UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DIEGO ALEXANDER DE ARRUDA SILVA
A CRIANÇA QUE PRATICA FUTSAL E AS MOTIVAÇÕES QUE PODEM LEVAR A
ESSA PRÁTICA EM UMA ESCOLINHA DE FUTSAL NA CIDADE DE LADÁRIO
(MS)
Corumbá
2014
DIEGO ALEXANDER DE ARRUDA SILVA
A CRIANÇA QUE PRATICA FUTSAL E AS MOTIVAÇÕES QUE PODEM LEVAR A
ESSA PRÁTICA EM UMA ESCOLINHA DE FUTSAL NA CIDADE DE LADÁRIO
(MS)
Monografia submetida ao curso de
Educação Física - Licenciatura da
Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul - CPAN, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciatura em
Educação Física.
Orientadora: Prof.ª Me. Micheli Verginia
Ghiggi
Corumbá
2014
Dedico este trabalho para minha
família, por todo o incentivo e apoio,
acreditando em mim, acima de tudo.
A eles, muito obrigado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, amigos, colegas, professores e todos que contribuíram
para realização deste trabalho.
Aos meus pais que sempre me incentivaram desde o momento em que decidi
ingressar no curso de educação física.
A minha orientadora, Prof.ª Me. Micheli Verginia Ghiggi.
Aos meus queridos alunos da escolinha de futsal.
A todos, o meu MUITO OBRIGADO!
"[...] aprender não é um ato findo.
Aprender é um exercício constante de
renovação [...]" (PAULO FREIRE, s/d).
RESUMO
Este estudo de cunho qualitativo exploratório tem por objetivo identificar as
motivações de pais ao matricularem seus filhos na iniciação à prática esportiva do
futsal em uma escolinha de futsal na cidade de Ladário (MS). Participaram da
pesquisa 15 pais e/ou responsáveis por matricularem os filhos na escolinha e
frequentadores assíduos dos treinos. Como instrumento de pesquisa para coleta de
dados foi utilizado um questionário com perguntas abertas direcionadas aos pais à
respeito da prática do futsal pelo filho. A análise dos dados demonstrou que os
motivos dos pais para que seus filhos ingressem em uma escolinha de futsal estão
além do desenvolvimento das técnicas do esporte. Também ficou evidenciado que
os pais procuram não influenciar definitivamente nessa escolha, mas deixam os
seus filhos terem autonomia para escolher. O presente estudo também diagnosticou
que os pais estão sempre atentos à questão do saber ganhar e perder, que são
frequentemente vividas pelos alunos na escolinha, e por isso se preocupam também
em repassar esses valores aos seus filhos. Por fim, podemos afirmar que a prática
do futsal orientada e planejada pode estabelecer diferentes relações com o esporte
e com os valores da sociedade, trazendo possibilidades de benefícios à vida da
criança, que vão além do simples ato de jogar.
Palavras-chave: Futsal; iniciação esportiva; pais e filhos;
ABSTRACT
This research qualitative oriented study aims to identify the motivations of parents
and children to initiation into futsal sports in a futsal school in the town of Ladário
(MS). 15 parents participated in the research responsible for registering their children
in school and frequent goers from training. As a research tool for data collection was
used a questionnaire with open questions directed to parents regarding the practice
of futsal by the son. The analysis of the data showed that the motives of parents for
their children to join a school the futsal are beyond the development of the practice of
the sport itself. It was also evidenced that parents seek to influence this choice
definitely not, but leave their children having autonomy to choose. The present study
also found that parents are always attentive to the issue of winning and losing, that
are often experienced by students in school, and why bother also pass these values
to their children. Finally, we can assert that the practice of targeted and planned
futsal can establish different relationships with the sport and with the values of
society, bringing possibilities of benefits to life of the child, which go beyond the
simple act of playing.
Keywords: Futsal; Sports initiation; fathers and sons;
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................
08
2 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................
12
UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL DO FUTSAL
12
2.1 A PRÁTICA DO FUTSAL ........................................................................
13
2.2 A CRIANÇA QUE PRATICA FUTSAL ....................................................
15
2.3 A INICIAÇÃO ESPORTIVA ....................................................................
17
3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS..................................................
19
3.1 SUJEITO DA PESQUISA ......................................................................
19
3.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS......
20
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................
22
5 CONCLUSÕES ...........................................................................................
26
REFERÊNCIAS.................................................................................................
27
APÊNDICE A .................................................................................................
30
ANEXO A ...................................................................................................
32
8
1. INTRODUÇÃO
Na atualidade, a prática do futsal vem ganhando cada vez mais popularidade
e adeptos entre jovens e crianças (VOSER e GIUST, 2002). Nos grandes centros
urbanos, isso ocorre devido aos espaços estarem cada vez mais reduzidos pelas
grandes construções, ocasionando, assim, a utilização das quadras de esportes dos
bairros e escolas. Diferente do futebol que necessita de espaços maiores, o futsal
consegue ser jogado em lugares menores, que assim se tornam, então, os espaços
disponíveis para desenvolvimento da sua prática. (FREIRE, 2006).
Com o crescimento urbano nas cidades, citado por Freire (2006), nota-se a
partir daí um surgimento de espaços destinados propriamente a esportes de prática
em ambientes menores e fechados, os quais uma das principais escolhas para a
prática é a do futsal. Fato ocorrido também em ambientes escolares, que
disponibilizam espaços para esportes de quadras.
A opção pela prática do futsal apresenta diversos indícios de crescimento,
ressaltados por Mutti (2003), através de clubes, colégios, associações entre outros,
que oferecem a possibilidade de crianças terem contato com esse esporte. Essas
oportunidades se tornaram possíveis, depois que as famosas “peladas”, um tipo de
jogo de bola praticado como lazer realizado em ruas, alamedas e terrenos vazios,
acabaram perdendo espaço para o crescimento urbano (FREIRE, 2006).
A perda dos espaços das “peladas” para o crescimento urbano e para a
industrialização proporcionou a proliferação das escolinhas de futsal, que nos
últimos anos se tornaram um modismo. Uma das justificativas para esse
acontecimento pode ser a procura por um espaço onde crianças possam ter mais
oportunidades de descontração (MELO&MELO, 2006). Nesse caso, podemos ainda
afirmar que essa busca é por uma forma de descontração específica, que é
orientada, regrada e controlada.
Ao procurar essa prática esportiva em uma escolinha de futsal é necessária
uma motivação tanto da criança quanto do pai responsável. O ser humano motivado
para realizar qualquer tarefa, fará com muito mais facilidade, segundo Geller (2003)
o que proporcionará um melhor rendimento e aproveitamento por parte do
praticante. Porém, se essas motivações não forem suficientes para o estímulo da
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atividade esportiva, esta se tornará obrigatória, pois as motivações não estarão
partindo de si mesmos, mas dos outros.
A prática esportiva na sociedade está subdividida em três dimensões: o
esporte-participação, que é dirigido ao lúdico, com finalidade de bem estar social dos
praticantes, onde os propósitos são a descontração, diversão, o desenvolvimento
pessoal e as relações entre pessoas; o esporte-educação, que tem caráter educativo
e busca a formação das pessoas e o aprendizado para exercício da cidadania
através do esporte; por fim, o esporte-performance, que busca estritamente a
formação de atletas para atuarem em alto nível (TUBINO, 2001).
Nesta pesquisa nos aproximaremos mais da dimensão do esporte-educação,
pois suas características nos parecem mais ligadas com as utilizadas na escolinha
de futsal, utilizada na pesquisa, que proporciona às crianças praticantes a integração
social, o desenvolvimento psicomotor e atividades físico-educativas de acordo com
Lima (1987), que sugere em uma orientação educativa é necessário ter
obrigatoriamente essas três áreas de atuação. Assim, Santana (1996) ressalta que
se tenha uma orientação adequada com as crianças para que desenvolvam
características da participação no esporte com uma satisfação além da prática, sem
a necessidade do imediatismo nos resultados.
Compartilhamos a ideia de que algumas crianças passam a ter contato com
determinado esporte por influência dos seus pais (FILGUEIRA e SCHWARTZ,
2007). Porém, muitas vezes eles parecem se atentar mais ao desempenho dos seus
filhos e acabam não se preocupando com os efeitos das mudanças às quais eles
estarão expostos. Como exemplo, conviver em um ambiente novo, com pessoas
diferentes vivenciando outras experiências que podem ser mais difíceis do que
parecem. A influência exercida pelos pais em relação ao esporte que o filho vai
praticar é destacada por Filgueira (2005) quando diz que muitas crianças sofrem
com pais fanáticos, como exemplo o futebol, e assim não possibilitam os filhos
escolherem até mesmo outros esportes.
Assim, acreditamos ser necessário que essa escolha do esporte que se
deseja praticar seja de forma espontânea. De Marco (1997) complementa que as
crianças podem ficar traumatizadas com experiências esportivas influenciadas pelos
10
pais, seguindo um caminho em que a criança não teve o direito de escolher, o que
também poderá ocasionar a desistência dessa e de outras práticas.
Os profissionais devem possibilitar aos alunos uma prática competitiva que
venha assimilar com suas realidades e questões emocionais (MUTTI, 2003). Pode
ter buscas até mesmo de formas exageradas por parte dos pais em relação à
vontade de conquistar vitórias, e serem transmitidos para os filhos posteriormente.
Nesse caso, Santana (1996) ressalta que o professor deve passar uma orientação
aos alunos para que possam desenvolver a satisfação além da própria prática,
sabendo, portanto, entender a sua importância também através da participação.
Com isso, percebemos ser necessário que as crianças saibam assimilar também as
derrotas, como parte integrante das competições esportivas.
Como professor-treinador da escolinha utilizada na pesquisa, observei uma
necessidade de entendimento do crescente número de matriculados para prática do
futsal em relação aos anos anteriores, notados através da análise e comparação das
matrículas dos outros anos, assim como uma maior participação dos pais e
responsáveis. Portanto será uma forma de compreender os fatores motivacionais
desses pais, para essa grande procura pela prática do futsal para o filho na
escolinha, proporcionando assim o conhecimento das intenções e objetivos
buscados por eles.
Contudo, esta pesquisa procurou responder: Quais os motivos que levam os
pais a buscarem a iniciação esportiva do futsal para os filhos em uma escolinha de
treinamento?
Para isso estabelecemos um objetivo geral: identificar as motivações dos pais
ao inscreverem seus filhos na iniciação à prática esportiva do futsal. E os seguintes
objetivos específicos: a) analisar como se dá a relação entre pais e filhos quanto á
escolha da prática do futsal; b) diagnosticar quais as finalidades dessas intenções
dos pais; c) verificar como elas são repassadas aos filhos.
Assim, o trabalho está estruturado em cinco seções; a primeira seção, com a
introdução apresentada logo acima; na segunda temos a revisão de literatura, com
uma breve contextualização histórico-social do futsal, a respeito da história do futsal
desde sua origem, suas influências do futebol, sua chegada ao Brasil, às primeiras
competições e regras, assim como três seções secundárias; a prática do futsal, a
11
criança que pratica futsal e a iniciação esportiva; a terceira seção são os
encaminhamentos metodológicos, e também duas seções secundárias; a primeira
com os sujeitos da pesquisa e a segunda com os instrumentos e procedimentos da
coleta de dados. Na quarta seção é a apresentação e discussão de resultados e na
quinta temos a conclusão. Por fim temos a listagem das referências bibliográficas,
apêndices e anexo (instrumentos de coleta de dados e termo de consentimento livre
esclarecido).
12
2. REVISÃO DE LITERATURA: UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICOSOCIAL DO FUTSAL
Segundo Voser e Giusti (2002), o futebol de salão, como era chamado, pois
sua prática acontecia em quadras de basquete ou em pequenos salões, por isso
derivou-se o nome. Após décadas de sua criação passou a chamar futsal, a partir do
momento que a FIFA, Federação Internacional das Associações de Futebol, passou
a ser a principal responsável.
Em relação a sua criação, existem diversas histórias, porém quem de fato
se tornou o grande propulsor do esporte foi o Uruguai, na década de 30 através da
Associação Cristã de Moços de Montevidéu, de acordo com (VOSER E GIUSTI,
2002). No entanto, essa origem do futebol de salão apresenta grande controvérsia,
pois existem dúvidas se foram os brasileiros que levaram o hábito de jogar futebol
em quadras de basquete para a Associação de Moços de Montevidéu, ou se
conheceram essa novidade lá e dali expandiram para outros lugares, pelo fato de no
Brasil também existir já esta prática na Associação Cristã de Moços de São Paulo e
Rio de Janeiro.
Conforme estudos realizados por Voser e Giusti (2002) o Uruguai
apresentava muitas conquistas no futebol naquela época, tornando o esporte mais
praticado no país, porém faltavam espaços para essa prática, ocasionando assim o
improviso em lugares menores, tendo que modificar os modos de jogar. Depois que
se passaram 3 anos do surgimento, criaram as primeiras regras no ano de 1933. O
futebol de salão passou a conquistar diversos adeptos no Uruguai onde não só os
adultos se interessavam, mas também as crianças.
Essas regras surgiram graças a uma nova fase no processo de
esportivização, com uma perspectiva que levava a uma excitação agradável, onde a
violência e a desordem ficaram de lado. E essa fase se deu segundo Lessa (2010),
pois era um período pré-industrial na Europa e a prática esportiva já não se
restringia apenas ao lazer, os praticantes estavam em busca de resultados, isso
através principalmente de vitórias.
Esses fatos contribuíram para a difusão dos esportes, inclusive do futebol,
que após ser esportivizado teve maior disseminação pelo mundo, assim como suas
13
regras e organização. Nesse caso influenciou muito o futsal, pois suas regras foram
inseridas e adaptadas através do futebol.
No Brasil a Associação Cristã de Moços de São Paulo foi responsável pela
divulgação do esporte, de acordo com Voser e Giusti (2002), dando inicio para a
institucionalização do esporte, a partir da década de 50. Quatro anos mais tarde
surgiram as federações de futsal nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e
Rio Grande do Sul. A prática do futsal no Brasil foi oficializada no ano de 1958 com a
Confederação Brasileira de Esportes(CBD).
Nas primeiras competições na década de 80 o Brasil se consagrou como
campeão dos campeonatos pan-americanos e mundiais. Nos anos 90 o futebol de
salão teve uma grande mudança, pois ocorreu a fusão do futebol de cinco (praticado
pela Federação Internacional de Futebol Association) com o futebol de salão
(praticado pela Federação Internacional de salão), surgindo assim o futsal.
Em seu surgimento houve muita violência no jogo de futsal, e nesse caso um
dos motivos preocupantes para modificação das regras, por isso teve uma época
que o futsal chegou a ser proibido para crianças, afirma Daiuto (1977). Com o intuito
de se modernizar o futsal tem alterado suas regras muito rapidamente nos últimos
anos, como cita Voser e Giusti, (2002). Essas crescentes mudanças de regras
geraram contestações tanto por parte de jogadores quanto por treinadores, sendo
desnecessárias e prejudiciais, porém outros contestam a favor, possibilitando uma
nova dinâmica de movimentação e atuação das equipes.
As categorias na organização do futsal são divididas na seguinte forma,
segundo Bello Jr (1998): Mamadeira, chupetinha, fraldinha- (4 a 8 anos), a
preocupação é para estimular o lazer, brincadeiras. A categoria Pré-Mirim e Mirim(9 a 12 anos), a participação nos jogos nessa faixa etária, com aplicações de regras
básicas. Infantil, Infanto-juvenil- 13 a 17 anos.
O futsal no contexto da sua prática educativa pode ser utilizado como um
meio efetivo de formação das crianças e jovens, como destaca Tubino, (2001),
através do esporte se criam formas indispensáveis para o desenvolvimento de suas
personalidades.
2.1 A PRÁTICA DO FUTSAL
14
O futsal vem ganhando muito destaque entre as modalidades esportivas, por
isso sua apreciação está abrangendo tanto crianças, jovens e adultos em suas
diversas faixas etárias (Fonseca, 1998). Sejam quais forem os ambientes como
praças, escolas, clubes, percebemos a sua prática.
Ao iniciar a prática do futsal, o aluno será inserido em um ambiente de
competições que não tenha vivenciado. Sobre este aspecto, Santana (1996)
recomenda que o treinador esteja atento e inovando suas formas de ensino e
trabalho. Pois como destaca Meinberg (2002) é aquele responsável por nortear as
ações durante um processo de treino, capaz de apresentar diversos conhecimentos
para o aperfeiçoamento do aluno.
Diversos modelos de práticas competitivas podem ser trabalhados pelos
professores, envolvendo com a realidade dos alunos, assim como as dificuldades
que podem vir a surgir tanto nos treinamentos, quanto no próprio cotidiano, em
relação às questões pessoais e emocionais das crianças (MUTTI, 2003).
Quando referimos aos aspectos emocionais das crianças, levamos em conta
a convivência com as vitórias, derrotas, conquistas, decepções, com as quais os
alunos podem se deparar em uma escolinha de futsal. Assim, ressalta Santana
(1996), que é dever do professor orientar de uma maneira que seus alunos possam
desenvolver a satisfação além da própria prática, sabendo entender também a
importância da participação.
Segundo Oliveira (1998) a exigência feita pelos pais em relação ao
desempenho e resultados mostrados pelos filhos, muitas vezes se tornam motivos
de conflitos. Os níveis colocados pelos próprios pais acabam não sendo alcançados
pelos filhos, e aparecem de uma maneira equivocada para a idade. Tendo em vista
a exigência dos pais em relação ao desempenho e resultados mostrados pelos filhos
nos treinos, há necessidade de diálogos abertos entre os profissionais e
responsáveis para que repassem suas metodologias de treinamento, deixando
sempre à mostra os limites e níveis a serem alcançados pelos seus alunos na fase
de treinamento, o que tornaria os pais cientes das capacidades dos seus filhos, ao
iniciarem a prática do futsal.
Existem pelo menos dois princípios metodológicos segundo Dietrich,
Durrwachter e Schaller (1984), de ensino do futsal: o analítico-sintético e o global
funcional. No primeiro princípio o professor elabora os treinos em partes, onde os
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fundamentos serão executados até o domínio dos alunos, por exemplo, passe,
condução e chute, os quais se forem bem absolvidos pelos alunos poderão partir
respectivamente ao jogo em si, já no segundo, parte da totalidade do movimento
caracterizando pelo aprender jogando, com jogos pré-desportivos, lúdicos. Assim as
regras serão inseridas aos poucos para que os alunos possam desenvolver diversas
técnicas, com os próprios jogos, em determinados tempos e períodos. Ou seja, com
essa metodologia desde o início os jogos serão inseridos, porém de maneiras e
intensidades diferentes, respeitando a idade e entendimento dos alunos.
As escolinhas de futsal ao receberem os alunos necessitam estar atentas
quanto aos meios utilizados não só para o aprendizado como também, uma forma
dos mesmos terem a oportunidade de um convívio diferenciado, e compartilhamento
de novas experiências, que possam contribuir no seu desenvolvimento tanto no diadia quanto no futuro.
Os profissionais podem buscar maneiras diversas de preparação para que
esses alunos aprendam a lidar com as emoções, as derrotas e vitórias,
principalmente informando-os de que não estão ali necessariamente em busca de
resultados de imediatismo e sim à participação (SANTANA, 1996).
2.2 A CRIANÇA QUE PRATICA FUTSAL
Ao entrar para a prática do futsal, as crianças passam a fazer parte de outra
forma de socialização, nesse caso o professor poderá trabalhar através de três
dimensões: procedimental, atitudinal e conceitual, segundo Cavalcante (2013). Na
procedimental os objetivos são que as crianças na prática possam ter movimentos
variados, ritmos, situações de jogos e fundamentos básicos; já a conceitual, que
deve complementar a anterior, visa apresentar a história do esporte, os modos de
execução nas suas formas corretas, desenvolvendo uma criticidade por parte dos
alunos, a partir do momento que se tem o conhecimento. Já a dimensão atitudinal
desenvolve nos alunos suas atitudes, seus valores éticos e morais, demonstrando
respeito com os colegas, adversários, professores e pais, desenvolvendo, contudo,
um trabalho de cooperação entre os demais (DARIDO e RANGEL, 2005).
A criança que entra para praticar futsal em uma escolinha necessita ser vista
e tratada como uma criança, com suas dificuldades e características que são por
16
muitas vezes esquecidas pelos profissionais responsáveis e as veem como miniatletas preocupados apenas com a produção de talentos e não com sua formação
(REZER & SHIGUNOV, 2004).
Por consequência de uma busca estritamente voltada para o rendimento, as
habilidades motoras são privilegiadas, ou seja, cobra-se um domínio primeiro e
especifico dos gestos técnicos, antes propriamente do jogo, afirmam Barbieri et al.
(s/d). Também ressaltam sobre a lateralidade dos movimentos, onde os atletas são
forçados ao desenvolvimento apenas dos membros inferiores como no futsal, e até
mesmo apenas o lado dominante, deixando de lado as outras partes. Nesse caso, o
treinador atenta-se para sempre estimular a utilização dos membros, mesmo que
não seja o dominante.
Os fundamentos técnicos, como chutes, passes, dribles, condução de bola e
marcação, segundo Voser (1996), podem ser passados para as crianças, seja qual
faixa etária estiver, porém deve ser através de atividades recreativas adequadas de
acordo com o nível em que o grupo se encontra. Essas formas de ensinamentos
proporcionarão à criança perder a inibição com os demais, assim como a
socialização e o aumento do aprendizado.
As técnicas de ensino nos anos de aprendizagem devem ser levadas para o
lado lúdico, com brincadeiras que incentivem as crianças a gostarem do esporte,
segundo Santana (2004). Na prática do futsal, o principal atrativo para as crianças é
o jogar, mesmo que não estão desenvolvidas suas habilidades suficientes para o
jogo de futsal em si. Porém, se não tiver o jogo nas aulas de futsal, a criança sairá
frustrada e assim nem comparecer mais nos treinos destaca, (MUTTI, 2003).
Desta forma Freire (1998, p. 36) salienta que “a criança quando chega às
escolinhas de esportes deve continuar brincando de esporte, sendo que as
sistematizações para a aquisição de técnicas devem ocorrer lentamente, sutilmente”.
Os motivos que levam a criança a praticar o futsal podem ser desde a
vontade de se tornar jogador de futsal profissional, a razões educacionais, saúde, e
até mesmo só para atender as vontades dos pais afirma Marques e Kuroda (2000).
Com isso, treinadores e até mesmo os pais devem estar atentos em relação aos
filhos para que não possam tomar decisões equivocadas perante aos filhos.
17
2.3 A INICIAÇÃO ESPORTIVA
Quando nos referimos à iniciação, logo pensamos em algo que será novo,
sendo um primeiro contato com determinada situação com a qual o ser humano não
está habituado no seu cotidiano, algo diferente. Assim nota-se iniciação esportiva
não se difere muito desse pensamento, pois segundo Ramos e Neves (2008, p. 02),
o termo iniciação esportiva é conhecido como um processo do qual um sujeito toma
contato com novas experiências regradas sobre uma atividade físico-esportiva.
Acreditamos que a iniciação esportiva está cada vez mais presente no
cotidiano das crianças, caracterizada como um período no qual a criança começa a
aprender, de forma específica, a prática de um ou vários esportes. Muitas vezes é
através da iniciação esportiva que a criança terá um contato mais específico e
detalhado do esporte escolhido para praticar, com suas regras e orientações
necessárias. Segundo Almeida (2005) há uma necessidade de conhecimento das
características físicas e psicológicas das crianças e, portanto, passem a respeitá-las,
pois não são características de adultos.
As maneiras como os alunos encaram a iniciação esportiva normalmente
vêm de casa. Machado (1997) salienta que as crianças têm como seus espelhos os
próprios pais com quem têm convivência mais próxima, e procuram levar os
procedimentos dos seus genitores para o seu dia a dia. Apesar de procurarem impor
um modelo de educação que acham mais viável aos seus filhos, porém o mesmo
nem sempre acaba sendo padronizado.
Segundo Mesquita (2005) a prática esportiva exerce um papel fundamental na
formação do ser humano, no que diz respeito ao atleta e pessoa. Essa prática está
presente no processo educativo e formativo, auxiliando no processo físico, social e
emocional das crianças, assim como possibilita através da prática esportiva a
convivência com situações de valores como saber-ser, autodisciplina, autocontrole,
humildade, e também no saber-estar como o companheirismo e respeito ao próximo.
Mosquera
e Stobaus (1984) comentam que
as habilidades físicas
desenvolvidas na infância preparam para o desenvolvimento na idade adulta. Nesse
caso, a infância se torna a base para a vida adulta e também para a prática
esportiva no futuro. Na idade infantil acontece uma estruturação da personalidade, e
ela serve como uma preparação para as idades posteriores.
18
Esse primeiro contato com esporte pode acarretar diversas consequências.
Por isso, é necessário que se tenha cuidado, porque podem surgir problemas nas
crianças muitas vezes irreversíveis em relação ao esporte, nesse caso Santana,
(2004) coloca que a preocupação nessa fase não pode ser com a especialização
nem para a busca de resultados imediatos o que ocasionaria o afastamento do
esporte.
Segundo Gomes, (2009) há uma diferença entre o conceito de iniciação
precoce e de treinamento precoce, carregada com uma série de debates,
principalmente no que diz respeito ao treinamento precoce, em relação aos prejuízos
futuros que podem ocorrer com o praticante. Já a iniciação precoce envolve toda
uma ótica da formação global da criança e jovem, vista pelo autor como uma
iniciativa louvável das pessoas envolvidas, como os professores, pais entre outros.
O professor-treinador necessita estar atento a alguns conceitos importantes
quando se refere ao treinamento esportivo na infância e adolescência, como a
especialização, especialização precoce, especialização prematura, destacados por
Gomes, (2009). A especialização se refere a um treinamento orientado a uma
determinada modalidade, a especialização precoce ocorre de forma antecipada,
porém se respeita a idade cronológica, já a iniciação prematura há uma
especialização antecipada sem levar em conta a maturação biológica.
Em um treinamento esportivo não necessariamente é preciso o domínio de
toda a técnica para que se possa jogar, ressalta (Filgueira; Greco, 2008). Desde o
inicio da aprendizagem os alunos podem estar vivenciando progressões que
evidenciam as situações de jogo.
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3. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
A Pesquisa teve seguimento à abordagem qualitativa, na descrição e análise
dos dados obtidos em relação às motivações dos pais para a prática do futsal pelo
filho em uma escolinha de futsal. Na pesquisa qualitativa o pesquisador tem a
possibilidade ou não de reconhecer seu envolvimento com a temática. Por estar
participando diretamente como professor educador da escolinha, resolvi utilizar esta
abordagem. Através dos contextos de uma situação específica passamos a relatar,
descrever e analisar para atribuir significação a esse processo (FERNANDES e
GOMES, 2003).
As pesquisas exploratórias, como percebe-se no texto de Gil (1999), têm
como meta desenvolver, esclarecer e modificar conceitos, ideias e a formulação de
problemas mais precisos ou o levantamento de hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores. Portanto, este trabalho terá seguimento através desta técnica de
pesquisa, já que nesse caso teremos o envolvimento também de pessoas.
A fim de ter na coleta uma complementação e formulação mais clara dos
dados em relação aos motivos dos pais para ingresso do filho na escolinha de futsal,
foi utilizado questionário. Segundo Gil (1999) o questionário se caracteriza por uma
técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de
questões, que podem ser de três tipos: as abertas, que apresentam a pergunta e
deixa espaços para que possa ser respondida, sem restrições; nas fechadas
apresenta-se uma série de alternativas para serem utilizadas no auxílio da resposta;
e por fim, as relacionadas, que oferecem alternativas relacionadas de acordo com a
resposta dada pelo questionado.
Neste trabalho foi utilizado o questionário com questões abertas,
formuladas a partir do referencial teórico. As perguntas são para os pais, à respeito
dos filhos que praticam futsal na escolinha, assim as, respostas são sem restrições.
3.1 SUJEITOS DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida com os pais dos alunos frequentadores de uma
escolinha de futsal que pertence a um Colégio da rede particular de ensino, na
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cidade de Ladário (MS). A participação na escolinha é aberta para os alunos do
colégio e também aos demais da comunidade, mediante o pagamento de
mensalidades.
O horário de funcionamento é das 17h e 20min até às 20h e 20min, nas
segundas, quartas e sextas-feiras e não há restrição quanto à presença dos pais nos
treinos, por isso a maioria deles acompanha seus filhos. A faixa etária atendida é de
crianças entre 4 e 12 anos de idade, divididas em suas respectivas categorias:
mamadeira (5 a 6 anos), fraldinha (7 a 8 anos), pré-mirim (9 e 10 anos) e mirim (11 a
12 anos).
Dentre os objetivos da escolinha de futsal citada acima, estão o aprendizado
e a interação entre os alunos frequentadores, através de práticas educativas tanto
do futsal, quanto da convivência social das crianças. O número de praticantes é
limitado para cada faixa etária e seu horário de treino, para que os mesmos possam
ter a possibilidade de concentração e desenvolvimento. Essa intenção adotada pela
escolinha é apresentada pelo coordenador e professor treinador em reuniões iniciais
com os devidos pais e responsáveis. Assim, estes passam a saber que a escolinha
tem o intuito de ensinar não só o futsal mas também questões sociais e individuais
para o aluno.
Muitos dos alunos que frequentam a escolinha de futsal são do próprio
colégio, e destes, a maioria vem de outras cidades e reside atualmente em Ladário
por motivos relacionados ao trabalho dos pais. Assim essas crianças se deparam
com uma realidade diferente da que era acostumada nas outras cidades, e procuram
diversas formas para adaptação com a nova realidade.
Para que houvesse melhor desenvolvimento da pesquisa, foram sujeitos
desta pesquisa aqueles pais frequentadores assíduos dos treinos e jogos, que
observam o comportamento dos filhos. Aparentemente esses pais estão sempre
atentos a qualquer movimento realizado pelas crianças, como desatenções e
desentendimentos ocorridos em horários impróprios. Quem acompanha os treinos
geralmente são os homens, e parecem estar muito mais atentos e preocupados que
as mães, quando estão presentes nos treinos e jogos.
3.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS
21
A fim de obter as informações necessárias para esta pesquisa, inicialmente
houve um contato com a coordenação da escolinha de futsal, a fim de explicar os
objetivos do estudo em questão, e solicitar o consentimento, através do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, viabilizando a realização da pesquisa no local.
Houve uma reunião para explicação e apresentação do estudo aos pais,
depois foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido juntamente com
o questionário aos pais.
Durante o período de abril e maio do corrente ano, aplicou-se um questionário
contendo 8 questões abertas a pais de crianças na faixa etária entre 5 a 10 anos,
contendo perguntas à respeito da iniciação esportiva na prática do futsal pelos seus
filhos na escolinha.
O universo pesquisado foi de 15 pais responsáveis por matricular e
acompanhar o filho na escolinha de futsal.
22
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Na investigação realizada foi possível observar que os pais ou responsáveis
se envolvem diretamente nas atividades praticadas pelos filhos. A partir deste
envolvimento procuramos analisar as questões que compuseram nosso problema de
pesquisa e responder aos objetivos da mesma. Assim, apresentamos a seguir os
resultados da coleta de dados realizada com os pais e responsáveis.
Quanto à inserção dos filhos em uma atividade de iniciação esportiva, nota-se
um comprometimento dos pais na questão de incentivar o filho ao gosto por
atividades que auxiliem no desenvolvimento social e por uma vida saudável, através
do esporte, nesse caso o futsal.
Marques e Kuroda (2000) ressaltam que o futsal pode se tornar um
instrumento de socialização e formação das crianças, ao mesmo tempo em que
podemos observar a seguinte afirmação de um pai:
“Incentivo porque a prática de alguns esportes beneficiam a saúde e o
desenvolvimento. Escolhi o futsal, haja vista que é um esporte coletivo, que favorece
a socialização (SUJEITO 01)”.
Acerca das características que surgem a respeito da iniciação esportiva,
observa-se a preocupação dos pais em conversarem com os filhos, principalmente
sobre os reais motivos e objetivos de frequentarem a escolinha de iniciação
esportiva.
A respeito disso, Ramos e Neves (2008, p. 02), relatam que a iniciação
esportiva se caracteriza como um processo cronológico quando o sujeito passará
por novas experiências que poderão ser levadas para além da escolinha. Isso
também foi percebido na afirmação de um dos nossos sujeitos de pesquisa, quando
afirmou sobre a importância de seu filho aprender a respeitar as outras pessoas
“tanto na escolinha quanto fora dela (SUJEITO 02)”.
Assim após analisarmos as repostas, os pais procuram demonstrar que
conhecem algumas características da iniciação esportiva, e essas acabam sendo
passadas aos filhos, o que acreditamos ser muito importante, pois poderá auxiliar
positivamente nesse processo inicial, quando a criança tem, além do professor como
orientador, também os pais.
23
Ao inserirem os filhos na prática do futsal, os pais esperam que eles
desenvolvam e aprimorem suas características físicas, motoras e também as
questões de convívio social, que se destaca como um dos fatores motivadores de
maior importância, em relação às motivações físicas e motoras. A respeito disso
Almeida (2005) destaca que há a necessidade de os pais conhecerem as
características físicas e psicológicas dos seus filhos.
Dentre os resultados desta pesquisa, percebe-se que os pais possuem alguns
desses conhecimentos em relação aos próprios filhos, mesmo que seja
superficialmente, e expõem suas expectativas através da prática do futsal:
“[...] assim como qualquer outro esporte o futsal traz essa disciplina aos jogadores,
que contribui no cotidiano de todos (SUJEITO, 03).”
“[...] desenvolvimento físico e motor, mas principalmente as qualidades básicas como
respeito, união, perseverança, trabalho em equipe (SUJEITO, 11).”
Quanto à reação dos pais na observação dos jogos e treinos, o incentivo se
destacou, pois notamos que eles conseguem repassar aos filhos o sentimento de
alegria pelo fato deles praticarem aquele esporte. Sobre este aspecto, Santana
(1996) corrobora, destacando que o incentivo nessa participação dos pais é um dos
principais elementos, pois enfraquece a necessidade da busca por resultados e o
imediatismo. Afirmação que podemos observar na citação de dois questionários
analisados:
“[...] é bom ver o filho ali correndo, brincando, se enturmando e principalmente
fazendo aquilo que o deixa feliz (SUJEITO, 05).”
“Fico feliz em ver que ele se desenvolve bem e tem uma boa relação com os colegas
(SUJEITO, 06).”
Segundo Oliveira (1994), as exigências em excesso dos pais quanto ao bom
rendimento dos filhos podem proporcionar diversos conflitos. Observamos, durante a
pesquisa que surgiram cobranças sobre as atitudes de respeito durante os treinos,
tanto com os colegas quanto com o treinador. Em alguns casos, elas não aparecem,
pois os pais não a executam ou estão atentos em relação a essa questão do
prejuízo que podem causar em exageros. Nesse caso, eles atentam para o fato de
24
que o filho está em uma fase de iniciação e as cobranças nesse sentido poderiam
atrapalhar o seu desenvolvimento:
“Somente que ele preste bastante atenção ao que o professor vai ensinar. (SUJEITO,
07).”
“Cobrança não. Ás vezes dou algumas dicas, acho que é muito cedo para começar a
cobrar (SUJEITO, 05).”
Porém em relação a esta questão levantada nos resultados, os pais na
teoria, ou seja, no questionário responderam que não há essas cobranças em
excessos durante os treinos dos filhos, no entanto na prática há sim cobranças, não
ao ponto de prejudicar o rendimento dos filhos, mas elas estão presentes sim. Fato
este identificado, pois sou o professor-treinador das crianças.
Quando os filhos são levados ao contato com as competições, os pais veem
que será através destas que os filhos aprenderão sobre as questões do saber
ganhar e saber perder, por isso os incentiva participar. Segundo Santana (1996) a
participação apresenta-se com um papel muito importante na vida da criança e os
pais demonstram ter esse conhecimento, através das afirmações abaixo:
“Ótimo, estimula a competição e eles aprendem a entender que na vida há perdas e
ganhos (SUJEITO, 06).”
“[...] o importante não é só vencer e sim aprender e participar (SUJEITO, 05).”
Para os pais que foram investigados em nossa pesquisa, o futsal apresentase como um esporte coletivo de competição, visto por eles como importante para o
desenvolvimento dos filhos. Contudo eles demonstram estarem atentos a prática dos
filhos quando se envolvem em questões emocionais e se preocupam com os
acontecimentos dos treinos e jogos. Foi importante perceber que eles estão atentos
e cuidadosos ao fato de poderem estar inserindo seus filhos em situações adversas
precocemente:
“Sei que meu filho estará envolvido em competições dentro da escolinha, isso o
auxiliará muito, contudo me preocupo mais quando são excessivas e duras para ele
(QUESTIONÁRIO 08).”
25
Portanto através da análise dos resultados notamos que os motivos dos pais
para ingresso dos filhos em uma escolinha de futsal estão ligados ao
desenvolvimento social, questões relacionadas à sua sociabilização, e também que
eles possam ter o respeito pelo próximo, não só dentro da escolinha, mas também
fora dela, saber desenvolver trabalhos em equipe, e até mesmo uma forma de
aprimorarem a disciplina. E na visão dos pais essa prática esportiva do futsal dentro
de uma escolinha, proporcionará esse amadurecimento, e, além disso, seus filhos
estarão praticando um esporte que gostam, sem estarem pressionados, mas
incentivados das melhores maneiras possíveis pelos próprios pais e responsáveis.
A questão dos filhos estarem praticando uma atividade esportiva, também
aparece como motivo para que os pais incentivem os filhos a praticarem o futsal,
pois pela análise percebe-se que veem através deste aprendizado, uma
possibilidade em proporcionar aos filhos o gosto por atividades esportivas, mesmo
que não seja no futuro somente o futsal, e assim levar essa vontade de estar em
contato com as atividades esportivas para o seu decorrer da vida.
26
5. CONCLUSÕES
Pelo estudo procedido na escolinha de Futsal da cidade de Ladário (MS) e
mediante a análise das respostas dos questionários, entendemos que as crianças
começam desde muito cedo as atividades esportivas e para isso recebem na maioria
das vezes o apoio dos pais ou responsáveis, que servem como seus maiores
incentivadores durante a prática de esporte, em especial o futsal, propriamente
tratado neste trabalho.
Os pais se mostraram atentos às possibilidades que possam surgir quando os
filhos começam a ter esse interesse esportivo, como uma forma dos mesmos
sociabilizarem-se com colegas, enfrentarem novos ambientes e resolverem
possíveis problemas que podem surgir. O futsal, mais especificamente pode auxiliar
nesse processo de aprendizado da criança, e assim é incentivado pelos pais através
da escolinha.
Entende-se que há uma preocupação por parte dos pais em relação às
cobranças excessivas, conhecendo os riscos e problemas que venham a surgir a
partir dessas exigências em seus filhos. Tendo a consciência que são apenas
crianças, e estão em uma fase de iniciação e desenvolvimento das características
físicas e psicológicas.
Demonstram preocupados também com questões que envolvam não só a
prática esportiva em si, mas também aos valores que as crianças aprendem e
desenvolvem durante os treinos e jogos na escolinha de futsal e que são levados
para o decorrer de suas vidas.
Em relação à competição os pais não coíbem a participação de seus filhos e
sim incentivam, pois veem como uma forma dos mesmos estarem tendo a
oportunidade de aprender questões do saber ganhar e perder. Porém veem que se
essas competições forem excessivas podem prejudicar seus filhos.
Portanto este trabalho possibilitou o conhecimento da principal motivação dos
pais a respeito da prática do futsal pelo filho, que é a questão do desenvolvimento
social, com atitudes de respeito que podem adquirir e serem levadas para além da
escolinha.
27
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30
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PAIS
___________________________________________________________________
Pesquisador responsável:
Micheli Verginia Ghiggi
Instituição:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Email:
[email protected]
Telefone:
67 99309770
___________________________________________________________________
Pesquisador aluno:
Diego Alexander de Arruda Silva
Instituição:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço:
Rua Salgado Filho, 06.
Telefone:
3226-2729
Email:
[email protected]
___________________________________________________________________
Curso de Licenciatura de Educação Física
Prezado Responsável, sou estudante do 8º semestre de Educação Física da
Universidade Federal de Educação Física - UFMS, e estou fazendo uma pesquisa.
Necessito de sua atenção para preencher este formulário. Com este questionário
pretendo verificar seus interesses e motivos para o ingresso do filho na escolinha de
futsal, na cidade de Ladário (MS). Desde já agradeço a colaboração e garanto o
sigilo dos dados.
NOME (PAIS): ______________________________________________________
NOME (FILHO):_____________________________________________________
1) Por que incentiva o filho (a) a praticar uma atividade de iniciação esportiva? Por
que o futsal?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2) Conversa com o filho sobre os motivos e objetivos de frequentar uma atividade
de iniciação esportiva?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3) Possui alguma expectativa sobre o filho em relação à prática do futsal? Qual?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4) Como reage ao observar a atuação do filho nos jogos e treinos?
R. ________________________________________________________________
31
__________________________________________________________________
5) Faz algum tipo de cobrança sobre o rendimento do filho? Qual?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
6) O que acha da participação da escolinha em competições e amistosos?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
7) Tem alguma preocupação pelo fato de o filho já estar envolvido em um esporte
competitivo?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8) Conversa com o filho sobre a importância de saber ganhar e perder?
R. ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
32
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)
___________________________________________________________________
Pesquisador responsável:
Micheli Verginia Ghiggi
Instituição:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Email:
[email protected]
Telefone:
67 99309770
___________________________________________________________________
Pesquisador aluno:
Diego Alexander de Arruda Silva
Instituição:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Endereço:
Salgado Filho 06
Telefone:
3226-2729
Email:
[email protected]
___________________________________________________________________
Concordo em participar do estudo
A criança que pratica futsal e as motivações que podem levar a essa prática
em uma escolinha de futsal em Ladário (MS)
Estou ciente de que estou sendo convidado a participar voluntariamente do mesmo.
PROCEDIMENTOS: Fui informado de que os objetivos serão: Identificar as
motivações de pais e filhos, para a iniciação á prática esportiva do futsal em uma
escolinha. Compreender as motivações dos pais ao colocarem seus filhos em uma
escolinha de futsal; Compreender as motivações das crianças ao frequentarem uma
escolinha de futsal; Relacionar as motivações dos pais e das crianças praticantes de
futsal. Os resultados serão mantidos em sigilo e somente serão usadas para fins de
pesquisa.
RISCOS E POSSÍVEIS REAÇÕES: Fui informado de que não existem riscos no
estudo.
BENEFÍCIOS: O benefício de participar na pesquisa relaciona-se ao fato que os
resultados serão incorporados ao conhecimento científico e posteriormente a
situações de ensino-aprendizagem.
PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Como já me foi dito, minha participação neste
estudo será voluntária e poderei interrompê-la a qualquer momento.
33
DESPESAS: Eu não terei que pagar por nenhum dos procedimentos, nem receberei
compensações financeiras.
CONFIDENCIALIDADE: Estou ciente que a minha identidade permanecerá
confidencial durante todas as etapas do estudo.
CONSENTIMENTO: Recebi claras explicações sobre o estudo, todas registradas
neste formulário de consentimento. Os investigadores do estudo responderam e
responderão, em qualquer etapa do estudo, a todas as minhas perguntas, até a
minha completa satisfação. Portanto, estou de acordo em participar do estudo. Este
Formulário de Consentimento Pré-Informado será assinado por mim e arquivado na
instituição responsável pela pesquisa.
Nome do participante/representante legal:______________________________
Identidade:_________________
ASSINATURA:___________________________
DATA: ____ / ____ / ______
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DO INVESTIGADOR: Expliquei a
natureza, objetivos, riscos e benefícios deste estudo. Coloquei-me à disposição para
perguntas e as respondi em sua totalidade. O participante compreendeu minha
explicação e aceitou, sem imposições, assinar este consentimento. Tenho como
compromisso utilizar os dados e o material coletado para a publicação de relatórios
e artigos científicos referentes a essa pesquisa. Se o participante tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, pode entrar em contato com o
Curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus
do Pantanal – Av. Rio Branco, 1270. Bairro Universitário. Caixa Postal 252. CEP
79304-020 – Corumbá (MS). Fone: 067 3234 6800.
ASSINATURA DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL
_____________________________________________
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A criança que pratica futsal e as motivações que podem levar a