o crente que atua dessa maneira e que pratica o "jejum cristão" conforme discorremos neste capítulo, capacita-se para receber as inefáveis bênçãos de Deus, conforme o texto de Isaías já citado:.
"Então romperá a tua luz como a alva, e a tua
cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá
adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua
retaguarda.
Então clamarás, e o Senhor te responderá;
gritarás e Ele dirá: Eis-me aqui . . .
Então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua
escuridão será como o meio-dia.
E o Senhor te guiará continuamente, e fartará
a tua alma em lugares secos, e fortificará teus
ossos; e serás como um jardim regado, e como um
manancial, cujas águas nunca faltam" (Isaías
5&;8-*ll).
Extasiados com tantas bênçãos e promessas do
Senhor, juntamos as nossas vozes com a de Paulo e exclamamos:
"ô profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis
são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus
caminhos!
Por que quem compreendeu o intento do
Senhor? ou quem foi o seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe
seja recompensado?
Porque dele, e por ele, e para ele, sào todas
as coisas;
Glória pois a ele eternamente. Amém." (Rom.
1 1:33-36).
TERCEIRA PARTE
APÊNDICE
DOUTRINA E PRÁTICA DO JEJUM NA
ATUALIDADE
P A PRÁTICA ATUAL DO JEJUM NAS
IGREJAS EVANGÉLICAS
Conquanto o escopo deste livro seja um estudo da
doutrina do jejum dentro da Bíblia, o que fizemos na prirneira e segunda parte, achamos necessário, para um
melhor esclarecimento dos leitores, discorrermos um
pouco sobre a prática do jejum ainda mantida em nossos
dias entre os evangélicos, dal o fato de termos criado este
apêndice, que sabemos ser de grande valia no sentido de
corroborar com o estudo feito na Bíblia Sagrada.
Atualmente, ainda encontramos igrejas evangélicas e
ressoas, particularmente, que praticam o jejum com finaidades religiosas, principalmente entre as igrejas dos grupos pentecostais. Muitas delas têm a doutrina como atual,
praticando-a com certa regularidade, muitas vezes em
caráter oficial, proclamado e regulamentado pela própria
igreja.
Em face disso, muitos crente ficam num dilema espiritual, perguntando e se perguntando se o jejum deve ou
não ser praticado pelos cristãos. Por que uns jejuam e
outros não?
Se não temos base bíblica para a aplicação da prática
do jejum como doutrina cristã; se os fatos e doutrinas neotestamentários provam que o sacrifício de Jesus substituiu todo o sistema antigo de sacrificios pelo pecado.
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inclusive o jejum; pergunta-se: Por que ainda se pratica o
jejum com finalidades religiosas no meio cristão?
Estudamos o assunto em todas as suas principais
implicações, mantivemos alguns contactos com crentes
que jejuam nos diversos grupos evangélicos, procurando
uma resposta à pergunta acima. Assim, podemos dizer
que são vários os fatores que têm contribuído e vêm contribuindo para a existência de tal prática doutrinária no
meio evangélico, porém todos sem qualquer fundamento
nas páginas do Novo Testamento.
Por isso achamos por bem registrar neste livro esse
fatores para que o cristão sincero e interessado nas coisas
de Deus possa conhecer quão frágil é a base doutrinária e
teológica daqueles que jejuam e ensinam a doutrina do
jejum como sendo cristã, evangélica, neotestamentária.
Vamos a seguir tratar, separadamente, de cada um
desses fatores, registrando apenas aqueles que achamos
de maior importância entre muitos outros que podem ser
citados, menos importantes.
1. Desconhecimento de suas implicações
doutrínirías e teológicas
Esse, não resta dúvida, é um dos principais fatores
que encontramos sobre a prática atual do jejum entre os
evangélicos. O jejum é praticado por muitos crentes que
se baseiam tão-somente no fraco argumento de que a
doutrina está na Bíblia. Logo que se pergunta a esses
crentes, muitos deles obreiros, por que jejuam? respondem: Não está na Bíblia? O irmão nunca leu que Jesus
Cristo jejuou? Paulo, Moisés, Elias, e outros grandes servos de Deus jejuaram. Portanto, eu os estou acompanhando. Citam, também, o ensino de Jesus sobre o jejum
registrado em Mateus 6:16 e Marcos 9:29. São fatos e textos que não vamos dicutir aqui, porque já o fizemos em
outros capítulos deste livro, os quais nada provam sobre a
validade do jejum como doutrina cristã.
Aceitam o fato somente por uma simples leitura de
alguns textos bíblicos sem se interessarem por um estudo
profundo da matéria afimde descobrir as suas implicações doutrinárias e teológicas. Quando se pergunta:
Quando foi instituído o jejum? Qual a finalidade do
jejum? Por que foi o jejum instituído? Respondem com
evasivas, demonstrando a sua falta de conhecimento da
matéria.
Fomos informados de uma Igreja Batista de um
ramo com tendências "pentecostais", na qual o crente
para participar da Ceia cio Senhor precisa estar em jejum
completo, total. E o informante explicou:"Jejum total,
quer dizer jejum de alimento e jejum de sexo". Pobre
daquela Igreja e pobre daquele pastor, para quem alimento e sexo é pecado. Isso é ignorância doutrinária; é
desconhecimento bíblico. E, infelizmente, nessa canoa
estão embarcando muitos crentes sinceros por falta de
esclarecimento. E isso compete a nós como obreiros,
como "bons despenseiros de multiforme graça de Deus"
(I Ped. 4:10). Muitos deles são realmente crentes piedosos, sinceros, honestos, que praticam o Jejum querendo
melhor se consagrar a Deus, não há dúvida. Como disse
Paulo: " . . . têm zelo de Deus, mas não com entendimento" (Rom. 10.2).
2. Fatores Psicológicos ou Fisiológicos
Alguns simplesmente jejuam porque dizem que se
sentem bem quando oram e meditam em jejum. Que isso
pode ser válido para certas pessoas, não discutiremos, mas
não se deve confundir fatores psicológicos, ou fisiológicos, com fator espiritual. Há pessoas que se sentem muito
bem orando e estudando pela manhã, pela madrugada.
Uns gostam de orar e estudar nos seus escritórios, outros,
no Templo, e alguns indo para lugares ermos, longe de
tudo e de todos. Assim, também, uns se sentem bem para
o estudo, ou outra atividade espiritual, estando bem alimentados, já outros, estando em jejum. Mas nada disso
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tem alguma relação com a comunhão com Deus propriamente dita. Não há base bíblica e nem lógica para se pensar e ensinar que Deus atende melhor quando a pessoa
está de estômago vasio. Isso seria.limitar a atuação de
Deus. O Senhor olha é para um coração vazio do pecado
e não para o estômago vasio ou cheio de alimento. Como
dissemos atrás, são fatores que realmente existem em
determinadas pessoas, unicamente de caráter psicológico
oufisiológico,mas sem qualquer importância para a vida
espiritual na sua comunhão com Deus. Não se pode e
nem se deve firmar doutrinas espirituais nessas manifestações particulares do indivíduo.
3. Evocação de Fatos Históricos
Ouvimos alguém que, defendendo a prática do jejum,
relatou-nos o que aconteceu em épocas passadas, por
exemplo na Letónia e na Suécia, quando houve nesses
países manifestações de Deus e os crentes.passaram por
um grande avivamento espiritual, e que naquela época,
entre outras atividades espirituais, os crentes jejuaram e
tiveram grandes bênçãos de Deus, o que seria, por isso,
prova da validade do jejum.
É lógico que não vamos contestar os avivamentos
espirituais acontecidos entre o povo de Deus em alguns
países e igrejas, todavia, não devemos pensar e defender
que tudo o que fizeram e praticaram nesses avivamentos,
movidos pelo entusiasmo ou pelo temor, tenha tido a
direção a aprovação de Deus ou tenha sido o fator princi)al das bênçãos obtidas, e que sirva de base para agora
ormularmos um ponto doutrinário qualquer, mesmo sem
apoio nos princípios evangélicos. Aliás, é fato conhecido
e a história tem registrado, que todos os movimentos espirituais acontecidos através da história cristã têm sido
acompanhados de exageros, fanatismos e até mesmo de
atuação do inimigo procurando confundir os crentes e
desviá-los da verdade. Paulo disse que qualquer que se
apresentar pregando um outro evangelho, fora dos princí-
pios cristãos, mesmo que seja um anjo do céu, seja anátema
(Gál. 1:8-9). Não importa de onde vem e por quem é trazido; se não tem base bíblica, nos ensinos de Jesus Cristo,
não é digno de crédito^ não tem valor doutrinário: É anátema. E é interessante observar que nesse texto Paulo
estava combatendo as intromissões da lei judaica no
Evangelho de Jesus Cristo. É o que acontece com o jejum.
4. Nova Finalidade para o Jejum
Esse é o argumento mais mesquinho que já vimos em
matéria doutrinária. Dizem alguns defensores do jejum:
"Sabemos que todo o ritual levítico foi abolido por Cristo
na cruz. Sabemos que o jejum não tem mais a sua finalidade antiga de um sacrifício pelo pecado, todavia podemos praticá-lo com novos propósitos, para melhor nos
consagrarmos a Deus".
Perguntamos: Quem deu autoridade para se constituir
nova finalidade ao jejum? Onde está escrito que o jejum
agora tem uma nova finalidade espiritual? Onde está
escrito que estômago vasio é sinal de coração limpo e
consagração a Deus? Comparamos isso com as donas-decasa que quando uma panela se fura e fica sem condição
para fazer a alimentação, transformam num vaso e
plantam uma folhagem. Ou então aproveitam as latas vazias
de conservas, transformando-as em utensílios domésticos.
Que isso tenha validade na vida doméstica ou em outro
setor da vida humana é uma coisa, mas em doutrina cristã
a coisa é muito série. É assunto que pertence a Deus e
não ao homem. Só o Senhor é que tem faculdade absoluta
de legislar em matéria doutrinária. Deus não deu essas
credenciais ao homem, pelo contrário, adverte: " . . . se
alguém lhes acrescentar alguma coisa. Deus fará vir sobre
ele as pragas que estão escritas neste livro . . . E se alguém
tirar quaisquer palavras do livro desta profecia. Deus
tirará a sua parte da árvore da vida . . ." (Apoc. 22:18-19).
Um certo Pastor de uma Igreja nos Estados Unidos,
escrevendo numa revista religiosa sobre o jejum, declarou
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que ele e sua Igreja jejuam, e explica gue o jejum atualmente não tem a finalidade de um sacrifício para alcançar
uma graça especial de Deus, mas é uma maneira especial
de prestar um culto de louvor a Deu.s. E diz, naquele seu
artigo, que o Senhor se alegra com isso.
Não entendemos como um Pastor pode afirmar uma
coisa dessa. Onde ele foi buscar isso na Bíblia? Onde está
escrito sobre essa nova maneira de louvar a Deus? E
ainda afirmar que Deus se alegra com esse sacrificio? Isso
não é cristianismo não, meus irmãos; é paganismo, masoquismo, é heresia. A Palavra de Deus declara: "Misericórdia quero e não sacrifício" (Mat. 9:13 e 12:7). Ler também Sa . 51:16-17.
Outrossim, perguntamos: Por que somente ao jejum,
do velho cerimonial, deva ser dado uma nova finalidade?
Por que também não aos sacrifícios de animais? Por que
também não à circuncisão, ao óleo da unção e outros
componentes do cerimonial judaico? Por que somente o
jejum deva ser salvo dos escombros do cerimonial da
antiga dispensação? Não vamos transformar os trapos da
vestidura antiga numa nova peça para as doutrinas cristãs
(Mar. 2:21). A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática,
por isso devemos nos manter unicamente dentro daquilo
que ela realmente ensina como doutrina cristã. Não devemos seguir os maus exemplos das autoridades judaicas que a
cada passo acrescentavam pontos sobre pontos nos preceitos de Deus, e por isso receberam a condenação de
Jesus (Mar. 7:7-9). É o que vêm fazendo em nossos dias
muitas seitas, principalmente a Igreja Católica, para as
quais já está escrita a condenação divina (Apoc.
22:18-19).
5. Imitação ou Simpatia pessoal
Há pessoas que, por incrível aue pareça, não têm
qualquer convicção sobre a prática do jejum, mas porque
pessoas com quem se simpatizam ou que tenham um
certo destaque denominacional jejuam, f^azem o mesmo.
imitando aos outros. Citam obreiros e crentes do presente
e do passado, dizendo: Pastor "fulano" é batista, é um
grande servo de Deus; ele jejua. "Sicrano", grande evangelista do passado, jejuava e sempre foi muito usado por
Deus. E arrematam: Então, se esses servos de Deus jejuavam e jejuam, por que eu não posso também fazer o mesmo?
Para eles não tem muita importância o que a Bíblia
diz, o que o Novo Testamento ensina. Se outros estão
fazendo, acompanham. Costumamos cognominar a essas
pessoas de "Maria-vai-com-as-outras". Mas o crente sincero não deve ser assim. Ele deve aceitar e praticar em
sua vida cristã somente o que tenha plena convicção de
ser a verdade, agindo com raciocínio e discernimento
cristão.
6. Experiências positivas atribuídas ao jejum
Muitos crentes gue praticam o jejum têm tido experiências positivas, bênçãos e vitórias, que atribuem ao
jejum. Conversando com um jovem obreiro, ele afirmounos que pratica o jejum e o faz porque tem alcançado
grandes bênçãos de Deus quando jejua. E completou com
a seguinte expressão: "A experiência é argumento muito
mais forte do g^ue a teoria . Muitos, como esse jovem,
têm tido experiências positivas também com a prática do
jejum, como acham.
Então, perguntamos-lhe como é que pratica o jejum,
ao que nos respondeu: escolho um determinado dia,
levanto-me pela manhã e dedico todo o dia para o jejum,
oração, meditação e louvor a Deus. Clamo ao Senhor
pelos meus problemas c Ele me responde. Nada mais.
Praticamente, é assim que fazem todos os jejuadores.
Não queremos ser irreverentes cora ninguém, principalmente quando sentimos que há sinceridade na pessoa,
mas não podemos deixar de refutar o assunto. Em primeiro lugar, quremos dizer que, em matéria religiosa.
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principalmente, a experiência não é realmente o maior
argumento. Esse pertence à Bíblia. O que não tiver base
bíblica, mesmo que venha estribado na maior experiência, não terá validade doutrinária, cristã. E se formos nos
firmar nesse argumento, de que a experiência é mais forte
do que a teoria, temos que aceitar muitas heresias que.
andam por aí fundamentadas em experiências humanas;
Mas observem acima o conteúdo da resposta daquele
jovem sobre a maneira que ele jejua. Vejam que ao lado
do jejum entrou a oração, a meditação, o louvor a Deus e
o clamor ao Senhor pelas suas necessidades materiais e
espirituais. Depois de tudo isso que ele fez durante um
dia, vem a dizer que tem tido grandes bênçãos com o
jejum? Parece que as outras coisas, como a oração, o clamor, o louvor, a meditação, não tiveram muito vaílor no
caso. E foi realmente nessas outras coisas que acompanharam o jejum, que estava o perfeito valor para alcançar
as bênçãos de Deus.
não ser resultados de caráter psicológicos, que já tratamos atrás.
Essa é a verdade, caros leitores. O crente piedoso e
sincero na sua fé, diantg de um problema qualquer coloca-se na presença do seu Deus em busca do socorro.
Nesse seu afã, introduz também o jejum. Deus que é misericordioso e não olha para os fatores exteriores, mas para
a sinceridade de coração do seu filho, atende-o na sua
necessidade, sem que o jejum tenha tido alguma utilidade
no caso. Mas, infelizmente, o jejum é que tem levado a
fama e isso tem contribuído para aumentar o número de
jejuadores. Por isso a Bíblia nos exorta: "Examinai tudo,
retende o bem" (I Tes. 5:21). Esse é nosso dever; todas as
coisas precisam ser examinadas, e isso, à luz da Palavra
de Deus.
Isso leva-nos a lembrar do que acontece com esses
curandeiros e benzedores que andam por aí fazendo "milagres", os quais, depois de aplicar o seu ritual de magia,
"receitam" uma série de medicamentos para o doente
tomar ou aplicar em sua enfermidade. O doente sara, porque os remédios atuaram, mas quem leva a fama são eles,
os curandeiros, com suas magias milagrosas.
Sempre que falamos com alguém sobre esse assunto,
lançamos o seguinte desafio: Passe de agora em diante a
fazer tudo o que você tem feito, quando jejua, menos o
jejum. Isto é, separe um dia para estar a sós com Deus,
ore, medite, leia a Bíblia, cante louvor ao Senhor e clame
pela Sua ajuda naquilo que você esteja necessitando. E
veja se Deus não lhe vai atender, como tem feito das
outras vezes. Ou, por outro lado, faça ao contrário: Só
jejue, um dia, dois, quantos quiser, mas não faça outra
coisa, não ore, não medite, não louve a Deus, não leia a
Bíblia, e veja qual vai ser o resultado desse jejum. Nada; a
7. Superstição
Na verdade, temos muitos crentes supersticiosos em
nosso meio evangélico. Certa vez, quando de um batismo
realizado numa pequena Igreja do interior do nosso
Estado, um irmão, e não tão simples assim, levou uma
garrafa vasia para encher com água do rio retirada no
momento do batismo. Disse ele que era para fazer remédio. É até uma superstição um tanto contraditória, pois se
naquela água houvesse de ter algum produto saído do
batismo, esse produto seria o pecado dos batizandos, se
crêssemos assim. E o pecado não teria poder para curar
alguma coisa.Seriamais uma dose de pecado para o coitado do pecador que estava doente. Mas, esta aí, foi um
crente que saiu com essa.
Outros acham que oração poderosa é aquela que é
feita pela madrugada. Alguns acham que Deus só atende
quando se ora dentro de um Templo. Muitos só acreditam
em orações feitas de joelhos. E os jejuadores acham que o
jejum é a chave para despertar a misericórdia de Deus.
São superstições. E superstições evangélicas, diríamos.
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Assim o crente, ora, pede, clama, e, por um motivo oti
outro, que não sabemos porque. Deus não o atende, ou
parece que não o atendeu. Ta vez por não estar dentro da
vontade de Deus. Ou quem sabe que algum pecado vem
prejudicando a vida daquele crente," e ele não tem pensado nisso. Então, lá vem a superstição, e o crente
começa a jogar com tudo que tem, e é aí que entra o
jejum. E às vezes é alguém que lhe insinua: O irmão precisa orar em jejum; deixe de dar lugar a matéria; dê lugar
ao espírito. E e aí que muitas vezes entra também o fator
psico ógico de que tratamos anteriormente: Realmente
ele passa a notar que só consegue grandes vitórias quando
ora em jejum. Todavia, nada mais é que simples superstição.
8. Inato espirito de sacrifício do ser humano
Por um fator biológico qualquer, que desconhecemos, o ser humano já traz na sua natureza esse espírito de
sacrifício. Aliás, ensina a Biologia que o óvulo materno
empreende um grande sacrifício para deixar o ovário e
transportar-se até o lítero. É com sacrifício e dando
sacriiício que a criança vem à luz, para, por toda a sua
vida empreender um sacrifício constante pela existência.
Então isso faz com que o ser humano passe a conceber
que as grandes coisas, as grandes vitórias, só serão
alcançadas a custa de sacrifícios.
E isso tem afetado a vida espiritual com respeito à
religião. "Que hei de fazer pata herdar a vida eterna",
perguntou o moço rico. "Que é necessário que eu faça
para me salvar?" perguntou o carcereiro de Filipo.
Simão, o mágico, quis pagar com dinheiro o dom do
Espírito Santo. Os pagãos, que não têm entendimento
cristão, naturalmente criam as suas religiões baseadas em
sacrifícios. Muitas religiões hoje, consideradas cristãs,
tiram partido dessa fraqueza natural do indivíduo e prescrevem exercícios sacrificais para que os seus fiéis alcancem bênçãos. É o que acontece principalmente com a
Igreja Católica, e, para que não dizer, até no meio evangélico. Isso tem feito com que muitas pessoas não entendam e não aceitem a simplicidade da mensagem evangélica de salvação, dizendo que um pecador não pode ser
salvo pela simples aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador. Acham que precisam de muitas outras coisas e
muito sacrifício.
E o crente em Jesus Cristo, vindo em grande parte
desses ambientes, e trazendo no sangue também esse
germe de sacrifício, não pode entender, muitas vezes, que
venha a alcançar grandes bênçãos de Deus sem qualquer
sacrifício, sem qualquer maceração do seu próprio corpo
e espírito, vindo daí o fato de aceitar o jejum como uma
forma especial de sacrifício. Só mesmo o estudo da Palavra de Deus e a confiança total no seu poder, o libertará
de tudo isso. Jesus Cristo asseverou: "Errais, não conhecendo as escrituras, e nem o poder de Deus" (Mat. 22:29).
E outra vez: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará" (João 8:32).
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11? QUANDO O JEJUM É VÁLIDO PARA
O CRENTE
Como preceito religiosos, de caráter espiritual, para
ser praticado como uma parte da vida devocionaí, o jejum
nunca é válido na vida do crente, pelos fatos já expostos
neste livro. Porém, há algumas circunstâncias que podem
levar o crente a jejuar. Jejum ocasional, circunstancial.
Vamos alinhar, abaixo, alguns casos principais de jejuns
circunstanciais, e até com um certo toque religioso, em
que o crente pode jejuar.
1. Jejum em benefício da saúde
Muitos crentes estão doentes, e até correndo o
perigo de morte, porque estão incursos no pecado da glutonaria. Comem tudo e de tudo em prejuízo da própria
saúde. E sabendo que o nosso corpo é o templo do
Espírito Santo, precisamos nos abster daquilo gue o prejudique. Então um jejum de vez em quando laz bem à
saúde e é necessário. Bem como um certo regime alimentar é de muita importância para a saúde. Às vezes, isso
obedece a prescrições médicas, mas nós mesmos temos
condições para saber quando devemos ou não comer certos alimentos e até mesmo quando devemos deixar de
comer alguma coisa.
2. Jejum em benefício do próximo
Quantas vezes nós estamos de barriga cheia,
comendo do bom e do melhor, e o nosso próximo, ao
nosso lado, às vezes um irmão em Cristo, está passando
fome, sem ter nada para si e para os seus filhos. Apenas
nos mostramos penalizados daquela triste situação e nos
alheiamos com a desculpa de que também somos pobres e
temos nossas responsabilidades com nossa família. E se
fizéssemos um jejum, dando o nosso alimento ou o
dinheiro correspondente para amenizar um pouco a fome
daquele que nada tem? Estamos informados de que nos
Estados Unidos; os batistas do Sul, em todas as convenções estaduais, estão promovendo atualmente (abril
de 1975) uma grande campanha alimentícia em favor dos
que sofrem fome no mundo, principalmente na Ásia.
Como parte da campanha, famílias estão fazendo semanalmente um dia de jejum, sem contar as crianças, é lógico, usando o dinheiro que seria gasto em alimentos
naquele dia para enviar às diversas partes do mundo onde
existe fome e miséria. Inclusive a Missão Batista de Richmond é uma das intituições que estão recebendo os donativos com essa finalidade. Isso sim é um jejum que
merece aplausos e que é recebido por Deus. Ao mesmo
tempo em que conseguem verbas para os pobres e famintos, sentem na própria carne a dor da fome, numa perfeita
identificação com aqueles que sofrem (Ler Heb. 13:16).
Por curiosidade, fizemos o seguinte cálculo: Se cada
batista brasileiro contribuísse com o correspondente de
um dia de jejum sem^anal, durante um mês, considerando-se um gasto per capita de Cr$ 20,00 por dia e um total
de 300.000 batistas, levantarímos um total aproximado
de Cr$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de cruzeiros),
num mês, para beneficiar os que têm fome. Valeria à pena
um jejum assim.
3. Jejum em benefício da vida espiritual e devocionaí do
crente
Não resta dúvida de que a comida tem realmente
prejudicado a vida espiritua e devocionaí de muitos crentes. Alguns não assistem aos cultos dominicais para não
perder a hora do almoço. Muitas irmãs estão impedidas
de irem à Escola Bíblica Dominical porque precisam preparar um bom almoço segundo as exigências do esposo e
dos filhos, que são crentes também. Muitas empregadas
crentes, de senhores crentes, também gastam o Domingo
na preparação dos diversos pratos alimentares, não
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ESTE LIVRO DEVE SER DEVOLVIDO
podendo, por isso, ir à Escola Bíblica Dominical e outras
atividades da Igreja. Outros não vão ao culto de Oração,
porque não dá tempo, chegando em casa em cima da
hora, a não ser que deixassem a janta para a volta. Mas
isso não, disse-nos uma vez um irmão. Muitos crentes não
aceitam trabalhos em congregações em bairros distantes,
onde precisam sacrificar o almoço ou a janta. E quantos
crentes que não dão os dízimos porque têm medo de ficar
sem ahmento. São pessoas que se comparam aos ímpios,
"cujo Deus é o ventre" (Fi ip. 3:19).
Nesses casos, também valeria à pena um jejum. "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas" (Mat. 6:33).
Ainda com respeito à vida devocionaí, é válido o
crente dedicar de vez em quando um dia ao Senhor para
oração e meditação. E se naquele dia, por qualquer circunstância, ele tenha que optar em permanecer no seu
momento de comunhão com Deus ou ir em busca de alimento, achamos que o ficar em comunhão com Deus é
muito mais importante. Mas observem que o jejum aí
entrou como fator circunstancial e não cerimonial, isto é,
o valor está no fato do crente manter a sua comunhão
com Deus e não por estar em jejum. E se por fatores fisiológicos o jejum vai-lhe trazer problemas na sua comunhão
com Deus, alimente-se primeiro para poder continuar
depois na sua devoção. E, aliás, o crente não deve perder
a comunhão com Deus quando alimenta-se. Deus deve estar à mesa com ele.
Assim, discorremos um pouco sobre esses três casos
principais, quem sabe que outros haverão em que o jejum
é válido na vida do crente em Jesus Cristo. Mas frisamos,
são casos que se referem a jejuns circunstanciais, sem
qualquer valor cerimonial, nada tendo a haver com a
antiga doutrina do jejum, segundo o Velho Testamento, a
qual já foi refutada neste livro como doutrina alheia aos
preceitos do Novo Testamento, da Graça de nosso
Senhor Jesus Cristo.
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