LEVANTAMENTO DAS DISSERTAÇÕES E TESES NO PARANÁ SOBRE MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – 1999 A 2008: UM ESTUDO PREILIMINAR Pedro Augusto Ghizoni Ferreti, [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO Tiago Emanuel Klüber, [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Programa de Pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica – PPGECT Resumo As pesquisas denominadas “estado da arte” sobre Modelagem Matemática na Educação Matemática são escassas. Assim, entendemos que essa pesquisa se constitui numa considerável contribuição para a área. Por conseguinte, expomos neste trabalho que possui uma abordagem quali-quantitativa, o princípio de uma pesquisa bibliográfica, trabalho este que tem por objetivos: mapear, destacar e analisar a produção em Modelagem na Educação Matemática entre os anos de 1999 e 2008, no Paraná, em trabalhos de pós-graduação stricto sensu. Mapeamos 23 (vinte e três) trabalhos localizados em 4 (quatro) instituições. Estes permitem evidenciar focos sobre produção em relação aos orientadores e possíveis focos de investigação em Modelagem no Paraná. Palavras-chave: Educação Matemática, Modelagem Matemática, Pesquisa Bibliográfica. Introdução As pesquisas denominadas estado da arte trazem o desafio de mapear e discutir certa produção acadêmica, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares (FERREIRA, 2002). Assim, acreditando na importância da Modelagem, como tendência no ensino da Matemática e na Educação Matemática, expomos neste trabalho, utilizando-se de uma abordagem qualiquantitativa, o princípio de uma pesquisa bibliográfica, trabalho este que tem por objetivo mapear, destacar e analisar a produção em Modelagem na Educação Matemática entre os anos de 1999 a 2008, no estado do Paraná, em trabalhos de pós-graduação stricto sensu. Para Lakatos e Marconi (1983) toda pesquisa acarreta no levantamento de dados de variadas fontes, independente dos métodos ou técnicas empregadas. A pesquisa 1 bibliográfica, segundo Macedo (1994), consiste numa espécie de “varredura” do que existe sobre um assunto e o conhecimento dos autores que tratam desse assunto, a fim de que o estudioso não “reinvente a roda”. Já Trujillo apud Lakatos e Marconi (1983), concorda que, a pesquisa consiste no levantamento da bibliografia publicada. Completa afirmando que esse tipo de pesquisa tem por finalidade aproximar o pesquisador de todo o material que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista um paralelo na análise de suas pesquisas. Ferreira (2002) acrescenta que o primeiro dos dois momentos que o pesquisador do "estado da arte" passa é aquele em que o mesmo interage com a produção acadêmica, por meio da quantificação e de identificação de dados bibliográficos. É neste sentido que entendemos que essa investigação se caracteriza em parte por uma abordagem quantitativa, para, posteriormente, podermos avançar em termos qualitativos sobre o conteúdo dos trabalhos encontrados. Ressaltamos que, em nossa investigação, não estamos enfocando todo o material produzido em Modelagem no Brasil, em virtude de uma limitação temporal. Nesse sentido, optamos no momento inicial por realizar o levantamento da bibliografia publicada em um período pré-determinado, 2003-2008, na forma impressa e/ou disponível na internet1, conforme bancos de teses da CAPES. Inicialmente tínhamos a pretensão de estudar dissertações sobre Educação Matemática produzidas no Paraná. Porém, na primeira parte do mapeamento foram encontrados 86 (oitenta e seis) trabalhos que abordavam a temática. O levantamento inicial sobre Educação Matemática, contava com dissertações e teses espalhadas por 6 (seis) instituições das 34 (trinta e quatro) visitadas2 Dessa constatação, decidimos delimitar a 1 www.pucpr.br/cursos/programas/ppge/teses_dissertacoes.php; www.eadcon.com.br/; www2.uel.br/cce/pos/mecem/dissertacoes.htm; www.unicentro.br; www.fael.edu.br/; www.uepg.br/mestrados/mestreedu/banco_de_dissertacoes.htm; www.eseei.edu.br/home.html; www.ppgeufpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=106; www.utfpr.edu.br/; www.ppgeufpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=54; www.utp.br/proppe; www.unifil.br; www.unibem.br/; www.fag.edu.br/; www.unipar.br/; www.up.edu.br/; www13.unopar.br/unopar/pesquisa/rcRevistaArtigos.action; www.spei.br/; www.uniandrade.br/; www.fae.edu/; www.mat.ufpr.br/mestrado/; www13.unoparvirtual.com.br/unopar/pesquisa/rcRevistaArtigos.action; www.fanp.com.br/index.php; www.fasul.edu.br/; www.fecea.br/; www.fecilcam.br/; www.cesumar.br; www.unioeste.br/; www.fap.com.br/; www.falec.br/; www.santacruz.br/v2/; www.ftsa.edu.br/; www.uenp.edu.br/; www.unibrasil.com.br/; www.unicuritiba.edu.br/centro.asp; www.grupouninter.com.br/; www.pcm.uem.br/m_dissertacoes_defendidas.html; 2 CESUMAR - Centro Universitário de Maringá; ESEEI – Escola Superior de Estudos Empresariais e Informática; EADCON; FAG - Fundação Assis Gurgacz; FAEL – Faculdade Educacional da Lapa; FANP – Faculdade do Noroeste do Paraná; FAP – Faculdade de Apucarana; FARESC - Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba; FECEA - Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana; FALEC – Faculdade 2 pesquisa, optando por nos dedicar à busca de trabalhos referentes à Modelagem Matemática na Educação Matemática. O critério assumido para esse mapeamento foi que as dissertações ou teses contivessem no título e nas palavras-chave o vocábulo Modelagem Matemática. Além disso, os trabalhos encontrados deveriam ser oriundos de programas de Pós-graduação em Educação, Educação Matemática, ou Ensino de Ciências e Matemática, mantendo o estado do Paraná como foco de produção, no período compreendido entre 2003 e 2008. Uma vez identificados esses trabalhos, que somavam 13 (treze) referentes aos trabalhos de Modelagem Matemática, passamos à elencar as características desses trabalhos tomando como base o trabalho de Silveira (2007), que faz uma mapeamento das dissertações e teses sobre Modelagem Matemática no ensino até 2006. Depois de tomarmos conhecimento das quantificações inicialmente mapeadas, para melhor analisarmos os trabalhos referentes à Modelagem, decidimos aumentar o período da nossa pesquisa de 5 (cinco) para 10 (dez) anos, finalizando, parcialmente, a pesquisa com um número total de 23 (vinte e três) dissertações e teses que estão localizadas em apenas 4 (quatro) instituições: UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste; UEL – Universidade Estadual de Londrina; UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa; e UFPR – Universidade Federal do Paraná. Assim, em virtude desse percurso, na seqüência do trabalho, apresentaremos alguns aspectos concernentes à Pesquisa em Modelagem na Educação Matemática, para situar a investigação efetuada. Os dados coletados (produção de dissertações e teses estudadas) e respectivas análises e interpretações, nas categorias referentes à universidade e principais orientadores. Finalizaremos com as conclusões e perspectivas de continuidade da investigação. Pesquisa em Modelagem Matemática na Educação Matemática Doutor Leocádio José Correia; FASUL – Faculdade Sul Brasil; FECILCAM - Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão Federais; FIES - Faculdades Integradas Espírita; FTSA – Faculdade Teológica Sul Americana; PUCPR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná; SPEI – Faculdades Spei; UEL - Universidade Estadual de Londrina; UEM - Universidade Estadual de Maringá; UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná; UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa; UFPR - Universidade Federal do Paraná; UNIANDRADE - Centro Universitário Campos de Andrade; UNIBRASIL – Faculdades Integradas do Brasil; UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste; UNICURITIBA - Centro Universitário Curitiba; UNIFAE – Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino; UNIFIL Centro Universitário Filadélfia; UNINTER; UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná; UNIPAR - Universidade Paranaense; UNOPAR - Universidade do Norte do Paraná; UP - Universidade Positivo; UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná; UTP - Universidade Tuiuti do Paraná; 3 Mesmo com o grande volume de produção relacionada à Modelagem na Educação Matemática, Barbosa (2001) afirma que a tendência tomou contorno mundial nos últimos trinta anos, graças contribuição decisiva de matemáticos aplicados que migraram para a área da Educação Matemática. Segundo Silveira (2007), apesar de Wilmer3 (1976) com a dissertação intitulada Modelos na Aprendizagem da Matemática, sob a orientação do Prof. Aristides Barreto, na PUC-RJ, não falar diretamente sobre a ação “modelagem”, ele trata do produto desta ação, o modelo matemático. Dessa forma confirma a emergência da pesquisa em Modelagem no ensino há cerca de trinta anos. No ano de 1987, o Prof. Dionísio Burak4 defendeu sua tese de mestrado com o seguinte título, Modelagem Matemática: Uma metodologia Alternativa para o Ensino de Matemática na 5ª série, na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Sendo o termo, “Modelagem Matemática”, exposto pela primeira vez no título de dissertações defendidas em Educação Matemática. Fiorentini (1996) acrescenta ainda que, a transição da expressão “modelo matemático” para “modelagem matemática” em relatórios finais de cursos de mestrado e doutorado com viés educacional, ocorreu em 1986, no trabalho “Modelos Matemáticos no ensino da matemática”, defendido por Maria Cândida Muller5, sob a orientação de Lafayete de Morais, na UNICAMP. Desse momento inicial até 2008 muitas foram as investigações sobre Modelagem Matemática no ensino de Matemática, pois de acordo com Barbosa (2001) há argumentos em favor dessa tendência, como uma opção diferente do chamado “método tradicional”. Este autor apresenta dois aspectos para a inserção da Modelagem no currículo: o da aprendizagem – a Modelagem constitui-se num meio de os alunos aprenderem matemática, e o da utilidade – a Modelagem permite desenvolver a capacidade de resolver problemas do dia-a-dia. Esse volume da produção em modelagem está diretamente relacionado às práticas de ensino em sala aula. Assim, apesar de existirem diversas pesquisas em Modelagem, 3 Prof. Dr. Celso Braga Wilmer. Atualmente é professor agregado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09 4 Prof. Dr. Dionisio Burak. Atualmente é professor titular da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Membro de corpo editorial da Práxis Educativa, Membro de corpo editorial da Olhar de Professor (UEPG) e RT-20 da Universidade Estadual de Ponta Grossa. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09 5 Prof.ª Dr.ª Maria Candida Muller. Atualmente é professora adjunta da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Departamento de Pedagogia do Campus de Vilhena e membro do Grupo de Pesquisa GEP - Grupo de Estudos Pedagógicos da UNIR. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09 4 Barbosa (2001) faz um alerta a respeito dessas investigações que, em sua grande maioria, estão voltadas à justificação do uso da Modelagem e aos relatos de experiências, o que segundo ele são aspectos importantes, mas não suficientes. Um dos motivos pode ser explicado pelo fato de que a tentativa de teorização surgiu após as primeiras experiências com esta prática. Entretanto, é chegado um novo momento que é crucial para o seu desenvolvimento, ou seja, um olhar aprofundado por meio de pesquisas teóricas. E complementa dizendo que sem a teoria, a prática fica debilitada pela dinâmica do contexto escolar e vice-versa. Um dado que corrobora com essa afirmação, pode ser encontrado no site do Centro de Referência de Modelagem Matemática no Ensino6, pois não existem muitos trabalhos teóricos sobre Modelagem em dissertações e nenhum trabalho em teses, no Brasil. Klüber (2007) reafirma a urgência de se investir em pesquisas teóricas, apresentando dados recentes das pesquisas publicadas na IV Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática – IV CNMEM, realizada em 2005, em Feira de Santana, na Bahia. Nessa conferência, segundo ele, dos 57 (cinqüenta e sete) trabalhos apresentados, 12 (doze) se caracterizaram como relatos de experiências, e das 26 (vinte e seis) comunicações, cerca de 20 (vinte) delas se configuram como análises das experiências realizadas a partir de referências teóricas específicas sejam em Educação, Psicologia ou outras. Nesse sentido, as investigações não demonstravam até então um preocupação teórica em relação à Modelagem. Dissertações e Teses sobre Modelagem: discussões preliminares Segundo Ferreira (2002), o segundo momento de um estado de arte é aquele em que o pesquisador se pergunta sobre a possibilidade de relacionar o material que se tem: pensando em tendências, ênfases, escolhas metodológicas e teóricas, aproximando ou diferenciando trabalhos entre si. Nesse contexto, consideramos pertinente apresentar os focos de investigações levantados por nós entre os anos de 1999-2008, em termos de universidades e orientadores. Em relação à nossa temática, é importante destacar a Universidade Estadual de São Paulo, UNESP – Rio Claro, uma vez que foi a primeira universidade brasileira a ter um 6 http://www.furb.br/cremm/ acesso em 09/07/2009. 5 programa de pós-graduação especificamente em Educação Matemática, 1984. E, ainda, sediar a primeira Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática, que ocorreu em 1999. A UNESP é uma das grandes responsáveis pela expansão da modelagem na educação brasileira, com mais que o dobro da produção de qualquer outra instituição de pesquisa, conforme resultados apresentados por Silveira (2007). Outro dado relevante destacado por este autor é que, desde Wilmer (1976) até o ano de 2006, o Paraná era o terceiro estado brasileiro na produção de dissertações e teses em Modelagem na Educação Matemática. Perfazia um total de 10 (dez) defesas o que equivalia a 15,4% da produção nacional, estando atrás de Santa Catarina, com 14 (quatorze) defesas, 21,5% e São Paulo com 28 (vinte e oito) trabalhos sendo responsável por 44% da produção nacional. Nesse contexto, destacamos que assim como no estado de São Paulo, o foco da produção de trabalhos acadêmicos no Paraná está em cidades do interior e não na capital, com destaque para as universidades estaduais sediadas nas cidades de Londrina, Guarapuava e Ponta Grossa. A boa colocação do Paraná pode estar ligada ao fato estudado por Abdanur (2006) que menciona que no período de 12 de janeiro de 1983 à 27 de janeiro de 1984, na cidade de Guarapuava, foi realizado o primeiro curso de Especialização que versou Modelagem na Educação Matemática no Brasil. A partir dessa iniciativa o Paraná aderiu em grande parte a esta proposta, principalmente na pessoa do professor Dionísio Burak, um dos principais orientadores como veremos a seguir. Entretanto, somente no ano 1988, durante o Encontro Nacional de Educação Matemática, realizado em Maringá (PR), é que os educadores matemáticos brasileiros se organizaram em uma associação própria, a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM). Portanto é possível reconhecer certo pioneirismo do Paraná em trabalhos com a Modelagem Matemática na Educação Matemática. Dentre as análises efetuadas, as universidades que se destacam nessa produção em Modelagem são: a Universidade Estadual de Londrina – UEL, a Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, a Universidade Federal do Paraná – UFPR e a Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. A UEL possui 10 (dez) dos 23 (vinte três) trabalhos por nós catalogados. É a instituição que, até a presente data, possui o maior número de dissertações na área de 6 Modelagem Matemática no Paraná. Os pós-graduandos, com suas respectivas dissertações, que fazem parte desta pesquisa são: BRITO, Dirceu dos Santos – 2004: Atribuição de Sentido e Construção de Significados em Situações de Modelagem Matemática.; BORSSOI, Adriana Helena – 2004: A Aprendizagem Significativa em Atividades de Modelagem Matemática como Estratégia de Ensino.; DIAS, Michele Regiane – 2005 Uma experiência com Modelagem Matemática na Formação Continuada de Professores.; FIDELIS, Reginaldo – 2005: Contribuições da Modelagem Matemática para o Pensamento Reflexivo: um Estudo.; SILVA, André Gustavo Oliveira da – 2005: Modelagem Matemática: uma Perspectiva Voltada para a Educação Matemática Crítica.; VERTUAN, Rodolfo Eduardo – 2007:Um Olhar Semiótico sobre a Modelagem Matemática.; FONTANINI, Maria L. Carvalho – 2007: Modelagem Matemática x Aprendizagem Significativa: uma Investigação Usando Mapas Conceituais.; CIRILO, Kassiana Schmidt Surjus – 2008: Livros Didáticos e Modelagem Matemática : uma Caracterização da Transposição Didática do Conteúdo de Integral nestes Ambientes.; SANTOS, Fábio Vieira – 2008: Modelagem Matemática e Tecnologias de Informação e Comunicação: o uso que os alunos fazem do computador em atividades de modelagem.; SILVA, Karina Alessandra Pessôa da – 2008: Modelagem Matemática e Semiótica: Algumas Relações. Todos orientados pela Prof.ª Dr.ª Lourdes Maria Werle de Almeida7, que segundo Silveira (2007) está em segundo lugar na lista de orientações sobre o tema Modelagem na Educação Matemática Brasileira. Além disso, no primeiro semestre de 2007, o Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática desta universidade recebeu sua primeira turma de doutorandos, tornando-se a segunda universidade paranaense a oferecer possibilidades de doutoramento em Educação Matemática. Assim, o número de teses nessa área tende aumentar em quantidade e em qualidade para a área de Modelagem, uma vez que a Prof.ª Lourdes é docente neste programa. Já a UEPG, Universidade Estadual de Ponta Grossa, vem despontando também na área da pós-graduação, stricto sensu, na forma do mestrado, com o auxílio do Prof. Dr. 7 Prof.ª Dr.ª Lourdes Maria Werle de Almeida. Atualmente é vice-coordenadora do programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática - Mestrado e Doutorado da UEL. É coordenadora de dois projetos de pesquisa, sendo um com recursos aprovados pela Fundação Araucária. Como membro da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, compõe também a Comissão Editorial da SBEM Paraná. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09. 7 Dionísio Burak, terceiro no Brasil, da lista de Silveira (2007) e é responsável pela orientação das dissertações dos 5 (cinco) pós-graduandos: GOMES, Clyseide Kossatz Carvalho – 2002: Uma Alternativa Metodológica à Luz da Modelagem Matemática para uma Disciplina.; SOISTAK, Alzenir Virginia Ferreira Soistak – 2004: Modelagem Matemática no Contexto do Ensino Médio: Possibilidade de Relação da Matemática com o Cotidiano.; ABDANUR, Patrícia – 2006: Modelagem Matemática: uma Metodologia Alternativa de Ensino.; KLÜBER, Tiago Emanuel – 2007: Modelagem Matemática e Etnomatemática no Contexto da Educação Matemática: Aspectos Filosóficos e Epistemológicos.; PEREIRA, Emanueli – 2008: A Modelagem Matemática e suas Implicações para o Desenvolvimento da Criatividade. Este professor é docente no programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa, o que permite interpretar que mais dissertações nessa área podem surgir, inclusive já existem orientandos cadastrados que estão desenvolvendo pesquisas em Modelagem. Mesmo que o mestrado seja em Educação, percebe-se a continuidade em relação às orientações voltadas à Modelagem no período analisado. A Universidade Federal do Paraná, UFPR, é a única das universidades paranaenses que possui uma tese de doutorado defendida nos moldes de nossa pesquisa até a presente data. Isso se justifica por ser a primeira instituição paranaense a possui doutorado em Educação e uma linha de pesquisa em Educação Matemática. A tese foi concluída por NEGRELLI, Leônia Gabardo – 2008: Uma Reconstrução Epistemológica do Processo de Modelagem Matemática para a Educação (Em) Matemática; orientada pelo Prof. José Carlos Cifuentes8, professor do Programa de Pós-graduação em Educação da UFPR, na linha de pesquisa Educação Matemática. A federal também conta com mais quatro dissertações, RODRIGUES, André Carvalho – 2003: Modelagem Matemática na Construção de Canoas. GOMES, Martha Joana Tedeschi – 2005: Modelagem Matemática no Cárcere; GUSTINELI, Odisnei Aparecida Pastori – 2007: Modelagem Matemática e Resolução de problemas: Uma Visão Global em Educação Matemática: SILVEIRA, Everaldo – 2007: Modelagem Matemática em Educação no Brasil: Entendendo o universo 8 Prof. Dr. Jose Carlos Cifuentes Vasquez. tualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Matemática e em Educação Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: lógica matemática, epistemologia e estética da matemática, o método de analogia na construção do conhecimento matemático. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09. 8 de Teses e Dissertações; ambas orientadas pelo Prof. Ademir Donizeti Caldeira9. Abrimos parênteses para destacar a dissertação de SILVEIRA (2007), pois assemelha-se muito a nossa investigação, buscando também o estado da arte, sendo uma referência e mais, um estímulo para a elaboração desta pesquisa. Em relação ao foco de produção nessa universidade, consideramos pertinente destacar que o professor Ademir não é mais docente da UFPR, o que pode acarretar o enfraquecimento da produção em Modelagem nessa universidade, haja vista ser o orientador com o maior número de trabalhos nessa universidade. A Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, é a única das universidades, por nós citadas, que teve seu período de produção apenas no fim da década de 90. Essa universidade emergiu em nossa pesquisa ao retomarmos o trabalho de Silveira (2007). O orientador das dissertações de REBONATO, Alci Ribas – 1999: Modelagem Matemática na Correção de Fluxo: uma Experiência. E HAMMES, Ofélia Oro – 2000: Modelagem Matemática: Aspectos Psicopedagógicos Favorecidos no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática.; assim como na UEPG, foi o Prof. Dr. Dionísio Burak. Esse momento de produção nessa universidade se deu em função de um convênio entre a Faculdade de Educação da Unicamp e o Departamento de Matemática da UNICENTRO. Entretanto, mesmo sem a produção neste local, o principal responsável pela disseminação da Modelagem, o professor Dionísio Burak permaneceu na instituição. Para uma melhor visualização dos dados citados, apresentamos um quadro com as universidades, dissertações e teses produzidas. 9 Prof. Dr. Ademir Donizeti Caldeira. Atualmente professor adjunto II da Universidade Federal de Santa Catarina atuando no Centro de CIências da Educação e no Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica. É editor-adjunto da Revista Alexandria e sócio da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, vice coordenador do Grupo de Trabalho de Modelagem Matematica desta Sociedade e atualmente, vice-diretor do Centro de Ciências da Educação da UFSC. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09. 9 QUADRO DE TESES E DISSERTAÇÕES POR INSTITUIÇÃO UNIVERSIDADES DISSERTAÇÕES TESES SUB-TOTAL UEL 10 0 10 UEPG 5 0 5 UFPR 4 1 5 UNICENTRO 2 0 2 TOTAL 22 1 23 Fonte: Pesquisa do autor, 2009. Em acordo com Silveira (2007) afirmamos que dos 4 professores que orientaram as dissertações citadas, apenas o Prof. Dionísio Burak e o Prof. Ademir Donizeti Caldeira fizeram pesquisa especificamente nos campos da Modelagem na Educação Matemática em seus doutoramentos. O Prof. Burak, defendeu a tese, Modelagem Matemática: Ações e Interações no Processo de Ensino e Aprendizagem, no ano de 1992, pela UNICAMP, sua orientadora foi a Profª Márcia Regina Ferreira de Brito. Já o Prof. Caldeira obteve o doutoramento com a tese: Educação Matemática e Ambiental: um contexto de mudanças, o ano da defesa foi 1998, orientado pelo Prof. João Frederico da Costa Meyer. Os outros dois orientadores possuem títulos de doutores em áreas afins, a Profª. Lourdes Maria Werle de Almeida tem seu doutorado na área da Engenharia de Produção pela UFSC, no ano de 1999, orientada pela Profª Mirian Buss Gonçalves10. E o Prof. José Carlos Cifuentes obteve seu doutorado em Matemática pela UNICAMP, no ano de 1993, com a orientação do Prof. Antonio Mario Antunes Sette. Em virtude das considerações feitas até o momento, apresentaremos também, para uma melhor visualização, um quadro dos orientadores mencionados e quantos trabalhos de orientação cada um possui. Lembramos que estes dados são referentes à pesquisa decorrente, pois conforme consulta ao currículo lattes, alguns deles orientaram trabalhos em Modelagem em outras instituições fora do Paraná, mas que não serão computadas nesse artigo, uma vez que fogem ao nosso escopo. 10 Prof.ª Dr.ª Mirian Buss Goncalves. Atualmente é professor voluntário do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente orienta alunos e desenvolve projetos na área de Transporte e Logística, com enfase para planejamento e organização dos sistemas de transporte. http://lattes.cnpq.br/ Acesso em 09/07/09. 10 QUADRO DE TESES E DISSERTAÇÕES POR ORIENTADOR UNIVERSIDADES DISSERTAÇÕES TESES SUB-TOTAL ALMEIDA 10 0 10 BURAK 7 0 7 CIFUENTES 0 1 1 CALDEIRA 4 0 4 TOTAL 22 1 23 Fonte: Pesquisa do autor, 2009. Esse levantamento inicial permite analisar temáticas de investigação. Numa primeira análise, pode-se perceber que existem trabalhos de distintas naturezas. Alguns focam o trabalho prático em sala de aula, como o de Brito (2004) e Soistak (2006), constituindo-se na maioria e outros, como o caso de Klüber (2007) e Negreli (2008), que estão mais voltados a aspetos teóricos da Modelagem, mais especificamente na área da epistemologia. Porém, uma análise mais aprofundada, uma meta-análise desses trabalhos pode ser efetuada, identificando potencialidades e limitações acerca das necessidades teóricas para a Modelagem. Assim, a abordagem qualitativa do trabalho ganhará mais força do que a apresentada o momento, no sentido de desvelar os significados dos focos de investigação. Considerações sobre o investigado Mesmo que este trabalho esteja no início, o levantamento efetuado até o momento, das dissertações e teses desenvolvidas no Paraná, indica a constituição de núcleos pontuais de investigação em Modelagem, em torno de autores que orientam trabalhos em programas de pós-graduação. Além disso, aponta para um crescimento de investigações nessa área, em virtude da criação de programas de pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática. Além disso, é importante frisar a contribuição que programas de pós-graduação específicos em Educação tem dado no sentido de agregar orientadores e pesquisas em Educação Matemática, como é o caso da UFPR e UEPG.. Também, espera-se com esse trabalho, ampliar a compreensão dessa produção em Modelagem na Educação Matemática, pela análise e interpretação aprofundadas desses 11 trabalhos mapeados, buscando reconhecer núcleos de produção que podem estar saturados , como, por exemplo, em pesquisas de aplicação em sala de aula, indo além, pela explicitação de novos rumos e possibilidades para teorizações mais abrangentes e significativas Tal aprofundamento visa a contribuir com o fortalecimento da área e a ampliação do debate acerca das investigações em e sobre Modelagem. Referências LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. de A.: Metodologia do Trabalho Científico. 1983. Editora Atlas. São Paulo – São Paulo. MACEDO, Neusa Dias de: Iniciação à Pesquisa bibliográfica. 1994. Editora .Unimarco Loyola. São Paulo – São Paulo. FERREIRA, N. S. de A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Campinas: Educação & Sociedade, 2002. v. 79, p. 257-272. BARBOSA, J. C. Modelagem na Educação Matemática: contribuições para o debate teórico. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 24., 2001, Caxambu. Anais... Caxambu: ANPED, 2001. 1 CDROM. BURAK, D.. Modelagem Matemática: Ações e Interações no Processo de Ensino Aprendizagem. 1992. Tese - Universidade Estadual de Campinas, Campinas. ABDANUR, Patricia Modelagem Matemática: uma Metodologia Alternativa de Ensino. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa. Klüber, T. E. Modelagem Matemática e Etnomatemática no Contexto da Educação Matemática: Aspectos Filosóficos e Epistemológicos. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa. SILVEIRA, E.: Modelagem Matemática em Educação no Brasil: entendendo o Universo de Teses e Dissertações. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 23 de jun. de 2009 Trabalhos consultados: REBONATO, Alci Ribas: Modelagem Matemática na Correção de Fluxo: uma Experiência. 1999. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava. HAMMES, Ofélia Oro: Modelagem Matemática: Aspectos Psicopedagógicos Favorecidos 12 no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática. 2000. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava. GOMES, Clyseide Kossatz Carvalho: Uma Alternativa Metodológica à Luz da Modelagem Matemática para uma Disciplina. 2002. Dissertação - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa. RODRIGUES, André Carvalho. Modelagem Matemática na Construção de Canoas. 2003. Dissertação - Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 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