MÉTODOS DE MANEJO DA IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DA
ALFACE AMERICANA
VIEIRA, T.A.1; SANTANA, M.J.2; BIULCHI, P.A.2; VASCONCELOS, R.F.3
1
Estudante
de
Agronomia
do
CEFET
Uberaba
–
MG,
bolsista
FAPEMIG,
e-mail:
[email protected].
2
Prof.
CEFET
Uberaba
–
MG,
e-mails:
[email protected],
[email protected].
3
Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, CEFET Uberaba – MG.
RESUMO
Este trabalho foi realizado na Unidade I do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Uberaba-MG (CEFET Uberaba MG). O objetivo foi avaliar o desempenho da cultura da
alface americana, cultivada em um sistema orgânico, submetida a diferentes métodos de
manejo da irrigação. O delineamento experimental utilizado foi o DIC com cinco
tratamentos (métodos de manejo da irrigação): Irrigas, DUPEA, tensiometria, método
padrão de estufa e tanque evaporímetro alternativo. Foram avaliadas: produção total,
número de folhas externas, circunferência da cabeça, produção comercial e número de
folhas internas. De acordo com as análises estatísticas realizadas, concluiu-se que o
DUPEA é um equipamento indicado tecnicamente para efetuar o manejo da irrigação; e
maiores lâminas são aplicadas quando se empregam os tensiômetros e menores o Irrigas.
Menores valores em todas as variáveis foram encontrados quando o manejo da irrigação
foi realizado com o Irrigas.
Palavras-chave: DUPEA, Irrigas, tensiometria.
INTRODUÇÃO
A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta de porte herbáceo pertencente à família das
asteráceas que ocupa importante posição entre as principais folhosas produzidas em várias
regiões do Brasil. Entre os grupos cultivados, destaca-se a americana. Em determinadas
épocas do ano o uso da irrigação se torna primordial para o cultivo dessa cultura. O que os
produtores vêm realizando é uma irrigação baseada em experiências individuais,
acarretando ora em excesso, ora em déficit hídrico. Para Marouelli & Silva (1996), em
geral, as hortaliças, tanto em condições de campo como em ambientes protegidos, têm seu
desenvolvimento intensamente influenciado pelas condições de umidade ambiental. A
21
deficiência de água no solo é, normalmente, o fator mais limitante para a obtenção de
produtividades elevadas e produtos de boa qualidade, mas o excesso também pode ser
prejudicial. Assim, a reposição de água ao solo por meio da irrigação na quantidade
adequada, e no momento oportuno é decisiva para o sucesso da produção de hortaliças. A
alface é uma olerícola muito susceptível ao déficit hídrico. A aplicação de quantidades
adequadas de água associadas a outras técnicas de cultivo melhoram a produtividade e a
qualidade de produto final, além de assegurar melhores lucratividades ao empreendimento
agrícola. A irrigação é um fator de extrema importância para o cultivo em estufas e
indispensável durante todo o ciclo da alface. Segundo Cararo (2000), a aplicação de água
em excesso ou com déficit e a falta de drenagem, são os maiores problemas relacionados à
irrigação em estufas. Para se minimizar o consumo de energia, maximizar a eficiência de
uso de água e manter favoráveis as condições de umidade do solo e de fitossanidade das
plantas, é importante realizar um manejo racional da irrigação (SILVA & MAROUELI,
1998). O uso da irrigação e a quantidade de água a aplicar, inserem-se em decisão a ser
tomada com base no conhecimento das relações água-solo-planta-atmosfera. É necessário
conhecer o comportamento de cada cultura em função das diferentes quantidades de água a
ela fornecidas, da determinação das fases de seu desenvolvimento e do maior consumo de
água. Há os períodos críticos, em que a falta ou excesso de água redundaria em queda da
produção (BERNARDO, 1996). Um manejo correto da irrigação para obtenção de uma
produtividade viável economicamente seria, aquele em que, aplica-se água no solo no
momento oportuno e em quantidade suficiente para suprir às necessidades hídricas da
cultura, sem falta ou desperdício. Para que isto ocorra, cada cultura exige uma quantidade
diferenciada de água no solo. Existem, porém métodos alternativos, que auxiliam aos
produtores na aplicação adequada de água sem desperdícios. Dentre eles destacam-se: o
Irrigas (desenvolvido pela EMBRAPA Hortaliças), o DUPEA (desenvolvido pela UFV) e
tanques evaporímetros alternativos (diversos modelos). Todos esses devem passar por
averiguações técnicas para estudo da precisão, comparados com o método padrão
(ESTUFA). A partir disso, o presente trabalho teve como objetivo submeter a cultura da
alface americana, cultivada em sistema orgânico a diferentes métodos de manejo da
irrigação. São eles: método padrão estufa, DUPEA, Irrigas, tanque evaporímetro
alternativo e tensiometria.
MATERIAL E MÉTODOS
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O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, localizada na área experimental do
Setor de Olericultura do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba, MG. A
cultivar empregada foi a Lucy Brown. O delineamento do experimento foi inteiramente
casualizado com cinco tratamentos (métodos de manejo da irrigação: Irrigas, DUPEA,
método padrão estufa, tensiometria e tanque evaporímetro alternativo), e 80 plantas, das
quais 16 foram consideradas úteis (coleta de dados). Todos os tratos culturais seguiram
conforme manejo orgânico da cultura. Diariamente foram coletados os dados para
fornecimento de água de cada tratamento, sendo: a) Irrigas: irrigação realizada quando o
equipamento acusava o momento; b) DUPEA: foram coletadas amostras e obtidos valores
de umidade elevando-se o solo à capacidade de campo; c) tanque evaporímetro alternativo:
leituras de evaporação transformadas em valores de lâminas de água (correlação direta do
volume de água e a área do tanque de evaporação); d) método padrão estufa: coleta diária
da umidade do solo elevando-o à capacidade de campo e, e) tensiometria: coleta diária da
tensão de água no solo e elevando-o à capacidade de campo. O sistema de irrigação
utilizado foi o gotejamento com vazão de 3 L h-1 espaçados de 0,35m. Foram avaliados:
produção total (peso da planta), produção comercial (peso da parte comercial – cabeça),
número de folhas internas e externas e circunferência da cabeça.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância revelou efeito significativo dos tratamentos em todas as variáveis,
exceto para o número de folhas externas. Os valores médios de todas as variáveis
encontram-se na Tabela 1. Médias semelhantes foram encontradas quando o manejo da
irrigação foi efetuado com tensiômetro, DUPEA, tanque evaporímetro e estufa padrão para
as variáveis de produção comercial, número de folhas internas e circunferência da cabeça.
Quando o manejo foi realizado com o Irrigas, as plantas apresentaram o menor valor médio
em todas as suas variáveis. Resultados semelhantes foram encontrados por Santana et al.
(2001). A maior produção total foi encontrada quando o manejo da irrigação foi realizado
com o DUPEA. A eficiência do uso da água (EUA) está apresentada na Tabela 2. Quando
o manejo foi realizado com o DUPEA observou-se maior valor da EUA. A menor EUA foi
verificada quando o manejo foi realizado com o tensiômetro, e, lâminas deficitárias
levaram à maior EUA.
Tabela 1. Valores médios encontrados para as variáveis estudadas.
VARIÁVEIS
PT
PC
NFI
CC
23
1
271,56 c1
185,56 b
11,12 b
36,81 b
TENSIÔMETROS
432,00 b
301,81 a
13,43 a
45,50 a
TANQUE
434,37 b
294,25 a
13,81 a
47,25 a
ESTUFA
492,37 b
322,06 a
13,56 a
48,90 a
DUPEA
561,62 a
374,43 a
15,43 a
50,28 a
os valores seguidos pela mesma letra na vertical não diferem estatisticamente entre si.
Tabela 2. Produção comercial, lâmina aplicada e eficiência do uso da água
(EUA) para os diferentes tratamentos aplicados.
TRATAMENTO
PC
(g planta-1)
DUPEA
ESTUFA
IRRIGAS
TANQUE
TENSIÔMETRO
374,43
322,06
185,56
294,25
301,81
LÂMINA
APLICADA
(mm)
201,42
223,07
170,46
533,30
645,66
EUA
(g mm-1)
1,85
1,44
1,08
0,55
0,46
CONCLUSÃO
Diante do exposto concluiu-se que o DUPEA é um equipamento indicado para efetuar o
manejo da irrigação; maiores lâminas são aplicadas quando se empregam os tensiômetros;
e menores, o Irrigas. Menores valores, em todas as variáveis, foram encontrados quando o
manejo da irrigação foi realizado com o Irrigas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDO, S. Manual de irrigação. Viçosa, MG, UFV, Imp. Universitária, 1996. 6 ed.
596p.
CARARO, D.C. Efeito de diferentes lâminas de água na presença e ausência de CO2
Injetado na água de irrigação sobre a cultura do tomate (Lycopersicon esculentum
Mill.) cultivado em estufa. 2000. 70p. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) –
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba.
MAROUELLI, W.A; SILVA, H.R. Manejo da irrigação em hortaliças. 4 ed., Brasília:
EMBRAPA-SPI, 1996. 72 p.
SANTANA, M.J.; CARVALHO, J.A.; QUEIROZ, T.M.; LEDO, C.A.S.; NANNETTI,
D.C. Resposta do pimentão (Capsicum annuum L.) a diferentes níveis de déficit hídrico e
de adubação nitrogenada. In: 41° CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA.
Anais do 41° CBO. 2001. Brasília, DF. v. CD-ROM.
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SILVA, W.L.C.; MAROUELLI, W.A. Manejo da irrigação em hortaliças no campo e
em ambientes protegidos. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola.
UFLA/SBEA, 1998. p. 311-348.
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