RESUMO DO TEXTO BASE CF 2015
INTRODUÇÃO
A CF 2015 terá como foco principal a CAMPANHA MUNDIAL CONTRA A
FOME, proposta pelo Papa Francisco. Também a Campanha da Fraternidade quer
motivar os cristãos a serem verdadeiros construtores de uma sociedade justa e
fraterna. O Objetivo Geral da CF 2015 expressa este desejo: “Aprofundar, à luz do
Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a Sociedade, propostos pelo
Concílio Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de
Deus”. O Lema da Campanha da Fraternidade 2015 é “Eu vim para servir” (Marcos
10,45). Leia a letra do hino da CF 2015.
HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE
1- Em meio às angustias, vitórias e lidas, no palco do mun-do onde a história se faz,
sonhei uma Igreja a serviço da vida. Eu fiz do meu povo os atores da paz.
REFRÃO = Quero uma Igreja solidária, servidora e mis-sionária, que anuncia e saiba
ouvir. A lutar por dignida-de, por justiça e igualdade, pois eu vim para servir (Mc
10,45)
2- Os grandes oprimem, exploram o povo, mas enter vocês bem diverso há de ser.
Quem quer ser o grande se faça de servo. Deus ama o pequeno e despreza o poder
(Mc 10,42-45)
3- Preciso de gente que cure feridas, que saiba escutar, acolher, visitar. Eu quero uma
Igreja em constante saída, de portas abertas sem medo de amar.
4- O meu mandamento é antigo e tão novo: Amar e servir como faço a vocês. Sou
Mestre que escuta e cuida seu povo, um Deus que se inclina e que lava seus pés (cf Jo
13).
Para que a Igreja preste o serviço à sociedade, é necessário entender como está
organizada. Este entendimento leva ao discernimento daquilo que é sinal de Deus ou
sinal do pecado na humanidade. Então a Igreja decide reforçar o que é bom e lutar
contra o que é ruim. Como fazer este serviço? A quem servir? O texto da CF,
juntamente com a narrativa do Evangelho de Marcos nos dão estas respostas.
CF 2015: Tema – FRATERNIDADE, IGREJA E SOCIEDADE Lema – “Eu vim
para servir” (Marcos 10,45)
INTRODUÇÃO
A CF 2015 “Fraternidade, Igreja e Sociedade”, quer, no tempo da quaresma
recordar o mandato missionário de Jesus (Ide… Mateus 28,19-20). Em sua essência, a
Igreja é, antes de tudo, uma comunidade em saída (missão). A Missão é ir, sem medo,
ao encontro dos excluídos e convidá-los para seguir o Jesus. O missionário encurta
distâncias, abaixa-se e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no
povo. Os setores missionários são o ambiente aonde a caridade se torna anúncio vivo.
É nos setores que podemos dizer que os cristãos são presença do Evangelho na
sociedade e podem colaborar na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e
solidária, preservando-a de ser excludente.
A Campanha da Fraternidade deste ano – Fraternidade, Igreja e Sociedade -,
além do objetivo geral já citado no início, assume também os seguintes objetivos
específicos:
– Fazer memória do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade, identificar e
compreender os principais desafios da situação atual.
– Apresentar os valores do Reino de Deus e da doutrina Social da Igreja como
elementos autenticamente humanizantes.
– Identificar as questões desafiadoras na evangelização da sociedade e estabelecer
parâmetros e indicadores para a ação pastoral.
– Aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa, da integridade da criação, da
cultura da paz, do espírito e do diálogo inter-religioso e intercultural, para superar as
relações desumanas e violentas.
– Buscar novos métodos, atitudes e linguagens na missão da Igreja de Cristo de levar
a Boa Nova a cada pessoa, família e sociedade.
– Atuar profeticamente à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para o
desenvolvimento integral da pessoa e na construção de uma sociedade justa e
solidária.
PRIMEIRA PARTE
CONHECENDO MELHOR A REALIDADE
As origens do Cristianismo estão na vida, pregação, morte e ressurreição de
Jesus Cristo. Ele assumiu e viveu a cultura do seu povo, participando ativamente dos
problemas daquela sociedade. As primeiras comunidades cristãs foram perseguidas. O
exemplo dos mártires tornava-as mais unidas. O Cristianismo fortalecido por este
testemunho se espalhou pelo mundo daquela época.
Hoje, nós, cristãos, temos o desafio de estabelecer uma relação com a sociedade
que provoque respostas positivas aos inúmeros desafios que as pessoas mais simples
enfrentam.
A ATUAL REALIDADE
Hoje, a população brasileira passa dos 200 milhões de habitantes. A
expectativa de vida do brasileiro, em 2012, chegou a 74 anos. Com o aumento da
expectativa de vida e a diminuição dos nascimentos (em 1960 cada mulher tinha
média de seis filhos e. em 2010 caiu para 1,8), logo o Brasil terá mais anciãos que
jovens. Isto acarretará para as famílias um custo adicional para o cuidado com os
idosos. Outro dado preocupante dos dias atuais é o aumento da população urbana:
85% dos brasileiros vivem nas cidades. Isso gerou o surgimento de favelas, faltam de
transporte púbico, vagas em creches, etc. Mais de 50% dos domicílios no Brasil não
tem coleta de esgoto. Um grave problema é o aumento do lixo. Hoje são 273 mil
toneladas por dia de resíduos, a grande maioria sem um destino adequado. Somente
para sanar o déficit do saneamento básico seriam necessários investimentos da ordem
de 12 bilhões por ano, durante 20 anos consecutivos.
É certo que algumas políticas econômicas de inclusão geraram avanços
sociais, tais como “bolsa família”, que atende 14 milhões de famílias. Após 10 anos
este programa contribuiu para a diminuição da pobreza extrema da população de 9,7%
pra 4,3%. Diminuiu também a mortalidade de crianças de até 05 anos, que passou de
53,7, em 1990, para 17,7, em 2011 de mortes por mil nascidos. Houve também, nos
últimos 20 anos estabilidade econômica, que gerou empregos, aumento de renda,
inflando a classe média, hoje estimada em mais de 100 milhões de pessoas. Esta
classe média passou a consumir produtos antes restritos à classe alta: planos de saúde,
escolas particulares, viagens aéreas etc.
Apesar deste grande desenvolvimento, há ainda situações de extrema pobreza
preocupantes como os grupos indígenas, quilombolas, pescadores e pessoas invisíveis
nas cidades, moradoras de cortiços ou pequenos cômodos isolados nos fundos de
residências. São pessoas com rosto sofrido, que precisam ser retiradas do silêncio
imposto pela vergonha do não ter.
A VIOLÊNCIA
A violência é um fenômeno que não para de crescer. São 50 mil mortes
violentas por ano. Isso representa a oitava pior marca entre 100 nações com
estatísticas confiáveis sobre o tema. O índice de assassinatos esclarecidos é baixo, o
que contribui para a sensação de impunidade. Mesmo assim, mais de 500 mil
brasileiros estão detidos, grande parte por tráfico de drogas, a maioria composta por
jovens, negros e pobres, com poucas oportunidades de reintegração social. O
aumento da violência provocam debates como a diminuição da menoridade penal e
até a aplicação da pena de morte. O comércio das drogas aumente vertiginosamente,
chegando mesmo às cidades mais afastadas dos grandes centros.
A CULTURA DO DESCARTÁVEL
A Igreja no Brasil denuncia o processo social em que as pessoas são vistas
apenas sob o prisma da produção e do consumo. Quando não se prestam a estas
funções, são descartadas e passam a compor a massa sobrante da sociedade.
SINAIS DOS NOVOS TEMPOS
Em contraposição à cultura do descartável, do relativismo, preconceito religioso
e materialismo, encontram-se também os sinais da formação de uma nova cultura em
muitos homens e mulheres, crentes ou não, que se empenham em construir uma
cultura que permita uma maior realização humana, que respeite e ajude a desenvolver
a plural dimensionalidade da pessoa humana, sua autonomia e abertura ao outro e a
Deus. Características desta nova cultura são:
1 - Respeito à consciência de cada um; 2- abertura à diferença e multiculturalidade. 3solidariedade como todo criado; 4- rejeição às injustiças; 4- sensibilidade para com
os pobres.
ESPERANÇA DIANTE DOS DESAFIOS
O Papa Francisco exortou todos os cristãos a não assumirem uma posição
pessimista diante das dificuldades presentes, nem uma posição meramente reativa ou
pior, de resistência e isolamento. Ele os chamou a unir forças com os homens e
mulheres de boa vontade, crentes ou não, mas que desejam agir na construção do
desenvolvimento humano integral. A Igreja, partindo de Jesus Cristo, propõe-se a
servir, neste contexto desafiador, com uma mensagem salvadora que cura as feridas,
ilumina e descortina um horizonte para além dessas realidades. Ao chegar ao coração
de cada homem e de cada mulher, a Boa Nova e a esperança da Ressurreição podem
mostrar-lhes quanto são animados por Deus e capazes de contribuir para uma nova e
renovada humanidade.
Uma parte das novas gerações, movida pela esperança e pelo desejo de
construir um mundo melhor, não aceita a indiferença, a violência e a exclusão. Esse
movimento busca construir sínteses novas e criativas entre razão e sensibilidade,
indivíduo e comunidade, global e local.
SEGUNDA PARTE
O que os Bispos esperam de nós
A Missão da Igreja é colocar à disposição do gênero humano as forças
salvadoras que ela recebe de Cristo. Propõe salvar a pessoa humana integralmente e
restaurar a sociedade humana no que se refere à sua finalidade mais autêntica: o
desenvolvimento integral a partir do bem comum. Para a Igreja, a sociedade humana
foi criada por um desígnio amoroso de Deus Criador e está por Ele designada a
alcançar sua própria realização: a vida plena no amor por meio da participação na
vida divina. A Igreja, perita em humanidades, iluminada pela Palavra de Deus,
reconhece a família e a sociedade política como indispensáveis ao progresso da
humanidade.
A missão específica da Igreja é de cunho religioso, e não propriamente
político, econômico ou social. Ela, a Igreja, contudo não apenas colabora com a
sociedade, mas também é ajudada pela sociedade. Esses dois aspectos se tornam
referência tanto para a valorização das realidades terrestres – o trabalho, a ciência, a
política, a economia, etc. – quanto para incentivar a inserção dos cristãos na realidade
social, sendo eles próprios semeadores da Boa Nova na sociedade.
Em sua missão de anunciar o Cristo, a Igreja necessita conhecer e preparar o
terreno onde lançar a semente do Evangelho. Ou seja, deve estar atenta à realidade e
suas mudanças, suas inquietações e seus clamores. Para que exista a inculturação
(inserção dialogal da Boa Nova na sociedade), é necessário que a Igreja leve em conta
os desafios ou apelos de cada tempo e espaço.
Os novos areópagos (espaços de convivência humana) que a Igreja deve estar
presente são: mundo das comunicações sociais, relações internacionais,
desenvolvimento e libertação dos povos, principalmente das minorias, a promoção da
mulher, do jovem, da criança, a proteção da natureza e outros.
OPÇÃO PELO SER HUMANO
E PREFERENCIALMENTE PELOS POBRES
São João XXIII, ao convocar o Concílio Vaticano II para que a Igreja pudesse
compreender o mundo que a cercava naquela época, usou a expressão sinais dos
tempos para mostrar a relevância dos pobres, das mulheres e dos operários na
sociedade do seu tempo. Desde o Concílio Vaticano II houve transição da Igreja
comprometida com o poder para uma Igreja solidária com os pobres. O Concílio
indicou a necessidade de aproximar a Igreja dos pobres, não apenas no sentido da
compaixão, como fizera nos séculos passados, mas também no sentido de real
identificação entre Igreja e pobres. Os fiéis seguem seu Senhor que se fez pobre, não
buscam glórias terrenas, mas a humildade e a abnegação.
São João Paulo II colocou a opção pelos pobres como critério do seguimento
de Jesus Cristo para a Igreja (Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte n.49). O papa
Bento XVI elevou a opção pelos pobres à categoria teológica ao dizer que: “Nossa fé
proclama que “Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”
(Documento de Aparecida (DA) n.218). Por isso, “a opção preferencial pelos pobres
está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos
enriquecer com sua pobreza” (DA 219). Esta opção nasce de nossa fé em Jesus Cristo,
o Deus feito homem, que se fez nosso irmão (cf. Hb 2,11-12) (DA 392). O Papa
Francisco propôs no início do seu pontificado o empenho por uma Igreja pobre para
os pobres. E pediu, no lançamento da Campanha Mundial contra a Fome e a Pobreza,
que todos os cristãos ajudem nesta Campanha liderada pela Caritas em garantir
alimento para todos.
TERCEIRA PARTE
PARÓQUIA DE SANTO ANTONIO E NOSSA SENHORA APARECIDA
E A SOCIEDADE ITATIBENSE:
SERVIÇO, DIÁLOGO E COOPERAÇÃO
Para a Igreja, os cristãos devem ir às raízes da pobreza social, estimulando os
pobres a se conscientizarem de sua situação e a assumirem a iniciativa de sua
libertação. A dignidade da pessoa humana, o bem comum e a justiça social são os
critérios que a Igreja discerne a oportunidade e o estilo de seu diálogo e de sua
colaboração com a sociedade. No Brasil alguns direitos básicos ainda carecem de
avanços para serem disponibilizados para toda a população: 1- direito à água limpa e
potável; 2- direito à alimentação; 3- direito à moradia; 4- direito à liberdade e
manifestação política; 5- direito à educação; 6- direito à manifestação religiosa
publicamente.
O fundamento de todos estes direitos é o direito à vida, desde a sua concepção
até o fim natural. A luta pelos direitos básicos da pessoa humana ainda não se
traduziu, no Brasil, em melhorias nas condições básicas da população, sobretudo dos
necessitados.
O SERVIÇO DAS DIMENSÕES CATEQUÉTICO /MISSIONÁRIO DA
PARÓQUIA À SOCIEDADE
O Papa Francisco chama todos os batizados a uma conversão missionária. Em
Mateus 28,19-20 Jesus Cristo pede uma Igreja em saída para testemunhar a alegria do
Evangelho. Fazendo referência às pessoas que experimentam desorientação e vazio
interior na sociedade que primazia o descartável, o consumismo, individualismo, o
Papa Francisco pede:
1- Igreja que não tenha medo de entrar na noite destas pessoas; 2- Igreja capaz de
encontrá-las em seu caminho; 3- Igreja capaz de inserir em suas conversas; 4- Igreja
que saiba dialogar com aqueles que vagam sem meta, com desencanto, desilusão, até
mesmo do cristianismo; 5- Igreja capaz de acompanhar o regresso a Jerusalém
(felicidade).
Para o Papa Francisco trata-se de estudar os sinais dos tempos ou de ver o que
Deus pede de nós.
SUGESTÕES CONCRETAS PARA AS DIMENSÕES MISSIONÁRIA E
CATEQUÉTICA:
– Refletir nas famílias sobre o que edifica a vida e o que não é gerador de vida e
estratégias para soluções.
– Promover momentos para exercer o discernimento a partir da Palavra de Deus
acerca do que ocorre na comunidade, bairro, cidade e identificar as ameaças à vida.
– Pensar formas de contribuir para a resolução de tais situações, considerando as
capacitações requeridas para as ações de enfrentamento da realidade identificada.
O SERVIÇO DA DIMENSÃO SOCIAL DA PARÓQUIA À SOCIEDADE
A Igreja Católica participa efetivamente da sociedade através das pastorais
sociais que atuam junto às pessoas em situação de marginalização. Estas pastorais
agem em defesa da vida e dos direitos dos necessitados.
O Papa Francisco tem feito apelo em prol daqueles que são descartados na
sociedade. Ele pede que as comunidades católicas se abram a este chamado,
identifiquem estes grupos no ambiente paroquial e ajam através das pastorais sociais.
Na sociedade civil encontramos muitas entidades e instituições que propõem boas
iniciativas, visando atender as necessidades da população carente. A Igreja declara
querer ajudar e promover todas estas instituições, na medida em que isso dependa
dela e seja compatível com a sua própria missão. Este diálogo também abrange o
diálogo ecumênico e inter-religioso.
SUGESTÕES CONCRETAS PARA A DIMENSÃO SOCIAL
-Repensar a própria responsabilidade em relação à sociedade em temas catequéticos
como: sustentabilidade, respeito aos direitos dos outros, liberdade religiosa, educação
para a solidariedade, cuidado com os bens públicos.
– Criar serviços a partir das características da paróquia e capacitação dos paroquianos
(reforço escolar, biblioteca comunitária, capacitação informática, mutirões de ajuda,
etc.).
– Esclarecer a comunidade sobre a importância da participação nos conselhos
Paritários
– Obter informações sobre os Conselhos Paritários constituídos no Município
– Escolher e preparar pessoas na comunidade para participarem em nome da Igreja
nos Conselhos Paritário (Conselhos Municipais).
O SERVIÇO DA DIMENSÃO LITÚRGICA DA PARÓQUIA
À SOCIEDADE
SUGESTÕES CONCRETAS
– A comunidade insira o tema da paz em sua liturgia e orações
– Articular com outros grupos religiosos momentos de oração pela paz em lugares
simbólicos
– Conhecer realidades próximas da Comunidade que apresentem conflitos e refletir
sobre soluções possíveis
– Acompanhar famílias, jovens, gangues, escolas com incidência de conflitos em vista
de superá-los. Apoiar as iniciativas da sociedade organizada e de organizações não
governamentais que visem a cultura da paz.
O SERVIÇO DA DIMENSÃO PARTICIPATIVA DA PARÓQUIA À
SOCIEDADE PARTICIPAÇÃO NA REFORMA POLÍTICA
A reforma política proposta pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e
Eleições Limpas, da qual a Igreja também faz parte, propõe:
Proibição de financiamento de candidatos por empresas
Adoção do sistema eleitoral chamado voto transparente, proporcional em dois
turnos pelo qual o eleitor inicialmente vota num programa partidário e
posteriormente escolhe um dos nomes da lista ordenada no partido, com
participação de seus filiados e acompanhamento da Justiça Eleitoral e do
Ministério Público. A promoção da alternância de homens e mulheres nas listas
de candidatos dos partidos, porque o Brasil, onde as mulheres representam 51%
dos eleitores, é um país onde a representação feminina conta com apenas 9% de
mulheres na política.
SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A DIMENSÃO PARTICIPATIVA
– Que a comunidade cristã não fique alheia aos processos políticos na sociedade
– Convidar pessoas para debater, traçar metas e estratégias de mobilização em vista
da contribuição à necessária reforma política.
CONCLUSÃO
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015 Solidária à Campanha Mundial
Contra a Fome:
Diante dos desafios da modernidade, que fragiliza as relações sociais e
desvaloriza o caráter transcendental do ser humano através da cultura do
descartável, a Igreja tem uma palavra a dizer sobre isto. A vocação missionária,
pautada na opção preferencial pelos pobres, leva a Igreja a ir ao encontro
daqueles que ninguém precisa, que ninguém emprega, que ninguém cuida, que
tem fome de comida, de justiça, de educação, de lazer, etc.
O Papa Francisco diz: “Vocês, queridos irmãos, não tenham medo de
oferecer esta contribuição da Igreja que é para o bem da sociedade inteira, de
oferecer esta palavra encarnada também com o testemunho” (Encontro do Papa
com o Episcopado Brasileiro durante a JMJ 2013).
Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, nos ensine a caminhar pelas estradas
da vida como testemunhas do amor revelado em Jesus Cristo. Nele, como
discípulos missionários, testemunhemos a beleza do Reino de Deus.
A coleta da quaresma/2105 destina-se também a combater a fome no
mundo por meio de uma ação promovida pela Caritas, com o lema: “Uma
família humana, pão e justiça para todas as pessoas”.
Num primeiro momento, através do texto do Evangelho de Marcos, vamos olhar
como a sociedade era organizada no tempo de Jesus. E veremos como nosso Senhor
agiu para servir às pessoas do seu tempo e qual foi sua atitude diante dos pecados
daquele tempo.
A RELAÇÃO IGREJA – SOCIEDADE À LUZ DA PALAVRA DE DEUS
As Escrituras testemunham a fidelidade de Deus a seu amor pelos seres
humanos, com suas intervenções na história e propostas de alianças com os homens e
mulheres. Chamou Abraão e lhe fez uma promessa que se estendia à sua descendência
(Gn 12,3)
O POVO DE ISRAEL CHAMADO A SER SINAL PARA TODOS
A liberdade é a grande busca do povo de Deus. Primeiro a libertação da fome,
quando se mudam para o Egito. Depois, a libertação da escravidão, quando se
aventuram pelo deserto em busca da terra prometida. O deserto é o ambiente da
pedagogia da construção de uma nova cultura fraterna e estrutura justa (Êxodo 20,117; 23,10-13; Levítico 25,12-13. 35-54).
A POSTURA DE SERVIÇO DO FILHO DE DEUS
Jesus realizou a sua missão em meio aos problemas e injustiças da sociedade
do seu tempo. Ele demonstrou amor e cuidado pelos pequenos e marginalizados (Mc
10,13-16; Lucas 8,1-3; Lucas 7,37; Mateus 21,31). Jesus não se omitiu em censurar as
autoridades do seu tempo (Mateus 23,4; 28). Também estava atento à fome física,
assim como à fome de formação do seu povo (Marcos 6,34).
O Filho de Deus sempre se apresentou como servidor (Mateus 11, 28-29), bem
como valorizou aos humildes (Mateus 5, 3; 11,25). Quando os discípulos se
perguntavam quem seria o maior dentre eles (Marcos 9,32-34), Jesus responde:
“Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam e os seus grandes
fazem sentir o seu poder. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós
quiser ser grande, será vosso serviçal; E qualquer que dentre vós quiser ser o
primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10,42-45).
O serviço nós o vemos expresso na última ceia, durante o lava-pés (João 13, 1-8).
Para assumir a missão de Jesus, o discípulo precisa estar tomado pelo espírito de
serviço (Marcos 8,35).
A SOCIEDADE NA ÉPOCA DE JESUS
Naquela época, o povo era explorado por meio da cobrança abusiva de
impostos. Essa situação gerou muitas revoltas, principalmente na Galileia. O sistema
de fiscalização de impostos, implantado por Herodes era muito rígido. Qualquer
manifestação contra era violentamente sufocada. Isso lembra as manifestações do ano
passado no Brasil.
O cenário de doença e escravidão era uma realidade ampla (Mc 12,15-17).
Muitas pessoas empobrecidas perambulavam pelas praças e mercados, sem terra e
sem emprego (cf. Mt 20,1-9). A situação dos pobres se complicou ainda mais por
causa da cultura e religião da época. De acordo com a mentalidade grega, os pobres
eram considerados vagabundos ou pessoas que não foram agraciadas pelas
divindades.
Ser pobre significava não ter existência social. A situação de opressão e
escravidão deu origem a vários movimentos proféticos e messiânicos, especialmente
na Galileia, região que fornecia trigo, vinho, óleo, carne e peixe, e que, por isso
mesmo, foi o território mais explorado e devastado. Entre os vários movimentos,
podemos situar o de Jesus. A sua proposta de Reino de Deus atraiu homens e
mulheres que perderam suas terras e se encontravam sem reino. Por isso, Jesus
proclama: “Felizes vós, os pobres” (Lc 6,20; Mt 5,3).
CATECISMO SOBRE O SEGUIMENTO DE JESUS
“Tome a sua cruz e siga-me”. O seguimento de Jesus é o caminho da cruz, que
está na contramão da sociedade organizada pelas relações humanas baseadas no levar
vantagens, no poder e em privilégios. A comunidade cristã de Marcos, que professa
Jesus de Nazaré como “Cristo”, não deve reproduzir as relações de poder na vida
cotidiana, mas estabelecer relações de serviço e de comunhão.
Após o primeiro anúncio da paixão, a comunidade de Marcos descreve, em
seu evangelho, as instruções sobre as relações internas da comunidade, introduzidas
pelo segundo (Mc 9,30-32) e terceiro anúncios (Mc 10,32-34):
1) “E chegaram a Cafarnaum. Em casa, ele lhes perguntou: ‘Sobre que discutíeis no
caminho?. Ficaram em silêncio, porque pelo caminho vinham discutindo sobre qual
era o maior. Então ele sentou, chamou os Doze e disse: ‘Se alguém quiser ser o
primeiro, seja o último de todos e o servo de todos’” (Mc 9,33-35). Quem é o maior?
Os discípulos ainda idealizam sociedade de poder, riqueza e de privilégio que produz
a segregação social. O caminho da cruz deve ser reproduzido nas relações humanas da
comunidade, baseada na vida de serviço sem interesse.
2) “Disse-lhe João: ‘Mestre, vimos alguém que não nos segue expulsando demônios
em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia’. Jesus, porém, disse: ‘Não o
impeçais, pois não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa
falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós’ (Mc 9,38-40). Mais uma
vez, deparamo-nos com a concepção dos discípulos de uma sociedade segregacionista
de poder. Eles não estão dispostos a partilhar o poder e o privilégio. Querem o
monopólio e exclusividade no mistério da salvação. Hoje se compreende que a prática
missionária não é condenatória nem marcada por sectarismo. O cerne da missão é a
promoção da justiça, liberdade e vida em todos os povos.
3) “Traziam-lhe crianças para que as tocasse, mas os discípulos as repreendiam.
Vendo isso, Jesus ficou indignado e disse: ‘Deixai as crianças virem a mim. Não as
impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: aquele que não receber
o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele’. Então, abraçando-as,
abençoou-as, impondo as mãos sobre elas” (Mc 10,13-16).
No mundo greco-romano de produção e de ganho, a criança e o ancião são
considerados inúteis (cf. Sb 2,5-11) e representam o grupo marginalizado. Mas o
Reino, do ponto de vista de Jesus de Nazaré, é gratuidade de Deus, e nele as pessoas
marginalizadas, que não são consideradas, são acolhidas.
4) “Então Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: ‘Como é difícil a quem
tem riquezas entrar no Reino de Deus!’. Os discípulos ficaram admirados com essas
palavras. Jesus, porém, continuou a dizer: ‘Filhos, como é difícil entrar no Reino de
Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no
Reino de Deus!’ (Mc 10,23-25). A riqueza no Império Romano é fruto da acumulação
de bens por meio da injustiça: fraudação, espoliação e violência (Ap 13; 18). Ao
entrar no Reino de Deus, a comunhão com o Deus da vida é preciso sair e combater
essa sociedade de ambição e injustiça,que explora o próximo e a natureza. É
necessário entrar no caminho da cruz de servir e de partilhar a vida.
5) “Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram até ele e disseram-lhe: “Concede-nos, na
tua glória, sentarmo-nos, um à tua direita, outro à tua esquerda” […]. Ouvindo isso, os
dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. Chamando-os, Jesus lhes disse:
‘Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as
tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser
grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o
servo de todos’” (Mc 10,35-44). O projeto de Jesus não é ser servido, mas servir ao
próximo. Assim, é rejeitada, definitivamente, a aspiração dos discípulos ao reino
messiânico davídico no qual Jesus seria ungido como rei e assumiria o poder em
Jerusalém. Essa rejeição é também da comunidade de Marcos por volta do ano 70
d.C. Ela rejeita juntar-se às revoltas armadas dos vários líderes messiânicos e suas
lutas por poder e privilégios.
Marcos registra três anúncios da paixão com o catecismo sobre o seguimento
de Jesus na vida cotidiana da comunidade. Ao anunciar o catecismo do “caminho da
cruz”, Jesus combate e corrige os discípulos que aspiram a poder e privilégio.
No caminho do seguimento de Jesus, ela deve empenhar-se em examinar
sempre a natureza de sua missão no mundo. A comunidade, como o cego Bartimeu
(Mc 10,46-52), deve abrir os olhos, deixar o manto do “Filho de Davi”, messias como
rei poderoso, e seguir o caminho da cruz do Jesus servo sofredor. Deve despojar-se de
tudo o que o mundo de ambição ao poder, riqueza e fama, prega e busca: “Pois o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos” (Mc 10,45).
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Texto Base CF 2015 - II Escola de Liderança Jovem – Paróquia São