Delmiro Gouveia em memória
GALE
Em memória à Delmiro Gouveia, a cidade alagoana
homônima rende homenagens pelos 90 anos de morte
Delmiro Gouveia. “Aqui o evangelizador dos sertões e
fundador da Pedra, Delmiro Gouveia, tombou
mortalmente ferido pela bala homicida de sicários
assalariados, no dia 10 de outubro de 1917”. Este
epitáfio escrito na cruz que marca o local onde Delmiro
foi assassinado, na entrada da cidade que tem o seu
nome, denuncia a indignação do povo de Alagoas
contra um crime bárbaro, até hoje envolto em
mistério, ao mesmo tempo em que demonstra o
carinho da população para com o “desbravador do
sertão nordestino”.
Os 90 anos de morte de Delmiro estão sendo
lembrados com uma vasta programação iniciada
segunda-feira, com a abertura da Exposição Museus
de Alagoas, no Museu Regional Delmiro Gouveia,
seguida de oficinas, debates e competições esportivas.
É a terceira edição do Encontro de Negócios de
Produção Alternativa de Delmiro Gouveia (Endel), que
acontece até domingo e reúne vários empreendedores
do Sertão de Alagoas. A feira é promovida pela
Prefeitura Municipal, Fábrica da Pedra e Agência de
Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável de
Delmiro Gouveia (Adlisdel), e tem o apoio do governo
alagoano.
O III Endel é apontado pelos organizadores como
ferramenta importante para mostrar o potencial
empreendedor e a vocação do setor têxtil e de
confecções, estimular negócios e ampliar rede de
relacionamentos. Mesmo sendo o setor têxtil o
destaque, o evento oferece diversidade entre os
expositores, e mostra as outras potencialidades
econômicas da região sertaneja.
PAINEL HOMENAGEIA o “desbravador
do sertão nordestino” na cidade
alagoana (Foto: ANTÔNIO VICELMO)
LOCOMOTIVA UTILIZADA por Delmiro
Gouveia no transporte de peles.
Funcionou até 1964 (Foto: ANTONIO
VICELMO)
Está confirmada a presença de netos e bisnetos de Delmiro que moram no Rio de
Janeiro. O diretor-presidente da Fundação Delmiro Gouveia, Adair Nunes, informou que
os três filhos do homenageado já faleceram. Na cidade, não tem nenhum
remanescente que o tenha conhecido. Mas todos conhecem a sua história.
A maior homenagem ao cearense de Ipú, que se tornou um dos maiores empresários
do início do século 20, é o nome da própria cidade: Delmiro Gouveia. Com 46 mil
habitantes, encravada no sertão alagoano, o antigo povoado da Pedra é uma cidade
moderna, de ruas amplas e limpas. O município com a
denominação do patrono, e território desmembrado de
Água Branca, foi criado em 16 de junho de 1952 por
força da lei nº 628, que elevou a vila à categoria de
cidade. A instalação da cidade teve lugar no dia 14 de
fevereiro de 1954, dia da sua emancipação.
A história da cidade começa no início do século com a
chegada de Delmiro, procedente de Recife (PE). Quando
ele conheceu a Cachoeira de Paulo Afonso, teve a idéia
de realizar ali um grande projeto, construir uma
hidroelétrica. Para isso, trouxe um grupo de engenheiros
e investidores dos Estados Unidos, (1909-1910), que
projetou a construção de uma grande hidrelétrica, que
geraria energia suficiente para iluminar e abastecer o
Recife. Além disso, seria instalado um empreendimento
agroindustrial nas terras em torno da cachoeira, em
áreas da Bahia, Alagoas e Pernambuco a serem
adquiridas pela empresa.
Porém, o governador de Pernambuco, Dantas Barreto,
desconfiou da dimensão do projeto, obrigando Delmiro a
reduzir o empreendimento. Com o apoio dos irmãos
Rossbach, ele organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil.
Com turbinas e geradores alemães e suíços, instalou,
num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso (o de
Angiquinho, no lado alagoano do rio), uma usina
hidrelétrica que gerava 1.500 HP, com uma voltagem de
3 KV. Pessoalmente, escolheu, na Inglaterra, máquinas
da indústria Dobson & Barlow, para uma fábrica, a Cia
Agro-Fabril, que iniciou, em 1914, a produção de linhas
de coser, para rendas e bordados, fios e cordões de
algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas
para embrulhos.
CRUZEIRO MARCA local onde o
empresário foi assassinado, na
entrada da cidade homônima (Foto:
ANTONIO VICELMO)
Essa indústria tinha características revolucionárias para
a época. Ali foi construída uma vila operária, com
assistência médica, escola, cinema e creches. Era um
contraste com o sertão pobre do Nordeste, onde, a
poucos quilômetros a seca castigava a terra rachada.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste
CASA DE FORÇA para distribuição
de energia onde funcionou a
primeira hidroelétrica do Nordeste
(Foto: ANTONIO VICELMO)
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Delmiro Gouveia em memória (Data do jornal 10 outubro)