frutas
vermelhas (morango, amora, jabuticaba, mirtillo, cranberry, goji berry)
e chá verde;
Saiba mais em www.patriciarodrigues.net
Patricia Rodrigues é graduada em Nutrição pela Universidade Veiga de Almeida
em Gastronomia e Culinária pela UNESA
(Universidade Estácio de Sá) e pós-graduanda em Nutrição
Clínica Funcional pelo Centro Valéria Paschoal de Educação
(VP/Unicsul). Possui curso de Extensão em Nutrição Clínica
com Ênfase em Ortomolecular e Biofuncional pela Pronutri
JFC Consultoria em Saúde Ltda – CRN 11101136.
Realiza atendimento clínico em consultório com especialidade em emagrecimento e saúde da mulher.
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Espírito Santo - Comunidade Emanuel