PROFESSOR FRANCISCO DE PAULA XAVIER DE TOLEDO E O COLLEGIO DO LAGEADO DO CAMPO LARGO DE SOROCABA1 Dagoberto Mebius/UNISO I – O “Lageado”, a tapera e a Vila de Sorocaba. Distante da vila de Sorocaba cerca de 2,5 léguas2 erguia-se à direita da antiga estrada do Jundiaquara - um dos mais conhecidos caminhos das tropas, uma enorme tapera. Ao lado um ribeirão, inquieto serpenteava entre os tufos de mata e atravessava a antiga estrada, poeirenta nas épocas de seca e de difícil caminhar nas épocas de chuva. Conhecido por todos os viajantes e tropeiros como o ribeirão do “Lageado” onde se fazia uma breve e talvez última parada antes de chegar aos campos do Itinga, já em Sorocaba. Sobre esse córrego muitos anos antes já haviam passado tropas paulistas com destino ao Iguatemi em São Pedro do Rio Grande3 e mais antiga ainda serviu de passagem aos primeiros grupos humanos iriam povoar o sul do continente. O sítio e a tapera há muito estavam abandonados.4 No entre meio das décadas de 40 até 90 do século XIX, tem na Vila de Sorocaba um cenário propício ao desenvolvimento não só comercial com o intenso comércio de muares e seus anexos, como de expansão cultural e político que vai diversificar em muito as suas características. É nesse período que Sorocaba se vê como centro da Revolução Liberal de 1842, um episódio da constante disputa entre Liberais e Conservadores, que tanto atraso provocou ao país no Império. Terminada a disputa, retoma a vila a sua lida – a pequena agricultura familiar e as “feiras de animais”. Acomodada a política da província de São Paulo, a vila de Sorocaba passa se modificar e tomar as configurações sócio-urbana e arquitetônica que 1 Algumas vezes a grafia de alguns nomes de pessoas ou lugares irá ser encontrada destoante da grafia atual. Isso será normal no texto. Procurou-se manter algumas delas no seu original. 2 “... léguas”.- A légua é uma antiga medida de extensão que foi muito utilizada tanto em Portugal onde equivalia a 5.572 metros e no Brasil até fins do século XVIII equivalia a 6.600 metros. 3 É muito intensa a movimentação de tropas paulistas que constantemente ocorriam ao sul do país a chamado da coroa portuguesa. É também a partir dessa ligação que vamos ter uma grande identidade entre famílias paulistas e famílias gaúchas, principalmente de Sorocaba, onde o maior número de “voluntários” eram arregimentados. 4 O sítio e a tapera faziam parte de uma das sesmarias da família Mascarenhas Camello desde 1767 aproximadamente, quando aqui chegaram. Começava no antigo Engenho (bairro do Barreiro) e ia além do Jundiaquara e chegava ao atual município de Iperó. No centro dessa sesmaria surgiu a Vila de Campo Largo de Sorocaba, hoje Araçoiaba da Serra (1826). Presume-se também que a propriedade tenha sido amealhada durante o exercício do cargo de Administrador do Registro de Animais de Sorocaba. Mas sobre essa questão há uma controvérsia, uma vez que O tenente coronel Antônio Mascarenhas Camelo, membro do vitorioso partido Conservador, só irá ser investido no referido cargo ao fim da revolução Liberal de 1842. atravessará todo o final do século XIX. Construções de enormes casas e sobradões de comércio começam a transformar o visual das principais ruas. São lojas, armazéns, oficinas de artesãos de couro e metais, rendeiras e pequenas tecelagens, botequins e outras coisas mais. Inúmeras trupes com seus “circos de cavalinhos” traziam diversão e cultura a população flutuante que se estabelecia nos meses da “feira”. Os inúmeros contingentes de peões com suas maneiras diferentes de falar vão mesclar e dar uma característica quase que final ao linguajar popular. Sorocaba tornava-se ponto de concentração dos negociantes de animais, os vendedores procedentes das províncias do sul e compradores, vindos das províncias do centro e do norte do país5. Certamente esse encontro não ficaria tão somente nas coisas ligadas ao comércio dos animais. Com a conseqüente acumulação dos resultados financeiros do rico mister, muitas famílias sorocabanas começam a vislumbrar expectativas diferentes para seus filhos. Esse pensar diferente canalizado muitas vezes por uniões de famílias locais ou com famílias de fora pelas alianças matrimoniais como comerciais ou ainda “estudar fora”. Antes já existiam algumas células de poder no estrato social sorocabano6. Este poder passa a ser sentido também nas grandes mudanças culturais. As insipientes escolas régias que funcionaram em Sorocaba não eram suficientes agora para dar conta do afluxo de alunos e formação das novas elites. Dessa forma a Câmara de Sorocaba, em fevereiro de 1842 oficiava ao governo da província solicitando uma cadeira de Latim e Francês para a vila. Tal solicitação só irá ser atendida cinco anos depois, quando no dia 18 de janeiro de 1847, é examinado, aprovado e nomeado para o cargo de professor de Latinidade e Língua Francesa o professor Francisco de Paula Xavier de Toledo, recebendo para tanto o ordenado de 400$000 pelas aulas de latim e mais 300$000 pelas aulas de francês7. 5 Os animais aqui comercializados eram utilizados nos serviços de transportes principalmente e tinham um alto custo final. As terras de Sorocaba por suas características de cerrado e campos, com excelente quantidade de córregos e riachos facilitavam a parada e a engorda dos animais. 6 Sorocaba até o final do século XVIII era apenas mais das inúmeras típica vila colonial, praticamente desabitada na maior parte do tempo. Viajantes, entre eles Saint-Hilaire, que assim registrou a vila de Sorocaba em sua viagem à província de São Paulo: “... as pessoas se aborrecem sozinhas e se aborrecem juntas. Não há festas públicas, não há passeios pelo campo – nada que desperte alegria e animação. As pessoas ficam estiradas preguiçosamente, conversam interminavelmente sobre assuntos banais, cochilam...”. É, portanto com a atuação de algumas famílias ligadas ao comércio dos animais que irão surgir as primeiras fortunas e a conseqüente dicotomia social dos pobres e ricos. Enquanto o grosso da população permaneceria na lida da terra como forma de subsistência. 7 Se dividirmos pelos 12 meses do ano, poderemos verificar que o salário oferecido na época era de 58$333, uma quantia irrisória e não muito atraente também, com esse dinheiro era praticamente impossível levar-se uma vida tranqüila. Isso levava a maioria dos mestres-escolas e professores a boemia ou uma vida um tanto irregular. Quanto às mulheres esse salário não oferecia tantos problemas, pois a maioria delas viviam as expensas da família, esse motivo levava a um contingente maior de mulheres no magistério. A tramitação do exame até a nomeação foi feita pelo presidente da província de São Paulo, Conselheiro Manoel da Fonseca Lima e Silva. Porém é quase certo que o jovem professor Toledo com apenas 22 anos de idade tivesse tido alguma dúvida, pois nomeado em janeiro, só comparece a Câmara Municipal de Sorocaba para apresentar sua carta de nomeação de professor público de gramática latina e francesa e tomar posse do seu cargo em 22 de março de 1847, quando presta juramento e é registrado. Isso contrariava os regulamentos do ensino de então, mas esse detalhe não era importante para os nobres cidadãos que comandavam a Câmara. Para entender um pouco a situação do ensino na então província de São Paulo por essa época, nada melhor do que o Relatório do 1° Inspetor Geral, Dr. Diogo de Mendonça Pinto em 1851. Nesses documentos relacionam-se mais de 220 escolas primárias de ambos os sexos, 24 cadeiras de Latim e Francês, das quais apenas 14 estavam providas, 2 Liceus – um em Taubaté e outro em Curitiba, além da Escola Normal. As escolas primárias, chamadas ainda de escolas régias, conservavam ainda o ranço e a rotina dos tempos coloniais, vegetavam numa rotina emperrada, em ambiente hostil e repleto de veleidades. Eram “instituições” escolares que estavam distantes de se constituir um conjunto hierarquizado, formando sucessivos degraus para as escolas superiores. Faltava-lhes tudo. As cadeiras de Latim e Francês eram uma regalia concedida só as cidades e vilas que possuíssem certa distinção. Sorocaba possuía todos os requisitos para isso. Suas “feiras de animais” eram conhecidas em todo o Brasil e daqui saiam grande parte dos impostos recolhidos pelo Tesouro Provincial e Imperial. Empossado para o seu cargo, o professor Toledo instala sua “sala de aula”, na rua das Flores entre o antigo largo do Rosário e a rua Direita – hoje rua Monsenhor João Soares. Seus primeiros alunos não são crianças, presume-se já estarem na faixa dos atuais adolescentes, pois as aulas de Latim e Francês são destinadas na época para esses jovens, inclusive alguns já taludos. Isso não o desanima, nem tão pouco o intimida. O traço mais marcante do professor Toledo é o caráter firme que o reveste até o final da vida. Os seus primeiros alunos, segundo as atas da Câmara – que se encontra perdida, são em número de 37. São filhos das mais importantes famílias da vila. Nota-se com freqüência o sobrenome Mascarenhas em virtude da ascendência e predomínio social desse tronco familiar na época. Eis a lista dos alunos: 1. Américo Brasiliense de Almeida Mello8 2. Antônio Augusto Lessa 3. Antônio de Mascarenhas Camello Neto 4. Antônio Mascarenhas 5. Antônio Moreira da Silva 6. Bento de Mascarenhas Jequitinhonha 7. Bento de Mascarenhas Martins 8. Bernardo de Mascarenhas Martins 9. Cypriano de Mascarenhas Oliveira 10. Eduardo de Mascarenhas Oliveira 11. Francisco Ignácio de Arruda 12. Francisco de Assis Penteado 13. Frederico de Mascarenhas Oliveira 14. Gustavo de Mascarenhas Oliveira 15. João Bicudo de Almeida 16. João Martins de Araújo 17. Joaquim Bicudo de Almeida 18. Joaquim Mariano Corrêa de Moraes 19. Joaquim Martins de Araújo 20. José Dias de Arruda 21. José Mariano Corrêa de Moraes 22. José Martins de Araújo 23. José Rubino de Oliveira9 24. Lúcio de Mascarenhas Mastins 25. Otto Langard 26. Ubaldino do Amaral Fontoura10 Em 1849, dois anos o número de matrículas das aulas do professor Toledo passavam para 48 alunos, o que lhe valeu uma referência e elogio do Conselheiro Pires da Motta na Assembléia Provincial em 1850. Nos anos seguintes outras referências aparecem 8 Américo Brasiliense de Almeida Mello, irá se destacar na vida pública da província de São Paulo. José Rubino de Oliveira, filho de um seleiro, fabricante de guaiacas, era mulato e boêmio, tinha tudo para dar errado, no entanto tornou-se um dos mais respeitados jurisconsultos paulistano. 10 Ubaldino do Amaral Fontoura, um rapazola vindo do sul com a família, foi advogado, juiz, deputado, senador e ministro do Império. 9 nos relatórios da Inspetoria Geral da Instrução Pública. Em 1853 a citação da queda para 22 alunos matriculados nas aulas de Latim e 4 para as de Francês, em 1857 apenas 33 alunos matriculados, onde somente 28 compareciam e a pior em 1858, com 35 onde compareciam somente 24. E não era para menos, pois ainda em 1857, o Governo Provincial estabelecendo a freqüência média de 15 alunos por escolas de Latim e Francês, fecharia mais da metade das então 51 escolas, depois reduz para 7 e finalmente fica apenas com 4 escolas dessa matéria. A de Sorocaba, do professor Toledo era a melhor e com mais freqüência. Ela foi referência por três vezes consecutivas nos Relatórios da Instrução Pública. Após 10 anos de exercício, em 1857, aos 32 anos e com excelente fé de ofício, o professor Toledo requer sua jubilação. Seus vencimentos que eram de 800$000 fica reduzido a título declaratório para 20$000 mensais. Essa atitude do professor Toledo tinha uma razão muito importante. Por essa época já estava casado com Delfina Mascarenhas Toledo, filha rico e conceituado tenente-coronel Antônio Mascarenhas Camelo, o Administrador dos Registros de Sorocaba11. Esse matrimônio, visto com bons olhos pela família Mascarenhas Camello, ocorreu em 9 de janeiro de 1848, Delfina tinha então 15 anos de idade.12 Com o casamento o professor Toledo passa a residir na casa do sogro13, pois o minguado salário de professor público não lhe oferecia muita condições de assumir a responsabilidade de chefe de família, agora bastante aumentada.14 É bem certo que o professor Toledo mantivesse alguns alunos externos, com aulas particulares e sua esposa Delfina ainda o ajudasse com uma espécie de pensionato para suas sobrinhas Custodia, Januária, Athanásia e Robertina Mascarenhas Camello, todas da 11 Administrar o Registro de Animais era uma função cedida pelo governo imperial a um cidadão de expoência e principalmente de posses, pois este deveria recolher os impostos sobre os animais que passassem pelas barreiras, essa cessão era paga por estimativa antecipadamente, ficando o administrador com um percentual de cobrança, nada modesto para época. Essa função foi motivo do enriquecimento de muitas famílias sorocabanas. A própria família dos Tobias de Aguiar entre outras foram administradoras de registro de animais. Haviam barreiras de cobrança de impostos sobre animais em muitas cidades na rota dos tropeiros. Por essa razão um animal de bom porte era vendido pela incrível quantia de 350$000 a 400$000, muito mais que o salário de um professor. 12 Casamentos com mulheres novas eram muito comuns por essa época. Vários motivos levavam as famílias aceitarem essas uniões. Haja visto que o professor Toledo era um jovem sem muitos recursos financeiros, mas em contra partida era um jovem bastante culto e dotado de muita energia. 13 O professor Toledo quando chegou a Sorocaba, foi morar na casa de sua irmã Benedita Carolina de Toledo, então casada com Francisco de Assis Penteado, que moravam na rua da Ponte – atual rua 15 de Novembro. 14 Primeiros cinco filhos foram: Joaquim Caiuby – 03/11/1848; Bento – 07/04/1850; Antonio Carlos – 11/02/1851; Frederico Guanabara – 21/11/1852; Luiza Engracia – 01/11/1854; e Firmino Tamandaré – 02/03/1856. cidade de Castro no Paraná. O movimento de aulas extras e o pensionato será a célula geradora do futuro Collégio do Lageado. O livre trânsito do professor Toledo pela sociedade sorocabana da época, embalou ainda mais o sonho da sua própria escola, e mais ainda, em regime de internato e instalado em um edifício adequado para tal. Cujas instalações pudesse receber, alunos e alunas de outras localidades. Tal projeto baseava-se no grande movimento de famílias que vinham para Sorocaba durante as “feiras de animais” e aqui chegando alugavam casas, chácaras ou então adquiriam seus próprios imóveis para estadia e acabavam ficando. Era uma utopia realizar tal projeto no perímetro de Sorocaba. Pois todos os campos e cantos eram ocupados pelo movimento do comércio de animais.15 Não havia mais como retroceder. Seu sogro a par do projeto propôs ceder-lhe por doação, a propriedade do “sítio da Tapera”, na vila de Campo Largo de Sorocaba. Com a decisão de aceitar a oferta, irrecusável por sinal, o professor Toledo toma a primeira medida para iniciar o projeto. Desliga-se da cadeira e dos últimos proventos de professor jubilado de Latim e Francês, a qual dirigira com extremo brilho, pois a sua fora a melhor em toda a província de São Paulo. Comunica a sociedade de então a instalação do “Collégio” e muda-se com toda a família para o sítio da Tapera. II – A Primeira Fase do Collégio do Lageado Ainda no começo de 1859 tem início as modificações na arquitetura da velha casa, acrescentando-se duas novas alas, financiadas por empréstimos conseguidos junto a algumas entidades16 e famílias que adiantaram o dinheiro necessário para o empreendimento. Uma das alas serviria de residência para a família e o pensionato de Delfina. No centro ficava: biblioteca, salão de música e na parte posterior além de um grande dormitório masculino a pequena capela de São João,17 embora o professor Toledo não tivesse com a 15 Só para se ter uma idéia da quantidade de animais que passavam por Sorocaba: 1847 foram 29.333, nos anos seguintes chegou a duplicar; Em 1857 foram 51.485, chegando ao maior número em 1869 com 67.811 animais passando por Sorocaba. Esses números eram apenas do animais registrados, considere-se ainda uma fuga de registro e impostos que era superior a 12% em alguns anos e teremos o número final. O maior valor de imposto recolhidos foi de 1857 com 19:649$380 – dados do Livro de Barreira – Sorocaba - DAESP 16 Esses empréstimos, conseguidos junto à sociedade sorocabana vem principalmente de um loja maçônica e de uma comunidade religiosa católica – fatos e detalhes ainda não muito bem esclarecidos, irá criar uma dualidade de interesses para a qual o professor Toledo não estaria preparado anos mais tarde. 17 Por tantos e bons relacionamentos com pessoas ilustres da sociedade sorocabana, o professor Toledo certamente tenha sido filiado à maçonaria local. Pois era raro que cidadãos influentes e de certa cultura não fossem maçons, muito embora a religião oficial fosse o catolicismo. religião senão um breve deismo. Na ala direita situava-se a primeira sala de aula para os meninos. Os agregados e serviçais, arranchava-se em pequenas construções nos fundos. O Collegio começou a funcionar já no segundo semestre de 1859. Essa questão é comprovada pelo conhecimento que tivemos18 de três trabalhos de caligrafia com data de 7 de outubro de 1859, esses folhas soltas tinham as iniciais dos seguintes alunos: Antônio Carlos Alberto de Mascarenhas Camelo, Benedito Estevam Cordeiro e Francelino Dias Batista. Foi um primeiro momento muito difícil para que se adequasse todo o projeto do professor Toledo. Dois longos anos seriam precisos ainda para que o Collegio do Lageado tomasse a forma que conservou até o fim. Talvez a fama de “escola rural”, tenha nascido da simplicidade e rusticidade do empreendimento. Mas foi essa característica que fugia totalmente aos padrões das escolas particulares existente de então, que alçou sua fama além dos limites da vila e da província. O currículo baseava-se principalmente no ensino de línguas, sobretudo o Latim. O português apenas girava em torno da gramática latina. Francês e Inglês eram os maiores pesos nas matérias19, não havia ainda um “museum” de história natural, nem “gabinete de physica e chimica” – tais matérias figuravam nos programas de ensino como “lições de cousas”. Nesse começo, o professor Toledo era o único docente em razão do exíguo número de alunos. O pensionato tivera nesse final de 1859 o acréscimo de mais três meninas: Olympia, Maria Joaquina e Anna Angelina, filhas do Dr. Olivério Pilar, importante advogado de Sorocaba. No início do ano de 1860, 62 alunos já estão matriculados no Collegio, sendo 12 alunas do pensionato e 50 meninos do Collegio. Com esse número de alunos e alunas, o 18 Esses documentos foram os mesmos que o professor João Lourenço Rodrigues deve ter visto, pois a pessoa que os detinha conheceu tanto o professor Toledo como o professor João Lourenço Rodrigues. Era José Bueno, morava na estrada Raposo Tavares, na altura da estrada de Araçoiabinha. Um dos mais antigos moradores da região. Em 1983, foi através desse senhor que tive o meu primeiro contato com a história do Collegio e de seu idealizador. Infelizmente desapareceram esses últimos documentos referentes ao Collegio e uma das maiores provas de sua história. Com o falecimento de José Bueno, pessoa de poucos estudos, a vida inteira fora lavrador, os documentos desapareceram. Familiares de José Bueno estão dispersos pela região, mas pouco ou nada sabem. 19 Em virtude das “feiras de animais” e da reativação da Fábrica de Ferro de Ipanema em 1860, era muito grande a presença de estrangeiros nesta região, na vila de Campo Largo de Sorocaba, havia até um bilhar para esses estrangeiros. E tais presenças não eram novidade, havia grande número de alemães, franceses, suíços, ingleses e suecos, que na maioria vieram em busca de trabalho nas fundições reais da Fábrica de Ferro de Ipanema. Muitos estavam aqui desde o início da Fábrica em 1810 e já haviam constituído famílias, cujos filhos estudavam em duas escolas públicas – a de Campo Largo, que quase não funcionava pela constante ausência do mestre-escola e a de São João do Ipanema, cuja oficialização só vai ocorrer em 1884, até então era mantida pela Fábrica de Ferro, cujo mestre-escola era alemão. Collegio contrata o professor Luiz Gonçalves da Rocha para lecionar no curso de primeiras letras. Para as aulas de do curso secundário que compreendia Latim, Francês, Inglês, Aritmética, Geometria, Desenho e Música fora contratado o professor Adolpho Augusto Bassano20. O Collegio do Lageado recebe entre seus alunos nesse período os dois filhos do Dr. Júlio Galvão de Moura Lacerda, diretor do Atheneu na capital da província de São Paulo, o que demonstra claramente a qualidade do ensino e da austeridade do Collegio do Lageado. No ano de 1863 o corpo docente do Collegio do Lageado era o seguinte: Pe. Francisco de Assumpção Albuquerque – era professor e capelão Marcolino Ribas Joaquim Belchior Martins – professor de primeiras letras Joaquim Caiuby de Toledo21 Ignácio Firmino de Albuquerque Adolpho Augusto Bassano – Francês, Inglês, Gramática e Caligrafia Salustiano Zeferino de Sant’Anna – Música Os proventos dos professores eram de 50$000 por mês. Considerando-se que tinham cama e comida, não era de todo ruim. Considerando-se que os professores públicos ganhavam pouco mais que isso, e a seco... A parte física do Collegio foi bastante aumentada para poder abrigar, o corpo docente, os agregados, serviçais e a númerosa família do Diretor e mais de 120 alunos e alunas. O levantamento da área construída final dá mostra de aproximadamente 2.500m², 20 Adolpho Augusto Bassano, é talvez uma das figuras mais controvertidas e estranhas da história do Collegio do Lageado. Depois do Diretor, era a principal figura do Collegio do Lageado, seu contrato data de 12 de julho de 1860 e seus primeiros ordenados eram de 50$000 mensais. Ninguém sabia sua origem, envolta em mistério e segredos, apesar do sobrenome italiano – por sinal muito comum na época, era um poliglota com extremada habilidade. Era hábil no ensino das línguas estrangeiras e possuía um raro conhecimento de “calligraphia e gymnastica”. Era admirado pela suas maneiras finas e pelo rara distinção pessoal. Mas havia um defeito nessa figura: era alcoólatra. Quando ficava alcoolizado, retirava-se para um canto ou desaparecia por dias. O que certamente escandalizava a todos. Uma das hipóteses para Adolpho Augusto Bassano, é a de ter vindo fazer a vida como “jogador de carteado”, por estas paragens no auge do tropeirismo ou ainda ter sido um dos muitos aventureiros estrangeiros que aqui chegaram para fazer fortuna às atividades paralelas das “feiras de animais” ou até mesmo da Fábrica de Ferro de Ipanema, que tantos europeus trouxera para esta região. Com tudo isso Adolpho Augusto Bassano casa-se em 1862 com uma das internas do Collegio, Maria Angélica Baillot, filha do franco-holandes, Charles Leon Baillot, comerciante da vila de Campo Largo de Sorocaba, assassinado por questões de terra. Adolpho Augusto Bassano, retira-se para Tatuí em 1864 junto com a mulher. Um ano depois em 1865 desaparece e é dado como morto ao desaparecer nas águas do rio Tietê. 21 Joaquim Caiuby de Toledo, filho mais velho do professor Toledo, que aos 17 anos incompletos já dava sua parte de colaboração no corpo docente como substituto. Em 1865, casa-se com sua prima Custódia, uma das primeiras alunas do internato de D. Delfina. incluindo salas de estudos, biblioteca, salas de estar, sala do diretor, dormitórios, cozinhas e outras tantas dependências.22 Abaixo a relação dos alunos e alunas desse período por seção e origem – 1859 a 1864. Seção Masculina 1. Antônio Mascarenhas Camello Netto Sorocaba 2. Bento Mascarenhas Jequitinhonha “ 3. Belarmino Mascarenhas “ Idem 4. Antonio Carlos Alberto de Toledo “ Filho 5. Frederico Guanabara de Toledo “ Idem 6. Firmino Tamandaré de Toledo “ Idem 7. Joaquim Firmino de Toledo “ Idem 8. Francisco de Mattos “ 9. Antonio de Mattos “ 10. Elias da Costa Passos “ 11. Elias Lopes Monteiro “ 12. Antonio Lopes Monteiro “ 13. Antonio Lopes Guimarães “ 14. Francisco Xavier de Oliveira “ 15. Francisco Lopes “ 16. Francisco Lopes de Oliveira “ 17. Elias Lopes de Oliveira “ 18. Joaquim Lopes de Oliveira “ 19. Leonel José Abreu Sandoval “ 20. Odorico Americano Gauycuru “ 21. Brasílico Paes de Barros “ 22. Carlos Paes de Barros “ 23. Fernando Paes de Barros “ 24. Francisco Paes de Barros “ 25. Benedicto Estevão Cordeiro “ 22 Sobrinho Os trabalhos de levantamento arqueológico realizado no local mostra com exatidão as proporções desse imenso prédio, que infelizmente foi totalmente destruído pelo tempo e pelo homem. Uma apresentação em multimídia realizada com técnicas de AutoCad com o levantamento arqueológico e arquitetônico do conjunto tem sido apresentado a comunidade universitária e interessados para divulgação de tão importante personagem e sua obra. 26. José Pereira Chagas “ 27. José Rogich “ 28. Bento Bicudo “ 29. Pedro Bicudo “ 30. João Bicudo “ 31. José Bicudo “ 32. Jeronymo Rodrigues de Moraes “ 33. José Dias de Arruda “ 34. Francelino Dias Baptista “ 35. Bernardo de Assis Mascarenhas Campo Largo 36. Francisco de Mascarenhas Martins “ 37. Verissímo de Mascarenhas Martins “ 38. Antonio Martins de Araújo “ 39. Francisco Carlos Baillot “ 40. Francisco de Assis Mascarenhas “ 41. João Lycio Gomes da Silva “ 42. José Joaquim de Camargo “ 43. Francisco José Ribeiro “ 44. Ismael de Toledo23 “ 45. Casemiro de Toledo “ 46. Francisco Ignácio de Toledo Barbosa 47. Firmino Ignácio de Toledo Barbosa “ 48. José Augusto de Toledo Barbosa “ 49. Joaquim Floriano de Toledo Barbosa “ 50. João Floriano de Toledo Barbosa “ 51. João Baptista Dias de Toledo “ 52. Benedito Dias de Toledo “ 53. Julio M. Galvão Moura Lacerda “ 54. Manoel Augusto Galvão Tatuí 55. Joinvile José Seabra “ 56. Joaquim José Seabra “ 23 São Paulo Tanto Ismael como Casemiro eram filhos de escravos mas estavam regularmente matriculados no Collegio do Lageado, pois o professor Toledo acreditava que um dia chegaria quando todos os homens seriam livres e deveriam estar preparados para isso. 57. Antonio Vieira Branco Ibiúna 58. Joaquim Belchior Martins Sta. Bárbara 59. Martim Francisco Graça Martins “ 60. José Ribeiro Graça Martins “ 61. Fernando Prestes de Albuquerque Itapetininga 62. Ignácio Prestes de Albuquerque “ 63. Firmino Pinto de Camargo “ 64. Cesário Motta Junior Capivari 65. Fernando Nogueira da Motta “ 66. Francisco de Assis Oliveira Bueno Campinas 67. Joaquim de Toledo “ 68. Manoel de Moraes “ 69. José Teodoro de Andrade “ 70. Alfredo Bueno de Andrade “ 71. Antonio de Barros Dias “ 72. João de Barros Dias “ 73. José de Barros Dias “ 74. Joaquim de Toledo Malta Jacareí 75. Laudelino José Fiusa Itapeva 76. Manoel Caetano Martins “ 77. Theophilo Carneiro Paraná 78. Teotônio Marcondes Marques “ 79. Theophilo Mascarenhas Garcez Castro 80. Silvério de Mascarenhas Oliveira “ 81. Roberto de Mascarenhas Oliveira “ 82. José Gomes Pinheiro Machado R.G. do Sul 83. Antonio Gomes Pinheiro Machado “ 84. Caetano Padilha “ 85. Nuno Lago “ 86. Elyseu Ayres do Amaral “ Seção Feminina – Internato de moças de D. Delfina 1. Olympia Pilar Sorocaba 2. Maria Joaquina Pilar ” 3. Anna Angelina Pilar “ 4. Honorina Martins Campo Largo de Sorocaba 5. Vitalina “ 6. Maria Angélica Baillot24 7. Ana Angelina ” 8. Evangelina de Mascarenhas Martins ” 9. Elvira de Mascarenhas Martins ” 10. Luiza Engracia de Toledo ” 11. Januária Mascarenhas Camello Castro - Paraná 12. Custodia Mascarenhas Camello25 13. Robertina Mascarenhas Camello “ ” ” Nesse período de 1859 até 1864, o Collegio do Lageado adquiriu fama graças a excelente qualidade do seu currículo e do seu Diretor, o Professor Toledo, por outro lado com o início da malfadada guerra do Paraguai, em 1864, o Collegio do Lageado perde alguns dos seus professores, incluindo Adolpho Augusto Bassano, que mesmo com a elevação de seu cargo para a vice-diretoria do empreendimento, deixa o Lageado. Tem início então uma série de problemas, de um lado as despesas de manutenção crescem dia-após-dia.26 Por que além dos gastos normais de pessoal e material, havia a necessidade cada vez mais imperiosa de amortizar as dividas contraídas por ocasião de criação do Collegio. Pois aquelas entidades e instituições e outros credores exigiam o pagamento imediato de juros e retorno de capitais. Muitas dessas pessoas, cujos filhos já haviam passado pelo Lageado e agora cursavam as Escolas Superiores de Direito em São Paulo, Engenharia e Medicina no Rio de Janeiro, consideravam já terem esperado demais e as “entidades e instituições” ignoravam um dos maiores segredos do Collegio do Lageado – a instrução gratuita. Com os tempos cada vez mais complicados, a guerra no sul, muitos comerciantes escondiam as “burras” e deixavam de pagar as anuidades. 24 Maria Angélica Baillot – aluna do pensionato de Delfina Mascarenhas Toledo, de aluna passa a professora de primeiras letras, prepara-se com o professor Toledo e presta exames na Escola Normal de São Paulo, formada recebe a primeira cadeira na cidade de Tatuí. Casada com o Augusto Bassano, e mãe de Augusto Baillot, foi uma mulher extraordinária para o seu tempo. A minha admiração por essa personagem, que em sua época foi uma das grandes mulheres desta província pela sua disposição em aprender e ensinar. Lamentavelmente, são também exíguos os registros sobre ela. Mas continuamos a procurar incessantemente. 25 Custódia Mascarenhas Camello, casa-se com Joaquim Caiuby em 1865. 26 Mesmo com uma anuidade por volta dos 400$000 por aluno, estava difícil manter o Lageado. Muitos pais também foram retirando seus filhos com receio do “voluntariado do governo”27 que laçava indistintamente nas zonas rurais as “buchas” que precisava para manter a guerra contra Rosas no Paraguai. Com esses alunos também deixava de entrar o numerário suficiente para manter funcionado o enorme Collegio do Lageado. O Professor Toledo na eminência de fecha o Collegio, mesmo contra sua vontade, se vê obrigado a enviar para suas casas os alunos gratuitos , cujos pais , não tratavam de retirá-los... Começara pobre, e ficara mais pobre ainda, pois endividado, não lhe restou outra saída senão a de oferecer aos seus credores o pouco que guardara. Fechando as portas em fins de 1866, o professor Toledo não poderia ficar de braços cruzados, pois havia uma família numerosa olhando para a mesa. As dificuldades pelas quais o país passava diante da guerra, a ausência de alunos, faziam do Lageado um local triste, pois era comum ver grupos de soldados passarem pelo Lageado em direção ao sul. Passavam cantando. Não raro carretas que retornavam com notícias ruins da frente de batalha tão distante e tão perto dos corações de muitas famílias sorocabanas. Encerra-se assim o que se denomina Primeira Fase do Collegio do Lageado de Campo Largo de Sorocaba.28 O período que vai de 1866 até 1874, o professor Toledo, se associa a dois cidadãos franceses, ambos comerciantes na capital da província de São Paulo – eram André Luis Garraux e Pierre Martin29 para se ocuparem do beneficiamento do algodão. III – Segunda Fase do Collégio do Lageado 27 O entusiasmo provocado pela propaganda a favor da guerra do Paraguai, também chegara ao Lageado, era geral em todo o país, dessa forma se alistam como voluntários: os professores Padre Francisco Albuquerque e Marcolino Ribas. Alguns alunos também se alistam e dentre eles José Pinheiro Machado e Bento Bicudo. Como era comum o envio de escravos para a guerra, com a promessa de alforria, seguiu Joaquim Corésca de Fraga Neves, carioca, há muitos anos servia ao professor Toledo. Um outro de nome Francisco, cuja história é risível, trocara um paletó velho com um proprietário de terras em Campo Largo, com a condição de substituir o filho deste. Foi e voltou. Consta que anos depois tornara-se vendeiro de frutas no Itinga. 28 A Fase Industrial do Lageado é um capítulo que não será acrescentado a este trabalho, para não alongarmos no interesse primeiro – o Lageado como escola e Francisco de Paula Xavier de Toledo como um dos grandes educadores paulistano. Homem de coragem que ousou ir além de Edmundo Demolins que funda a escola Dês Roches meio século depois. Toledo foi pioneiro da educação nova, nos moldes das escolas inglesas de Bendales, que funcionavam em pleno camppo. 29 André Luis Garraux possuía uma livraria que mais tarde se tornaria famosa como editora na capital de São Paulo e Pierre Martin era seu guarda-livros. Como ambos não poderiam deixar a capital para virem tocar o negócio do algodão, mandam vir da França, Jules Martin, irmão de Pierre. Jules Martin habilidoso com desenho, máquinas à vapor e outros mecanismos e juntamente com o belga Henrique Bouvier, montam uma máquina de descaroçar algodão no Lageado. A segunda fase do Collegio do Lageado30 tem início no segundo semestre de 1875, quando uma comissão de homens ilustres e poderosos31 procuram o professor Toledo e lhe oferecem recursos para tal abertura, uma vez que o pensionato de Delfina, sua mulher já há algum tempo estava funcionando – desde fins de 1873,32 algumas moças e em 1874 outras mais. São trinta e sete meninas e moças oriundas de várias regiões, algumas não se tem o sobrenome ou a origem. Eis a listas: Jorgina Jorgette de Toledo Campo Largo Abigail Noemi de Toledo “ Alice Rosa da Silva Barros “ Maria Elisa de Arruda “ Lydia Lopes Martins “ Elisa Pires do Amaral “ Benedicta de Mascarenhas “ Francisca Jorgina Martins “ Mariquinha Pires do Amaral “ Escolástica de Mascarenhas Martins Sorocaba Zelma de Mascarenhas “ Idalina do Amaral “ Maria do Amaral “ Maria das Dores Bastos “ Abigail de Mattos “ Olívia Belchior Martins “ Cyrilla Nogueira “ Carolina Augusta Alves de Lima Tietê Abigail Assumpção Itapetininga Maria Illustrina de Carvalho Porto Feliz 30 Quando da abertura da Primeira Fase do Collegio Lageado, havia na província de São Paulo seis Collegios dos quais 4 na capital, 1 em Campinas (Sete de Setembro) e 1 em Pindamonhangaba. Agora na abertura da Segunda Fase do Lageado, contabilizamos mais um na capital (Seminário Episcopal), em Itu (São Luiz) e em Campinas (Culto à Sciência). Um total de nove grandes concorrentes no ensino particular. 31 A comissão compunha-se de José Dias de Arruda, Francisco Ignácio de Arruda, Rafael Aguiar de Barros e Anacleto Dias Batista, todos eles homens ricos e em condições de assumirem o compromisso. 32 É apenas uma suposição pois a aventura do algodão havia acabado 1871 ou 1872. Com a retirada de Jules Martin para São Paulo, onde iria montar a primeira oficina de litografia, chamada de Imperial pelo fato de ter recibdo a visita de D. Pedro II durante a sua inauguração. Jules Martin ainda será o construtor do primeiro viaduto do Chá. Seu nome está muito ligado a história paulistana no último quartel do século XIX. Carolina de Carvalho “ Gertrudes Teixeira de Carvalho “ Josephina Teixeira de Carvalho “ Terezinha Teixeira de Carvalho “ Jorgina de Toledo Barbosa São Paulo Maroca de Toledo Barbosa “ Izaura Nóbrega “ Eugenia Martins “ Julia de Mascarenhas Paraná Francisca da Graça Martins Origens diversas33 Alexandrina da Graça Martins “ Esther Mascarenhas “ Adelina Martins “ Arminda Martins “ Dyonisia34 “ Betica35 “ 36 Constância “ Aquiescendo a solicitação de tão ilustres pessoas, o Collegio do Lageado retoma suas atividades. O valor da pensão anual era de 400$000, um preço módico por assim dizer, “para recomeçar a escola” e essa foi uma das razões que leva o professor Toledo a manter alguns de seus filhos como professores: Joaquim Belchior Martins - Primeiras Letras Bento de Mascarenhas Jequitinhonha37 – Primeiras Letras Joaquim Caiuby – Português, Francês e Latim38 Frederico Guanabara – Português e Francês Henry Brochard39 - Francês e “gymnastica” 33 As irmãs Graça Martins e Martins, muito provavelmente são oriundas de Castro no Paraná, mas há algumas dúvidas ainda, razão pela qual preferimos deixar como origem diversa. 34 Filha de escravos do Lageado. O Lageado chegou a ter a seu serviço cerca de 8 escravos entre homens e mulheres, desse total apenas 1 estava agregado a família – o Corésca, os outros eram “alugados”. 35 idem 36 idem 37 Bento Mascarenhas Jequitinhonha foi voluntário listado e fez a guerra do Paraguai, possuía a patente de capitão. Era autoritário pó ter sido militar era muito era exigente, mas excelente mestre de “analise lógica” da gramática portuguesa. 38 Joaquim Caiuby, o mais velho dos filhos do professor Toledo e D. Delfina tinha pouco mais de 27 anos de idade e ainda respondia como Vice-Diretor do Lageado. 39 Henry Brochard, veio ao Brasil com uma comissão técnica para a Fábrica de Ferro quando de sua restauração para fabricar material bélico para a guerra do Paraguai, terminado seu trabalho, acabou ficando João Pinto Borba40 – Matemática e Filosofia Vicente Zeferino Sant’Anna – Música e Piano O programa curricular desse período é composto de primeiras letras e humanidades para a seção masculina, nada de “Physica, Chimica e História Natural” , isto porque eram os paradigmas das escolas particulares que seguiam o currículo do Curso Anexo ao da Faculdade de Direito. Quanto ao pensionato das moças, a elas era ensinado primeiras letras, noções de literatura, um pouco de francês, música, piano e prendas domésticas. Dizia-se das educandas do Lageado: “são moças de salão e ao mesmo tempo moças de préstimos, capazes de enfrentar os encargos de futuras donas de casa e tudo graças ao excelente modelo de mãe e mestra” – Delfina Mascarenhas de Toledo. De 1875 a 1885 foi este o quadro de alunos matriculados no Collegio do Lageado: Amparo 1. Francisco Franco da Rocha 2. Joaquim de Paula Cruz Araraquara 3. Antonio Augusto Alves Coelho 4. Juvenal Alves de Carvalho 5. Octaviano Alves de Carvalho 6. Tito Alves de Carvalho Avaré 7. Antonio Pires Carneiro 8. Roberto Quirino Botucatu 9. João Florêncio 10. João Gagliano Campinas 11. Candido Egydio de Souza Aranha 12. Carlos Egydio de Souza Aranha 13. Joaquim Egydio de Souza Aranha na Vila de Campo Largo de Sorocaba por mais alguns anos e depois desaparece por completo, sem que saiba seu paradeiro. 40 João Pinto Borba, era chamado de “doutor João”, era cego. Dele contou-se que era muito querido, por ser muito alegre e que fora voluntário na guerra do Paraguai e que durante uma batalha perdera a visão, feito prisioneiro, conseguira escapar e depois de uma incrível jornada chegara Campo Largo de Sorocaba. Um personagem que não se tem um único registro e nem se sabe se esse era o seu verdadeiro nome. Recitava longos versos em rima e além de citar preceitos filosóficos sobre o homem e sua natureza. Segundo ainda um relato de Carlos George Oeterer em 1986, João Pinto Borba, o “doutor das almas” divertia tropeiros no Araçoiabinha. Não há nenhum vestígio mais dele. Desapareceu! 14. Joaquim Egydio de Souza Aranha 15. Francisco Nogueira Aranha 16. Joaquim Nogueira Aranha 17. Pedro Nogueira Aranha 18. Joaquim Teixeira 19. Luciano Teixeira 20. Camilo Xavier Bueno Andrade 21. Carlos Xavier Bueno Andrade 22. Armando Pontes 23. João de Andrade Pontes 24. Álvaro Duarte 25. Raphael Duarte 26. Antônio C. de Moraes Bueno 27. Carlos de Moraes Bueno 28. Urbano de Moraes Bueno 29. Alonzo Leite de Barros 30. Arthur Leite de Barros 31. Turíbio Leite de Barros 32. Oscar Leite de Barros 33. Alberto Ferreira Penteado Camargo 34. Arthur Ferreira Penteado Camargo 35. Joaquim F. Penteado Camargo 36. Ignácio Leite 37. Joaquim Teixeira Nogueira 38. Alfredo Penteado Camargo 39. João Bicudo de Almeida 40. João Teixeira Bicudo 41. Ignácio Teixeira 42. Silvano Pacheco e Silva 43. João Coutinho de Lima 44. Alfredo Novaes de Camargo Andrade 45. Antônio da Silva Leite 46. Clodomiro Franco de Andrade 47. Octaviano Franco de Andrade 48. Fernão Pompeu do Amaral 49. Francisco de Paula Teixeira 50. Amador Bicudo Teixeira 51. Antônio Ferraz de Souza Barros 52. Lupercio Leite de Arruda Campo Largo de Sorocaba 53. Antonio de Mascarenhas 54. Antonino de Mascarenhas 55. Francisco de Mascarenhas 56. Veríssimo de Mascarenhas 57. José Ribeiro 58. Alfredo Madureira 59. João Bernardino Vieira Barbosa 60. Francisco Euclydes da Silva 61. Francisco Pedroso de Campos 62. João Pedroso de Campos 63. Roberto Dias Baptista 64. Sylvio Pellico de Mascarenhas 65. Alfredo de Arruda Loureiro 66. Antonio Silva Pires do Amaral 67. Antonio Pires do Amaral 68. Benedicto Pires do Amaral 69. Zacharias Voltaire de Toledo 70. Plínio Piqueroby de Toledo 71. Péricles de Toledo 72. Coruja (apelido) 73. João Lourenço Rodrigues41 Capão Bonito 74. Epaminondas de Oliveira Martins Capital 75. Deraldo Pacheco 76. João Oliva Capivari 77. 41 Carlos Augusto de Souza João Lourenço Rodrigues, um dos últimos a passar pelo Lageado, foi aluno de Maria Angélica Baillot, uma das primeiras alunas formadas pela Escola Normal de São Paulo. Graças a João Lourenço Rodrigues e sua extensa correspondência com Fernando Prestes de Albuquerque que o professor Toledo e o Lageado não se perdeu nas brumas e na memória dos homens – principalmente dos historiadores. João Lourenço Rodrigues entrou para o Collegio do Lageado em fins de 1885 com pouco mais de 8 anos de idade. Chegou a Secretário da Educação de São Paulo em 1935-1936. Católico extremado, escreveu dois livros sobre Catecismo e Primeira Comunhão, que vigoraram até os anos 60 do século XX. Nunca reclamou nenhum direito sobre seus trabalhos, dedicando-os sempre em prol da sua fé. 78. Manoel Anselmo de Souza 79. Lothário Eulálio de Carvalho 80. Firmo Eulálio de Carvalho 81. Theophilo Ottoni Dias Toledo 82. José Lúcio da Silva Itapeva (Faxina) 83. Antonio Lino 84. Candido Gomide 85. Arthur Vieira de Moraes Itapetininga 86. Elizeu Ayres do Amaral 87. Benedito Vieira 88. Francisco Bicudo 89. Manoel Prestes de Albuquerque 90. José Leonel Ferreira 91. Thierry Assumpção Albuquerque 92. Egydio Pereira de Moraes 93. Odorico Rodrigues de Arruda 94. Francisco Prestes 95. João Gualberto 96. Procópio do Amaral Mattos 97. Fernando Prestes de Albuquerque42 Itatiba 98. Benedito Passos 99. Bernardo da Silva Damasio Itu 100. Luiz Prado 101. Josué Prado 102. Miguel Prado Jundiaí 103. Luiz Martins Cruz Paraibuna 42 Fernando Preste de Albuquerque foi governador de São Paulo. Exilado logo após o fim da Revolução de 1932, anistiado, volta ao Brasil e retira-se da política. Da sua correspondência com João Lourenço Rodrigues é que irá surgir a maior parte das memórias sobre o Collegio do Lageado. Em 1938 em compilados pelo professor João Lourenço Rodrigues foi editado em forma de um livro, cuja venda serviu para ajudar na construção do Seminário Diocesano São Carlos Borromeu de Sorocaba, feito esse, lamentavelmente pouco reconhecido. 104. Brasilino Garcia 105. Francisco Ferraz Piracicaba 106. João Ferraz Piraju 107. Joaquim Rodrigues Tocunduva Porto Feliz 108. José Mariano 109. Joaquim Gabriel de Carvalho 110. José Hypólito de Carvalho 111. Antônio Eulálio de Carvalho 112. Luiz Teixeira da Fonseca 113. José Teixeira da Fonseca 114. Mario Teixeira da Fonseca 115. João de Campos 116. Manoel Ribeiro Santos 117. Laércio Trindade 118. Angelo... Sarapuí 119. Amador Bueno César 120. João César Sorocaba 121. Augusto Luiz Pinto Martins 122. Francisco de Barros Vaz 123. Ismael de Barros Vaz 124. Augusto Hack 125. Paulo de Barros 126. Izaltino Dias 127. Luzerne Dias 128. Tiburtino de Barros 129. Antonio Lino Soares 130. Faustino Gutierrez 131. Edmundo Gutierrez 132. Edgard Gutierrez 133. Joaquim Gonçalves Bastos 134. José Gonçalves Bastos 135. Ismael Vaz de Almeida 136. Pedro Vaz de Almeida 137. Antonio Augusto de Andrade 138. Manoel Nóbrega Padilha Sobrinho 139. João Padilha 140. João Eloy Padilha 141. José Rodrigues Costa 142. Achilles Chagas de Toledo 143. Gennaro Dias 144. Rogério Dias 145. Arlindo Dias 146. Adolpho Knippel 147. Pedro Knippel 148. Pedro Knippel 149. Adolpho Exel 150. Heitor Adams43 151. Olivério Pilar Filho 152. Lino Pilar de Mattos 153. Herculano de Almeida 154. Francisco de Barros 155. Francisco de Barros Fleury 156. Francisco de Moura 157. Joaquim Izidoro Marins 158. Joaquim Pantaleão Marins 159. Ovídio Laurentino do Amaral 160. Pedro Ivo de Souza Freire 161. Ramiro de Barros 162. Paulo de Barros 163. Luiz Braga de Mascarenhas Sta. Bárbara 164. Cavour Belchior Martins 165. Virgilio Belchior Martins Tatuí 166. Alípio de Mascarenhas 167. Augusto Bassano Baillot Tietê 43 Heitor Adams, neto de Matheus Maylasky ,fundador da Estrada de Ferro Sorocabana 168. Aldano Pires Corrêa 169. Antônio Pires Corrêa 170. Augusto Pires Corrêa 171. Augusto de Moraes 172. Julio César de Moraes 173. Mariano Alves de Moraes 174. Antônio Alves Correa de Toledo 175. Luiz Alves Correa de Toledo 176. José Luciano 177. José Maria Corrêa de Toledo 178. Jonas de Moraes Aguiar 179. Saul de Moraes Aguiar 180. Jorge Corrêa de Moraes Silveira 181. Herculano Manoel Alves 182. José Pires Fleury 183. José Elias Vaz de Almeida 184. Arlindo de Campos Pacheco 185. João Augusto da Silveira 186. Alberto Carlos de Assumpção 187. Jorge Dias de Aguiar 188. José Dias de Aguiar 189. Antônio Augusto Corrêa 190. Francisco Augusto Corrêa 191. Urbano Augusto Corrêa Bahia 192. Antonio Pereira Cotrim 193. Aprígio Pereira Cotrim 194. José Pereira Cotrim 195. Manoel Pereira Cotrim Curitiba 196. João Candido Ferreira 197. Sebastião José Vaz de Carvalho 198. Sizenando Martins de Jesus 199. José Mascarenhas Martins 200. Josino de Mascarenhas Martins 201. João Gualberto Ponta Grossa 202. Benedito Ribas 203. Nestor Guimarães 204. Horácio Gonçalves Guimarães 205. Inocência Gonçalves Guimarães 206. Bonifácio Gonçalves Guimarães 207. Ovídio Gonçalves Guimarães Castro 208. Brasilio Pinho Ribas 209. Eugenio Gonçalves Martins 210. Laurindo Gonçalves Martins 211. Izaltino Mascarenhas 212. João Badico Martins M. Gerais – Poços de Caldas 213. Jonas Candido Teixeira Diniz S. Catarina 214. Aureliano Ferreira de Almeida Não tem origem 215. Joaquim Pacheco de Mendonça O Collegio do Lageado na sua segunda fase terá mais de 252 alunos e alunas ocupando um mesmo espaço em pleno século XIX num sistema pedagógico pouquíssimo conhecido mas com grandes resultados. O Collegio do Lageado, em pleno descampado, casa rústica, terreiro a frente e pomar no fundo com cercas de pau a pique. Ali o olhar se perdia no horizonte entre as campinas e lagoas formadas ao longo do ribeirão. Acima um céu azul. Era o ambiente da roça e os alunos com roupas de brim, camisas sem goma, sem gravatas ou chapéus, alpargatas de couro sem meias. Alimentação com pratos simples, mas suculentos e substanciosos. No pátio do recreio e no pomar, laranjeiras e pessegueiros. Na hora do brincar, as brincadeiras de roda, o “betty”, a malha, a petéca e outras de procedência francesa como – soute-mouton, cheval fondu, etc,44 É impossível descrever o cotidiano do Lageado com detalhes e pormenores. Os relatos que dispomos são insuficientes e não se encontram qualquer outras informações nos órgãos competentes45 44 “betty” um jogo de tacos cuja bola era feita de trapos e uma espécie de cauchú tirado de um cactos. Havia também uma espécie de jogo de bola sem traves. O Collegio do Lageado, possuiu sempre dois cursos – o primário (ou primeiras letras, na qual estavam presentes somente noções de alfabetos e calligraphia na “pedra”46, números com duas operações – a adição e subtração47. E o secundário, importante curso de humanidades para que almejasse uma vaga nas Escolas Superiores do Império. Tinha muito peso o latim e pouca atenção atenção a matemática, na qual aprendia-se aritmética e geometria plana. No entanto não se deve criticar ou julgar o currículo do Lageado por isso, uma vez que no chamado “Curral” que era o curso anexo da Faculdade de Direito de São Paulo, o ensino da “Arithmética” não chegava a logarítimos e a geometria ficava somente no quadrado da hipotenusa. Saber o teorema de Pitágoras seria o “píncaro” da glória! Os cursos eram oferecidos sempre para meninos e meninas. Para as educandas do Lageado havia também uma preocupação em prepará-las para a dupla função de esposas e mães48. O Collegio do Lageado, estava sendo um pioneiro na formação de rapazes e moças meio século antes do que qualquer outra escola no mundo. Pois os alunos procedentes do Lageado conseguiam sair-se galhardamente nos exames do Curso Anexo, a porcentagem das aprovações eram maiores que de outros Collegios contemporâneos. Quando tudo estava em seu lugar, ocorre uma tragédia no Lageado com a notícia de que um aluno era “morféthico”49. Num momento o Lageado um grande e magnífico Collegio e no outro um enorme vazio, com suas janelas e portas rangindo ao sabor dos ventos. Não há mais risos de crianças, nem tão pouco as tertúlias dos alunos mais velhos e 45 No mês de julho de 2004, fizemos uma consulta via correio eletrônico a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, sobre a professora Maria Angélica Baillot, cujo nome foi dado a uma escola em Araçoiaba da Serra. Obtivemos a resposta de que iriam pesquisar na Assembléia do Estado, pois foi dali que partiu a indicação para dar o nome a escola. Ou seja, se exisitir um pequeno histórico que seja, deve estar “guardado” em algum lugarque só Deus sabe... 46 A “pedra” era um acessório muito comum nas escola. Resumia-se em um retângulo de fina ardósia numa moldura de madeira, na qual se escrevia com um “caco de cal” – giz obtido de bloco de cal cozido. Ferramentas de ensino como lápis, cadernos e livros, eram raros e não estavam disponíveis para crianças que se alfabetizavam precariamente. Sobre esse assunto da educação brasileira estamos preparando uma monografia. 47 Carlos George Oeterer, falecido com 93 anos e há mais de 10 anos descendente de ilustre família sorocabana, foi uma grande testemunha da história do Lageado. Apesar de ter estudado em colégios de São Paulo e do Rio de Janeiro, contava que as suas lições na escola primária resumia-se a aprender o “abcedário”, escrevê-lo na “pedra” com um “caco de cal” e cantar a “taboada”. Somente no segundo ano é que vai aprender a adição e subtração. A divisão vai aprender somente no final do período considerado de pleno domínio dos números. 48 As primeiras letras quase sempre era aprendida no seio das famílias, razão pela qual as moças deveriam aprender bem essa tarefa tão enraizada na sociedade antiga. 49 A “morphea” era considerada pelas pessoas comuns como um dos piores castigos e flagelos da humanidade. Não havia tratamento e a pessoa que contraísse a doença apodrecia vivo! Hoje sabemos que a hanseníase, ou lepra não se propaga da forma apregoada e é curável quando diagnostica a tempo. Mas realmente ocorreu um caso de “morphea”, mas não foi no Collégio do Lageado, mas sim num sítio próximo, onde algumas pessoas com a doença se escondiam. Na época isso foi um terror para aos pais dos alunos e alunas do Lageado. os saraus das moças no grande salão, em menos de um mês o Lageado se vê desabitado, como numa grande debanda. Ficando somente nele o professor Toledo, D. Delfina, alguns de seus filhos e serviçais. Não há o que fazer. Acabara o Collegio. Como se uma tempestade mágica e cruel tivesse desabado e dali varrido tudo...até a memória. Em 1886, fecha o Lageado definitivamente suas portas, o Professor Francisco de Paula Xavier de Toledo e sua esposa D. Delfina de Mascarenhas Camelo, não suportariam novamente tamanho golpe do destino. Lutaram por mais de quarenta anos na lida da formação de meninos e meninas em sua época, agora, cansados e desanimados rendem-se ao que a eles estava destinado. Continuam morando no Lageado, vazio e triste. Ocupavam-se com coisas um tanto sem importância. O professor Toledo, homem de fibra e muito caráter é indicado, quando da Proclamação da República a ser o primeiro intendente de Campo Largo de Sorocaba, apesar de ter sido sempre um conservador, não se deixa envolver pela situação política local, desempenha seu trabalho para corresponder a indicação. Assim que termina sua obrigação volta ao Lageado. Por ser muito conhecido no entorno da vila de Campo Largo e pela sua grande sabedoria, é comum que famílias pobres o procurem para resolver problemas até de saúde de filhos doentes. O professor Toledo atende a todos os que lhes procuram e nunca ninguém saiu do Lageado sem um alento que fosse. Em 1887, o professor Toledo atende a escola da Fábrica de Ferro de Ipanema para realizar as provas da escola ali existente, tem ainda alguns poucos alunos para aulas particulares, mas dinheiro e poucos recursos, vive agora uma situação constrangedora, mas não perde nem um pouco a sua altivez. Delfina Mascarenhas de Camelo, falece em fins de 1902. Alguns meses depois desse duro golpe Francisco de Paula Xavier de Toledo, se entrega e morre no dia 17 de agosto de 1903. Estava terminada a vida de um dos mais batalhadores e íntegros educadores brasileiros. Um homem que soube lutar com dignidade, coragem e muita persistência. Quanto ao Lageado, o enorme prédio que abrigara durante tantos anos centenas de alunos e alunas, professores, serviçais e escravos, desaba por volta de 1930 e em 2004 é apenas um enorme pasto sem que se perceba ali que um dia pulsou o saber e a inteligência de um homem pertinaz em busca de fazer da educação seu mote de vida. Até o ribeirão do Lageado desapareceu, hoje deram-lhe o nome de Barreiro, nada significa, corre por dentro de um tubo sob uma estrada vicinal, cujo asfalto induz a velocidade dos que passam sem parar, desobrigando-se até de uma breve reflexão que seja, pelo monumento a educação que ali um dia existiu. ......................... “E se nada disso significar, para quem, sentido tem, resta o sibilar suave da brisa que nos leva a sonhar com o que ali aconteceu. Então nesse momento, construiremos nós o monumento a essas memórias...em nossa própria memória”. Dagoberto Mebius Sorocaba, 05 de setembro de 2004 ................................................................................ FONTES Documentos, depoimentos e memórias orais, cartas, desenhos e fotografias antigas Anais da Câmara Municipal de Sorocaba, livros ainda existentes – 5/14/21/28/53/114 Outros documentos interessantes em mãos de particulares OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS Almanak de Sorocaba 1904 Almanak da Província de São Paulo para 1873 Almanak Laemmert - 1864/1870 Lello Universal – 1930 Secretaria de Obras do Est. de S. Paulo - 3°Congresso Brasileiro de Estradas de Rodagens – 1923 Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura de S. Paulo – Relatório de 1896 Relatórios da Instrução 1850/1851/1852/1853 www.crl.edu/almanak PERIÓDICOS O Defensor – 1852/1852 Pública da Província de São Paulo – O Araçoiaba – 1866 Ypanema – 1872 Diário de Sorocaba – 1880/1889 Tribuna Popular - 1937 BIBLIOGRAFIA Aleixo Irmão, José. JÚLIO RIBEIRO, São Paulo, Ed. Cupolo, sem data _______________. RAFAEL TOBIAS DE AGUIAR – O HOMEM, O POLÍTICO. Fund. Ubaldino do Amaral, Sorocaba, Sp, 1992 Almeida, Aluísio de. A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842. Liv. J. Olympio Ed. Rio de Janeiro, 1944 ________________. BIOGRAFIAS SOROCABANAS. Rev. do Arq. Mun. de S. Paulo – 1952 ________________. ESTRADAS E IMPOSTOS DO SUL DO BRASIL – Rev. do Arq. Mun. de S. Paulo – 1952 Baddini, Cássia Maria. SOROCABA NO IMPÉRIO – COMÉRCIO DE ANIMAIS E DESENVOLVIMENTO URBANO. Ed. Anna Blume – Sp, 2002 Bacellar, Carlos de Almeida Prado. VIVER E SOBREVIVER EM UMA VILA COLONIAL - SOROCABA, SÉCULOS XVIII E XIX . Ed. Anna Blume – SP, 2001 Floriano de Godoy, Joaquim. A PROVÍNCIA DE SÃO PAULO – TRABALHO ESTATÍSITICO, HISTÓRICO E NOTICIOSO. Typ. do Diário do Povo, Rio de Janeiro, 1875 Hypnarowski, Pe. Vicente. CENTENÁRIO DE FUNDAÇÃO DE CAMPO LARGO DE SOROCABA. Ed. Católica, SP, 1926 Lourenço Rodrigues, João. UM EDUCADOR DE OUTRORA. Ed. Salesiana, SP, 1938 Mebius, Dagoberto. A HISTÓRIA DE SOROCABA PARA CRIANÇAS. Ed. Aguiar, Sorocaba, SP, 2000 Müller, Daniel Pedro. ENSAIO D’UM QUADRO ESTATÍSTICO DA PROVÍNCIA DE S. PAULO – Gov. do Est. De S.Paulo – SP – 1978 Nardy Filho, Francisco. A CIDADE DE ITU. USP/SP, 1999 Galanti, Pe. Raphael M. LIÇÇÕES DE HISTÓRIA DO BRASIL. Duprat & Comp. S.Paulo, 1913 Silva Telles, Joao Carlos da. REPERTÓRIO DAS LEIS DA PROVÍNCIA DE SÃO PAULO DE 1835 A 1875. Typ Correio Paulistano, SP, 1877 Saint-Hilaire, A. de. VIAGEM À PROVÍNCIA DE SÃO PAULO. Edusp, 1976 Vargas, Túlio. SENHOR SENADOR SENHOR MINISTRO. MEC/Inst. Nac. do Livro, Brasília/DF, 1976 Vergueiro, Nicolau Pereira de Campos. HISTÓRIA DA FÁBRICA DE FERRO DE IPANEMA. Ed. Senado Federal/Univ. de Brasilia/DF, 1978