III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí
III Jornada Científica
19 a 23 de Outubro de 2010
Manutenção de bancos de germoplasma de hortaliças não convencionais e
plantas medicinais do IFMG - campus Bambuí.
Fernando Bruno XAVIER¹; Ricardo Monteiro CORREA²; Luciano Donizete
GONÇALVES²; Isaac Alves TONACO³; Saulo Gomes COSTA³
¹Estudante do curso de Agronomia e bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de
Minas Gerais - FAPEMIG
²Professores do IFMG - campus Bambuí
³Estudantes de Agronomia do IFMG – campus Bambuí
RESUMO
Banco de Germoplasma é uma área destinada à conservação de espécies de uso imediato ou futuro.
Para se evitar as perdas ou extinção as ações integradas de coleta e conservação destes acessos são
de fundamental importância para um melhor e mais duradouro aproveitamento do potencial deste
ramo. O objetivo do presente trabalho é a mantença do banco de germoplasmas de plantas
medicinais e condimentares existente no IFMG – Campus Bambuí. As principais medidas tomadas
para realização do trabalho foram as seguintes: coleta, identificação, manutenção, introdução e
conservação. Este esforço em organizar uma rede de bancos de germoplasma dentro de uma
instituição de ensino permite ao corpo docente uma melhor utilização destas espécies, bem como a
preservação dos materiais. O trabalho foi realizado no setor de Olericultura do Instituto Federal de
Minas Gerais – Campus Bambuí. Os acessos foram coletados em diferentes localidades da região do
estado mineiro. Após a coleta, os materiais foram colocados em casa de vegetação para emissão das
brotações e posteriormente seu transplantio para o horto. Ao final de seis meses de trabalho foi
possível coletar e introduzir 28 novas espécies medicinais e condimentares no horto, tais como
Açafrão (Crocus sativus), Babosa (Aloe vera (L) Burm f), Balsamo (Sedum dendroideum),
Beldroega (Portulaca oleracea), Boldo-do-chile (Peumus boldus), Cana-de-macaco (Costus
spiralis), Cavalinha (Equisetum arvense ou E. Giganteum), Erva cidreira brasileira (Lippia alba),
Erva-macaé (Leonurus sibiricus), Feijão jacatupé (Pachyrhizus erosus), Funcho (Foeniculum
vulgare), Gengibre (Zingiber officinale), Hortelã vick (Mentha arvensis), Jiló (Solanum gilo),
Manjericão (Ocimum basilicum L.), Marcela-do-campo (Achyrocline satureioides (Lam.), Melissa
(Melissa officinalis), Mertiolate (Jatropha multifida L.), Mil folhas (Achilllea millefolium), Orapro-nobis (Pereskia aculeata), Orégano (Origanum vulgare), Palma Forrageira (Opuntia ficusindica), Pimenta biquinho (Capsicum chinense), Poejo (Mentha pulegium), Saião (Kalanchoe
brasiliensis Cambess), Tanchagem (Plantago major), Anador (Alternanthera brasiliensis) e
Vinagreira (Hibiscus sabdariffa), sendo todas adaptadas à região apresentando 100% de pegamento.
Palavras chave: Horto medicinal, Hortaliças não convencionais, Acessos, Resgate alimentar,
Propagação.
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INTRODUÇÃO
Bancos de germoplasma são coleções de material vivo, em forma de sementes, pólen,
tecidos ou indivíduos cultivados, que visam a conservação da diversidade genética das espécies
vegetais, especialmente daquelas de importância sócio-econômica que estejam ameaçadas pela
erosão genética e/ou que demandem ações para o melhoramento genético.
Com o crescente aumento da erosão dos recursos genéticos vegetais, a preocupação
principal, por parte dos melhoristas é com a diminuição ou perda da variabilidade genética de
espécies cultivadas e seus parentes silvestres, bem como de variedades locais, gerando o
estreitamento da base genética (Hallauer & Miranda, 1988). A vulnerabilidade resultante do
estreitamento da base genética só pode ser evitada com variabilidade, a qual depende dos recursos
genéticos disponíveis, ou seja, do germoplasma da espécie (Casali, 1969).
Para evitar a perda da diversidade, pela extinção de espécies não convencionais, é
fundamental realizar a coleta de germoplasma, a sua conservação e o uso sustentável da
variabilidade genética. Em realidade, os bancos de germoplasma não possuem apenas a função de
armazenar o material genético, sendo também responsável pelas atividades de prospecção, coleta,
introdução, intercâmbio, quarentena, caracterização, conservação, inspeção, multiplicação e
regeneração do germoplasma (RAMALHO, 2000).
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial
depende da medicina tradicional para atender às suas necessidades de cuidados primários de saúde e
grande parte desta medicina tradicional envolve o uso de plantas medicinais, seus extratos vegetais
ou seus princípios ativos (IUCN, 1993). Os alimentos não-convencionais são ricos em um ou mais
nutrientes benéficos à saúde, podendo ajudar a combater as carências nutricionais da população
brasileira (ALIMENTOS REGIONAIS BRASILEIROS, 2008). Com isso a criação deste banco de
germoplasma serve de apóio não somente para a instituição de ensino, mas também para a saúde da
comunidade Bambuiense.
O objetivo do presente trabalho é a manutenção do banco de germoplasmas de plantas
medicinais e condimentares do IFMG – Campus Bambuí, para servirem de base à futuros estudos
científicos que serão propostos pelo corpo docente, alem de resgatar as pessoas o hábito de
consumirem estas hortaliças não condimentares.
MATERIAL E MÉTODO
O Banco de germoplasma está localizado no setor de Olericultura do IFMG - Campus
Bambuí, Latitude 20° 02’ 15.55’’S e Longitude 46° 00’ 30.13’’O, onde o trabalho se encontra em
realização. Os acessos foram coletados em diferentes regiões do estado, tais como, Patrocínio, Serra
do Salitre, Lavras, Piuí, Bambuí e no próprio IFMG - Campus Bambuí. A área do horto é composta
de 5 canteiros de 10 m de comprimento, 1 m de largura e 20 cm de altura, feitos com auxílio de
encanteiradeira.
A limpeza da área infestada de plantas daninhas foi realizada através da capina manual e
roçada mecânica, em seguida, as plantas que se apresentavam definhadas foram podadas para se
revigorarem. Todas as espécies foram fertilizadas com esterco bovino na proporção de 5 kg/m² de
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esterco bovino, 3 kg/m² de composto orgânico. O controle de pragas e doenças foi feito com
extratos de plantas, tais como, alho, pimenta, fumo e neem, sem a aplicação de agrotóxicos.
Os acessos foram coletados em diferentes localidades da região mineira, onde as espécies
doadas por instituições parceiras como Emater, IAC, Embrapa, UFLA, UFV e coletados na região
foram introduzidas no horto medicinal obedecendo ao tipo de propagação para cada espécies. Os
acessos recebidos em forma de propágulos foram cortados em forma de bisel para se evitar o
acúmulo de água no caule e consequentemente o apodrecimento e colocados para emissão das
brotações; as sementes foram semeadas em bandejas de 128 células contendo substrato comercial
Bioplant® e as demais formas de propagação tais como, rizomas, mudas e/ou touceiras foram
plantadas no local definitivo do horto.
As espécies foram observadas quanto ao crescimento, produção de matéria seca, fenologia e
tolerância à pragas e doenças. As plantas suscetíveis, menos vigorosas foram eliminadas deixando
apenas as plantas tolerantes, adaptadas as condições locais para coleta de materiais propagativos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
No ano de 2009 iniciou-se o projeto de estabelecimento de banco de germoplasma de
hortaliças não convencionais e plantas medicinais no campus Bambuí. Hoje no decorrer do trabalho
o banco conta com um acréscimo de 28 espécies. A tabela 1 ilustra as principais espécies de plantas
medicinais e hortaliças não convencionais introduzidas no horto do campus.
Tabela 1: Principais espécies introduzidas no banco de germoplasmas de plantas medicinais e
hortaliças não convencionais do IFMG – Campus Bambuí em 2010.
PLANTAS MEDICINAIS
Nome Comum
Nome Científico
Indicações
Erva
cidreira
brasileira
Erva-macaé
Lippia alba
Tranqüilizante e sedativa
Leonurus sibiricus
Calmante
Feijão jacatupé
Pachyrhizus erosus
Vias urinárias, febre, nefrite.
Gengibre
Zingiber officinale
Vick
Mentha arvensis
Manjericão
Ocimum basilicum
Mil folhas
Achilllea millefolium
Mertiolate
Jatropha multifida L.
Dores de cabeça e na coluna, congestão nasal, cólicas menstruais e
previne o câncer(cancro) de intestino e ovário.
Descongestionante nasal, gases do aparelho digestivo, sedativo do
estômago, náuseas, vômitos
Infecções da pele e vias respiratórias, rachaduras nos mamilos,
bronquite, cólicas, febres, insônia, problemas digestivos.
Acne,afecções da pele (abscessos, feridas, eczemas, etc.); afecções
urinárias, e muitas outras.
Hematoma, hemorragia, hemorróida, hidropsia, inflamação.
HORTALIÇAS NÃO CONVENCIONAIS
Nome Comum
Nome Científico
Uso
Açafrão
Crocus sativus
Temperos e coloração na culinária.
Orégano
Origanum vulgare
Tempero
Hortelã
Mentha spicata
Aromatizante e óleo essencial
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Funcho
Foeniculum vulgare
aromatizante
As plantas foram conduzidas de acordo com a exigência de cada espécie. O feijão jacatupé,
por exemplo, pelo seu hábito rasteiro necessitou de um suporte para seu crescimento.
O resgate e a valorização de hortaliças não convencionais irão favorecer a utilização de
práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversidade de cultivos, o menor uso
de insumos industriais, bem como a preservação das tradições culturais, da culinária regional e do
patrimônio genético.
Pesquisas de Fátima Agra et al (2008) revelaram a importância de ter um banco de
germoplasma para estudar as espécies medicinais. Estes autores fizeram um levantamento das
principais espécies medicinais utilizadas na região nordeste e concluiu que grande parte destas
plantas tem sido utilizada pela população da região sendo que muitas ainda carecem de estudos
botânicos e farmacológicos. Muitas espécies possuem elevada diversidade genética possuindo
ampla base genética para futuros trabalhos de melhoramento.
Segundo Bertoni et al. (2008) trabalhando com a espécie Zeyheria montana Mart, uma
espécie medicinal do cerrado, elaborou um banco de germoplasma de indivíduos, representando a
variabilidade desta espécie. Este mesmo autor concluiu que as informações levantadas no projeto
serão estratégias para dar suporte a programas de conservação de Z. montana.
As pesquisas com plantas medicinais e hortaliças não convencionais se fortaleceram bastante
nestes últimos meses sendo que o campus de Bambuí poderá se tornar um centro avançado em
plantas medicinais e olericultura devido ao corpo docente qualificado, área disponível para cultivos,
parcerias já firmadas com outros centros de pesquisa como a UFLA, UFV, IAC e Embrapa.
CONCLUSÕES
As caracterizações preliminares dos acessos do Banco de Germoplasma de plantas
medicinais e condimentares tiveram como resultado um acréscimo significativo de espécies que
contribuirão para futuras pesquisas e intercâmbio com outras instituições.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG pela concessão da bolsa de iniciação científica para execução do projeto em questão. Ao
setor de Olericultura por permitir a utilização de suas instalações e materiais e aos colegas pela
leitura crítica e formatação do texto.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BERTONI, B. W.; ASTOLFI FILHO, S.; MARTINS, E. R.; DAMIÃO FILHO, C. F.; FRANÇA, S.
C; PEREIRA, A. M. S; TELLES, M. P. C; DINIZ FILHO, J. Genetic variability in natural
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2007.
CASALI, V.W.D. Banco de germoplasma de hortaliças. Seminário do Curso de Pós-Graduação em
Fitotecnia. Viçosa, MG: UFV, 1969. 8 p. (Mimeografado).
FÁTIMA AGRA, M.; SILVA, K. N; BASÍLIO, I. J. L. D; FREITAS, P. F. BARBOSA-FILHO, J.
M. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Revista Brasileira de
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HALLAUER, A.R.; MIRANDA, J.B. Germplasm. In: HALLAUER, A.R.; MIRANDA, J.B.
Quantitative genetics in maize breeding. 2. ed., 1988. Cap. 11, p.375-396
IUCN – THE INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE AND
NATURAL RESOURCES. Guidelines on the conservation of medicinal plants Gland: Switzerland.
1993. 50 p.
RAMALHO, M.A.P.; SANTOS, J.B.; PINTO, C.A.B.P. Genética na agropecuária. Lavras: Editora
UFLA, 2000. 472 p.
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