NEFROPATIAS ASSOCIADAS À
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Elerson Carlos Costalonga
Natália Corrêa Vieira de Melo
Nefrologia – HCFMUSP
NefropatiaTóxica
 Os rins tem sensibilidade aumentada a tóxicos devido
a:
 O alto fluxo sanguíneo (25% do débito cardíaco)
 Presença de solutos orgânicos e transportadores iônicos
 Aumento da oportunidade de entrada no parênquima renal
 Presença de enzimas intracelulares metabolizadoras de
xenobióticos
 Liberação local de metabólitos tóxicos
 Habilidade de concentrar a urina
 Precipitação local/ cristalização
Toxicidade por Sílica
 Exposição:




Jateamento de areia
Mineração (de minerais metálicos e não metálicos)
Construção (túneis, rodovias, prédios)
Produção de:










Abrasivos
Concreto
Cerâmica
Cosméticos, sabão e detergente
Suprimentos dentários
Materiais elétricos e eletrônicos
Vidro
Jóias
Borracha
Têxteis (algodão e lã)
Toxicidade por Sílica
 Fisiopatologia (ainda controversa):
 Toxicidade direta da sílica
 Disfunção tubular
 IRA após exposições muito altas
 Estímulo imune
 Ativação de macrófagos e monócitos induzindo
liberção de enzimas lisossomais
Toxicidade por Sílica
 Vários estudos demonstraram a associação entre
exposição à sílica e vasculites ANCA- relacionadas,
bem como como outras doenças
autoimunes.
 Gregorini e col. estimaram que pacientes portadores
de gromerulonefrite rapidamente progressiva
secundária à vasculite ANCA relacionada possuem
uma chance 14 vezes maior de ter sido exposto à
silica que controles da mesma idade.
Toxicidade por Sílica
 De um modo geral, os estudos concordam que a
intensidade da exposição, mais do que o tempo, é um
fator preponderante.
 Não há evidencia de qualquer diferença na
apresentação clínica-patologica ou especificidade de
um subtipo de ANCA no grupo com esta história de
exposição ocupacianal.
Toxicidade por Metais Pesados
Insuficiência Renal
Aguda
Síndrome Nefrótica
Nefrite intersticial
Crônica
Arsênico
Bismuto
Bismuto
Bismuto
Ouro
Cádmio
Cádmio
Mercúrio
Cromo
Cromo
Níquel
Cobre
Cobre
Ferro
Ouro
Chumbo
Ferro
Lítio
Chumbo
Mercúrio
Mercúrio
Platina
Prata
Sílica
Urânio
Urânio
Os metais pesados podem atingir os rins de várias maneiras dependendo do tipo
de exposição e da susceptibilidade individual.
NefropatiaTóxica – Metais Pesados
 Mecanismos de defesa do organismo (tornam o rim
mais susceptível à toxicidade):
 Glutationa (GSH)
 Liga-se à metais livres através de grupos sulfidrila e
inativam substâncias ativas, principalmente metais pesados
e os impedem de causar danos ao organismo.
 GSH-Metal Pesado - ao ser filtrado no rim, é removido o
metal pesado do complexo, que fica livre dentro da célula
renal para toxicidade.
NefropatiaTóxica – Metais Pesados
 Mecanismos de defesa do organismo:
 Metalotionina (MT)
 Proteína de baixo peso molecular rica em resíduos cisteína.
 Induzida pela exposição a metais pesados
 Também presente no fígado, no entanto o conjugado MT –
Metal hepático é lentamente liberado pelo fígado e
absorvido pelos rins.
 Absorção desse complexo remove a MT e libera o metal
livre no rim.
Toxicidade por Chumbo
 Exposição:
 Tintas à base de chumbo
 Chumbo utilizado durante processamento ou
armazenagem de alimentos
 Bebidas alcoólicas ilegais
 Exposição ambiental (gasolina, industrial)
Toxicidade por Chumbo
 Toxicidade Aguda
 Manifestações renais
 Síndrome de Fanconi
 Dano tubular proximal
 Inclusões intranucleares (corpos mielóides)
 Manifestações não renais




Cólica GI
Encefalopatia
Paralisia
Distúrbios visuais
Toxicidade por Chumbo Crônica
Hipertensão
Insuficiência
Renal
Gota
Toxicidade por Chumbo Crônica
Nefrotoxidade
 Fibrose intersticial
 Infiltrado celular mínimo
 Proteinúria Tubular
 Corpos de Inclusão em células tubulares
proximais, “corpos mielóides”
Toxicidade por Chumbo
Aguda
Crônica
Dano Tubular Proximal
Síndrome de Fanconi
Fibrose Intersticial
IRC
Anemia
HAS
Toxicidade por Cádmio
 Exposição:
 Componente de ligas
 Usado na fabricação de:
 Condutores elétricos
 Cerâmicas, pigmentos, próteses dentárias, baterias
 Usado na indústria fotográfica, de borracha, de
motores e de aeronaves
 Fonte mais significativa: produção de baterias de
níkel-cádmio
Toxicidade por Cádmio
Aguda
Insuficiência respiratória
Toxicidade gastrointestinal
Crônica
Proteinúria
Doença Óssea
Toxicidade por Cádmio Crônica
Nefrotoxicidade
 Proteinúria Tubular
 Síndrome de Fanconi
 Hipercalciúria
 Acidose Tubular Renal tipo I
 Nefrolitíase (hipercalciúria)
 Redução da taxa de filtração glomerular
Toxicidade por Ouro
 Exposição:
 Terapêutica de:
 Atrite reumatóide
 Artrite Psoriásica
 Doença de Still do Adulto
 Distribuição
 Concentra-se nos rins, adrenais, sinóvia, baço e
linfonodos.
Toxicidade por Ouro
Nefrotoxicidade
 Apresentação Clínica
 Proteinúria/síndrome nefrótica
 GN Membranosa (1-3%)
 dentro de 1 ano do início da terapia
 Doença por lesão mínima
 Redução mínima de TFG, a menos que uso de ouro
seja continuado por muito tempo após surgimento da
proteinúria.
Toxicidade por Mercúrio
 Exposição:
 Mercúrio líquido usado para separar ouro do minério
 Fabricação de utensílios médicos
 Termômetros, esfingomanômetros e barômetros
 Amálgamas para preenchimento dentário
 Não há evidência de toxicidade decorrente desse tipo de
exposição
 Peixes contaminados
Toxicidade por Mercúrio
 Absorção:
 Pulmonar
 Gastrointestinal
 Toxicidade
 Tremor
 Neuropsiquiátrica
 Excitabilidade, irritação, perda de memória, depressão
 Salivação excessiva
 Pneumonite
Toxicidade por Mercúrio
Nefrotoxicidade
 Proteinúria:
 Tubular
 Glomerular
 Síndromes:
 Nefrótica (GN membranosa)
 Tubular
Toxicidade por Arsênico
 Exposição:
 Água e marisco contaminados
 Usado na agricultura como inseticida, herbicida
 Queimada de madeira elimina gás arsênico
 Indústria eletrônica, de clareamento de vidro e
aplicações medicinais.
Toxicidade por Arsênico
 Incidência:
 Aguda 33%
 Subaguda 11%
 Crônica <5%
 Sintomas
 Náusea, vômito, diarréia, alteração do nível de
consciência, neuropatia periférica
Toxicidade por Arsênico
Nefrotoxicidade
 Inalação aguda de gás arsênico causa hemólise
 Insuficiência renal ocorre devido à:
 Hemólise/hemoglobinúria
 Toxicidade tubular direta
 Nefrotoxicidade só está presente na intoxicação
aguda e não na crônica.
Toxicidade por Hidrocarbonetos
 Exposição:
 Solventes orgânicos
 Combustíveis
 Tintas
 Exaustores
Toxicidade por Hidrocarbonetos
Nefrotoxicidade
 Age como fator patogênico importante na gênese
de glomerulonefrite.
 Pode ocorrer disfunção renal secundária ao
acometimento glomerular.
 Está associado a Síndrome de Goodpasture
Conclusão
 Exposição ocupacional pode ser uma causa
importante de disfunção renal.
 A inclusão de registro de possíveis exposições
ocupacionais na anamnese de todo paciente pode
constituir importante ferramenta diagnóstica e deve
ser sempre realizada na investigação de possíveis
etiologias de disfunção renal.
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