UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
MESTRADO EM HISTÓRIA
OS XOKLENG DE SANTA CATARINA: UMA ETNOHISTÓRIA E SUGESTÕES PARA
OS ARQUEÓLOGOS
RODRIGO LAVINA
1994
RODRIGO LAVINA
Os Xokleng de Santa Catarina: Uma Etnohistória e Sugestões para
os Arqueólogos
Dissertação de Mestrado em História
Área de Concentração:
Estudos Ibero-Americanos
Orientador:
Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz, S.J.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
1994
RODRIGO LAVINA
Os Xokleng de Santa Catarina: Uma Etnohistória e Sugestões para
os Arqueólogos
Dissertação elaborada como exigência
parcial para a obtenção do Título de
Mestre em História, Sob a Orientação do
Prof. Dr. Pedro Ignácio Schmitz, S. J.
São Leopoldo, julho de 1994.
Para Vânia, pela paciência e para Maíra,
pela alegria.
Ao Pe. João Alfredo Rohr S.J.,
In Memoriam.
SUMÁRIO
RESUMO
.............................................................. VII
ABSTRACT ............................................................. VIII
AGRADECIMENTOS .......................................................... IX
APRESENTAÇÃO ............................................................ 1
1 NOSSO MODO DE PROCEDER ................................................ 5
2 O TERRITÓRIO EM QUE VIVIAM OS XOKLENG: AMBIENTE E RECURSOS ............. 9
3
QUEM
CRIOU
AS
INFORMAÇÕES
ANTERIORES DO SEU TERRITÓRIO
SOBRE
OS
XOKLENG
E
SOBRE
OS
OCUPANTES
...................................... 23
4 O QUE CONHECEMOS DOS XOKLENG ......................................... 49
I Economia, Sociedade, Cultura
.................................... 49
II Produção Artesanal .............................................. 72
5 SINTETIZANDO: O MODELO XOKLENG ...................................... 103
A MANEIRA DE CONCLUSÃO: O QUE OS ARQUEÓLOGOS PODEM UTILIZAR DO MODELO
XOKLENG
.......................................................... 118
REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 122
ANEXOS ................................................................ 136
MAPAS E ILUSTRAÇÕES
Mapa dos Ataques Xokleng a Localidades Catarinenses ............... 53
Prancha I - Padrões de Cestaria Xokleng ........................... 90
Prancha II - Arcos Xokleng ........................................ 92
Prancha III - Flechas Xokleng ..................................... 94
Prancha IV - Pontas de Flechas Xokleng ............................ 95
Prancha V - Emplumação, Encaixe e Fixação de Ponta nas Flechas .... 96
Prancha VI - Lanças Xokleng ...................................... 100
Prancha VII - Acampamentos Xokleng na Mata Atlântica ............. 105
Prancha VIII - Acampamento Cerimonial Xokleng .................... 107
Prancha IX - Acampamento Xokleng no Planalto I ................... 108
Prancha X - Acampamento Xokleng II ............................... 109
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo compor uma etnohistória do grupo
indígena Xokleng, que habitava a Mata Atlântica, no Estado de Santa
Catarina, desde o período colonial até o século XX.
As
informações
obtidas
foram
usadas
para
criar
um
modelo
etnográfico passível de ser usado e testado em pesquisas arqueológicas
realizadas na mesma área, em sítios arqueológicos coincidentes com a
colonização européia ou anteriores a mesma.
Buscou-se
também
estabelecer,
a
partir
da
etnologia
Xokleng,
ligações com os sítios arqueológicos existentes em seu território
histórico
e
também
verificar
as
possibilidades
de
utilização
da
etnologia como referencial para estabelecer hipóteses a serem testadas
sobre
as
estratégias
de
ocupação
e
aproveitamento
dos
recursos
naturais da região por parte de grupos pré-históricos e seu reflexo na
cultura material dos mesmos.
ABSTRACT
The present monograph aims to compose the ethnohistory of the
Xokleng, who inhabited the Atlantic Forest, in the State of Santa
Catarina, from colonial times to the 20th century.
The
information
ethnographic
model,
attained
able
to
have
be
used
been
used
to
and
tested
in
elaborate
an
archaeological
research in the very same area, in archaeological sites coincident or
previous to the European colonization.
Departing
linkings
with
from
the
the
Xokleng
archaeological
ethnology
sites
we
found
search
in
to
their
establish
historical
territory and to verify the possibilities of ethnology as reference to
establish hypothesis to be tested about the strategies of occupation
and exploitation of the local natural resources by prehistoric groups
and, consequently, its influence in their material culture.
AGRADECIMENTOS
Ao
meu
Orientador
Pedro
Ignácio
Schmitz,
pelas
inúmeras
sugestões, conselhos, contribuições e pelo tempo dispendido comigo.
Sem ele, este trabalho não estaria realizado.
À
UNISINOS
e
ao
Instituto
Anchietano
de
Pesquisas,
que
possibilitaram as condições materiais para a realização deste trabalho
e à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul, pelo
financiamento.
Às diversas Instituições que abriram suas portas para a consulta
de coleções e documentos, especialmente ao Museu de Antropologia da
Universidade Federal de Santa Catarina, ao Museu do Homem do Sambaqui,
ao
Arquivo
Público
do
Estado
de
Santa
Catarina
e
a
Biblioteca
Municipal de Florianópolis.
A Marcos Alberto Rahmeier, que fez as traduções dos textos em
alemão.
A Luiz Alberto Castilhos de Souza, pelas ilustrações e a Rogério
Francisco
Sanchotene
Severo
pelas
ilustrações
esquemáticas
das
aldeias.
A Marcus Vinícius Beber pela datilografia e gerenciamento dos
bancos de dados em computador e a André Osório Rosa, pelas sugestões e
auxílio em zoologia e botânica.
A todos os Colegas de trabalho, especialmente aos do IAP e do
Museu
de
Antropologia
da
UFSC,
pelas
sugestões,
amizade
e
companheirismo durante estes anos todos.
A todas as pessoas que, de alguma maneira, ajudaram a tornar este
trabalho uma realidade.
X
APRESENTAÇÃO
O objetivo desta monografia é compor uma etnohistória do
grupo
indígena Xokleng, que habitava a Mata Atlântica, no Estado de Santa
Catarina, no período colonial e imperial da História do Brasil; a
partir deste estudo criar um modelo etnográfico passível de ser usado
e testado em pesquisas arqueológicas realizadas na mesma área, em
sítios
arqueológicos
coincidentes
com
a
colonização
européia
ou
anteriores à mesma.
Duas questões foram levadas em conta dentro desta perspectiva: a
possibilidade de estabelecer, a partir da etnologia Xokleng, ligações
com sítios arqueológicos existentes em seu território histórico e as
possibilidades
estabelecer
de
utilização
hipóteses
a
serem
da
etnologia
testadas
como
sobre
referencial
as
estratégias
para
de
ocupação e aproveitamento dos recursos naturais da região por parte de
grupos pré-históricos.
Para
isso
realizamos
um
levantamento
não
só
da
produção
arqueológica existente para a região, como também uma pesquisa da
etnografia do grupo, baseada em documentos históricos e etnográficos,
que foram utilizados a partir de uma perspectiva etnohistórica, com o
objetivo de formar um quadro da cultura material Xokleng, que pudesse
ser comparado com os dados arqueológicos disponíveis.
No primeiro capítulo desta dissertação, procuramos apresentar o
enfoque
teórico
e
metodológico
utilizado
para
a
realização
do
trabalho.
O segundo capítulo busca localizar a área em estudo geográfica,
geomorfológica
e
ecologicamente,
levando
em
conta
variáveis
climáticas, faunísticas e florísticas a fim de examinar o potencial de
recursos nela existentes e as condições naturais para a instalação de
um sistema de abastecimento, assentamento e organização social.
O
terceiro
capítulo,
revisa
a
bibliografia
existente
sobre
o
assunto e comenta criticamente a produção arqueológica, histórica,
etnológica e antropológica disponível.
O
quarto
capítulo
reune
as
informações
existentes
sobre
os
Xokleng. Não só as contidas nos trabalho publicados, mas também as
obtidas a partir da análise de coleções etnográficas, de maneira a
formar um painel do conhecimento existente a respeito do modo de vida
tradicional do grupo. Foram privilegiados os dados sobre território,
nomadismo, padrão de assentamento, padrão de subsistência, tecnologia
e organização social.
2
O
quinto
capítulo
sintetiza
os
dados
reunidos
no
capítulo
anterior, formando um quadro passível de ser usado como modelo das
estratégias de ocupação e utilização dos recursos do meio ambiente
pelos Xokleng.
Seguem as conclusões obtidas a partir da análise das informações
a respeito dos Xokleng e as propostas que, a partir do confronto
destas
com
formando
as
informações
hipóteses
para
arqueológicas,
serem
testadas
podem
em
ser
pleiteadas,
futuros
trabalhos
arqueológicos.
Também
estão
incluídas,
anexas,
a
listagem
dos
objetos
que
compõem as coleções etnográficas analisadas e uma síntese dos ataques
que os Xokleng levaram a efeito em Santa Catarina, de acordo com os
dados publicados.
Com a finalidade, já referida, de facilitar o acesso aos dados
apresentados, as citações que estavam em língua estrangeira (alemão e
inglês) foram traduzidas para o português.
Por sua própria temática, esta monografia deverá ser revista à
luz de informações futuras, já que trata da construção de um modelo
que pode e deve ser falseado. Ela deverá funcionar como uma pedra de
toque, frente à qual as evidências arqueológicas serão reunidas, não
só buscando descobrir os antepassados dos Xokleng, mas principalmente
auxiliando na interpretação das estruturas arqueológicas dos sítios da
região, aumentando assim, cada vez mais, nosso conhecimento sobre o
passado dos grupos que a habitaram.
Não foi possível esgotar a documentação histórica e etnológica
existente. Algumas obras importantes são pouco acessíveis por sua
raridade e um volume desconhecido de informações ainda se encontra em
3
arquivos, particulares ou públicos, esperando por pesquisadores. Da
mesma forma existem coleções de artefatos Xokleng, tanto no Brasil
como no exterior, que ainda aguardam análise.
Em vista destes fatos, não há motivo para considerar esta obra
como
definitiva.
Seu
mérito
está
na
sistematização
de
coleções
e
documentos de acesso nem sempre fácil, de maneira a possibilitar que
arqueólogos,
dificuldades,
etnólogos
além
de
e
museólogos
mostrar
que
possam
uma
utilizá-las
abordagem
sem
tantas
interdisciplinar,
dentro das ciências humanas, irá gerar mais resultados que análises
compartimentadas em história, antropologia ou arqueologia.
4
1 NOSSO MODO DE PROCEDER
A utilização de informações sobre grupos indígenas atuais para
auxiliar
na
históricas,
interpretação
através
de
dos
restos
trabalhos
materiais
de
culturas
interdisciplinares,
pré-
envolvendo
a
arqueologia, a biologia, a etnologia e a etnohistória, é uma prática
recente
no
Brasil,
embora
pesquisadores
norte-americanos
venham
aplicando este método para elaboração de modelos interpretativos da
pré-história desde a década de 1940 (Mendonça de Souza, 1991).
Atualmente,
esta
interdisciplinaridade
é
uma
das
principais
tendências da arqueologia contemporânea, estando baseada no fato de
que "analisar o presente serve o passado" e que
"o
registro
arqueológico
é
um
fenômeno
contemporâneo e as observações que fazemos sobre ele não
são observações históricas. Necessitamos de jazidas que
conservem elementos do passado; mas, da mesma maneira,
temos necessidade de instrumentos teóricos que dêem
sentido
a
estes
elementos,
quando
encontrados"
(Binford, 1988: 27)
Segundo este mesmo autor estes instrumentos teóricos, destinados
a auxiliar na interpretação do registro arqueológico, só podem ser
obtidos a partir da observação de grupos indígenas atuais que explorem
ambientes semelhantes e que possuam tecnologias de exploração deste
meio ambiente similares às dos povos pré-históricos estudados, sendo
que "os nexos entre o que encontramos e as condições que deram lugar à
sua produção só podem ser estudados a partir dos povos atuais" (Binford,
1988: 28).
Este método de comparação (ou analogia) etnográfica é definido de
maneira ampla por Prous (1992: 51), quando afirma que "a comparação
etnográfica consiste na observação das populações atuais não industriais
nem artesanais extrapolando os resultados para a pré-história". Segundo
este autor, devido à variação das culturas humanas, este método deve
ser empregado com extrema cautela, particularmente quando a comparação
é feita entre culturas separadas não só temporalmente, mas também
geograficamente. Este método no entanto:
"seria aplicável com certa segurança no campo da
cultura material, comparando-se populações de nível
tecnológico semelhante e submetidas a pressões naturais
parecidas" (Prous, 1992: 51).
Baseado
nisto
pode-se
afirmar
que
um
modelo
etnológico
específico, criado a partir do estudo da cultura de um grupo indígena
documentado historicamente, pode ser bastante útil para compreender
fenômenos
como
padrão
de
assentamento,
tecnologia
e
padrão
de
subsistência, de grupos pré-históricos que deixaram vestígios na mesma
área geográfica, desde que sua tecnologia e cultura sejam semelhantes.
Quando o grupo indígena que servirá de base para a elaboração
deste
modelo
não
mantém
mais
as
características
de
sua
cultura
tradicional (no Brasil, isto freqüentemente ocorre a partir do contato
6
com a sociedade nacional), pode se fazer o controle dos documentos
etnográficos
e
históricos
existentes
através
da
etnohistória,
entendendo-se esta disciplina como:
"Um conjunto especial de
técnicas e métodos para
estudar a cultura através do uso das tradições escritas
e orais. Como metodologia, tem um caráter complementar,
não só em relação à arqueologia, como também à
lingüística histórica, a etnografia e à paleobiologia."
(Karmack, 1979: 17)
No
que
diz
respeito
à
utilização
dos
documentos
históricos,
também Binford (1988: 29) afirma que:
"servem não só para identificar os locais de
ocupação antigos como também para informar-nos do que
ali ocorria e qual nível de especialização artesanal
existia,
por
exemplo,
com
detalhes
referentes
à
organização social do assentamento. Uma vez conhecidos
estes aspectos sobre a dinâmica do assentamento, estamos
em condições de escavar a jazida e relacionar os achados
com as notícias que possuimos sobre as atividades e
processos que tiveram lugar no passado".
O
método
etnohistórico,
portanto,
possibilita
um
conhecimento
mais profundo da cultura tradicional do grupo a ser estudado, quando
ainda
pouco
alterado
pelo
contato
com
outras
sociedades,
o
que
proporciona condições mais seguras para o estabelecimento de ligações
com as culturas pré-históricas.
Quanto à questão do estabelecimento de um modelo etnológico, este
deve
ser
aqui
entendido
como
uma
construção
teórica,
baseada
na
etnologia de um grupo indígena e de documentação histórica recuperada
através da etnohistória, contra o qual os questionamentos produzidos
pela arqueologia podem ser comparados. Este modelo conforme destaca
Belowski (1978: 353) "... não pode ser usado para aprovar ou desaprovar
uma visão específica. Deve ser usado como uma hipótese, contra a qual as
observações podem ser comparadas para ver se o modelo pode ser falseado."
7
2 O TERRITÓRIO EM QUE VIVIAM OS XOKLENG: AMBIENTE E RECURSOS
Localização
A
área
geográfica
ocupada
historicamente
pelo
grupo
indígena
Xokleng situa-se, aproximadamente, entre 26o e 29o30' de latitude sul
e 50o30' e 49o30' de longitude oeste, englobando áreas do litoral,
contrafortes
da
Serra
Geral
e
do
Mar
e
do
Planalto
Meridional
Brasileiro, compreendendo atualmente partes dos Estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.(mapa p.53)
Geologia e Geomorfologia
A
geologia
caracterizada
desta
por
área,
terrenos
segundo
de
Pedro
domínio
da
F.
T.
Kaul
cobertura
(1990),
é
sedimentar
cenozóica no litoral, por terrenos de domínio pré-cambriânicos nos
contrafortes da Serra Geral e do Mar e por terrenos de domínio da
Bacia do Paraná, com cobertura sedimentar gondwânica, no Planalto
Meridional.
Os
terrenos
de
domínio
da
cobertura
sedimentar
cenozóica
correspondem a terrenos predominantemente holocênicos que surgem no
litoral sul do Paraná, no litoral sul de Santa Catarina e no litoral
norte do Rio Grande do Sul. As formações características nestas áreas
são a formação Guabirotuba, que ocorre desde Curitiba, PR até Tijucas
do
Sul,
SC,
representados
e
caracteriza-se
por
argilitos
e,
por
"depósitos
secundariamente,
semiconsolidados,
arcóseos,
arenitos
arcoseanos, margas e conglomerados..." (Kaul, 1990:41). Estes depósitos
são pleistocênicos e formados em ambiente fluvial com clima semiárido;
Formação
Alexandra,
situada
a
sudoeste
de
Paranaguá,
PR,
caracterizada por "uma seqüência de conglomerados, arcóseos, areias e
argilas, inconsolidados, depositados durante o Pleistoceno em ambiente
fluvial, sob condições de clima semi-árido" (Kaul, 1990:41); Formação
Chuí, distribuída pelo litoral sul de Santa Catarina e litoral do Rio
Grande do Sul, composta por "areias quartzozas médias a finas, bem
selecionadas
1990:41).
(...)
Este
e
areias
depósito,
quartzozas
fossilífero,
síltico
formou-se
argilosas"
no
(Kaul,
Pleistoceno
em
ambientes marinhos de águas rasas e ambientes lacustres.
Os terrenos de domínio Pré-Cambriânico, compreendendo os Crátons
de Luiz Alves e o Cinturão Móvel Don Feliciano, é caracterizado pela
presença de diversos tipos de rochas formadas entre três bilhões de
anos
e
quinhentos
milhões
de
anos
atrás.
Trata-se
de
rochas
metamórficas de origem ígnea e sedimentar, rochas ígneas granitóides e
sequências de cobertura vulcanossedimentar. O cráton de Luiz Alves,
situado no nordeste de Santa Catarina e leste do Paraná, é formado por
9
rochas
metamórficas
processos
de
de
origem
metamorfismo.
Arqueana,
São
que
encontrados
apresentam
gnaisses
diversos
anortositos,
quartzitos, metamorfitos, e biotita-gnaisses, entre outros. O Cinturão
Móvel Don Feliciano situa-se a leste de Santa Catarina e é composto
por
complexos
metamórficos-migmatítico-graníticos
concordantes.
Um
deles, o flanco ocidental, tem embasamento formado por migmatitos e
gnaisses,
com
sequências
parametamórficas
complexo,
a
orogêmicas
entremeadas
zona
com
central,
é
com
rochas
pacotes
de
metavulcânicas.
composto
por
rochas
rochas
O
outro
gnáissicas,
migmatíticas e graníticas. Além disso, em todo o Cinturão Móvel Don
Feliciano ocorrem freqüentes intrusões
Os
Bacia
terrenos
do
da
Paraná,
Cobertura
datam
do
graníticas.
Sedimentar
Siluriano
Gondwânica
Inferior,
de
domínio
"...formando
da
até
o
Jurássico, extensas e espessas sequências de sedimentos de granulação
essencialmente
fina,
com
intercalações
de
calcário
e
raríssimos
conglomerados" (Kaul, 1990:381).
Encaixados
nos
terrenos
de
domínio
da
Bacia
do
Paraná
e
nos
terrenos de domínio Pré-Cambriânico, temos ainda derrames vulcânicos
jurocretácicos e outras manifestações associadas. É característica a
Formação Serra Geral, formada por derrames de lava, diques e soleiras.
A seqüência básica desta formação, predominante, caracteriza-se pela
presença de basalto, andesito, basalto com vidro, diques e soleiras de
diabásio,
brechas
vulcânicas
e
sedimentares
e
corpos
de
arenitos
interderrames. A seqüência ácida desta formação corresponde a derrame
de
dacitos,
riolitos,
basaltos-pórfiros
e
fenobasaltos
vítreos.
A
idade da formação Serra Geral é estimada em 110 a 160 milhões de anos
atrás.
10
Relevo
A
área
quatro
em
estudo
subdomínios
compreende
quatro
morfoestruturais
e
domínios
morfoestruturais,
sete
diferentes
unidades
de
dos
Depósitos
Sedimentares
relevo.
No
litoral,
ocorre
o
Domínio
Quaternários, ao sul de Santa Catarina e em todo o litoral do Rio
Grande
do
Planície
Sul
situam-se
Gaúcha,
e
no
os
depósitos
nordeste
de
sedimentares
Santa
Catarina
litorâneos
da
encontram-se
os
depósitos litorâneos de Planícies Descontínuas. Estes depósitos:
"compreendem amplas superfícies, geralmente planas
e baixas resultantes da acumulação de sedimentos
arenosos,
areno
argilosos,
predominantemente
quaternários (...), depositados em ambientes marinhos,
fluviais, lagunares, eólicos e colúvio-aluvionares".
(Herrmann & Rosa, 1990:56)
A unidade de relevo da Planície Gaúcha ocorre desde Garopaba, SC
até
Chuí,
RS.
caracteriza-se
pela
presença
de
dunas,
terraços
marinhos, planícies arenosas e cordões de restinga. Segundo Herrmann &
Rosa (1990: 56),
"...predomina um litoral retilíneo com suas praias
estendendo-se por centenas de quilômetros, e costa com
forma alongada, com avanço para o mar, exceção feita,
apenas, em um pequeno trecho entre as imediações das
cidades catarinenses de Laguna e Garopaba, onde as
praias são estreitas, apresentando um litoral recortado,
formando enseadas."
A Unidade de Relevo de Planícies Descontínuas ocorre desde o
litoral norte-paranaense até próximo a Itajaí, SC, possuindo largura
média de 10km que aumentam para até 30km junto aos rios e baías que a
drenam.
chegar
Suas
a
30
altitudes
metros
em
médias
algumas
situam-se
áreas.
11
em
É
cerca
formada
de
por
10m,
podendo
sedimentação
marinha
e
acumulações
eólicas,
caracterizando
bacias
sedimentares
quaternárias.
No
domínio
das
Bacias
e
Coberturas
Sedimentares
e
dentro
do
Subdomínio da Bacia e Depósitos Sedimentares do Paraná, temos três
Unidades de Relevo. A Unidade de Relevo das Depressões Periféricas
ocorre a sudeste de Santa Catarina, possuindo altitudes médias de 400
metros
e
desníveis
apresenta-se
vertentes
também
colinoso
íngremes,
na
variando
área
do
de
100
tipo
convexo,
apresentando
relevos
a
formas
residuais
1.000
com
metros.
vales
Seu
encaixados
côncavo-covexas.
basálticos
de
relevo
topo
e
Ocorrem
plano
com
altitudes de até 500 metros; a Unidade de Relevo Patamares da Bacia do
Paraná é uma área interplanáltica de relevo acidentado que circunda o
Planalto das Araucárias desde São Paulo até Santa Maria, RS. O contato
entre esta Unidade de Relevo e
o Planalto é feito pela "cuesta", que
corresponde à Serra Geral, que vai se descaracterizando a sudeste e ao
sul. As quotas altimétricas atingem em suas porções orientais até
1.200 metros, decaindo, no sopé da Serra Geral, para quotas médias de
650 metros;
a Unidade de Relevo Planalto das Araucárias abrange os
estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tendo limites a
norte com o estado de São Paulo e ao sul com os vales dos rios Jacuí e
Ibicuí.
A
quotas
altimétricas
mais
elevadas
ocorrem
a
leste,
ultrapassando, próximo à Serra Geral, 1.200 metros.
No domínio da Faixa de Dobramentos, correspondendo ao Subdomínio
das faixas de Dobramentos do Sul, temos a unidade de Relevo das
Escarpas e Reversos da Serra do Mar, que engloba a serra e o planalto
a ela contíguo (planalto de Curitiba). Compreende a porção meridional
da Serra do Mar, ocupando o sul do Paraná e o extremo norte de Santa
12
Catarina. Os relevos desta área variam de cerca de 850 a 1.100 metros
de altitude.
Dentro do domínio dos Embasamentos em Estilos Complexos e dentro
do subdomínio dos Embasamentos do Sul, temos a Unidade de Relevo das
Serras
do
Leste
Catarinense.
Esta
Unidade
é
um
prolongamento
dos
paredões costeiros que, ao norte de Joinville, são chamados de Serra
do
Mar,
estendendo-se
desde
Joinville,
SC
até
Criciúma,
SC.
Suas
quotas altimétricas vão desde 100 metros, próximo ao litoral, até mais
de 1.200 metros, nas serras de Anitápolis e Tabuleiro.
Vegetação
A vegetação da região é caracterizada
pela Floresta Ombrófila
Densa nas áreas litorâneas até os contrafortes do Planalto Meridional
Brasileiro, onde as formações florestais evoluem gradualmente para a
Floresta Ombrófila Mista.
A Floresta Ombrófila Densa, segundo Leite & Klein (1990: 118)
"...caracterizava-se por estratos superiores com
grandes árvores de altura entre 25 e 30 metros,
perenifoliadas e densamente dispostas, portando brotos
foliares desprovidos de proteção contra a seca e as
baixas temperaturas."
Uma das características deste tipo de floresta é a diversificação
ambiental resultante de fatores como altitude, umidade e solo, com
grande
influência
desenvolvimento
expressivos,
de
sobre
a
flora
formações
situam-se
e
a
fauna
diversificadas.
entre
30
e
1.000
e
que
Os
ambientes
metros
de
permite
o
mais
altitude,
correspondendo a formações submontanas e montanas. Fisionomicamente,
tem
grande
importância
as
lianas
e
os
epífitos,
principalmente
bromeliáceas, cactáceas, orquidáceas, diversos gêneros de cipós e as
aráceas dos gêneros Philodendron e Anthurium. Sua flora arbórea possui
13
cerca de 708 espécies, sendo as de maior valor fisionômico a canelapreta, a laranjeira-do-mato, a peroba-vermelha, o pau-óleo, a canelasassafrás, a bicuíba, a caxeta-amarela, a canela-amarela, a guarajuva,
a
guapeva,
e
o
palmiteiro.
Nas
planícies
litorâneas
predominam
a
figueira-de-folha-miúda, o taipá-guaçú, o olandi, o ipê-amarelo, o
guacá-de-leite, o baguaçu, o leiteiro e o gumirim-ferro. Nos terrenos
com altitudes acima de 1.000 metros predominam a gramimunha-miúda, o
cambuí, o guaperê, a quaresmeira, a jabuticaba-do-campo, o gumirim, a
congonha e a caúna, entre outros. Ainda nesta altitude, em áreas de
solo
raso
ou
instalação
de
com
embasamento
vegetação
rochoso
exposto,
gramíneo-lenhosa,
com
pode
carás,
ocorrer
a
caratuvas
e
gramíneas como a taquara-lisa.
A região de Floresta Ombrófila Mista, correspondente ao Planalto
Meridional Brasileiro, é caracterizada pela coexistência de espécies
da flora tropical e temperada. O principal destaque é a presença do
pinheiro-do-paraná, ou araucária. O domínio desta floresta se dá em
altitudes acima de 800 metros. Dentro da Floresta Ombrófila Mista
ocorrem
dois
tipos
de
comunidades
com
araucária:
uma
delas
é
caracterizada pela associação predominante da araucária e da imbuia,
ocorrendo ainda a canela-amarela, a canela-preta, a canela-fogo, a
sacopema,
formada
a
a
guabirobeira,
basicamente
acompanhados
por
pela
e
a
erva-mate.
araucária,
canela-lageana,
A
formando
outra
comunidade
estratos
canela-amarela,
é
densos,
canela-guaicá,
canela-fedida, camboatás, casca-d'anta, pinheirinho, guabirobeira e
outras.
Clima
14
O clima da Região Sul, segundo Nimer (1990) pode ser classificado
como Mesotérmico do tipo Temperado, com média de precipitação anual
variando
entre
1.250
a
2.000
mm.,
com
chuvas
uniformemente
distribuídas por todo o território e sem estação seca.
A temperatura média anual na região varia conforme a altitude.
Assim, a média, que no litoral catarinense é de 20oC para uma altitude
até
200
metros,
vai
baixando
progressivamente
conforme
aumenta
a
altitude, chegando no Planalto da Araucárias com médias de 16oC para
altitudes acima de 1.000 metros. Existe ainda, na região, uma marcada
diferença de temperatura entre o verão e o inverno. Durante o mês mais
quente (janeiro), a temperatura média varia de 24o
no litoral, a 20o
no Planalto, podendo atingir, com exceção das regiões mais altas do
Planalto, máximas acima de 40o centígrados. Já durante o mês mais frio
(julho), as temperaturas médias, devido à ação das frentes polares,
oscilam entre 15o e 10o
em quase todo o território, com exceção das
partes mais altas do planalto, que apresentam médias abaixo de 10o
centígrados. Nestas regiões do Planalto é freqüente a precipitação de
neve, enquanto que no restante da região, com exceção de partes do
litoral, é comum a formação de geadas. As mínimas absolutas podem
chegar
a
0o
no
litoral,
diminuindo
progressivamente,
conforme
a
altitude, até mínimas absolutas de -10o C., nas partes mais altas do
Planalto.
As
variações
do
clima
Mesotérmico
na
região
podem
ser
assim
esquematizadas: Clima Mesotérmico Subquente Superúmido nas áreas do
litoral
do
Paraná
e
Santa
Catarina;
Clima
Mesotérmico
Brando
Superúmido nos contrafortes da Serra Geral; Clima Mesotérmico Médio
Superúmido no Planalto das Araucárias.
15
Hidrografia
A região caracteriza-se por possuir, na vertente leste da Serra
Geral, grande quantidade de bacias hidrográficas de pequeno porte, que
Justus
(1990)
classifica
como
Bacias
Hidrográficas
do
Sudeste,
englobando os rios desde o litoral de São Paulo até o litoral do Rio
Grande do Sul. Estes rios são considerados de regime tropical desde o
norte até a Ilha de Santa Catarina, passando a ser classificados como
de regime subtropical da Ilha de Santa Catarina para o sul. São rios
morfologicamente
acidentados na sua
recentes,
com
declividade
acentuada
e
leitos
parte superior, sendo freqüentes as quedas d'água.
Nas proximidades do litoral seus leitos se tornam quase planos e
meandrosos. A maior bacia hidrográfica da região é a do rio ItajaíAçu. Outras bacias de porte menor são as dos rios São João, Cubatão,
Itapocu, Tijucas, Tubarão, Araranguá, Mampituba e Três Forquilhas.
Na vertente sudoeste da Serra Geral, temos as nascentes dos rios
Pelotas e Canoas, formadores do Rio Uruguai.
Os lagos da região são freqüentes, mas confinados ao litoral. Os
principais são as lagoas de Itapeva, Sombrio, Garopaba do Sul, Imaruí
e da Conceição, todas originadas no Holoceno.
Fauna
Entre os animais que podem ocorrer na região em estudo, existem
representantes das seguintes ordens, segundo Silva (1984): Marsupialia
(Gambás, cuícas e guaiquicas), Edentata (tatús e tamanduás), Primatas
(bugios e micos), Carnivora (guarás, graxains, coatis, mão-peladas,
iraras, furões, lontras, ariranhas, gatos-do-mato, pumas, jaguatiricas
e
onças),
Perissodactyla
(antas),
16
Artiodactyla
(porcos-do-mato
e
veados), Rodentia (ouriços-cacheiros, preás, capivaras, pacas, cutias)
e Lagomorpha (tapitis).
As
aves
estão
representadas,
famílias,
segundo
(macucos,
inhambús,
socós,
savacus),
Sick
et
jaós,
alii
(1879):
perdizes,
Cicomiidae
entre
outras,
Rehidae
codornas),
(cegonhas),
pelas
seguintes
(emas),
Tinamidae
Ardeidae
(carcarás,
Threskiornithidae
(íbis),
Phoenicopteridae (flamingos), Anhimidae (tachãs), Anatidae (cisnes,
marrecas), Cathartidae (urubus), Accipitridae (gaviões), Falconidae
(falcões, caracarás), Cracidae (aracuãs, jacus), Phasiamidae (urus),
Aramidae
(carões),
(seriemas),
Jacanidae
Charadriidae
narcejas),
Relidae
(jaçanãs),
(quero-queros,
Psitacidae
(saracuras,
frangos-d'água),
Heamatopodidae
babuíras),
(periquitos,
(pirús-pirús),
Scolopacidae
papagaios),
Cariamidae
(maçaricos,
Columbidae
(pombas,
rolas), Ramphastidae (tucanos), Corvidae (gralhas), além de muitas
outras famílias com representantes de menor porte.
Podem
ser
encontrados
ainda
na
região
quelônios,
répteis,
anfíbios e insetos, destacando-se a importância de várias espécies de
abelhas melíferas.
Os peixes existentes na região são pertencentes a espécies de
pequeno porte, principalmente nas partes superiores dos cursos d'água
da região, com leitos acidentados e encaichoeirados. Entre outros,
ocorrem acarás, traíras, jundiás, cascudos e lambaris. Nas partes
inferiores dos cursos dos rios, já próximos ao litoral, e nas lagoas
costeiras, além destas espécies, ocorrem ainda outras adaptadas a
águas salobras, como tainhas, robalos, bagres e outros.
Disponibilidade de Recursos Naturais
17
Dentro
formações
da
região
florestais
em
estudo,
distintas
e
devido
(Floresta
à
existência
Ombrófila
de
Densa,
duas
Floresta
Ombrófila Mista), os recursos de coleta vegetal, principalmente, e em
menor grau também os recursos de caça e coleta animal, distribuem-se
de maneira sazonal.
Os recursos da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica), estão
disponíveis, em sua maioria, principalmente nos meses de novembro a
abril (final da primavera, verão e início do outono), época em que
diversas
árvores
frutíferas
alcançam
a
plena
maturação
dos
seus
frutos. Um recurso típico da Floresta Ombrófila Densa, o palmiteiro
(Euterpe edulis), pode ter o seu meristema (palmito) coletado durante
todo o ano. A frutificação, nestes meses, é responsável por um aumento
na concentração de aves, mamíferos e répteis, que deles se alimentam,
ou que predam os animais por ela atraídos.
Isto
não
significa
que
durante
os
meses
de
final
de
outono,
inverno e início da primavera não existam recursos de caça nesta área,
mas sim que estes recursos, existentes porém dispersos, se concentram
durante a época de maturação dos frutos.
O recurso vegetal de maior importância encontrado na Floresta
Ombrófila Mista (Mata de Araucárias), é sem dúvida o pinhão, fruto do
Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), cuja maturação se dá nos
meses de abril a junho (final do outono e início do inverno), atraindo
com ela grande quantidade de fauna.
Recursos de coleta vegetal da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlantica)
Nome Comum
Nome Cientifico
Frutificação
Aguaí
Amoreira-do-mato
Ananás-de-cerca
Chisophilum viride
Rubus erythroclados
Ananas bracteatus
primavera
verão
outono
18
Araçá-amarelo
Araticum-cagão
Bacupari
Brejaúba
Butiá-da-praia
Figueira-do-mato
Gravatá
Grumixama
Guamirim-araçá
Guamirim-facho
Ingás
Palmiteiro
Pindabuna
Tajuva
Psidium cattleyanum
Annona cacans
Rheedia gardneriana
Astrocaryum aculeatissimum
Butia capitata
Ficus organensis
Bromelia antiacantha
Eugenia brasiliensis
Murcia glabra
Myrcia dichorophylla
Inga sp.
Euterpe edulis
Duguetia lanceolata
Cholorophora tinctoria
verão/outono
outono
primavera
verão
verão
verão/outono
primavera/verão
inverno/primavera
inverno/primavera
verão/outono
outono/primavera
outono
verão
Recursos de coleta vegetal de ambas as Formações Vegetais
Nome Comum
Amoreira-preta
Araticum
Araticum-do-mato
Chal-Chal
Cincho
Coqueiro-gerivá
Guabirobeira
Jaboticabeira
Pitanga
Tucum
Nome Cientifico
Rubus urticifolius
Rollinia rugosa
Rollinia silvatica
Allophylus edulis
Sorocea bonplandii
Arecastrum romanzoffianum
Campomanesia xantocarpa
Myrciaria trunciflora
Eugenia uniflora
Bactris sp.
Frutificação
verão
verão/outono
outono
primavera/verão
verão
verão/outono
verão
primavera
primavera/verão
inverno
Recursos de coleta vegetal da Floresta Ombrófila Mista (Mata De
Araucárias)
Nome Comum
Butiá-da-serra
Canela-imbuia
Goiaba-do-campo
Pinheiro-do-Paraná
Uvaia
Nome Cientifico
Butia eriosphata
Nectandra megapotamica
Feijoa sellowiana
Araucaria angustifolia
Eugenia pyriformis
19
Frutificação
verão
verão/outono
outono
outono/inverno
verão
Outros recursos de coleta animal, entre os quais se destacam o
mel e larvas de diversos insetos, podem ser encontrados em ambas s
regiões durante todo o ano.
Rochas
artefatos
passíveis
líticos
de
podem
serem
ser
utilizadas
encontradas
como
tanto
matéria-prima
nas
áreas
de
baixas,
próximas ao litoral, como no Planalto, sob a forma de afloramentos ou
sob a forma de seixos rolados, carreados desde sua origem pelos cursos
de água de grande energia existentes na região. Entre estas rochas,
destacam-se o diabásio, o basalto, o quartzito, o sílex, a calcedônia
e o arenito silicificado.
O ambiente descrito, sujeito a quatro estações bastante marcadas
por
causa
da
latitude,
com
recursos
multiplicados
por
causa
do
gradiente altitudinal e compartimentação geomorfológica, pode induzir
uma
população
caçadora-coletora
a
criar
para
si
um
sistema
de
assentamento e manutenção anual específico para a base material na
qual se instala.
20
Grande extensão territorial e limites bem claros com os ambientes
vizinhos podem facilitar a manutenção do modo de vida criado e defesa
do
território
contra
outras
populações
indígenas,
avançadas tecnológica e socialmente.
Veremos que isso aconteceu com os Xokleng.
21
mesmo
que
mais
3 QUEM CRIOU A INFORMAÇÃO SOBRE OS XOKLENG E SOBRE OS OCUPANTES ANTERIORES
DO SEU TERRITÓRIO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Fontes Históricas e Antropológicas
A documentação histórica e antropológica sobre os Xokleng pode
ser
dividida
cronologia
em
dos
três
grandes
documentos,
grupos
dos
temáticos,
relatos
e
os
de
acordo
objetivos
com
que
a
se
propuseram os autores dos mesmos.
Ao primeiro grupo chamaremos de Documentos Históricos, estando
incluídos nesta classificação os relatos de viajantes estrangeiros
(séculos XVIII e XIX), as Fallas e Relatórios dos Presidentes da
Província de Santa Catarina (séculos XIX e XX), obras de história
catarinense municipais e regionais (séculos XIX e XX), e crônicas
históricas municipais (século XX).
Ao segundo grupo, chamaremos de Relatos Etnográficos, englobando
narrativas
e
professores,
entrevistas
jornalistas
feitas
e
por
agrimensores,
missionários
que,
quer
engenheiros,
direta
quer
indiretamente, estiveram envolvidos com os Xokleng, procurando nestas
obras
descrever
seus
costumes
e
hábitos.
Estes
relatos
datam
dos
séculos XIX e XX.
Ao
terceiro
grupo
chamaremos
de
Obras
Antropológicas.
Este
é
formado por obras a respeito dos Xokleng que mostram preocupação em
sistematizar os dados existentes, obtidos a partir do contado com o
próprio grupo ou a partir de outros documentos, de acordo com a teoria
e método antropológicos. Estas obras são datadas do século XX.
Dentro do grupo dos Documentos Históricos, as informações que
podem ser obtidas dizem respeito principalmente à presença
diferentes
áreas
do
território,
percebida
através
Xokleng em
dos
ataques
realizados aos colonizadores, o que ajuda a traçar os limites do
território histórico do grupo. Menos freqüentes nestes documentos são
informações sobre armamento, habitação e alimentação.
Entre
os
viajantes
que
percorreram
a
região,
Frézier,
1716
(1984)*; Langsdorf, 1812 (1984); Mawe, 1812 (1984); Lisianski, 1814
(1984); Duperrey, 1827 (1984), referem-se à presença de índios nas
matas fronteiras à Ilha de Santa Catarina, o que impedia a colonização
da região.
Saldanha, 1798 (1871) e Matos, 1797 (1858), falam da existência
de índios nas matas da Serra Geral, até o rio Canoas, no Planalto
Catarinense.
*Para
melhor localizar temporalmente os autores citados, após o nome do autor
apresentamos a data em que a observação foi feita, sendo seguida esta pela data
entre parênteses da edição do relato por nós utilizada.
23
Saint-Hilaire, 1820 (1978), relata ataques próximos a Piraquê, no
litoral
norte
de
Santa
Catarina,
feitos
por
índios
de
lábios
perfurados chamados pelos Kaingang de Palmas de "socrê".
Carvalho, (1824) fala de ataques nas vilas de Lages, Laguna e
Araranguá, em Santa Catarina.
Seidler, 1835 (1941), diz que na região de Torres, RS, os colonos
sofriam constantes ataques dos índios.
Lima, 1842 (1863), conta que os Xokleng habitavam entre os rios
Iguassú e Uruguai, tendo à época atacado a localidade de Itapeva, no
Rio Grande do Sul.
Aubé (1847), refere-se à existência de índios "bugres" nas matas
do norte de Santa Catarina, trazendo ainda algumas informações sobre
armamento, habitação e alimentação destes.
Avé-Lallemant, 1882 (1980), relata ataques ocorridos à época, na
região de Tijucas, na estrada entre Tubarão e Lages e no município de
Lajes no Planalto Catarinense.
Hensel, 1892 (1928), conta que os Botocudos, que atacavam os
colonos alemães instalados ao norte do Rio Grande do Sul, se teriam
retirado para as matas de Santa Catarina e Paraná.
Pitanga,
1882
(1916),
relata
um
ataque
de
bugreiros
a
um
acampamento Xokleng próximo ao Rio Negro, no norte de Santa Catarina,
que havia sido presenciado por um estancieiro de Curitibanos, seu
informante.
As Fallas e Relatórios dos Presidentes da Província de Santa
Catarina são discursos informativos destes às Câmaras Provinciais ou
24
aos
seus
sucessores,
podendo
ou
não
serem
anuais.
A
principal
informação que apresentam diz respeito às incursões e ataques dos
Xokleng contra localidades ou tropeiros, fornecendo assim dados sobre
o território histórico do grupo. Em alguns casos apresentam ainda
informações mais ou menos detalhadas sobre armamento, habitação, caça
e coleta, nomadismo, e motivos dos ataques. Estas Fallas e Relatórios
cobrem
o
período
de
1835
a
1911,
sendo
que
as
mais
ricas
em
informações são as FPP-34 (1876), FPP-35 (1877, FPP-46 (1905) e FPP-47
(1911).
As
obras
de
história
catarinense,
em
sua
grande
maioria,
registram informações sobre ataques dos Xokleng aos núcleos coloniais
que, durante o século XIX, começam a ser fundados no Estado. Assim,
D'Almeida Coelho (1856), além de breves notas sobre o nomadismo dos
índios e informações sobre os locais onde apareciam mais comumente
(Itajaí,
Camboriú,
estradas
de
São
José
e
Tubarão
até
Lages,
Itapocoroy e São Francisco do Sul), registra ataques às colônias Nova
Itália (Col. Demaria & Schuttel) e Santa Teresa, no centro-norte de
Santa Catarina.
Rosa (1905) registra ataques em Camboriú e na Colônia Nova Itália
(Col. Demaria & Schuttel).
Boiteux (1911) fornece maior quantidade de informações a respeito
dos Xokleng; embora parte destas informações refiram-se aos Kaingang
de Palmas, baseadas nos relatos de Telêmaco Borba e Frei Luís de
Semetille, a outra parte, baseada em informações do Engenheiro Jacques
Ouriques, contém importantes dados sobre o território ocupado pelo
grupo, nomadismo, cultura material, alimentação e hábitos funerários.
25
Boiteux (1939) relata ataques ocorridos à época da fundação da
colônia Nova Itália (Col. Demaria & Schuttel), em meados do século
XIX.
Ramos (1944), fala de ataques realizados pelos índios à época da
fundação de Lages, no Planalto de Santa Catarina, em meados do século
XVIII.
Cabral (1958) em obra sobre a fundação de Brusque, cita vários
ataques de índios a colonos, ocorridos na região entre 1860 e 1866.
Por fim, as crônicas históricas municipais são obras geralmente
escritas por pessoas sem formação acadêmica em História e baseados em
documentação
fotográfica,
genealogias,
entrevistas,
registros
religiosos e civis e outros, traçando desta maneira a crônica da
evolução da comunidade ou município a que pertencem. Apesar de muitas
vezes
apresentarem
dados
etnográficos
confusos,
com
informações
mescladas de vários grupos indígenas, uma pesquisa cuidadosa pode
fornecer
informações
sobre
ataques
de
índios,
cultura
material,
habitação e alimentação dos Xokleng.
Entre
estes
autores,
Gernhard
(1901),
escrevendo
sobre
as
colônias Dona Francisca, Hansa e Blumenau, fundadas no Vale do Itajaí
- SC, além de referir-se a ataques ocorridos entre 1863 e 1880 na
região,
apresenta
ainda
um
quadro
da
cultura
Xokleng,
com
alguns
detalhes sobre nomadismo, caça e coleta, armamento, estratégias de
ataque e as maneiras que os colonos encontravam para evitar esses
ataques.
Marzano (1904), em obra sobre a fundação da colônia de Urussanga,
sul de Santa Catarina, narra vários ataques sofridos pela colônia
26
entre
1883
e
1885,
dando
ainda
algumas
informações
sobre
físico,
armamento e estratégias de ataque utilizadas pelos Xokleng.
Stulzer
(1973),
Silva,
E.
(1975)
e
Vicenzi
(1985)
falam
de
ataques ocorridos na região de Jaraguá do Sul, Corupá e Rio dos
Cedros, no início da colonização destes municípios do norte de Santa
Catarina.
Também Silva, J. (1972) relatam os ataques sofridos no início da
colonização de Blumenau - SC. O segundo autor traz ainda algumas
informações sobre a cultura material e o nomadismo dos Xokleng.
Dall'Alba (1973), além de apresentar uma entrevista com um exbugreiro oferece dados sobre ataques ocorridos durante a colonização
do Vale do Rio Braço do Norte, no Sul de Santa Catarina.
Dentro
do
grupo
dos
Relatos
Etnográficos,
as
primeiras
informações disponíveis são de Vasconcellos, 1884 (1912), onde este
autor oferece dados sobre estratégias de ataque, armamento e rituais
funerários
dos
Xokleng,
trazendo
ainda
um
vocabulário
comparado
Kaingang, Kren, Botocudo Gigante e Português.
Tavares
(1912),
publicou
um
relato
baseado
em
informações
de
Pedro Andiro Nuclé, Criança Xokleng capturada em 1905 por bugreiros,
aos 8 anos de idade. Neste relato encontramos dados sobre alimentação,
nomadismo,
armamento,
rituais
funerários,
habitação
e
físico
dos
Xokleng.
Zittlow
&
Bischoff
(1915)
publicaram
uma
reportagem
sobre
os
Xokleng então recém contatados em Rio Plate, Santa Catarina, onde se
referem a ataques ocorridos no passado, descrevendo também os adornos,
27
pintura corporal, corte dos cabelos, armamento, perfuração dos lábios,
vestimenta e objetos de transporte.
Paula (1924) é o trabalho mais completo sobre os Xokleng dentre
os relatos pesquisados. Preparado para ser apresentado no XX Congresso
Internacional de Americanistas, está baseado tanto em observações do
autor como também em dados organizados pelo Serviço de Proteção ao
Índio.
Estas
dizem
respeito
ao
território
do
grupo,
dados
de
antropologia física, doenças, subsistência, nomadismo, alimentação,
habitação,
estratégias
de
ataque
e
defesa,
armamento,
rituais
funerários e organização social.
Entres
(1929)
traz
dados
sobre
o
território,
armamento,
habitação, cultura material e alimentação, que podem ser aproveitados,
embora estejam um tanto misturados com informações referentes aos
Kaingang. O autor apresenta ainda um relato do intérprete Geremia,
capturado pelos Xokleng quando criança, tendo convivido com o grupo
durante
certo
tempo.
Neste
relato
tem-se
outras
interessantes
informações.
Kempf (1947) organizou e publicou um trabalho sobre os Xokleng do
Rio Plate elaborado por um religioso franciscano na década de 1940.
Este
trabalho
baseia-se
em
entrevista
com
dois
ítalo-brasileiros
moradores de Rodeio, SC, que trabalharam oito anos no Posto Indígena
de Rio Plate. Embora muitas vezes estas informações sejam imprecisas e
contraditórias,
estrutura
podem-se
social,
aproveitar
habitação,
dados
armamento,
sobre
alimentação,
o
território,
cerimônia
de
perfuração de lábios e rituais funerários.
Dall'Alba (1973) inclui em sua obra uma entrevista com o bugreiro
Ireno Pinheiro, a partir de cujas observações podem-se visualizar
28
informações sobre a cultura material Xokleng, principalmente sobre
armamento,
utensílios,
adornos,
caça
e
coleta,
alimentação
e
habitação.
Dentro do grupo de obras antropológicas, Ploetz & Métraux (1930)
publicaram
uma
Meridional
e
obra
comparativa
Oriental.
Em
entre
relação
aos
consideram lingüisticamente aparentados
os
grupos
Xokleng,
Gê
que
do
os
Brasil
autores
aos Kaingang, denominam-nos
de Botocudo de Santa Catarina, Aweikoma ou Schokleng.
Os dados a respeito dos Xokleng são baseados principalmente em
Paula
(1924),
tradicional
do
trazendo
grupo,
ainda
cultura
informações
material,
sobre
religião
o
e
território
sociedade.
Os
autores concluem que as grandes diferenças existentes em termos de
cultura material entre os dois subgrupos Gê (Oriental e Meridional),
demonstram que estes não formavam uma unidade cultural, tendo antes
recebido influências de todos os tipos, senão tendo antes origens e/ou
raças diferentes. Outra conclusão a que chegam os autores é a de que a
cultura dos Gê "...são compostas de elementos culturais muito antigos, e
desprovidos
de
outros
elementos
próprios
à
tribos
mais
evoluídas."
(Ploetz & Métraux, 1930: 233).
Em relação aos Xokleng, em particular, os autores têm o mérito de
haver reunido em uma síntese as informações disponíveis à época.
Schaden (1937) publicou pequeno trabalho descritivo onde procurou
reunir diversos dados a respeito dos Xokleng, principalmente sobre
território, filiação étnica, cultura material, estratégias de caça,
dados da antropologia física, sociedade
as
informações
são
confiáveis,
e religião. De maneira geral,
apesar
de
apresentarem
algumas
discrepâncias em relação aos dados de outros pesquisadores. Isto se dá
29
provavelmente devido a distorções existentes nos relatos empregados
pelo autor. Neste texto são ainda abordadas as mudanças da cultura
material
tradicional
Xokleng
provocadas
pelo
aldeamento
no
Posto
Indígena de Rio Plate, então em Ibirama, decorrentes do contato com a
sociedade nacional.
Henry (1942), baseando-se em pesquisas de campo efetuadas entre
1932
e
1934
no
posto
indígena
de
Rio
Plate,
em
Santa
Catarina,
publicou o principal trabalho existente sobre a sociedade Xokleng
tradicional, descrevendo desde a organização social e econômica até a
cultura
material
parentesco,
do
rituais,
grupo,
fixando-se
psicológicas
e
ainda
nas
lingüísticas.
questões
Baldus
de
(1954)
apresenta várias críticas a este trabalho, embora sempre realçando a
sua importância. Entre estas críticas, destacamos a de que o autor
reuniu
indiscriminadamente
informações
da
cultura
Xokleng
passada,
obtida através de informantes índios, com suas próprias observações
particulares, sem fazer distinção entre os diferentes valores que
estes dados encerram.
Apesar deste problema e do fato de que algumas de suas análises
estejam hoje ultrapassadas, como por exemplo a análise psicológica do
grupo, este é um importante trabalho, continuamente citado em todas as
obras posteriores sobre os Xokleng.
Henry (1964) discute neste artigo a nomenclatura dos Xokleng,
considerando a denominação correta do grupo como sendo Kaingang, já
que as línguas de ambos os grupos são aparentadas. O Autor aborda
ainda nesta obra os problemas inerentes à transição de uma cultura
baseada na caça e coleta para a agricultura, sugerindo meios para
facilitar este processo.
30
Guérios (1945), estudando comparativamente os idiomas Xokleng e
Kaingang, opta pelo parentesco entre as duas línguas, embora tenha
destacado a exigüidade dos vocabulários que teve à disposição.
Schaden, F. (1946), apresenta em cinco artigos, diversos aspetos
dos
Xokleng,
desde
a
sua
cultura
tradicional,
até
os
problemas
enfrentados pelo grupo durante os momentos iniciais do contato.
Hanke
(1947),
generalizações
a
publicou
respeito
um
dos
trabalho
Xokleng
etnocêntrico
de
Ibirama,
e
no
eivado
qual
de
ainda
procurou levantar hipóteses sobre a arqueologia da região, que hoje se
revelam ultrapassadas. Nesta obra, a autora apresenta ainda dados
sobre a cultura material, sociedade e religião Xokleng que, estudados
com
cautela,
podem
ser
utilizados.
Encontram-se
ainda
transcritas
nesta obra algumas lendas Xokleng que, devido a referências à pesca e
erva-mate,
parecem
possuir
influências
guaraní
ou
Kaingang
pós-
contato.
Nimuendajú
discutem
as
&
Guérios
conclusões
(1948),
em
publicadas
por
correspondência
Guérios
publicada,
(1945),
chegando
Nimuendajú à conclusão de que o Xokleng é um dialeto Kaingang, embora
bastante
diferenciado,
e
que
suas
culturas
apresentam
diferenças
evidentes, não devendo, portanto, serem tratadas como do mesmo grupo.
Métraux (1947), tratando de rituais de sepultamento dos índios da
América
do
Sul,
refere-se
aos
rituais
de
cremação
e
enterramento
Xokleng, baseando-se nas informações de Henry (1945).
Schaden, F. (1958) publicou um esboço comparativo entre os grupos
Xokleng
e
Kaingang,
apresentando
31
várias
diferenças
culturais
existentes entre ambos, embora sem defender nenhuma posição a respeito
do parentesco entre os grupos.
Métraux (1963) publicou um trabalho sobre os Kaingang, entre os
quais inclui os Xokleng. Nesta obra, compara dados a respeito das
divisões
tribais,
atividades
de
subsistência,
cultura
material,
nomadismo, organização social e outros aspectos da cultura do grupo,
baseando-se grandemente em Henry (1941).
Hicks (1966) defende, neste artigo, que a existência de nove
itens culturais contrastantes entre os Xokleng (chamados pelo autor de
Aweikoma) e os Kaingang, demonstra uma diferença fundamental entre as
duas sociedades, sendo estas essencialmente diferentes.
Forno (1966) publicou um artigo sobre peças líticas classificadas
como Xokleng (Aweikoma, segundo o autor) existentes no Instituto de
Antropologia da Universidade de Turim. A partir das ilustrações, notase que estas peças líticas são arqueológicas, provenientes de diversos
sítios
pré-históricos
existentes
na
região
Sul
do
Brasil
e
dificilmente atribuíveis a qualquer grupo indígena histórico. O autor
traça ainda um breve painel cultural do grupo Xokleng, baseado em
Henry
(1941)
e
Métraux
(1946),
bastante
mesclado
com
dados
dos
Kaingang de São Paulo e Paraná.
Santos
(1971b)
publicou
um
trabalho
no
qual
relaciona
as
evidências sobre a existência de índios Xokleng arredios na Serra do
Tabuleiro, na região Centro-Sul de Santa Catarina.
Santos (1973), em tese de doutoramento sobre os Xokleng do Sul do
Brasil, enfoca principalmente o histórico dos confrontos do grupo
indígena com a sociedade nacional, com a conseqüente aculturação dos
Xokleng remanescentes destes conflitos, freqüentemente violentos. Em
32
dois
capítulos,
o
autor
aborda
a
cultura
tradicional
do
grupo,
trazendo informações sobre a cultura material, organização social,
religião e outros aspectos da cultura Xokleng, baseados principalmente
em Paula (1924) e Henry (1941).
Kühne (1979) publicou um trabalho comparativo sobre a agricultura
entre os grupos Kaingang e Xokleng (chamados Lakranó pelo autor) e
outros grupos Gê. A pequena parte, que se refere aos Xokleng, é
baseada em Henry (1964).
Kühne (1980), em outra publicação, relaciona as atividades de
pesca, coleta e domesticação de animais entre Gê, incluindo dados
sobre os Xokleng baseados em Henry (1964) e Métraux (1946).
Sullivan & Moore (1990), em trabalho sobre a expressão artística
Xokleng
a
partir
do
contato
com
a
sociedade
nacional,
descrevem
artefatos do grupo existentes em coleções do Texas Memorial Museum,
American Museum of Natural History, Greg Urban Collection e Museum of
American Indian, nos Estados Unidos da América.
A Bibliografia sobre os Xokleng apresenta ainda muitos trabalhos
versando sobre os problemas enfrentados pelo grupo para adaptar-se à
sociedade
nacional,
como
por
exemplo
Santos
(1964,
1969,
1972)
e
Demarquet (1963). Como não nos ocuparemos deste tema nesta monografia,
aconselhamos
aos
interessados
consultarem
Baldus
(1954,
1968)
e
Hartmann (1984), para uma bibliografia crítica sobre o tema.
A informação produzida por estes autores encontra-se organizada
no capítulo 4.
33
Documentação Arqueológica
Os estudos de arqueologia pré-histórica na Região Sul do Brasil
não
se
desenvolveram
de
maneira
homogênea.
Embora
o
litoral
sul-
brasileiro tenha sido pesquisado de forma mais ou menos constante
desde a década de 40, foi somente a partir do Programa Nacional de
Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA), na década de 60, que os trabalhos
tornaram-se
mais
intensos
nesta
região,
expandindo-se
também
para
áreas do interior dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do
Sul,
possibilitando
a
elaboração
de
seqüências
culturais
e
cronológicas para as ocupações pré-históricas desta região (Mendonça
de Souza, 1991).
Porém, mesmo com este avanço, a região de Mata Atlântica que
ocupa os contrafortes da Serra Geral, desde as proximidades do Litoral
até as bordas do Planalto das Araucárias, englobando o extremo norte
do Rio Grande do Sul, grande parte do estado de Santa Catarina e o Sul
do Paraná, só foi prospectada de maneira ocasional, possuindo mesmo
hoje alguns poucos levantamentos de sítios arqueológicos e mais raras
ainda escavações e datações. Apesar da precariedade dos dados, estes
trabalhos
vieram
mostrar
que
a
região
é
rica
em
testemunhos
arqueológicos como sinalações rupestres, casas subterrâneas, aterros,
sítios
abertos
cerâmicos
e
pré-cerâmicos,
galerias
subterrâneas,
abrigos-sob-rocha com vestígios de habitação e sepultamentos, e outros
(Rohr, 1973).
O
primeiro
autor
a
publicar
dados
sobre
a
região
foi
Piazza
(1966), que realizou um levantamento arqueológico nos municípios de
São Joaquim e Urubici, em Santa Catarina, localizando oito grutas com
vestígios de ocupação
pré-histórica e um sítio aberto cerâmico, além
de obter notícias sobre outros sítios arqueológicos da região. Nas
grutas foram encontrados sepultamentos, material lítico diverso e, em
três casos, gravações rupestres. Carvão recolhido pelo autor na gruta
"Casa de Pedra", em prospecção ali realizada, deu uma datação de 1040
A.D.
Piazza (1967) publica uma nota prévia com os resultados de outro
levantamento arqueológico na região do Vale do Rio Itajaí, em Santa
Catarina, onde localizou cinco grutas com sepultamentos, duas com
vestígios de ocupação
(material lítico) e três sítios abertos com
material lítico (pontas de flecha, batedores, raspadores, lâminas de
machado, mãos-de-pilão, perfuradores, seixos trabalhados e lascas. Em
um destes sítios também foram encontrados restos de cestaria. Baseado
no fato de não ter sido encontrada cerâmica, o autor conclui que
"pode-se para efeito de discussão, aceitar a tese de que a cerâmica dos
Xokleng atual - uma única peça - seja fruto de contato cultural recente
..." (Piazza, 1967:43).
Rohr
(1967)
também
realizou
levantamentos
arqueológicos
em
Urubici, Santa Catarina, localizando casas subterrâneas, montículos de
sepultamentos e furnas com sepultamentos. Na ocasião, o autor escavou
uma
área
de
128
m²
de
um
sítio
aberto
pré-cerâmico
(SC-VI-13),
instalado em um pântano, situado no sopé de uma elevação a 500 m do
rio Itajaí do Sul. A escavação revelou duas camadas de ocupação. Uma
delas estava a 60 cm de profundidade e era composta por seixos rolados
e artefatos de pedra, fibra vegetal e madeira, às vezes parcialmente
carbonizadas,
encontrados
formando
nesta
uma
camada
base
de
foram
cabana.
lâminas
35
de
Os
artefatos
machado,
líticos
batedores,
amoladores, quebra-coquinhos e lascas, confeccionados em basalto e
sílex. Os artefatos de origem vegetal encontrados foram trançados de
fibra
de
imbé
(Philodendron
sp.),
cordas
e
restos
de
cascas,
e
artefatos de nó de pinho.
No segundo piso de habitação, a 80 cm de profundidade, encontrouse cascalho trazido do rio e artefatos líticos semelhantes aos do
nível
anterior,
embora
bastante
mais
decompostos.
As
amostras
de
carvão recolhidas a 60 cm. foram datadas em 3.000 A.P. (Rohr, 1984).
Ainda
situados
neste
na
trabalho,
margem
o
esquerda
autor
do
escavou
rio
montículos
Itajaí
do
Sul,
de
terra,
encontrando
estruturas de barro preenchidas com terra, além de carvão, a uma
profundidade de 30 a 50 cm.
Piazza
(1969)
apresenta
realizadas na área dos
ainda
resultados
de
prospecções
"campos de Lages", na região das nascentes dos
rios Pelotas e Canoas, no Planalto sul-catarinense. Ali localizou
cinco
casas
subterrâneas,
quatro
abrigos
sob-rocha,
três
sítios
cerâmicos, um sítio lítico aberto, um sítio de petróglifos e dois
sítios-oficina
com
polidores
fixos.
Baseado
neste
levantamento,
estabeleceu quatro fases arqueológicas para a região, sendo duas précerâmicas (fase Cotia e Urubici) e duas ceramistas (fases Xaxim e
Ibirama).
Rohr
(1971)
arqueológicos
do
publicou
Planalto
extensos
Catarinense,
levantamentos
totalizando
de
três
sítios
meses
de
trabalhos de campo entre 1966 e 1971. Os 67 sítios registrados situamse a uma altitude entre 400 e 1200 metros, constituindo-se de cinco
sítios
com
gravações
rupestres,
quinze
36
sítios
de
sepultamento
em
abrigos
sob-rocha,
subterrâneas,
cerâmicos
e
quatorze
casas
subterrâneas,
dezenove
galerias
oito terreiros de antigas aldeias, dois sítios abertos
cinco
pré-cerâmicos,
localizados
nos
municípios
de
Urubici, Petrolândia, Rancho Queimado, Atalanta, Imbuia, Ituporanga,
Bom Retiro, Alfredo Wagner, Lages e São Joaquim.
Duas
casas
subterrâneas
foram
escavadas
(SC-Urubici-10
e
SC-
Urubici-11), foram feitas prospecções em terreiros de antigas aldeias
e coletas sistemáticas de material arqueológico em superfície.
Nas casas subterrâneas, o material arqueológico encontrado era
composto de cerâmica predominantemente sem decoração, embora também
tenham
ponteada
sido
e
raspadores,
raspadores
encontrados
ungulada.
picões,
O
poucos
fragmentos
material
lítico
batedores,
com
decoração
lascado
lascas,
era
incisa,
composto
talhadeiras,
de
bigornas,
e lascas confeccionadas em diabásio, sílex, siltito e
riolito. O material lítico polido era composto de facas, alisadores e
raspadores em folhelho e siltito.
Nos
terreiros
de
antigas
aldeias
foram
encontrados
restos
de
fogueiras contendo carvão vegetal, fragmentos cerâmicos sem decoração
e
material
lítico.
Segundo
o
autor,
estas
aldeias
"achavam-se
localizadas em pontos altos e estratégicos e estavam guarnecidas por uma
paliçada protetora, que se manifesta, ainda hoje, pela coroa de terra
circular ao redor do topo do morro"
(Rohr, 1971:19).
Nos sítios abertos pré-cerâmicos foram coletados, em superfície,
pontas de flecha, pingentes, alisadores, facas, raspadores, furadores,
formões, núcleos e resíduos de lascamento confeccionados em sílex
lascado
ou
polido,
além
de
lâminas
37
de
machado
e
mãos-de-pilão
confeccionadas em diabásio polido. Alguns poucos artefatos de arenito
também foram recolhidos. Ainda sobre estes sítios, o autor não tem
certeza
de
trabalhos
que
de
representem
lavoura,
uma
removendo
ocupação
o
pré-cerâmica,
solo,
podem
ter
já
que
os
destruído
as
evidências cerâmicas.
Quanto
ao
sítio
aberto
cerâmico,
nele
foi
coletada
cerâmica
predominantemente sem decoração, com apenas um caco decorado.
Piazza & Eble (1968)
realizaram uma prospecção em sítio cerâmico
situado às margens do Rio Plate, em Ibirama, SC (SC-VI-09). Em um
corte de 1m² foram coletados 215 fragmentos cerâmicos sem decoração,
de cor cinza e preta, que os autores associaram ao grupo Xokleng, que
está
instalado
em
um
posto
indígena
nas
proximidades.
Os
autores
afirmam ainda que esta cerâmica poderia ser "fruto de contato cultural
recente, com outros grupos Gê - os Kaingang"
Eble
(1973a),
reunindo
as
(Piazza & Eble, 1968:8).
informações
existentes,
busca
neste
trabalho traçar uma síntese da arqueologia do Vale do rio Itajaí, em
Santa Catarina, procurando levantar questões como o contato entre
grupos humanos do litoral e do Planalto, as possibilidades de trabalho
criadas pela pesquisa etnográfica e a possibilidade de utilização de
analogias
etnográficas
na
arqueologia
da
região,
baseando-se
nos
Xokleng, entre outros.
Eble (1973b) publica um projeto de pesquisa em que defende as
possibilidades de utilização da analogia etnográfica para fazer a
ligação entre grupos Gê históricos, como os Xokleng, com culturas préhistóricas
cujos
sítios
arqueológicos
território.
38
estão
localizados
no
mesmo
Piazza (1974), fazendo um levantamento dos sítios arqueológicos
do Planalto de Canoinhas, Santa Catarina, localizou na região seis
sítios arqueológicos (sítios-habitação em abrigos sob-rocha, e sítiosoficina
abertos),
englobados
na
Fase
Taió.
Segundo
o
autor,
nos
sítios-oficina, situados ao ar livre, o material arqueológico ocorre
até
30
cm
de
profundidade,
enquanto
que
nos
sítios-habitação,
instalados em abrigos sob-rocha, os estratos arqueológicos chegam até
2,5 metros de espessura. A indústria lítica é composta por pontas de
flecha de quartzo, calcedônia e arenito endurecido, apresentando ainda
lascas e raspadores em arenito. As datações obtidas para a fase são AD
1290 e AD 1660 (SI-537 e 536).
Reis (1980) apresenta, em dissertação de mestrado os resultados
de
suas
pesquisas
sobre
as
estruturas
subterrâneas
do
Planalto
Catarinense, compreendendo áreas desde os campos de Lages até o Oeste
de Santa Catarina. Na região dos Campos de Lages, a autora localizou
36
sítios
arqueológicos
(estruturas
subterrâneas)
situados
nos
municípios de Lages e Bom Retiro. Em um destes sítios (SC-CL-9), foram
escavadas duas estruturas subterrâneas, sendo recolhidos fragmentos
cerâmicos e peças líticas.
Rohr (1982) publica um levantamento arqueológico na região do
município de Urussanga, Sul de Santa Catarina, localizando quinze
sítios arqueológicos (14 sítios abertos e um sítio de sepultamentos em
abrigo sob-rocha). Os sítios apresentavam material lítico lascado,
predominantemente
raspadores,
em
alisadores,
quartzo,
facas
destacando-se
e
lascas
com
pontas
ou
sem
de
flecha,
trabalho.
Em
diabásio lascado e polido foram recolhidos machados, mãos de pilão,
quebra-coquinhos e outros artefatos.
39
O
sítios
autor
levanta
ainda
arqueológicos
a
hipótese
poderiam
ser
de
os
que
os
ocupantes
antepassados
dos
destes
Xokleng
e
Kaingang históricos.
Baseados nos dados recuperados por estes pesquisadores, diversas
sínteses e listagens de sítios arqueológicos foram feitas por outros
pesquisadores. A listagem dos sítios arqueológicos de Santa Catarina
mais completa é a de Rohr (1984), enquanto que as sínteses regionais
existentes são as de Rohr (1973), Prous & Piazza (1977), Schmitz
(1991) e Prous (1992).
A
partir
dos
dados
apresentados,
pode-se
perceber
uma
diferenciação geográfica em relação aos sítios arqueológicos da área
em estudo, com determinados sítios se mostrando mais freqüentes nas
áreas
mais
altas
do
Planalto
e
outros
mais
freqüentes
nas
áreas
baixas, cobertas com Mata Atlântica.
Como
a
informação
produzida
não
é
muito
abundante,
ela
vem
sintetizada a seguir.
No Planalto, os sítios que ocorrem são os seguintes:
Galerias Subterrâneas: estes sítios arqueológicos, exclusivos do
Planalto, apresentam-se na forma de túneis escavados por populações
pré-históricas
nas encostas de elevações, podendo apresentar salões,
respiradouros e várias saídas. Gravações rupestres foram percebidas
nas
paredes
de
uma
destas
galerias,
tendo
sido
ainda
encontrados
fragmentos cerâmicos similares aos das casas subterrâneas no interior
de outras, segundo Rohr (1971).
40
Casas Subterrâneas: estes sítios arqueológicos são encontrados
predominantemente nos contrafortes da Serra Geral e no Planalto SulBrasileiro,
geralmente
em
altitudes
acima
de
400
metros,
embora
existam notícias de ocorrências próximas ao Litoral, conforme Rohr
(1971, 1984). Apresentam-se como depressões no terreno, de tamanho e
profundidade variável, ocorrendo tanto isoladamente como em grupos.
Não existem datações para estes sítios arqueológicos no Estado de
Santa Catarina, mas datações obtidas no Rio Grande do Sul vão desde
2.000
AP
até
a
época
do
descobrimento,
segundo
Schmitz
&
Becker
(1991). Quanto à sua utilização, escavações realizadas no Rio Grande
do Sul parecem comprovar seu uso como habitação, embora ainda não se
possa
afirmar
o
mesmo
para
os
sítios
existentes
em
território
catarinense, segundo Reis (1980). Nas pesquisas realizadas nesta área,
o principal vestígio arqueológico recolhido no interior das casas
subterrâneas compõe-se de fragmentos cerâmicos associados às tradições
Taquara e Itararé, juntamente com material lítico lascado e polido.
Rohr (1971) percebeu também gravações rupestres na parede de uma das
estruturas subterrâneas por ele escavada.
Terreiros de Aldeias: estes sítios arqueológicos, até o momento
exclusivos do Planalto, apresentam-se como áreas niveladas no cume de
elevações, limitadas por um rebordo de terra. Sondagens efetuadas
nestes
sítios
aqueológicos
revelaram
artefatos
líticos
e
cerâmica
atribuível à tradição Itararé.
Abrigos Sob-Rocha com Vestígios de Habitação: estes sítios, até o
momento
localizados
apenas
no
Planalto
e
seus
contrafortes,
caracterizam-se por locais abrigados das intempéries junto a paredões
rochosos,
onde
percebem-se
vestígios
41
de
ocupações
humanas
pré-
históricas. Os sítios até o momento prospectados são pré-cerâmicos,
podendo estar relacionados com a Tradição Umbu. As datações existentes
para um destes sítios, segundo Piazza (1974), são de AD 1290 e AD
1660.
Abrigos
Sob-Rocha
com
Gravações
Rupestres:
localizados
até
o
momento unicamente no Planalto, são caracterizados por apresentarem
figuras gerométricas esculpidas em baixo-relevo nas paredes de locais
abrigados de paredões rochosos. Os motivos destas gravações podem ser
triângulos,
paralelogramos
com
retas
paralelas
cruzadas
em
seu
interior, linhas curvas, círculos e pontos. Em abrigos desta natureza,
até o momento, não foram percebidos vestígios de habitação.
Grutas e Abrigos Sob-Rocha com Sepultamentos: geralmente situados
próximos a cascatas, embora predominem no Planalto, também podem ser
encontrados em áreas baixas, cobertas de Mata Atlântica, conforme Rohr
(1982).
Caracterizam-se
pela
presença
de
sepultamentos
humanos,
algumas vezes acompanhados por cerâmica, pontas líticas ou adornos
confeccionados em pedra, dente ou concha.
Sítios
Abertos
Pré-Cerâmicos:
modernamente
freqüentes
no
Planalto, caracterizam-se por manchas escuras no solo, onde concentrase o material arqueológico, geralmente composto de pontas líticas e
outros
artefatos
elaborados
em
pedra
lascada
e
polida.
As
pontas
líticas que ocorrem nestes sítios podem ser associadas à Tadição Umbu.
O único sítio aberto pré-cerâmico escavado, o sítio arqueológico de
Alfredo Wagner, não se enquadra perfeitamente nesta categoria, já que
não foram encontradas pontas líticas. Este sítio está datado em 3.000
AP. Cabe dizer ainda, a respeito dos sítios abertos pré-cerâmicos,
42
que, ao menos em alguns casos, o uso intensivo do arado pode ter
destruído
os
vestígios
cerâmicos
porventura
existentes,
mascarando
assim o sítio arqueológico.
Sítios
Abertos
Cerâmicos:
também
modernamente
freqüentes
no
Planalto, estes sítios apresentam-se de maneira semelhante aos sítios
abertos pré-cerâmicos, apresentando porém cerâmica semelhante à das
casas subterrâneas e possivelmente associada às Tradições Taquara ou
Itararé. Também
encontra-se presente nestes sítios material lítico
lascado e polido.
Na Região de Mata Atlântica, os sítios arqueológicos típicos são
os seguintes:
Sítios Abertos Pré-Cerâmicos: estes sítios são caracterizados por
concentrações
elevações
de
material
próximas
a
lítico
cursos
lascado
d'água,
ou
polido
podendo
ou
em
não
pequenas
apresentar
coloração diferenciada do solo no local. O material arqueológico mais
freqüente
é
o
lítico,
composto
por
pontas
lascadas
em
quartzo,
calcedônia, sílex ou arenito silicificado, que podem ser associadas à
Tradição Umbu. Como estes sítios geralmente possuem sua área revolvida
para a lavoura, não pode ser descartado que uma parte deles possa ter
possuído
cerâmica.
semidesagregados,
Alguns
encontrados
poucos
em
alguns
Cerâmicos:
estes
fragmentos
destes
cerâmicos
sítios,
parecem
confirmar este fato.
Sítios
Abertos
caracterizam-se
por
apresentarem
vestígios
sítios
cerâmicos
arqueológicos
atribuíveis
à
Tradição Itararé. Tem sido localizados, com alguma freqüência, na
região de Mata Atlântica do norte de Santa Catarina. Infelizmente não
43
foi possível obter outros dados a respeito destes sítios. Cabe aqui a
afirmação de que parte dos sítios que atualmente são classificados
como pré-cerâmicos, possam ser futuramente incluídos neste grupo, com
o aprofundamento das pesquisas.
Quanto
a
relações
entre
estes
sítios
arqueológicos,
pode-se
perceber que as casas subterrâneas e as galerias subterrâneas podem
apresentar em comum tanto a cerâmica como a presença de gravações
rupestres, estas por sua vez semelhantes às encontradas em alguns
abrigos
sob-rocha.
Com
momento
não
coletados
foram
exceção
dos
abrigos
artefatos,
a
sob-rocha,
cerâmica
onde
até
encontrada
o
nos
terreiros de aldeias, e em sítios abertos cerâmicos, é semelhante à
das casas subterrâneas, podendo ser classificada como pertencente às
tradições Taquara e Itararé. Estes sítios, ainda, são praticamente
exclusivos do Planalto, ocorrendo geralmente em altitudes acima de 400
metros.
Os abrigos sob-rocha com vestígios de habitação, pré-cerâmicos,
com pontas líticas atribuíveis à Tradição Umbu, até o momento foram
localizados unicamente nos Contrafortes do Planalto. A presença de
pontas
líticas
da
Tradição
Umbu
também
é
traço
comum
aos
sítios
abertos do Planalto e da Região de Mata Atlântica, com exceção do
sítio arquelógico de Alfredo Wagner, onde não foram localizadas pontas
líticas em associação estratigráfica. Ainda em relação ao período précerâmico, cabe frisar que a ausência de levantamentos amplos e a quase
inexistência de escavações não permite maior avanço nas associações.
Sítios arqueológicos abertos cerâmicos são encontrados tanto na
região do Planalto como na região de Mata Atlântica, sendo a cerâmica
44
nele encontrada, atribuível às tradições Taquara ou Itararé. Porém, as
mesmas objeções existentes em relação ao período pré-cerâmico, tais
como a necessidade de ampliação dos levantamentos arqueológicos e de
escavações, são válidas para este período.
Por
fim,
encontrados
os
abrigos
sob-rocha
preferencialmente
no
com
Planalto
sepultamentos
e
seus
têm
sido
contrafortes,
ocorrendo esporadicamente em áreas mais baixas da Mata Atlântica. Como
até o momento ainda não foram estudados, sobre eles não se podem fazer
maiores considerações.
45
4 O QUE CONHECEMOS DOS XOKLENG
I Economia, Sociedade, Cultura
Denominação e Localização do Grupo
Os Xokleng são um grupo indígena de língua Gê, localizado dentro
da área cultural Tietê-Uruguai, segundo a classificação de Galvão
(1979).
Entre
indígena,
os
diversos
ainda
hoje
autores
há
representaria efetivamente
que
trabalharam
divergências
sobre
com
qual
este
grupo
denominação
o nome tribal. Podem ser encontradas na
bibliografia denominações como Bugre, Botocudo, Aweikoma, Schokleng,
Xocrém, Xokleng, Lakranó e Kaingang, todos para referir-se ao mesmo
grupo, atualmente aldeado na Reserva Indígena de Ibirama, em Santa
Catarina. Neste trabalho usaremos a denominação Xokleng por ser esta,
atualmente, a mais empregada. A respeito das discussões sobre este
problema, ver Hicks (1966) e Santos (1973).
Outro problema paralelo a este é o da filiação dos Xokleng ao
grupo Kaingang. Como os Xokleng são linguisticamente aparentados com
os Kaingang (Guérios, 1945; Nimuendajú & Guérios, 1948; Henry, 1964),
alguns
pesquisadores
optaram
por
considerá-los
como
uma
subtribo
Kaingang (Ploetz & Métraux, 1930; Métraux, 1963; Henry, 1964). Já
outros pesquisadores (Schaden, E., 1937; Baldus, 1952; Hicks, 1966),
analisando tanto a terminologia de parentesco como outros aspectos
culturais de ambos os grupos, terminaram por optar pela diferenciação
entre Xokleng e Kaingang. Hicks (1966: 845) chega a afirmar que "a
evidência etnográfica, constituindo-se de nove ítens confirmados e uma
possibilidade de contrastes culturais (...) demonstram a existência de
uma
diferença
fundamental
entre
a
sociedade
Kaingang
e
a
sociedade
Aweikona".
Também
Salzano
(1964)
e
Salzano
&
Sutton
(1965),
comparando
geneticamente os grupos sangüíneos dos Xokleng e Kaingang, percebem
uma diferenciação entre os dois grupos indígenas.
Apesar
de
este
problema
ainda
não
estar
definitivamente
resolvido, com base nestes últimos trabalhos consideraremos os Xokleng
como
um
grupo
distinto
dos
Kaingang,
semelhanças culturais e lingüísticas.
Território Histórico Ocupado pelo Grupo
47
embora
apresentem
algumas
O território tradicional dos Xokleng é a região de Mata Atlântica
(Floresta
Ombrófila
Densa),
localizada
desde
o
litoral
até
os
contrafortes do planalto sul-brasileiro, incluindo também áreas do
Planalto caracterizadas pela presença de Araucária (Floresta Ombrófila
Mista).
Segundo
território
Atlântida
as
informações
parece
para
coincidir
formações
mais
com
antigas,
a
o
transição
estacionais
limite
da
sul
do
vegetação
semideciduais,
na
de
seu
Mata
região
das
cidades riograndenses de Torres e Osório. Nesta região Seidler (1941)
conta
terem
freqüentemente
ocorrido
ataques
de
índios
a
colonos
europeus ali estabelecidos, por volta de 1835.
Na borda Norte do Planalto Riograndense, em áreas de Araucária,
Matos
(1858)
"Bugres
ou
e
Saldanha
Tupis"
desde
(1871)
a
referem-se
região
até
o
à
existência
rio
Canoas,
de
índios
que
possui
nascentes no Planalto Catarinense, nos anos de 1796 e 1797.
Lima
(1863:52),
em
memória
sobre
a
colônia
paranaense
de
Guarapuava, datada de 1842, relata que a nação "dos Xokrens (situa-se)
entre os rios Iguaçu e Uruguai", falando ainda dos freqüentes ataques
ocorridos à Vila de Lages, à época de sua fundação. Sobre estes
ataques
também
há
referências
em
Ramos
(1944),
traçando
assim
os
limites norte e oeste do território no qual existem dados sobre a
presença dos Xokleng.
Dentro
desta
área,
limitada
ao
norte
pelo
Rio
Iguassú,
nas
proximidades de Guarapuava, no Paraná, ao sul pela região de mata
atlântica nas proximidades de Torres e Osório, no Rio Grande do Sul, a
leste pela faixa de vegetação costeira e a oeste pelas regiões de
48
campos, próximos a Lages, é que começam a surgir notícias de ataques
de índios às primeiras povoações surgidas, durante o século XVIII,
ataques
que
vão
se
intensificando
com
o
aumento
do
processo
colonizatório.
No
mapa
apresentado
a
seguir,
estão
localizados
os
ataques
realizados pelos Xokleng a povoações catarinenses, entre os anos de
1834 e 1927. Para verificar os nomes das localidades e as datas dos
ataques, consultar o Anexo III.
Nomadismo
Neste
buscando
território,
suprir
sua
os
Xokleng
subsistência
deslocavam-se
através
de
continuamente,
atividades
de
caça
e
coleta. Este nomadismo é bastante citado nos documentos históricos,
que
registram
mesmo
um
"movimento
pendular"
entre
o
litoral
e
o
planalto, com nítidas características estacionais. Segundo informações
existentes nas Fallas dos Presidentes da Província de Santa Catarina,
FPP-9 (1847), FPP-12 (1849), FPP-13 (1850), FPP-26 (1869), os ataques
levados
a
efeito
contra
os
moradores
das
localidades
litorâneas
ocorrem nos meses de verão.
Estes relatos são confirmados também por outras fontes existentes
a
respeito
de
ataques
realizados
pelos
Xokleng
a
localidades
catarinenses, estando esta tendência ilustrada no gráfico a seguir.
49
Mapa 1
50
Segundo o relatório do Engenheiro Jacques Ouriques baseado em
depoimentos de crianças Xokleng aprisionadas por bugreiros (Boiteux,
1911:71), eles:
"vivem em continua emigração de serra acima para
serra abaixo, conforme é tempo do pinhão na zona do
Planalto ou de outros fructos nas zonas maritimas. Não
só os fructos procuram, nestas correrias, como a caça
que com elles apparece mais fácil e abundante".
Também na FPP-47 (1911) há referência de que os Xokleng vivem em
contínua movimentação ao longo da Serra Geral.
Existem também indícios de que os Xokleng, em um período de tempo
passado, teriam vivido em aldeias fixas no Planalto, onde praticariam
a horticultura (Henry, 1941; Santos, 1973). Quanto a esta informação,
além de breve nota de Entres (1929), não encontramos outros dados a
respeito.
Paula (1924:119) afirma que os Xokleng são "uma tribu que vive
essencialmente
de
caça
e,
portanto,
nômade,
sempre
em
transito
pelas
florestas, á procura e persiguição da mesma".
Outros autores, que citam o nomadismo dos Xokleng, são D'Almeida
Coelho
(1856),
Tavares
(1912),
Entres
(1929),
Ploetz
&
Métraux
(1930), Schaden, F. (1946) e Kempf (1947).
O nomadismo Xokleng consistia no deslocamento de duas até oito
famílias (Paula, 1924) para diferentes partes do território, buscando
assim intensificar a caça e a coleta, tanto vegetal como animal. Estes
pequenos bandos familiares podiam reunir-se a outros, no litoral, para
realizar ataques a colonos. As FPP-29 (1872), FPP-44 (1866) e FPP-46
(1905),
informam
que
o
número
de
índios
que
participavam
ataques variavam entre trinta e cinquenta indivíduos.
51
destes
O grande grupo só se reunia para a festa da perfuração dos lábios
das
crianças
do
sexo
masculino,
uma
vez
ao
ano.
Segundo
Paula
(1924:128), estas festas se faziam "todos os annos em fins de dezembro
ou janeiro".
Durante os meses de outono e inverno (abril, maio e junho), estes
grupos
deslocavam-se
para
as
matas
de
araucárias
das
bordas
do
Planalto meridional para a coleta do pinhão e para caçar os animais
atraídos à região por estes frutos (Paula, 1924).
Padrão de Assentamento
Informações sobre o padrão de assentamento Xokleng nos são dadas
por diversos autores:
Paula (1924:121-122), afirma que:
"Constroem os Botocudos seus acampamentos com
ranchos de varas finas, umas fincadas ao lado das outras
a pouca distancia, que são vergadas em forma de arco e
presas suas pontas em uma pesada vara horizontal,
geralmente fixa em duas arvores na altura de um homem. A
forma do tecto é de abobada, sendo coberto por folhas de
coqueiro, cahetê ou xaxim; deixam sempre um vão lateral
de mais ou menos um metro sem fechar pra que possam
observar também o que se passa atras do rancho, evitando
assim uma possível surpreza. O fogo sembre é feito sob a
parte aberta do rancho, zelando continuamente os indios
para que este não se apague.
Destina-se cada um destes ranchos para uma só
família.
Todos
os
demais
ranchos
são
distribuidos
regularmente em linha, agrupados parallelamente de dois
a oito, formando assim o acampamento.
Quando
ha
circunstancias
que
os
obrigam
a
permanecer em um determinado ponto por maior espaço de
tempo (colheitas de pinhões, festas, etc...), constróem
seus ranchos com mais perfeição e capricho, em maior
tamanho,
ligando
as
coberturas
de
dois
ranchos
fronteiros, de modo que as varas arcadas de cada rancho
não fiquem ligadas a uma vara horizontal, mas umas ás
outras, formando então uma abobada perfeita. Nestes
grandes ranchos habitam varios casaes pertencentes à
52
mesma familia, tendo para si cada casal o seu fogo, que
fica situado no meio do grande rancho. Como os pequenos,
também estes, á altura de aproximadamente um metro do
solo, ficam abertos lateralmente.
Formam-lhes o travesseiro uma larga faixa de terra
que acamam no interior dos ranchos, de ambos os lados.
Todo o chão dos ranchos é forrado com folhas e
xaxim, sobre as quaes se deitam. Dormem os casaes
parentes uns ao lado dos outros, descançando a cabeça
sobre a alta faixa de terra já referida, e com os pés
sempre voltados para o fogo.
No tecto dos ranchos, penduram suas armas, cestos,
roupas e demais utensilios sendo os pequenos objetos
guardados na palha."
Tavares (1910:282-283) informa que:
"Poucos dias se demoram no logar onde fazem
aldeamento, mas vão mudando de pouso, ao passo que lhes
escasseia a caça. As palhotas são feitas de paus e
cobertas de ervas, nem se incomodam a desmancha-las,
quando mudam de residencia. Durante o dia espalham-se
pelas mattas em procura de alimento; a noite juntam-se
todos no rancho (...)".
Jacques Ouriques (Boiteux, 1911:71-72) afirma que os ranchos:
"São provisorios, e em logares incertos. Feitos de
varas que, muitas vezes, nem cortam, contentando-se em
arcal-as pelas extremidades superiores, são cobertas de
palmas de jerivá, jissára, ou mesmo de ramos de
arbustos.
Pela disposição dos fogos, cujos vestígios se têm
podido observar, costumam deitar-se com os pés voltados
para o meio do rancho, ateando pequenas fogueiras nos
intervalos que ficam entre as solas de duas filas de
dormentes".
Entres (1929), baseando-se em um informante capturado em criança
pelos
Xokleng,
fala
que
em
cada
local
de
pouso,
após
um
dia
de
caminhada, eram levantados os ranchos. Em locais ricos em caça, o
acampamento
poderia
acampamento
mais
ficar
estável,
montado
como
por
na
várias
ocasião
semanas.
das
No
caso
de
festividades
de
perfuração dos lábios das crianças, constituíam-se também mundéus e
estacas para a defesa.
53
Ainda
sobre
estas
estruturas
de
defesa,
Paula
(1924:123-124),
afirma que os Xokleng:
"Guarnecem as imediações dos seus acampamentos,
quando suspeitam uma possível agressão, escavando
profundos fojos até dois metros ou mais crivados de
agudissimos estrepes nas paredes, e fixando ainda, no
centro, uma lança (...) É tal a arte com que disfarçam
estes fojos por meio de frageis varinhas, que são
cobertas com folhagem, que aos próprios indios não é
possivel reconhece-los sem prévia sciencia (...) Além
destes
fojos,
são
os
seus
acampamentos
sempre
guarnecidos de trincheiras construídas, como é evidente,
sempre em óptimas posições."
A respeito dos abrigos, Henry (1964) afirma que sua construção é
trabalho basicamente feminino, embora os homens possam preparar a
estrutura do rancho. Não eram feitos buracos para fixar os esteios,
mas estes eram simplesmente cravados no solo.
Schaden, E. (1937:25) afirma que:
"faz alguns annos, tive a oportunidade de visitar,
no meio da mata, um local abandonado por estes
índigenas. Ele era constituído por duas cabanas e o
conteúdo delas foi levado por colonizadores brancos."
Schaden, F. (1946), observou que os Xokleng viviam em paraventos
oblíquos, nos quais a fogueira ficava acesa continuamente.
Kempf (1947:27) fala que:
"de galhos, ramos e folhagens os índios constoem as
suas choças que não passam de simples abrigos em forma
de meia-água assentada sobre o solo na parte inferior.
Estes
abrigos
medem
aproximadamente
20
m.
de
comprimento. Cada família ocupa um lugar determinado.
Sendo a tribo mais numerosa, fazem dois abrigos um em
frente do outro na distância de mais ou menos 50 a 100
metros. Quando constroem quatro habitações a planta da
aldeia assume a configuração de um quadrado retangulo.
Permanecem acampados na mesma região por três meses ou
mais, conforme a abundância de caça. Nas migrações as
mulheres são obrigadas a carregar todos os trastes e
utensílios."
54
Dall'Alba (1973) entrevistou o ex-bugreiro Ireno Pinheiro, que
afirmou sobre os acampamentos Xokleng, terem os abrigos cerca de sete
metros de comprimento, estando os acampamentos instalados em áreas
planas. O tamanho dos ranchos variava conforme o número de índios.
Dentro do abrigo, há uma fogueira no centro, deitando-se os moradores
com os pés voltados para o fogo. O chão do abrigo é forrado com folhas
de xaxim. Não limpam a área do acampamento. Para a construção dos
abrigos,
fincam
varas
no
chão,
de
largura
variável,
vergadas
e
amarradas até a altura desejada. Este abrigo é coberto por palha
trançada, sendo aberto em um dos lados.
Segundo Henry (1964:172), na construção das casas e instalação do
acampamento colaboravam tanto os homens como as mulheres.
Padrão de subsistência
O
nomadismo
estacional
é
uma
característica
essencial
dos
Xokleng, estando este nomadismo ligado às atividades de caça e coleta,
que obrigam o grupo a um deslocamento mais ou menos constante dentro
do território por eles ocupado. Chamamos este nomadismo de estacional
porque o deslocamento dos grupos para áreas do litoral ou do planalto
está
ligado
às
estações
do
ano
em
que
os
frutos
estão
maduros,
atraindo também as diversas espécies de mamíferos e aves que deles se
alimentam.
Estas
atividades
simultaneamente;
ao
de
mesmo
caça
tempo
e
coleta
em
que
geralmente
o
grupo
de
eram
feitas
caçadores
se
deslocava em busca de caça, iam coletando mel, larvas e frutos, que
tanto podiam ser consumidos imediatamente como levados posteriormente
55
ao acampamento.
Diversos autores tratam deste tema. Tavares (1910:278) afirma que
"Os botocudos alimentam-se de caça (antas, macacos, porcos e aves) que
matam à frechadas, de palmitos crús e cozidos, pinhões do Pinheiro do
Paraná."
Em
relação
à
caça,
os
Xokleng
eram
caçadores
generalizados,
embora dessem preferência a determinadas espécies animais, como a anta
(Tapirus terrestris), o caititu (Tayassu tajacu), o queixada (Tayassu
pecari),
o
bugio
(Allouata
sp.)
o
mico
(Cebus
apela)
e
diversas
espécies de cervídeos. (Paula, 1924; Henry, 1964). Entre os mamíferos,
existem informações de que não caçariam o tatu (Dall'Alba, 1973) e a
capivara
(Kempf,
1947).
Quase
todas
as
aves
seriam
caçadas
e
consumidas, parecendo serem exceção apenas as aves aquáticas (Henry,
1964).
Quanto
às
técnicas
de
caça,
Paula
(1924:119)
afirma
que,
na
caçada de anta, "procuram o rastro, seguindo-o depois, cautelosamente,
com uma pericia inegualavel, chegando mansamente e surpreendendo a anta
na "cama" onde a flecham."
Uma espécie de armadilha usada para caçar antas é descrita por
Entres
(1929:21),
como
"Tranqueira
de
anta":
Esta
consistia
em
diversas árvores, derrubadas em ambas as margens de um rio, onde
tenham sido localizadas pegadas do animal. Acossada pelos caçadores, a
anta, buscando se refugiar na água, fica impedida de mergulhar devido
aos galhos das árvores derrubadas, sendo então morta com flechas ou
lanças.
56
Paula (1924:119) afirma que:
"caçada de grande monta para elles representa a dos
porcos do matto, "úgma". Além de muito apreciarem a sua
carne, enthusiasma-os a espectativa de matal-os sempre
em grande numero. Encontrando vestigios de porcada,
seguem-os cuidadosamente até encontral-os, atacando-os.
Feito isto, em se tratando de uma grande manada, os
indios, com mulheres, creanças e tudo que lhes pertence,
seguem-n'a ás vezes muitas semanas consecutivas. Atacam
os porcos sempre que podem, matando sempre tanto quanto
lhes é possível".
Segundo
o
mesmo
autor,
os
cervídeos
são
caçados
de
maneira
análoga às antas, enquanto que onças são caçadas no chão, com lanças
ou flechas.
Os micos e bugios, também muito apreciados, eram caçados com
flechas.
A este respeito Henry (1964) afirma que a técnica preferida dos
Xokleng
era
perseguir
a
caça
até
acuá-la,
sendo
então
abatida
a
flechadas ou, mais raramente, a golpes de lanças ou bordunas. A caça
preferida era a anta, seguida por cervídeos, queixadas, caititus e
macacos e outros animais de pequeno porte. As aves eram objeto de caça
intensa e generalizada.
A caça é uma atividade essencialmente masculina, embora em caso
de ausência dos homens, as mulheres possam preparar armadilhas para
capturar
atividade
pequenos
animais
(Paula,
tanto
comunitária
como
1924).
A
individual.
caça
No
podia
ser
primeiro
uma
caso,
normalmente o grupo de caçadores era composto por parentes e afins
(Henry, 1964).
Um item importante de coleta é o mel. Para sua extração, subiam
na árvore, onde se localizava a colméia, com a ajuda de laçadas feitas
57
com taquara trançada, passadas à altura do peito e nos pés, com a qual
escalavam o tronco. Chegando ao local da colméia, escavavam o tronco,
retirando os favos. Tanto o mel como as larvas e crisálidas eram
consumidas,
sendo
ainda
a
cera
armazenada
para
a
confecção
de
artefatos e impermeabilização de cestos (Paula, 1924).
Também eram coletadas e consumidas larvas e crisálidas de vespa,
assim como as larvas dos coleópteros conhecidos como "bicho-de-pau",
que tanto podiam ser comidas ao natural como assadas ou cozidas em um
recipiente de bambu (Paula, 1924).
Outros
autores
que
se
referem
à
importância
dos
insetos
na
alimentação dos Xokleng são Entres (1929), Schaden, E. (1937), Kempf
(1947), Henry (1964) e Dall'Alba (1973).
Segundo Henry (1964), a coleta de mel era praticada por ambos os
sexos, havendo porém um predomínio dos homens na atividade, que também
podia ser tanto comunitária como individual.
Em relação aos recursos vegetais, a coleta de pinhão é a que
possuía maior importância para a subsistência do grupo. Segundo Paula
(1924:120-121):
"Nos mezes de abril, maio e junho seguem, em
grupos, para a região dos pinheiraes. Escalam ahi os
pinheiros por meio de uma peia e de uma laçada feita de
trama de taquara, que passam pelo tronco do pinheiro.
Enfia-se o índio na laçada, que passa por debaixo dos
braços, e contra a qual firma o corpo, apoiando os pés
contra o pinheiro, ligados pela peia. Deste modo
alternativamente, ora firme nos pés levanta a laçada,
ora firme na laçada erque os pés e com rapidez e
destreza admiraveis escalam o tronco erecto da Araucaria
até a sua copa. Ahi avançam pelos galhos e agitando-os
fortemente fazem cahir as pinhas."
Este mesmo processo é citado por Henry (1964) e Kühne (1980).
58
Segundo Henry (1964), a coleta do pinhão era uma atividade tanto
comunitária como individual, da qual participavam ambos os sexos.
Já a coleta de outros frutos era atividade individual, e embora
exercida por ambos os sexos, parece ter havido um predomínio feminino
nesta atividade (Henry, 1964).
Quanto à coleta do palmito, não temos dados a respeito, embora
pareça ser uma atividade masculina, já que envolve a derrubada do
palmiteiro.
Preparação e Consumo de Alimentos
Segundo (Henry, 1964), as atividades de preparação dos alimentos
eram individuais e exclusivamente femininas.
A caça podia ser preparada de várias maneiras; no caso de animais
de médio ou grande porte, usavam uma espécie de "forno subterrâneo",
descrito por Aubé (1947:46) como um buraco aberto no solo com duas
pedras antecipadamente aquecidas sobre as quais a caça é posta, sendo
depois recobertas de terra e uma fogueira acendida sobre o conjunto.
Outra descrição mais detalhada da mesma estrutura culinária é a
de Paula (1924:120), onde este autor afirma que os Xokleng:
"Assam a carne fazendo um largo buraco na terra, o
qual forram com pedras do rio, fazendo sobre ellas um
fogo durante muito tempo, até que as mesmas se tornam
rubras de calor. Retiram em seguida os restos do fogo,
forrando as pedras, no interior do buraco, com pedaços
de madeira e folhas de palmeira (ndótoiò), sobre as
quaes collocam então os pedaços de carne, com o couro.
Cobrem tudo com outra camada de folhas de palmeira,
sobre a qual depositam uma expessa camada de terra.
Cosinha-se deste modo a carne lentamente, durante mais
ou menos 12 horas, sendo notável o sabor que por este
processo adquire."
59
Um
método
distinto
de
assar
a
caça
é
descrito
por
Henry
(1964:163), em que "uma estrutura de ramos é erguida, o fogo é feito sob
ela e a comida posta em cima para assar".
Outras
descrições
semelhantes
podem
ser
conferida
em
Kempf
(1947), Schaden, E. (1937) e Henry (1964).
Ainda segundo
Henry (1964:163), os animais de pequeno porte
podiam ser assados em espetos.
Durante os meses de outono e inverno, os pinhões tornam-se um
ítem importante na dieta Xokleng. Henry (1964), que teve oportunidade
de observar o grupo durante este momento, afirma que é época de
fartura para o grupo. Além do pinhão frutificam outras espécies que
atraem a fauna, principalmente as antas, que, por estarem em gestação,
tornam-se lentas. Também a coleta de mel é mais abundante.
Paula (1924:121) descreve os métodos de conservação e preparação
do pinhão da seguinte maneira:
"Os pinhões são simplesmente tostados ao fogo e
triturados depois em pilões, reduzidos assim a uma
verdadeira massa, com a qual preparam um caldo cozido
com água. Fazem também da mesma massa pequenos bolos, de
forma redonda e chata, do tamanho de um pires, que são
depois assados sobre brazas. Não podendo conservar os
pinhões por muito tempo frescos, pois que bicham mui
facilmente, usam o seguinte processo: enchem com pinhões
cestos apropriados e previamente forrados com folhas de
cacto (caeté?), perfeitamente tampados. Estes cestos são
immersos nas aguas de pequenos corregos em logares para
isto escolhidos. Ahi permanecem estes cestos durante um
mez e meio e tornam-se os pinhões perfeitamente
cortidos, conservando suas qualidades alimenticias por
um longo espaço de tempo (...) Principalmente deste
pinhão cortido é que fazem suas sopas e bolos, como
acima foi explicado."
Outro método de preparação do pinhão, segundo
o seguinte:
60
Henry (1964:163) é
"As mulheres preparam sopa de pinhão. A mulher
masca a polpa crua do pinhão, misturam com água e a
cozinham. Algumas vezes (as sementes) são trituradas, a
maneira usual de comer pinhão é assado com casca nas
brasas".
Outros autores que se referem a estes processos, com pequenas
variações, são Entres (1929), Kempf (1947), Dall'Alba (1973) e Kuhne
(1980).
Os
palmitos,
segundo
Henry
(1963:163),
podiam
ser
consumidos
cozidos ou crús.
Henry (1964:163), descreve ainda um alimento preparado a partir
de uma palmeira que não conseguimos identificar. Segundo a descrição
do autor:
"Këme é feito do miolo do Tronco de certa
palmeira. As folhas são postas no chão, com um pano
sobre elas. O tronco é cortado verticalmente em tiras;
após, é posto sobre um cepo e amassado com um pau. A
massa é peneirada em um cesto e introduzida em um tubo
de bambú, sendo cozida nas brasas por cinco a dez
minutos. Após, a massa é retirada do tubo e transformada
em bolas ou bolachas, que são assadas nas brasas."
Os Xockleng preparavam também uma bebida fermentada, consumida
pelo grupo por ocasião da festa de perfuração dos lábios dos meninos.
Segundo Paula (1924:128), esta bebida era preparada a partir de
água, mel, seiva de xaxim (Dicksonya sp.) e palmáceas. Os ingredientes
eram misturados em grandes cochos de cedro (Cedrella sp.) cobertos,
sendo deixadas e fermentados por duas semanas. Após este tempo, a
mistura
era
aquecida
com
pedras
incandescentes
para
apressar
a
fermentação durante três dias, sendo deixada repousando por outros
três dias mais. Decorrido este prazo, estava pronta para o consumo.
Organização Social
61
A questão da organização social dos Xokleng até hoje não está
esclarecida
devido
tradicional
do
pesquisas
a
grupo.
sistemáticas
escassez
Quando
sobre
de
dados
Henry
o
sobre
(1964)
grupo
em
o
modo
realizou
1930,
este
as
já
de
vida
primeiras
estava
em
adiantado grau de contato com a sociedade nacional, tendo ainda suas
estruturas sociais abaladas por décadas de ataques e perseguições
levadas a cabo pelos brancos que colonizavam o seu território.
Portanto
os
dados
obtidos
por
este
pesquisador
durante
sua
convivência com este grupo indígena não espelham necessariamente a
sociedade tradicional Xokleng, mas, conforme salienta Santos (1973),
refletem a situação do grupo indígena tentando se adaptar a novas e
traumáticas situações.
Discutindo a organização social dos Xokleng a partir dos dados
obtidos por Henry (1964) e por suas próprias pesquisas de campo,
Santos (1973:218-219) afirma que, devido às pressões já referidas, o
grupo apresentava todas as formas conhecidas de matrimônio, incluindo
possivelmente o casamento conjunto, não possuindo porém regras claras
a respeito da fixação de residência ou princípios claros a respeito da
descendência.
Baseado em Murdock (1965), Santos (1973) acredita que os Xokleng
possuiriam unidades de parentesco tipo Deme, caracterizadas por uma
comunidade
local
endogâmica,
onde
a
forma
de
identificação
dos
inivíduos pertencentes ao grupo se dá através da consangüinidade.
Possivelmente, no passado, teriam existido cinco grupos exogâmicos
entre os Xokleng, identificados através de padrões de pintura corporal
e de nomes próprios exclusivos.
62
O sistema de nomeação possivelmente refletiria a estrutura básica
da sociedade Xokleng já que "através dele é que o indivíduo ingressa no
grupo e obtem uma posição social determinada" (Santos, 1973:223).
Outro
fato
percebido
é
que
esta
organização
social
seria
bilateral, vinculando os indivíduos tanto aos parentes paternos como
maternos, criando assim um padrão de residência bilocal.
Ainda segundo Santos (1973), outras especulações a este respeito
são dificultadas pela falta de dados, já que o grupo não chegou a ser
estudado enquanto sua estrutura social tradicional ainda estava em
funcionamento.
A respeito da organização política, parece que a liderança entre
os Xokleng era do tipo carismático, sendo os requisitos exigidos de um
lider ser um guerreiro adulto, prudente e bom caçador. Apesar de
comandar o grupo em ataques ou caçadas, a decisão a respeito destas
atividades
era
obtida
através
do
consenso
dos
membros
masculinos
adultos do grupo.
Vida e Morte
Os principais fatos da vida Xokleng consistiam no nascimento, nas
cerimônias de perfuração de lábios e na de cremação dos mortos, que
envolviam cerimoniais mais ou menos elaborados, envolvendo desde o
grupo familiar até a totalidade do grupo tribal.
Quando uma criança nascia, segundo Henry (1964), a placenta e o
cordão umbilical eram esfregados com ervas e postos em um cesto, que
seria
colocado
ocultamente
pelo
irmão
da
mãe
dentro
de
um
curso
d'água. O irmão da mãe e sua esposa tornavam-se, neste momento, os
63
pais
cerimoniais
da
criança.
A
seguir,
os
tornozelos
desta
eram
envolvidos com vinte voltas de cordel, que serão conservados
por
cerca de duas semanas, quando então a criança receberá seu primeiro
alimento cozido. Para esta cerimônia, o pai da criança sai à caça com
seu cunhado (pai cerimonial da criança) por vários dias, até conseguir
uma quantidade adequada de caça para a realização de uma festa. Para
esta
festa,
a
mãe
cerimonial
convidida
parentes
e
conhecidos
que
estejam próximos. Durante a festa, enquanto os convidados comem, o pai
da criança retira os cordéis que envolviam os tornozelos desta que,
envolvidos com o
cordão umbilical que restava aderido à mãe e com
ervas, são lançados em um curso d'água. É neste momento que a criança
recebe seu nome, durando a cerimônia, de acordo com a quantidade de
alimento, de meia a uma hora.
A
festa
(1964),
de
seria
a
perfuração
principal
dos
lábios
cerimônia
dos
dos
meninos,
Xokleng,
segundo
para
a
Henry
qual
se
reuniriam os membros de uma família extensa.
Descrevendo esta cerimônia, Paula (1924:129) afirma que para a
sua realização uma grande área circular é limpa, sendo construídos em
sua periferia pequenos abrigos. No centro é acesa uma fogueira, em
torno da qual os homens iniciam uma dança, percutindo os cabos das
lanças
no
solo.
As
mulheres
os
seguem,
acompanhando
o
ritmo
com
chocalhos. Durante estas danças, é consumida grande quantidade de
bebida alcoólica, sendo também as crianças obrigadas a beber até a
insensibilidade. Para aumentar o efeito da bebida, estas são ainda
sacudidas e arremessadas de uma pessoa a outra. É neste estágio que os
lábios
são
perfurados,
sendo
introduzido
no
orifício
um
pequeno
labrete de madeira. As meninas não tinham o lábio perfurado, mas
64
sofriam duas incisões na perna esquerda, abaixo da rótula. Após a
perfuração dos lábios o consumo de bebidas continuava, realizando-se
também jogos e danças.
Henry (1964), que teve a oportunidade de observar esta cerimônia,
descreve-a de maneira similar, acrescentando que a mãe cerimonial era
a responsável pela perfuração do lábio do menino, sendo este seguro
pela avó. Cabe dizer que, como este autor assistiu à perfuração do
lábio de um único menino, não pode confirmar a observação de Paula a
respeito das incisões nas pernas das meninas.
Poucas referências temos a respeito de doenças entre os Xokleng,
a não ser sobre as doenças introduzidas na época do contato e que
causaram
grande
mortandade
ao
grupo.
Segundo
Paula
(1924:119),
o
problema de saúde mais comum eram a cárie dentária, que atacava tanto
crianças como adultos. Outro problema observado era o reumatismo,
tanto articular como muscular.
Paula (1924:127), referindo-se aos métodos usados no tratamento
das doenças, afirma que:
"empregam o succo de differentes plantas, sendo o
seu uso quasi sempre externo, em fricções e massagens;
usam tambem algumas materias organicas, como o buxo de
veado, etc. É seu habito atar fortemente as partes
doloridas do corpo, não só nos casos de accidentes
ophidicos, como nos de outra qualquer molestia".
O uso de folhas de plantas, esmagadas ou não, em rituais de
purificação ou para tratamento de ferimentos também está documentado
por Henry (1964).
O melhor documento sobre os ritos mortuários dos Xokleng é o
depoimento do índio Vamblé, transcrito por Henry (1964). Segundo este,
65
o morto era envolvido em um cobertor, com seu arco e flechas próximos.
O encordoamento do arco é cortado e este, juntamente com as flechas, é
quebrado e o conjunto é amarrado com os restos do encordoamento. Em um
local preparado, são empilhados pedaços de madeira até a altura da
cintura de um homem e sobre esta estrutura é depositado o cadáver com
seus objetos pessoais. O morto é orientado com a cabeça para oeste e
em suas mãos são postas oferendas de mel e carne assada. A seguir o
cadaver é recoberto com madeira até a pilha alcançar a altura de um
homem, sendo o conjunto escorado com estacas para não desmoronar. Após
acender a pira com um bambú incandescente, as pessoas se retiram,
voltando
um
dia
depois.
Caso
o
cadáver
não
esteja
completamente
cremado, o processo é repetido. Quando os ossos estão calcinados, são
recolhidos em um cesto forrado com folhas de xaxim e trasportado em
uma padiola para o local de enterramento, que consiste em uma área
limpa de vegetação com uma cova em seu centro. Os cestos com os restos
da cremação são ali depositados e enterrados. Sobre este local o
cônjuge sobrevivente constrói um pequeno abrigo.
Vasconcellos (1912:19), que teve oportunidade de observar estas
estruturas funerárias, afirma que:
"Nos cemiterios destes selvagens não se pode
conseguir craneos e ossos, visto o uso que elles fazem
da cremação dos corpos, não só daquelles que morrem
pacificamente no seio da tribu, como tambem dos que são
mortos nos ataques e ficam no campo inimigo; pois os que
escapam pela fuga, voltam mais tarde para conduzir os
corpos dos seus. As sepulturas em que depositam as
cinzas de cada corpo que cremam consistem em buracos
feitos cuidadosamente na terra, com a forma de uma
panella de barro; e conforme a cathegoria do morto dão
maior ou menor altura na terra que elevam os mesmos
buracos, cujo diametro na parte superior é 0,30 c, o do
bojo de 0,50 c e de altura 0,56 c; tendo o monte que
elevam a forma de um côno truncado com a altura variavel
de 0,50 c a 0,60 c, sendo estas as dos caciques".
66
Descrições semelhantes podem ser encontradas em Tavares (1910),
Boiteux (1911), Paula (1924) e Kempf (1947).
Segundo Henry (1924), toda uma série de rituais de purificação
eram observados pelo grupo, principalmente pelo cônjuge do falecido. O
cônjuge tinha que se afastar do acampamento e se alimentar unicamente
de mel e vegetais, evitando carne e alimentos cozidos. Ao fim de cerca
de três semanas poderia voltar ao acampamento, sendo então realizada
uma cerimônia com consumo de carne e bebida alcoólica, ao fim da qual
o cabelo e as unhas do cônjuge eram cortados. Segundo o autor, estes
rituais eram realizados para afastar a ameaça do espírito do morto.
67
II. Produção Artesanal
A
bibliografia
sobre
os
Xokleng
fornece
grande
quantidade
de
dados sobre a produção artesanal do grupo, principalmente no que se
refere
à
cestaria
e
ao
armamento.
Estes
dados
foram
por
nós
classificados de acordo com o esquema proposto por Ribeiro (1988), do
mesmo
modo
que
instituições
o
do
material
Estado
de
etnológico
Santa
existente
Catarina,
nas
cuja
coleções
de
classificação
e
descrição se encontram nos anexos I, II e III deste trabalho. Para os
artefatos que se encontram descritos, tanto neste capítulo quanto nos
anexos, optamos por assinalá-los com um asterisco, encaminhando assim
o leitor aos anexos quando deseja uma complementação dos dados a
respeito destes artefatos.
Oferecemos
primeiro
os
dados
fornecidos
pelos
autores,
que
escreveram sobre os Xokleng. Depois descrevemos o que nós estudamos
nas coleções.
O que dizem os autores:
1 Utensílios e Implementos Ligados às Atividades de Subsistência, Conforto
Doméstico e Pessoal, Transporte
1.1 Utensílios para o preparo, consumo e armazenagem de alimentos
1.1.1 Trançados para guarda e serviço de alimentos, transporte
Dentro
desta
categoria
enquadra-se
a
cestaria
Xokleng,
cujos
métodos de manufatura estão descritos em detalhes nos anexos I, II e
III.
Sobre a utilização destes artefatos, Paula (1924:125) afirma que:
"...os seus grandes cestos (...) para carga, bem
como os menores, encerados, para água, e os pequenos,
também
encerados,
para
diversos
fins,
são
todos
trançados de taquara mansa, variando apenas a largura
que a racham.
Servem-se dos cestos maiores, encerados, para o
transporte do mel e da água, representando, por
conseguinte, uma espécie de "balde". Os cestos pequenos,
também impermeaveis, servem-lhes como vasilias, especie
de canecas, para água e para tomar "mong-ma", por
ocasião de suas festas".
Henry (1964:170) percebe duas espécies de cestos, uma usada no
transporte de líquidos, impermeabilizada com cera, e outra, utilizada
para
o
transporte
tamanhos
dos
de
bens,
cestos
menos
elaborada
impermeabilizados
que
variavam,
os
primeiros.
havendo
Os
desde
pequenos copos até cestos que podiam conter muitos galões de água ou
mel. Ainda, segundo este autor (Henry, 1964:170):
"...
qualquer
homem
faz
seus
cestos
impermeabilizados conforme lhe seja necessário, mas os
grandes cestos-cargueiros são trançados por um grupo de
homens apenas antes do início da coleta do pinhão".
O
Autor
ainda
afirma
que
a
confecção
dos
cestos
é
tarefa
individual e masculina.
Outras descrições semelhantes podem ser encontradas em Schaden,
E. (1937), Kempf (1947), Dall'Alba (1973), Santos (1973) e Sullivan &
Moore (1990). Marzano (1904) reproduz uma fotografia, onde podem ser
observados diversos exemplares de cestaria.
1.1.2 Utensílios de madeira para o preparo dos alimentos
Pilões e mãos de pilão
Pilões de madeira, segundo Henry (1964:170), eram feitos tanto de
árvores caídas, como de árvores derrubadas para este propósito, sendo
às vezes simplesmente um pedaço do tronco com uma cavidade. Eram,
geralmente,
de
tamanho
pequeno,
sendo
normalmente
abandonados
nos
acampamentos durante as mudanças. As mãos de pilão eram feitas tanto
de
madeira
como
de
pedra
polida.
69
A
manufatura
dos
pilões
era
individual
e
masculina,
enquanto
que
as
mão
de
pilão
podiam
ser
confeccionadas por ambos os sexos.
Outras referências podem ser encontradas em Dall'Alba (1973) e em
Sullivan & Moore (1990).
Referências a "copos" feitos
(Guadua
sp.),
usados
tanto
como
de secções de caule de Taquaruçu
pilões
como
para
aquecer
água
ou
preparar alimentos, existem em Schaden, E. (1973) e em Kempf (1947).
Pau-Ignífero
Este
artefato
usado
para
obter
fogo
consistia,
segundo
Paula
(1924:124), em um pedaço de madeira mole, firmado pelos pés, com um
orifício no centro, no qual é inserida a extremidade de uma vareta de
madeira
dura.
Friccionado
este
através
de
um
contínuo
movimento
giratório obtido com as mãos, o pó que esta fricção provoca inflamase, sendo esta chama aumentada com fragmentos de madeira.
Referindo-se
à
confecção
e
utilização
do
pau-ignífero,
Henry
(1964:164) afirma que:
"...cortam um pedaço de canela branca seca de 2,54
cm de espessura, 5,8 cm de largura e 60,96 cm de
comprimento e fazem um buraco no meio, com 2,54 cm de
profundidade, com um corte raso em um dos lados (...)
que chega até um dos lados do bastão. Eles também cortam
um ramo pequeno de 0,63 cm de espessura e 45,72 cm de
comprimento; esta é a broca. O índio cospe nas mãos, põe
a broca no buraco e começa a girá-la rapidamente entre
as duas palmas (...) Após 10 minutos, ainda não há fogo,
então ele chama outro índio e se alternam a girar a
broca. Com cinco minutos mais, um pouco de fumaça do
buraco ergue suas esperanças. Ele retira a broca e olha:
não há brasa. Por cinco minutos mais ele atrita, e a
brasa surge. Algumas vezes a brasa aparece na ponta da
broca, em outras surge na face do buraco. Então a broca
é coberta com algumas folhas secas de palmeira e ele
sopra até que as folhas se inflamem".
70
Referências similares podem ser encontradas em Tavares (1910),
Kempf (1947) e em Sullivan & Moore (1990).
Pinças
Estes artefatos são utilizados para retirar alimentos e objetos
do fogo. Paula (1924:125) afirma que:
"...usam estes índios grandes pinças, feitas de
taquarasú; em falta desta, fazem-nas também de madeira
rija, com as quaes tiram os alimentos do fogo e das
panelas quando em estado de ebulição".
Sullivan & Moore (1990) afirmam que estas pinças podem ser feitas
de
bambu
ou
cutia
(Esembeckia
grandiflora),
sendo
que
para
a
sua
confecção,
"... a madeira
é aquecida sobre o fogo, sendo
esfregada cera no local da dobradura. A cera e o calor
combinados
permitem
que
a
madeira
seja
dobrada
lentamente para dentro sem quebrar (...). As pinças de
madeira
e
bambu
ainda
estão
em
uso
e
são
tradicionalmente feitas pelos homens. Cada família
possui duas a três em uso ao mesmo tempo" (Sullivan &
Moore, 1990:40).
Cochos para fermentação de bebida
Usados para a preparação da bebida alcoólica
consumida durante a
festa de perfuração dos lábios dos meninos, seu método de manufatura é
descrito da seguinte maneira por Paula (1924:128).
"...escolhem para isso grossos troncos de velhos
cedros, que são derrubados e atorados no comprimento de
um metro e cincoenta a dois metros. Depois descascamnos convenientemente, abrindo, em seguida, uma fenda
logitudinal de dezoito a vinte centímetros de largura,
pela qual excavam o tronco completamente, deixando-o
inteiramente ôco, com paredes lateraes de tres a quatro
centimetros sómente de expessura, tendo as cabeças do
cocho a expessura de oito a dez centimetros. Servem-se
para este trabalho, além do fogo, de uma espécie de
formões, que antigamente eram feitos de pedra e que hoje
fazem de ferro. Cuidadosamente completada a excavação,
são as duas partes em que o tronco foi atorado bem
71
enceradas
com
uma
grossa
perfeitamente impermeaveis."
camada,
que
as
torna
Descrições semelhantes podem ser conferidas em Henry (1964) e em
Sullivan & Moore (1990).
1.1.3 Cerâmica
A cerâmica tradicional dos Xokleng é pouco estudada, sendo que os
poucos exemplares datados da época do contato com a sociedade nacional
estão
dispersos
por
diversas
coleções,
tanto
de
instituições
de
pesquisa como particulares. Os vasilhames que pudemos observar são de
pequenas dimensões e em forma de meia-calota ou cônicos, de cor preta
brunidos,
produzidos
por
acordelamento
e
com
borda
reta
ou
extrovertida.
Segundo Paula (1924:127):
"...usavam, antigamente, varios objectos feitos de
barro cosido, taes como panellas de varios tamanhos e
feitios e pequenos vasos de differentes fôrmas, que lhes
serviam para o preparo e cosimento de suas comidas".
Descrevendo
as
técnicas
de
confecção
dos
artefatos
cerâmicos,
Sullivan & Moore (1990:41-42) contam que:
"...a argila é misturada com o tempero de carvão
fino da árvore Klagñu queimada. O uso do carvão como
tempero e a exposição dos potes à fumaça antes de queima
produz a cor negra característica. Tijelas (bowls) são
feitas pela mão (...). A base é modelada com os dedos e
as paredes são construídas pela adição de roletes de
argila, que são esmagados e afinados com os dedos, por
um pedaço de madeira ou concha. O interior é limpo com
Kopã e a superfície externa é polida e brunida com uma
pedra redonda. Os potes são postos no sol. São
normalmente polidos e secos quatro ou mais vezes. Quando
os potes secaram ao ar livre, a mulher faz um forte
fogo, pondo-os próximos e girando-os lentamente para que
sequem de maneira uniforme e não quebrem. Quando estão
completamente secos, são cobertos por achas de lenha e
aquecidos ao rubro. Após a queima e enquanto o pote está
suficientemente quente é removido com pinça e sua face
externa é esfregada com cera de abelha. O processo leva
aproximadamente três dias."
72
Segundo Henry (1964:172-173):
"...a única indústria importante controlada pelas
mulheres era a cerâmica, e com os ataques aos
brasileiros fazendo surgir novas técnicas econômicas, o
papel
da
mulher
na
economia
Kaingang
tornou-se
insignificante".
Outras referências a respeito existem em Dall'Alba (1973), Santos
e Kempf (1947), sendo porém esta última fonte pouco confiável.
1.2 Armas para a obtenção de produtos de caça e para guerra e defesa
1.2.1 Armas de arremesso complexas.
Arcos
Os grandes arcos Xokleng, de seção circular e tamanho em torno de
2
metros
"cablejuna"
eram
feitos,
(Cabriúva,
segundo
Henry
Myrocarpus
(1964:166),
frondosus),
de
cortada
e
madeira
de
aberta
em
pedaços com cunhas. O pedaço escolhido era desbastado com um machado e
ambas as extremidades apontadas à faca. Depois, a madeira era aquecida
no fogo, encerada e novamente aquecida, sendo a curvatura das pontas
obtida prendendo-se o arco em forquilhas e estacas de madeira na
posição apropriada. Depois de o arco tomar a forma desjada com a
fricção
de
folhas
de
embaúba
(Cecropia
sp.).
O
uso
de
seções
circulares de caudas de mamíferos como decoração no corpo do arco,
costume este abandonado após a pacificação, é citado por Henry (1964).
Informações
concordantes,
embora
menos
detalhadas,
são
encontradas em Paula (1924), Entres (1929), Ploétz & Métraux (1930),
Schaden, E. (1937), Kempf (1947), Métraux (1963) e Dall'Alba (1973).
Sullivan & Moore (1990:31), afirmam também que, antes do contato
com a sociedade nacional, os arcos eram desbastados com arenito e
lascas de sílex. Os arcos mediam cerca de dois metros, possuindo as
73
extremidades levemente curvadas e com cordéis de embira enrolados,
para a fixação do encordoamento. As mulheres fiavam a corda dos arcos
para seus maridos e parentes, sendo usadas fibras de urtiga (Urera
sp.) ou Tucum (Bactris sp.).
Flechas
Segundo Henry (1964:167), as flechas Xokleng eram feitas a partir
de hastes de bambu (Merostachys sp. ou Olira sp.) cortadas verdes,
sendo suas curvaturas naturais retificadas através do aquecimento. As
flechas com ponta de madeira farpada são mais longas, sendo estas
pontas endurecidas no fogo. As pontas eram inseridas nas hastes de
bambu e fixadas com cipó e cera de abelha. A Emplumação era feita com
penas de Jacutinga (Penelope sp.).
De acordo com Sullivan & Moore (1990:32):
"A Haste da flecha Xokleng é geralmente feita de
bambu (...). O bambu verde é aquecido ao fogo e
endireitado para que as flechas fiquem retas. Quando o
bambu é inexistente, é usada a madeira de cutia. O final
da haste que prenderá a flecha é rachado e esfregado com
cera de abelha. A ponta é inserida na rachadura e
finalmente envolvida com faixas enceradas de embira".
Segundo Paula (1924:123), as flechas com pontas de ferro eram
usadas para a guerra, as com pontas de madeira farpada para a caça e
as com pontas-virote para abater aves.
Existem algumas referências ao uso, pelos Xokleng, de flechas com
pontas líticas: Entres (1927), Schaden, E. (1937) e Dall'Alba (1973).
Devido à precariedade destas informações, não sabemos afirmar se a
técnica de lascamento, porventura existente no grupo antes do contato,
tenha desaparecido com a introdução de artefatos de metal ou se os
observadores associaram de maneira aleatória a presença de pontas
74
líticas. A que nós encontramos nas coleções pesquisadas (vide Anexo
II) sugere, mas não confirma, a primeira hipótese.
Outras informações semelhantes podem ser verificadas em Tavares
(1910), Boiteaux (1911), Vasconcellos (1912), Ploetz & Métraux (1930),
Schaden, E. (1937), Schaden, F. (1946), Kempf (1947), Métraux (1963),
Dall'Alba (1973) e em Sullivan & Moore (1990).
1.2.2 Armas de arremesso simples
Lanças
As Lanças Xokleng, usadas tanto para a caça de grande porte como
na guerra, possuíam, segundo Paula (1924:123), uma lâmina de 30 a 40
centímetros de comprimento por dez a doze centímentros de largura,
sendo esta fixada em uma haste que era decorada com cestaria junto ao
engate
da
lâmina.
A
haste
da
lança
poderia
ainda
apresentar
pirogravuras.
Henry (1964:168), falando sobre a confecção das lanças, afirma
que a lâmina é feita aquecendo-se e martelando-se o ferro com pedras,
sendo, depois de afiada, fixada em um cabo de madeira com seção
prismática com as mesmas técnicas de fixação usadas para as pontas de
flecha
de
ferro.
Sua
confecção
é
atividade
masculina,
geralmente
comunitária.
Descrições
semelhantes
são
encontradas
em
Schaden,
E.
(1937),
Schaden, F. (1946), Métraux (1963) e em Sullivan & Moore (1990).
1.2.3 Armas contundentes ou de choque
Bordunas.
Arma de uso preferido durante os ataques, Paula (1924:123) a
descreve como possuindo um metro e meio de comprimento e corpo de
seção
losangular,
mais
largo
em
uma
das
extremidades,
afinando
progressivamente até a empunhadura, roliça, que às vezes apresentava
75
gravuras pirogravadas.
Sullivan & Moore (1990) afirmam ainda que estas bordunas eram
feitas da mesma madeira que as lanças, podendo ser decoradas com
desenhos geométricos pintados em vermelho ou por seções de cestaria.
Outra descrição deste artefato foi feita por Tavares (1910), que
ganhou em Florianópolis uma destas bordunas, confeccionadas em rabode-macaco
(Lonchocarpus
leucanthus)
e
medindo
150
centímetros
de
comprimento, possuindo seção prismática e apresentando pirogravuras.
Referências semelhantes podem ser encontradas em Boiteux (1911),
Vasconcellos (1912), Entres (1929) e Métraux (1963).
1.3 Utensílios para o transporte por terra de crianças e carga
Tipóia trançada
As tipóias trançadas dos Xokleng, segundo Paula (1924:125), eram
feitas de líber de embira (Daphnopsis racemosa) e utilizadas para o
transporte
doméstica,
de
crianças,
durante
as
de
alimentos
mudanças
de
coletados
acampamento.
ou
Outras
da
bagagem
referências
similares às tipóias trançadas existem em Schaden, E. (1937), Métraux
(1963) e Sullivan & Moore (1990).
2 Adornos e objetos de uso pessoal
2.1 Adornos do tronco
2.1.1 Adornos de cordame do tronco
Cintos
Estes
cintos,
de
uso
masculino,
são
descritos
por
Paula
(1924:122) mais como um adorno que uma tanga, sendo trançados com
casca de imbé (Philodendron sp.), que lhes dá a cor escura, ou com
fibras de palmáceas, tendo então cor clara.
Sullivan & Moore (1990:46) afirmam que estes cintos de cordões
são símbolo de masculinidade, sendo usados para amarrar a glande do
pênis. Eram feitos de casca de imbé ou fibra fiadas, sendo o conjunto
76
de fios amarrado equidistantemente, podendo ter várias cores de fios.
As
crianças
recebiam
seus
cintos
fiados
por
seus
pais,
após
a
cerimônia de perfuração dos lábios. Para evitar que os cintos de
cordões apodrecessem e rompessem, eram retirados
durante o banho e,
em caso de chuva, eram enrolados em folhas e levados pendurados às
costas.
Outras referências aos cintos de cordões existem em Schaden, E.
(1937) e em Dall'Alba (1973).
2.1.2 Adornos de materiais ecléticos do tronco
Colares
Segundo Paula (1924:123), os colares usados pelos Xokleng eram
feitos, antes do contato, com sementes e dentes, cascos, garras de
diversos
aniamis.
Após
o
contato,
foram
incorporados
aos
colares
"argolas de arreio, fivelas, passadores, botões, partes de mechanismos de
relógios
(...),
moedas,
cartuchos
detonados
ou
não,
etc..."
(Paula,
1924:123).
Sullivan & Moore (1990:45) afirmam que, antes de 1920, os colares
eram usados diagonalmente no tronco, sendo feitos de dentes de macaco
perfurados, sementes, cascos de veados com padrões incisos, ossos de
aves e garras de mamíferos e aves. Após o contato, começaram a ser
incluídos os mais diversos artefatos de metal, vidro ou cerâmica.
Dados semelhantes aparecem em Schaden, E. (1937), Schaden, F.
(1946), Métraux (1963), e Dall'Alba (1973).
2.1.3 Adornos de materiais ecléticos da cabeça
Labrete
Entre
masculino.
os
Xokleng,
Segundo
os
labretes
Henry
eram
um
(1964:171),
adorno
essencialmente
eram
confeccionados
preferencialmente em madeira (nó de pinho), às vezes tembém em ossos
de cervídeo ou gado. A variação nas formas, segundo o mesmo autor, era
77
grande e estava relacionada com a filiação dos indivíduos com suas
famílias extensas.
O labrete Xokleng consistia, segundo Sullivan & Moore (1990), de
duas formas básicas: uma com haste reta e base oval e outra com haste
serrilhada e base também oval. Ambas podiam medir até 8 centímetros de
comprimento, podendo apresentar também decoração em pirogravura. Ainda
conforme Sullivan & Moore (1990:45), "a base de superfície oval do
labrete era colocada na superfície interna do lábio com a haste saindo
através do orifício labial".
Outras descrições, e notícias semelhantes, a respeito do uso dos
labretes
podem
ser
conferidos
em
Tavares
(1910),
Boiteux
(1911),
Entres (1929), Schaden, E. (1937), Ploetz & Métraux (1930), Schaden,
F. (1946), Kempf (1947), Métraux (1963), Dall'Alba (1973) e Santos
(1973).
2.2 Indumentária e arranjos de decoro
2.2.1 Tratamento do corpo
Perfurador de Lábio
São poucas as referências existentes sobre estes artefatos na
bibliografia. Paula (1924:129) o descreve como sendo feito de madeira
endurecida ao fogo e Sullivan & Moore (1990:46)
afirmam que este
artefato é feito de bambu, sendo decorado com pirogravuras semelhantes
aos motivos de cestaria fixados nos cabos das lanças. A terminação
destes perfuradores era em ponta afiada. Há referências ao uso dos
perfuradores de lábios
também em Entres (1929) e em Santos (1973).
2.2.2 Objetos trançados
Saia cobertor
Segundo Paula (1924:125), as saias-cobertor (chamamo-las desta
maneira por servirem a esta dupla finalidade) eram tecidas com cordéis
fiados
a
partir
da
fibra
de
urtiga-brava
78
(Urera
sp.).
Para
a
preparação destas, o caule da planta era esmagado com bastões de
madeira,
macerado
em
água,
novamente
batido
para
retirar
a
parte
lenhosa, seco e fiado pelas mulheres sobre a coxa. Este autor referese ainda a um tear primitivo que seria usado para entretrançar os
cordéis,
formando
assim
a
saia-cobertor.
A
esse
respeito,
Santos
(1973) diz que as saias-cobertor eram entretrançadas à mão, sem o
auxílio deste tear.
Sullivan & Moore (1990:47) dizem que estas saias-cobertor teriam
dimensões em torno de 115 por 150 centímetros, sendo usadas pelas
mulheres, enroladas em torno da cintura.
Santos (1973) detalha que eram usadas enroladas abaixo dos seios
chegando até o joelho. Em noites frias serviam para cobrir e aquecer
toda a família.
Outras
referências
sobre
as
saias-cobertor
existem
em
Tavares
(1910) e Kempf (1947).
3
Artefatos rituais, mágicos e lúdicos
3.1 Instrumentos musicais
3.1.1 Idiofones
Chocalho globular
Segundo Sullivan & Moore (1990:49), os chocalhos Xokleng, usados
durante
os
elaboração,
rituais
uma
de
cabaça
morte,
madura
são
feitos
pelos
(Crescentia sp.)
é
homens.
seca
ao
Na
sua
sol
por
aproximadamente uma semana, tendo depois as sementes retiradas por um
orifício; é deixada na água por um ou dois dias e sofrendo depois a
limpeza da parte interna. Após nova secagem ao sol, outro orifício,
oposto
ao
aberto
anteriormente,
é
feito,
e
uma
vara
de
bambú
é
encaixada através de ambos. Antes da fixação definitiva desta vara,
sementes de Caeté (Heliconia sp.)
são introduzidas na cabaça. A haste
79
é inserida de maneira a uma ponta projetar-se na parte superior, sendo
então fixada com cordéis encerados. A decoração era feita com anéis de
penas
amarrados
com
casca
de
imbé,
podendo
possuir
ainda
longos
cordéis fixados ao cabo para o transporte. Quando rachadas durante a
fabricação, as cabaças podiam ser coladas com cera de abelha.
Outras referências a este instrumento podem ser encontradas em
Henry (1964) e Santos (1973).
3.2 Artefatos rituais de materiais ecléticos
3.2.1 Artefatos de dança de materiais ecléticos
Ornamento de dança "Lú"
Este artefato, segundo Sullivan & Moore (1990), é usado durante a
cerimônia de perfuração dos lábios dos meninos, sendo confeccionado
pelas mulheres. Trata-se de uma esfera feita em cestaria, inserida na
ponta de uma haste de cerca de 125 centímetros. Logo abaixo desta
esfera (cerca de 6 centímetros) é inserida uma peça de cestaria plana.
O conjunto é coberto com plumas de águia, fixadas com resina. Outras
referências a este ornamento podem ser encontradas em Henry (1964).
Ornamento de dança "Kõñañ"
Também utilizado durante as cerimônias de perfuração dos lábios
dos meninos, segundo Sullivan & Moore (1990:37) é composto por uma
vara de cerca de 185 centímetros com penas de águia fixadas com liber
na extremidade superior. Logo abaixo das penas é inserida uma seção
discoidal de cestaria. O conjunto é coberto com plumas de águia.
Outras referências a este artefato encontram-se em Henry (1964).
3.2.2 Artefatos de dança em fibra vegetal
80
Cinto cerimonial
Usado pelos homens durante a cerimônia de perfuração dos lábios
dos
meninos,
é
um
largo
cinto
de
líber
com
pendentes
de
líber
desfiada, sendo usado em torno da cintura (Sullivan & Moore, 1990).
Sobre
estes
cintos,
Henry
(1964:195))
afirma
que
podiam
ser
pintados de cor negra ou com sangue de animais.
3.3 Instrumentos cirúrgicos
3.3.1 Instrumentos cirúrgicos de madeira
Extrator de dentes
Segundo
compunha-se
Sullivan
de
um
&
bastão
Moore
de
(1990:48),
madeira
com
o
um
extrator
dos
lados
de
dentes
afilado
e
terminado em ponta côncava. Esta ponta era posta sobre o dente cariado
e o extrator martelado na outra extremidade por um bastão de madeira
polida, arrancando assim o dente. Fotografias destes artefatos estão
reproduzidadas em Henry (1964) e Santos (1973).
3.4 Artefatos lúdicos
3.4.1 Artefatos lúdicos de materiais ecléticos
Bola de arremesso
Paula (1924:129) descreve um jogo praticado após a cerimônia de
perfuração dos lábios e que consistia em aparar ou rebater uma bola
composta
por
uma
pedra
envolvida
descreve jogo semelhante, sendo
em
cestaria.
Henry
(1964:195)
porém a bola uma esfera de cestaria
recheada de barba-de-pau (Tillandsia sp.).
Existem ainda alguns outros artefatos rituais, citados por Henry
(1964) e por Sullivan & Moore (1990), que não incluimos aqui devido a
dificuldades a respeito do uso, descrição e classificação dos mesmos.
81
As Coleções Etnográficas de objetos artesanais
Os
artefatos
coleções
indígenas
distintas,
duas
descritos
nesta
depositadas
no
seção
Museu
de
provêm
de
três
Antropologia
da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e uma depositada no
Museu do Homem do Sambaqui, no Colégio Catarinense, em Florianópolis,
SC.
As duas coleções existentes no Museu de Antropologia da UFSC têm
origens
distintas.
Antropologia,
Uma
formada
delas
a
é
a
partir
coleção
de
do
doações
próprio
de
Museu
pesquisadores
de
e
particulares, a respeito da qual não sabemos nem a procedência nem a
data de coleta do material mais antigo. A outra é a Coleção Tom Wildi,
doada por este colecionador, o qual a adquiriu de um sacerdote, que a
reuniu em Ibirama, em princípios deste século (Tom Wildi, inf. pess.,
1983).
pequeno
Ambas
as
número
coleções
de
são
artefatos
descritas
existente
conjuntamente,
na
devido
ao
Museu
de
remanescente
do
coleção
do
Antropologia.
A
Coleção
do
Museu
do
Homem
do
Sambaqui
é
material etnográfico existente no antigo Museu de Artes e Ofícios de
Florianópolis, adquirida por compra pelo Gymnásio Catharinense em 1924
(Rohr, 1971). É
composta de peças provenientes de todo o estado de
Santa Catarina, coletadas entre o final do Século XIX e princípios do
século XX.
Como o nosso propósito é descrever apenas peças que reflitam a
cultura material Xokleng tradicional, com pouco ou nenhum contato
82
efetivo
com
a
sociedade
nacional,
as
peças
que
nos
pareceram
artesanato recente (posterior a 1935) ou duvidosas, não
de
foram usados
nesta descrição.
A nomenclatura usada aqui continua sendo a proposta por Ribeiro
(1988), complementada, quando necessário, por Heath & Chiara (1971) e
por Ribeiro, coord. (1986). Nos casos em que houve necessidade de
detalhar alguns aspectos dos artefatos para adaptar a descrição ao
material Xokleng, como os casos das pontas das flechas analisadas,
criamos
novas
categorias,
embora
sempre
dentro
das
propostas
dos
autores citados.
1 Utensílios e Implementos ligados às Atividades de Subsistência e
Conforto Doméstico e Pessoal, Transporte
1.1 Utensílios para o preparo, consumo e armazenagem de alimentos
1.1.1
Utensílios
trançados
para
transporte
e
serviço
de
alimentos
(prancha I)
Neste grupo está classificada a maior parte da cestaria Xokleng.
Esta cestaria é composta de cestos gameliformes ou paneiriformes, com
borda
roliça
ou
lisa,
corpo
cilíndrico,
contorno
simples
e
bases
planas.
O começo dos cestos é indiferenciado e o arremate pode ser com
ourela simples ou com acabamento anelar ou casca de imbé.
As estruturas do trançado podem ser entrelaçado cruzado sarjado,
em
padrão
"espinha
de
peixe",
ou
usadas
para
entrelaçado
cruzado
quadricular
gradeado ou vazado.
As
matérias-primas
sua
manufatura
são
talas
de
gramíneas conhecidas com taquara-doce e taquari (Gêneros Merostachys
83
sp.
e
Olira
sp.)
e
aráceas
conhecidas
como
cipó
imbé
(Gênero
Philodendron sp.)
Muitas vezes os cestos são impermeabilizados com cerol (mistura
de
cera
de
abelhas
e
cinza
vegetal),
para
serem
utilizados
como
recipientes de água ou mel de abelha.
Os cestos não impermeabilizados são utilizados para a guarda de
alimento e também para a conservação do pinhão.
1.1.2 Utensílios em madeira para o preparo dos alimentos
Neste grupo estão classificados os paus-igníferos, as pinças e os
pilões de madeira.
84
PRANCHA I. Padrões de Trançado Xokleng
Trançado Sarjado em "espinha de peixe"
Trançado Quadriculado
Traçado Quadriculado e acabamento Anelar em Imbé
85
Os
paus-igníferos
são
artefatos
compostos
de
duas
peças,
uma
servindo como base e outra como haste móvel. A base é um fragmento de
madeira mole, com um desgaste circular em sua superfície e com uma
ranhura no centro deste desgaste. Dentro deste desgaste é inserida a
haste
móvel,
de
madeira
dura.
Imprimindo-se
um
rápido
movimento
circular nesta haste com as mãos, a fricção provoca a combustão do pó
de madeira que se acumula na ranhura, que, por sua vez, incendeia os
fragmentos de folhas e madeiras colocados ali como isca.
As
pinças
são
artefatos
formados
por
uma
vareta
de
madeira
dobrada de maneira a formar uma articulação e dois dáctilos de mesmo
comprimento. É utilizada de maneira a retirar do fogo alimentos ou
brasas.
Os pilões são artefatos cilíndricos vasiformes, confeccionados em
madeira dura, escavada com o auxílio do fogo. São utilizados para a
maceração de alimentos. Os exemplares analisados apresentam, em sua
superfície lateral, marcas de objetos cortantes, o que mostra que,
eventualmente, servem de base para a elaboração de outros artefatos.
1.2 Armas para a obtenção de produtos de caça e para guerra e defesa
1.2.1 Armas de arremesso complexas (prancha II)
Neste grupo estão classificados os arcos e flechas, subdividindose estas em oito grupos, de acordo com a matéria-prima e morfologia da
ponta.
86
Prancha II. Arcos Kokleng
87
Os arcos analisados são de seção circular, com as partes distais
dos segmentos geralmente fletidas próximas ao ombro. A terminação do
ombro é rombuda. Segundo Chiara (1986), são classificados como arcos
"altos", ou seja, por possuírem pouca elasticidade, disparam a flecha
com maior velocidade. Podem apresentar elementos decorativos em seu
corpo, como por exemplo apliques de casca de imbé, que recobrem parte
ou a totalidade de sua superfície. Alguns apresentam ainda seções
cilíndricas de couro de cauda de mamíferos, inseridas em seu corpo. As
dimensões dos arcos variam entre 161 a 239 centímetros.
O encordoamento é feito com fibras vegetais fiadas em "Z" ou "S",
com diâmetro variando entre 0,5 a 0,8 centímetros. Algumas vezes são
untados com cerol. A preensão do encordoamento no arco é feita por nós
fixos, que não conseguimos classificar. Para que o encordoamento não
escape, é feito um reforço junto aos ombros, composto de casca de
imbé, líber e cordéis de fibra vegetal enrolados.
As flechas Xokleng foram classificadas em oito grupos, (pranchas
III, IV e V) de acordo com a matéria prima utilizada e morfologia da
ponta: Flechas com pontas de madeira farpadas unilaterais e bilaterais
(Grupos I, II e III), flechas com pontas de madeira rombudas - virote
(Grupos IV e V), flechas com pontas de metal (Grupos VI e VII), e
flecha com ponta lítica (Grupo VIII).
As flechas com pontas farpadas unilaterais e bilaterais (Grupos
I, II e III) são geralmente compostas por pontas/varetas farpadas
esculpidas em madeira endurecida pelo fogo e
88
Prancha III. Flechas Xokleng
89
Prancha IV. Formas de Pontas de Flecha
90
Prancha V.
91
posteriormente inseridas em haste de taquara. Em alguns casos, a ponta
é esculpida diretamente na haste, formando assim uma flecha de corpo
maciço. A diferença entre as flechas com pontas unilaterais dos Grupos
I e II está na forma e disposição das serrilhas na ponta. As flechas
destes
três
grupos
também
podem
apresentar
emendas
de
taquara
de
tamanhos variáveis, com o fim de aumentar o tamanho da flecha. As
inserções e emendas são fixadas usando-se cerol como cola e cordéis de
fibra vegetal, líber ou casca de imbé como elementos de amarração.
Apliques de casca de imbé podem ocorrer na haste, não só como elemento
de amarração, como também decorativo. As dimensões
das flechas variam
entre 139 a 202 centímetros.
As flechas com pontas de madeira rombuda, também conhecidas como
flechas-virote (Grupos IV e V), são compostas por uma ponta de madeira
rombuda, confeccionada em nó de pinho e inserida em haste de taquara,
mais raramente em haste de madeira. A diferença entre os dois grupos
está na morfologia da ponta rombuda. As características de fixação dos
elementos que as compõem são semelhantes às duas flechas anteriores.
Suas dimensões variam entre 131 e 161 centímetros.
As flechas com pontas metálicas (Grupos VI e VII) compreendem as
flechas com pontas de ferro triangulares pedunculadas com aletas e as
pontas de ferro foliáceas pedunculadas com aletas. Estas pontas são
fixadas em uma vareta de madeira com cerol, cordéis de fibra vegetal
e/ou casca de imbé. Este conjunto é, por sua vez, inserido em haste de
taquara, mais raramente de madeira, e fixado de maneira similar aos
outros grupos já descritos. Suas dimensões variam entre 125 e 162
centímetros.
A flecha com ponta lítica (Grupo VIII) é a única representante do
seu grupo. Trata-se de uma ponta de quartzo leitoso, lascada por
pressão e possuindo pedúnculo e aletas. Está fixada em uma haste de
madeira com cerol e cordéis de fibra vegetal. Em sua parte proximal,
possui uma emenda de taquara fixada com cerol e casca de imbé. De
resto, sua estrutura assemelha-se à das flechas já descritas. Sua
dimensão é de 131 centímetros.
A emplumação e o encaixe de todos os exemplares são semelhantes,
(prancha V) apresentando emplumação tangencial, com as penas atadas
pelas extremidades, com cordéis de fibra vegetal, líber ou casca de
imbé. Usualmente o cerol é utilizado como cola. Entre a parte proximal
da emplumação e o encaixe, às vezes apresentam decoração composta por
círculos
de
plumas.
Sullivan
&
Moore
(1990),
descrevendo
flechas
Xokleng coletadas entre 1914 e 1930 em Ibirama, SC e depositadas em
coleções dos Estados Unidos da América, acreditam que estes círculos
de plumas são uma modificação introduzida após
1920. Porém, nas
coleções analisadas, esta decoração se encontra presente mesmo nos
exemplares das coleções mais antigas.
As penas usadas na emplumação são de aves do gênero Cracidae
(aracuã, jacu, jacutinga) e as plumas usadas nos círculos decorativos,
de aves do gênero Ramphastidae (tucanos).
O encaixe das flechas é reforçado por cordéis de fibra vegetal,
líber e/ou casca de imbé, usando-se cerol como cola.
1.2.2 Armas de arremesso simples (prancha VI)
93
Este grupo está representado por lanças, compostas por uma lâmina
de ferro foliácea pedunculada com aletas, fixada em corpo de madeira
de corte losangular, com cerol, fibras vegetais e casca de imbé. Logo
após a amarração de casca de imbé, apresentam decoração em cestaria
fixada no corpo de madeira, composta de talas de taquara e casca de
imbé
com
entretrançado
quadricular,
formando
padrões
de
desenho,
representando linhas diagonais paralelas. As dimensões das lâminas
variam entre 20 e 42 centímetros e as dimensões totais das lanças,
entre 133 e 167 centímetros.
1.3 Utensílios para Transporte por terra de crianças e carga
1.3.1 Artefatos trançados
Este grupo está representado por cestos cargueiros gameliformes e
paneiriformes e por tipóias trançadas.
Os cestos-cargueiros são confeccionados de maneira semelhante à
dos
outros
cestos
já
descritos,
diferenciando-se
destes
pelas
dimensões maiores e pela presença de tipóias trançadas, fixas ao seu
bojo por atilhos de líber ou casca de imbé. As técnicas de trançado
também são semelhantes às dos cestos já descritos, com exceção de um
exemplar que apresenta entretrançado gradeado vazado.
94
Prancha VI. Lanças Xokleng
95
As tipóias são confeccionadas em fitas de líber e casca de imbé
em
número
de
16,
entretrançadas
em
passamanaria.
Próximo
às
extremidades, a faixa resultante subdivide-se em duas faixas menores
de 8 fitas cada, arrematadas por torção ou nó simples.
2 Adornos e objetos de uso pessoal
2.1 Adornos do tronco
2.1.1 Adornos de cordame do tronco
Este grupo está representado por cintos de cordões, formados por
cordéis de casca de imbé ou de fibras vegetais, fiados em "S" ou "Z" e
com
diâmetro
variando
entre
0,1
e
0,2
centímetros.
Estes
cordéis
formam voltas fixadas com amarrações eqüidistantes. O número destas
voltas varia entre 15 e 103. Estes cintos são usados pelos homens em
torno da cintura, servindo para a preensão do prepúcio. O comprimento
dos cintos, medido a partir das amarrações dos cordéis, varia entre 35
e 51 centímetros. Em um exemplar, existe um pingente cilíndrico feito
de seção da epífise de osso longo de mamífero, perfurado e fixo ao
conjunto por um cordel de casca de imbé.
2.1.2 Adornos de materiais ecléticos do tronco
Estão representados nas coleções por colares, constituídos por um
cordel de casca de imbé ou de fibras vegetais, no qual foram inseridas
sementes perfuradas de diversas plantas, dentes de animais, botões de
porcelana, cápsulas de armas de fogo, argolas de arreio, moedas e
outros objetos obtidos através de contato com a sociedade nacional.
2.2. Indumentária e arranjos de decoro
2.2.1 Objetos para tratamento do corpo
Este
grupo
confeccionados
em
está
representado
madeira
endurecida
pelos
pelo
furadores
fogo.
de
Possuem
lábios,
forma
de
bisturi e têm dimensões entre 17 e 20 centímetros. São usados para
perfurar os lábios das crianças do sexo masculino.
2.2.2 Objetos trançados
Este grupo está representado pelas saias-cobertor, que são mantas
entretecidas em cordões de fibra de urtiga-brava, e de uso feminino.
Apenas duas foram encontradas nas coleções e destas, apenas uma pode
ser analisada, já que a outra, devido ao estado de conservação, não
pode ser manuseada. A outra tem as dimensões de 2x1 metros.
97
5 SINTETIZANDO: O MODELO XOKLENG
Com as informações reunidas tentamos a criação de um modelo.
Sintetizando as informações dos capítulos anteriores, pode-se afirmar
que
o
nomadismo
dos
Xokleng
foi
profundamente
influenciado
pelas
condições ecológicas gerais das duas regiões que faziam parte de seu
território histórico, uma delas ocupada pela Mata Ombrófila Densa e a
outra pela Mata Ombrófila Mista.
o
prendam
a
um
determinado
Como o grupo não possui cultivos que
lugar,
a
sua
movimentação
dentro
do
território estava ligada ao maior ou menor grau de recursos de caça e
coleta existentes em determinado momento em cada uma destas regiões.
Na região de Mata Ombrófila Densa (Mata Atlântica), a época em
que os recursos de caça e coleta estão disponíveis em maior quantidade
é durante a primavera e o verão, quando a frutificação de inúmeras
espécies de árvores nativas proporciona abundante alimentação para o
homem e uma concentração da fauna.
Na região de Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária), o
período de fartura se verifica durante o outono e o inverno, devido
principalmente
espécies
à
nativas
frutificação
menos
das
araucárias
importantes.
Da
e
mesma
de
algumas
forma
que
outras
na
Mata
Atlântica, estes frutos disponíveis para os humanos são responsáveis,
também pela concentração da fauna durante esta época.
Estes fatores condicionaram o grupo Xokleng ao nomadismo: este
circulava
em
seu
território
histórico
em
um
movimento
pendular
estacional entre a Mata Atlântica e a Mata de Araucária de acordo com
os recursos oferecidos por cada região em um dado momento.
Devido a estes fatores, o assentamento dos Xokleng pode variar,
conforme os acampamentos sejam instalados na região de Mata Atlântica
ou na de Mata de Araucária, já que em cada uma destas áreas as
atividades de caça e coleta seguiriam ritmos diferentes.
Na Mata Atlântica, (prancha VII) as estratégias de caça e coleta
desenvolvidas exigiam uma atomização do grupo, de maneira a cobrir uma
área a mais ampla possível, otimizando a captação de recursos. Devido
a isso, os acampamentos eram pequenos e pouco estáveis, abrigando
grupos subdivididos em poucas famílias por períodos de tempo poucas
vezes superiores a alguns dias. Estes grupos reuniam
pessoas, aproximadamente. Nos locais
99
entre 8 e 30
Prancha VII. Acampamento xokleng na Mata Atlântica
100
ricos em recursos, os acampamentos se estabilizariam em até uma
semana, enquanto que nos locais menos propícios seriam utilizados
apenas por uma noite.
Uma exceção, na região de Mata Atlântica, eram os acampamentos
cerimoniais construídos para a festa de perfuração dos lábios dos
meninos, (prancha VIII) que reunia a maioria dos grupos familiares
Xokleng em acampamentos grandes, que podiam ficar instalados no mesmo
local cerca de um mês, devido aos preparativos que a festa exigia.
Na região de Mata de Araucária, (pranchas IX e X) os acampamentos
seriam mais estáveis, podendo ficar instalados em um mesmo local por
até três meses. A existência de grandes quantidades de pinhão e as
técnicas de armazenagem destes recursos, dominadas pelos Xokleng, além
de uma concentração de mamíferos e aves atraídas
comida,
garantiriam
a
estabilidade
dos
pela fartura de
acampamentos.
Estes
acampamentos, pelos mesmos motivos, seriam maiores que os construídos
na Mata Atlântica, podendo reunir vários grupos familiares, somando
mais de 50 pessoas.
Na região de Mata Atlântica, devido à pouca duração da ocupação,
a instalação do acampamento seria bastante simples. Normalmente era
escolhido
um
local
plano
para
construir
os
abrigos.
A
vegetação
arbustiva era arrancada e vários abrigos em meia-água, um para cada
família,
eram
construídos.
Os
homens
se
encarregavam
de
cortar
e
cravar no chão os pilares de sustentação da estrutura, enquanto que as
mulheres reuniam folhas para a cobertura e se encarregavam do restante
da construção. Estes
Prancha VIII. Acampamento cerimonial Xokleng
101
102
Prancha IX. Esquema de um acampamento Xokleng no Planalto I
103
Prancha X. Ilustração esquemática de um acampamento Xokleng no
planalto II.
104
abrigos, em número de dois a oito, se distribuíam paralelamente
dentro
da
área
da
clareira.
O
espaço
externo
era
utilizado
para
realização da maior parte das atividades do grupo. Cada abrigo possuía
uma
fogueira
diante
da
abertura,
usada
principalmente
para
aquecimento, podendo, porém, ser utilizada na preparação de alimentos
ou de artefatos. Quando os caçadores conseguiam abater animais de
médio ou grande porte, eram construídos fornos subterrâneos na área do
acampamento. A produção e queima de vasilhames cerâmicos envolvia uma
parada de até uma semana no mesmo local, sendo estas atividades também
realizadas junto ao acampamento.
Ainda
nesta
perfuração
dos
região,
lábios
durante
dos
os
preparativos
meninos,
a
mais
para
a
importante
festa
de
cerimônia
Xokleng, os acampamentos tomavam grandes proporções, já que esta festa
era
responsável
pela
reunião
da
maior
parte
do
grupo
tribal.
Os
preparativos para sua realização exigiam cerca de um mês em um mesmo
local. Não possuímos dados diretos a respeito de como se organizavam
espacialmente estes acampamentos cerimoniais, mas pode-se deduzir que
uma ampla área aberta era necessária para as cerimônias e danças que
se realizariam. Os abrigos seriam instalados na periferia desta área,
possuindo cada qual fogueiras individuais. Nas proximidades também
seriam
feitos
fermentada.
os
cochos
Estes
de
cochos,
cedro
para
para
a
sua
a
preparação
fabricação,
da
bebida
exigiriam
instrumentos líticos, como lâminas de machados, raspadores e lascas
cortantes,
que
provavelmente
seriam
descartadas
nas
proximidades.
Fornos subterrâneos e moquéns também eram construídos para preparar a
caça que seria consumida pelo grupo.
Na
região
comportariam
de
Mata
ranchos
em
de
Araucária,
forma
de
105
os
cúpula,
acampamentos
de
maior
de
inverno
tamanho,
que
abrigariam os vários casais de uma família extensa. A instalação do
acampamento seria, embora em maior escala, semelhante à utilizada na
região de Mata Atlântica. Além de possuir uma estabilidade maior,
estes acampamentos podiam ter estruturas defensivas como paliçadas,
cercas de espinhos e fossos. As fogueiras feitas no interior dos
ranchos serviriam para o aquecimento, enquanto que fogueiras externas
seriam usadas para a preparação de alimentos, de artefatos de madeira,
pedra ou osso e para a confecção de artefatos cerâmicos. Não temos
dados a respeito de áreas de descarte de restos de lascamento, mas
existem
indicações
de
que
os
ossos
de
animais
consumidos
seriam
descartados dentro ou próximo às fogueiras.
Os Xokleng possuíam dois tipos básicos de abrigos: os formados
por um teto em meia-água e os de teto em forma de cúpula. A construção
de ambos era semelhante, sendo os primeiros construídos a partir de
dois pilares cravados verticalmente no solo e uma viga horizontal,
amarrada nas extremidades superiores destes. Em um dos lados eram
cravadas varas, a uma distância de cerca de dois metros, que depois
eram envergadas e fixadas na viga horizontal formando assim a armação
do abrigo. Esta armação era coberta com folhas, sendo o interior do
abrigo forrado com folhas de xaxim. Uma fogueira para aquecimento era
mantida constantemente acesa diante da entrada.
Os abrigos em cúpula resultavam da junção de dois abrigos em
meia-água, construídos
de maneira similar. Neste caso, as fogueiras
para aquecimento estavam situadas dentro do abrigo.
As
fogueiras
podiam
atender
a
diversas
finalidades,
sendo
possível separá-las em quatro tipos básicos: fogueiras de aquecimento,
106
fogueiras para a preparação de artefatos cerâmicos, fogueiras para
preparação de alimentos e fornos subterrâneos.
As fogueiras de aquecimento situavam-se diante da abertura do
abrigo ou no interior dos ranchos maiores e visavam principalmente o
aquecimento dos membros da família durante o sono. Também podiam ser
usadas para outras finalidades como a elaboração de artefatos ou para
preparar alimentos. Eram mantidas acesas continuamente. Podia ocorrer
descarte de restos de lascamento ou de fragmentos ósseos dentro ou em
torno destas fogueiras, porém em pequenas quantidades.
As fogueiras para a preparação de artefatos cerâmicos seriam mais
afastadas dos abrigos, na periferia do acampamento, devido ao seu
maior tamanho. É possível que o material mais frequente dentro e em
suas proximidades sejam fragmentos cerâmicos, já que é comum a fratura
de artefatos durante o cozimento.
As
fogueiras
para
a
preparação
de
alimentos
podem
ser
caracterizadas por sua instalação fora dos abrigos, podendo haver
maior quantidade de restos faunísticos descartados em seu interior e
em suas proximidades.
O
forno
subterrâneo
é
uma
estrutura
caracterizada
por
uma
cavidade aberta no solo, com o fundo forrado com seixos. Para sua
utilização,
o
fogo
era
aceso
dentro
da
cavidade
até
os
seixos
incandescerem. A madeira era retirada então e uma camada de folhas era
posta dentro da cavidade. A carne da caça ainda com couro
era posta
em seguida, sendo então coberta por mais folhas e terra. Após cerca de
12 horas, a carne estava cozida. O descarte dos ossos dos animais
107
assim
preparados
era
feito
dentro
da
cavidade
ou
nas
suas
proximidades.
Ainda em relação às fogueiras, é importante lembrar que muitas
vezes a mesma fogueira poderia cumprir várias destas finalidades, o
que torna difícil definir com clareza a sua verdadeira utilização.
A
exploração
dos
recursos
naturais
da
Mata
Atlântica
e
de
Araucária pelos Xokleng era realizada de maneira extensiva, sendo
poucos os recursos existentes, como por exemplo os peixes, que não
eram capturados e consumidos.
Provavelmente a coleta, tanto vegetal como animal, representava o
principal papel na subsistência do grupo. Os itens de coleta vegetal
mais consumidos eram o pinhão, o palmito e diversos frutos, enquanto
que os itens de coleta de origem animal mais apreciados eram o mel e
as larvas de diversos coleópteros e himenópteros. Em segundo lugar
viria a caça, que se poderia classificar como generalizada, embora os
Xokleng dessem preferência aos animais de maior porte. O interesse
pela captura de um animal podia ser medida pela quantidade de carne
que
este
tinha
a
oferecer.
Devido
a
isso,
temos
em
ordem
de
importância, a caçada de antas, dos cervídeos, dos queixadas, dos
caititús, e dos bugios. Espécies menores de mamíferos, assim como
todas as aves, eram caçadas indiscriminadamente.
A caça era uma atividade masculina e comunitária que envolvia
grupos de parentes. A técnica usada era a de seguir o rastro do animal
até este ficar encurralado, quando então era abatido com flechas ou
lanças. Antas e cervídeos podiam também ser forçados a penetrar em
cursos
d'água,
onde
árvores
previamente
108
derrubadas
impediriam
sua
fuga. Estas estratégias seriam usadas preferencialmente com animais de
médio
e
grande
porte,
como
antas,
cervídeos,
grandes
felinos,
queixadas e caititus. Bugios e micos eram abatidos com flechas na copa
das árvores e outros mamíferos de pequeno porte eram abatidos com
flechas sempre que surgisse oportunidade. A captura de indivíduos
jovens, de fêmeas em gestação, ou de machos adultos era indiferente,
existindo inclusive uma preferência por fêmeas em avançado grau de
gestação devido à menor dificuldade existente na captura. Aves eram
abatidas com flechas-virote, que matam por impacto e oferecem menos
risco de prenderem-se na copa das árvores.
As
atividades
de
coleta
podiam
ser
tanto
individuais
como
comunitárias, envolvendo ainda ambos os sexos. A coleta do pinhão era
coletiva, sendo cada família responsável por sua parte. Os homens
escalavam o pinheiro e derrubavam as pinhas, enquanto as mulheres se
responsabilizavam pela coleta, transporte e preparação do pinhão.
A coleta do palmito, por envolver a derrubada do palmiteiro, era
provavelmente ocupação masculina, enquanto que a preparação do palmito
era
atividade
farinha
feminina.
preparada
a
Existem
partir
do
ainda
notícias
miolo
de
certa
de
uma
espécie
palmácea
que
de
era
consumida assada nas brasas, porém não conseguimos reunir maiores
informações a respeito.
A coleta de mel e de larvas de insetos podia ser comunitária ou
individual, parecendo haver um predomínio da coleta individual. O mel
geralmente
era
coletado
pelos
homens,
sendo
recolhido
em
cestos
impermeabilizados e transportado, quando não consumido no local. As
109
larvas de abelhas eram consumidas no local, e a cera recolhida para a
fabricação de inúmeros artefatos.
A
coleta
de
outros
frutos
era
principalmente
atividade
individual.
A preparação da carne podia ser realizada de diversas maneiras:
animais de médio e grande porte seriam assados em fornos subterrâneos,
enquanto
que
animais
menores
podiam
ser
moqueados
ou
assados
em
espetos.
Os pinhões podiam ser consumidos tostados ao fogo, pilados e
ensopados, transformados em bolachas e assados ou mastigados crus e
cozidos em água. Para a preparação destes ensopados, eram usados como
recipientes
vasilhames
cerâmicos
ou
seções
cortadas
do
tronco
de
Taquaruçu. A conservação do pinhão por tempo de até dois meses era
feita submergindo-se balaios com este fruto em cursos d'água.
Os palmitos podiam ser consumidos ao natural ou sob a forma de
ensopado.
Larvas de inseto podiam ser consumidas ao natural ou assadas.
A classe de artefatos mais utilizados pelos Xokleng no seu dia-adia era a cestaria. Os cestos impermeabilizados eram usados para o
transporte e consumo de água ou mel, variando o tamanho de acordo com
a atividade desempenhada. Cestos comuns eram usados para o transporte
dos bens durante as mudanças de acampamento e também para o transporte
até o acampamento dos resultados da coleta.
110
A
cerâmica
não
parece
ter
possuido
grande
importância
nas
atividades do grupo, sendo muitas de suas funções cumpridas por cestos
impermeabilizados ou por vasilhames de madeira ou de seção cortada de
Taquaruçu. Os poucos vasilhames existentes são de pequenas dimensões,
de cor preta, brunidos e sem decoração.
Nas
atividades
de
caça
e
guerra,
os
arcos
e
flechas
eram
o
implemento mais utilizado. As flechas eram de três tipos básicos: com
ponta de metal (possivelmente lítica, antes da introdução do ferro),
de madeira com ponta serrilhada e com ponta-virote, esta
geralmente
feita em nó de pinho. As flechas com pontas de ferro e de madeira
serrilhada eram usadas na caça e na guerra, enquanto que as flechas
com
pontas-virote
eram
utilizadas
para
abater
aves.
A
lança
e
a
borduna podiam ser usadas para abater grandes animais e também na
guerra, sendo que sua utilização para ataque e defesa com certeza
superava seu uso nas atividades de caça.
Apesar de não existirem dados consistentes a respeito, parece
claro que os Xokleng se utilizavam de artefatos líticos para várias
atividades,
preparação
flechas,
como
de
derrubada
artefatos
lanças
e
de
de
árvores,
madeira
recipientes
de
como
abertura
cochos
madeira.
Esta
de
de
colméias
bebida,
indústria
e
arcos,
lítica,
constituída provavelmente por lâminas de machado polidas ou lascadas,
mãos de pilão, lascas com ou sem retoques e raspadores, teriam entrado
em
declínio
sociedade
com
a
nacional,
introdução
a
partir
do
do
desaparecer em meados do século XIX.
111
ferro
através
século
do
XVIII,
contato
com
terminando
a
por
Um traço característico da cultura Xokleng diz respeito ao padrão
funerário. Quando uma pessoa morria, uma área fora do acampamento era
limpa de vegetação, sendo o morto posto no centro com seus objetos de
uso pessoal. O conjunto era então coberto com lenha e cremado até
restarem apenas fragmentos ósseos calcinados, que eram por fim postos
em um cesto e enterrados em uma pequena cova. Sobre esta era erguido
um
montículo
com
cerca
de
50
centímetros
de
informações se referem à construção de um abrigo
remanescente.
112
altura.
Algumas
sobre o montículo
À MANEIRA DE CONCLUSÃO: O QUE OS ARQUEÓLOGOS PODEM UTILIZAR DO MODELO
XOKLENG
Devido ao estado inicial das pesquisas arqueológicas realizadas
no território histórico dos Xokleng, já referidos no capítulo 3, são
muito poucos os dados disponíveis para se tentar estabelecer paralelos
definitivos entre os Xokleng históricos e as populações pré-históricas
existentes.
Embora,
por
estes
motivos,
estabelecidos
de
maneira
precária, são importantes para formar hipóteses a serem testadas em
futuros trabalhos arqueológicos de campo.
As possibilidades de convergências que constatamos dizem respeito
ao
nomadismo,
ao
padrão
de
assentamento,
de
subsistência
e
de
sepultamento, desenvolvidos pelos grupos que habitaram a região.
Em relação ao nomadismo, os dados recolhidos parecem indicar ter
ele existido desde a pré-história da região, seja praticado por grupos
antepassados
dos
Xokleng
ou
por
outros
grupos,
cujas
maneiras
de
explorar o meio ambiente fossem semelhantes. A presença de sítios
arqueológicos com pontas líticas atribuíveis à tradição Umbu e com
cerâmica
atribuível
à
tradição
Taquara
tanto
na
região
de
Mata
Atlântica quanto na região de Mata de Araucária, seria um destes
indicadores, sugerindo que ao menos duas grandes tradições, uma lítica
e
uma
cerâmica,
histórico
dos
se
tenham
Xokleng.
sucedido
As
diferenças
ou
coabitado
no
tipo
no
de
território
assentamento
existentes entre estes sítios arqueológicos, poderiam ser explicadas
pelas diferentes estratégias de subsistência utilizadas em cada uma
das
regiões,
a
à
semelhança
dos
Xokleng
históricos,
que
tinham
diferentes tipos de assentamento conforme a atividade desenvolvida no
momento.
Assim
a
freqüência
de
determinado
artefato
ou
resto
faunístico em diferentes sítios arqueológicos implantados ou não na
mesma região, poderia indicar ocupações diferenciadas de um mesmo
grupo, conforme esta ocupação tenha como objetivo principal a caça, a
coleta ou atividades cerimoniais.
A presença de pontas e outros artefatos líticos no território
histórico dos Xokleng atesta a existência de uma indústria lítica até
tempos históricos, ao menos no planalto norte de Santa Catarina, onde
Piazza conseguiu duas datações de AD 1290 e AD 1660 para um abrigo com
pontas
líticas.
É
provável
que
os
Xokleng
tenham
dominado
esta
tecnologia, que teria desaparecido com a introdução do ferro, a partir
do século XVIII.
Especificamente em relação ao padrão de assentamento, os sítios
de ambas as regiões não apresentam evidências de ocupações estáveis,
percebendo-se ainda que os registrados na região de Mata Atlântica são
114
menores e possivelmente menos estáveis que os localizados na Mata de
Araucária.
Outra
convergência
que
se
percebe
através
das
informações
arqueológicas e etnográficas sobre o padrão de assentamento, está na
existência, na região da Mata de Araucária, de "terreiros de Aldeia"
possivelmente cercados com paliçadas defensivas, o que vai ao encontro
da memória tribal Xokleng, de acordo com Henry (1964).
Este fato, se confirmado por pesquisas posteriores, irá sugerir
mais fortemente que estes grupos humanos pré-históricos possuiriam um
sistema
de
exploração
do
meio-ambiente
similar
ao
dos
Xokleng
históricos, sistema este baseado nas migrações contínuas entre a Mata
Atlântica
e
familiares
a
na
Mata
de
região
Araucária,
onde
a
e
caça
no
fracionamento
desempenhasse
dos
um
grupos
papel
mais
importante na alimentação que as atividades de coleta.
Em
termos
de
padrão
de
subsistência,
o
consumo
do
pinhão
na
região da Mata de Araucária existe desde épocas recuadas (3.000 AP).
Segundo Rohr (1971), as mesmas técnicas de conservação do pinhão,
usada
pelos
Xokleng,
foi
percebida
em
um
sítio
arqueológico
do
planalto Catarinense.
O uso de pontas-virote feitas em nó de pinho e a confecção de
cordas
e
trançados
com
fibra
de
imbé
também
estão
datados,
pelo
carbono 14, na região da Mata de Araucária em 3.000 AP, sendo que
tanto
estas
matérias
primas
quanto
as
tecnologias
para
a
sua
manufatura continuaram fazendo parte da cultura Xokleng até o século
XX.
115
Em pesquisas recentes no litoral sul de Santa Catarina Schmitz
(informação
pessoal)
se
constatou
a
existência
de
sepultamentos
cremados em um sítio de pescadores e coletores. O material obtido
ainda está sendo estudado mas foram obtidas duas datações absolutas
para o sítio (AD 790 +- 50 e AD 910 +- 60) que, depois de calibradas,
ofereceram datas de AD 370 +- 70 e de AD 500 +- 60, mostrando tratarse de sítio recente.
Como a cremação dos mortos, parece exclusiva dos Xokleng nesta
área do sul do Brasil, é interessante comparar os resultados obtidos
com os dados etnográficos dos Xokleng, para verificar se, além da
cremação,
existam
outras
semelhanças
culturais
que
façam
entender
melhor o sítio em escavação e, talvez, a história passada dos donos
históricos da área.
Como este sítio, outros deverão aparecer, que possam testar o
modelo desenvolvido no trabalho, melhorando a compreensão do grupo
histórico e a dos pré-históricos da área. Esta não é uma tarefa
simples,
mas
necessária.
Nos
sentimos
satisfeitos
se,
com
nosso
trabalho, contribuimos para alcançar este novo patamar de pesquisa.
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUBÉ, Léonce. Notice Sur La Province de Sainte-Catherine
(Brésil). Extrait des Annales Maritimes es Coloniales
publiées par M.M. Bajot et Poirré. Paris, Imprimerie
Royale, avril, 1847.
AVE-LALLEMANT, Robert. Viagem pelas Províncias de Santa
Catarina, Paraná e São Paulo (1858). Belo Horizonte,
Itatiaia. 1980.
BALDUS, Herbert. Terminologia de Parentesco
Sociologia XIV, n.4, São Paulo, p.76-79, 1952.
Kaingang.
____. Bibliografia Critica da Etnologia Brasileira V.I. São
Paulo, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo,
1954.
____. Bibliografia Critica da Etnologia Brasileira. V.II.
Hannover, Kommissionsverlag Münsterman-Druck GHMB, 1968.
BELOWSKY, Garry E. An Optimal
Hunter-Gather
Populations
Anthropological Archeology.
Michigan, 1978.
foraging Based Model
Dynamics.
Anals
Michigan, University
of
of
of
BINFORD, Lewis R. En Busca del Pasado. Barcelona, Editorial
Crítica, 1988.
BOITEUX, Lucas A. Notas para a Historia
Florianópolis, Livraria Moderna, 1911
Catharinense.
____. Os Munícipios de Tijucas Grande
Florianópolis, Livraria Central, 1928.
e
Porto
Bello.
____. A primeira Página da Colonização Italiana em Santa
Catarina. Florianópolis, Departamento de Estatística e
Publicidade, 1939.
CABRAL, Oswaldo R. Brusque. Subsídios para a Historia de
uma colonia nos tempos do Império. Ed. Soc. Amigos de
Brusque, 1958.
____. História de
Laudes, 1970.
Santa
Catarina.
Rio
de
Janeiro,
Ed.
CARVALHO, João A. R. Projecto de uma estrada da Cidade de
Desterro às Missões do Uruguay, e outras províncias, que
devem servir de ensaio ao melhoramento da Província de
Santa Catharina. Revista Trimestral de História e
Geografia ou Jornal do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Rio de Janeiro, Tomo VII, p. 534-550, 1845.
D'ALMEIDA COELHO, Manoel J. Memória Histórica da Província
de Santa Catarina. Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1856.
DALL'ALBA, João L. O Vale do Braço do Norte. Orleães, 1973.
DEMARQUET, Sonia de Almeida. Os Xokleng de Ibirama (uma
comunidade indígena de Santa Catarina). Boletim do Museu
do Índio: Documentação; Rio de Janeiro, n. 3, p.1-64,
1983.
DUPERRY, Louis I. Voyage autour du Monde (1822, 23, 24 et
25) (1827) In: Ilha de Santa Catarina - Relato de
Viajantes
estrangeiros
nos
séculos
XVIII
e
XIX.
Florianópolis, Ed. da UFSC, 1984.
EBLE, Alroíno B. Identifição Arqueológica dos Padrões de
Povoamento e de Subsistência na Região do Alto Vale do
Itajaí. Anais do Museu de Antropologia. Florianópolis, v.
VI, n.6, p. 63-74, 1973a.
____. Problemas Arqueológicos da Região do Alto Vale do
Itajaí. Anais do Museu de Antropologia. Florianópolis, v.
VI, p. 41-50, 1973b.
ENTRES, Alberto. Guia do Estado de Santa Catarina. v. I.
Florianópolis, Livraria Central, [19--].
ENTRES,
Gottfried.
Gedenkbuch
zur
Deutscher
Einwanderung
in
Staate
Florianópolis, Livraria Central, 1929.
Jahrhundertfeier
Santa
Catharina.
FORNO,
Mario.
Strumenti
Litice
Aweikoma.
Freiburg, v. LXI, p. 776-786, 1966.
118
Anthropos,
FRÉZIER, Amédée F. Relation du voyage de la mer du Sud aux
Côtes du Chili et du Perou. Fait pendant les annés 1712,
1713 & 1714 (1716) In. Ilha de Santa Catarina - Relatos
de Viajantes Estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX.
Florianópolis, Ed. da UFSC, 1984.
GALVÃO, Eduardo. Encontro de Sociedades. Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1979.
GEERNHARD, Robert. Dona Francisca, Hansa und Blumenau.
Breslau, Verlag Unftalt U. S. Schottlaender, 1901.
GUÉRIOS, R. F. Mansur. O Xocrén é Idioma Kaigangue.
Arquivos do Museu Paranaense, Curitiba, v. IV, p. 321331, 1945.
HANKE, Wanda. Los Indios Botocudos de Santa Catarina,
Brasil. Arquivos do Museu Paranaense, Curitiba, v. VI,
p.45-97, 1947.
HARTMANN,
Tehkla.
Bibliografia
Crítica
da
Etnologia
Brasileira, v. III, Wolkerkundeiche Abhandungen Band IX,
Berlin, 1984.
HEATH. E. G. & CHIARA, Wilma. Brazilian Indian Archery.
Manchester, The Simon Archery Foundation, 1977.
HENRY, Jules. The Kaingang Indians of Santa Catarina,
Brazil. America Indígena II, Mexico, n. 1, p. 75-79,
1941 (1942).
____.Os Índios Kaingang de Santa Catarina, Brasil. Tradução
do Instituto Brasil - Estados Unidos. In: - Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina,
Florianóplis, v. XVIII. 1944.
____. Jungle People. A Kaingang Tribe of the Highland of
Brazil. New York, 1964.
HENSEL, Reinholdo. Os Coroados na Província Brasileira do
Rio Grande do Sul. Revista do Museu e Arquivo Público do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, n. 20, p. 65-79, 1928.
HERRMANN, M. Lúcia de Paula e ROSA, Rogério de Oliveira
Relevo. Geografia do Brasil V.2 - Região Sul.
Rio de
Janeiro, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, p. 55-84, 1990.
HICKS, David. The Kaingan and the Aweikema: A
Contrast. Anthropos LXI, Freiburg/Schweiz, p.
1966.
Cultural
839-846,
IHERING, H. Von. A Etnographia do Brasil Meridional. Actas
del
XVII
Congresso
Internacional
de
Americanistas
(Sección de Buenos Aires), Buenos Aires, p. 250-263,
(1910) 1912.
119
JUSTUS, Jarbas de Oliveira. Hidrografia. In: Geografia do
Brasil V.2 - Região Sul. Rio de Janeiro, Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
p. 189-218, 1990.
KARMACK, Robert M. Etnohistória y Teoria Antropológica.
Cuadernos del Seminário de Investigación Guatemalteca,
Guatemala, n. 26, 1979.
KAUL, Pedro Francisco Teixeira. Geologia. In: Geografia do
Brasil V.2 - Região Sul. Rio de Janeiro, Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
p. 29-54, 1990.
KEMPF, Walter G. Notas sobre um grupo de indígenas de Santa
Catarina. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo,v.
CXII, p. 25-34, 1947.
KLEIN, Roberto M. Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa
Catarina. Itajaí, Flora Ilustrada Catarinense, 1978.
KÜHNE, H. Der Bodenbaun der Kaingang - und Lekranó-Indianer
und dessen Stellung im Rahmen der Gê-Völker. Der
Bodenbaun in Wechselwirkung zum Gistigem Leben, zur
Gesellung und Zur Umwelt. Wien, Archiv. für Völkerkunde
33, p. 61-84, 1979.
____. Sammelwritschaft, Fishfang und Tierhaltung der
Kaingang und Lakranó-Indianer. Ihre Stellung im Rahmen
der Gê-Völker. Wien, Archiv. für Völkerkunde 34, p. 101122, 1980.
LANGSDORF, G. H. Bemerkungen auf einer Reise u die Welt in
den Jahren 1803 bis 1807 (1812). In: Ilha de Santa
Catarina - Relatos de Viajantes Estrangeiros nos séculos
XVII E XIX. Florianópolis, Ed. da UFSC, 1984.
LEÃO, Ermelino A. Os botocudos do Paraná e Santa Catarina.
In: Anais do XX Congresso Internacional de Americanistas,
Rio de Janeiro, v. II, 2. parte, p. 291-295, 1928.
LEITE, Pedro & KLEIN, Roberto M. Vegetação. In: Geografia
do Brasil V.2 Região Sul.
Rio de Janeiro, Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
p.114-150, 1990.
LIMA, Francisco Das Chagas. Memória sobre o descobrimento e
Colônia de Guarapuava. Revista Trimestral de História e
Geografia - Jornal do Instituto Histórico e Geographico
Brasileiro, Rio de Janeiro, Tomo IV, 1842(1863).
LISIANSKI, Urey. A Voyage Round the World in the years
1803,4,5 e 6 (1814). In: Ilha de Santa Catarina - Relatos
de Viajantes Estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX.
Florianópolis, Ed. da UFSC, 1984.
120
MARQUES, Agenor N. História dos Indios. In: Imigração
Italiana, Urussanga, Ed. Comemorativa do Centenário de
Urussanga, p. 247-295, 1978.
MARZANO, Luighi. Coloni e Missionari Italiani nelle foreste
del Brasile. Firenze, Tip. Bárbara, 1904.
MATOS, L. A. da Cunha. Itinerário desde os confins
setenptrionaes da Cap. do Rio Grande do Sul até a cidade
de São Paulo (1797). In: Revista Trimestral do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, Tomo
XXI, p. 342-350, 1858.
MAWE, John. Travels in the Interior fo Brazil (1821). In:
Ilha
de
Santa
Catarina
Relatos
de
Viajantes
Estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX. Florianópolis, Ed.
da UFSC, 1984.
MENDONÇA DE SOUZA, Alfredo. História da Arqueologia
Brasileira. Pesquisas - Antropologia n.46, São Leopoldo,
Instituto Anchietano de Pesquisas, 1991.
MÉTRAUX, Alfred. Mourning Rites and Burial Forms of The
South American Indians. America Indígena, México, v.VII,
n.1, p.7-44, 1947.
____.The Kaingag. In: Handbook of South American Indians.
New York, Cooper Square Publisher, v.1, p. 445-475, 1963.
MURDOCK, George P. Social Structure. New York, The Free
Press, 1965.
NIMER, Edmon. Clima. In: Geografia do Brasil V.2 - Região
Sul. Rio de Janeiro. Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, p. 151-187, 1990.
NIMUENDAJÚ, Curt. Etnografia e Indigenismo. Sobre os
Kaingang, os Ofaié-Xavante e os Índios do Pará. Campinas,
Editora da UNICAMP, 1993.
NIMUENDAJÚ, C.
e GUÉRIOS, R. F. M. Cartas EtnoLinguísticas.In:
Revista do Museu Paulista, São Paulo,
Nova Série II, p. 207-241, 1948.
PAULA, José M. de. Memória sobre os Botocudos do Paraná e
Santa Catarina organizado pelo Serviço de Proteção aos
Índios sob a inspeção do Dr. José M. de Paula. Anaes do
XX Congresso Internacional de Americanistas. (Rio de
Janeiro 1922), Rio de Janeiro, v. I, p. 117-137, 1924.
PIAZZA, Walter F. e EBLE, Alroino. Arqueologia do Vale do
Itajaí: Sítio Cerâmico do Rio Plate. Sep. de "Blumenau em
Cadernos", Blumenau, 1968.
121
PIAZZA, Walter. As Grutas de São Joaquim e Urubici.
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
Instituto de Antropologia. Série Arqueológica 1, 1966.
____. Nota Preliminar Sobre o PRONAPA no Estado de Santa
Catarina. PRONAPA 1. Resultados Preliminares do Primeiro
Ano (1965-66).Belém, Museu Paraense Emilio Goeldi, p.3944, 1967.
____. A Área Arqueológica dos "Campos de Lages". PRONAPA 3.
Resultados Preliminares do Terceiro Ano (1967-68). Belém,
Museu Paraense Emilio Goeldi, p.63-69, 1969.
____. Dados à Arqueologia do Litoral Norte e do Planalto de
Canoinhas. Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas
5, Publicações Avulsas n.26.
Belém, Museu Paraense
Emilio Goeldi, p.53-66, 1974.
PITANGA, Antonio F. de Souza. Tutela dos índios - Sua
Catechese.
In:
Revista
do
Instituto
Histórico
e
Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, I Congresso de
História Nacional v. III, p. 490-495, 1916.
PLOETZ, Herman et MÉTRAUX, A. La Civilizatíon Matérialle et
la Vie Sociale et Religieuse des Indiens Ze du Brésil
Méridional et Oiental. In: Revista do Instituto de
Etnologia de la Universidade de Tucuman. Tucumán, Tomo I,
entrega 2. 1930.
PROUS, André. e PIAZA, Walter F. Documents pour la
Préhistoire du Brésil Meridional - 2. L'Etat de Santa
Catarina. Chahiers d'Archeologie d'Amerique du Sud 4.
Paris, École de Hautes Études en Sciences Sociales, 1977.
PROUS, André. Arqueologia Brasileira.
Universidade de Brasília, 1992.
Brasília, Editora da
RAMOS, Vidal. Notas para a História da Fundacão de Lages.
Florianópolis,
Revista
do
Instituto
Histórico
e
Geográfico de Santa Catarina, v. XII, 1944.
REIS, Maria José. A Problemática Arqueológica das Estrutura
Subterrâneos no Planalto Catarinense. Dissertação de
Mestrado Apresentada ao Dep. de Filosofia e Ciências
Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1980.
REITZ, Raulino. KLEIN, Roberto. e REIS, Ademir. Projeto
Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Governo do
Estado do Rio Grande do Sul, 1988.
REITZ,
Raulino.
Palmeiras.
Catarinense 1ª Parte, 1974.
122
Itajaí,
Flora
Ilustrada
RIBEIRO, Berta (coord.) Suma Etnológica Brasileira v.2,
Tecnologia Indígena. Petrópolis, Editora Vozes/FINEP,
1986.
RIBEIRO, Berta. Guia de Artesanato Indígena Brasileiro. São
Paulo - Belo Horizonte, Ed. Edusp. - Itatiaia, 1988.
ROHR, João Alfredo. O Sítio Arqueológico de Alfredo Wagner
- SC-VI-13. Pesquisas - Antropologia, n. 17, São
Leopoldo, Instituto Anchietano de Pesquisas, 1967.
____. Os Sítios Arqueológicos de Jaguaruna. Pesquisas, São
Leopoldo, n. 22, 1969.
____. O museu do Homem do Sambaqui. Notícias, Porto Alegre,
n. 111-112, p. 20-24, 1971.
____. A Pesquisa Arqueológica no Estado de Santa Catarina.
In: Dédalo, São Paulo, n. 17:18, p. 49-65, 1973.
____.
O
Sítio
Arqueológico
do
Pântano
Florianópolis, Edição do Governo do Estado
Catarina, 1977.
do
de
Sul.
Santa
____. Pesquisas Arqueológicas no Município Catarinense de
Urussanga. Anais do Museu de Antropologia da UFSC.
Florianópolis, ano. XI-XIV, n.12,13,14,15. 1982.
____. Sítios Arqueológicos de Santa Catarina. Anais do
Museu de Antropologia da UFSC. Florianópolis, ano XVI, n.
17, 1984.
ROSA, José V. da. Chorographia
de
Santa
Florianópolis, Typ. da Livraria Moderna, 1905.
Catharina
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem à Curitiba e a Província
de Santa Catarina. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia, 1978.
SALDANHA, José. Diário Resumido do reconhecimento dos
campos de novo descobertos sobre a Serra Geral, nas
cabeceiras do Rio Pardo (1978). In: Revista Trimestral do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de
Janeiro, tomo III, 1841.
SALZANO Francisco M. Blood Grupos of Indians from Santa
Catarina,
Brazil.
American
Jornal
of
Phisical
Antropology, Philadelphia, v. 22, p. 91-106, 1964.
SALZANO, Francisco M. & SUTTON, H. Eldon. Haptoglobin and
Transferrin Types of Indians from Santa Catarina, Brazil.
American Journal of Human Genetics, Chicago, v. 17,
p.280-289, 1965.
123
SANTOS, Sílvio Coelho dos. Sobre a Integração econômica dos
Índio
Xokleng
na
Sociedade
Regional
Relatório
Preliminar.
Florianópolis,
Anais
do
Instituto
de
Antropologia, ano I, n.1, p. 21-36, 1969.
____. Sobrevivência e Assistência de Indígenas no Sul do
Brasil. Florianópolis, Anais do Museu de Antropologia da
UFSC, ano IV, n. 4, p. 5-24, 1971a.
____. Sobre a existência de índios Xokleng na Serra do
Tabuleiro. Florianópolis, Anais do Museu de Antropologia
da UFSC, n. 5, p. 5-22, 1971b.
____. Índios e Brancos no Sul do Brasil. Florianópolis, Ed.
Edeme, 1973.
SCHADEN, Egon. Einiges über die Schokleng von Santa
Catarina. Pindorama I, São Paulo, Heft 213, p. 24-28,
1937.
SCHADEN, Francisco. Os Índios do Estado de Santa Catarina.
Atualidades, Florianópolis, n. 5 a 10, 1946.
____. Apontamentos Bibliográficos para o estudo dos Índios
Xokleng. Bol. Bibliográfico XII, São Paulo, p. 113-119,
1949.
__________________.
A
Pacificação
e
Aculturação
dos
Xokleng. Revista de Antropologia I, São Paulo, n. 2, p.
136-139, 1953.
__________________. Xokleng e Kaingang In: Revista
Antropologia VI, São Paulo, n. 2, p. 105-112, 1958.
de
SCHMITZ, Pedro Ignácio & BECKER, Itala Irene B. Os
Primitivos Engenheiros do Planalto e Suas Estruturas
Subterrâneas: A Tradição Taquara. Documentos 5; PréHistória do Rio Grande do Sul, São Leopoldo, Instituto
Anchietano de Pesquisas, p.67-106, 1991.
SCHMITZ, Pedro Ignácio. Áreas Arqueológicas do Litoral e do
Planalto do Brasil. Revista do Museu de Arqueologia e
Etnologia, São Paulo, p. 3-20, 1991.
SEHNEM, Aloysio. Conheça o Nome das Plantas. São Leopoldo,
Instituto Anchietano de Pesquisas, 1990.
SEIDLER, Karl. Dez
Martins, 1941.
Anos
de
Brasil.
São
Paulo,
Livraria
SICK, Helmut, RAUTH Tânia & ROSÁRIO, Lenir Alda do. Lista
Preliminar das Aves de Santa Catarina. Florianópolis.
Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente-FATMA,
ED. IOESC, 1979.
124
SILVA, Emílio da. Jaraguá do Sul e Corupá. Livro II.
Jaraguá do Sul, Edição da Prefeitura Municipal de Jaraguá
do Sul, 1975.
SILVA, Flávio. Mamíferos Silvestres do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,
1984.
SILVA, J. Ferreira da. História de Blumenau. Florianópolis,
Editora EDEME, 1972.
STULZER, Aurélio. O Primeiro Livro
Janeiro, Editora Vozes, 1973.
de
Jaraguá.
Rio
de
SULLIVAN, Eline & MOORE, Susan K. The Schokleng of Brazil.
Saint Augustin, 1990.
TAVARES, Joaquim da Silva. Os Botocudos de Santa Catarina.
Brotéria, Série de Vulgarização Científica, Braga, v. IV,
p. 277-286, 1910.
VASCONCELLOS, Diego R. de. Botocudos. Revista da Sociedade
de Geographia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, v. XVII
(1904), p.19-22, 1912.
VICENZI, Victor. História e Imigração Italiana em Rio dos
Cedros. Blumenau, Fundação Casa Dr. Blumenau. 1985.
WACHOWICZ, Ruy. C. O Xokleng na Província do Paraná:
Aldeamento de Papanduva. Bol. do Instituto Histórico,
Geográfico e Ethográfico Paranaense. Curitiba, v. XXXVII,
p. 59-82, 1980.
ZITTLOW, A. & BISCHOFF, M. L. Os Índios em Santa Catarina.
O Estado, Florianópolis, 27 de julho de 1915, p. 1-3.
125
DOCUMENTOS CONSULTADOS
FPP-01 (1835) Falla do Presidente da Provincia de Santa
Catharina Feliciano Nunes Pires, 1º de Março de 1835,
apresentada à 1. Assembléia da mesma Província.
FPP-02 (1838) Falla (Sem Frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1838 - João
Carlos Pardal.
FPP-03 (1839) Falla (Sem Frontispício, manuscrito, Assinado
e Datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1839 - João
Carlos Pardal.
FPP-04 (1840) Falla (Sem Frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1840
(assinatura ilegível).
FPP-05 (1841) Falla à Assembléia Legislativa (Manuscrito,
assinado e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de
1841 - Antero José Ferreira de Brito.
FPP-06
(1842)
Relatório
à
Assembléia
Provincial
(manuscrito, assinado e datado) Cidade de Desterro, 1º de
Março de 1842 - Antero José Ferreira de Brito.
FPP-07 (1843) Falla (Sem Frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1843 Antero José Ferreira de Brito.
FPP-08 (1844) Falla (Sem Frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1844 Antero José de Brito.
FPP-09 (1847) Falla (Sem frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro 1º de Março de 1847 - Antero
José de Brito.
FPP-10 (1848) Falla (Sem frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1848 Antero José de Brito.
FPP-11 (1848) Discurso de Antero José Ferreira de Brito
transferindo o cargo de Presidente da Província de Santa
Catarina a Severo Amorim do Vale, Vice-Presidente,
Servindo de Presidente da Província. Comp. na Typ.
Provincial da Cidade de Desterro - 1848.
FPP-12 (1849) Falla (Sem frontispício, manuscrito, assinado
e datado) cidade de Desterro, 1º de Março de 1849 Severo Amorim do Vale, Vice-Presidente da Província.
FPP-13 (1849) Falla (Sem forntispício, impresso, assinado e
datado) Severo Amorim do Vale - Cidade de Desterro, Typ.
Provincial 1849.
FPP-14 (1850) Falla (Sem frontispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1850 - João
José Coutinho.
FPP-15 (1851) Falla que o Presidente da Província de Santa
Catarina Dr. João José Coutinho dirigio à Assembléia
Legislativa Provincial no acto de abertura de sua sessão
ordinária em 1º de Março de 1851 - Cidade de Desterro,
Typ. do Novo Iris, 1851.
FPP-16 (1852) Falla (Sem forntispício, manuscrito, assinado
e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de 1852 - João
José Coutinho.
FPP-17 (1853) Falla que o Presidente da Província de Santa
Catarina, O Exmo. Sr. Dr. João J. Coutinho, dirigido à
Assembléia Legislativa da Mesma Província, por ocasião da
abertura de sua Sessão Ordinária em 1º de Março de 1853.
Cidade de Desterro, Typ. do Conservador.
FPP-18 (1854) Relatório (Sem forntispicio, manuscrito,
assinado e datado) Cidade de Desterro, 1º de Março de
1854 - João José Coutinho.
FPP-19 (1855) Falla que o Exmo. Sr. João J. Coutinho,
Presidente da Província de Santa Catharina dirigido à
Assembléia Legislativa Provincial no acto de abertura da
Sessão Ordinária em 1º de Março de 1855. Desterro, Typ.
do Correio Catarinense, Largo do Quartel, 1855.
127
FPP-20 (1856) Falla que o Presidente Província de Santa
Catharina, Dr. João J. Coutinho dirigido à Assembléia
Legislativa Provincial no acto de abertura de sua sessão
ordinária em 1º de maio de 1856. Rio de Janeiro, Typ.
Universal de Laemmert, Rua dos Inválidos, 61-B.
FPP-21 (1857) Falla que o Presidente da Província de Santa
Catharina Dr. João José Coutinho dirigido à Assembléia
Legislativa Provincial no acto de abertura de sua sessão
ordinária em 1º de março de 1857. Rio de Janeiro, Typ.
Imp. e Cons. de J. Villeneuve &. C. 1857.
FPP-22 (1858) Falla que o Presidente da Província de Santa
Catharina, Dr. João José Coutinho dirigido à Assembléia
Legislativa Provincial no acto de abertura de sua sessão
ordinária em 1º de março de 1858. Santa Catharina, Typ.
Catharinense, 1858.
FPP-23 (1863) Relatório Apresentado ao Exmo. Presidente da
Província de Santa Catarina, o Cap. Ten. Pedro Leitão da
Cunha pelo Comendador João Francisco de Souza Coutinho
por ocasião de passar-lhe a administração da mesa
Província em 26 de dezembro de 1862. Cidade de Desterro,
Typ. Commercial, 1863.
FPP-24 (1863) Relatório apresentado ao Exmo. 1. VicePresidente da Prov. de Santa Catharina o Comendador
Francisco José D'Oliveira pelo Exmo. Presidente Pedro
Leitão da Cunha por ocasião de passar-lhe a adminstração
da mesma Província em 19 de maio de 1863. Desterro, Typ.
Commercial, 1863.
FPP-25
(1865)
Relatório
apresentado
ao
Exmo.
VicePresidente da Prov. de Santa Catharina o Ten. Cel.
Francisco José de Oliveira pelo Exmo. Presidente da
Província Dr. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves no acto
de passar-lhe a administração da mesma Província em 24 de
abril de 1865. Santa Catarina, Typ. Catharinense, 1865.
FPP-26 (1867) Relatório apresentado ao Exmo. Pres. da Prov.
de Santa Catharina Dr. Adolpho de Barros C. de
Albuquerque Lacerda pelo Vice-Pres. o Com. Francisco José
D'Oliveira no acto de passar-lhe a administração da mesma
Província em 9 de outubro de 1867. Typ. de J. A. do
Livramento.
FPP-27 (1869) Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Vice-Pres.
da Prov. de Santa Catharina, Com. João Francisco de Souza
Coutinho pelo Vice-Pres. o Com Francisco José de Oliveira
o acoto de passar-lhe a administração da mesma Provícia
em 4 de agosto de 1868. Typ. J.J. Lopes - 1869.
FPP-28 (1871) Relatório que o Exmo. Pres. da Prov. de Santa
Catharina dr. Joaquim Bandeira de Gouvêa dirigido à
Assembléia Legislativa Prov. no acto de abertura de sua
sessão ordinária em 26 de março de 1871. Desterro, Typ.
do Jornal Província - 1871.
128
FPP-29 (1872) Relatório do Vice-Pres. da Prov. de Santa
Catharina
Dr.
Guilherme
Cordeiro
Coelho
Cintra
apresentado à Assembléia Legislativa Prov. em 25 de março
de 1872. Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1872.
FPP-30
(1873)
Relatório
apresentado
à
Assembléia
Legislativa de Santa Catharina pelo Pres. Dr. Pedro
Affonso Ferreira no acto de Abertura da sessão em 2 de
junho de 1873. Cidade de Desterro, Typ. de J.J. Lopes,
1873.
FPP-31 (1873) Relatório apresentado pelo 2. Vice-Pres. da
Prov. de Santa Catharina, Exmo. Sr. Dr. Manoel do
Nascimento da Fonseca Galvão ao 3. Vice-Pres. Exmo. Sr.
Dr. Ignacio Accioli de Almeida por ocasião de passar-lhe
a administração da mesma em 27 de janeiro de 1873.
Desterro, Typ. de J.J. Lopes.
FPP-32 (1874) Falla dirigida à Assembléia Legislativa
Provincial de Santa Catharina em 25 de março de 1874 pelo
Exmo. Sr. Pres. da Prov. Dr. João Thomé da Silva.
Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1874.
FPP-33 (1876) Falla que o Exmo. Sr. Dr.
Bandeira de Mello Filho abriu a 1.
Legislatura da Assembléia Provincial de
em 1º de Março de 1876. Desterro, Typ.
1876.
João Capistrano
sessão da 21.
Santa Catharina
de J.J. Lopes,
FPP-34 (1876) Relatório que ao Exmo. Sr. Dr. Alfredo de
Escragnolle Taunay passou a administração da Prov. de
Santa Catharina o Exmo. Sr. Dr. João Capistrano Bandeira
de Mello Filho em 7 de junho de 1876. Rio de Janeiro,
Typ. Cinco de Março - 1876.
FPP-35 (1877) Relatório que ao Exmo. Sr. Dr. Herminio
Francisco do Espirito Santo, 1. Vice-Pres. passou a
administração da Prov. de Santa Catharina o Dr. Alfredo
D'Escragnolle Taunay em 2 de janeiro de 1877. Desterro,
Typ. de J.J. Lopes, 1877.
FPP-36 (1877) Falla com que o Sr. Dr. José
abrio a 2. sessão da 21. Assembélia
Província de Santa Catharina. Em 6 de
Publicado em O Conservador. Provincia de
Anno VI, N. 408 - 14 de março de 1877.
Bento de Araújo
Legislativa da
março de 1877.
Santa Catharina
FPP-37 (1878) Relatório que o Exmo. Sr. Dr. Lourenço
Cavalcanti de Albuquerque passou a administração da Prov.
de Santa Catharina o Exmo. Sr. Joaquim da Silva Ramalho
1. Vice-Pres. em 7 de maio de 1878. Desterro, Typ.
Regeneração, 1878.
FPP-38 (1880) Falla com que o Sr. Dr. Antonio de Almeida
Oliveira abriu a Sessão extraordinária da Assembléia
Legislativa Provincial de Santa Catharina em 2 de janeiro
de 1880. Desterro, Typ. de Alexandre Margarida, 1880.
129
FPP-39 (1880) Relatório com que o Exmo. Sr. Cel. Manoel
Pinto de Lemos passou a administração da Prov. de Santa
Catharina o Exmo. Sr. Dr. Antônio de Almeida Oliveira em
10 de maio de 1880. Desterro, Typ. de J.J. Lopes 1880.
FPP-40 (1881) Falla do Presidente da Prov. de Santa
Catharina,
João
Rodrigues
Chaves,
à
Assembléia
Legislativa Provincial em 2 de fevereiro de 1881.
Manuscrito.
FPP-41 (1882) Falla que o Pres. da Prov. Antonio Gonçalves
Chaves dirigido à Assembléia Legislativa Provincial em 28
de fevereiro de 1882. Manuscrito.
FPP-42 (1885) Relatório com que o Exmo. Sr. Desembargador
João Rodrigues Chaves passou a administração da Prov. ao
Exmo. Sr. Dr. Joaquim Augusto do Livramento 3. Vice-Pres.
em 9 de março de 1882. Desterro, Gab. Typ. 1885.
FPP-43 (1883) Relatório com que o Exmo. Sr. Dr. Theodureto
Carlos de Faria Souto passou a administração da Prov. o
Exmo Sr. Cel. Manoel Pinto de Lemos 1. Vice-Pres. em 28
de fevereiro de 1883. Desterro, Typ. Comercial - 1883.
FPP-44
(1886)
Relatório
apresentado
à
Assembléia
Legislativa Provincial de Santa Catharina na 1. Reunião
de sua 26. Legislatura pelo Pres. Dr. Francisco José da
rocha em 21 de julho de 1886. Desterro, Typ. do
Conservador, 1886.
FPP-45
(1888)
Relatório
apresentado
à
Assembléia
Legislativa Prov. de Santa Catharina na 2. Sessão de sua
26 Legislatura pelo Pres. Francisco José da Rocha em 11
de Outubro de 1887. Rio de Janeiro, Typ. União, 1888.
FPP-46 (1905) Relatório Apresentado pelo Exmo. Sr. Pres. do
Congresso Representativo do Estado nas funções de
Governador Cel. Antonio Pereira da Silva e Oliveira ao
Vice-Governador o Exmo. Sr. Cel. Vidal José de Oliviera
Ramos Júnior por ocasião de passar-lhe a adm. do estado
em 5 de março de 1905. Manuscrito.
FPP-47
(1911)
Mensagem
apresentada
ao
Congresso
Representativo do Estado em 23 de julho de 1911 pelo
Governador Vidal José de Oliveira Ramos. Florianópolis,
Gab. Typ. d'O Dia, 1911.
130
ANEXO I
COLEÇÃO ETNOGRÁFICA DO MUSEU DO HOMEM DO SAMBAQUI
UTENSÍLIOS E IMPLEMENTOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE SUBSISTÊNCIA,
CONFORTO DOMÉSTICO E PESSOAL, TRANSPORTE
1 UTENSÍLIOS PARA O PREPARO, CONSUMO E ARMAZENAGEM DE ALIMENTOS.
1.1 Trançados para a guarda e serviço de alimentos.
Cestos Gameliformes
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a altura e o
diâmetro do cesto em centímetros, respectivamente.
MHS-E-137 13.0 18.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples com arremate da borda anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado
quadriculado. 3 fios de
imbé aplicados no trançado. Revestimento interno com cerol.
MHS-E-138 11.0 19.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples com arremate da borda anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado quadriculado. Revestimento
interno com cerol.
MHS-E-139 13.0 19.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples com arremate da borda anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado
quadriculado. 6 fios de
imbé aplicados no trançado. Revestimento interno com cerol.
MHS-E-140 9.0 18.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples com arremate da borda anelar em
taquara. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado
quadriculado. 3 fios de
imbé aplicados no trançado. Revestimento interno com cerol.
MHS-E-141 21.0 24.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples com arremate da borda anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado quadriculado. 5 fios de imbé
aplicados no trançado. Revestimento interno com cerol.
MHS-E-141a 9.0 18.0 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
redondo, contorno simples com arremate da borda anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de peixe.
Terminação da borda com trançado
quadriculado. 3 fios de
imbé aplicados no trançado. Revestimento interno com cerol.
1.2 Utensílios de Madeira para o Preparo dos Alimentos
Pau Ignífero
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam o comprimento
em centímetros da peça.
MHS-E-143a Pau ignífero. Base medindo 28 cm. com desgaste circular
internamente carbonizado próximo ao centro. Ranhura no centro
do desgaste circular.
MHS-E-143b Pau ignífero. Cilindro de madeira de 20 cm. com uma das
extremidades arredondadas e com marcas de combustão. Forma
conjunto com o anterior.
2 ARMAS PARA OBTENÇÃO DE PRODUTOS DE CAÇA E PESCA E PARA GUERRA E DEFESA
2.1 Armas de Arremesso Complexas.
ARCOS
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam diâmetro do
132
arco na empunhadura, diâmetro do arco nos encaixes e a altura do Arco,
em centímentos, respectivamente.
MHS-E-15 3.5 2.0 198 Arco de madeira de seção cilíndrica com
encaixe reforçado por líber e casca de imbé. O
encordoamento é em fibra vegetal de 0,5 cm. de espessura,
fiada com 3 fios torcidos de duas pernas cada, e untados
com cerol. Nó de amarração "Padrão Xokleng".
MHS-E-157 3.5 2.0 210 Arco de madeira de seção cilíndrica. Em seu corpo
possui fixadas 8 seções circulares de couro de mamifero.
MHS-E-158 3.5 2.0 203 Arco de madeira de seção cilíndrica.
MHS-E-159 4.0 2.0 225 Arco de madeira de seção cilíndrica. 2 seções
circulares de couro de mamifero em seu corpo.
MHS-E-16 3.5 2.5 218 Arco de madeira de seção cilíndrica com encaixe
reforçado por casca de imbé. Possui 9 seções circulares de
couro de mamifero fixados em seu corpo. O encordoamento é em
fibra vegetal de 0,4 cm. de espessura, fiada
com 4 fios
torcidos de duas pernas cada. Nó de amarração "Padrão
Xokleng". MHS-E-160 2.4 2.5 229 Arco de madeira de seção
cilíndrica.
MHS-E-161 3.5 2.5 161 Arco de madeira de seção cilíndrica
MHS-E-162 3.5 2.0 220 Arco de madeira de seção cilíndrica.
MHS-E-163 2.5 1.0 239 Arco de madeira de seção cilíndrica.
MHS-E-164
3.0 1.5 206 Arco de madeira de seção cilíndrica, com
superficie
coberta
por
casca
de
imbé.
Em
ambas
as
extremidades possui ombro para a preensão do encordoamento.
FLECHAS
Os
alfanuméricos
em
negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; o algarismo em itálico indica a sua dimensão em
centímetros.
133
Flechas de Madeira Serrilhadas Unilaterais
Grupo I
MHS-E-08 169 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Aplicação de casca de imbé no corpo da flecha.
Partes distal e proximal da emplumação amarradas com
fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
MHS-E-31 166 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Partes distal e proximal da emplumação amarradas
com fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
MHS-E-32 179 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida no corpo de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Partes distal e proximal da emplumação amarradas
com fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
MHS-E-39 181 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Partes distal e proximal da emplumação amarradas
com fibra vegetal. Encaixe reforçado com argola de
madeira e casca de imbé.
MHS-E-40 175 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
esculpida em haste de madeira maciça. Aplicação de casca
de imbé na haste de madeira. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Vestígio de anel
de plumas na parte proximal. Encaixe reforçado por casca
de imbé.
MHS-E-41 200 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Aplicações de casca de imbé na haste de taquara.
Partes distal e proximal da emplumação amarradas com
fibra vegetal. Encaixe original quebrado.
134
Flechas de Madeira com Serrilha Unilateral.
GRUPO II
MHS-E-34
183 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Aplicação de casca de imbé na haste de taquara. Partes
distal e proximal da emplumação amarradas com fibra vegetal.
Encaixe original quebrado.
MHS-E-35
202 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé.
Aplicação de casca de imbé na haste de taquara. Partes distal
e proximal da emplumação amarradas com fibra vegetal. Encaixe
original quebrado.
MHS-E-36
178 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Partes distal e proximal da emplumação amarradas com
fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
Flechas com Ponta de Madeira e Serrilha Bilateral
Grupo III
MHS-E-07 175 Flecha com ponta de madeira e serrilha bilateral inserida
em haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Aplicação de casca de imbé na haste de taquara. Partes distal
e proximal da emplumação amarradas com fibra vegetal. Encaixe
reforçado com casca de imbé.
Flechas com Pontas Rombudas em Madeira - Virote
Grupo V
MHS-E-09 156 AB Flecha com ponta virote em nó de pinho fixada em haste
de madeira maciça com casca de imbé e cerol. Aplique de casca
de imbé na haste de madeira. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Dois círculos de
plumas junto à porção terminal. Encaixe reforçado com casca
de imbé.
135
Flechas com Pontas de Ferro Triangulares Pedunculadas com Aletas
Grupo VI
A Flecha com ponta de ferro triangular peduncula com
aletas inserida em haste de madeira maciça com fibra vegetal,
casca de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe reforçado com
casca de imbé.
MHS-E-63 146
MHS-E-65 139 A Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça com fibra vegetal,
casca de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe reforçado com
casca de imbé.
MHS-E-67 150 A Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas fixada em haste de madeira maciça com fibra vegetal,
casca de imbé e cerol. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de
imbé.
MHS-E-99 155 A Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com casca de imbé e cerol
por sua vez inseridas em haste de taquara e fixada com casca
de imbé e cerol. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado com casca de
imbé.
MHS-E-62 138 A1 Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada
com
casca de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe reforçado com
fibra vegetal.
MHS-E-68 137 A1 Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas fixada em haste de madeira maciça com fibra vegetal,
casca de imbé e cerol. Não há vestígios da emplumação.
Encaixe reforçado com casca de imbé.
136
Flechas com Pontas de Ferro Foliáceas Pedunculadas com Aletas
Grupo VII
B Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em haste de madeira maciça com casca de imbé e
cerol. Aplicação de casca de imbé no corpo da flecha. Partes
distal e proximal da emplumação fixadas com fibra vegetal.
Dois círculos de plumas na porção terminal. Encaixe reforçado
com casca de imbé.
MHS-E-10 152
MHS-E-60
154 B Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com fibra vegetal, casca
de imbé e cerol, por sua vez, inseridas em haste de taquara e
fixada com casca de imbé e cerol. Partes distal e proximal da
emplumação fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado com
fibra vegetal.
B Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com casca de imbé e cerol,
por sua vez inserida na haste de taquara e fixada com casca
de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Emenda fixada com fibra
vegetal nos 17 cm terminais. Encaixe reforçado com casca de
imbé.
MHS-E-61 150
MHS-E-64
159 B Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com fibra vegetal, casca
de imbé e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara e
fixada com casca de imbé e cerol. Partes proximal e distal da
emplumação atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe
reforçado com casca de imbé.
MHS-E-11 146 B1 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com casca de imbé e cerol,
por sua vez inserida em haste de taquara e fixada com casca
de imbé e cerol. Aplique de casca de imbé no corpo da flecha.
Partes distal e proximal da emplumação fixadas com fibra
vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
MHS-E-12 151 B1 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com casca de imbé e cerol,
por sua vez inserida em haste de taquara e fixada com casca
de imbé e cerol. Aplique de casca de imbé na haste de
taquara. Partes proximal e distal da emplumação atadas com
cordel de fibra vegetal. Encaixe quebrado.
MHS-E-58 159 B1 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em haste de madeira maciça com casca de imbé e
cerol. Emenda na haste da flecha (20 cm) em taquara, fixada
com casca de imbé e cerol. Aplique de casca de imbé na haste
da flecha. Partes distal e proximal da emplumação fixadas com
fibra vegetal e líber. Encaixe reforçado com fibra vegetal.
137
MHS-E-57 142 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com casca de imbé e
cerol, por sua vez inserida em haste de taquara fixadas
com fibra vegetal e cerol. Partes proximal e distal da
emplumação atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe
reforçado com casca de imbé.
Flecha com Ponta Lítica
Grupo VIII
MHS-E-13 131 Ponta lítica (quartzo) fixada em haste de madeira maciça
com fibra vegetal e cerol. Aplicação de casca de imbé na
haste de madeira. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Emenda (último 29 cm) de
taquara fixada com cerol e casca de imbé. Dois círculos
de plumas na parte terminal fixados com fibra vegetal.
Encaixe reforçado com casca de imbé.
2.2 Armas de Arremesso Simples
Lanças
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam tamanho da
lança, o comprimento da lâmina, a largura na porção superior da lâmina
e a largura nas aletas da lâmina em centímetros,
respectivamente.
MHS-E-137 162 37 10 14 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada
com aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no corpo
de
madeira
formando
linhas
paralelas,
com
trançado
quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
MHS-E-18 156 34 10 14 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada
com aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no corpo
de
madeira
formando
linhas
paralelas,
com
trançado
quadricular feitas com talas de taquara e imbé.
MHS-E-19 167 42 9 13 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no corpo
de
madeira
formando
linhas
paralelas,
com
trançado
quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
138
MHS-E-20 175 40 9 13 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no corpo
de
madeira
formando
linhas
paralelas,
com
trançado
quadricular feitas com talas de taquara e imbé.
MHS-E-21 140 30 8 10 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no corpo
de
madeira
formando
linhas
paralelas,
com
trançado
quadricular feitas com talas de taquara e imbé.
MHS-E-22 142 35 10 13 Lança com lâmina de metal foliácea
pedunculada com aletas
fixada em base de madeira de
corte losangular com cerol e casca de imbé. Decoração em
cestaria fixada no corpo de madeira formando linhas
paralelas, com trançado quadricular, feitas com talas de
taquara e imbé.
3 UTENSILIOS PARA O TRANSPORTE POR TERRA DE CRIANÇAS E CARGAS
3.1 Artefatos Trançados
Cestos Cargueiros Paneiriformes
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a altura
e o diâmetro do cesto em centímetros, respectivamente.
MHS-E-145 37.0 39.0 Cesto cargueiro paneiriforme de bojo cilíndrico e
base quadrangular. Bojo e base com trançado quadriculado
gradeado. Borda com ourela simples. Tipóia em líber trançado
com 4 pontas amarrados ao bojo do cesto por atilhos de liber.
MHS-E-146 40.0 40.0 Cesto cargueiro paneiriforme com bojo cilíndrico e
base
quadrangular
cônica.
Base
e
Bojo
quadriculado vasado. Borda com ourela simples.
139
com
trançado
ADORNOS E OBJETOS DE USO PESSOAL
1 Adornos do Tronco
1.1 Adornos de Cordame do Tronco
Cinto de Cordões
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a dimensão da
peça, em centímentros.
1.2 Adornos de Materiais Ecléticos do Tronco
Colares
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça.
MHS-E-152
Colar composto por
palmáceas perfuradas
vegetais.
sementes de gramíneas e sementes de
e atadas por um cordel de fibras
MHS-E-153 Colar composto por sementes não identificadas, argolas de
arreio em bronze, botões de cobre e caninos perfurados de
coati, unidos por cordel de fibra vegetal.
MHS-E-154 Colar composto por sementes de gramíneas, argolas de ferro
presas com ganchos-parafusos, cápsulas de arma de fogo
perfuradas e cápsulas de sementes presas por cordel de fibra
vegetal. Possui ainda dois pingentes terminados por laminas
de ferro perfuradas.
MHS-E-155 Colar composto por sementes diversas entremeadas por botões
de porcelana, osso, cobre e ferro unidos por cordel de fibra
vegetal.
MHS-E-156 Colar composto por sementes não identificadas, cápsulas de
sementes e duas moedas de bronze batidas,
perfuradas. Unidas por cordel de fibras vegetais.
140
polidas
e
2 Indumentária e Arranjos de Decoro
2.2 Objetos trançados
Saia/Cobertor
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça.
MHS-E-142
Manta entretrançada em cordéis
brava) medindo 200x100 cm.
141
de
fibra
vegetal
(urtiga
ANEXO II
COLEÇÃO ETNOGRÁFICA DO MUSEU DE ANTROPOLOGIA DA UFSC E COLEÇÃO
TOM WILDI
UTENSÍLIOS E IMPLEMENTOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE SUBSISTÊNCIA,
CONFORTO DOMÉSTICO E POSSOAL TRANSPORTE
1 UTENSÍLIOS PARA O PREPARO, CONSUMO E ARMAZENAGEM DE ALIMENTOS.
1.1 Trançados para a guarda e serviço de alimentos.
Cestos Gameliformes
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a altura e o
diâmetro do cesto em centímetros, respectivamente.
MA-103 18,0 20 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com arremate da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Arremate da borda com ourela simples.
MA-171 23,0 24 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com arremate da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Terminação da borda com trançado
quadriculado. Revestido internamente com cerol.
TW-232 10,5 13 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com arremate da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Terminação da borda com trançado
quadriculado. Impermeabilizado internamente com cerol.
TW-234 10,0 13 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com arremate da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Terminação da borda com trançado
quadriculado.
TW-235 24,0 22 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com acabamento anelar em
casca de imbé. Trançado sarjado em padrão espinha de
peixe. Terminação da borda com trançado quadriculado.
TW-378 28,5 25 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com acabamento da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Terminação da borda com trançado
quadriculado.
TW-379 11,0 11 Cesto gameliforme com base quadrangular plana, bojo
cilíndrico, contorno simples, com acabamento da borda
anelar em casca de imbé. Trançado sarjado em padrão
espinha de peixe. Terminação da borda com trançado
quadriculado.
Cestos Paneiriformes
TW-373 13,0 18 Cesto paneiriforme com base quadrangular cônica, bojo
cilíndrico,
contorno
simples.
Trançado
quadriculado
gradeado. Borda com ourela simples. Vestígios de cerol na
parte externa da base.
1.2 Utensílios de Madeira para o Preparo dos Alimentos
Pau Ignífero
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam o comprimento
em centímetros da peça.
TW-238 23 Pau ignífero - base do pau ignífero. apresentando desgaste
circular carbonizado internamente em uma das extremidades
e com uma ranhura no centro do desgaste.
143
TW-239 24 Pau ignífero - bastão de madeira com uma das extremidades
arredondadas e com
com o anterior.
marcas de combustão. Forma conjunto
Pinças
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam o tamanho em
centímetros da peça.
TW-241 30 Pinça confeccionada em madeira com extremidades distais em
relação à articulação com marcas de combustão.
Pilões
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a altura, o
diâmetro
e
a
espessura
das
paredes
das
peças
em
centímetros,
respectivamente.
TW-229
10.6
10.5 1.0 Pilão de madeira vasiforme cilíndrico. Fundo
côncavo, marcas de corte na parede externa. Marcas de
fogo no interior
TW-231
13.0
10.0
0.8 Pilão de madeira vasiforme cilíndrico. Fundo
côncavo, marcas de corte na parede externa. Marcas de
fogo no interior
144
2 ARMAS PARA OBTENÇÃO DE PRODUTOS DE CAÇA
E PARA GUERRA E DEFESA
2.1 Armas de Arremesso Complexas.
ARCOS
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam diâmetro do
arco na empunhadura, diâmetro do arco nos encaixes e a altura do Arco,
em centímentos, respectivamente.
TW-365 3.5 2.0 217 Arco de madeira de seção cilíndrica com encaixe
reforçado por líber e casca de imbé. Apliques de fibra de
casca de imbé ao longo do arco. Nos 35 cm. terminais a
madeira está curvada. O encordoamento é em fibra vegetal
de 0,7 cm. de espessura fiada em S com quatro fios
torcidos de duas pernas cada. Nó de amarração "Padrão
Xokleng".
TW-366 3.0
2.3 183 Arco de madeira de seção cilíndrica com encaixe
reforçado por líber, casca de imbé e fibras trançadas. O
encordoamento é em fibra vegetal de 0,5 cm. de espessura
fiada em S com quatro fios torcidos de duas pernas cada.
Nó de amarração "Padrão Xokleng".
TW-367 2.5
1.7 167 Arco de madeira de seção cilíndrica com encaixe
reforçado por líber e casca de imbé. O encordoamento é em
fibra vegetal de 0,5 cm. de espessura fiada em S com
quatro fios torcidos de duas pernas cada. Nó de amarração
"Padrão Xokleng".
TW-369 4.0
2.5 197 Arco de madeira de seção cilíndrica com encaixe
reforçado por líber e casca de imbé. O encordoamento é em
fibra vegetal de 0,5 cm. de espessura fiada em S com
quatro fios torcidos de duas pernas cada. Nó de amarração
"Padrão Xokleng".
145
FLECHAS
Os
alfanuméricos
em
negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; o algarismo em itálico indica a sua dimensão em
centímetros.
Flechas de Madeira Serrilhadas Unilaterais
Grupo I.
123 160 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral inserida em
haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na vareta da flecha. Partes proximal e
distal da emplumação atadas com cordel de fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com casca de imbé.
124 160 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida em
haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
128 156 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida em
haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
130 157 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida em
haste de taquara
e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
138b 156 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida
em haste de taquara e fietal. Aplique de imb_ entre as
amarra_äes das penas. Encaixe refor_ado com imb_.
146
TWCT-343
185
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imb_ e
cerol. Apliques de imb_ na haste da flecha. Partes distal
e proximal da empluma_Æo
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imb_ entre as amarra_äes das penas. Encaixe
refor_ado com imb_.
TWCT-344 182 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste de taquara ces das penas. Encaixe reforçado
imbé.
com
160b 164 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida
em haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
161b 152 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral esculpida
na haste de madeira maciça. Amarração e apliques de casca
de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Aplique de imbé entre
as amarrações das penas. Encaixe reforçado com imbé.
161c 153 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, esculpida
na haste de madeira maciça. Amarração e apliques em casca
de imbé e cerol. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas. Encaixe reforçado com imbé.
162a 165 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida
em haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
162b 164 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida
em haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
163b 139 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida
em haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
147
260 194 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada na
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
263 185 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste da flecha. Parte distal e proximal da
emplumação
fixada com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
264 181 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste da flecha. Partes proximal e distal da
emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
88 166 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, inserida em
haste de taquara e fixada com casca de imbé e cerol.
Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal e
proximal da emplumação fixada com fibra vegetal. Aplique
de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
89 170 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste da flecha. Parte distal e proximal da
emplumação
fixada com fibra vegetal. Encaixe reforçado
com imbé.
90 166 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral, fixada na
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste de taquara. Parteponta rombuda (virote) em
n¢ de pinho fixada em haste de taquara com casca de imb_
e cerol. Aplique de imb_ na haste de taquara. Partes
distal e proximal da empluma_Æo
amarradas com fibra
vegetal. Aplique de imb_ entre as amarra_Æo das penas.
Encaixe refor_ado com casca de imb_ .
95 152 Flecha com ponta rombuda (virote) em n¢ de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imb_ e cerol. Aplique de
imb_ na haste de taquara. Partes distal e proximal da
empluma_Æo
amarradas
Flecha com ponta de madeira e
serrilha unilateral fixada em haste de taquara por casca
de imbé e cerol. Aplique de imbé na haste da flecha.
Partes distal e proximal da emplumação fixada com fibra
vegetal. Aplique de imbé entre as amarrações das penas,
um círculo de plumas
na parte terminal. Encaixe
reforçado por imbé.
148
TW-sn 179 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada em
haste de taquara por casca de imbé e cerol. Apliques de
imbé na haste de taquara. Partes proximal e distal da
emplumação fixadas com fibra vegetal e imbé. Aplique de
imbé entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
por imbé.
TWCT-252
164
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixada com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
TWCT-253
176
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
TWCT-254
174
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
TWCT-258 181 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação
fixadas com fibra vegetal. Apliques de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
TWCT-259 141 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste de taquara por casca de imbé e cerol. Amarração
com cera e imbé entre as serrilhas. Partes distal e
proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Encaixe reforçado por imbé.
TWCT-342
172
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
TWCT-343
185
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
149
TWCT-344 182 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Amarração de emenda, também de
taquara, feita com casca de imbé e cerol, a 94
centímetros do encaixe. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de fibra
vegetal entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com imbé.
TWCT-345
177
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixada com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com imbé.
TWCT-347 175 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Apliques
de imbé na haste de taquara. Partes proximal e distal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Apliques de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
Flechas de Madeira com Serrilha Unilateral.
GRUPO II
262 178 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
TWCT-257 186 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
em haste
proximal
terminal
entre as
imbé.
TWCT-256
147
de taquara por casca de imbé
da emplumação fixada com fibra
fixada com fibra vegetal e imbé.
amarrações das penas. Encaixe
e cerol. Parte
vegetal e parte
Aplique de imbé
reforçado
por
Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral,
inserida em haste de taquara e fixada com casca de imbé e
cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Encaixe
reforçado com fibra vegetal.
TWCT-348 189 Flecha com ponta de madeira e serrilha unilateral fixada
na haste de taquara com fibras vegetais, imbé e cerol.
Partes distal e proximal da emplumação
amarradas com
fibra vegetal. Encaixe reforçado com fibras vegetais.
150
Flechas com Ponta de Madeira e Serrilha Bilateral
Grupo III
TW-sn 164 Flecha com ponta de madeira e serrilha bilateral inserida em
haste de taquara sendo esta fixada na haste principal de
taquara, ambas as amarrações feitas com casca de imbé e
cerol. Partes proximal e distal da emplumação atadas com
cordel de fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas. Encaixe reforçado com imbé.
TWCT-341 180 Flecha com ponta de madeira e serrilha bilateral fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação
fixadas com fibra vegetal. Apliques de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
TWCT-349 181 Flecha com ponta de madeira e serrilha bilateral fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação
fixadas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado
com
imbé.
Flechas com Pontas Rombudas em Madeira - Virote
Grupo IV
125 148 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Dois círculos de pluma
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
139c 161 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
151
162c 150 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
96 156 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
CT-116 148 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
CT-246 131 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarrações das penas. Encaixe reforçado com
casca de imbé.
Flechas com Pontas Rombudas em Madeira - Virote
Grupo V
131 141 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação
amarradas
com
fibra
vegetal.
Encaixe
reforçado com casca de imbé.
164b 139 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre as amarração das penas. Encaixe reforçado
com
casca de imbé.
95 152 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação
amarradas com fibra vegetal. Um círculo de
plumas próximos ao encaixe. Encaixe reforçado com casca
de imbé.
152
CT-250 142 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre a amarração das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
TW-248 148 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada em
haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre a amarração das penas. Encaixe reforçado com casca
de imbé.
TWCT-247 153 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre a amarração das penas. Dois círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe reforçado
com casca de
imbé.
TWCT-249 123 Flecha com ponta rombuda (virote) em nó de pinho fixada
em haste de taquara com casca de imbé e cerol. Aplique de
imbé na haste de taquara. Partes distal e proximal da
emplumação amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé
entre a amarração das penas. Encaixe reforçado com casca
de imbé.
Flechas com Pontas de Ferro Triangulares Pedunculadas com Aletas
Grupo VI
TWCT-306
125
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas fixada em vareta de madeira com fibra vegetal e
cerol por sua vez inserida em haste de taquara com casca
de imbé e cerol. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado
com fibra
de imbé.
TWCT-306
125
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em vareta de madeira com casca de imbé e
cerol, por sua vez inserida em haste de taquara com casca
de imbé e cerol. Partes proximal e distal da emplumação
atadas com cordel de fibra vegetal. Encaixe reforçado
com casca de imbé.
153
141
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
fibras vegetais e cerol. Aplique de imbé na haste da
flecha. Parte proximal e distal da emplumação fixadas com
fibra vegetal. Encaixe reforçado por fibras vegetais.
TWCT-307 140
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
fibras vegetais, imbé e cerol. Aplique de imbé na haste
da flecha. Partes distal e proximal da emplumação fixadas
com fibra vegetal. Encaixe reforçado
com fibras
vegetais.
TWCT-308
147
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em vareta de madeira e fixada com fibra
vegetais e cerol, por sua vez inserida em haste de
taquara e fixada com casca de imbé e cerol. Partes distal
e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de fibras vegetais entre as amarrações das penas.
Encaixe reforçado com fibras vegetais.
TWCT-310
127
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
fibras vegetais recobertas com cerol e fibras de imbé.
Partes proximal e distal da emplumação
amarradas com
fibra vegetal. Encaixe reforçado com fibra vegetal.
TWCT-311
134
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste madeira maciça e fixada com
fibras vegetais recobertas por cerol e casca de imbé.
Parte distal e proximal da emplumação fixadas com fibra
vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé .
TWCT-307
TWCT-311a 134 Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
casca de imbé e cerol. Apliques de imbé na haste da
flecha. Partes proximal e distal da emplumação amarradas
com fibra vegetal. Encaixe reforçado com fibra vegetal.
TWCT-314
147
Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
fibras vegetais recobertas com cerol e imbé. Aplique de
imbé na haste da flecha. Parte proximal e distal da
emplumação fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado
por fibra vegetal.
TWCT-314a 146 Flecha com ponta de ferro triangular pedunculada com
aletas inserida em haste de madeira maciça e fixada com
fibras vegetais cobertas com cerol e imbé. Aplique de
imbé na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação fixadas com fibra vegetal. Encaixe reforçado
com fibras vegetais.
154
Flechas com Pontas de Ferro Folíaceas Pedunculadas com Aletas
Grupo VII
160d 138 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, e por sua vez inserida em haste de taquara,
também fixada com casca de imbé e cerol. Partes distal e
proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal.
Aplique de imbé entre as amarrações das penas. Dois
círculos de plumas
próximos ao encaixe. Encaixe
reforçado com imbé.
163d 131 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara com
casca de imbé e cerol. Apliques de imbé na haste de
taquara.
Partes
proximal
e
distal
da
emplumação
amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas. Encaixe reforçado com imbé.
CT-126 139 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara e
também fixada com casca de imbé e cerol. Aplique de imbé
na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação
fixadas com fibra vegetal. Apliques de imbé
entre as amarrações das penas, dois círculos de plumas
próximos à parte terminal. Encaixe reforçado
com casca
de imbé.
TWCT-309 162 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inseridas em haste de taquara,
também fixada com casca de imbé e cerol. Aplique de imbé
na haste da flecha. Partes distal e proximal da
emplumação
fixadas com fibra vegetal. Apliques de imbé
entre as amarrações das penas, dois círculos de plumas
próximos a parte terminal. Encaixe reforçado
com casca
de imbé.
TWCT-312 161 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em haste de madeira maciça e fixada com cerol e
casca de imbé. Aplique de imbé na haste da flecha. Partes
distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra
vegetal. Amarração de imbé entre as penas para inserção
de emenda de taquara de 34 centímetros aumentando o
comprimento da flecha. Dois círculos de plumas próximos
ao encaixe. Encaixe reforçado com casca de imbé.
155
TWCT-313 149 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em haste de madeira maciça e fixada com casca de
imbé e cerol. Apliques de imbé na haste da flecha. Parte
distal e proximal da emplumação
fixada com fibra
vegetal. Encaixe reforçado com casca de imbé.
139d 148 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara e
fixada com casca de imbé e cerol. Aplique de imbé na
haste da flecha. Partes proximal e distal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas. Dois círculos de plumas próximos à
parte terminal. Encaixe reforçado por casca de imbé.
93
153
Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara e
fixada com casca de imbé e cerol. Aplique de imbé na
haste da flecha. Partes distal e proximal da emplumação
fixadas com fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas, dois círculos de plumas
próximos
ao encaixe. Encaixe reforçado com casca de imbé.
CT-161e 152 Flecha com ponta de ferro foliácea pedunculada com aletas
inserida em vareta de madeira e fixada com casca de imbé
e cerol, por sua vez inserida em haste de taquara e
fixada com casca de imbé e cerol. Apliques de imbé na
haste de taquara. Partes proximal e distal da emplumação
amarradas com fibra vegetal. Aplique de imbé entre as
amarrações das penas. Dois círculos de plumas
próximos
ao encaixe. Encaixe reforçado com imbé.
2.2 Armas de Arremesso Simples
Lanças
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam tamanho da
lança, o comprimento da lâmina, a largura na porção superior da lâmina
e a largura nas aletas da lâmina em centímetros,
156
respectivamente.
139 133 22 8 11 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no
corpo de madeira formando linhas paralelas, com trançado
quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
243 140 24 7 9 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas, fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no
corpo de madeira formando linhas paralelas, com trançado
quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
TW-244 162 33 8 12 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada com
aletas fixada em base de madeira de corte losangular com
cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada no
corpo de madeira formando linhas paralelas, com trançado
quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
TWCT-245 135 20 6 10 Lança com lâmina de metal foliácea pedunculada
com aletas fixada em base de madeira de corte losangular
com cerol e casca de imbé. Decoração em cestaria fixada
no corpo de madeira formando linhas paralelas, com
trançado quadricular, feitas com talas de taquara e imbé.
3 UTENSILIOS PARA O TRANSPORTE POR TERRA DE CRIANÇAS E CARGAS
3.1 Artefatos Trançados
Cestos Cargueiros Gameliformes
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam altura e o
diâmetro do cesto em centímetros, respectivamente.
TW-375
24,5
23 Cesto cargueiro gameliforme com base quadrangular
plana, bojo cilindríco, contorno simples. Trançado
quadriculado gradeado. Borda com ourela simples. Possui
cinco
atilhos
em
casca
de
imbé
para
pendurar,
distribuidos em seu bojo.
157
Cestos Cargueiros Paneirifomes
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam altura e o
diâmetro do cesto em centímetros, respectivamente.
TW-377
31,0
27 Cesto cargueiro paneiriforme com base quadrangular
plana e bojo cilíndirico. Base com trançado quadriculado
gradeado. Borda com arremate simples. Tipóia trançada em
líber, fixa ao cesto por atilhos, também em liber.
TW-380 35 30 Cesto cargueiro paneiriforme com bojo cilíndrico e base
quadrangular. Base com trançado quadriculado gradeado.
Borda com arremate simples. Tipóia trançada em líber,
arrematada em cordel, fixa ao cesto por atilhos em líber.
Tipóias
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça
120 Tipóia trançada com 16 fitas, sendo 15 de líber e 1 de casca de
imbé, dividida nas duas extremidades em duas faixas de 8
fitas e arrematada em nó.
TW-382 Tipóia trançada em 16 fitas, sendo 4 de casca de imbé e 12 de
líber, dividida em ambas as extremidades em duas faixas
de 8 fitas cada, arrematadas por dois cordéis torcidos.
TW-384 Tipóia trançada em 16 fitas, sendo 14 de líber e 2 de casca de
imbé. Arremate em nó, formando duas faixas de 8 fitas,
terminando em 3 cordéis torcidos.
158
ADORNOS E OBJETOS DE USO PESSOAL
1 Adornos do Tronco
1.1 Adornos de Cordame do Tronco
Cinto de Cordões
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a dimensão da
peça, em centímetros.
TW-240
40.0
Cinto masculino composto por 19 cordéis de 1mm,
confeccionados em casca de imbé, fiado
com 3 fios.
Amarração entre os cordéis é com cordel de líber. Em dois
pontos longituginais amarração com cordéis de líber.
TW-242
40.0
Cinto masculino composto por 15 cordéis de 1mm,
confeccionados em casca de imbé, fiado
com 3 fios.
Amarração entre os cordéis é com cordel de líber. Em dois
pontos longituginais amarração com cordéis de líber.
TW-381
40.0
Cinto masculino composto por 21 cordéis de 1mm,
confeccionados em casca de imbé, fiado
com 3 fios.
Amarração entre os cordéis é com cordel de líber. Em dois
pontos longituginais amarração com cordéis de líber.
2 Indumetária e Arranjos de Decoro
2.1 Tratamento do Corpo
Perfurador de Lábio
Os
alfanuméricos
em
Negrito
indicam
a
sigla
de
identificação da peça; os algarismos em itálico indicam a dimensão da
peça, em centímetros.
TW-223 19.5 Perfurador de lábio confeccionado em madeira endurecida
pelo fogo.
TW-224 20.0 Perfurador de lábio confeccionado em madeira endurecida
pelo fogo.
TW-225 17.5 Perfurador de lábio confeccionado em madeira, endurecida
pelo fogo.
TW-226 17.5 Perfurador de lábio confeccionado em madeira endurecida
pelo fogo.
160
Anexo III
Lista dos Ataques
Xokleng documentados na Bibliográfia Pesquisada
Abreviações
MAT = Mata Atlântica
MAR = Mata de Araucárias
A. Xokleng = Ataques de Bugreiros às Aldeias Xokleng
Referência
Localidade Citada
FPP-01
FPP-01
FPP-18
FPP-03
1835
1835
1854
1839
MAT
MAT
MAR
MAT
FPP-02
FPP-02
1838
1838
MAR
MAT
FPP-02
BOITEUX, Lucas
A.
BOITEUX, Lucas
A.
FPP-04
FPP-04
DALL'ALBA, João
L.
FPP-06
FPP-06
1838
1939
MAT
MAT
1939
MAT
1840
1840
1973
MAT
MAT
MAT
1842
1842
MAR
MAT
FPP-08
AVÉ-LALLEMANT,
Robert
FPP-12
FPP-12
FPP-14
FPP-16
FPP-15
1844
1980
MAT
MAT
1849
1849
1850
1852
1851
MAR
MAT
MAT
DEEKE.
Santos
FPP-18
DEEKE.
Santos
FPP-19
FPP-20
FPP-21
FPP-21
FPP-21
1973
MAT
1854
1973
MAR
MAT
1855
1856
1857
1857
1857
MAT
MAT
MAT
MAT
MAR
FPP-21
FPP-22
1857
1858
MAR
MAR
FPP-21
WACHOWICZ, Rui,
C. 1980
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-23
1857
1980
MAT
1973
1863
in:
1973
in:
1973
Camboriú
Piçarras
imediações de Lages
Colônia Italiana
Demaria e Schutel Itajaí
Bom Retiro
Caldas do Cubatão:
Município
Atual
Camboriú
Piçarras
Lages
São João
Batista
Mês
Ano
6
1
1834
1834
1835
1838
1838
1838
Colônias de Itajaí
Colônia Nova Itália
(Demaria e Schutel)
Colônia Nova Itália
(Demaria e Schutel)
Colônia de Itajaí
Tijucas Grandes
Rio Saguaçu
Bom Retiro
Santo Amaro
da Imperatriz
Brusque
São João
1
Batista
São João
10
Batista
Brusque
Tijucas
Garuva
Curitibanos
Sertões do São
Francisco do Sul
Piçarras
Colônia Tijuca
Curitibanos
2
São Francisco 3
do Sul
Piçarras
Tijucas
2
1842
1842
Três Barras
Palmital
Volta Grande de Itajaí
Boa Vista
São Francisco do Sul
Três Barras
Garuva
Itajaí
?
São Francisco
do Sul
Blumenau
1
4
9
11
1848
1849
1849
1850
1850
12
1852
Lages
Blumenau
4
1
1853
1855
Urussanga
Itajaí Mirim
Margens do Itajaí
Araranguá
Vila de Lages Bandeirinhas
Lages - Bandeirinha
Coletoria do Passa
Dois
Itajaí Pequeno
Saltinho - Paraná
Urussanga
Brusque
Itajaí
Araranguá
Lages
1
11
10
12
12
1855
1855
1856
1856
1856
MAT
MAT
MAT
Barra Velha (Ribeirão
da Velha)
Rio Bonito - Lages
Blumenau
1838
1839
1839
1840
1840
1840
1844
1847
Lages
1
Santa Cecília 4
1857
1857
Brusque
-
12
1857
1858
Blumenau
Blumenau
12
1862
Colônia Blumenau
Blumenau
12
1862
FPP-24
CABRAL, Oswaldo
R.
CABRAL, Oswaldo
R.
FPP-24
FPP-25
1863
1958
MAT
MAT
Colônia Brusque
Brusque
Aguas Claras (Brusque) Brusque
1
3
1863
1863
1959
MAT
Pedra Grande
Brusque
9
1863
1863
1865
MAT
MAT
1863
1865
1960
MAT
Tubarão
São João
Batista
Brusque
12
3
CABRAL, Oswaldo
R.
DEEKE. in:
Santos 1973
CABRAL, Oswaldo
R.
WACHOWICZ, Rui,
C. 1980
WACHOWICZ, Rui,
C. 1980
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-29
FPP-29
FPP-29
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
GERNHARD
FPP-32
FPP-32
FPP-32
FPP-33
FPP-33
FPP-33
FPP-33
FPP-33
Colônia Tubarão
São João Batista (do
Alto Tijucas)
Pomerânia
12
1865
1973
MAT
Garcia
Blumenau
1
1866
1961
MAT
Brusque
Brusque
2
1866
Região de Papanduva Paraná
Passo Ruim - Paraná
-
4
1868
1980
1980
-
1868
1973
MAT
Alto Rio Têsto
Pomerode
3
1870
1872
1872
1872
1973
MAT
MAT
MAR
MAT
Campo Bom - Laguna
Barra Velha
Lages
Rio Têsto
Jaguaruna
Barra Velha
Lages
Pomerode
6
7
8
2
1871
1871
1871
1872
1973
MAT
Garcia
Blumenau
7
1872
1973
MAT
Benedito
Timbó
11
1872
1901
1874
1874
1874
1876
1876
1876
1876
1876
MAT
MAT
MAT
MAT
MAT
MAT
MAR
MAR
MAT
Joinville
Barra Velha
Penha
Joinville
Barra Velha
Joinville
São Joaquim
Curitibanos
Bom Retiro
11
1
2
3
9
12
1873
1873
1873
1873
1875
1875
1875
1875
1875
FPP-34
GERNHARD
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-35
FPP-36
1876
1901
1973
MAT
MAT
MAT
Dona Francisca
Barra Velha
Itapocoroi
Serra de Joinville
Barra Velha
Joinville
São Joaquim
Curitibanos
Colônia de Santa
Teresa
Joinville
Dona Francisca
Rio dos Cedros
1
1
10
1876
1876
1876
1877
1877
MAT
MAT
Joinville
Joinville
Rio dos
Cedros
Blumenau
Águas Mornas
10
1
1876
1877
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-37
FPP-39
GERNHARD
FPP-40
FPP-40
FPP-41
SILVA, Emílio da
1973
MAT
2
1877
Tatutiba
Rio dos
Cedros
?
3
1877
1973
Blumenau
Rio Novo - Colônia
Teresópolis
Rio dos Cedros
1973
MAT
Itoupava Alta
Blumenau
5
1877
1878
1880
1901
1881
1881
1882
1977
MAT
MAT
MAR
MAT
MAR
MAR
MAT
Blumenau
Gravatal - Tubarão
São Bento
Teresópolis
Santa Teresa
Município de Lages
Rio Paula Grande
Blumenau
Gravatal
São Bento
Águas Mornas
Bom Retiro
Lages
Jaragua do
Sul
1
10
1
10
11
1878
1879
1880
1880
1880
1881
1881
162
FPP-43
1883
MAR
FPP-43
1883
MAT
FPP-43
1883
MAT
MARZANO, Luighi. 1904
SILVA, Emílio da 1975
MAT
MAT
STULZER,
1973
Aurélio.
DEEKE. in:
1973
Santos 1973
MARZANO, Luighi. 1905
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
MARZANO, Luighi.
MARZANO, Luighi.
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-44
FPP-44
1973
São Joaquim da Costa
da Serra
Azambuja
São Joaquim
1882
2
1883
2
1883
2
3
1883
1883
MAT
Pedras
Grandes
São Francisco do Sul - Jaraguá do
Jaraguá do Sul
Sul
Rio Salto - Urussanga Urussanga
Jaraguá do Sul
Jaraguá do
Sul
Itapocu
Barra Velha
5
1883
MAT
Itoupava-Rega
Blumenau
7
1883
MAT
Urussanga
7
1883
MAT
Rio dos Americanos Urussanga
Neisse
Apiúna
11
1883
1973
MAT
Tiroler-Strasse
Rodeio
4
1884
1906
1907
1973
MAT
MAT
MAT
Rio Maior - Urussanga Urussanga
Rio Carvão - Urussanga Urussanga
Guaricanas
Ascurra
4
6
3
1884
1884
1885
1973
MAT
Lontras
Lontras
9
1885
1886
1886
MAT
MAT
Blumenau
Blumenau
9
11
1885
1885
FPP-44
1886
MAT
Joinville
11
1885
DEEKE. in:
Santos 1973
FPP-44
1973
MAT
Blumenau
Vila de Blumenau Jordão
Warner - Garcia Itoupava - Joinville
Garcia
Blumenau
12
1885
1886
MAT
Itajaí
12
1885
FPP-45
FPP-45
FPP-45
FPP-45
FPP-45
FPP-45
WACHOWICZ, Rui,
C. 1980
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
STULZER,
Aurélio.
DEEKE. in:
Santos 1973
1888
1888
1888
1888
1888
1888
1980
MAT
MAR
MAR
MAR
MAT
MAR
Urussanga
Lages
Bom Retiro
Bom Retiro
Cocal do Sul
Santa Cecília
-
10
12
12
1
4
10
1886
1886
1886
1887
1887
1887
1888
1973
MAT
São Luiz Gonzaga Itajaí
Urussanga
Lages
Santa Teresa
Santa Teresa
Rio Cocal
Passa Dois
União da Vitória Paraná
S. Pedrinho
Dr. Pedrinho
1
1889
1973
MAT
S. Pedrinho
Dr. Pedrinho
1889
1973
MAT
S. Pedrinho Novo
Dr. Pedrinho
1889
1973
MAT
Trombudo
1975
MAT
Rio Furtuna
Trombudo
Central
Rio Fortuna
1974
MAT
Rio Mauricio
1976
MAR
Rio Facão
1974
MAT
Rio dos Cedros
1973
MAT
Milaneses
163
7
Braço do
Norte
Bom Jardim da
Serra
Rio dos
1
Cedros
Rodeio
2
1890
1890
1890
1893
1894
1894
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
SILVA, Emílio da
STULZER,
Aurélio.
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
MARZANO, Luighi.
1973
Estrada de Curitibanos ?
1
1895
1973
Estrada de Curitibanos ?
6
1895
1973
Estrada de Curitibanos ?
12
1895
1973
Estrada de Curitibanos ?
5
1897
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
FPP-46
FPP-46
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
1978
1975
MAT
MAT
Rodeio (A. Xokleng)
Rio dos Cedros
1973
MAT
Subida
Rodeio
Rio dos
Cedros
Apiúna
2
1902
1973
MAT
Ipiranga
Benedito Novo 7
1902
Ribeirão dos Russos
?
7
1902
Nova Treviso Urussanga
Nova Bremen
Siderópolis
10
1902
?
11
1902
Guaricanas
Ascurra
12
1902
1973
1908
1973
MAT
MAT
1897
1899
1973
Estrada de Curitibanos ?
4
1903
1973
Estrada de Curitibanos ?
9
1903
1973
Estrada de Curitibanos ?
3
1904
1973
Ribeirão Basílio
?
3
1904
1973
MAT
Fundos Warnow
Indaial
4
1904
1905
1905
MAR
MAT
Bom Retiro
Botuverá
1
1904
1905
FPP-46
FPP-46
1905
1905
MAT
MAT
Araranguá
Araranguá
1
2
1905
1905
FPP-46
1905
?
2
1905
1973
Estrada São José/Lages
Brusque - Ribeirão do
Ouro
Município de Araranguá
Ararangua - Volta
Grande
Estrada de
Blumenau/Curitibanos
Estrada de Curitibanos
?
7
1905
1973
Estrada de Curitibanos ?
7
1905
1973
Estrada de Curitibanos ?
7
1905
Angelina
Angelina
Estrada de Curitibanos ?
11
2
1905
1906
Estrada de Curitibanos ?
4
1906
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
FPP-46
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
DEEKE.
Santos
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
in:
1973
1905
1973
MAT
1973
1973
MAR
Scharlach-Hansa
Rio Negrinho
10
1906
1973
MAR
Indios Hansa
Rio Negrinho
11
1906
1973
MAT
Pouso Redondo
Pouso Redondo 10
1908
1973
MAT
Braço do Oeste
Rio do Oeste
1908
164
11
DEEKE. in:
1973
Santos 1973
SILVA, Emílio da 1976
MAT
Pinhalsinho
Apiúna
11
1908
MAT
Vale do Jaraguazinho
11
1910
DEEKE. in:
1973
Santos 1973
SILVA, Emílio da 1979
MAR
Rafael-Hansa
Jaraguá do
Sul
Rio Negrinho
12
1910
MAR
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DALL'ALBA, João
L.
DEEKE. in:
Santos 1973
DEEKE. in:
Santos 1973
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
DALL'ALBA, João
L.
1973
MAT
Ribeirão Rodrigues Jaraguá
Pinheiros
Jaraguá do
Sul
Taió
2
1911
1973
MAT
Estrada do Rio Preto
Mafra
4
1911
1973
MAR
Indios Hansa
Rio Negrinho
9
1911
1973
MAT
Ipiranga
Benedito Novo 11
1911
Ribeirão dos Russos
?
1911
1973
1910
11
1973
MAT
Pouso Redondo
Pouso Redondo 6
1912
1973
MAT
Braço do Oeste
Rio do Oeste
2
1913
1973
MAT
Braço do Oeste
Rio do Oeste
5
1913
1973
MAT
Caminho Reuter
Blumenau
7
1913
1973
MAR
Kraul-Hansa
Rio Negrinho
8
1913
1973
MAT
Braço do Oeste
Rio do Oeste
10
1913
1977
MAR
Rio Facão
1913
1914
1973
Liberdade
Bom Jardim da
Serra
?
6
1973
Liberdade
?
Nova Fátima (A.
Xokleng)
Rio dos Bugres (A.
Xokleng)
Campo dos Padres (A.
Xokleng)
Povoamento (A.
Xokleng)
Santa Maria do
Capivari (A. Xokleng)
Urubici
1917
Urubici
1917
Urubici
1918
Orleães
1925
Orleães
1927
1978
MAR
1981
MAR
1980
MAR
1982
MAT
1979
MAT
165
6
1914
ANEXO IV
Divisão do Trabalho entre os Xokleng
(Adaptado de Henry, 1964: 172)
Atividade
Envolvimento das Pessoas
Divisão Sexual
Caça
Comunitária e Individual
Homens
Ataque Defesa
Comunitária
Homens
Coleta do Pinhão
Comunitária e Individual
Ambos os Sexos
Coleta de Mel
Comunitária e Individual
Ambos os Sexos
Coleta de Frutos
Individual
Ambos os Sexos
Coleta de Insetos
Individual
Ambos os Sexos
Prep. Alimentos
Individual
Mulheres
Prep. Bebida
Comunitária
Ambos os Sexos
Prep. do Fogo
Comunitária
Homens
Const. Abrigos
Comunitária e Individual
Ambos os Sexos
Cerâmica
Individual
Mulheres
Prep. Cochos Bebida
Comunitária
Homens
Cestaria
Individual
Homens
Fiação
Individual
Mulheres
Flechas e Bordunas
Individual
Homens
Prep. Lanças
Comunitária
Homens
Prep. Pilões
Individual
Homens
Prep. Mãos Pilão
Individual
Mulheres
Conf. Saias Cobertor
Individual
Mulheres
Conf. Ornam. Dança
Individual
Conf. Labretes
Individual
Prep. Arcos,
Homens
Download

Texto Integral.em PDF - Instituto Anchietano de Pesquisas