Formação de Professores
Um tema que volta para a agenda
das políticas educacionais
Guiomar Namo de Mello – maio/2014
O novo interesse pela formação de
professores
• O descaso centenário com a educação básica está
cobrando seu preço.
• Cisão e falta de institucionalidade.
• Evidências recentes sobre o peso do professor, um
fator complexo:
– Estudo da OCDE
– Estudo da McKinsey
– Estudos de Hanushek
Valorização?
• Quando se reivindica muito alguma coisa é porque não se tem.
• 2013 - resultado da aplicação do Global Teacher Status Index –
variação de 1 a 100: aplicado em 21 países.
– China 100
– Acima de 50 – Grécia, Turquia, Coréia do Sul e Nova Zelandia.
– Entre 50 e 25 – Egito, Singapura, Holanda, EUA, Inglaterra,
França, Espanha, Finlandia e Portugal.
– Abaixo de 25 – Suiça, Alemanha, Japão, Itália, Rep. Tcheca.
MENORES
BRASIL: 2,0
ISRAEL: 2,4
Fonte: Varkey Gems Foundation; Global Teacher Status Index
A formação de professores na
história da educação brasileira
Crônica da busca de uma identidade
Uma história de desprestígio
• O ensino superior brasileiro nasceu imperial; não foi criado
para formar professores.
• Cinco anos depois da independência o império descentralizou
as escolas primárias e, com elas, a responsabilidade de formar
professores (1827).
• Nascem as primeiras escolas normais nas províncias, muito
precárias: Mato Grosso e Niterói.
As mulheres eram proibidas no ensino superior
imperial; as que queriam continuar estudando foram
para as escolas normais.
Sobre a escola normal de São Paulo, em 1855, seu
diretor informa: “a escola abre às quatro horas da
tarde. Possui parco mobiliário e utensílios de aula: um
banco, uma pedra de geometria, uma mesa; inexistem
dicionários, modelos de caligrafia e instrumentos para
trabalhos de geometria prática.”
Fonte: MONARCHA, P.C. A escola normal da praça. O lado escuro das luzes. UNICAMP, 1999.
O Colégio Pedro II e a Escola Normal da corte
• Fundação do Pedro II durante a Regência (1837) destinado à
infância e juventude da corte.
• Em 1880, depois de muitas pressões, foi criada a escola
normal do Rio de Janeiro nas instalações do Pedro II.
• Durante décadas os educadores se empenharam por
instalações próprias.
• Em 1927 Fernando Azevedo teve a oportunidade de inaugurála, já com outra identidade: Instituto de Educação do Rio de
Janeiro.
• Afrânio Peixoto a transforma em instituição de ensino
superior: Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro.
A Escola Normal de São Paulo
• Fundada em 1846, teve vários endereços, também noturna
por um período, e sempre muito precária.
Em 1855, segundo o presidente da província " nenhuma utilidade tem
prestado e de certo nada se podia esperar dela à vista dos vícios salientes
com que foi estabelecida. O que há ali é análise gramatical, algumas
operações de aritmética, certas explicações de religião e principalmente a
lógica e a leitura tão superficial que em nada se aproveita”. Em 1858,
outro governador lamentava: "A Província não possui os prédios precisos,
nem receita tão elevada que lhe seja dado mandá-los construir... Ora,
pagar mal ao magistério de primeiras letras e sobrecarregá-lo ainda, quer
com o aluguel da sala para a escola, quer com a despesa de aquisição dos
móveis e utensílios, sem os quais é impedida de funcionar, é fato
sobremodo inadmissível
Um longo e árduo caminho
• Empenho de educadores: Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Caetano
de Campos e outros.
• Republicanos antes e depois de 1889.
• Em 1890 passa a ser Instituto de Educação com todas as etapas da
educação básica mais a formação profissional de professores
• Centro pedagógico dedicado à pesquisa sobre o ensino nos moldes de
instituições francesas.
• Em 1933 passa a ser Instituto Superior de Educação.
• Em 1934 é incorporada na primeira unidade da USP – Faculdade de
Filosofia Ciências e Letras.
• Em 1938 é desligada da USP que assume a formação do professor por
disciplinas como opção dos bacharelados.
• Volta a ser um Instituto de Educação comum.
• O modelo da USP se multiplica e é preferido dos intelectuais. O
Instituto Superior de Educação no Rio de Janeiro fica como caso isolado
Os educadores da década de 1930
• Fortalecer a formação de professores
– era um ideal dos que assinaram o Manifesto dos
Pioneiros;
– era identificação da escola básica com a
democracia.
1934
Só haverá democracia no Brasil no dia em que se montar
no país a máquina que prepara as democracias. Essa
máquina é a escola pública.
As consequências I
• Segmentação e pulverização da formação do professor da
educação básica:
– licenciaturas disciplinares separadas;
– e todas elas separadas da formação do multidisciplinar.
• Formação do professor contaminada com a concepção
bacharelesca.
• Reformas de 1970 acentuam a separação.
• Como os outros cursos, Pedagogia também sai da Filosofia
Ciências e Letras e integra as Faculdades de Educação.
• Separação mantida na formação dos multidisciplinares em nível
superior que se instala na Pedagogia na falta de espaços
próprios.
• Comparação com os cursos de engenharia, medicina e direito,
verdadeiras joias da coroa imperial.
As consequências II
• Curso desprestigiado não atrai bons candidatos; relação
candidato/vaga é das menores.
• Profissão desprestigiada contribui para pouca atração.
• Aluno das licenciaturas: egresso do ensino médio
público; trabalha de dia e estuda à noite; tem poucas
oportunidades de lazer, de acesso à cultura como
leitura, acesso às manifestações culturais e frequentar
eventos culturais.
Formação de professores em São Paulo
iniciativas que se destacam
• Projeto IPE – Uso sistemático de vídeos temáticos em 1984.
• CEFAMs – Escola de nível médio em tempo integral com
bolsa trabalho em 1987.
• PEC-FORPROF – Pioneiro no uso das TCIs, em 2002..
• REDEFOR – Formação continuada a distancia para o novo
currículo da Secretaria em 2009, formato e metodologia
inovadores.
• Criação da EFAP Paulo Renato Souza.
• Atuação regulatória complementar do CEE, diretrizes para
currículo das IES públicas estaduais e municipais.
Questões: colocar a formação do professor
a serviço da aprendizagem dos alunos
• A situação atual da formação de professores no Brasil é produto
de dezenas de anos de equívocos e desprestígio.
• Envolve muitos interesses distintos e às vezes opostos:
corporativos; das instituições formadoras; dos sistemas de
ensino estaduais e municipais; e dos alunos que precisam
aprender.
• O que é desejável para os alunos tem que ser antes desejável
para o professor: habilidades do século 21; habilidades sócio
emocional; domínio das TCIs para aprender e comunicar.
• Não vai se resolver com medidas tópicas nem com a
multiplicação de programas para agradar a todos.
• Melhorar a qualidade dos cursos é indispensável mas ensino
superior de qualidade é caro.
É possível colocar a formação dos professores a
serviço da aprendizagem dos alunos?
• Medidas tópicas não vão resolver problemas estruturais que
se acumularam ao longo da história. É preciso traçar uma
estratégia radical e de conjunto.
• O que é desejável para os alunos tem que ser antes desejável
para o professor: habilidades do século 21; habilidades sócio
emocional; domínio das TCIs para aprender e comunicar.
• Ensino superior de qualidade é caro. Como a tecnologia pode
ajudar a escalar com qualidade essa formação?
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