N.16
JANEIRO . FEVEREIRO . MARÇO 2013
TRIMESTRAL . EDIÇÃO GRATUITA
Tema de Capa
AGRICULTURA
Base da Economia e
da Alimentação p.5
Entrevista
Presidente da Cooperativa
Agrícola “A Lavoura” do Concelho
de Paços de Ferreira p.12
Destaques
> 38.º Aniversário da Cooperativa
Agrícola “A Lavoura” do Concelho
de Paços de Ferreira p.24
> Feira Anual da Trofa 2013 p.26
ORIGENS E FUTURO
AGROS - União de Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.
Lugar de Cassapos, Argivai . 4490 Póvoa de Varzim . TEL 00351 252 241 000
www.agros.pt
Editorial
CRIAR VALOR EM TEMPOS DE MUDANÇA
Uma realidade a implementar no Grupo AGROS
O
setor agroalimentar tem demonstrado uma crescente importância no rumo da
nossa economia. Qualquer negócio começa a montante da atividade comercial,
ou seja, inicia-se quando o ciclo da mercadoria, produto, ou serviço, volta a entrar
no circuito produtivo. Assim, para se entender na perfeição onde se poderá atuar
no sentido de obter maiores eficiências económicas, sociais e ambientais, torna-se
necessário esmiuçar como se compõe determinada fileira. No caso concreto do leite,
e no ponto da cadeia de valor que nos diz respeito – a produção de matéria-prima –, o
seu modelo de desenvolvimento, assentou, durante algumas décadas, essencialmente
em margens confortáveis entre os custos totais e os preços de venda. Esta situação só
foi possível devido a dois fatores: estabilidade de preços das matérias-primas (cereais,
petróleo, eletricidade, e mercados de transação de capitais) e a procura (capacidade
de compra, níveis de rendimento, confiança no consumo e investimento, público e
privado). Neste momento, o contexto, como bem sabemos e sentimos nas nossas
explorações, é outro.
Quanto à alimentação, o caminho lógico a seguir, passará por perceber onde se poderá
obter ganhos de eficiência, não só na ingestão por vaca, mas na lógica e disciplina de
gestão económica da exploração agrícola, que permitam identificar os desperdícios.
Não obstante, por si só, aquela medida não será suficiente para minimizar os impactos
negativos que a nossa atividade tem vindo a sofrer. Temos, devemos, e é possível
ir muito mais longe. Quanto à atuação empresarial do grupo AGROS, estaremos
em condições de iniciar um caminho (algumas empresas já iniciaram), que permita
vislumbrar outro rumo. Na realidade, estamos preparados para avançar no caminho
da integração, e, se possível, sincronização (produtiva, logística, de informação, de
marketing e ao nível dos recursos humanos), com destaque para a alimentação animal,
mas igualmente, nos herbicidas, fertilizantes, e outras matérias-primas.
Estou absolutamente convicto de que, quer a AGROS, quer os Produtores e as
Cooperativas, só teremos a ganhar em desenvolver este desafio. Isto porque, fomos
nós, que, juntos, conseguimos alcançar a liderança Nacional na recolha e qualidade
de leite. Apenas teremos que ter a arte e o engenho de abdicar do particular em prol
do conjunto, repondo alguma ordem no negócio dos fatores de produção. Essa ordem
permitir-nos-á encarar a atividade produtiva com o otimismo de outrora, contudo, um
otimismo adaptado à realidade atual. Por fim, e como mensagem de reflexão, gostaria
também de vos dizer, que, mesmo o Setor Cooperativo, necessitará de repensar o seu
atual modelo, quanto à base e conceitos de gestão empresarial e, essencialmente, de
filosofia de marketing. Os modelos que sustentam a atividade empresarial terão de
se ajustar, caso contrário, andaremos a duas velocidades. Ora, duas velocidades, são
contrárias ao conjunto, e favorecem o individual, o que, a meu ver, nem sequer respeita
um dos princípios do Cooperativismo. Felizmente são muitas as Cooperativas Agrícolas
que partilham desta visão e não esqueçamos que há, também, alguns bons exemplos
de integração empresarial no setor Cooperativo. Se internamente não somos capazes
de dar o passo da integração nos fatores de produção, por inoperância empresarial,
o que manifestamente não acredito, dado ser um impedimento sem lógica, pelo
menos, tenhamos capacidade de olhar para o lado … !
VÍTOR MAIA
Diretor da Agros, U.C.R.L.
“Estou absolutamente convicto
de que, quer a AGROS, quer os
Produtores e as Cooperativas, só
teremos a ganhar em desenvolver
este desafio. Isto porque, fomos nós,
que, juntos, conseguimos alcançar
a liderança Nacional na recolha e
qualidade de leite.”
REVISTA AGROS Nº16 . 3
Índice
Ficha Técnica
PROPRIEDADE E EDITORA
AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e
Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.
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Tel. 252 241 000 - Fax. 252 241 009
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DIRETOR
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PRODUÇÃO E COORDENAÇÃO
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Lugar de Cassapos
4490-000 Argivai PVZ
N.º DE CONTRIBUINTE
500291950
DEPÓSITO LEGAL
295758/09
ISSN
1647-3264
REGISTO NA ERC
125612
DESIGN E COMPOSIÇÃO GRÁFICA
Boaventura Matos
IMPRESSÃO GRÁFICA
Minerva Artes Gráficas
Alberto Santos & Filhos, Lda.
Av.ª Alexandre Herculano, n.º275
4480-878 Vila do Conde
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TIRAGEM
2500 exemplares
PERIODICIDADE
Trimestral
FOTOS
Agros UCRL; iStockPhoto; Shutterstock
Os textos publicados nesta edição são da responsabilidade
dos respetivos subscritores.
3 EDITORIAL
> Criar Valor em tempos de mudança:
Uma realidade a implementar no Grupo Agros
5 Tema de Capa
> Setor agroalimentar: Paradoxalmente a verdadeira economia.
> Leite: Um alimento muito próximo da perfeição.
8 Análise
> Setor leiteiro: Pistas para a internacionalização.
12 A Agros em...
> Entrevista ao Presidente da Cooperativa Agrícola “A Lavoura” do
Concelho de Paços de Ferreira
> Exploração Manuel António Santos Coelho
> Descobrir Paços de Ferreira
18 Produzir
> Leite de Qualidade
22 Divulgação
> UCANORTE XXI
24 Destaque
> 38.º Aniversário da Cooperativa Agrícola “A Lavoura” do Concelho
de Paços de Ferreira.
> Feira Anual da Trofa 2013
28 Divulgação
> Agros Comercial
30 Destaque
> Sociedade Agromancelos distinguida pela Associação Empresarial
de Vila Meã
Tema de Capa
Setor Agroalimentar:
paradoxalmente a
verdadeira economia
RUI ROSA DIAS
Professor do IPAM, especialista em Marketing Agroalimentar
A
gora que os grandes meios de comunicação
alertam para a importância do setor agroalimentar, maioritariamente, com base no
desempenho económico que tem demonstrado em
contexto de crise económica, fruto do crescimento
das exportações e da dinâmica comercial e de marketing que começa a emergir, o nosso País, parece que
acordou para a produção agrícola. Contudo, estimular
a produção de qualquer bem alimentar, porque há
somente um deficit de determinada matéria-prima e
acesso ao investimento, parece-me um erro crasso.
Estimular e apoiar o investimento agroalimentar,
apenas porque uma das duas variáveis do contexto
macro económico – acesso e disponibilidade aos
mecanismos de financiamento e pseudo atratividade
do setor agroalimentar, poderão constituir outro
erro, cuja fatura, sei de antemão, alguém a irá pagar
no decorrer da próxima década. E esse alguém esperemos que não venha a ser o produtor. Continua a
imperar o individualismo.
Como exemplo, temos vários subsetores da Agricultura. Porém, o destaque recai nos pequenos
frutos silvestres. Assiste-se, sem qualquer exagero,
a uma febre de projetos, e a um crescente interesse
em aumentar a oferta. A este respeito, a questão
a colocar passa por perceber para que níveis de
produção os responsáveis desta dinâmica, estão a
projetar? E, já agora, como se organizará a cadeia
de valor? Onde está a estratégia de base a toda esta
intensidade de projetos de oferta? Quem leu os sinais
da atratividade deste segmento? Qual será o ciclo de
vida da oferta e da procura? Enfim, tantas e tantas
questões… cujas respostas, constata-se à posteriori,
não existir. Continuamos a assistir e a verificar que o
principal drive na aprovação/reprovação dos projetos
de investimento, é a VAL (Valor Acrescentado Líquido)
e o ROI (Retorno do investimento). Neste, como em
muitos outros casos, o que mais interessa é o retorno
do investimento. O empresário agrícola, que foi estimulado a investir, quando se vê com a produção nas
mãos, terá tendência a cometer erros cruciais: lutar
por preço, evidenciando, desde logo, falta de rigor e
de estratégia. Não se pode desvirtuar a estratégia só
porque se imagina que se percebe que a definição do
mix operacional do marketing, se resume à variável
preço. Outro erro crasso.
REVISTA AGROS Nº16 . 5
Tema de Capa
Não existe ainda cultura de marketing estratégico na
análise dos projetos e, em grande medida, na Agricultura Nacional. O que há, e revela-se de ano para
ano absolutamente insuficiente, é alguma cultura
de marketing operacional, principalmente, detida
nas mãos de quem tem o enfoque empresarial, na
produção e nas finanças. E o mercado, o consumo e as
tendências? A boa notícia é que todos nós sabemos,
que as modas são passageiras e que representam
ciclos. Não é admissível que se continue a aceitar nos
planos e formulários dos projetos de investimento,
análises swot, descrição de mercados de destino,
estratégias de preços, comuns, pois, fazem-se autênticas cópias de projeto para projeto. Pior do que
tudo isto, é a total ausência de rigor na obtenção
das declarações de quem serão os compradores
da matéria-prima, dado que, por um lado, muitas
vezes são os mesmos players que afirmam, sob
compromisso, comprar as quantidades produzidas,
e, por outro, porque é uma declaração sem qualquer
fundamento de mercado e de estratégia. Será este o
caminho? Como poderá um avaliador de um projeto
de investimento conhecer o feeling do empresário se
não o conhece? Conhece-o através do anexo do seu
Curriculum Vitae? Como poderá avaliar um projeto
6 . REVISTA AGROS Nº16
alguém que nunca foi empresário, e que nada sabe
sobre marketing estratégico e operacional? Como
poderá aprovar e/ou reprovar um projeto, se não há
objetividade, coerência e equilíbrio na realização dos
projetos. Como pode um avaliador de um projeto
avaliá-lo e emitir um parecer, se invariavelmente a
única fórmula de cálculo de preço, variável intimamente relacionada com a VAL e o ROI, que poderá
conhecer, é a que ressalta do conjunto dos custos
fixos e variáveis? Que conhece de concorrência e de
predisposição a pagar? Onde está a avaliação e categorização dos projetos em função daquilo em que se
diferenciam um dos outros? Ou serão mesmo todos,
todos, iguais? Será que os projetos e planos de negócios são só VAL e ROI?
A rigidez com que tudo isto se avalia, e decide, num
sentido unidirecional, é absolutamente limitador a
que um empresário agrícola possa ter confiança no
futuro. Há exceções? Sim, há. Mas, para meu receio
e certeza, apenas, confirmam a regra. Haverá uma
luz no fundo do túnel? Pelo que tenho visto neste
segmento dos pequenos frutos, pode ser que venha
a aparecer, mas, para já, a que existe, tem apontado
no sentido errado. O tempo passa, e os ajustamentos
tardam a surgir.
LEITE:
Um alimento muito
próximo da perfeição
SARA LOPES
Nutricionista pela Faculdade de Ciências da Nutrição e
Alimentação da Universidade do Porto
Escrito segundo o antigo acordo ortográfico.
E
m pleno século XXI, o Homem encontra-se geneticamente próximo do
seu semelhante no Paleolítico, no entanto, vive profundas alterações
alimentares que culminam nas designadas “doenças da civilização”.
Das evoluções genéticas mais interessantes em nutrição, do género Homo, a
manutenção da capacidade de digerir lactose depois do desmame e ao longo
da vida, merece um lugar de destaque.
A lactose é o principal hidrato de carbono do leite e para que possa ser
utilizada pelo organismo, terá de ser digerido pela lactase, uma enzima
produzida no intestino, sendo que apenas 20% a 30% da população mundial
apresenta níveis elevados desta enzima.
A maior ou menor predisposição de algumas populações para reter a capacidade de digerir a lactose, pode ter origem longínqua apoiada na tradição da
criação de animais com apetência para produção de leite, contribuindo,desta
forma, com alguma pressão selectiva ao dar vantagem a adultos, que tinham
capacidade para digerir os lácteos.
Esta capacidade permitiu-lhes, assim, ficar em vantagem nutricional e de
sobrevivência, relativamente aos adultos que não tinham essa capacidade.
Podemos observar que em países sem tradição de criação animais para
produção de leite, como a China ou a África tropical, poucos adultos têm a
capacidade de digerir a lactose.
Sendo o Homem, de forma espontânea, o único animal que se alimenta de
leite após o desmame, este hábito único tem suscitado bastante controvérsia, no que diz respeito ao valor alimentar e nutricional do leite e seus
derivados.
No entanto, a versão mais recente da Pirâmide Alimentar norte-americana
inclui os lacticínios, bem como a Nova Roda dos Alimentos portuguesa, que
prevê o consumo de duas a três porções de lacticínios por dia.
Vários estudos têm demonstrado os efeitos benéficos dos produtos à base da
fermentação do leite; sendo que o cálcio e os produtos lácteos têm sido referidos por ter um “efeito anti-obesidade”, mesmo sem restrição da ingestão
energética.
Os mecanismos que poderão explicar este efeito são bastante complexos,
podendo incluir: a acção do cálcio proveniente dos alimentos na produção
de certas hormonas, e no metabolismo dos adipócitos, entre outros.
A saúde óssea é a mais beneficiada com o consumo de lacticínios, sendo que
o consumo regular de lacticínios, devido ao elevado teor de cálcio, ajuda,
comprovadamente, a minimizar problemas, existindo de forma complementar, a necessidade de um aporte adequado de vitamina D.
Desta forma, o leite enriquecido em vitamina D, poderá passar a ser uma boa
solução no combate a doenças ósseas, como a osteoporose.
Para os cerca de 30% da população que não sofrem de intolerância à lactose,
evitar os lacticínios com base no argumento de que o Homem não está
”preparado” para os ingerir após o desmame, é um argumento que actualmente, não tem validade científica.
Sendo a capacidade de integrar equilibradamente na alimentação, todos os
alimentos, é uma opção mais razoável.
Em suma, e citando uma conclusão ainda viva de Hipócrates: "o leite é um
alimento muito próximo da perfeição".
REVISTA AGROS Nº16 . 7
Análise
SETOR LEITEIRO:
PISTAS PARA A
INTERNACIONALIZAÇÃO
PEDRO PIMENTEL
Diretor-Geral da ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios
O
setor lácteo português apresenta uma taxa de
autoaprovisionamento que ronda os 106%, é
diariamente confrontado com uma concentração excessiva na área de comercialização e uma
desregulação do poder negocial face aos clientes; tem
de se debater com o peso crescente das Marcas da
Distribuição (que é o principal foco de importação);
não tem como contornar a excessiva maturidade do
mercado, com a sua estagnação e com a perda de
valor do consumo.
Pelas razões acima indicadas, existe a necessidade de
escoar e valorizar anualmente no mercado externo,
sob os mais diversos formatos, aproximadamente 15%
da produção leiteira portuguesa, ou, se quisermos,
entre 250 e 300 milhões de litros de leite por ano, o
que nos leva a concluir que a internacionalização e,
mais especificamente, a exportação, são, hoje em dia,
um imperativo da fileira do leite nacional.
Mas se assim é, não deveríamos já estar bastante
adiantados no que respeita à tentativa de conquista
8 . REVISTA AGROS Nº16
do mercado externo? Ou existem justificações para
uma internacionalização tardia? Convém recordar que
Portugal apenas atingiu a autossuficiência produtiva
em meados da década de 1990, e que o desenvolvimento da produção, bem como o processamento
industrial, acompanhou a evolução do consumo, induzida pelo desenvolvimento da moderna distribuição.
Este enquadramento empurrou o setor para o fabrico
dos produtos ditos de grande consumo, e, muito em
especial, do leite embalado, iogurte e queijo, este
último, nos formatos mais aceites pelo mercado
nacional.
Por outro lado, a exportação de muitos produtos
lácteos, em especial dos chamados produtos industriais (manteiga, leite e soro em pó), em razão da
dimensão das empresas (e dos correspondentes
volumes de produção) e da sua menor especialização
relativamente a estes produtos, foi – tradicionalmente
– deixada nas mãos de traders nacionais e estrangeiros. Igualmente, a saída de volumes consideráveis
de matéria-prima (a granel) para Espanha, limitou os
volumes disponíveis para um esforço de internacionalização mais coerente e sustentado.
Outrossim, a insularidade das produções açorianas,
gera um efeito “dois países”, no ataque aos mercados
de exportação, limitando a massa crítica para o
esforço de internacionalização. Não pode ainda ser
esquecido, o significativo desconhecimento das especificidades dos produtos lácteos portugueses, em
especial, dos seus queijos, cujos mais conceituados,
são fabricados a partir de leite de pequenos ruminantes (ovelha, cabra) e com produções de muito
reduzido volume.
250 a 300 Milhões Lts
Disponíveis para Exportação
15 %
da Produção Nacional
LER A BALANÇA COMERCIAL
Analisando de forma sintética a Balança Comercial
deste setor, constatamos que o seu deficit, apesar
de estabilizado nos dois últimos anos, ronda os 190
milhões de euros. Este valor deriva, não do diferencial de volumes transacionados, mas, especialmente,
REVISTA AGROS Nº16 . 9
Análise
Leite
225 Milhões Lts
Exportação para Espanha
90 %
da Produção Nacional
120 Milhões Lts
Importados de Espanha
72 %
do leite importado
47
Milhões Lts
Importados de França,
Alemanha e Polónia
10 . REVISTA AGROS Nº16
do diferencial de valor entre os
produtos importados e os que são
colocados no mercado externo. As
saídas assentam em leite líquido
(a granel e embalado), manteiga e
soro em pó, enquanto as entradas
se referem, concretamente, a
iogurtes/leites fermentados e a
queijos. Os volumes e valores de
importações e exportações relativos a leite em pó equivalem-se.
Mais de 90% das exportações (225
milhões de litros) de leite líquido
são dirigidas para Espanha, mas,
destas, aproximadamente 150
milhões de litros são vendidos
como leite a granel, em cisterna.
Em sentido inverso, 72% do leite
importado (120 milhões de litros)
provém de Espanha, mas apenas
25 milhões de litros entram a
granel. De França, da Alemanha
e da Polónia “chegam”, grosso
modo, 47 milhões de litros. As
exportações de leite em pó, de
manteiga e de soro em pó (todas,
em volume e valor, superior às
importações) têm como destinos
principais a Espanha (mas apenas
em 38%), a França, a Holanda,
a Bélgica e a Itália. Considera-se
pertinente salientar que, muitas
das exportações feitas para outros
continentes, são expedidas a partir
desses países.
A balança comercial, no caso dos
iogurtes e leites fermentados, é
altamente negativa (126 milhões
de euros e 118 mil toneladas). É
consequência da produção externa
de algumas marcas comerciais
mais tradicionais, adicionada ao
forte peso da importação no aprovisionamento das Marcas da Distribuição (que valem já mais de 40%
do mercado). Espanha é o principal
mercado de origem (67 mil toneladas), mas a França, a Alemanha
e a Polónia, também assumem
posição de algum destaque.
Finalmente, no caso do queijo, a
balança comercial é igualmente
muito negativa (27 mil toneladas
e 112 milhões de euros). Aqui, o
principal foco de importação, para
lá de algumas marcas brancas,
refere-se ao aprovisionamento
do chamado canal Horeca, bem
como das empresas de Food
Service e outras empresas do
sector alimentar. Uma vez mais, a
Espanha lidera como origem das
importações (quase 40%), mas a
Alemanha, a França, a Holanda, a
Polónia e o Reino Unido, também apresentam valores
consideráveis.
SUBSTITUIR IMPORTAÇÕES, AUMENTAR EXPORTAÇÕES
Atualmente, a capacidade industrial instalada para a
generalidade dos produtos lácteos (mesmo no caso
do fabrico de queijo) é superavitária, sendo o caso do
iogurte a única exceção, por causa da incapacidade
efetiva de abastecimento total do mercado nacional
a partir das unidades industriais instaladas em
Portugal. Apesar disso, existe nas fábricas de iogurte
nacionais, capacidade ociosa, ou seja, não totalmente
tomada, por força do ‘condicionamento comercial’
de acesso ao mercado de algumas marcas nacionais
e o domínio absoluto do fornecimento do crescente
mercado das marcas brancas por empresas estrangeiras.
No caso do queijo, existe alguma incapacidade de
adaptação da oferta nacional à procura (em preço,
mas também em especificidade) própria dos canais
Horeca, Food Service e de alguns segmentos da indústria alimentar. Alguns tipos de queijo com utilização
significativa naqueles canais – mozzarella, cheddar,...
– não são produzidos em Portugal, essencialmente,
por razões de escala produtiva.
Para atacar estas dificuldades, uma primeira pista
passaria por uma melhor identificação da origem
dos produtos, muito especialmente no caso das
Marcas de Distribuidor, a qual tenderia a beneficiar as
empresas fornecedoras nacionais e a promover uma
ampla substituição de importações, permitindo uma
melhor utilização da capacidade instalada em território português. Uma outra, relativa ao segmento do
queijo, passaria por desenvolver linhas de produção
competitivas e mais adequadas aos canais de Food
Service e de hotelaria, cafetaria e restauração, assim
como uma pressão para uma melhor identificação
dos produtos utilizados, o que faria com que o preço
não fosse, praticamente, o único fator de escolha.
A exportação de produtos lácteos frescos, com
períodos de prateleira curtos (casos dos iogurtes,
leites fermentados, leites pasteurizados, queijo
fresco,...), fica limitada por imperativos logísticos e
pela excentricidade geográfica do território nacional.
Ainda assim, existem alguns exemplos bem sucedidos
como a produção em Portugal de produtos ultrafrescos para Espanha ou Bélgica, bem como exportações relevantes (6 + 3 milhões de euros) para Angola
e Cabo Verde.
No caso do Leite UHT, apesar da sua ‘comoditização’,
a exportação, seja para mercados de proximidade,
com Espanha à cabeça, seja para mercados mais
longínquos (Norte de África, Golfo Pérsico e Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa – PALOP’s )
é interessante e viável. As exportações para países
terceiros atingiram 14,5 milhões de euros em 2010
(com, Angola e Cabo Verde à cabeça, com 7 e 2,5
milhões de euros).
As exportações de manteiga, leite em pó e soro em
pó são muito condicionadas pelas opções, em termos
de mix, em relação ao fabrico dos produtos essenciais
do setor (leite líquido, iogurtes e leites fermentados,
queijo) e pela volatilidade das respetivas cotações
de mercado. Todavia, são produtos com espaço em
mercados interessantes como os do Norte de África,
Golfo Pérsico e PALOP’s. No caso do soro em pó, a
indústria dos alimentos compostos para animais é um
dos principais clientes.
Num outro contexto, as exportações de queijos são
muito diversificadas, seja em relação à tipologia de
produtos colocados nos mercados externos, seja em
relação aos mercados de destino. Contrariamente
aos outros produtos, as exportações para países
terceiros valem mais de 60% do total exportado, com
Angola, mais uma vez, à cabeça (quase 10 milhões de
euros), mas também para diversos mercados onde
a presença de imigração portuguesa é importante
(Estados Unidos da América, Canadá, Venezuela e
África do Sul).
LINHAS BÁSICAS DE ESTRATÉGIA E FERRAMENTAS
PARA A OPERACIONALIZAÇÃO
Há pois que começar por escolher os mercados prioritários, com os PALOP’s, os países do Norte de África
Mediterrânico e do Golfo Pérsico na primeira linha.
Estratégica é, igualmente, a definição de quais os
produtos mais relevantes para os mercados de exportação, com saliência para o queijo, para o leite UHT
e para os produtos lácteos industriais (leite em pó,
manteiga, soro em pó).
Outro aspeto essencial, passa por aumentar o valor
acrescentado dos produtos exportados. Neste caso, o
primeiro objetivo é a redução dos volumes exportados
de leite a granel e a sua compensação com o incremento das saídas de produtos transformados.
É conhecido o deficit estrutural da fileira do leite espanhola – o país vizinho não produz mais do que 70% do
leite necessário para abastecer o seu próprio mercado
de consumo. Esta situação deve ser potenciada e
aproveitada, quer pelo desenvolvimento de parcerias
com empresas daquele país, seja através do aprofundamento das relações comerciais com as principais
cadeias de retalho a operar no mercado espanhol.
Considerando a opção Norte de África e Médio
Oriente como mercados de elevado interesse, que
conjugam aptidão de consumo, incapacidade de
autoaprovisionamento e capacidade económica de
aquisição, as empresas nacionais interessadas em
apostar nesses países não podem deixar de investir
na certificação Halal, incontornável para a exportação
para os mercados muçulmanos. Para esses mercados,
e para os dos PALOPs, as empresas nacionais deverão
apostar na exportação dos produtos que fabricam
e no desenvolvimento de produtos adequados às
exigências de consumidores e cadeia comercial desses
países, de que podem ser exemplos os leites fermentados de longa duração, alguns queijos de vaca diferenciados, os queijos fundidos, ou as bebidas lácteas.
A aposta no reforço das exportações dos chamados
produtos lácteos industriais deverá implicar uma
melhor estruturação da respetiva comercialização,
sendo de equacionar a criação de um marketing
board, a exemplo do que existe em vários países do
Norte da Europa, aglutinando volumes, especializando a comercialização, desenvolvendo ações de
marketing e promoção, direcionados para os clientes
destes produtos, em regra, bastante distintos dos
clientes dos produtos ditos de
grande consumo.
Finalmente, deve ser utilizada
a nossa gastronomia e o nosso
turismo, insistindo na integração
dos produtos lácteos na ‘nova’ e
‘velha’ cozinha nacional, assim
como na presença dos melhores
produtos lácteos portugueses nos
nossos melhores restaurantes e
unidades hoteleiras
A nível de ferramentas operacionais, e para além dos instrumentos
mais óbvios – contratação de
jovens técnicos vocacionados para
a exportação, realização de estudos
de reconhecimento dos mercados
potenciais, participação em feiras
e outras ações de mercado ou o
apoio à elaboração de materiais de
apoio ao processo de exportação –
a aposta pode passar por algumas
ferramentas mais específicas.
Assim, e no curto prazo, sugere-se, por exemplo, a compilação de
informação técnico-administrativa
de apoio à exportação: elaboração
de dossiers país-a-país, o desenvolvimento das démarches diplomáticas que conduzam à remoção
de barreiras não alfandegárias
em países de destino (EUA, Brasil,
Rússia, Angola, entre outros), a
criação de uma marca coletiva para
os Queijos Portugueses, o apoio à
criação de mecanismos de certificação para mercados externos
(Halal, Kosher, BRC,...) e, porque
não, o envolvimento de empresas
de trading nacionais na definição
de estratégia de internacionalização.
A médio e a longo prazo, a aposta
poderá passar pelo desenvolvimento de uma campanha sustentada, direcionada para o mercado
espanhol, pela integração os
de produtos lácteos na oferta
alimentar nacional (com ações
multissetoriais e maridagens específicas, por exemplo), e pela coordenação e campanhas com ações
no setor do turismo e da restauração. Mas podem ser também ser
criadas orientações para os investimentos do Quadro Comunitário
de Apoio V, com apoios dirigidos
a linhas de produção vocacionadas
para o mercado externo ou o
apoio a programas de investigação
com forte vertente-produto, que
permitam, o desenvolvimento de
queijos e outros produtos lácteos
de identidade portuguesa.
Mercados Prioritários
PALOP’s,
Norte de África
Mediterrânico e
Golfo Pérsico
Aposta em produtos
adequados às exigências
dos respetivos mercados
REVISTA AGROS Nº16 . 11
A Agros em...
“A LAVOURA” DO CONCELHO
DE PAÇOS DE FERREIRA, C.R.L.
17 Fev. 1975
Instituida em
27 Fev. 1951
Cooperativa Agrícola dos Produtores de
Leite de Paços de Ferreira
Associada da Agros
18
3.384.683,81
Colaboradores
Volume de negócios (Euros)
1620
Associados
3.417.008,72
Total de proveitos (Euros)
1
FILIPE SILVA
ARQUIVO AGROS, U.C.R.L.
Atualmente, como caracteriza a “vida agrícola” na área social da vossa Organização?
Posso dizer-lhe que sofremos dos mesmos problemas do resto da região e do País.
No caso específico dos Produtores de leite, estamos a sentir algumas dificuldades,
inerentes aos sucessivos aumentos dos fatores de produção, nomeadamente
das rações, e da não subida do preço do leite. Esperemos que a curto prazo estas
dificuldades possam ser minimizadas.
Quantas secções existem na vossa Cooperativa. O que vos levou a criá-las?
Neste momento quatro: Leiteira – para a compra de leite aos nossos Associados e
posterior entrega à Agros; OPP/ADS – relacionada com a Sanidade Animal; Posto de
Venda – por via do qual procuramos facultar os produtos ao mais baixo preço aos
nossos clientes; Compra e Venda – compra de fatores de produção e de produtos
agrícolas produzidos pelos nossos associados. Disponibilizamo-lhes, também, gratuitamente, um Gabinete de Contabilidade, desde que eles se comprometam a fazer as
suas compras na Cooperativa.
12 . REVISTA AGROS Nº16
2
1.
1. Edifício da Cooperativa
2. Direção da Cooperativa. Da esquerda para direita:
Paula Neto, Idalino Leão, e António Gomes.
Neste momento, na região do Vale do Sousa a produção de
leite não está entre as mais proeminentes. No seu entender a
que se deve esta realidade?
No que toca ao concelho de Paços de Ferreira, estamos em
contraciclo, pois temos vindo a produzir cada vez mais. Na
região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, somos a Cooperativa
que mais leite entrega à Agros. Por outro lado, temos uma
faixa etária bastante jovem de Produtores. Embora estes sejam
em menor número do que há vinte anos atrás, produzimos
muito mais leite do que então, e estou convicto de que assim
continuaremos. Efetivamente, a nível regional, essa produção
tem decrescido. Associo esse declínio a outras áreas de
investimento, particularmente, ao kiwi e à vinha.
É Presidente desta Organização desde fevereiro de 2012. O
que preconiza fazer futuramente?
Antes de mais, quero elogiar o trabalho realizado pelas
anteriores direções desta Instituição. Quando tomámos posse,
tínhamos algumas preocupações, umas mais prementes,
outras, para serem tomadas com mais tempo. Queremos tornar
esta “Casa” autossustentável, a médio e longo prazo. Nesse
sentido, estamos a tentar criar um conjunto de “âncoras”
de desenvolvimento. A este respeito, quero salientar que a
incorporação de um Balcão da Caixa de Crédito Agrícola no
edifício da Cooperativa servirá para cumprirmos esse objetivo.
Pretendemos, igualmente, ter um armazém com mais e
melhores produtos. A nível de serviços, desejamos fazer alguns
investimentos no campo da Formação Profissional. Neste
âmbito, a CONFAGRI poderá ter um papel muito importante
neste nosso propósito.
Desde o ano de 1951 que esta Instituição está ligada à Agros,
U.C.R.L.. Considera profícua esta união?
Sem dúvida, e temos muito orgulho nela. A Agros foi, é, e será,
um bastião da Agricultura a nível Nacional e Regional. Estou
convicto de que os nossos Agricultores sentem esse mesmo
orgulho de estarem ligados a uma Organização como a nossa
União de Cooperativas, que é o garante do escoamento do leite
por eles produzido.
Como analisa a situação do Setor Cooperativo em Portugal?
Um momento de viragem para melhor. Repare que não foi
ocasional, 2012, ter sido consagrado o Ano Internacional das
Cooperativas. Os seus valores devem ser praticados por outros
setores de atividade da nossa sociedade. Se assim for, todos
temos a ganhar. É muito importante lembrar que o Norte é o
“Coração do Cooperativismo”. Aliás, os resultados apresentados
pelas Cooperativas do Entre Douro e Minho são um exemplo
de trabalho na sua região. O Setor leiteiro, sem um Movimento
Cooperativo forte, não teria tido os resultados que apresentou.
Fomos e somos tidos como exemplo da Agricultura Nacional.
As fileiras do Vinho e do Azeite estão a seguir esse mesmo
caminho, e os resultados estão à vista.
O que espera da Nova PAC?
Tenho muito receio. O que está em cima da mesa não tem em
conta as necessidades do País e da Região. Este documento foi
redigido de, e para os países do Norte e Centro da Europa, logo,
atendeu, claramente, aos seus interesses. Em razão do que foi
dito anteriormente, apelo aos Governantes do nosso País e à
CONFAGRI que defendam a Agricultura Nacional, em especial, a
da nossa circunscrição geográfica. Se a Nova PAC for aprovada,
vamos todos sofrer muito, em especial, os Homens da Terra do
Norte de Portugal.
No seu entender, o que acarretará o fim das quotas leiteiras
em 2015?
Essa situação é tida como certa, logo, avizinham-se problemas
acrescidos para o Setor. Tem-se dito que os contratos poderão
vir a substituir este mecanismo de regulação de mercado,
mas, com toda a certeza, não surtirão o mesmo efeito. Os
Países como Portugal, e as Regiões como o Entre Douro e
Minho, ficarão mais desprotegidos. Todos os intervenientes –
Produtores, Organizações, Empresas, Distribuição e o MAMAOT
– devem unir esforços para encontrar uma solução que garanta
o escoamento do produto a um preço justo.
Todas estas vicissitudes, não serão um entrave para o
aparecimento de Jovens Agricultores?
A vida agrícola nunca foi fácil, nem nunca o será. Mas ser
Agricultor é mais do que uma profissão. É uma forma de estar
na vida. Obviamente que, todas estas situações faladas, em
nada ajudam aqueles que se dedicam a esta atividade. Mas
estou convencido que com perseverança e apelando ao espírito
Cooperativo de todos nós, Homens da Terra, conseguiremos
minorar todos estes impactos e tornar esta atividade mais
atrativa e rentável para todos aqueles que dela dependem.
No passado dia 15 de fevereiro, a vossa Instituição
comemorou o seu 38.º Aniversário. O que lhe apraz transmitir
aos vossos associados.
Sobretudo, passar-lhes uma mensagem de confiança,
cooperação e partilha. Considero que uma das mais-valias desta
Direção é que somos todos Agricultores, logo, sentimos na
pele as dificuldades que afetam o Setor. Neste contexto, posso
dizer-lhe que trabalharemos afincadamente para acautelar
os interesses dos nossos Associados. A existência de uma
Cooperativa Agrícola só faz sentido se for para estar ao serviço
dos Agricultores, caso contrário, a sua existência não tem
razão de ser. Assim foi ao longo de todos estes anos e assim
continuará, certamente, a ser no futuro.
REVISTA AGROS Nº16 . 13
A Agros em...
Exploração
Manuel António Santos Coelho
Soc. Agrí. BHD57
Naturalidade/Residência
Sanfins de Ferreira (Paços de Ferreira)
Formação
– 6.º Ano de escolaridade;
– curso de Práticas Administrativas;
– curso de Higiene e Segurança no Trabalho;
– curso de Fitofármacos ;
– curso de Jovem Empresário Agrícola.
FILIPE SILVA
ARQUIVO AGROS, U.C.R.L.
Objetivos futuros:
– aumentar o efetivo;
– produzir leite com mais e melhor qualidade;
– garantir um cada vez melhor bem-estar animal.
Quota Leiteira e Produção Média Mensal na
presente campanha (2012/2013)
Quota leiteira – 632.386 Kg.
Produção média mensal – 47.000 Lt.
Experiência profissional
– adquirida na exploração.
A
ntes de se iniciar nas lides agrícolas, o Senhor
Manuel Coelho trabalhava na indústria têxtil. Por
essa altura, a sua progenitora, conjuntamente
com seu avô materno, tinham uma pequena
exploração com dezoito animais. Posteriormente,
em 1998, este agricultor decidiu dar seguimento a
este projeto. «Todavia, só “herdei” esses animais.
Tudo o resto foi construído de raiz e adaptado às
necessidades existentes. Num primeiro momento,
tive necessidade de comprar algumas vacas, tanto em
Portugal, como no estrangeiro. Foi assim que consegui
aumentar o efetivo. Mas, desde de há quatro anos a
esta parte, só temos animais nascidos neste espaço.»
De igual modo, foi enaltecido o trabalho desenvolvido
pela Cooperativa “ A Lavoura” do Concelho de Paços
de Ferreira. «Têm-nos ajudado muito. Inclusive,
neste momento, estamos a frequentar, nas suas
14 . REVISTA AGROS Nº16
instalações, um curso relacionado com a Higiene
e Segurança. Quero, igualmente, realçar o labor
desenvolvido pelos técnicos do Departamento de
Produção de Leite da Agros. Estão sempre à nossa
disposição para solucionar qualquer problema ou
para me aconselharem.» Relativamente ao futuro, «é
óbvio que desejamos ampliar, quando for oportuno,
a área da exploração e apetrechá-la com outros
equipamentos. Porém, só o vamos fazer quando
considerarmos propício. O próximo investimento
será o aumento da ordenha, pois, neste momento,
demoramos muito tempo nessa tarefa. É lógico que
estou a pensar em tudo isto, tendo quase como
certeza, que, pelo menos, um dos meus dois filhos
– João Pedro (15 anos) e Diogo (8 anos) – levará por
diante esta atividade. Penso que o mais pequeno tem
mais apetência, apesar de ainda ser cedo para pensar
O concelho de Paços de Ferreira, em contraciclo com
o que acontece neste momento na região do Vale do
Sousa, está a aumentar a produção de leite. Para tal
desiderato, em muito tem contribuído o trabalho levado
a cabo pelos Associados da Cooperativa “ A Lavoura” do
Concelho de Paços de Ferreira”. O Senhor Manuel Coelho,
conjuntamente com sua esposa, D. Liliana Marques,
estão, obviamente, incluídos e envolvidos neste projeto
de projeção da Fileira. No entanto, cientes de que ainda
muito há por fazer, ao longo, destas duas últimas décadas,
têm vindo, de um modo sustentado e equilibrado, a
modernizar a sua exploração agrícola. O labor levado a
cabo por estes dois jovens Empresários Agrícolas deve ser
exemplo para outros, pois consideramos que a atividade
agrícola, muitas vezes, para além de ser o sustento para
muitas famílias, é, também, um modo de estar na vida.
RECURSOS HUMANOS
Nesta exploração laboram, em
permanência, duas pessoas: o
Senhor Manuel Coelho, que se
dedica, quase exclusivamente à
alimentação animal, e sua esposa,
D. Liliana Marques, mais ligada ao
trabalho da ordenha e limpeza.
Quando necessário, recorrem
a serviços prestados (pessoas e
maquinaria), nomeadamente para
lavrar os campos.
DESCRIÇÃO DO EFETIVO, DA ÁREA
OCUPADA PELA EXPLORAÇÃO, DOS
EQUIPAMENTOS E DAS MÁQUINAS
AGRÍCOLAS
O efetivo é composto,
aproximadamente, por cerca de
113 animais (62 adultas – 50 em
lactação; 12 secas; e 51 novilhas).
Possui uma área de 18 hectares
(todos eles alugados), divididos
para vários tipos de produções,
cultivando-se, no Outono/Inverno,
erva, e, na Primavera/Verão, milho.
Têm, entre outros, os seguintes
equipamentos: dois tratores,
uma cisterna, um Unifeed, e um
semeador.
nessa situação.» Relativamente ao futuro deste Setor,
este Empresário Agrícola vaticina que «a Agricultura
é das poucas áreas que pode ajudar o nosso País a
sair desta situação. Não obstante, isso só será possível
se produzirmos cada vez mais e melhor, para, assim,
vermos os nossos produtos reconhecidos.» Acerca do
tão propalado fim das quotas leiteiras e sobre a PAC
após 2015, o Senhor Manuel Coelho não tem dúvidas
de que, «em relação à primeira situação, poderemos
vir a sofrer as consequências dessa decisão, pois, em
Portugal, produzimos muito menos do que alguns
países, os quais, para escoar a sua produção, colocam
no mercado o leite a um preço baixo. Por essa razão,
tenho algum receio em relação ao futuro da fileira.
Quanto à PAC, penso que deve ser revista, sob pena
de vermos, novamente, os Estados do Sul da Europa
a serem prejudicados em relação aos do Norte. Como
MANEIO ALIMENTAR
Vacas leiteiras (silagem, palha
e migalha), secas (ração e
palha seca); novilhas (farinha
concentrada e rolos).
DADOS SANITÁRIOS
Possui o estatuto indemne para
a Peripneumonia contagiosa dos
bovinos, Tuberculose, Brucelose e
Leucose. Todos os animais estão
vacinados contra o BVD e o IBR, e
estamos inscritos no Programa da
Qualidade do Leite (SEGALAB).
tal, e mais do que nunca, o espírito Cooperativo deve
estar bem vincado e evidente. Contudo, só isso não
chega. É preciso que os dirigentes políticos pensem
em estratégias capazes de atenuar estas e outras
situações. Repare, o preço das rações sobem, assim
como o gasóleo, mas o leite não. Algo está mal. Se
os subsídios acabarem, a nossa vida ficará ainda
mais difícil. É urgente precaver esta eventualidade.
Devemos trabalhar cada vez mais e melhor e não
fazer grandes investimentos, uma vez que, os
próximos tempos, serão de incerteza.» Em relação
ao trabalho desenvolvido pela Agros, U.C.R.L. nesta
região, o nosso interlocutor enalteceu a sua atuação:
«Sempre que foi necessário, esteve do nosso lado.
Logo, devemos ser-lhe sempre gratos. Sem o seu
suporte, muitos de nós, certamente, já não seriamos
Produtores de leite.»
REVISTA AGROS Nº16 . 15
A Agros em...
1
Descobrir
Paços de
Ferreira
FILIPE SILVA
CAMÂRA MUNICIPAL DE PAÇOS DE FERREIRA
A
ocupação deste território,
localizado num planalto conhecido
por “ Chã de Ferreira”, remonta
a tempos imemoriais. Os melhores
vestígios deste passado ancestral são o
Dólmen de Lamoso e a Citânia de Sanfins
(século II a.C.), considerada uma das mais
importantes estações arqueológicas da
Proto-história do Noroeste Peninsular.
Próximo dela, podemos visitar o Museu
Arqueológico, instalado no Solar dos
Brandões, cujo espólio nos transporta até
essa era da História da Humanidade. Nos
séculos subsequentes, sucessivos povos
por aqui passaram, com especial ênfase
para os Romanos, cujas necrópoles, são o
testemunho vivo dessa fixação territorial.
No século XI, mais propriamente em
1258, a Vila de Ferreira já aparece
nas Inquirições como terra realenga.
Posteriormente, no século XVI (1514),
o rei D. Manuel I concede um Couto
dependente da antiga Vila de Ferreira.
Nessa época, tempos da fundação da
16 . REVISTA AGROS Nº16
5
nacionalidade, começou a florescer
uma sociedade hierarquizada, e,
como resultado dessa tipificação, a
divisão da propriedade segundo os
preceitos feudais. Corolário dessa
pujança económica e social, foi a
construção do majestático templo de
S. Pedro de Ferreira, incluída na Rota
do Românico do Vale do Sousa, e que,
à época, foi o eixo central na vida
desta Comunidade. Porém, por esta
altura e nos séculos subsequentes,
outras “peças” patrimoniais foram
adereçadas à paisagem: a Igreja de S.
Salvador; a Capela de S. Tiago; a Capela
de S. Francisco e Casa do Hospício,
em Freamunde; a Igreja Matriz de
Carvalhosa, cuja arquitetura a torna num
exemplo peculiar em Portugal (entre
outras características, pelo facto de o seu
interior estar dividido em duas amplas
naves exatamente iguais); o Pelourinho
de Paços de Ferreira; e o Cruzeiro dos
Templários. A escultura, azulejaria,
pintura e talha dourada, são, outrossim,
aspetos que realçam a religiosidade
deste povo. Por outro lado, os moinhos
e os palheiros mesclam-se entre os
1. Mosteiro de Ferreira
2. Citânia de Sanfins
3. Igreja de Carvalhosa
verdes campos e as ribeiras, conferindo à
paisagem uma ambiência bucólica.
Em 1836, após as reformas
administrativas encetadas por Mouzinho
da Silveira, com a anuência da Rainha
D. Maria II, Paços de Ferreira foi elevada
à categoria de concelho, e à de cidade,
em 1993. Todavia, a outrora vila rural,
ponteada por lugares e quintas, casas
graníticas e solares, símbolos de uma
velha e poderosa aristocracia, com o
passar dos anos, transformou-se numa
urbe moderna. Felizmente, algumas
reminiscências desses tempos ainda
subsistem: as antigas Escolas Primárias,
algumas casas antigas, como por
exemplo, a Quinta das Uveiras (século
XIX), a Casa da Torre (quinta da família de
D. Sílvia Cardoso – famosa benemérita
pacense – que contém uma capela
datada de 1898), e a Casa da Coquêda,
que tal como o nome o indica, tem traços
da arquitetura brasileira. Como feição
relevante dessa mesma ruralidade, até há
bem pouco tempo, no centro da cidade,
existia uma Estação Agrária, adstrita ao
Ministério da Agricultura, onde, entre
outras atividades, se efetuava a criação
de gado, produção de leite, cereais e
forragens. Existia aí, também, um espaço
para a confeção e venda do “Queijo de
Paços”. Em 2005, procedeu-se à sua
desativação, mas, recentemente, este
imóvel foi reaproveitado e inserido no
Parque Urbano, local, por excelência,
para a prática de atividades desportivas
e de lazer. Hoje em dia, a sua laboração
resume-se, apenas, à produção de
milho.
Paços de Ferreira assume o epiteto
de “capital do móvel”, em razão da
enorme quantidade de unidades
fabris que por aqui proliferam. Num
concelho com um elevado índice de
população jovem, mais da metade
dos seus habitantes trabalha no setor
secundário, mais especificamente,
no do mobiliário, estando, de igual
modo, disseminada por outras áreas
de atividade, nomeadamente, têxtil,
metalomecânica, alimentar, serração de
madeiras e transformação de granitos.
Mas, a agricultura continua a ser
muito importante para esta região, em
particular, a produção de leite, batata,
milho, produtos hortícolas e vinho.
4. Pelourinho
5. Parque Urbano (Antiga Agrária)
2
3
4
REVISTA AGROS Nº16 . 17
Produzir
Leite de
Qualidade
LEITE DE QUALIDADE
ISABEL SANTOS
Médica Veterinária da C.A.V.C.
ANA GOMES
Técnica Responsável do Projeto LeiteSaudável - C.A.V.C.
18 . REVISTA AGROS Nº16
LeiteSaudável foi um projeto, promovido em copromoção
entre a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde,CRL (C.A.V.C.), o
Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares
(I.C.E.T.A.) e a União das Cooperativas de Produtores de Leite
de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. (AGROS).
Com esta iniciativa levaram-se a cabo atividades de Investigação Industrial no sentido de adquirir novos conhecimentos
e capacidades no âmbito dos sistemas de produção de leite de
vaca, bem como desenvolver novos produtos para introduzir no
mercado.
Deste fizeram parte diferentes ações interligadas, tais como,
certificação das explorações, melhoria da qualidade do leite,
através da implementação de programas inovadores ao nível
da exploração, produção de leite com gordura mais saudável e
redução do impacto negativo das explorações no ambiente.
Atualmente, os produtores de leite enfrentam uma série de
problemas conjunturais que desvalorizam o seu produto no
tando riscos para a saúde pública.
A qualidade do leite é definida por parâmetros de composição,
microbiológicos, sanitários e químicos. Os teores de proteína,
gordura, lactose, sais minerais e vitaminas determinam a qualidade da composição, que, por sua vez, é influenciada pela
alimentação, maneio e genética do animal, entre outros fatores.
Os testes utilizados para avaliar os restantes parâmetros de
qualidade do leite constituem normas regulamentares, em
que são avaliadas, sobretudo, a contagem total de microrganismos, a pesquisa de microrganismos patogénicos, a contagem
de células somáticas, bem como a deteção de conservantes
químicos e de resíduos de antibióticos .
De facto, não é possível manter um efetivo leiteiro totalmente
livre de doenças, mas uma exploração controlada do ponto de
vista higio-sanitário tem melhores índices de produção, produz
leite de melhor qualidade e, consequentemente, torna-se mais
rentável.
IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE
DO LEITE
Num programa de qualidade do leite, a identificação de pontos
críticos de controlo, o estabelecimento de critérios de avaliação
e monitorização, a verificação constante desses pontos e a
recomendação de ações corretivas são os primeiros passos
para assegurar a higiene e a qualidade do produto à saída da
unidade de produção. Os indicadores fornecidos por empresas
de recolha de leite apontam para níveis muito elevados de
cumprimento, relativamente a parâmetros de saúde e de
higiene, até porque o pagamento do leite é realizado de acordo
com a qualidade da matéria-prima.
Assim, o custo associado à implementação de um programa
de qualidade de leite é pouco significativo, quando comparado
com os benefícios económicos que pode trazer à exploração.
Ao longo dos três anos do Projeto LeiteSaudável, as explorações
implementaram um programa de qualidade do leite, onde foi
feito um levantamento inicial da situação de cada exploração
e posterior aconselhamento de medidas corretivas adaptadas
a cada exploração. O nosso trabalho incidiu, sobretudo, nas
seguintes áreas: controlo dos parâmetros do leite de tanque
(essencialmente contagem total de microrganismos e contagem
de células somáticas), análise do contraste leiteiro, identificação
dos agentes atogénicos de mastites e prevenção de resíduos de
inibidores no leite.
mercado. Apesar desta realidade, a produção de leite nacional
tem vindo a ser marcada por um contínuo processo de especialização dos métodos de produção e pela valorização dos parâmetros que garantem a qualidade do leite. Neste contexto, os
produtores necessitam de apoio técnico especializado que lhes
permita responder a estas exigências, garantindo uma melhor
eficiência, rentabilidade e motivação no exercício da sua atividade.
Do ponto de vista do controlo de qualidade, o leite e os
derivados lácteos estão entre os alimentos mais testados e
avaliados, pela facilidade de amostragem, pela importância que
representam na alimentação humana e pela sua natureza perecível.
MAS O QUE É LEITE DE QUALIDADE?
É o leite produzido por vacas saudáveis e bem alimentadas,
que conserva as suas qualidades nutritivas ao longo de todas as
etapas da cadeia de produção até ao consumidor, não apresen-
CONTROLO DOS PARÂMETROS DO LEITE DE TANQUE
CONTAGEM TOTAL DE MICRORGANISMOS
Por maiores que sejam os cuidados de higiene na produção
de leite, é praticamente impossível obter leite livre de microrganismos contaminantes. Por isso, estão definidos números
máximos aceitáveis, com base nas alterações que estes causam
no leite e derivados, cujo valor, para a União Europeia, se
encontra nos 100.000/ml. Esta avaliação é muito importante
para a determinação da qualidade do leite cru, pois será um
indicador das condições de higiene em que o leite foi produzido
e armazenado, desde o processo de ordenha.
CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS
Células somáticas são primariamente leucócitos ou células
brancas do sangue (macrófagos, linfócitos e neutrófilos) e
algumas células epiteliais de descamação, que passam para
o leite em resposta a uma agressão sofrida pela glândula
mamária.
A principal causa do aumento da contagem de células do leite
REVISTA AGROS Nº16 . 19
(%) (%)
(%)
(%)
(%)
(%)
% de animais em lactação
Tipo de infeção
% de
animais em lactação
% de animais emnão
lactação
Tipo de infeção Tipo de infeção
infetados
não infetados
não infetados
15 Tipo de infeção Tipo de infeção
% de animais em%lactação
de animais em lactação15
15
90 não infetados não infetados
% animais com
90
90
% animais com
% animais cominfeção crónica
89
10
15
15
infeção crónica
infeção crónica
89
8990
10
10
90
88
% animais com
animais com
% animais%com
88
8889
% animais
com
% infeção
animaiscrónica
com novas infeção
infeção
crónica
89
5
10
10
87
5
5
87
8788
novas infeção
novas infeção
88
86
% animais com
% animais com
86
8687
5
5
0
87
novas infeção
novas infeção
85
0
0
85
8586
2010 2011 2012
86
2010
2011
2012
2012 0 2010 2011 020122010 2011 2012
2010
852011 2010 2012 2011
85
2010 2011 2012
2010 2011 2012
2012
2010
20112010
20122011
Risco de infeção
Probabilidade de cura
Risco de infeção Risco de infeção
Probabilidade de cura
Probabilidade de cura
0,20Risco de infeçãoRisco de infeção
15
Probabilidade
de
cura
Probabilidade
de cura
0,20
15
0,20
15
0,15
0,20
0,20
15
15
10
0,15
0,15
10
10
0,10 0,15
0,15
0,10
0,10
10
10
5
5
5
0,05 0,10
0,10
0,05
0,05
5
5
0
0,00 0,05
0,05
0
0
0,00
0,00
2010
2011
2012
2010
2011
2012
2012
2010
2011 2010 2012 2011
2010
2011
2012
2010
2011
2012
0
0
0,00
0,00
2010
2011
2012
2010
2011
2012
2010
2011 2010 2012 2011
2012
(%) (%)
(%)
(%)
Produzir
Figura 1: Indicadores da saúde do úbere das explorações integrantes do projeto LeiteSaudável, ao longo dos 3 anos de execução do mesmo, usando
da saúde dointegrantes
úbere das explorações
integrantes doao
projeto
ao longo dos
3 anos de
execução do mesmo, usando
Figura 1: Indicadores daFigura
saúde 1:
doIndicadores
úbere das explorações
do projeto LeiteSaudável,
longoLeiteSaudável,
dos 3 anos de execução
do mesmo,
usando
o ano de 2009 como referência.
o ano de 2009 como referência.
o ano de 2009 como referência.
Figura 1: Indicadores Figura
da saúde
1: Indicadores
do úbere das
daexplorações
saúde do úbere
integrantes
das explorações
do projetointegrantes
LeiteSaudável,
do projeto
ao longo
LeiteSaudável,
dos 3 anos de
aoexecução
longo dosdo3 mesmo,
anos de execução
usando do mesmo, usando
o ano de 2009 como referência.
o ano de 2009 como referência.
é a resposta inflamatória da glândula mamária, que, na maioria
Com base nos dados da contagem de células somáticas indiviIdentificação
dos
agentes
patogénicos
dedo
mastites
dos casos, é resultado
de uma infeção,
a mastite. Esta
é uma
duais
contraste leiteiro, foi realizada uma análise de parâIdentificação
agentes patogénicos
de mastites
Identificação
dos agentesdos
patogénicos
de mastites
metros indicadores da saúde do úbere dos animais do efetivo,
das infeções mais frequentes que afetam os efetivos leiteiros,
Identificação
Identificação
dos
agentes
dos
patogénicos
agentes
patogénicos
de
mastites
de
como taxa demastites
animais infetados (contagem de células somáticas
levando a significativas perdas económicas, por redução na
As mastites, nos bovinos, estão associadas a uma grande variedade de agentes infeciosos, podendo estar envolvidas
As mastites,
bovinos,
associadas
a uma de
grande
variedade
de agentes
infeciosos,
estartaxa
envolvidas
As mastites,
bovinos,
estão nos
associadas
uma rejeitado,
grande
variedade
agentes
podendo
estar
acima
deinfeciosos,
200.000/ml)
vs taxa
deenvolvidas
nãopodendo
infetados,
de mastites
produção
dos nos
quartos
mamários,
perda
doaestão
leite
diferentes espécies de vírus, fungos e, principalmente, bactérias. Assim, como é grande a variedade de agentes
crónicas
e
de
novas
infeções,
entre
outros…
Foram
ainda
calcugastos
com
mão
de
obra
e
medicamentos,
desvalorização
dos
diferentes
espécies
de
vírus,
fungos
e,
principalmente,
bactérias.
Assim,
como
é
grande
a
variedade
de
agentes
diferentes
espécies
de
vírus,
fungos
e,
principalmente,
bactérias.
Assim,
como
é
grande
a
variedade
de
agentes
As mastites,
nos As
bovinos,
mastites,
estão
nos
associadas
estão
a umaassociadas
grandeconstitui
variedade
a umaogrande
de agentes
variedade
infeciosos,
de agentes
podendo
infeciosos,
estar
podendo
estar envolvidas
etiológicos
de mastite,
obovinos,
exame microbiológico
método
padrão
para
o diagnóstico
dosenvolvidas
agentes
implicados
lados
indicadores
como
a
probabilidade
de
cura
e
o
risco
de
animais
pela
redução
funcional
dos
quartos
implicados
e,
até
etiológicos
de
mastite,
o
exame
microbiológico
constitui
o
método
padrão
para
o
diagnóstico
dos
agentes
implicados
etiológicos
deespécies
mastite,
o exame
microbiológico
constitui
o método
padrão
para
o diagnóstico
dosvariedade
agentes
implicados
diferentesnesta
diferentes
de
vírus,
espécies
fungosdados
de
e, principalmente,
vírus,
fungos
e,
principalmente,
bactérias.
Assim,
bactérias.
como
é grande
é grande
de agentes
a variedade
de agentes
doença,
fornecendo
seguros
ao médico
veterinário,
com
vista
aAssim,
adotaracomo
medidas
específicas
de controlo.
infeção
associado
a
cada
exploração
(Figura
1).
Como
se
pode
mesmo,
refugo
precoce
do
animal
ou
morte.
nesta odoença,
fornecendo
dados
seguros
ao médico
veterinário,
com
vistapara
a dos
adotar
medidas
específicas
controlo.
nesta
doença,defornecendo
dados
seguros
médico
veterinário,
com
vista
aopara
adotar
medidas
específicas
de implicados
controlo.
etiológicos
mastite,
etiológicos
exame
de mastite,
microbiológico
oaoexame
constitui
microbiológico
o método
constitui
padrão
método
o diagnóstico
padrão
oagentes
diagnóstico
dos
agentesde
implicados
verificou-se
evolução
positiva
dosde
vários
parâmeA contagem
de células
somáticas
do
leite de
tanque
do efetivo
nesta doença,
fornecendo
nesta
doença,
dados
fornecendo
seguros
aodados
médico
seguros
veterinário,
ao médico
com observar
veterinário,
vista a adotar
com
medidas
vista auma
específicas
adotar
medidas
de controlo.
específicas
controlo.
tros estudados ao longo dos anos do projeto.
é um indicativo da prevalência de mastite. Efetivos com baixas
contagem de células somáticas apresentam menores perdas
na produção e produzem leite com melhor qualidade composiIDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES PATOGÉNICOS DE
cional, tanto do ponto de vista nutricional, como do processaMASTITES
mento. Adicionalmente, efetivos com baixa contagem de células Nos bovinos, as mastites estão associadas a uma grande variesomáticas usam menos antibióticos para tratamento de mastite
dade de agentes infeciosos, podendo estar envolvidas difedurante a lactação, apresentando menor risco de contaminação rentes espécies de vírus, fungos e, principalmente, bactérias.
do leite com resíduos de inibidores. O limite máximo para este
Assim, como é grande a variedade de agentes etiológicos de
indicador na União Europeia é de 400.000 cels/ml.
mastite, o exame microbiológico constitui o método padrão
Das explorações que integraram o Projeto LeiteSaudável,
para o diagnóstico dos agentes implicados nesta doença, fornenenhuma ultrapassava esse limite aquando do início do mesmo. cendo dados seguros ao médico veterinário, com vista a adotar
Contudo eram, por vezes, obrigadas a rejeitar leite para cumprir medidas específicas de controlo.
este objetivo, principalmente nas fases em que a taxa de
animais infetados era elevada.
Num programa de qualidade do leite, se o animal é diagnosticado
como infetado, é realizada a identificação do agente causador da
ANÁLISE DOS DADOS DO CONTRASTE LEITEIRO
infeção e, se necessário, os testes de sensibilidade a antibióticos,
O contraste leiteiro consiste na avaliação da quantidade e quali- para que o tratamento mais eficaz possa ser aplicado o mais
dade do leite, produzido por cada uma das vacas de uma explorapidamente possível. A realização de tratamentos em função
ração, no decurso das sucessivas lactações.
da identificação do agente aumenta a probabilidade de cura dos
Os dados do contraste leiteiro são uma ferramenta muito útil
animais. Além disso, o risco de aparecimento de resíduos de antipara a avaliação da taxa de mastites do efetivo, fornecendo
bióticos no leite do tanque é reduzido através da implementação
dados que, quando corretamente analisados, nos permitem
de protocolos de tratamento, com combinações antibióticas
calcular índices básicos de saúde do úbere e estabelecer um
racionais (nas doses, vias de administração e posologia indicadas)
plano de ação para melhoria destes mesmos índices.
e mantendo registos dos tratamentos efetuados.
Mensalmente, e com base nos dados obtidos do contraste
leiteiro, foi realizada uma visita à exploração, durante a
REDUÇÃO DO CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS E
ordenha, onde eram observados os animais infetados (com
PREVENÇÃO DE RESÍDUOS NO LEITE
contagem de células somáticas elevada nos resultados do
Embora algumas ações, que tendo como objetivo o uso racional
contraste leiteiro) e recolhida uma amostra para análise microde antibióticos, tenham sido realizadas no âmbito da saúde
biológica dos mesmos.
humana, o mesmo não acontece na pecuária, o que torna o
Assim, o tratamento dos animais era realizado mais rapidamente combate à resistência bacteriana inviável, considerando que
com o antibiótico indicado para o agente em causa, diminuindo
cerca de 50% do consumo de antibióticos a nível mundial são
os dias de rejeição de leite para cada tratamento efetuado.
utilizados neste setor.
20 . REVISTA AGROS Nº16
Foi considerado o total de antibióticos intramamários, tendo-se depois separado os dados relativos aos antibióticos
intramamários de tratamento de mastites na fase de lactação e os utilizados preventivamente na fase de secagem
dos animais. Verificamos que o trabalho realizado ao longo dos três anos resultou numa diminuição significativa do
consumo de antibióticos intramamários nas explorações em causa (Figura 2).
7,0
6,0
(%)
5,0
4,0
Período 1
3,0
Período 2
2,0
1,0
0,0
Total de
intramamários / animal
Intramamários de
lactação / animal
Intramamários de
secagem / animal
Figura 2: Consumo de antibióticos intramamários/animal em lactação.
Período 1: 1 ano antes do início do Projeto;
Período 2: 3 anos de execução do Projeto.
Este decréscimo reflete a diminuição dos intramamários de tratamento na lactação, sendo que, no caso dos
intramamários aplicados preventivamente na fase de secagem, como era esperado, existiu uma estabilização do seu
projeto) até junho de 2012 (data do término do projeto). A
As boas práticas na produção de leite visam assegurar que
consumo.
análise foi realizada por semestre, considerando o consumo de
este é produzido por animais sãos, em condições de higiene
Constatámos que nos intramamários de lactação houve uma diminuição de 2.13 injetores/vaca em lactação/semestre,
intramamários por vaca em lactação.
aceitáveis e que não veicule resíduos e contaminantes a níveis
o que se traduz
economicamente
numa
significativa redução de custos na aquisição de medicamentos, além da
que comprometam
a saúde
humana. Para isso,
aplicam-se
dasanidade
rejeição
de leite
associada
dos de
riscos
para intramamários,
a saúde pública.
Foi consideradoeo total
antibióticos
tendomedidasdiminuição
preventivas na
animal,
na higiene
ao nível aos tratamentos
Se, a de
título
dena
exemplo,
considerarmos
umaanimal
exploração
com
100 animais
em lactação,
e tendo em
que o preço
se depois
separado
os dados relativos
aosconta
antibióticos
intrada produção
leite,
alimentação,
no bem-estar
e
dos intramamários
de lactação
variano
aproximadamente
1 a 8 euros,deesta
redução de
pode
traduzir-se
numa
poupança
tratamento
mastites
na fase
de lactação
e os
no ambiente
envolvente e, cada
vez menos,
tratamento de de mamários
de 426
a 3408a produção
euros/anode
emleite
compra
de antibióticos.
utilizados preventivamente na fase de secagem dos animais.
patologias.
De facto,
de qualidade,
proveniente de animais saudáveis, é o objetivo das explorações. Mas, Verificámos que o trabalho realizado, ao longo dos três anos,
quando eles adoecem e os tratamentos são necessários, os anti- resultou numa diminuição significativa do consumo de antibióConclusão
ticos intramamários nas explorações em causa (Figura 2).
bióticos devem ser usados de forma apropriada, prevenindo o
aparecimento de resíduos no leite, maximizando a sua eficácia e
A implementação
de um de
programa
deresistentes.
qualidade do leite nas
explorações
projeto
LeiteSaudável
melhorar
Este
decréscimodoreflete
a diminuição
dospermitiu
intramamários
de
minimizando
o desenvolvimento
bactérias
os
indicadores
de
saúde
do
úbere,
reduzindo
o
consumo
de
antibióticos
intramamários
no
tratamento
de
tratamento na lactação, sendo que, no caso dos mastites.
Assim, o uso de antibióticos numa exploração leiteira é uma
Estade
evolução
impacto quer
produtividade
e rentabilidade
da exploração,
quer
na saúde pública,
intramamários
aplicados
preventivamente
napor
faseminimizar
de secagem,
ferramenta
trabalhotem
importante,
parana
o Produtor
e Médico
o aparecimento
a antibióticos
e o risco
resíduos
de inibidores
noconsumo.
leite.
comode
erapresença
esperado, de
existiu
uma estabilização
do seu
Veterinário
da exploração, de
masresistências
com as mudanças
que se
Constatámos que nos intramamários de lactação houve uma
verificam na sociedade e as exigências do consumidor atual,
diminuição
2.13
injetores/vaca
emprodução
lactação/semestre,
as abordagens
terapêuticas
produção técnicos
animal tendem
a práticas
Todos estes
fatores em
económicos,
e de boas
têm cadadevez
mais
relevância na
leiteira, e oa
que
se
traduz
economicamente
numa
significativa
redução
sofrer grandes
alterações,
privilegiando
estratégias
preventivas
sua melhoria deve beneficiar os produtores, porque garante a confiança do consumidor e a competitividade da
cadeiade
custos
na
aquisição
de
medicamentos,
além
da
diminuição
da
baseadas
no
maneio
e
higiene.
produtiva do leite, a médio e longo prazo.
rejeição de leite associada aos tratamentos e dos riscos para a
Neste sentido, o uso preventivo de antibióticos tem vindo a ser
saúde pública.
aconselhado em algumas fases da vida produtiva das vacas. É
Se, a título de exemplo, considerarmos uma exploração com
o caso da fase de secagem, em que está recomendado o uso
100 animais em lactação, e tendo em conta que o preço dos
de antibiótico, por ser uma fase de elevado risco para o desenintramamários de lactação varia aproximadamente de 1 a 8
volvimento de mastite. Portanto, o uso de antibióticos intraeuros, esta redução pode traduzir-se numa poupança de 426 a
mamários, no período seco das vacas leiteiras, foi uma prática
3408 euros/ano em compra de antibióticos.
recomendada nas explorações deste projeto, sendo aplicado
na última ordenha de cada lactação, cerca de dois meses antes
CONCLUSÃO
da data prevista para o parto. Esta prática diminui o número de
A implementação de um programa de qualidade do leite nas
infeções intramamárias existentes e previne o aparecimento de
explorações do Projeto LeiteSaudável permitiu melhorar os indinovas infeções, durante as primeiras semanas do período seco.
cadores de saúde do úbere, reduzindo o consumo de antibióAo longo destes três anos em que acompanhamos as exploraticos intramamários no tratamento de mastites.
ções do Projeto LeiteSaudável, foi nosso objetivo reduzir o uso
Esta evolução tem impacto, quer na produtividade e rentabide antibióticos intramamários para tratamento durante a fase
da lactação, com diminuição do número total de dias em que os lidade da exploração, quer na saúde pública, por minimizar
animais estão em tratamento. Através da escolha do antibiótico o aparecimento de resistências a antibióticos e o risco de
mais indicado para o agente em causa, diminuímos os custos de presença de resíduos de inibidores no leite.
Todos estes fatores económicos, técnicos e de boas práticas têm
compra destes medicamentos e os custos indiretos associados
cada vez mais relevância na produção leiteira, e a sua melhoria
aos dias de rejeição de leite.
deve beneficiar os produtores, porque garante a confiança do
Para analisar os resultados obtidos, recolhemos os dados
consumidor e a competitividade da cadeia produtiva do leite, a
da compra de antibióticos intramamários nas explorações
médio e longo prazo.
do projeto, desde julho de 2008 (um ano antes do início do
REVISTA AGROS Nº16 . 21
Divulgação
CONFIANÇA E PERSO
Estrutura Empresarial
SOLIDEZ e FUTURO
UCANORTE, U.C.R.L.
49%
AGROS, U.C.R.L.
51%
32 ANOS de
Atividade empresarial de apoio aos
Produtores de leite e Cooperativas
Mercadorias e Produtos
Armazenamento
Industrialização
Comercialização
Gestão de Mercados
Mercominho - hortícolas e frutícolas
Mercoflores - flores e plantas ornamentais
UCANORTE XXI - UNIÃO AGRÍCOLA DO NORTE, U.C.R.L.
22 . REVISTA AGROS Nº16
Folgosa da Maia - Maia
[email protected]
Análises
Solos, Plantas e Fertilizantes
TEL. 229 865 010
FAX 229 865 019
ONALIZAÇÃO ALIMENTAR
GRANULADOS PARA VACAS EM LACTAÇÃO
GRANULADOS PARA ENGORDA
DE NOVILHOS
GRANULADOS PARA VACAS SECAS,
VITELOS E NOVILHAS
LEITES DE SUBSTITUIÇÃO PARA VITELOS
PREMIU
M 50
UCANORTE XXI_2012
UCANORTE XXI_2012
GRUPO COOPERATIVO AGROS
UCANORTE XXI_2012
GRUPO COOPERATIVO AGROS
GRUPO COOPERATIVO AGROS
UCANORTE XXI_2012
GRUPO COOPERATIVO AGROS
REVISTA AGROS Nº16 . 23
Destaque
1
38.º Aniversário da Cooperativa Agrícola
“A Lavoura” do Concelho de Paços de Ferreira
N
o passado dia 15 de fevereiro, a
Cooperativa Agrícola “A Lavoura”
do Concelho de Paços de Ferreira
celebrou o seu 38.º Aniversário. Neste
contexto, realizou-se no Salão Nobre
do seu edifício sede, uma sessão solene
comemorativa desta data, destacando-se a presença do Presidente da Câmara
Municipal de Paços de Ferreira – Senhor
Pedro Pinto, do Presidente da CONFAGRI
– Senhor Comendador Manuel dos Santos
Gomes, e do Presidente da AGROS,
U.C.R.L. – Senhor José Capela.
Na sua intervenção, o Presidente da
Cooperativa Agrícola “A Lavoura” –
Dr. Idalino Leão – saudou todos os
presentes e agradeceu o empenho dos
colaboradores daquela Instituição na
preparação deste evento. Destacou,
ainda «o bom exemplo de parceria
24 . REVISTA AGROS Nº16
que a Cooperativa tem com a Câmara
Municipal de Paços de Ferreira na criação
e dinamização do Mercado Agrícola e na
bolsa de terras concelhia.»
Posteriormente, dirigiu-se aos Órgãos
Sociais da nossa Organização, dizendo: «É
uma honra receber a Direção da AGROS
nas nossas instalações. “A Lavoura”
de Paços de Ferreira é associada da
nossa União de Cooperativas desde o
ano de 1951, e temos muito orgulho
dessa ligação. É muito importante e
urgente os produtores aumentarem a
sua liquidez mensal. Esse objetivo pode
ser feito através da maximização de
todas as empresas do Grupo AGROS,
beneficiando, desta forma, todos com o
efeito escala da União.»
Subsequentemente, endereçou
algumas palavras ao Presidente da
2
3
CONFAGRI: «É fundamental que esta
Organização faça lobby no sentido de
acautelar os interesses agrícolas desta
região.» Mostrou-se, igualmente,
muito preocupado com a nova PAC,
nomeadamente «com os efeitos do
greening e as consequências que
daí poderão advir para a produção
em sistema de minifúndio. Devem
ser efetuadas alterações ao código
cooperativo e criarem-se sinergias com
as Instituições de Ensino, no sentido
de, em conjunto, encontrarmos novos
métodos de gestão e organização,
potenciadores de aumentar a
rentabilidade agrícola.»
Terminou dizendo, «acredito em quem
trabalha a terra. Portugal precisa
dos agricultores, por isso, esta é a
nossa hora. A aposta na agricultura
deve assentar em dois pilares: um,
de proximidade, que promova e
incentive mercados e “nixos” locais,
dependente apenas das Cooperativas
e das Autarquias; e um outro, mais
vocacionado para o mercado e
para agroindústria, capaz de criar
e desenvolver fileiras de negócio
estratégico para a sobrevivência
do nosso País. Este pilar é da
responsabilidade das Organizações de
agricultores e dos nossos governantes.
Ser agricultor é mais do que uma
profissão, é uma forma diferente de
estar na vida. Não devemos ter medo ou
vergonha do que fazemos. Alimentamos
o mundo. Viva a produção nacional, viva
“A Lavoura”.»
Por sua vez, o Presidente da Agros,
U.C.R.L., Senhor José Capela, aquando da
sua intervenção, num primeiro momento,
em nome da Direção da Agros, felicitou
“A Lavoura” de Paços de Ferreira pelo
seu 38.º aniversário. Seguidamente,
focou alguns temas prementes para
o setor agrícola/leiteiro, com especial
relevância para o fim das quotas leiteiras
e a Nova PAC. Enfatizou ainda a relação
umbilical que une esta Empresa e as
suas Cooperativas agrupadas, e que
estas últimas «são corresponsáveis pela
liderança destacada da Agros na recolha
de leite a nível nacional.» A finalizar
disse: «Acredito na competitividade do
nosso setor pecuário de leite, na sua
capacidade de se “reinventar”, na sua
competitividade, mas acredito também,
num Setor Cooperativo Agrícola forte,
capaz de responder afirmativamente aos
desafios atuais.»
1. Intervenção do Dr. Idalino Leão
2. Edifício Sede (década de 1960)
3. Edifício Sede (2013)
REVISTA AGROS Nº16 . 25
Destaque
FEIRA ANUAL
DA TROFA 2013
1,2,3/Março
O que podemos esperar da participação da Agros, U.C.R.L.
neste Certame?
Em todos os eventos de cariz agrícola em que estamos
envolvidos, a nossa participação é, essencialmente, institucional. A Feira Anual da Trofa tem pergaminhos, não só
no Entre Douro e Minho, mas também, em todo o país, e
na vizinha Galiza. Não nos podemos esquecer que a “Bacia
Leiteira” da Região está aqui. Por essa razão, esta é, igualmente, uma excelente oportunidade para algumas empresas
do GRUPO AGROS divulgarem os seus equipamentos,
produtos e serviços, junto dos Produtores de leite.
O que mais o impressiona, positivamente, neste Evento?
O crescente número de visitante, que, de ano para ano,
aflui a este espaço. Esse é, sem dúvida, um sinal de vitalidade e notoriedade que este Evento já granjeou. Para tal,
em muito, contribui a afluência dos Produtores de leite,
sobretudo, da Região Norte de Portugal. Isso é visível ano
após ano. Por outro lado, é de enaltecer como, num espaço
relativamente pequeno, se consegue agregar atividades
de índole agrícola, mas também outras com um cariz mais
citadino. Esse é um dos grandes trunfos da Feira Anual da
Trofa.
JOSÉ CAPELA
Presidente da AGROS, U.C.R.L.
26 . REVISTA AGROS Nº16
Qual o envolvimento da C.A. de Santo Tirso/Trofa neste
Certame?
Desde o início, temos prestado todo o apoio possível à sua
Organização, quer a nível logístico, quer a nível de recursos
humanos. Neste contexto, quero salientar a ajuda prestada nos Concursos que se realizam. Somos também parte
interveniente, conjuntamente com a Direção Regional de
Agricultura e Pescas do Norte e a CONFAGRI, no Colóquio
que, todos os anos, se realiza na Feira da Trofa. O controlo
sanitário dos bovinos presentes – Raça Frísia e Autóctones,
é, igualmente, incumbência nossa. Estamos a falar de um
Evento, que, em todas as suas edições, recebe uma elevada
afluência de público. O facto de o concelho da Trofa estar
inserido na denominada “Bacia Leiteira” do Entre Douro e
Minho, em muito, contribui para recebermos tantos visitantes, sobretudo, Produtores de leite.
Futuramente, considera que a sua abrangência poderá ser
alargada?
Estou convicto de que sim, e estamos a trabalhar para isso.
Tanto a Junta de Freguesia de S.M. de Bougado como a
Câmara Municipal da Trofa, suas entidades promotoras,
têm consciência da necessidade de se efetuarem alguns
melhoramentos, nomeadamente, a nível das infraestruturas, para que, ano após ano, este certame atinja um
patamar cada vez mais elevado, tendo-se sempre em conta
a satisfação dos Criadores. Antes de cada edição, reunimonos com eles para aferirmos o que tem de se melhorado.
Só assim, penso eu, poderemos avançar com otimismo e
confiança no trabalho realizado.
VÍTOR MAIA
Presidente da Cooperativa Agrícola dos Concelhos de
Santo Tirso e Trofa, C.R.L.
Qual a importância desta feira para o Município da Trofa?
É um acontecimento de âmbito nacional, centrado nos
valores e nos produtos do Norte, assumindo grande relevância para o Concelho e para a economia da Região, e que,
ano após ano, recebe um cada vez maior número de expositores e de visitantes.
Esta iniciativa é uma mais-valia para a cooperação de sinergias, e para a afirmação e projeção da Trofa, mas também
para o desenvolvimento rural e agrícola, por via da preservação de raças autóctones e da pecuária extensiva nacional,
setores em que conseguimos distinguir os nossos produtos.
Por outro lado, tem-se procurado fortalecer a internacionalização deste Certame, como exemplo de uma estratégia
de desenvolvimento territorial e económico, que permite
a criação de oportunidades de negócio que se prolongam
para além da Feira. Estou convicta de que, se assim for, a
sua Organização poderá aspirar a uma posição de relevo no
panorama europeu do turismo de negócios na área da agropecuária e da tradição equestre.
O que está preconizado fazer-se nesta Edição Anual da
Feira da Trofa?
Para esta edição da Feira vai manter-se a tradição dos
eventos que já granjearam grande aceitação junto do
público. Assim, evidenciam-se, ao longo dos três dias de
Feira, os diversos Concursos referentes às distintas raças
presentes, o Campeonato Regional do Norte de Equitação de
Trabalho, a Monumental Garraiada, o Concurso de Modelos
e Andamento, Provas de Horse Ball, o Desfile e a Gala da
Confraria do Cavalo, com Reprise da GNR, as Cavalhadas e as
demonstrações de Atrelagem e Horse Paper.
As crianças das escolas do Concelho farão, no primeiro dia do
Certame, uma visita ao recinto, e teremos ainda atividades
direcionadas para agricultores e criadores, mas também para
o público em geral, onde se distingue o folclore, o artesanato, a transmissão em direto do programa da TVI, “Somos
Portugal”, uma mostra gastronómica, bem como a área de
exposição e divulgação de produtos nacionais.
Dr.ª JOANA LIMA
Presidente da Câmara Municipal da Trofa
Qual é a importância desta Feira para a freguesia de S. M.
de Bougado?
Devido ao seu enorme impacto económico, a Feira Anual da
Trofa é um importante catalisador e potenciador de todas as
atividades ligadas à agricultura e à pecuária no Concelho da
Trofa, com especial realce, para os encontros aqui promovidos, os quais, se assumem como contributos fundamentais
para o enriquecimento da solidez interprofissional e para o
fortalecimento das áreas de atividade agropecuária. Uma
qualidade reforçada pela modernização e profissionalização
deste Certame, que reflete o aumento da competitividade
do setor e da sustentabilidade do espaço rural, a nível
nacional e europeu.
O que podemos esperar da edição deste ano da Feira Anual
da Trofa?
Uma vez mais, podemos esperar a consubstanciação de um
espaço de negócios, bem como de divulgação de produtos e
serviços, para um público altamente qualificado.
A verdade é que, hoje, mais do que nunca, a nossa Feira
complementa e diversifica o seu impacto. Por outro lado,
à grande qualidade apresentada nos concursos das raças
autóctones e dos criadores nacionais, tem acrescentado
uma forte aposta nas atividades em torno do Cavalo e das
provas equestres, já com grande repercussão nacional e
internacional, transformando a Trofa numa das principais
“montras” do Cavalo no Norte de Portugal.
Por todas estas razões, a nossa Feira Anual da Trofa voltará a
ser palco da equitação tradicional portuguesa, das inúmeras
e originais “casetas” dos criadores, do picadeiro central, que
recebe as provas equestres agendadas. Realce-se, ainda, os
muitos concursos de Preparadores e Manejadores da Raça
Holstein Frísia e das Raças Minhota, Arouquesa e Barrosã.
JOSÉ SÁ
Presidente da Junta de Freguesia de São Martinho de Bougado
REVISTA AGROS Nº16 . 27
Divulgação
Exploração
Manuel Júlio Matos Bogas
Manhente - Barcelos
“ A ordenha é mais suave, os tetos
dos animais não ficam com tonalidade roxa. ”
“ O nível de células somáticas
diminuiu. ”
COMPETÊNCIA E SOLUÇÕES RENTAVÉIS
e
d
A
H
N
A
P
M
A
C
S
E
R
O
T
COLE AÇÃO
e PULS
Exploração
António Maurício da Silva Moreira
Gemunde - Maia
“ Foi dos melhores investimentos
que já realizámos. ”
Exploração
Maria Joaquina Fernandes da Silva
Macieira da Maia - Vila do Conde
28 . REVISTA AGROS Nº16
Flo-Sta
Apartado 39
4481-953 Vila do Conde
PORTUGAL
[email protected]
TEL. 252 241 240
BouMatic
“ A ordenha é feita em menos
tempo, 1 hora/dia. ”
Exploração
Sociedade Agropecuária Sepúlveda & Filho, Lda
Adaúfe - Braga
uar a
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ti
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Compro
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Pulsador
HiFlo
ar MAX
TM
“ Os animais não sujam tanto e
rejeito menos leite. ”
Exploração
Maria Alice Santos Ramos Figueira
Rio Mau - Vila do Conde
“ Os coletores são mais leves e o
leite sai com maior rapidez. ”
Exploração
Maria Isabel Ferreira da Fonte
Rates - Póvoa de Varzim
REVISTA AGROS Nº16 . 29
Destaque
SOCIEDADE AGROMANCELOS
DISTINGUIDA PELA ASSOCIAÇÃO
EMPRESARIAL DE VILA MEÃ
FILIPE SILVA
ARQUIVO AGROS, U.C.R.L.
N
o passado dia 23 de novembro de 2012, realizou-se, no Mosteiro
de Travanca, a “Gala da Cruz”. Um dos objetivos subjacentes a
este evento foi o de distinguir empresários e coletividades do Vale
do Tâmega e Sousa, que se destacaram, em diversas áreas de negócios,
ao longo do ano de 2011. Com esta iniciativa, a Associação Empresarial
de Vila Meã pretendeu evidenciar e dar a conhecer o trabalho realizado,
e, cujos resultados, aportam oportunidades e valor acrescentado a
esta área geográfica, procurando, igualmente, ajudar estas empresas
a encontrar estratégias, soluções e projetos sustentáveis. Estiveram
presentes cerca de noventa pessoas (Empresários, Individualidades e
Instituições).
Nesta cerimónia foram atribuídos três categorias de prémios distintas:
Revelação, Prestígio, e Coletividade. O 1.º Prémio para a Categoria
Prestígio foi para a exploração Agromancelos, propriedade da D. Maria
Manuela Marinho – secretária da Assembleia Geral da Agros, U.C.R.L..
Neste contexto, decidimos auscultar a sua opinião acerca do galardão
recebido, aferir o que perspetiva para a agricultura nacional e para a
produção de leite.
O que significa para a D. Manuela Marinho este prémio?
Para mim foi uma dupla alegria recebê-lo. Não só porque foi a nossa
Exploração a premiada, mas também, em razão de estarem presentes
Empresas com grande notoriedade nesta Região. Por outro lado, foi
uma enorme satisfação termos estado, naquele dia, no Mosteiro de
Travanca, a representar o Setor Agrícola. Considero que esta distinção
veio, acima de tudo, demonstrar a importância que a Sociedade Civil
lhe atribui.
Num momento economicamente menos bom para o nosso País,
considera que este tipo de iniciativas potencia o empreendedorismo por parte, neste caso concreto, dos empresários agrícolas?
Penso que as pessoas estão cada vez mais conscientes da importância que, atualmente, a Agricultura tem para o nosso País. Estou
certa de que o investimento no Setor Primário poderá ser uma das
formas de contornar o momento que atualmente Portugal atravessa.
Considera-se um modelo a seguir por outros Agricultores?
Pelo menos, tento ser. Mas, como em tudo na vida, nada é perfeito.
Há que trabalhar sempre mais e melhor. Tudo farei para incentivar
outras pessoas a dedicarem-se “de corpo e alma” a esta atividade. Se
puder servir de modelo, tanto melhor, pois é sinal de que as pessoas
reconhecem o labor diário que, ao longo destas quase duas décadas,
tanto eu como o meu marido, temos vindo a desenvolver, 365 dias
por ano, 24 horas por dia.
Esta distinção encoraja-vos a produzir cada vez mais leite e com
melhor qualidade?
O facto de termos sido reconhecidos entre cerca de meia centena de
empresas, é, para nós, motivo de grande satisfação. Sinceramente,
não esperávamos ser distinguidos. E esta menção revestiu-se de
um simbolismo ainda maior, quando, entre as candidatas, estavam
empresas de elevada envergadura. Posso dizer-lhe que, quando
anunciaram o nome da Sociedade Agromancelos, tanto eu como o
meu marido, nem queríamos acreditar. Mas, como é óbvio, foi muito
bom vermos o nosso esforço e dedicação reconhecidos pela Associação Empresarial de Vila Meã.
No seu entender, o que é que Empresários Agrícolas poderão
começar a fazer para começar a reverter esta situação?
Se for uma empresa que já trabalhe bem e seja responsável a nível
económico, “é meio caminho andado” para não ser afetado. Mas,
acima de tudo, temos de estar atentos a essa situação. Ao longo
destes dezoito anos, conseguimos atingir os objetivos propostos,
fazendo sempre os nossos investimentos
a crédito. Todavia, atualmente, pensamos
“duas vezes” antes de iniciarmos qualquer
projeto.
Acredita em dias melhores para a produção
de leite no nosso País?
Tenho essa esperança. Mas é necessário
que os nossos governantes vejam a Agricultura como um setor capaz de ajudar o nosso
País a sair do impasse em que nos encontramos. Existem situações que têm de ser
revistas. Por exemplo, o custo dos fatores
de produção é muito superior ao da recolha
do leite. Para muitos Produtores, esta diferença está a tornar muito difícil a viabilidade
económica das suas explorações.
30 . REVISTA AGROS Nº16
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AGRICULTURA Base da Economia e da Alimentação p.5