NOSSA BANDEIRA DESFRALDADA
E SEU HINO INTERPRETADO
Apresentamos este trabalho, analisando alguns aspectos,
dedicando-o aos que praticam os sentimentos cívicos, não o quadrienal de
copas do mundo de futebol, e sim os que o praticam com profundo amor
ao nosso grande país, cujo o culto à nossa Bandeira é expresso pelo
grande escritor, jornalista e político, Coelho Neto:- “Não há religião sem
Deus nem Pátria sem Bandeira. Prestar culto a Bandeira é venerar o
espaço e o tempo nos limites geográficos duma nação e neles a raça e
tudo que ela representa e abrange. Venera-se na Bandeira o espaço pelo
amor a terra maternal”.
Autor: Derly Halfed Alves
Oficial reformado do exército – Escritor maçônico, com três livros
publicados, sendo um pelo Senado Federal. Membro das seguintes
Academias: Internacional Maçônica de Letras – Academia Maçônica de
Letras de Juiz de Fora – MG – Academia Paraibana de Letras Maçônicas –
João Pessoa – PB e da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas
Literárias, figurando em diversas antologias e Enciclopédias.
Direitos reservados
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NOSSA BANDEIRA DESFRALDADA
DEFINIÇÃO HISTÓRICA – O termo etimológico advém do gótico,
significava antigamente sinal, gesto, aceno, ou ainda estandarte, e depois
grupo de pessoas seguidoras de um mesmo sinal. Esta é a lição mais
antiga que encontramos para definir “Bandeira’.
Antes que as Bandeiras, tradicionais fossem inventadas, os homens
da antiguidade, para identificação de seus grupos, usavam mastros com
símbolos esculpidos nas pontas, tais símbolos variavam, desde galhos de
árvores, palmas e até mesmo esculturas de pedras ou de madeiras.
Hoje, mundialmente, a Bandeira é, sobretudo o maior símbolo de
um grupo sócio cultural, ou, por excelência, o Símbolo Maior de Uma
Pátria.
Vamos desfraldar a Nossa Bandeira, fazendo a
pergunta tradicional:
VOCÊ SABIA QUE?
1 . A primeira bandeira de pano que se tem conhecimento foi
confeccionada na China.
2 . O primeiro país a usar a bandeira como seu símbolo, foi a
Dinamarca, em 1219.
3 . O segundo país a usar a bandeira como símbolo foi a Áustria.
4 . A primeira Bandeira do Brasil foi a da Ordem de Cristo, criada por
El-Rei D. Diniz em 1320.Foi exposta na Missa Pontifical em Belém (antigo
distrito de Lisboa, hoje bairro da capital portuguesa) antes da partida de
Pedro Álvares Cabral, que a arvorou no Brasil logo após desembarcar. Foi
o primeiro símbolo da terra descoberta.
5 . O primeiro “símbolo” aposto em uma bandeira, foi a Cruz de
Cristo, pelos Templários.
6 . Nossa Bandeira foi instituída pelo decreto nº 4, de 19 de
novembro de 1889, assinado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, e os
integrantes do primeiro ministério, inclusive Deodoro, curiosamente eram
todos Maçons.
7. Durante o período de 15 a 19 de novembro de 1889, foi arvorada
como Bandeira Nacional no Clube Republicano, denominado Lopes
Trovão, e que era uma réplica da bandeira americana, com treze listras
horizontais, nas cores verde e amarela, e vinte e uma estrelas de prata no
campo azul.
Esta Bandeira Provisória da República inspirou a criação das
bandeiras atuais dos estados de Sergipe, Piauí e do Ceará..
8 . A lei nº 5.700, de 1º de setembro se 1971, dispõe sobre a forma
e a apresentação dos Símbolos Nacionais, e dá outras providências; Lei nº
5.812, de 13 de outubro de 1972, modifica determinados artigos, e a Lei
nº 6.913, de 27 de maio de 1981, dá nova redação a artigos da Lei nº
5.700/1971.
9. O artigo 5º da Lei nº 5.700, fixa todas as regras para a feitura total
da nossa Bandeira, sendo uma, senão a mais difícil, para sua confecção.
Para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada,
considerada uma medida ou módulo.
10 . As duas faces da Bandeira Nacional devem ser exatamente
iguais, sendo vedado fazer uma face com avesso da outra.
11 . As letras da legenda “Ordem e Progresso” são escritas em cor
verde. Esta legenda foi extraída do lema “L’aumor pour príncipe et I’ordre
pour base, le progrés pour but – O Amor por princípio, a Ordem por base e
o Progresso por fim”, de uma doutrina ou seita denominada Positivismo,
implantada no Brasil pelo francês Augusto Comte, sendo seus seguidores
vários vultos republicanos importantes, destacando-se Benjamin Constant,
Quintino Bocaiúva, Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes que, por
sua proposta foi simplificada e adotada.
12 . A simbologia tida como oficial das cores verde e amarela se
acha ligada à heráldica: o verde originário da Casa Real de Bragança: e o
amarelo, a cor da Casa Habsburgo - Lorena de Áustria, de onde provinha
Dona Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro.
Quanto ao azul e o branco, dizem, essas cores provém de nossa
filiação histórica a Portugal, pois eram as cores da bandeira lusa.
13 . O aspecto do céu representado na Bandeira está invertido,
explica-se: “o orbe celeste, no qual parecem fixadas as estrelas, tem raio
infinito. Em consequência, é sempre visto do centro, e esse parece ser o
ponto ocupado pelo observador, idealizou-se a esfera celeste da Bandeira,
apresentado o Cruzeiro do Sul, e demais constelação e estrelas que nela
figuram, como se as víssemos do infinito como se fossem vistas num
espelho ou num “globo celeste”.
14 . A estrela (Espiga) isolada acima da legenda “Ordem e
Progresso” representa o Estado do Pará, e não o Distrito Federal, como
erradamente ainda se ensina nas Escolas.
15 .Vulgarmente, a estrela (epsilon) que quebra a hegemonia do
Cruzeiro do Sul, e que representa o Estado do Espírito Santo, é
denominada “intrometida”.
16 . A nossa Bandeira não é a única a estampar a constelação do
Cruzeiro do Sul – figuram também nas bandeiras da Austrália, Nova
Zelândia, Samoa Ocidental, Papua e Nova Guiné.
17 . A Bandeira Nacional pode ser hasteada e arriada a qualquer
hora do dia ou da noite.
- normalmente faz-se o hasteamento às 8 horas e o arreamento às
18 horas;
- no dia 19 de novembro, Dia da Bandeira, o hasteamento é
realizado às 12 horas;
- durante a noite, a Bandeira deve estar devidamente iluminada.
18 . Nas escolas públicas ou particulares é “obrigatório o
hasteamento” solene da Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo
menos uma vez por semana. (§ único – art. 14 da Lei 5700/1971)
19 . A Bandeira em mau estado de conservação deve ser entregue a
qualquer unidade militar, para que seja incinerada no Dia da Bandeira,
segundo cerimônia peculiar. (não deve ser jogada no lixo ou servir de
pano de chão).
20 . É vedada qualquer forma de saudação (ex. mão sobre o peito),
durante o hasteamento ou arreamento da Bandeira ao canto do Hino
Nacional, exceto militares fardados, segundo seus regulamentos.
21 . O dia da Bandeira só foi instituído no ano de 1908, quando uma
comissão foi especialmente incumbida de promover a criação do Dia da
Bandeira, sendo bem recebida e festivamente comemorada em todos os
Estados no dia 19 de novembro daquele ano.
22 . Excetuando-se a bandeira do Nepal (duas flâmulas
sobrepostas), via de regra, as bandeiras são retangulares, e
simbolicamente divididos em quartos ou módulos. Os dois mais próximos
do mastro formam o içamento; primeiro quarto superior e o terceiro
quarto ou canto inferior de içamento; os outros dois, a parte tremulante,
ou seja: o segundo quarto superior tremulante e o quarto inferior,
denominados de tremulantes.
23 . Enquanto o Hino Nacional Brasileiro é oficializado, (Decreto
15.671, de 6 de setembro de 1922), o Hino à nossa Bandeira, (poesia de
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, o dito Olavo Bilac, e música do
Maestro Francisco Braga), é cantado até hoje, por tradição, não sendo
oficializado. (a)
24 . É obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira
Nacional em todos estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares,
bem como do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em
todos estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares, do primeiro e
segundo graus.
25 . O “Pai da Aviação” – Alberto Santos Dumont, natural de
Palmeira, hoje Santos Dumont-MG, em tempo algum usou nossa Bandeira
sob o argumento de que ela não representava o sentimento de
brasilidade, pois se tratava de uma legenda nela inserida de uma seita
pela qual “recusava de ser um propagandista de uma legenda ou lema
sectário”. Em suas experiências usava duas fitas (verde e amarela).
26 . Pelo menos doze vezes se tentou mudar a nossa bandeira,
principalmente o lema Ordem e Progresso, cujo primeiro projeto foi
apresentado no dia 1º de setembro de 1892, pelo deputado Oliveira
Valadão, e a última tentativa se deu no Governo do Presidente José
Sarney, que por decreto, instituiu uma comissão para estudar a mudança
da Bandeira Nacional, com relação ao lema positivista (Ronaldo Mourão –
Jornal de Brasil de 16 de novembro de 2008 – Positivismo e a Maçonaria
na Bandeira).
27 – O vocábulo bandeira tem vários sinônimos, uns perfeitos,
outros imperfeitos, tais como: auriflama, balsa, bandeirola, emblema,
estandarte, flâmula, galhardete, gonfalão, guião, insígnia, lábaro, pálio,
pavilhão, pendão, signa, vexilo.
28 . Olavo Coimbra, um dos maiores historiadores sobre
bandeirologia, relacionou “as sete maiores críticas” com relação à nossa
Bandeira; 1) – Desprezo da tradição; 2) – Erros astronômicos; 3) – Uma
legenda positiva; 4) – Caso especial do Cruzeiro do Sul; 5) – Simbologia
sem fundamentos; 6) – Inobservâncias Heráldicas; 7) - Falhas na aplicação
do Decreto.
29 . A violação de qualquer dispositivo e Leis citadas no item 8, é
considerada contravenção penal.
30 . No livro “Bandeira Nacional”, Históricas e Estaduais, Edições do
Senado Federal – Volume 155 – Brasília 2011, de minha lavra, o leitor
encontrará nas 254 páginas, maiores informações sobre a nossa
Bandeira e outras.
(a) Em 1993, como Presidente da Loja Maçônica Fraternidade Brazileira
de Estudos e Pesquisas (1897), foi endereçado ao governo da época,
processo encaminhado cerca de 50 documentos de órgãos oficiais,
sugerindo a oficialização do Hino a Bandeira – resultado: - arquivo ou lata
de lixo...
HINO À BANDEIRA
(Interpretação)
(Interpretação
HISTÓRICO: Interpretar significa explicar, explanar, esclarecer, e é
neste sentido que procuraremos dar um esclarecimento pessoal sob a
letra do nosso Hino à Bandeira, voltando a afirmar que, infelizmente o
Hino não é oficializado até a presente data, sendo cantado por tradição,
mas sempre com muito entusiasmo por todos nós brasileiros.
O Hino à Bandeira surgiu de apelo feito pelo então Prefeito do Rio
de Janeiro, Francisco Pereira Passos, ao grande poeta nacional que em
1907 foi aclamado o “Príncipe dos poetas brasileiros Olavo Brás Martins
dos Guimarães Bilac, o dito Olavo Bilac, que compusesse um poema para
homenagear à Bandeira. Missão cumprida, coube ao professor e maestro
Francisco Braga, criar a melodia que se incorporou à letra.
Através da Intendência Municipal, publicada pela Directoria Geral
de Polícia Administrativa, Archivo e Estatística – 1ª Sub-Diretoria – (gráfica
da época), Janeiro de março de 1906 (Anno XXIV, foi transcrito na íntegra
a letra e música do Hino à Bandeira, tendo o seu canto adotado
obrigatoriamente nas Escolas do Rio de Janeiro.
Eis a letra:
Salve, lindo pendão da esperança!
Saudemos, a nossa bela e formosa Bandeira com fé no futuro!
Salve, símbolo augusto da paz!
Saudemos novamente esta imagem majestosa de concórdia!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz
Tua nobre presença nos faz recordar a extensão, a magnitude, e até
mesmo a generosidade desta amada Pátria.
Estribilho: “Verso ou versos repetidos no fim de cada estrofe de
uma composição”.
Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil.
Neste estribilho o poeta pretendeu simbolizar a nossa amizade, a
nossa simpatia e até mesmo a nossa paixão por este distintivo nacional,
que abrasa em nossos corações, e que por ele jamais envelhecemos, ou
seja, não importando a idade, permanecendo sempre como a nosso
espírito jovial.
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o Esplendor do Cruzeiro do Sul.
Em teu coração, no teu âmago, na tua alma bela e linda, o verdor de
nossas florestas, sem outra igual, “sem par” e que reproduz na
constelação do Cruzeiro do Sul ali configurada, através das estrelas
formadora do maior símbolo cristão – a cruz, - naquele espaço ilimitado
que é o céu, sem nenhuma nuvem a quebrar o encontro azulado do
infinito, e que no refrão popular dos aeronautas “é o céu de Brigadeiro”.
Recebe o afeto que se encerra, etc.
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever
E o Brasil, por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Observando, olhando a tua figura, a tua imagem pura e venerável,
percebemos e entendemos o nosso dever que nos abriga, como
descendentes patriotas, de defender o nosso torrão natal, o nosso Brasil,
ainda que seja como sacrifício da própria vida, para que se torne cada vez
mais um grande país próspero, afortunado, ditoso e sobretudo abençoado
pelo nosso Criador, Deus.
Recebe o afeto que se encerra, etc.
Sobre a imensa nação brasileira,
Nos momentos de festa e de dor,
Paira sempre sagrada bandeira,
Pavilhão da justiça e do amor!
Nestes últimos versos, Bilac se refere ao nosso grande país, quinto
em extensão territorial, depois da Rússia, do Canadá, da China e dos
Estados Unidos, e que, quaisquer circunstâncias, sejam de grandes
alegrias e festejos, sejam por momentos de apreensões ou augúrias, que
nossa inviolável e invencível Bandeira, hasteada em seu mastro,
represente sempre a nossa profunda admiração e que indefinidamente
reine a grande virtude de dar a cada um o que é seu, ou seja, Justiça!
GLOSSÁRIO: (vocabulário de termos que necessitam de explicação)
Salve:- interjeição designativa para saudar, o mesmo que saudação.
Pendão: - um dos muitos sinônimos de bandeira (ver o nº 27,
Bandeira desfraldada).
Símbolo: - sinal figurativo que representa um conceito, que é a
imagem, um atributo ou um emblema: a bandeira, símbolo da pátria.
Augusto: - majestoso; magnífico; respeitável; solene.
Nobre: - notável; célebre; ilustre.
Afeto: - simpatia; afeição; amizade.
Encerra: - conter (contém); fechar; concluir; terminar.
Seio: - coração; âmago; alma.
Retratas: - mostrar; deixar transparente; reproduzir uma imagem.
Verdura: - o verde das plantas; dos vegetais; das florestas.
Sem-par: - que é único; que não tem igual; ímpar.
Esplendor:- brilho intenso; suntuosidade; brilhante; grandeza.
Cruzeiro do Sul: - apesar de ser a menor constelação do céu, é a
mais bela constelação do hemisfério austral (azul).
Vulto: - imagem; aspecto; figura, e até mesmo pessoa importante.
Sagrado: - puro; santo; inviolável.
Paira: - do verbo parar – estar acima; esvoaçar; voejar.
Pavilhão: - o autor empregou como sinônimo de bandeira (ver o nº
27 já citado).
Nota: - É comum entre os célebres escritores, com destaque para os
poetas, com relação as rimas, usarem a metáfora, arte da retórica, em que
o emprego de uma palavra com significado natural seja substituído para
um outro sentido.
Obras consultadas:
Fontoura, Amaral – Calendário cívico – Gráfica e Ed. Aurora Ltda –
Rio (1969)
Fundação IBGE, (1972) – A Bandeira do Brasil de Olavo Coimbra
Ferrarini, Sebastião – Armas, \brasões e Símbolos Nacionais –
Editora Curitiba – PR (1983)
MEC-FAE – Cem anos de República – Centenário da República –
Presidentes da República, Símbolos, Hinos e Canções (1989)
(Artigos publicados pelo Jornalista Luiz Lobo e Ronaldo Mourão
(Astrônomo e Escritor).
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Hino à Bandeira