editorial
Bom exemplo
Na indústria mineira, a economia no uso de energia e a busca permanente
de eficiência na sua utilização começam em casa. A nova sede da Fiemg,
recém-inaugurada, é o primeiro prédio comercial de Minas Gerais com o
selo Procel-Edifica, criado pela Eletrobras para destacar projetos que promovem o uso racional de energia elétrica. Mostra, igualmente, o avanço,
elogiável, da indústria da construção civil em direção à sustentabilidade.
Na verdade, mais que necessários, investimentos que visam à eficientização energética são fundamentais. Este é o tema da reportagem de capa
desta edição da Revista Indústria de Minas. Práticas sustentáveis, bem
como a busca incessante de fontes alternativas de energia, constituem
plataformas essenciais para sustentar o ciclo de crescimento que o Brasil
quer atingir. É preciso, sem dúvida, garantir oferta de energia suficiente
para elevar a competitividade da indústria brasileira e atrair investimentos.
Temos um longo caminho pela frente, como alerta o superintendente de Novos Negócios da Cemig,
Álvaro Assis, entrevistado de Indústria de Minas. Ele nos informa que países como França e Canadá investem anualmente, em média, 17% do PIB em geração de energia, enquanto no Brasil esse
índice é de menos de 6%. Na própria Cemig, uma empresa exemplar e vanguardista, 99% da geração de energia elétrica ainda provém de fontes hidroelétricas.
É preciso acelerar o passo, de olho no fato, irreversível, de que o consumo energético vem aumentando em todo o mundo - estudos apontam que, até 2030, a demanda por energia praticamente irá dobrar. O Brasil tem iniciativas importantes, como o PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. De sua parte, a Eletrobras se dispõe a comprar, durante 20 anos, eletricidade produzida por usinas eólicas, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Também nos setores privados desenvolvem-se ações importantes, com presença na geração e distribuição de energia.
Diante da importância do tema, Indústria de Minas dá sua colaboração ao entendimento do assunto.
Olavo Machado Junior
Presidente da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais - FIEMG
Sistema Fiemg
Presidente: Olavo Machado Junior
Conselho Fiscal: Leonídio Pontes Fonseca – Efetivo,
Marcone Reis Fagundes - Efetivo, Luiz Carlos Xavier Carneiro - Efetivo,
Ralph Luiz Perrupato - Suplente, Fábio Alexandre Sacioto - Suplente,
Romeu Scarioli Júnior - Suplente.
Delegado junto à CNI: Robson Braga de Andrade - Efetivo,
Olavo Machado Junior - Efetivo, Aguinaldo Diniz Filho - Suplente,
Edwaldo Almada de Abreu - Suplente.
Crédito e capitalização: Petronio Machado Zica - Vice-Presidente,
Ariovaldo de Melo Filho - Vice-Presidente Regional - Norte,
Cláudio Arnaldo Lambertucci - 1º Diretor Financeiro, Francisco Sérgio Silvestre - Diretor,
Ricardo Vinhas Corrêa da Silva - Diretor, Paulo César Rodrigues da Costa - Diretor Adjunto,
Rodrigo Velloso de Almeida - Diretor Adjunto.
Mercados: Luiz Fernando Pires - Vice-Presidente,
Luciano José de Araújo - Vice-Presidente Regional - Vale do Aço,
Adelmo Pércope Gonçalves - Diretor, Domingos Costa - Diretor,
René Wakil Júnior - Diretor, Eduardo Caram Patrus - Diretor Adjunto,
Jeferson Bachour Coelho - Diretor Adjunto,
Marcelo Luiz Moreira Veneroso - Diretor Adjunto.
Assuntos Tributários: Edwaldo Almada de Abreu - Vice-Presidente,
Altamir de Araújo Rôso Filho - Vice-Presidente Regional - Vale do Rio Grande,
Flávio Roscoe Nogueira - 3º Diretor Secretário, Lincoln Gonçalves Fernandes - 3º Diretor
Financeiro, André Luiz Martins Gesualdi - Diretor, Heveraldo Lima de Castro - Diretor,
Amadeus Antônio de Souza - Diretor Adjunto, Luiz Raul Aleixo Barcelos - Diretor Adjunto.
Assuntos Legislativos: José Fernando Coura - Vice-Presidente,
Luiz Custódio Cotta Martins - Vice-Presidente, Haylton Ary Novaes - Vice-Presidente Regional Sul, Pedro José Lacerda do Nascimento - Vice-Presidente Regional - Vale do Paranaíba,
Luiz Augusto de Barros - 2º Diretor Secretário, Michel Aburachid - Diretor,
Rômulo Rodrigues Rocha - Diretor, Carlos Lúcio Gonçalves - Diretor Adjunto,
Sésyom Horeb Cerqueira - Diretor Adjunto.
Relações Trabalhistas: Aguinaldo Diniz Filho - Vice-Presidente,
Marco Antônio Soares da Cunha Castello Branco - Vice-Presidente,
Teodomiro Diniz Camargos - Vice-Presidente, Adson Marinho - Vice-Presidente Regional - Pontal
do Triângulo, Marcos Lopes Farias - Diretor, Paulo Roberto Achcar Resende Ribeiro - Diretor,
Alexandra Pereira de Souza Maciel - Diretora Adjunta, José Flávio Zago - Diretor Adjunto.
Sustentabilidade: Francisco Sérgio Soares Cavalieri - Vice-Presidente,
Romeu Scarioli - Vice-Presidente, João Batista Nunes Nogueira - Vice-Presidente Regional - Alto
Paranaíba, Getúlio Vargas Alvares Guimarães - Diretor, José Tadeu Feu Filgueiras - Diretor,
Antônio Eduardo Baggio - Diretor Adjunto, Irma Ribeiro Santos - Diretora Adjunta.
Educação e capacitação: José Maria Meireles Junqueira - Vice-Presidente,
Edson Gonçalves de Sales - 1º Diretor Secretário, José Batista de Oliveira - 2º Diretor Financeiro,
Júnior César Silva - Diretor, Scheilla Nery de Souza Queiroz - Diretora, Alba Lima Pereira - Diretora
Adjunta, José Roberto Schincariol - Diretor Adjunto, Odorico Pereira de Araújo - Diretor Adjunto.
Meio Ambiente: Alberto José Salum - Vice-Presidente,
Bruno Melo Lima - Vice-Presidente, Francisco José Campolina Martins Nogueira - Vice-Presidente
Regional - Zona da Mata, Rozâni Maria Rocha de Azevedo - Vice-Presidente Regional - Rio Doce,
Adauto Marques Batista - Diretor, Roberto Revelino Silva - Diretor, Antônio de Araújo Rodrigues
Filho - Diretor Adjunto, Everton Magalhães Siqueira - Diretor Adjunto.
Inovação e Tecnologia: Luiz Carlos Dias Oliveira - Vice-Presidente,
Valentino Rizzioli - Vice-Presidente, Afonso Gonzaga - Vice-Presidente
Regional - Centro-Oeste, Giana Marcellini - Diretora,
Leomar Pereira Delgado - Diretor, Roberto de Souza Pinto - Diretor,
Márcio Danilo Costa - Diretor Adjunto, Michel Henrique Pires - Diretor Adjunto,
Sebastião Rogério Teixeira - Diretor Adjunto.
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Gerência de Imprensa do Sistema Fiemg
Indústria de Minas - Revista mensal do Sistema Fiemg
Produção e reportagem:
FSB Comunicações
Colaboraram nesta edição
Textos: Lucas Buzatti, Marco Antônio Corteleti, Maurício Angelo,
Pedro Grossi e Wagner Concha.
Fotos: José Paulo Lacerda, Sebastião Jacinto Jr.
Capa e ilustrações: Cláudio Duarte
Diagramação:
New 360
Fale com a redação: [email protected]
Distribuição gratuita. Tiragem 25.000 exemplares.
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CNI
Novo presidente Robson Andrade defende reformas
estruturais e país mais competitivo e sustentável
MTP
Salão de Negócios une grifes consagradas e marcas
novas que atendem cada vez mais o mercado nacional
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ENTREVISTA
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MERCADO
Aguinaldo Diniz Filho alerta para riscos de
desindustrialização e cobra competição mais justa
Ouro atinge valorização histórica no mercado mundial,
viabilizando a expansão das mineradoras no Brasil
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CAPA
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BENCHMARKING
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CULTURA & TURISMO
Nova sede da Fiemg conquista selo de eficiência
energética e chama a atenção para práticas sustentáveis
Atuação fortalecida do polo moveleiro de Turmalina é
resultado das ações do Sindimov-MG e da Fiemg
Prática de esportes náuticos em lagos e rios
mineiros impulsiona mercado de barcos e lanchas
Ministro do Sudão visita Fiemg
O ministro das Relações Internacionais do Sudão, Ali Ahmed Karti, e o
embaixador do Sudão no Brasil,
Abd Elghani Elnaim Awad Elkarim,
visitaram a sede da Fiemg no dia
25 de novembro. A comitiva sudanesa foi recebida pelo vice-presidente da Fiemg, Romeu Scarioli. A
passagem das autoridades sudanesas pelo país visa estreitar as relações comerciais com o Brasil. “Colocamos a Fiemg à disposição do
governo. Acredito que podemos
ser o elo que vai facilitar o diálogo entre Minas e o Sudão”, afirmou Scarioli durante o encontro.
Foto: Portal Espalhe Minas/ SETUR-MG
Index expande número de empresas
A Fiemg quer ampliar o número de empresas participantes da pesquisa Indicadores Industriais (Index), que demonstra mensalmente o desempenho da indústria mineira, com resultado de todo o estado, por regiões e setores. “Existem hoje no Brasil poucas informações que subsidiem o empresário no acompanhamento da sua atividade industrial”, explica o gerente de Economia e Finanças da Fiemg, Guilherme Veloso Leão. Ele afirma que a pesquisa já é
reconhecida no estado, mas que o desafio agora é elevar a amostra mensal de empresas respondentes para, com
isso, monitorar com maior precisão os diferentes grupos industriais. Em Minas, os resultados são divulgados para
15 setores diferentes, com dados globais do estado, por segmento e de forma regionalizada (por Regionais Fiemg).
As empresas que participam da pesquisa recebem ainda o resultado da sua empresa e a comparação com o seu
segmento e com os dados globais da economia do estado. Participar da pesquisa e receber os resultados não tem
qualquer custo para as empresas. Para fazer a adesão à pesquisa ou saber mais sobre a metodologia, contate a
gerência de Economia e Finanças da Fiemg pelo telefone (31) 3263-4388 ou e-mail [email protected]
Atleta Sesi conquista Brasileiro de natação
Jéssica Geovanna Borges Matos, de 13 anos, atleta do Sesi-MG, conquistou em novembro o Campeonato Brasileiro Infantil de Natação – Troféu Maurício Beckenn. O evento foi realizado no Parque Náutico
Atlético Cearense, em Fortaleza, e reuniu 535 atletas-mirins de 109 clubes de todo o país. Jéssica sagrou-se campeã na modalidade 200m borboleta, com o tempo de 2 minutos, 30 segundos e 34 centésimos.
Foto: José Paulo Lacerda
Prêmio IEL
As melhores práticas de estágio foram premiadas na quarta edição do
Prêmio IEL de Estágio, realizado em Brasília. Ao todo, 218 programas
participaram das etapas seletivas realizadas em 17 estados nas categorias grande, média e pequena empresa, em nível técnico e superior.
Os melhores trabalhos e empresas classificadas de cada região foram
escolhidos pelos Núcleos Estaduais do IEL e se credenciaram para a
disputa nacional. Participaram da premiação empresas que possuem
contrato de concessão de estágio com um núcleo IEL no estado de origem. Representantes de companhias e instituições de ensino receberam troféus e certificados de primeiro, segundo e terceiro lugares. O estagiário classificado em
primeiro recebeu um notebook, enquanto os demais ganharam um netbook. Uma das representantes de Minas, a
Uberlândia Refrescos Ltda, franqueada do Sistema Coca-Cola, ficou com o terceiro lugar na categoria grande empresa.
Semana Mineira de Redução de Resíduos
O Sistema Fiemg marcou presença na Semana Mineira de Redução de Resíduos apresentando suas
iniciativas junto à indústria para a redução de resíduos, como o Programa Mineiro de Simbiose Industrial (PMSI), que utiliza a metodologia do programa inglês National Industrial Symbiosis Programme
(Nisp). A ideia é promover a simbiose de resíduos e recursos como energia, água, matéria-prima, mão
de obra e equipamentos ociosos, bem como capacidade técnica entre as empresas participantes. De
2009 pra cá, 95 mil toneladas de resíduos deixaram de ter como destino final os aterros sanitários e
mais de 82 mil toneladas de CO 2 deixaram de ser emitidas na atmosfera. Houve também uma redução
de custos das empresas participantes da ordem de R$ 7 milhões. O evento foi promovido pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) no Centro Mineiro de Referência em Resíduos.
Bolsa de Recicláveis integra SIBR
A Bolsa de Recicláveis da Fiemg agora faz parte do Sistema Integrado de Bolsa de Resíduos (SIBR),
uma iniciativa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) que eleva as transações de resíduos a
nível nacional. “O SIBR é a união das diversas Bolsas de Resíduos existentes no Brasil em um só ambiente virtual. A empresa cadastrada poderá utilizar toda a base das informações das Federações das
Indústrias participantes, possibilitando o aumento nas oportunidades de transações – seja de compra,
troca ou venda”, explica Cláudia Schanen Stancioli, analista ambiental da gerência de Meio Ambiente
da Fiemg. Para as empresas que já participam da Bolsa de Recicláveis da Fiemg e lá possuem cadastro, mudou apenas o acesso, que passa a ser feito pelo site do SIBR, com o mesmo login e senha cadastrados. O banco de dados do sistema da Fiemg foi migrado automaticamente para o novo sistema.
Outras informações pelo telefone (31) 3263-4511 ou pelo e-mail [email protected].
CNI
Pela redução
do custo Brasil
Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade
defende a construção de um Brasil mais competitivo, sustentável e com justiça social
R
obson Braga de Andrade tomou
posse no dia 17 de novembro na
presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com a presença do presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, Miguel Jorge, governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, ministros, parlamentares, membros do Poder Judiciário, todos os presidentes de federações de indústria do país e empresários
dos diversos setores produtivos. Ele recebeu o cargo
do ex-presidente da CNI e senador eleito por Pernambuco, Armando Monteiro Neto. O presidente da Fiemg,
Olavo Machado Junior tomou posse como diretor da
confederação, reeleito para o período 2010/2014.
Em seu pronunciamento, Robson Braga de Andrade
defendeu a necessidade de um regime de urgência
na adoção de reformas estruturais.
“Pagamos um alto preço por postergar a realização
das reformas estruturais no passado um pouco mais
distante; pagamos preço elevado por fazê-las apenas
parcialmente no passado recente; pagaremos um
preço ainda mais alto se não as fizermos agora”, enfatizou Andrade para uma plateia de mais de mil convidados no Centro de Convenções Brasil XXI.
Alinhou “quatro pilares fundamentais” na agenda
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indústria de minas - novembro 2010
das reformas a ser cumprida no próximo governo:
imposição de limites à expansão dos gastos correntes; revisão do sistema de vinculação de despesas; implantação de critérios de eficiência aos
programas governamentais e adoção de um sistema previdenciário adequado à elevação da expectativa de vida da população.
O presidente da CNI apontou a reforma tributária como
a principal prioridade, com o objetivo de desonerar
completamente os investimentos e as exportações e
simplificar e reduzir a burocracia do sistema tributário.
A reforma trabalhista, na sua visão, é necessária
para eliminar incertezas legais, reduzir os custos do
trabalho e estimular a criação de empregos. A reforma política, por sua vez, de acordo com Robson Braga
de Andrade, “é essencial diante da constatação de
que a qualidade da governança pública e do sistema
de decisões políticas é crucial para o adequado funcionamento da economia e da sociedade”.
“Fazer o que precisa ser feito, com coragem e determinação, eliminando obstáculos muitas vezes
endêmicos na vida política e econômica do nosso
país é a melhor forma de ampliar a nossa competitividade”, destacou o presidente da CNI.
Ao passar o cargo a Robson Braga de Andrade, o ex-presidente da CNI Armando Monteiro Neto advertiu
Foto: José Paulo Lacerda
“Temos um compromisso inadiável e urgente
com as reformas estruturais”, destaca Andrade
que a continuidade da valorização cambial restringe o
crescimento da indústria e da economia.
Conforme seu diagnóstico, a apreciação do real impõe
duplo ônus à competitividade dos produtos industriais.
“Mantém não apenas o custo de capital elevado, como
permite preços favorecidos aos produtos estrangeiros
nos mercados internacionais, prejudicando nossas exportações e crescentemente o mercado doméstico”,
enfatizou.
Monteiro Neto propôs a adoção de uma meta de superávit
primário ousada, citando o déficit público nominal zero,
como alternativa “para reduzir drasticamente as necessidades de financiamento público e abrir espaço para a queda
dos juros, contendo o processo de valorização do real”.
Fotos: Miguel Ângelo e Sebastião Jacinto Júnior
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indústria de minas - novembro 2010
Leia, a seguir, os principais trechos do discurso
do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade:
- A competitividade é o grande desafio que o Brasil e a
sociedade brasileira têm diante de si neste momento. Enfrentá-lo corajosamente, e superá-lo, é a missão das lideranças nacionais – na política, no mundo empresarial, em
todos os segmentos representativos do povo brasileiro.
- A agenda positiva da indústria brasileira é a agenda do
desenvolvimento sustentável, do crescimento, da geração
e justa distribuição da riqueza e da renda nacional, da criação de empregos, da inserção consistente do país na cena
econômica mundial. A agenda da indústria é muito mais
que apenas a agenda das empresas e dos empresários:
sem corporativismo, comprometida com o desenvolvimento do país, é a agenda da sociedade brasileira.
• Por que conviver, ad eternum, com uma das mais altas
cargas tributárias do mundo e ostentar o recorde de
país campeão em elevadas taxas de juros?
• Por que conviver com uma legislação trabalhista arcaica, da década de 40 do século passado, que inibe a
geração de empregos?
• Por que nos submetermos a uma burocracia que, tal
como uma hidra insaciável, resistente e sorrateira,
está sempre à espreita, conspirando contra o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país?
• Por que postergar indefinidamente a aprovação de
marcos regulatórios indispensáveis à atração de investimentos produtivos? Por que conviver com uma
infraestrutura precária, que onera os produtos brasileiros, subtraindo-lhes a competitividade no mercado interno e nos grandes mercados mundiais?
• Por que transformar o meio ambiente em uma arena
dominada por interesses sectários que oneram, atrasam e, no extremo, podem até inviabilizar projetos
estratégicos para o país?
• Por que conviver com uma estrutura de comércio internacional e uma política de exportações que reduzem
as possibilidades do Brasil de participar do mercado
global de forma isonômica e competitiva nos setores
de alta intensidade tecnológica?
• Por que não conseguimos equilibrar arrecadação de
tributos e gastos públicos, aumentando a dívida pública, pressionando a inflação e provocando a elevação das taxas de juros?
• Por que insistimos em manter um sistema de previdência pública que ignora as mais óbvias transformações demográficas que ocorrem no Brasil?
• Por que não fazemos a reforma política, pondo fim ao sistema vigente, eivado de vícios e deficiências que só contribuem para elevar o custo da tomada de decisões que
afetam o ambiente de negócios e as relações entre agentes econômicos e sociais, gerando incertezas e impondo
limitações ao crescimento?
- Nosso país tem um compromisso inadiável e urgente com
as reformas estruturais que vêm sendo postergadas ao longo
de muitas décadas. A reforma tributária é a principal prioridade – e o seu foco, o seu norte e a nossa obsessão devem ser
a busca da competitividade. O objetivo deve ser a desoneração completa dos investimentos e das exportações, a simplificação e a redução da burocracia do sistema. No âmbito
da reforma fiscal e da previdência, três são os objetivos
principais: eficiência do Estado e melhoria da gestão pública; aumento da capacidade de poupança pública e a sustentabilidade do sistema previdenciário.
- A agenda a ser cumprida explicita quatro pilares fundamentais: imposição de limites à expansão dos gastos correntes; a
revisão do sistema de vinculação de despesas; a implantação
de critérios de eficiência aos programas governamentais; e a
adoção do sistema de benefícios da previdência compatíveis
com a estrutura etária da população.
- A agenda da reforma das relações do trabalho explicita
dois objetivos principais: garantir proteção ao trabalhador e
ao emprego; ampliar a competitividade do sistema produtivo nacional e, por essa via, elevar a geração de emprego.
- A reforma política, essencial diante da constatação de que
a qualidade da governança pública e do sistema de decisões
políticas é crucial para o adequado funcionamento da economia e da sociedade.
- O documento A Indústria e o Brasil – Uma agenda
para crescer mais e melhor, diz, com assertividade, que
a indústria deve estar no centro da estratégia nacional
em razão direta de seus efeitos sobre a produtividade e
sobre a inovação das demais atividades da economia.
- A diversificação da nossa indústria é um ativo valioso. Também aqui o conjunto é maior que a soma das partes: abdicar
de ter uma indústria de bens de capital forte reduz a nossa
capacidade de inovação, na exata medida em que há um importante processo de aprendizagem na relação entre empresas e fornecedores. Da mesma forma, precisamos ter uma
indústria forte nos setores de produtos de alta intensidade
tecnológica e de elevado valor agregado.
- Manter e ampliar a capacidade de diversificação da indústria é importante e estratégico: gera interações com impactos na produtividade e na inovação; reduz riscos de dependência excessiva a produtos de outros países; garante a soberania nacional e abre possibilidades reais de participação
no comércio internacional.
Por todas essas razões, o foco na isonomia competitiva
e na redução do custo Brasil é a grande prioridade da
indústria nacional.
MTP
Muito além
das passarelas
Salão de Negócios oferece oportunidades para grifes consagradas e marcas novas,
que focam o mercado interno. Real valorizado ainda é entrave para exportações
A
s atenções do Minas Trend Preview não estiveram voltadas
apenas para as modelos que
desfilaram pelas passarelas. Durante quatro dias, quase 200 expositores de vestuário, joias, bijuterias, calçados e
bolsas mostraram a compradores nacionais e internacionais que visitaram o Salão de Negócios o que
será moda nas próximas estações.
Natália Pessoa, sócia-proprietária da Faven, participou de todas as edições do MTP e ressalta a expansão do evento, tanto na geração de negócios quanto
na organização. “A primeira edição foi bem peque-
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indústria de minas - novembro 2010
na e acanhada, mas hoje percebemos que o MTP
está mais organizado e profissional”, compara.
Segundo ela, a expectativa da grife, que completa 14
anos e mescla roupas com tricô e tecidos planos, é
que haja um crescimento entre 30% e 40% nas vendas em relação à última edição. Natália conta que já
trabalhou com exportações, mas o momento atual
não é favorável. “A valorização do real é um entrave,
já que o nosso produto fica mais caro. Apesar disso,
o mercado interno está bastante aquecido.”
A Kowro Bag’s, de Uberaba, no Triângulo Mineiro,
também está presente desde o início do MTP. Nesta
edição, a empresa comercializou quase 700 bolsas
Fotos: Sebastião Jacinto Júnior
Quase 200 expositores de joias, vestuário,
calçados e bolsas participaram do Salão
de Negócios do MTP
e 1,8 mil carteiras, totalizando R$ 160 mil – um aumento de mais de 15% em relação à edição passada. Para Alexandra Pereira, proprietária da Kowro
Bag’s e presidente do Sindicato das Indústrias de
Calçados de Uberaba (Sindicau), o evento provocou
uma grande mudança na indústria. “É uma feira que
tem nos ajudado na questão da sazonalidade que
havia dentro do setor. Agora, temos uma linha mais
retilínea de produção”, explica.
Segundo ela, a proposta do Minas Trend Preview
de antecipar tendências é positiva, já que o setor
consegue oferecer aos lojistas prévias para as
próximas estações. Dessa forma, as fábricas tra-
balham praticamente durante todo o ano. “Aqui
antecipamos negócios e vendemos para janeiro e
fevereiro, o que nos dá um resultado melhor”, conta a presidente do Sindicau, que representa 60
empresas do segundo polo produtor de artigos em
couro do estado – atrás apenas de Nova Serrana.
Internacionalização – Alexandra afirma que o
foco atual do setor é o mercado interno, mas algumas empresas já estão exportando pequenos volumes. Segundo ela, que fez contatos com compradores da Polônia durante o MTP, a internacionalização é um trabalho contínuo. “É como a conquista
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MTP evita hiato na produção entre as
principais estações: o verão e o inverno
de um cliente: não é um processo mágico ou de
uma hora para outra”. Além disso, a presidente do
Sindicau afirma que a exportação ajudará na melhoria da qualidade dos produtos.
Mary Figueiredo, proprietária da grife de joias
Mary Design, de Belo Horizonte, concorda com
Alexandra, ao afirmar que o MTP veio dar continuidade à produção, evitando um hiato entre as duas
principais estações do ano: o verão e o inverno. “A
maioria das empresas tinha um vazio muito grande. Havia uma descapitalização nesse período,
que gerava demissões”, ressalta.
“A valorização do real é um entrave,
já que o nosso produto fica mais
caro. Apesar disso, o mercado interno está bastante aquecido” – Natália Pessoa, da Faven.
A Mary Design, que produz entre 10 mil e 15 mil peças
por mês, também participa desde o primeiro MTP. A
proprietária Mary Figueiredo lembra das dificuldades
encaradas para a consolidação do conceito de antecipação de tendências. “Tivemos que ensinar para os
clientes o que era um preview. Eles tinham resistência
em fazer pedidos para o verão em pleno inverno.”
Outro importante papel do evento, na opinião de Mary,
é dar visibilidade para novas marcas. “Para muitos expositores, a única forma de se sobressaírem no mercado fora de Minas Gerais é participar dessa vitrine que
o Minas Trend Preview oferece.”
É o caso da recém-criada Jardin. Fundada na capital mineira em fevereiro deste ano, a grife conseguiu em seu evento de estreia fazer contatos e
fechar encomendas. “Independentemente de concretizar negócios ou não, os contatos que fiz foram
ótimos, pois é muito difícil para uma marca nova
entrar no mercado”, destaca a estilista Bhárbara
Renault. “Ainda não tenho condições de bancar
um estande, por isso achei excelente a oportunidade de participar de um espaço coletivo com outras marcas”, completa.
Para Joana Paula Rodrigues, proprietária da Joana
Paula Bijoux, fabricante de bijuterias e acessórios
com renda renascença, artesanato característico
da região de Caruaru (PE), o MTP ajuda na projeção da marca e serve como estímulo para melhorar
ainda mais os produtos. Joana conta que fabrica
cerca de 1,5 mil peças por mês – entre brincos,
pulseiras, tiaras, arcos, colares e broches – e tem
planos de exportar após a estruturação da empresa, criada em 2004. “O MTP está sendo de extrema
importância para o lançamento da nossa coleção
de inverno”, diz a empresária, que participa pela
segunda vez do evento e conseguiu, nesta edição,
pedidos de compradores que estiveram na edição
de verão do MTP.
“É uma feira que tem nos ajudado na
questão da sazonalidade que havia
dentro do setor”, diz Alexandra Pereira, do Sindicau.
O momento é favorável para o setor de bijuterias,
joias e pérolas, avalia Douglas Neves, vice-presidente
da área de gemas do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras
Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias). Segundo ele, o setor tem exportado bastante,
mas poderia fazer ainda mais. “O real valorizado prejudica nossa exportação, já que encarece o nosso produto em relação à concorrência chinesa”, finaliza.
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e n t r e v i s ta
Aguinaldo Diniz Filho
Em defesa de uma
competição mais justa
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) alerta
para os riscos da desindustrialização, um efeito cascata que atinge toda a cadeia
por Nonon nonon
O
setor têxtil e de confecção gera 1,75 milhão de empregos diretos em todo o país, além de
sete milhões de indiretos. Na opinião de Aguinaldo Diniz Filho, presidente da associação
brasileira do setor, o processo de desindustrialização pelo qual o Brasil está passando
corresponde a “entregar de mão beijada todo esse mercado a países que não competem
de forma isonômica com a industrial nacional”.
“A desindustrialização não é um raio, mas vai paulatinamente atingindo todas as esferas da produção”, ressalta
Diniz Filho, que também é diretor-presidente da Cedro Cachoeira, uma das maiores empresas têxteis no Brasil.
Em entrevista exclusiva à Indústria de Minas, o presidente da ABIT afirma que a situação irá se complicar caso haja
uma diminuição do consumo interno, que hoje aborve 97% da produção. “Precisamos desonerar investimentos, diminuir imediatamente o custo Brasil nas reformas e criar formas de resolver a situação do câmbio”, defende.
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indústria de minas - novembro 2010
Fotos: Sebastião Jacinto Júnior
“Queremos uma situação de competição
igualitária, uma isonomia”, ressalta Diniz Filho
Quais as grandes prioridades do setor têxtil
para combater o processo de desindustrialização?
Nossas demandas são semelhantes
às de outros setores produtivos. É
difícil falar em controlar o câmbio e
o valor do dólar, pois sou favorável
ao câmbio flutuante. Mas a cesta de
moedas do mundo está 35% desvalorizada em relação ao real. Isso torna muito difícil a competitividade da
indústria brasileira. Temos que pensar em soluções como mexer no Imposto sobre Operações Financeiras
(IOF), para que tenhamos uma defesa comercial frente ao que está
acontecendo na China e nos Estados
Unidos. A indústria têxtil precisa de
acordos bilaterais, fortalecer a defesa comercial, enfrentar a entrada de
mercadorias no Brasil de todas as
formas, combater o subfaturamento
e trabalhar a inovação. Para enfrentarmos esse princípio de desindustrialização, precisamos pensar
em reformas, como a trabalhista,
para desonerarmos a folha de pagamentos. A indústria têxtil é
uma grande geradora de empregos e não pode pagar o pato do
que está acontecendo no mundo.
Quais os riscos iminentes dos reflexos da
guerra cambial?
O reflexo do câmbio é muito forte,
haja vista que o setor têxtil este
ano terá um déficit nominal na balança comercial de US$ 3,5 bilhões. Fomos superavitários até
2005. Será que esquecemos como
se produz, como se trabalha? Absolutamente. O câmbio tem que
ser verificado. A China tem subsídio na moeda, que é desvalorizada
em mais de 30% em relação ao
real. Assim, os produtos ficam muito mais baratos para entrar aqui.
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Isso é altamente danoso. Apesar
de toda a conjuntura adversa, estamos investindo e apostando.
Qual o nível de competitividade da indústria
nacional?
Dentro das quatro paredes a indústria brasileira é competitiva, mas o
chamado custo Brasil é que complica. Precisamos melhorar isso para
não entrarmos no processo de desindustrialização. O Brasil é 85%
urbano, e quem segura o emprego
é a indústria. O setor de serviços
tem ainda que melhorar muito para
absorver esse processo na hipótese de uma desindustrialização. Precisamos fortalecer a indústria. Nós
não queremos nenhum favor, não
queremos dinheiro a fundo perdido,
não queremos financiamento irresponsável. A única coisa que a indústria têxtil brasileira quer é uma
situação de competição igualitária.
Uma isonomia, que nós não temos.
Quais mecanismos propiciariam essa isonomia?
Precisamos desonerar investimentos, desonerar a folha, diminuir imediatamente o custo Brasil nessas reformas, criar uma forma de combater
melhor a situação do câmbio. Além
disso, precisamos aumentar a competitividade da fábrica para que ela não
seja prejudicada a partir do momento
que emite a primeira nota fiscal.
16
Como o atual governo
previu isso e que medidas está tomando para
enfrentar esse quadro?
25%. Se amanhã o consumo interno, que hoje é responsável por
97% da nossa produção, diminuir,
a situação se complica.
A indústria têxtil teve um contato muito bom com o governo que está saindo, não posso negar isso. Sempre fomos recebidos e tivemos diálogo com
os ministros da Fazenda e da Indústria.
Agora precisamos de resultados mais
rápidos, implantar o senso de urgência
na indústria têxtil e brasileira como
um todo. A desindustrialização tem
um efeito cascata, afetando toda a
cadeia, gerando redução de renda e
piorando a condição social. A desindustrialização não é um raio, mas vai
paulatinamente atingindo todas as
esferas da produção.
Como reconquistar essa
margem de exportação
que a indústria possuía?
O senhor acredita em
recessão generalizada?
A indústria é responsável por 16%
do PIB brasileiro, mas emprega
muito mais gente que 16%. O setor têxtil, por exemplo, emprega
quase 10% dos postos de trabalho
gerados na indústria de transformação. Se esse problema continuar, podemos ter uma crise na própria indústria, interrompendo o
crescimento e a geração de renda
no país. Vamos investir US$ 2 bilhões no ano que vem, o que no
nosso setor é muito dinheiro. Estamos acreditando, mas hoje exportamos apenas 3% do que produzimos – esse índice já foi de até
indústria de minas - novembro 2010
A Cedro Cachoeira, por exemplo, exportava 15%, enquanto hoje esse
índice é de apenas 5%. Esses 10%
que perdemos não são recuperados
tão cedo. Para reconquistar os clientes é muito difícil. O Brasil só tem
acordos bilaterais com o Egito e Israel. Nada contra esses países, mas
a corrente de comércio com eles é
pequena. Já fomos ao Itamaraty
para mostrarmos esse problema.
Existem no mundo 350 acordos bilaterais. Para entrar nos Estados
Unidos, um produto têxtil paga
28% de alíquota. Meu concorrente, que tem câmbio melhor, não
paga esse imposto. Aí está a perda de competitividade clara.
Qual a maior força
do mercado brasileiro,
diante desse cenário?
O maior ativo que o Brasil tem hoje se
chama mercado interno, que foi conquistado com o controle da inflação e
a melhoria da renda, fazendo com que
tivéssemos um mercado interno forte.
Não podemos entregá-lo para os países da Ásia, que estão vindo para cá
com a Europa e os Estados Unidos em
crise. A Cedro Cachoeira tem 3,3 mil
empregados, mais de 130 anos investindo e produz 168 milhões de metros
quadrados de tecidos por ano. Não
somos contra a importação, afinal estamos em um mundo globalizado, mas
queremos isonomia competitiva.
Qual a previsão para a balança comercial em 2011?
Vamos terminar este ano com US$ 3,5
bilhões de déficit comercial. Vamos
importar US$ 5 bilhões e exportar US$
1,5 bilhão. Acredito que em 2011 o
déficit deve ficar entre US$ 4 bilhões e
US$ 5 bilhões. A previsão é de piora.
Como o setor têxtil está
trabalhando a inovação?
Estamos buscando desenvolver novos produtos, mas não temos pretensão de abarcar todo o portfólio
da indústria têxtil. O Minas Trend
Preview é uma iniciativa fantástica,
um exemplo que Minas Gerais ofe-
rece. Lá mostramos como está o
produto, a inovação, a modernidade
na gestão. O Brasil é autossuficiente
em algodão e nossa matéria-prima é
de muito boa qualidade. A cotonicultura brasileira é uma heroína,
mas Minas Gerais precisa plantar
mais algodão. As indústrias têxteis
daqui consomem 150 mil toneladas
de algodão por ano, mas produzimos
só 25 toneladas. Temos um caminho
enorme ainda a percorrer.
De que forma o setor
está enfrentando a escassez da mão de obra?
A escassez tem pontos positivos e
negativos. O lado bom é que aumentou a demanda, e acho favorável termos que gerar emprego em
função disso. Mas não tivemos investimentos em escolas técnicas,
universidades, formação de técnicos e engenheiros no passado. Estamos sofrendo com isso agora.
Tomara que esse “apagão” da mão
de obra sirva de exemplo para nós,
enquanto país, para que possamos
crescer, melhorar e investir, porque
este é o maior recurso que as empresas têm: as pessoas. Precisamos de recursos humanos qualificados, as empresas precisam investir
maciçamente em treinamento.
Como envolver o trabalhador nesse processo
de combate à desindustrialização?
Precisamos mostrar aos empregados que estamos todos no mesmo
barco. Eu não faço nada sozinho. Eu
já trabalhei no chão de fábrica durante 22 anos. A união do capital e
do trabalho é fundamental. Do chão
de fábrica ao presidente. Temos que
conviver com eles, mostrar que estamos juntos, que eles não podem
ser prejudicados por essa competição desleal. Vamos levar o sindicato a Brasília em março para
formar nossa frente parlamentar.
17
MERCADO
O caminho
ascendente do ouro
Com a maior valorização da história, metal é porto seguro para investimentos
e estimula a expansão de mineradoras no Brasil
Foto: Divulgação Sindiextra
A
cotação do ouro atravessa um
momento histórico de alta,
viabilizando investimentos na
área de mineração. Em novembro de 2010, o metal atingiu o
recorde absoluto de US$ 1.403 por onça-troy
(31,1035 gramas) na Comex, divisão de metais da
Bolsa Mercantil de Nova Iorque.
Na avaliação de José Fernando Coura, presidente do
Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais (Sindiextra), o quadro nunca foi tão bom para o setor de
mineração aurífera. “Estamos passando pela maior
cotação histórica do ouro e o mais importante: em Minas, depois de 300 anos, ainda estamos descobrindo
reservas de ouro no Quadrilátero Ferrífero”, afirma.
Segundo Coura, os investimentos envolvem prospecção, pesquisa mineral, sondagem, reavaliação
de ativos, jazidas e projetos de expansão em todo o
estado. “Pela cotação atual, depósitos que até então eram considerados antieconômicos passaram a
ter a exploração viável. O Quadrilátero Ferrífero e o
noroeste de Minas têm um potencial fantástico ainda a ser descoberto”, explica o presidente do Sindiextra. “Novas prospecções e pesquisas estão em
estágio avançado. Temos investimentos recentes
em Santa Bárbara, Caeté e Sabará e novas empresas estão chegando. Essa faixa de preço torna atrativo e rentável todos os negócios”, completa.
Para José Inácio Franco, presidente da Associação
Nacional do Ouro (Anoro) e diretor do Grupo Fitta, o
metal não era item de investimento, mas passou a
fazer parte do portfólio de aplicações financeiras em
virtude das mudanças econômicas ocorridas nos últimos quatro anos. “Os principais gestores de fortuna
estão recomendando que entre
5% e 10% do portfólio dos
clientes seja de ouro. Essa
nova demanda contribuiu muito
para o aumento”, explica.
De acordo com ele, a expectativa de analistas de mercado é
que o valor alcance entre US$
1,5 mil e US$ 2 mil a onça-troy.
Entretanto, Franco lembra que a
onça-troy já chegou a apenas
US$ 300 no passado. “A tendência é positiva e ela só se reverterá quando o juro real no mundo
deixar de ser negativo”, avalia.
Os números em Minas Gerais colaboram para uma expectativa positiva: o estado é responsável por
60% da produção aurífera brasileira e 50% das exportações. A
alta na exportação em 2010 já é
de 52%, chegando a US$ 746,5
milhões, segundo o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior (MDIC). A evolução da produção anual do Brasil
também é significativa, passando de 47 toneladas em 2004
para 61 toneladas em 2010.
Em Minas, uma das principais mineradoras é a canadense Kinross Gold
Corporation, que iniciou suas operações em 1987 em Paracatu, no noroeste do estado. A mina a céu aberto
Morro do Ouro, apesar do baixo teor
aurífero – o menor do mundo, com
0,40 grama por tonelada de minério
–, produz 15 toneladas por ano. Foram investidos US$ 570 milhões de
2006 até hoje no projeto de expansão, que elevou a produção de cinco
às atuais 15 toneladas, além da extensão da vida útil da mina até 2040.
A empresa ainda tem operações em
Crixás (GO), em parceria com a AngloGold Ashanti, que receberam investimentos de R$ 100 milhões e
gera 75 mil onças-troy por ano.
A sul-africana AngloGold Ashanti,
por sua vez, opera nos municípios de
Nova Lima, Sabará e Santa Bárbara,
no Quadrilátero Ferrífero. A atuação
no país, que completa 11 anos em
2010, é responsável por 9% da produção mundial do grupo. São 406
mil onças-troy (13 toneladas) extraídas pela AngloGold Ashanti no Brasil, sendo 329 mil onças-troy produzidas nas operações em Minas Gerais e 77 mil onças-troy em Goiás.
Terceira maior produtora de ouro do
mundo, a empresa tem 21 operações em dez países, com produção
total de 143 toneladas.
A canadense Yamana Gold completa a tríade das principais mineradoras presentes no Brasil, com 25%
da produção do mercado, ao lado
da Kinross (25%) e da AngloGold
Ashanti (27%). Fundada em 2003, a
Yamana tem presença em vários
países da América Latina, como
Chile, Argentina, México e Colômbia. No Brasil, a Yamana explora
três minas, uma em Goiás e duas
na Bahia, com previsão total estimada em 2010 de 365 mil onças-troy. Além destas, a Yamana desenvolve pesquisas em estágios
avançados em mais quatro minas
na Bahia, Mato Grosso e Goiás.
Coura, do Sindiextra: “Ainda estamos descobrindo
reservas de ouro no Quadrilátero Ferrífero”
Foto: Divulgação Yamana
Mina subterrânea Fazenda Brasileiro,
da Yamana, em Barrocas (BA)
Cenário favorável – As minas na Ainda de acordo com Portugal, a Ya- ro de Mineração (IBRAM), o avanço
Bahia e em Mato Grosso já tiveram mana aposta no crescimento do setor do setor é enorme, apesar das disseus estudos de viabilidade aprova- e, por isso, investe em novas minas e cussões sobre um novo código de
dos e devem gerar um incremento de expansões. “Acreditamos no com- mineração – já que o atual remonta a
204 mil onças-troy na produção. A promisso da manutenção das re- década de 1940 – e dos gargalos em
exploração deve começar em 2012. gras regulatórias na área de mi- pesquisa mineral, infraestrutura de
Arão Portugal, vice-presidente de ad- neração, que darão maior tran- transportes e déficit de engenheiros.
ministração e country
“No setor de mineração, es“No
setor
de
mineração,
estão
previstos
manager local da Yamatão previstos US$ 62 bilhões
US$
62
bilhões
em
investimentos
nos
na, revela os planos da
em investimentos nos próxipróximos
cinco
anos”
–
Antônio
empresa. “Entendemos
mos cinco anos. É uma cifra
Lannes,
do
IBRAM
como ponto positivo as
recorde. Só em ouro tereestabilidades política,
mos US$ 2 bilhões nesse
econômica e do sistema financeiro quilidade para a manutenção do período, sendo que Minas Gerais
brasileiro, além da tendência de um nível de investimento no país.”
concentra aproximadamente 70%
cenário macroeconômico favorável Para Antônio Lannes, gerente de da- dessa cifra. Nunca se viu tanto inpara a valorização do ouro.”
dos econômicos do Instituto Brasilei- vestimento em um setor no país.”
21
CAPA
A energia para o
país não estacionar
Recém-inaugurada, nova sede da Fiemg recebe selo Procel de eficiência energética
e chama a atenção para a importância de práticas sustentáveis e para investimentos
na geração de energias alternativas
E
m tempos onde sustentabilidade é
a palavra de ordem, a Federação
das Indústrias do Estado de Minas
Gerais (Fiemg) acaba de se mudar
para o primeiro prédio comercial
de grande porte em Minas certificado com o selo
Procel de eficiência energética. A nova sede da
Fiemg, que fica na avenida do Contorno, número
4.456, em Belo Horizonte, passa a abrigar toda a
estrutura administrativa da Federação.
A exemplo do que já ocorre com eletrodomésticos, o
Selo Procel-Edifica certifica projetos que promovem a
economia e o uso racional de energia elétrica em edificações. São analisados o sistema de iluminação, de
condicionamento de ar e a envoltória dos edifícios
(cobertura, áreas de vidro, janelas, entre outros).
A professora de arquitetura da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), Roberta Gonçalves, afirma
que o objetivo da certificação é justamente fazer com
que o selo se torne uma referência para o consumidor, como se dá com os eletrodomésticos. “Quando
as geladeiras passaram a ter etiqueta, as pessoas começaram a valorizar não só a aparência
do produto, mas também o seu consumo. Acreditamos que o mesmo vá acontecer com os edifícios comerciais e residências”, diz.
Teodomiro Diniz Camargos, vice-presidente da
Fiemg e construtor da nova sede, explica que o
prédio foi projetado com uma metodologia moderna de construção que envolve, além do sistema inteligente de controle de consumo de energia e de água, programas avançados de comuni-
23
Foto: Divulgação Cemig
Cemig investe na participação acionária
de três parques eólicos no Ceará
cação interna e externa e de
segurança. “Não nos preocupamos com luxo, mas sim em abrigar a sede em um edifício moderno, que trouxesse agilidade,
qualidade, funcionalidade, eficiência e economia”, afirma o
engenheiro.
Sobre os requisitos determinantes para o prédio receber o selo,
Diniz Camargos destaca o sistema de ar-condicionado que permite a saída de ar-refrigerado do
piso, ao contrário dos modelos
tradicionais, em que o ar sai do
teto e despende mais pressão e,
consequentemente, energia.
24
“Esse sistema permite ainda que
o ar frio circule internamente por
mais tempo, o que é sinônimo de
economia”, explica.
Os vidros também são outro diferencial importante porque permitem uma entrada maior de luminosidade no ambiente, reduzindo
a iluminação artificial e isolando
a entrada de calor. “Esses benefícios, somados ao sistema de
ar-condicionado, proporcionam
uma economia entre 25% e
30% nos gastos com energia
elétrica”, destaca.
Já a redução no consumo de água
chega a 58% com a utilização de
indústria de minas - novembro 2010
temporizadores nas torneiras e o
sistema de válvula de descarga
com dispositivo para líquido e sólido, além da captação de água
de chuva, que é armazenada e
reutilizada. “Essa economia considerável de água nos rendeu um
ponto de bonificação na somatória de notas que nos conferiram o
selo”, ressalta Diniz Camargos.
Aliam-se a isso outros detalhes, entre eles o teto pintado
em cor clara e o pilotis gramado, que também auxiliam na
redução do aquecimento interno e nos gastos energéticos.
“Imagine, em dez anos, o quan-
to um prédio do porte da sede
da Fiemg pode poupar”, calcula
o vice-presidente da Fiemg. “A
sustentabilidade, já há algum
tempo, tem sido pauta obrigatória nas discussões e o setor
da construção está engajado
nessa questão”, complementa.
Fontes alternativas – Em 2003,
o Governo Federal criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(PROINFA) para diversificar as
fontes energéticas disponíveis e
estimular a entrada no mercado
de produtores autônomos. A Eletrobras se dispôs a comprar, duConsumo – Minas Gerais demanrante um período de 20 anos, a
da hoje 13,5% de toda a energia
eletricidade produzida por usinas
produzida no Brasil, com um coneólicas, de biomassa e pequenas
sumo de aproximadamente 35 micentrais hidrelétricas (PCHs).
lhões de tEP (toneladas equivalenDesde 1995 também existe no
tes de petróleo) ao ano. Desse topaís o mercado livre de energia
tal, quase 60% (20,1 milhões de
elétrica. Por meio de lei federal,
tEP) tem de ser importado, devido
ficou definido que os consumidoà grande dependência por petróres de energia com demanda
leo e seus derivados – insumos
igual ou superior a 10.000 kW seque não são produzidos
riam considerados con“Os números deste ano representam
no estado. A demanda
sumidores “potencialum crescimento real de menos de 3%.
por energia derivada do
mente livres”, que podeTodo o resto é só o que recuperamos
petróleo
representa
riam escolher um fornedo que foi perdido com a crise mundial”
33,1% do consumo em
cedor alternativo. Essa
- Raimundo Neto, da Enecel
Minas, enquanto a enermesma lei já definia
gia hidrelétrica, por exemplo, res- gia e que fuja da estrutura que, após cinco anos (a partir de
ponde por apenas 13,7%. “O atual monopolizada”, opina Leroy.
2000), o limite de 10.000 kW seperfil energético do estado é mui- Países como França e Canadá ria automaticamente reduzido
to dependente de fatores e cota- investem anualmente, em mé- para 3.000 kW.
ções externas”, diz o professor do dia, 17% do PIB em geração de Na prática, essa medida possibilitou
Ibmec-MG Felipe Leroy. “Os inves- energia, enquanto no Brasil a criação de um novo mercado de
timentos necessários não serão esse índice é de menos de 6%. produção e consumo de energia eléfeitos pela iniciativa privada, mas Com o aumento mundial do trica. De um lado, empresários e inpelo Estado”, pondera.
consumo energético, a expec- dustriais em busca de energia e, de
Nos nove primeiros meses do tativa é que, em 2030, a de- outro, empresas de médio porte traano, o consumo de energia no manda por energia praticamen- balhando na geração e comercialiBrasil apresentou um cresci- te dobre. Ao menos que se di- zação de energia. Os preços são demento de 9% em relação ao versifiquem as fontes utiliza- terminados por regras de mercado,
mesmo período de 2009. Se- das, o mundo não será capaz ao invés de fatores externos, como o
gundo os últimos dados da de alimentar esse crescimento. valor internacional do petróleo.
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a
expectativa é que 2010 feche
com um consumo 8,1% maior
do que no ano passado, sustentado por um crescimento
da economia estimado em 8%.
O desafio que se impõe ao
país é, portanto, elementar:
garantir oferta de energia
suficiente para atrair investimentos, sustentar o ciclo
de crescimento que se pretende impor ao Brasil e elevar a competitividade da indústria. “Para isso, é fundamental o investimento em
fontes alternativas de ener-
25
Foto: Lúcia Sebe/ SECOM-MG
Pequenas Centrais Hidrelétricas
tornam-se fontes alternativas de energia
Raimundo de Paula Neto, superintendente geral da Enecel, empresa
privada que atua no mercado livre
de energia, diz que o peso da participação privada na estrutura de geração e distribuição no Brasil é suficiente para atender a um aumento
da demanda. “Com os contratos já
garantidos para os próximos anos, o
Brasil é capaz de aguentar um crescimento no consumo de até 6% ao
ano, o que representa um crescimento do PIB acima de 7%”, diz.
Raimundo pondera que o aumento
de 9% no consumo de 2010, em relação a 2009, se explica pelos baixos patamares em que o país se encontrava. “Os números deste ano
representam um crescimento real
de menos de 3%. Todo o resto é só o
que recuperamos do que foi perdido
com a crise mundial.”
A participação privada se dá também via leilões, em parceria com
setores regulados (estatais) para
distribuição e geração de energia
26
para o mercado cativo (consumidores comuns). Essa participação,
segundo Raimundo, “é responsável por, no mínimo, 51% de toda a
energia que é gerada hoje no Brasil. Quanto ao consumo, podemos
dizer que 26% é negociado por
meio de participações privadas.”
Mas, na própria estrutura estatal,
também começa a existir a preocupação em diversificar a forma
de produção e distribuição de
energia elétrica. Segundo o superintendente de Novos Negócios da
Cemig, Álvaro Assis, a empresa
tem se esforçado para encontrar
novas formas de negócio. “A Cemig
tem em seu portfólio de análise de
investimentos diversas fontes de
geração de energia alternativa,
como as PCHs, a energia eólica e a
biomassa. No ano passado, a
empresa investiu na participação acionária de três parques
eólicos no Ceará, com potencial
produtivo de 99,6 MW”, diz.
indústria de minas - novembro 2010
Apesar disso, Assis reforça que a
geração de energia da Cemig
continua sendo majoritariamente
hidrelétrica, e que o caminho das
novas energias ainda é longo.
“As fontes alternativas ainda têm
pouca representatividade no mercado de geração de energia elétrica da Cemig. Cabe ressaltar
que 99% da geração provém de
fontes hidroelétricas, que são
energias renováveis”, reforça.
Gás em residências – A Cemig
também possui um braço para comercialização de gás natural. A
Gasmig já transporta o insumo para
o Vale do Aço, na região leste, e
também para a região sul de Minas. Apenas no gasoduto do Vale
do Aço foram investidos cerca de
R$ 700 milhões. O gasoduto vai até
Belo Oriente, mas já há projeto
para expandi-lo até Governador Valadares. Diariamente são transportados cerca de 1,9 milhão de metros cúbicos de gás que atendem,
sobretudo, às grandes siderúrgicas
da região, possibilitando a substituição do óleo combustível.
O gerente de Relações Institucionais da Gasmig, Frederico Cordeiro,
adianta os planos para os próximos
anos. “Em até quatro anos já teremos como disponibilizar o gasoduto
para atender consumidores residenciais. Num primeiro momento, em
alguns bairros de Belo Horizonte e
Poços de Caldas, mas com projetos
para atendermos todo o estado.”
Estímulo à indústria de bens de capital
Segundo estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
a indústria brasileira de máquinas e equipamentos para o setor elétrico depende de
uma ação indutora do Estado para ampliar suas vendas no mercado interno.
O diagnóstico é que houve um esvaziamento da indústria de bens de capital brasileira
nos anos 1990, motivado pelo fraco desempenho da economia e pela excessiva abertura comercial. O resultado foi o aumento das importações. Na área de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, por exemplo, o índice passou de 22% para 45% de 1996 para
2001. Ou seja, quase metade do consumo passou a ser importada.
Para tentar minimizar o problema, a intenção do BNDES é levar para as licitações do
setor de energia elétrica a modalidade já praticada nas licitações para exploração de
petróleo: atribuir pontos para empresas que tenham maior percentual de participação
no mercado doméstico.
Demanda de energia por fonte e por setor • Minas Gerais • 2008
mil tEP
%
Setor
Lenha e
derivados
Energia
hidráulica
Petróleo,
gás natural e
derivados
Carvão
mineral e
derivados
Derivados
de cana-deaçúcar
Outras
fontes
Total
Industrial
6.724
75,4
2.573
54,5
3.814
33,5
4.735
100
2.954
74,7
623
95,0
21.424
62,4
Residencial
2.026
22,7
651
13,8
844
7,4
-
-
33
5,0
3.553
10,3
Transportes
-
4
0,1
6.099
53,6
-
991
25,1
-
7.094
20,6
Agropecuário
43
0,5
207
4,4
582
5,1
-
-
-
832
2,4
Comercial e
Público
16
0,2
658
13,9
39
0,3
-
-
-
713
2,1
Perdas
108
1,2
625
13,2
-
-
9
0,2
-
742
2,2
Total
8.917
26,0
4.718
13,7
11.378
33,1
4.735
13,8
3.954
11,5
655
1,9
34.358
100
Fonte: Cemig
27
B E N C H M AR K I N G
A força do
trabalho conjunto
Polo moveleiro de Turmalina tem atuação fortalecida por meio de ações em parceria com
o Sindimov-MG e com entidades do Sistema FIEMG
O
município de Turmalina, localizado no Vale do Jequitinhonha, fica a 520 quilômetros
de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A distância que separa as duas cidades não
tem sido empecilho para o desenvolvimento de um
trabalho conjunto, responsável por impulsionar o
setor em Turmalina. Há mais de uma década, o
Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos
de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov -MG),
por meio de sua delegacia regional, põe em prática uma série de ações e projetos que visam fortalecer o polo moveleiro da cidade.
Formado por cerca de 30 empresas, a maioria delas
micro e pequenas, o polo emprega, hoje, boa parte
da mão de obra do próprio município. “A delegacia
de Turmalina é nossa menina dos olhos, pois aquela
é uma região muito promissora”, ressalta o presidente do Sindimov-MG, Carlos Alberto Homem. O
argumento justifica-se pelo fato de a região abrigar
grandes plantações de eucalipto, garantindo uma
produção sustentável e ecologicamente correta.
28
indústria de minas - novembro 2010
Apesar de o polo não ter tido um aumento significativo no número de empresas nos últimos anos, o
presidente do Sindimov-MG chama a atenção para
a profissionalização e modernização das fábricas já
existentes. “Há dez anos, o que havia em Turmalina
era apenas um aglomerado de empresas. Hoje elas
estão estruturadas, trabalhando com maquinário e
materiais de primeira linha”, avalia.
Educação profissional – Para impulsionar ainda
mais o desenvolvimento do polo moveleiro de Turmalina e das cidades do entorno, como Capelinha,
Minas Novas e Carbonita, várias ações estão em
fase de planejamento e execução. Uma delas é a
abertura do primeiro curso de aprendizagem industrial em marcenaria, coordenado pelo Senai de Turmalina. Serão 20 vagas por semestre, para jovens
entre 16 e 24 anos, com início já em 2011.
A experiência dá conta de que a parceria entre indústria e escola gera grandes resultados. Inaugurado em 2005 para atender as demandas do polo moveleiro de Contagem, o Centro de Desenvolvimento
Tecnológico da Madeira e do Mobiliário Petrônio
Foto: Divulgação
Conjunto de mesa e cadeiras para
creche da Godinho Móveis, de Turmalina
Machado Zica (Cedetem Senai) já taca Carlos Alberto Homem, do ao Cedetem para uma capacitase tornou referência em formação Sindimov-MG. “Quase 100% dos ção mais específica. “A missão
de mão de obra para o setor. “O Ce- profissionais que se formam no do Centro Tecnológico não é
detem tem empenhado esforços Cedetem já saem empregados”, apenas ser referência para as
para suprir as diversas necessida- complementa. Funcionando no indústrias moveleiras em Mides e demandas técnicas das in- limite de sua capacidade, devi- nas, mas também para as indúsdústrias moveleiras não somente do à grande procura, o Centro trias moveleiras em todo o Brana capital, mas também no interior Tecnológico já tem um plano de sil”, destaca Pinheiro.
do estado. Por meio do nosso tra- expansão pronto para sair do Em parceria com o Instituto Eubalho, as pequenas e médias mar- papel. A ideia é que o Cedetem valdo Lodi (IEL-MG), o Sindimov
cenarias mineiras são contempla- possa funcionar como um cen- também planeja realizar um
das por atividades tais
“Temos uma escola modelo, reconheci- grande diagnóstico das
como capacitação técnida por sua excelência” – Carlos Alberto empresas do polo moca, consultorias, assessoveleiro de Turmalina. A
Homem, presidente do Sindimov-MG
rias, serviços de design e
proposta é fazer um leinformação tecnológica para em- tro de referência, enquanto as vantamento detalhado do núpresários e profissionais do setor, unidades do interior ficariam mero de fábricas, mão de obra
promovendo a contínua melhoria e encarregadas de oferecer cur- empregada, faturamento e geo aperfeiçoamento tecnológico”, sos de formação mais básica. ração de renda. Com esse estuafirma o coordenador do Cedetem, Dessa forma, seriam criadas do em mãos, seria traçado um
Álamo Chaves de Oliveira Pinheiro. oportunidades para que alunos plano de ações mais direciona“Temos uma escola modelo, reco- que se destacassem em seus do, que possa alavancar ainda
nhecida por sua excelência”, des- cursos fossem encaminhados mais a economia da região.
29
Caderno dita tendências
do mobiliário em 2011
Com investimentos em maquinário e mão de obra
qualificada, o polo moveleiro de Turmalina deu um
salto de qualidade nos últimos anos. Preocupar apenas em produzir, entretanto, sem levar em conta tendências e preferências do consumidor, pode ser uma
estratégia infrutífera. Foi ciente da importância de se
promover e estimular a inovação e a criatividade dos
empresários locais que o Cedetem Senai e o Sindimov-MG promoveram o lançamento do caderno Referências em Mobiliário 2011 em Turmalina. O evento
foi realizado no Senai local no dia 5 de novembro.
Essa é a primeira vez que a publicação é lançada fora
da Região Metropolitana. Além de Turmalina, o lançamento também ocorreu em Belo Horizonte (na sede
da Fiemg e na Uemg), Carmo do Cajuru, Uberlândia,
Uberaba e Governador Valadares. O caderno Referências em Mobiliário 2011 é um guia para esti-
30
indústria de minas - novembro 2010
Homem, do Sindimov-MG: “O móvel
precisa ter cheiro e um toque agradável”
mular a sensibilização e percepção do uso do design pelas empresas do setor moveleiro.
O caderno é elaborado pelo Departamento Nacional do Senai, em
parceria com os departamentos regionais de 11 estados. O tema da
publicação de 2011 é “Acabamentos e Sensações”, que descreve os
cinco sentidos aplicados aos acabamentos para móveis e as sensações às quais eles remetem. “O
móvel precisa ter cheiro, precisa
ter um toque agradável. Se ele não
despertar boas sensações no consumidor, ele não irá comprá-lo”,
avalia o presidente do Sindimov-MG, Carlos Alberto Homem.
O evento de lançamento do caderno em Turmalina contou com a participação de renomados profissionais ligados ao setor de design. O
professor José Nunes, da Universidade do Estado de Minas
Gerais, apresentou uma abordagem sobre as raízes da pesquisa
de conteúdo para elaboração do
caderno. Já o designer Marcelo
Manhago, coordenador do Núcleo de Design do Cedetem, falou sobre o tema do caderno.
Estiveram presentes designers,
marceneiros, empresários, profissionais do setor moveleiro e
estudantes. A cerimônia contou, ainda, com a presença do
chefe de gabinete e assessor de
Relações Sindicais do Sistema
Fiemg, Antonio Marum, e da gerente do Senai local, Maria
Etelvina Andrade Camara.
Carmo do Cajuru
Além dos polos de Contagem e Turmalina, a base territorial do Sindimov-MG abarca, ainda, outro importante centro de produção de móveis do estado: o polo de
Carmo do Cajuru. Localizado na região Centro-Oeste do estado, o polo se desenvolveu com a criação de pequenas empresas prestadoras de serviço da Líder Mobiliadora e hoje conta com cerca de 90 empresas.
ATIT U DE S U STE N T Á VEL
A meta agora
é verde
Empresas miram o desenvolvimento sustentável ao adotarem ações ambientais e projetos voltados para as comunidades locais
A
s empresas têm adotado, progressivamente, métodos de
produção menos impactantes
ao meio ambiente, com vistas
ao desenvolvimento sustentável. Minas Gerais, estado que abriga o terceiro maior parque industrial do país, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), está no foco dessa questão.
Para Ronaldo Simão, superintendente do Prêmio
Mineiro de Gestão Ambiental (PMGA), que promove a melhoria da qualidade da gestão ambiental e o aumento da competitividade das organizações, não restam dúvidas de que a consciência
32
indústria de minas - novembro 2010
ambiental vem sendo absorvida pela sociedade e
pelas empresas, seja em razão da ameaça das
mudanças climáticas, seja pela cobertura dos
seus efeitos na mídia. “Esses fatores imprimiram
na sociedade um grau de amadurecimento, cujo
resultado se traduz em um nível crescente de exigência, indutor do processo de melhoria da conformidade ambiental das organizações.”
Essas exigências, segundo ele, são percebidas não
só pelo comportamento dos consumidores, mas
pelo crescente rigor das legislações ambientais e
dos agentes de fiscalização. A utilização da sustentabilidade como requisito de acesso a novos
mercados, financiamentos de projetos, bônus de
Foto: Agência Vale
Política de Desenvolvimento Sustentável
norteia as ações ambientais da Vale
seguros e incentivos e compensações externas focados na minimização e reabilitação de áreas
também são fatores que têm contribuído para uma mineradas. Dentre os programas, destaca-se o
valorização da gestão ambiental.
Vale Florestar, que visa a promover o reflorestaPara aliar produção à
mento de áreas degra“Sustentabilidade é palavra de ordem
sustentabilidade, gigandadas com espécies naem nosso negócio, uma vez que atuates como a Vale têm intivas e exóticas.
mos em um setor cuja matéria-prima
cluído diversas ações
Desde 2007, quando foi
vem da natureza” – Jucelino Sousa, da
ambientais em sua
criado o programa, já foALE Combustíveis
agenda. Atualmente, a
ram arrendadas 64 fazenempresa conta com uma Política de Desenvolvimen- das, totalizando uma área de 95 mil hectares. Desse
to Sustentável, que norteia a condução ambiental- montante, 59,5 mil hectares são destinados à proteção
mente racional dos processos da mineração.
e recuperação de florestas nativas, 32 mil hectares à
Na esteira da gestão ambiental, a empresa tam- criação de florestas industriais e o restante à implanbém investe em programas de sustentabilidade tação da infraestrutura necessária ao plantio.
33
Foto: Agência Vale
Programa Vale Florestar refloresta áreas
degradadas com espécies exóticas e nativas
Segundo Júlio Nery, gerente de Licenciamen- consultorias contratadas para traçar planos esto Ambiental da Vale no estado, a gestão tratégicos de diversificação econômica.
ambiental engloba o negócio da empresa. “Podemos perceber um crescimento substancial
“Minimizar os impactos das operações, criar desse tipo de posicionamento. Este processo,
estruturas e processos adequados e reabili- além de irreversível, é a única forma de uma ortar áreas mineradas são partes integrantes ganização investir concretamente no fortalecido processo operacional da Vale”, ressalta.
mento de sua posição, na melhoria de sua imaAlém da preocupação
gem perante os seus
“Não é mais possível praticar a gestão
ambiental, a mineradora
diversos
stakeholde qualquer tipo de negócio ignorando
busca colaborar com as
ders e na perpetuaas questões ambientais” – Ronaldo Sicomunidades onde está
ção da sua marca”,
mão, superintendente do PMGA
inserida. “O objetivo é
explica o superintentransformar recursos minerais em riqueza e de- dente do PMGA, Ronaldo Simão.
senvolvimento sustentável para todas as partes No setor de combustíveis, a mineira ALE Combusinteressadas, principalmente nas comunidades”, tíveis também tem se destacado com relação às
afirma Nery. As ações voltadas para o desenvol- iniciativas sustentáveis. Quarta maior distribuivimento local vão desde a capacitação dos mora- dora de combustíveis do Brasil em número de
dores e dos fornecedores da região até oferecer postos, a empresa prima por manter seus pontos
34
indústria de minas - novembro 2010
“Selo verde” – O vice-presidente da ALE espera que a participação de produtos como o
álcool hidratado e biodiesel represente 14%
das vendas orçadas para este exercício. Visando minimizar o consumo de energia elétrica,
Sousa conta que a base da empresa, que está
em construção em Guamaré (RN), será apta a
receber o “selo verde” por dispor de uma série
de inovações de cunho sustentável, como energia solar e o tratamento dos efluentes.
Além da importância de as empresas adotarem
atitudes sustentáveis, Ronaldo Simão acredita que
a percepção do significado de “gestão ambiental”
também contribui para uma nova forma de gerir
corporações. “Já há a consciência de que não é
mais possível praticar a gestão de qualquer tipo
de negócio ignorando as questões ambientais.”
Na visão do superintendente do PMGA, o valor
de uma empresa aumenta na mesma proporção
Foto: Marcus Desimoni/ Nitro
de venda em dia com o meio ambiente. “Sustentabilidade é palavra de ordem em nosso negócio,
uma vez que atuamos em um setor cuja matéria-prima vem da natureza. Temos a certificação ambiental ISO 14000 e somos pioneiros na distribuição do biodiesel no Brasil”, conta o vice-presidente da empresa, Jucelino Sousa.
Desde a sua criação, em 1996, a ALE faz um levantamento de todos os aspectos e impactos ambientais de suas operações, com o objetivo de alinhar
as unidades operacionais à total conformidade
com a legislação ambiental vigente e com as normas do Sistema de Gestão Integrada (SGI).
De acordo com Sousa, a preocupação com a
sustentabilidade está presente em toda a organização da companhia. “Acreditamos que o incentivo ao uso de combustíveis renováveis,
como o biodiesel e o etanol, representam uma
grande contribuição para a redução do aquecimento global”, argumenta.
ALE Combustível é pioneira na
distribuição do biodiesel no Brasil
em que crescem seus indicadores de sustentabilidade, voltados ao ecossistema da qual faz parte. “As empresas do século XXI priorizam as relações de confiança e de qualidade com todas
as partes interessadas. Trabalhando com a sustentabilidade, as companhias passam a desempenhar o seu real papel na organização cidadã,
gerando lucratividade a partir da economia de
recursos naturais, redução de desperdícios, resíduos, efluentes e emissões”, conclui.
35
LE G ISLA Ç Ã O
Justiça mais perto
Em tramitação no Congresso Nacional, criação do TRF em Belo Horizonte reduziria
o tempo de julgamento dos processos e os custos para as empresas
A
Uma iniciativa que pode lo de processos em Brasília. Seriam mais
proporcionar maior agili- quatro Tribunais Regionais Federais (TRFs)
dade no julgamento dos no país para desafogar a demanda dos cinco
recursos, trazendo impac- hoje existentes.
to direto na diminuição do A iniciativa para a criação do TRF-MG está
custo Brasil e aprimorando o acesso do cida- na Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
dão à justiça está monº 544, apresenta“Gastos com passagens, hospedagem e
bilizando entidades da
da em 2002 pelo
alimentação seriam evitados, gerando
sociedade civil entre
ex-senador Arlindo
grande economia para todos”, explica o
elas a Federação das
Porto. De lá para
juiz Evaldo de Oliveira Fernandes Filho,
Indústrias do Estado de
cá, a PEC já foi
da 14ª Vara Federal de Minas Gerais
Minas Gerais (Fiemg).
aprovada pelo SeTrata-se da criação do Tribunal Regional Fe- nado Federal e pela Comissão de Constituição e
deral (TRF) em Minas Gerais, que agilizaria o Justiça da Câmara dos Deputados, mas ainda
trabalho da Justiça, que sofre com o acúmu- não foi levada à votação no plenário da Casa.
36
indústria de minas - novembro 2010
“É uma batalha difícil, pois,
como emenda constitucional,
a matéria exige aprovação de
maioria qualificada dos deputados (três quintos) em duas
votações. O fato é que a PEC
está pronta para ir a plenário,
mas constantemente é obstruída pelo Executivo, que se
justifica dizendo que um novo
TRF aumentaria as despesas
da União”, explica o juiz Evaldo de Oliveira Fernandes Filho, titular de 14ª Vara Federal de Minas Gerais.
O reflexo imediato da criação
e consequente instalação do
TRF em Belo Horizonte seria
uma brutal redução de custos
para as empresas e pessoas
físicas, que hoje têm que se
deslocar até Brasília para
acompanhar seus processos.
“Gastos com passagens, hospedagem e alimentação seriam evitados, gerando grande economia para todos”,
afirma Fernandes.
O TRF exclusivo para Minas,
segundo o juiz, aumentaria a
facilidade de acesso à Justiça Federal por parte da população, sem contar o tempo de
tramitação dos processos,
que cairia pela metade. “Hoje,
há ações ajuizadas que estão
tramitando há dez anos esperando a sentença definitiva.
Isso porque os desembargadores do TRF da 1ª Região, do
qual Minas faz parte, têm sob
sua responsabilidade uma
média de dez mil processos –
metade dos quais com origem
aqui –, o que é absurdo e desumano”, protesta Fernandes
Filho. Além de Minas, outros
12 estados e o Distrito Federal
fazem parte do 1º TRF. Desses,
Bahia, Paraná e Amazonas
também pleiteiam a criação
dos seus tribunais federais.
Par a o adv ogado A m aur y
S oier, es pec ialis t a em dir eit o c om er c ial, a ques t ão
ger a im pac t os dir et am ent e
no c ham ado C us t o B r as il.
“ A nec es s idade de ac om panhar os pr oc es s os em B r as ília ac ar r et a em c us t os adv oc at íc ios m ais c ar os par a
as em pr es as ” , af ir m a.
37
C U LT U RA & T U RIS M O
Já que Minas
não tem mar...
Foto: Divulgação
Setor de barcos e lanchas é impulsionado pela prática de esportes náuticos
em lagos e rios do interior do estado
Três Marias é destino para os
praticantes da pesca esportiva
O
mercado de barcos e lanchas está em franca expansão em Minas Gerais. A notícia pode soar um pouco
absurda, já que o estado
não é banhado por mar, mas rios, lagos e represas são cada vez mais procurados pelos mineiros para a prática de esportes náuticos e pesca.
Prova desse crescimento do setor é a loja Piscina, Náutica & Companhia, de Varginha, na região sul. O proprietário Gilberto Miranda decidiu expandir seus negócios em 2006, quando,
além de piscinas, passou a comercializar barcos
e lanchas. Para ele, engana-se quem pensa que
um barco é luxo inacessível para a maioria.
“Existem no mercado produtos para todo tipo de
consumidor. Como o carro 0 km, que se tornou
realidade na vida de muitas pessoas, o lazer
náutico também está acessível”, afirma.
Os reflexos positivos também foram notados por
Walker Faria, dono da Náutica Barão, única representante do segmento em Belo Horizonte.
Apaixonado por barcos, Faria largou o emprego
de bancário para se dedicar à fabricação de embarcações exclusivas para pesca. E garante: não
se arrepende de nada. Faria ressalta que a liberação de crédito do Governo Federal para o pescador profissional ajudou a acelerar o aquecimento do setor. “O aparecimento de tucunarés
na represa de Três Marias também tem estimulado bastante a pesca esportiva”, completa.
Para Francisco de Carvalho, dono da Chiquinho
Náutica, de Capitólio, os mineiros estão investindo em “qualidade de vida e diversão”. Localizado às margens do Lago de Furnas, Capitólio é
sede do Clube Náutico Escarpas do Lago e do
badalado condomínio Escarpas do Lago, principal
destino dos amantes de embarcações em Minas Gerais.
Caixa d’água brasileira – Além dos fatores
econômicos, o setor sofreu impacto positivo no estado em razão de Minas ser considerada a “caixa
d’água” brasileira e oferecer diversos destinos
para o turismo náutico. “Minas é privilegiada por
Foto: Edgar Rodrigues
Escarpas do Lago, em Capitólio,
recebe amantes de barcos e lanchas
sua imensa bacia hidrográfica, no sul, represas como Funil, Camar- Pampulha, fator que afasta a cacom rotas como o Lago de Fur- gos e Cajuru, dentre outras no norte pital mineira dos destinos do tunas, Três Marias, Rio São Fran- e no Triângulo Mineiro.”
rismo náutico. “Em BH, não tecisco, Paraopeba e Rio das Ve- Na Região Metropolitana de BH, o mos onde andar de barco. Brasília
lhas, além de outros de menor cenário é um pouco mais restrito. também não tem mar, mas lá
porte”, enumera Eduardo Bahia, Segundo Faria, a Lagoa dos Ingle- existe o Lago Paranoá. Se tivéssedono do Estaleiro Malloy, locali- ses, em Nova Lima, não permite bar- mos uma Lagoa da Pampulha limzado em Pedro Leopoldo, na cos com motores a gasolina, em ra- pa, poderíamos até esquiar, como
Grande BH. Segundo ele,
fazíamos antigamente”.
“No que depender dos esforços do
as vendas de embarcaNo entanto, nem de lonsetor náutico e das águas de Minas
ções cresceram cerca de
ge o fato interfere negaGerais, em breve todo mineiro terá a
30% em 2010, na compativamente nas expectasua lanchinha” – Eduardo Bahia, do
ração com o ano passado.
tivas do setor. “Acho
Estaleiro Malloy
Os rios Doce e Grande tamque a economia brasibém são lembrados por Faria, da zão da poluição que causam, limi- leira está em pleno crescimento, e
Náutica Barão, como boas opções tando a área somente para embar- cabe a nós acompanhar essa toapara quem busca a pesca esportiva. cações a vela. “Essa é outra preocu- da”, afirma Bahia. “A formação
Já Miranda, da Piscina, Náutica & pação do mercado: diminuir a emis- de novos consumidores é um
Companhia, faz questão de mencio- são de poluentes. Os fabricantes de dos nossos desafios. No que
nar a importância das represas. motor estão cada vez mais focados depender dos esforços do setor
“Além de Furnas, que tem períme- nesse objetivo”, conta.
náutico e das águas de Minas
tro equivalente à metade da área O empresário atesta, ainda, para Gerais, em breve todo mineiro
costeira brasileira, podemos citar, a atual situação da Lagoa da terá a sua lanchinha”, finaliza.
40
indústria de minas - novembro 2010
Sonho de consumo
“Ele é cabinado, branco e amarelo, com 9,10 metros de comprimento, boca de 2,50 metros, calado
de 10 a 15 centímetros, casco de alumínio e tudo
o mais. Por dentro, é revestido em compensado de
MDF, seis camas, cozinha com pia, banheiro com
chuveiro, rádio, televisão, DVD, videogame. Tem
de tudo”, relata o contador Roberto Demétrio, 59
anos, ao descrever o Sonho Dourado.
O nome do barco demonstra a importância da
nova aquisição para Demétrio. “Ter um barco era
o que eu mais queria, estou muito entusiasmado.
Posso me jogar no rio na sexta-feira, com minha
família, e só voltar no domingo”, empolga-se.
Assim como diversos mineiros que adquiriram barcos nos últimos anos, Demétrio costuma passear por afluentes dos rios Paraopeba, das Velhas ou do São Francisco. Satisfeito com o barco, o contador já fez diversas
viagens com a família e garante que pesca
pelo menos duas vezes por mês. “Meus filhos jogam videogame ou assistem a filmes,
enquanto pesco com as visitas”, explica.
Três Marias quer se tornar
capital do turismo náutico
“Nosso objetivo é sermos, até 2012, a capital do turismo
náutico e de pesca em Minas Gerais”. As palavras de
Elias de Assis Oliveira, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Esporte e Turismo de Três Marias,
demonstram a importância da prática de esportes náuticos para a economia do município, localizado na região
central do estado e às margens da represa homônima.
“Temos 21 bilhões de metros cúbicos de água, o que corresponde a sete vezes a Baía de Guanabara”, acrescenta.
Por conta disso, Três Marias sediou recentemente o Torneio Nacional de Pesca ao
Tucunaré e o Campeonato
Centro-Oeste de Regata Barco a Vela da Classe Laser.
Também para 2012, a intenção é receber o Campeonato
Brasileiro de Barco a Vela.
A vocação do município para
a prática de esportes náuticos
resultou na criação, em março deste ano, da Escola de
Barco a Vela. O projeto, que
tem o apoio do Instituto Rumo Náutico, do velejador Lars
Grael, é destinado a jovens da rede pública de
ensino, que aprendem a nadar, remar e andar de
barco a vela. Durante as aulas, os alunos passam por cursos de educação ambiental e profissionalizante em retífica de motores.
Três Marias integra o programa de regionalização
da atividade turística, promovido pelo Ministério
do Turismo, e tem investido cada vez mais na
qualificação de profissionais dos setores hoteleiro e gastronômico. “Queremos fomentar o turismo de forma a trazer o desenvolvimento socioeconômico para a nossa região”, ressalta Oliveira.
C U LT U RA & T U RIS M O
A economia da cultura
Participantes do Festival Sesi Música comprovam que envolvimento
com atividades culturais aumenta a produtividade nas empresas
N
o mundo globalizado, em que
o dinheiro troca de lugar ao
simples apertar de um botão
e qualquer tecnologia pode
ser copiada com facilidade, o
capital humano é o principal patrimônio de
uma empresa. Por isso, os investimentos no
trabalhador, especialmente os que colocam as
pessoas em contato com a cultura e estimulam
a produção artística, têm retorno garantido
para a expansão das empresas e o crescimento
da economia dos países. A constatação é da
economista Ana Carla Fonseca.
“A cultura permite que as pessoas tenham um
olhar diverso sobre a realidade e desenvolvam
a criatividade. Isso cria um ambiente favorável
à inovação”, disse Ana Carla, durante palestra
realizada no Teatro Sesiminas, em Belo Horizonte. Ela mostrou os benefícios dos investimentos em cultura aos executivos das 26 empresas que foram homenageadas pelo Sesi no
encerramento do festival.
A economista explicou que o desenvolvimento
dos indivíduos e da economia depende de três
fatores fundamentais: o acesso à educação de
qualidade, a inclusão digital e a proteção à
propriedade intelectual. Ana Carla destacou
ainda que as empresas que incentivam a cultura conseguem incorporar aos seus produtos características exclusivas e inovadoras, o que
garante um maior faturamento. “É possível copiar uma camiseta, mas não é possível copiar a
inspiração que fez a camiseta”, exemplificou.
Executivos e trabalhadores que participaram da
etapa nacional do Festival Sesi Música, em Belo
Horizonte, confirmam que o envolvimento com a
cultura faz a diferença. Na Comam Industrial, especializada em usinagem e montagem de componentes automotivos, instalada em Sete Lagoas, o
envolvimento dos 150 empregados com o festival
aumentou a produção. “Logo depois da final do
festival de 2008, a produção passou de 250 para
270 peças por hora. Ou seja, de 2 mil peças por
dia, passamos a produzir 2.160 peças”, diz o sócio
da Comam Fabiano Henrique Nascimento Alves.
A empresa, que fatura R$ 1 milhão mensais, foi
vencedora da etapa nacional do festival em 2008 e
2009 na categoria Interpretação, com o operador de
máquinas Gleison Juliano dos Reis, de 31 anos, que
compartilhou a conquista com os colegas. “Mais
motivado, Gleison teve ideias para reduzir custos e
refugos e aumentar a produção”, relata Alves.
Na ArcelorMittal Tubarão, que fica em Vitória (ES),
também foram alcançados resultados satisfatórios. “As iniciativas culturais promovem a harmonia no ambiente de trabalho, melhoram a autoestima dos funcionários e criam um clima organizacional positivo”, diz o gerente de Comunicação, Responsabilidade Social e Relações Institucionais,
Sidemberg Silva Rodrigues. Segundo ele, a cultura
é um dos seis pilares do projeto de sustentabilida-
44
indústria de minas - novembro 2010
de adotado na empresa que integra um dos maiores grupos siderúrgicos do mundo, com presença
em diversos países.
A empresa adota desde 2003 o modelo nórdico de
sustentabilidade, que vê o desenvolvimento nas
dimensões econômica, ambiental, política, social, cultural e espiritual. Na área cultural, a unidade mantém programas como o Talentos na
Companhia, um ônibus que exibe as obras de arte
produzidas por funcionários e seus familiares. Todos os anos, durante seis meses, o ônibus circula
pelos 17 restaurantes da empresa. Neste ano, só
na primeira semana, o ônibus teve mais de duas
mil visitas. Outras ações são o Festival de Música na empresa e a participação dos empregados
no Festival Sesi Música.
Os resultados desse modelo são visíveis. Com um investimento anual de R$ 2 milhões em iniciativas e
campanhas que promovem a cultura, a saúde e o
bem-estar dos 4,3 mil funcionários, a ArcelorMittal
Tubarão reduziu o número de acidentes de trabalho de
0,40% em 2003 para 0,24% em 2010. Isso ocorreu no
período em que a produção mais do que duplicou, passando de 3 milhões de toneladas em 2003 para 7,5
milhões de toneladas este ano.
A saúde dos empregados também melhorou, acrescenta Sidemberg Rodrigues. Levantamento feito este
ano indica que 88,6% dos empregados não apresentam problemas de saúde. Em 2003, esse número era
de 65,6%. O mesmo ocorreu com a saúde bucal. Neste ano, 98,3% dos trabalhadores da empresa não tinham problemas odontológicos ou outras doenças na
boca. Em 2003, esse número era de 47,4%.
“O funcionário que participa do festival tem outro tipo de envolvimento com a empresa. Está
sempre aberto e desenvolve novas ideias”, complementa Ioquio Ashibe, diretor administrativo
da Panasonic do Brasil, localizada em Manaus,
que também será homenageada pelo Sesi pelos
investimentos feitos em cultura.
Jaci Temóteo e Lene Oliveira
foram os vencedores do festival
Final nacional
Sessenta e cinco funcionários de 55 empresas brasileiras participaram da etapa nacional da 3ª edição
do Festival Sesi Música, realizada de 2 a 5 de novembro, no Teatro Sesiminas, em Belo Horizonte.
Além de mostrar o talento musical dos trabalhadores, o festival motiva as equipes e melhora o clima
no ambiente de trabalho, garantindo retorno para
as empresas que investem em atividades culturais
e de lazer dos empregados. Os benefícios são contabilizados na forma de queda da rotatividade, aumento da produção e do lucro. Os trabalhadores
que concorreram nas categorias de música inédita
e interpretação foram selecionados nas 27 etapas
regionais que envolveram cerca de 700 empresas e
mais de 1,6 mil empregados em todo o país.
Categoria: Composição Inédita
1ºlugar: Jaci Temóteo, música Luz de Vela
Petrobras
2ºlugar: Valdemar Szeskoski e Gilmar de Souza Pedroso
(Ego e Gilmar), música Meu Pai
Weg Equipamentos Elétricos
3ºlugar: Carlos Henrique Muniz Borges, música Arrego
Eletrobras Furnas Centrais Elétricas
Categoria: Interpretação
1ºlugar: Lene Oliveira, música Posso Clamar
Anglo American (Amapá)
2ºlugar: Keila Barbosa da Silva, música Como Nossos Pais
FMC Technologies do Brasil
3ºlugar: Jessana Silva Bessa, música Telegrama
Eletronorte
B E M - ESTAR
Delegação campeã
Atletas de Minas Gerais destacam-se dentro e fora das competições esportivas
O
s times mineiros vencedores da
etapa sudeste dos Jogos Sesi
são campeões dentro e fora das
quadras e campos. Isso porque os
esportistas reconhecem a importância do esporte, de seus valores para o dia a dia da
empresa e para a vida pessoal. É o que acredita o técnico da equipe de voleibol feminino da Cenibra,
campeã da modalidade, Peter Laranjo. Para ele, a
competitividade e a garra demonstradas nas quadras são levadas pelas atletas para o ambiente de
trabalho. “Todo treinamento esportivo é relacionado com as atividades profissionais das atletas.
Dessa forma, elas compreendem com mais facilidade a relação entre esses dois ambientes”, garante.
A assistente administrativa da Artrel Minas, de Itajubá,
e atleta de vôlei de praia campeã da etapa sudeste,
Marli de Souza, ressalta os benefícios da prática esportiva. “Quando jogamos pela empresa, nos sentimos
mais valorizadas, nossa autoestima se eleva”, afirma.
Marli irá participar pela terceira vez da etapa nacional
da competição. Este ano, a atleta já disputou a fase internacional da competição, realizada na Estônia.
Segundo Renato Nunes Ribeiro, capitão da equipe de futsal da rações Patense, de Patos de Minas, campeã dos
Jogos Sesi, o torneio veio integrar, ainda mais, os trabalhadores da empresa, que já eram amigos antes mesmo
da formação da equipe há seis meses. “Com o futebol,
nos tornamos mais integrados. Essa união reflete no nosso trabalho e no ambiente da empresa”, afirma.
artigo
Tempo é dinheiro
uma visão econômico-financeira dos custos e prazos de litígios
Por Gilberto José Vaz e Pedro Augusto Gravatá Nicoli
A
solução de controvérsias é tema que
deve ser avaliado do ponto de vista
econômico-financeiro para que se
possa aferir, com precisão, as vantagens de um método em decorrência
de outro. Os litígios no campo dos negócios têm sempre
uma expressão patrimonial última que demanda ferramentas para a apreensão daquele que será o instrumento
mais vantajoso do ponto de vista de seu valor em dinheiro. Nesse sentido, influi de maneira direta o fator
“tempo”, fazendo com que opere nesta reflexão a
velha máxima do “tempo é dinheiro”.
Qualquer empreendedor sabe o valor de ter um capital
disponível no presente, de modo a possibilitar investimentos imediatos e retorno pela aplicação em seu empreendimento. Por esta razão, a longa duração de litígios
— o que pode significar a indisponibilidade de significativas somas em dinheiro por extensos períodos de tempo
— é algo a merecer uma análise à luz das repercussões
patrimoniais que determina.
Sabe-se, por constatação empírica, que a solução de litígios por meio de arbitragem tem duração substantivamente mais curta na comparação com o tempo
médio consumido no Poder Judiciário. Esta é uma
noção colhida na experiência fática, plenamente
válida para a Justiça brasileira, sempre às voltas
com o debate da morosidade de seus serviços.
Quanto ao tema, não há maiores dissensos.
Quanto aos custos envolvidos em processos judiciais e
arbitrais, contudo, revela-se a outra face da moeda. Existem diversas dúvidas, distorções e meias-verdades que
decorrem de uma visão descontextualizada do valor real
do dinheiro, a construírem uma impressão quase generalizada (e, como se verá, equivocada) de que a arbitragem
seria mais cara do que os processos judiciais.
Neste contexto, a proposição básica deste breve ensaio é
promover uma comparação entre os custos da arbitragem
e de demandas judiciais numa perspectiva econômico-financeira, à luz do tempo médio de duração das disputas.
Com este exercício, propõe-se uma desmistificação desta
visão negativa dos custos da arbitragem, através da comparação de valores em disputa e custas, sob as mesmas
condições de sucesso, na Justiça Estatal e no juízo arbitral.
Como é sabido, nominalmente, as custas do Poder Judiciário são sensivelmente inferiores àquelas da arbitragem.
Aliás, é este o substrato básico utilizado para o criticável
argumento de que arbitragens seriam mais caras que processos judiciais. Tal constatação leva muitas disputas
que potencialmente poderiam ser resolvidas em arbitragens para a Justiça Estatal, colocando-se como óbice
considerável a um desenvolvimento ainda mais robusto
do instituto da arbitragem no país.
Contudo, para uma análise adequada do ponto de vista
econômico-financeiro é necessário o manejo de alguns
conceitos fundamentais de economia e finanças, apresentados, aqui, de maneira bastante simplificada.
O Valor Presente Líquido (VPL), conceito muito recorrente
no domínio dos negócios e finanças, consiste em uma
técnica de avaliação de Projetos (empreendimentos) que
mede matematicamente o valor do dinheiro no tempo.
Pela técnica descontam-se os fluxos de caixa futuros
de um Projeto a uma taxa de juros especificada. Equi-
47
vale a calcular o quanto vale hoje uma quantia a ser
recebida ou paga em uma data futura.
Já a noção de Taxa de Desconto consolida-se no custo de oportunidade (retorno) de se investir em um
Projeto, ao invés de se aplicar o dinheiro no mercado
financeiro. De uma maneira simplificada: a taxa de
desconto é o prêmio que um investidor (emprestador)
exigiria para adiantar hoje um valor futuro a receber.
Para a comparação correta dos custos da arbitragem e do
Poder Judiciário para os empreendedores, que não incorra nas distorções comparativas de dados meramente no-
minais, há que se considerar a diferença de duração da
demanda e os respectivos valores presentes líquidos das
custas e dos valores globais em disputa, mediante a aplicação de uma taxa de desconto de mercado (ou do próprio
negócio de cada uma das partes em litígio).
Veja-se o exemplo a seguir de uma hipotética disputa de
mesmo valor no Poder Judiciário e em arbitragem, consideradas as mesmas condições de sucesso da causa, à luz
de projeções de duração média de litígios bastante verossímeis e uma taxa de desconto conservadora colhida na
prática do mundo dos negócios.
Poder Judiciário
Arbitragem
Determinação do Valor Presente da Condenação
Determinação do Valor Presente da Condenação
Valor inicial da lide: R$ 30.000.000,00
Valor inicial da lide: R$ 30.000.000,00
Duração da lide (anos até o trânsito em julgado) 12
Duração da lide (anos até o trânsito em julgado) 3
Taxa de correção da Justiça ao ano (correção mais 12%) 18%
Taxa de correção da Justiça ao ano (igual à Justiça) 18%
Taxa de Desconto de mercado – ano (custo de empréstimo para
obtenção de capital) 24%
Taxa de Desconto de mercado – ano (custo de empréstimo para
obtenção de capital) 24%
Valor custas processuais (MG) R$ 7.857,25
Valor das custas (CAMARB) R$ 145.000,00
Resultados (incluindo a dedução das custas)
Resultados (incluindo a dedução das custas)
Valor Futuro no Trânsito em Julgado (VF) (R$ 218.627.778,75)
Valor Futuro no Trânsito em Julgado (VF) (R$ 49.290.960,00)
Valor Presente Líquido para o vendedor (VPL) R$ 16.536.317,95
Valor Presente Líquido para o vendedor (VPL) R$ 25.707.480,61
Diferença a favor da arbitragem no caso: 56%
Deste exercício pode-se depreender que apesar do valor
futuro em demandas no Judiciário ser superior ao da
arbitragem, decorrência do número elevado de anos
gastos nos processos judiciais, verifica-se que o Valor
Presente Líquido (valor equivalente em moeda atual) no
caso da resolução de disputas em arbitragem é superior.
Significa dizer que o montante de uma condenação a
ser recebida dentro de três anos (tempo razoável de
duração de um processo de arbitragem complexo) vale
muito mais no presente do que aquele a ser recebido
em doze anos (tempo estimado para o trânsito em jul-
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indústria de minas - novembro 2010
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gado de uma sentença judicial em um processo complexo). Assim, a diferença inicial das custas da arbitragem e do Poder Judiciário torna-se irrelevante diante
do expressivo ganho no valor presente do montante
em disputa em procedimentos de arbitragem.
Desconstrói-se, portanto, a falsa impressão de que arbitragens seriam mais caras que processos judiciais.
Do ponto de vista econômico-financeiro, que é o que
interessa no mundo dos negócios, o que ocorre é justamente o contrário: o processo arbitral é extremamente mais vantajoso, justamente por ser mais célere.
Formado em Direito e Engenharia Civil, pós-graduado em Economia. É diretor da Câmara de Arbitragem Empresarial Brasil – CAMARB e sócio de Gilberto José Vaz Advogados e Gilberto José Vaz Engenheiros Associados Ltda.
Bacharel e mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Advogado e sócio de Gilberto José Vaz Advogados.
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Bom exemplo - Maurício Angelo