O TRABALHO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
Bruna Luise Fernandes 1
Deivis Perez 2
Resumo
A presente pesquisa, em andamento, volta-se para o estudo do trabalho de um grupo de
professores da educação não formal, que atua em um programa formativo de pessoas para
o mundo do trabalho. Vale notar, que a educação não formal caracteriza-se pela
intencionalidade de ensinar, pelos agentes educacionais (professores, monitores), e aprender,
pelos participantes do processo educativo. Esta modalidade de educação ocorre fora do
sistema escolar formal. Os objetivos da pesquisa são identificar e analisar: 1) o contexto de
trabalho de um grupo de professores da educação não formal; 2) as relações entre os
diferentes elementos laborais destes professores (alunos, coletivo de trabalho, chefia); 3) os
instrumentos concretos e semióticos de trabalho dos docentes; 4) os aspectos
potencializadores e dificultadores do trabalho analisado. Como aportes teóricometodológicos adotaram-se o Interacionismo Sociodiscursivo/ISD e a Clínica da
Atividade, que são abordagens complementares. O ISD e a Clínica da Atividade têm como
raízes epistemológicas o racionalismo-materialista de Spinoza, o idealismo de Engels, o
materialismo dialético de Marx e a Psicologia de Vigotski. O ISD contribui com aportes sobre
os tipos de trabalho (prescrito, real e interpretado) e o modelo linguístico-discursivo de
interpretação e análise dos dados. A Clínica da Atividade oferece aportes sobre o trabalho como
fenômeno concreto e psicológico. No tocante à metodologia, optou-se pelo uso de instrumento
construído no âmbito da Clínica da Atividade, que é a autoconfrontação cruzada. Ao final da
pesquisa (dezembro/2012) espera-se apresentar um conjunto saberes sistematizados capazes de
apoiar a compreensão profunda do trabalho concreto de professores da educação não formal e
capazes de apoiar a realização ulterior de pesquisas sobre o tema.
Palavras-chave: trabalho; psicologia do trabalho; educação não formal.
1.
INTRODUÇÃO
A p r e s e n t e p e s q u i s a , q u e s e e n co n t r a em an d a m e n t o , d e d i c a - s e à a n á l i s e d o
t r a b a l h o d o s p ro f e s s o r es q u e a t u a m n a e d u c a çã o n ã o f o rm a l , q u e t am b é m é c o n h e c i d a
c o m o e d u c a ç ã o n ã o e s co l a r . E s p e ci f i c am e n t e , e s t ã o s e n d o c o l et a d o s e a n a l i s ad o s d a d o s
s o b r e u m a ex p e r i ê n ci a d e t r a b a l h o d e p r o f es s o r es q u e at u a m e m u m p ro g r a m a d e e d u c a ç ã o
n ã o f o rm a l , v o l t a d o p a ra a f o r m a ç ã o i n i ci a l d e p e s s o a s p a r a o t r a b al h o . C u m p r e i n d i c a r
que a educação não formal é caracterizada pela:
1
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho / UNESP – câmpus de Assis.
[email protected]
2
UNESP/Assis. Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar. [email protected]
2
[...] intencionalidade de ensinar, por parte dos agentes educacionais
(professores, monitores, educadores, tutores, etc.), e de aprender, pelos
alunos ou participantes do processo de ensino e aprendizagem. Dito de outra
forma, a educação não formal é estruturada e promovida por indivíduos,
grupos ou organizações que compreendem a necessidade de realizar de
modo estruturado e intencional o ensino de determinados conhecimentos
ou saberes e práticas, voltado para pessoas e grupos que,
deliberadamente, buscam construir aprendizagens que lhes sejam
significativas. O que marca esta modalidade de educação é o fato de suas
atividades ocorrerem fora do sistema escolar. (PEREZ, 2009, p. 56-7)
É preciso mencionar que a educação não formal, a formação e o trabalho dos seus
profissionais, têm sido pouco consideradas pelo meio acadêmico. Aparentemente, os setores
voltados para o estudo especializado da educação têm desconsiderado que os processos de ensino
e aprendizagem ocorrem ao longo da vida, sendo realizados em múltiplos espaços e situações. A
educação pode ser definida como o “processo que deve garantir a socialização e a aquisição das
conquistas sociais pelo conjunto de sujeitos de uma sociedade” (PÉREZ-GÓMES; 1998, p. 13).
Esta definição aponta para uma visão ampliada de educação, que inclui desde os processos de
socialização básicos, como aqueles realizados pela família, até os complexos sistemas
educacionais organizados pelos governos.
Não se trata, neste texto, de relativizar ou negar a importância da escola nos processos
formativos de pessoas nas sociedades contemporâneas, mas de apontar que a escola não é o único
locus em que os processos educativos se desenvolvem. Há outras dimensões e espaços educativos
que contribuem para o desenvolvimento humano, que merecem ser considerados e analisados por
pesquisadores e profissionais que se interessam e atuam no campo da educação. Pode-se citar um
conjunto significativo de locais onde a educação não formal tem sido realizada, tais como:
empresas, organizações não governamentais (Ongs), movimentos sociais; departamentos ou
setores governamentais, instituições que realizam cursos livres para diversas áreas, como música e
idiomas.
É evidente, portanto, que se não houver um conhecimento adequado a respeito da
educação não formal e dos processos de formação e trabalho dos seus professores, faltarão as
condições básicas para uma análise crítica da importância, abrangência e qualidade das
atividades de ensino e aprendizagem que têm sido realizadas no âmbito dessa modalidade
educacional.
2.
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA DE PESQUISA
3
Temos observado, em grande parte das sociedades atuais, a efetivação de um amplo
conjunto de transformações, nos mais diferentes setores do conhecimento, da prática e da
sociabilidade humana. Entre as áreas que têm apresentado significativas alterações está a
educação, em particular o modelo educacional tradicional, focado na memorização de
informações, que estaria dando lugar a “[...] uma cultura da compreensão, da análise
crítica, da reflexão sobre o que fazemos e acreditamos [...]” (POZO, 2002, p. 40). O
processo educativo, cada vez mais encontrar-se-ia focado no que Delors (1999)
denominou aprender a conhecer, ou seja, passa a ser cada vez mais importante que o
homem domine os instrumentos que podem auxiliá-lo a compreender o mundo que o
cerca e construir constantemente novos saberes.
Na contemporaneidade, é forçoso reconhecer que o advento das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC), caracterizadas por potencializar o acesso a informações, está
produzindo um novo modo de o homem relacionar-se com os saberes, que afeta diretamente a
educação, assim como, os profissionais e as organizações a ela vinculadas. A relação entre a
educação e as condições cada vez mais multifacetadas, complexas e, até, perturbadoras de
possibilidades de acesso à informação tem sido comentada pelo pesquisador espanhol Sacristán
(2007), segundo o qual a escola precisa, urgentemente, compreender a nova sociedade da
informação, e deve buscar oferecer aos cidadãos a possibilidade de participar ativamente desta
nova sociedade. Sacristán confere à escola um papel central na sociedade da informação. A
despeito disso, ele reconhece que “[...] é evidente que as experiências possíveis de
aprendizagem valiosa para a vida não se esgota naquelas proporcionadas pela escolaridade [...]”
(SACRISTÁN, 2007, p. 87). Para o autor, a escola não possui, nas sociedades atuais, o
monopólio das informações e das formas mais eficazes e atrativas de ensiná-las.
Nesse contexto, torna-se relevante garantir o registro das experiências práticas e as
teorizações sobre o trabalho docente realizado na escola e, também, nas diversas instituições
que atuam no campo da educação não formal. Observa-se carência de estudos especializados
dedicados a examinar, em toda a sua complexidade, a realidade do trabalho do professor. De
acordo com Fredéric Saujat (2002), a literatura acadêmica registra um conjunto de modelos
ou abordagens teóricas acerca do trabalho e da formação do professor, tais como: o paradigma
do pensamento dos professores, elaborado por Tochon (2000); o modelo do professor práticoreflexivo, de Donald Schön (1992; 2000) e a abordagem ecológica dos processos interativos,
sistematizada por Doyle (1986). Entretanto, ainda conforme Saujat, esses modelos tendem a
considerar o trabalho docente de forma esquemática, enfatizando excessivamente o processo
de transmissão de conhecimento em sala de aula como o centro da atividade laboral dos
4
professores. Para o autor, somente com o uso de instrumentos semióticos de pesquisa, capazes
de favorecer a análise das ações do professor, é que será possível compreender os modos de
pensar, falar e a prática dos professores.
No Brasil, o trabalho docente gradualmente tem se tornado alvo de preocupações por
parte do meio acadêmico. Em função disto, temos visto emergir pesquisas que abordam o
tema “trabalho do professor”, ainda que indiretamente. Na última década (entre 2001 e 2010),
notou-se o início da modificação no cenário de escassez de estudos sobre trabalho docente,
considerando os dados sobre a produção de dissertações e teses nas universidades brasileiras,
tornadas disponíveis pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES). Em levantamento realizado em janeiro de 2012 3, foram localizadas, entre mais de
125 mil trabalhos acadêmicos, apenas quarenta estudos dedicados à análise do trabalho
docente.
É necessário indicar que a emergência do trabalho do professor como objeto de
pesquisa, refere-se aos estudos sobre a atividade laboral de docentes no sistema escolar. O
trabalho do professor na educação não formal não tem sido objeto de investigação. No
levantamento feito no sistema eletrônico da CAPES, notou-se que há pesquisas que articulam
a educação não formal às Ongs, tais como: a) as vinculações entre o trabalho das Ongs e a
desresponsabilização do Estado em relação à educação (COUTINHO, 2005); a prática
pedagógica de Ongs (SANTANA, 1991). Há, também, os estudos de Perez (2004; 2009),
sobre formação de professores para a atuação em Ongs. Não foram localizadas pesquisas
acadêmicas sobre o trabalho docente da educação não formal e, particularmente, na educação
não formal voltada para a capacitação de pessoas para o do trabalho.
Este dado pareceu reafirmar a necessidade de pesquisar o trabalho de professores na
educação não formal. Isto porque não basta reconhecer a existência dos profissionais e dos
espaços não escolares dedicados à formação e desenvolvimento de pessoas, eles devem ser
analisados e compreendidos. Desconhecer as matrizes teóricas que orientam a educação
intencional e estruturada que é realizada fora da escola, no campo da educação não formal, e
ignorar o trabalho de seus professores impede os cientistas e atores da educação de participar, com
qualidade, do debate acerca do papel que estes espaços alternativos e seus profissionais devem
assumir no processo ampliado de formação dos cidadãos, bem como, as possíveis articulações e
prováveis contribuições que as experiências laborais dos professores da educação não formal
podem trazer para a escola pública e seus profissionais. Em função disto, foi elaborada e está
3
O levantamento realizado considerou teses ou dissertações que abordavam a temática “trabalho docente” e que
apresentavam, entre as palavras-chave de indexação, sua relação com a temática em questão.
5
sendo desenvolvida esta pesquisa, voltada para o estudo específico de professores da educação
não formal, que atuam em um programa de formação de pessoas para o mundo do trabalho.
3.
OBJETIVOS DE PESQUISA
Considerando o contexto acima mencionado, foi proposto como objetivo desta
pesquisa identificar e analisar os elementos constituintes e os aspectos potencializadores e
impeditivos da atividade laboral de um grupo de professores do campo da educação não
formal, em um programa de formação inicial de pessoas para o mundo do trabalho. Os
objetivos específicos são identificar e analisar: 1) o contexto de realização do trabalho de um
grupo de professores da educação não formal; 2) as relações e articulações entre os diferentes
elementos constituintes da atividade laboral destes professores (alunos, coletivo de trabalho,
chefia, instrumentos de trabalho), na perspectiva dos próprios educadores; 3) os instrumentos
concretos e semióticos de trabalho dos professores; 4) os aspectos potencializadores e
dificultadores do trabalho do grupo de profissionais participante da pesquisa.
O alcance dos objetivos de pesquisa tem sido perseguidos por meio da utilização dos
aportes teóricos e procedimentos de coleta e análise de dados sintonizados com as propostas da
Clínica da Atividade (CLOT, 2006; 2010) e do Interacionismo Sociodiscursivo/ISD
(BRONCKART, 1999; 2006; 2008; MACHADO, 2009). Adiante serão apresentados os
referenciais teóricos da pesquisa e as estratégias de coleta, seleção e análise dos dados.
4.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA PESQUISA
No trabalho de pesquisa foram adotados como referenciais teórico-metodológicos
centrais o Interacionismo Sociodiscurso (ISD) e a Clínica da Atividade, consideradas
abordagens articuladas e complementares entre si. O ISD e a Clínica da Atividade apresentam
como suas raízes epistemológicas a perspectiva racionalista-materialista de Baruch Spinoza, o
idealismo de Friedrich Engels, o materialismo dialético de Karl Marx e, de maneira
primordial, a Psicologia Sócio-Histórica ou Sócio-Desenvolvimentista de Lev Semenovich
Vigotski *, segundo a qual o desenvolvimento psicossocial humano ocorre a partir do contato
de cada pessoa com os saberes socialmente construídos e valorizados.
*
Nesse trabalho optou-se por adotar “Vigotski”, conforme as traduções das obras do pensador russo para o
português, realizadas por Paulo Bezerra.
6
É importante apontar que o ISD emergiu a partir do trabalho em colaboração de um
grupo de pesquisadores que atuavam na Unidade de Didática de Línguas da Universidade de
Genebra/UNIGE, no início de 1980. Entre os estudiosos desse grupo seminal estavam Joaquin
Dolz, Bernard Schneuwly, Itziar Plazaola e Daniel Bain, liderados por Jean Paul Bronckart. O
ISD defende que “[...] o desenvolvimento dos indivíduos ocorre em atividades sociais, em
meio constituído e organizado por diferentes pré-construídos e através de processos de
mediação, sobretudo os linguageiros” (MACHADO, 2009, p. 47). Na atualidade, o
desenvolvimento teórico e metodológico do ISD é liderado pelos pesquisadores do grupo
LAF (Linguagem, Ação, Formação), sob coordenação de Bronckart (1999; 2006; 2008),
vinculado à UNIGE. No Brasil, o ISD tem sua difusão e incremento protagonizados pelo
grupo ALTER/PUC-SP, do qual faz parte o professor orientador deste trabalho.
Os pesquisadores do ISD e da Clínica da Atividade têm se dedicado ao desenvolvimento
de procedimentos metodológicos e analíticos para o estudo do trabalho, com atenção especial para
o trabalho docente. O ISD aborda o trabalho considerando-o como parte fundamental do
desenvolvimento humano. Nesta abordagem teórica o centro das pesquisas e suas unidades
analíticas encontram-se na atividade linguageira, percebida como fenômeno social, dialógico e
semiótico de produção e circulação de textos orais ou escritos, situados em um contexto sóciohistórico determinado (BRONCKART, 2006). Nota-se, assim, que a situação de trabalho é
compreendida de forma ampliada, sendo configurada por toda a rede de discursos proferidos no e
sobre o trabalho (BRONCKART; MACHADO, 2004). No ISD é a análise dos diferentes textos
(orais e escritos), construídos nessa rede discursiva, que pode conduzir o pesquisador, de acordo
com Bronckart e Machado (2004), a uma compreensão profunda do trabalho e das relações
linguagem/trabalho.
A Clínica da Atividade, por sua vez, dedica-se ao desenvolvimento de estratégias teóricopráticas e instrumentos de pesquisa que pretendem favorecer a análise psicológica do trabalho e a
sua transformação (CLOT, 2006). Esta vertente teórica da Psicologia encontra-se situada no
contexto das Ciências do Trabalho e iniciou seu desenvolvimento com os trabalhos acadêmicos
do psicólogo francês Yves Clot (2006; 2010) e do linguista Daniel Faïta (2003). A Clínica da
Atividade, de acordo com Clot (2006), considera que o trabalho é uma atividade dirigida em
situação concreta/real, que se organiza e é composta pelo comportamento e pela subjetividade do
trabalhador, pela tarefa objetiva a ser realizada e pelo coletivo de trabalho, que são os colegas,
coordenadores ou chefes, assistentes, entre outros.
Em síntese, nesta pesquisa o ISD contribui com aportes sobre os diferentes tipos de
trabalho (trabalho prescrito, trabalho real e trabalho interpretado – estes conceitos serão
7
explicitados no item Procedimentos de Análise) e o modelo linguístico-discursivo para a
interpretação e análise dos textos produzidos no e sobre o trabalho pelos professores voluntários
deste estudo, que atuam no campo da educação não formal. A Clínica da Atividade apoia a
pesquisa com seus aportes teóricos acerca do trabalho enquanto fenômeno real/concreto e
psicológico, que condiciona o permanente processo de desenvolvimento humano. Ainda, está
sendo utilizado um instrumento de coleta dos dados de pesquisa desenvolvido no âmbito da
Clínica da Atividade, que é a autoconfrontação cruzada. Por fim, foram adotadas categorias de
análise do agir e da atividade humana no mundo do trabalho conforme os apontamentos
elaborados por Yves Clot, como atividade de trabalho dirigida, artefatos e instrumentos laborais,
entre outros, que se articulam e apresentam complementariedade em relação as categoria do ISD.
5.
METODOLOGIA
Este tópico apresenta as informações a respeito do contexto em que os dados da
pesquisa estão sendo coletados, as características das pessoas que são voluntárias do estudo.
Em seguida, é descrito o processo de obtenção e seleção de dados e, no final, os
procedimentos adotados para a análise do material coletado.
5.1 CONTEXTO DE COLETA DOS DADOS
Os dados da pesquisa são coletados junto a um grupo de professores que atua em um
programa de educação não formal, denominado Formação de Jovens para o Mundo do Trabalho
e Cidadania (doravante, nomeado Programa). Este Programa iniciou suas atividades em agosto
de 2010, tendo como parceiros na coordenação e realização a Universidade Estadual Paulista
Julio de Mesquita Filho/UNES e o Centro de Referência em Assistência Social/CRAS do
município de Cândido Mota-SP. Trata-se de Programa dedicado à formação inicial de pessoas
para o ingresso e permanência no mundo do trabalho, com ênfase para a promoção do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e sociocultural de jovens empobrecidos. Os profissionais
que participam da pesquisa, na condição de voluntários, são professores do Programa.
5.2 A COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS
Em síntese, de acordo com o que foi mencionado anteriormente, esta pesquisa tem
como objetivo geral identificar e analisar os elementos constituintes e os aspectos
8
potencializadores e impeditivos da atividade laboral de um grupo de professores do campo da
educação não formal, em um programa de formação inicial de pessoas para o mundo do
trabalho. Para o alcance dos objetivos do estudo e considerando as indicações de
pesquisadores do ISD, estamos coletando dados que permitam compreender a rede de
discursos construídos acerca do trabalho dos professores da educação não formal que
participam da pesquisa. Objetivamente, os dados coletados têm a ver com o contexto geral de
trabalho dos professores e das três diferentes modalidades de trabalho, a saber: trabalho
prescrito, trabalho real ou real do trabalho e trabalho interpretado.
É importante notar que as relações e distinções entre os tipos de trabalho foram
apontadas por diversos autores do ISD, tais como Frederic Saujat (2002), Bronckart (2006) e
Anna Rachel Machado (2007). Nesta pesquisa adotaremos as definições de Jean Paul
Bronckart (2006, p. 208) para trabalho prescrito e trabalho real, conforme segue:
A primeira expressão designa o trabalho como ele é predefinido em diversos
documentos produzidos pelas empresas ou pelas instituições, que dão
instruções, modelos, modos de emprego, programas, etc. Portanto o
‘trabalho prescrito’ constitui-se como uma representação do que deve ser o
trabalho, que é anterior à sua realização efetiva [...]. Já a expressão ‘trabalho
real’ designa as características efetivas das diversas tarefas que são
realizadas por um trabalhador em uma situação concreta.
O trabalho interpretado, de acordo com Machado (2007), é composto pelas reflexões e
análises que o trabalhador elabora sobre a sua própria atividade laboral após ela ter sido realizada.
O trabalho interpretado se expressa no discurso e nas representações construídas pelo trabalhador
acerca do conjunto de suas atividades de trabalho. Inclui também as motivações do individuo, o
modo como ele percebe seus objetivos profissionais, as ações e atividades realizadas, bem como
as responsabilidades assumidas no espaço em que realiza seu ofício.
O instrumento de pesquisa selecionado, em sintonia com o ISD e Clínica da Atividade,
é a denominado autoconfrontação cruzada, que foi criada por Daniel Faïta (1997), para
favorecer o estudo do trabalho de condutores de trens. O método foi gradualmente sendo
incorporado à Clínica da Atividade, por Yves Clot (2006; 2010), que aperfeiçoou os
procedimentos propostos por Faïta. O pesquisador francês Clot (2010) transformou a
autoconfrontação em um processo de experimentação dialógica, que busca captar o
plurilogismo profissional sobre ações e atividades próprias de um ofício determinado. Em
síntese, a autoconfrontação cruzada consiste em conhecer o contexto geral de trabalho por
meio da observação, registro (em áudio e vídeo) e análise da atividade laboral de profissionais
de um campo determinado, com a contribuição e envolvimento dos voluntários da pesquisa.
9
Ao final, a análise dos dados coletados não é feita somente pelo pesquisador, mas pelo próprio
trabalhador e seus pares, que estabelecem diálogo sobre o trabalho e o analisam, a partir dos
registros feitos pelo pesquisador, em um processo de mediação conduzido por este último.
Nesta pesquisa a autoconfrontação cruzada será realizada em sete etapas ou movimentos de
coleta de dados, abaixo descritos.
- Movimento 1 – Documentos Prescritivos e Contexto Sociointeracional de Produção dos
Textos
Este movimento teve como foco conhecer o contexto sociointeracional de trabalho dos
professores, por meio da obtenção dos documentos prescritivos do trabalho dos profissionais
participantes do estudo. Ainda, foi feito o levantamento do histórico de produção desses
documentos. Tratou-se de um processo de aproximação do cotidiano dos trabalhadores
participantes do estudo e da coleta de informações sobre o trabalho prescrito, de acordo com
o ISD (BRONCKART, 2006). Foi realizada a coleta e análise do contexto de produção e uso
dos seguintes documentos prescritivos: a) Projeto pedagógico do Programa em que os
professores trabalham; b) Planos das oficinas que integram o Programa em questão; c) Planos
das aulas elaborados pelos próprios professores.
Movimento 2 - Observação e entrevista semiestruturada
O segundo movimento teve início com a formação de uma dupla de professores do
Programa, voluntários no tocante à participação na pesquisa, junto aos quais será obtida parte
significativa dos dados. A dupla de voluntários e o pesquisador compôs a “comunidade
científica ampliada”, no dizer de Clot (2010), que está participando de todas as etapas da
coleta de dados e diálogo sobre o trabalho analisado.
A primeira fase do processo consistiu na observação do trabalho realizado pelos dois
professores. Os aspectos relevantes observados foram registrados pelo pesquisador, em um diário
de pesquisas. Após a observação e registro, foi realizada entrevista semiestruturada com cada um
dos professores, para esclarecer dúvidas e detalhar informações obtidas na observação.
Os próximos movimentos metodológicos encontram-se em fase de realização. O
processo de coleta de dados tem encerramento previsto para o final de agosto de 2012.
Movimento 3 – Registro / Gravação da Atividade de Trabalho
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Considerando as informações obtidas nas observações e entrevistas, o pesquisador
realizará o registro de seqüências de trabalho (gravadas em áudio e vídeo) da dupla de
professores voluntários. Trata-se da obtenção de dados sobre o trabalho real ou real do
trabalho (BRONCKART, 2006). O pesquisador buscará captar momentos representativos do
trabalho que os professores realizam diariamente.
Movimento 4 – Seleção de trechos das atividades de trabalho registradas
Após a gravação de seqüências de trabalho dos voluntários, o pesquisador selecionará
trechos da atividade de cada professor. Estes trechos serão exibidos aos voluntários e
nortearão o diálogo sobre o trabalho que realizam, o que o constitui, quais os aspectos que o
potencializa e quais os itens que se apresentam como impedimentos, na percepção dos
próprios trabalhadores.
Movimento 5 – Autoconfrontação simples
Nesta fase cada trabalhador assiste os trechos da gravação em áudio e vídeo, que foram
previamente selecionados pelo pesquisador. Os dados a serem coletados são os comentários
feitos pelo profissional acerca do seu próprio trabalho, no momento em que assiste ao registro do
seu trabalho. Aqui, busca-se obter dados sobre o trabalho interpretado (MACHADO, 2007). O
pesquisador irá elaborar um roteiro de questões visando organizar o diálogo sobre o trabalho com
o voluntário da pesquisa. Cumpre lembrar que nesta fase cada voluntário assiste ao seu vídeo com
o pesquisador, isto é, a dupla não vê os registros conjuntamente.
Movimento 6 – Autoconfrontação cruzada
No sexto movimento, a dupla de trabalhadores e o pesquisador assistem juntos trechos das
gravações de atividades de trabalho de ambos os sujeitos do estudo. Trata-se da coleta de
informações sobre o trabalho interpretado pelos próprios voluntários da pesquisa. O pesquisador
atuará como mediador do diálogo entre os trabalhadores sobre as sequencias de trabalho de cada
professor. O objetivo da realização dos movimentos 3 a 6 da coleta de dados é:
[...] levar os trabalhadores a se interrogarem sobre o que eles observam da
própria atividade. Em outras palavras, ele (o pesquisador) os convida a
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descrever o mais precisamente possível os gestos e as operações observáveis
na gravação em vídeo até que se manifestem os limites dessa descrição, até
que a verdade estabelecida seja flagrada na veracidade do diálogo, pela
autenticidade dialógica. (CLOT, 2010, p. 240)
O que emergirá do processo de coleta será, muito provavelmente, um conjunto de
reflexões sobre o trabalho e o agir profissional dos professores que atuam na educação não
formal. Isso porque, a autoconfrontação favorece a vivência da dialogicidade profissional, em
que emergem informações sobre os conflitos, as dissonâncias e as concordâncias sobre a
atividade de trabalho.
Movimento 7 – Restituição ao coletivo de trabalho
Na última fase as análises, descobertas e considerações sobre o trabalho, realizadas
pelo pesquisador e pela dupla de voluntários (comunidade científica ampliada) serão
restituídas ao coletivo de trabalhadores, que atuam na mesma função dos sujeitos do estudo
(equipe de trabalho). Esta submissão dos achados de pesquisa ao coletivo de trabalho tem
como objetivo levar o grupo de trabalhadores a se apropriar dos dados e análises da pesquisa,
com vistas a estimular a ação engajada dos profissionais visando, no dizer de Clot (2010), a
abertura de zonas de desenvolvimento potenciais, isto é, estimular a reflexão e ação sobre as
possibilidades de transformação da atividade laboral pelo coletivo de trabalhadores.
Neste sétimo movimento, o pesquisador realizará, em parceria com a dupla de
voluntários que participou da autoconfrontação cruzada, reuniões com o coletivo de trabalho.
Estas reuniões poderão acontecer, conforme Clot (2010, p. 241), com “o coletivo profissional
[...]; o comitê de monitoramento da intervenção; o coletivo profissional ampliado, ou seja, o
conjunto dos pares [...]”. No caso específico desta pesquisa, a decisão acerca de qual grupo
participará da restituição ao grupo será tomada pelos próprios trabalhadores.
5.3. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS
O processo de análise dos dados desta pesquisa seguirá os procedimentos propostos por
Machado (2009); Bronckart e Machado (2004); Bronckart (2009) e Clot (2006; 2010) e adotará
categorias do ISD e da Clínica da Atividade. Os dados obtidos no processo de autoconfrontação
cruzada (inclusive registros em áudio e vídeo) e nos documentos de prescrição do trabalho serão
considerados como textos (verbalizações registradas pelos professores durante a realização do
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trabalho) e como manifestações de alguns aspectos do agir do trabalhador durante o trabalho
real, que poderá variar de acordo com a situação e a pessoa que estiver realizando a atividade
laboral (BRONCKART; MACHADO, 2004). Dentre os procedimentos de análise, teremos os
seguintes:
a)
Análise do contexto sociointeracional da produção de textos: leitura dos
documentos prescritivos do trabalho. Os textos serão analisados considerando o conteúdo
temático (informações efetivamente apresentadas) e, na sequencia, será feita a identificação das
informações externas ao texto, isto é, verificação da história de produção dos documentos,
análise do contexto empírico de produção e do uso pelos professores (local e momento de
produção e uso dos textos). Ainda, examinar o contexto sociosubjetivo de construção dos
documentos (posição social dos emissores e receptores dos textos, relações de hierarquia
institucional entre os diferentes interlocutores; efeitos desejados pelos emissores sobre os
receptores e efeitos percebidos pelos receptores).
b)
Características globais dos textos: Identificação do tipo de suporte em que cada
texto é difundido; exame da configuração global do texto (quando texto escrito será feita a
análise da capa, divisões textuais, etc.) identificação do gênero textual mobilizado.
c)
Análise da arquitetura interna dos textos: Serão identificados e estudados os tipos
de discurso que constituem cada texto coletado e, após, será realizada a averiguação da sequencia
dos segmentos temáticos que compõem os textos. Para tanto, será localizado qual o tema central
do texto e as modificações temáticas realizadas ao longo da apresentação textual. Ainda, será feita
a análise dos valores assumidos ao longo do texto, por meio do levantamento e estudo das “[...]
unidades dêiticas, das relações predicativas ou modalizações, e a identificação dos protagonistas
centrais postos em cena no texto [...]” (BRONCKART; MACHADO, 2004, p. 145).
d)
Analise do agir interpretado: a partir do conteúdo dos textos coletados serão
examinados os elementos constitutivos do agir humano ou intervenções humanas realizadas
concretamente no mundo. Os itens que constituem o agir humano, de acordo com Bronckart e
Machado (2004), são: 1) intencionalidade (finalidades do agir internalizado por uma pessoa,
que emergem a partir das finalidades de origem coletiva e que são socialmente validadas). A
análise da intencionalidade será feita a partir da identificação das unidades linguísticas que,
muito provavelmente, apontarão para o protagonismo dos atores colocados em cena pelo texto.
2) motivação (razões para realizar uma determinada ação no mundo, exteriorizadas por uma
pessoa, considerando os elementos condicionantes externos). 3) Recursos para o agir, que
podem ser externos (instrumentos disponíveis no ambiente e que podem ser utilizados como
13
ferramentas pela pessoa que age) ou internos (capacidades, competências, recursos mentais ou
comportamentais atribuídos a uma pessoa e que potencializa ou diminui a sua capacidade agir).
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foram adotadas categorias analíticas ou teóricas e empíricas. As
categorias analíticas ou teóricas são aquelas que emergiram da revisão bibliográfica, que foi
realizada na fase inicial dos estudos. As categorias empíricas são aquelas que estão emergindo
dos dados que encontram-se em fase de coleta em campo. A partir do ISD temos as seguintes
categorias teóricas: trabalho prescrito, trabalho real e trabalho interpretado. A Clínica da
Atividade trouxe para esta pesquisa aportes que apontaram para as seguintes categorias teóricas:
ferramentas e instrumentos de trabalho; ação e atividade de trabalho.
Por fim, vale destacar que ao longo da revisão da bibliografia pertinente à
metodologia de pesquisa, observou-se que há no país numerosos trabalhos acadêmicos
(dissertações e teses) que utilizam como instrumento de pesquisa a autoconfrontação cruzada.
Notou-se que o instrumento não tem sido utilizado de forma integral, e costuma ter sua fase
final (restituição ao coletivo de trabalho) subtraída dos processos de pesquisa. Esse processo de
exclusão do último movimento de coleta e análise de dados foi observado nos trabalhos de
Santorum (2006); Fonseca (2008) e Buzzo (2008). Acredita-se que a adequada compreensão da
questão do trabalho de modo geral e, em particular, da atividade professores somente pode ser
construída mediante a aplicação integral do instrumento de pesquisa em tela. Assim sendo,
nesse projeto sugere-se que sejam realizados, de fato, todos os movimentos da autoconfrontação
cruzada.
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O TRABALHO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL