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Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(29):30-37.
Comparação da força de atrito entre bráquetes autoligados e
bráquetes convencionais com diferentes ligaduras
Comparison of friction among self-ligating brackets and conventional
brackets with different ligadures
Jean Rafael Geremia1
Pablo Santos de Oliveira2
Rogério Heládio Lopes Motta3
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi comparar a força máxima, força de atrito estática e
dinâmica existente entre bráquetes de aço inoxidável autoligados passivos da marca EasyClip®
(Aditek®), bráquetes de aço inoxidável convencionais Morelli® (Dental Morelli®) ligados com ligaduras elastoméricas convencionais (Dental Morelli®) e com ligaduras elastoméricas não convencionais com desenhos “8” e “88” (Tecnident®). Foi utilizado um dispositivo que permite a
movimentação de deslize do fio (aço inoxidável 0,019 X 0,025 polegadas - Morelli®) de forma
perpendicular aos slots dos bráquetes alinhados, sem nenhuma possível interferência externa.
Uma máquina de testes universal (EMIC DL2000) foi utilizada para o tracionamento dos fios e
transformação em dados computadorizados. Esses dados foram transformados e submetidos
aos testes de Kolmogorov & Smirnov, e ao teste de Bartlett, depois submetidos às análises não
paramétricas Kruskal-Wallis e SNK. Nesse estudo, bráquetes autoligados e bráquetes convencionais com elásticos não convencionais “8” e “88” reduzem o atrito na mecânica de deslize
em relação aos módulos elastoméricos convencionais (P<.05).
Descritores: Fricção, movimentação dentária, Ortodontia, bráquetes ortodônticos.
Abstract
The aim of the present work was to compare maximum force, static and dynamic friction
forces between three different types of brackets: passive stainless steel self-ligating brackets from EasyClip® (Aditek®), conventional Morelli® stainless steel brackets (Dental Morelli®)
ligated with conventional elastometric ligatures (Dental Morelli®), and with nonconventional
elastomeric ligatures “8” and“88” (Tecnident®). A device that allows the slippage of the wire
(stainless steel 0.019 X 0.025 inches - Morelli®) perpendicular to the slots of the aligned brackets with no external interference. A universal testing machine (EMIC DL2000) was used to
traction the wire and convert it intocomputerized data. These data were submitted to Kolmogorov & Smirnov tests and to Bartlett test, and then to Nonparametric Tests-Kruskal-Wallis
and SNK tests. In the present study it was observed that selfligated brackets and conventional
brackets with nonconventional “8” and “88” elastics reduce the friction of sliding mechanics
when compared to conventional elastometric modules (P<.05).
Descriptors: Friction, tooth movement, Orthodontic, brackets.
Mestre e Especialista em Ortodontia – SL Mandic, Especialista em Implantodontia – Funorte.
Mestre e Especialista em Ortodontia – SL Mandic – Campinas/SP, Especialista em Planejamento Gestão e Avaliação em Saúde Coletiva - UFES,
Doutorando em Implantodontia.
3
Doutor em Odontologia - Área de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica e Mestrado em Odontologia - UNICAMP, Professor do
Departamento de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica – SLMandic.
1
2
E-mail do autor: [email protected]
Recebido para publicação: 11/04/2014
Aprovado para publicação: 23/06/2014
Como citar este artigo:
Geremia JR, Oliveira PS, Motta RHL. Comparação da força de atrito entre bráquetes autoligados e bráquetes convencionais com diferentes ligaduras. Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(29): 30-37.
Introdução e revisão de literatura
Sabendo que a força de atrito reduz a eficácia do
movimento dentário de um bráquete ao longo de um
fio ortodôntico, foram feitos esforços significativos
para reduzi-la na Ortodontia. O estudo dessa força tem
ganhado importância desde o aumento da utilização
da mecânica de deslize, que acompanhou o desenvolvimento do sistema pré-ajustado edgewise31.
O atrito é definido como uma força que resiste ao
movimento de dois corpos com direção tangencial ao
plano de contato. Sua magnitude (FT) é o produto da
força normal (FN), multiplicada pelo coeficiente de atrito (µ), conforme a fórmula: FT = µ × FN. A força normal
é a componente perpendicular da força, que está atuando na superfície de contato5,23. O coeficiente de atrito para uma determinada superfície é uma constante,
a qual pode depender da rugosidade, textura, ou aspereza da superfície de contato. Para que um objeto deslize contra o outro, a força de aplicação deve superar a
força de atrito11,14,26. Uma distinção é feita entre a força
de atrito estática e cinética. A força de atrito estática é
a menor força necessária para iniciar o movimento, e a
força de atrito cinética, que é geralmente menor que a
força de atrito estática, é a força necessária para resistir
ou se opor ao movimento de deslize de um objeto sólido sobre o outro em velocidade constante6,11,29.
Na movimentação ortodôntica, a força de atrito
(estática ou cinética) resulta da interação de um fio ortodôntico com o slot de um bráquete ortodôntico ou
uma ligadura. A movimentação dentária pode ocorrer
quando as forças aplicadas superam o atrito na interface entre slot do bráquete e o fio. Alto nível de força
de atrito entre o slot do bráquete e o fio pode causar
uma ligação entre os dois componentes, o que, por sua
vez, resulta num pequeno ou nenhum movimento do
dente. Além disso, tal ligação durante a retração dos
dentes anteriores pode causar a perda de ancoragem
posterior5,14,23.
Muitos estudos têm avaliado os fatores que influenciam a resistência ao atrito: materiais de bráquetes, fios e amarração, condições da superfície de arcos
e slots dos bráquetes, secção transversal do fio, torque
na interface entre fio e bráquete, uso de bráquetes autoligados, distância interbráquetes, saliva e influência
das funções orais1,2,5,7,9,10,11,14,16,17,18,23,24,27,29,31,40. Hain et
al.17 (2003), por exemplo, concluíram que os módulos
elastoméricos aumentam significativamente a resistência ao deslize quando comparados com ligaduras de
aço inoxidável, especialmente quando estes são amarrados frouxamente.
Logo, o atrito é apenas uma parte da resistência
ao movimento de deslize de um bráquete ao longo de
um fio6 e pode existir também durante a fase de nivelamento e alinhamento inicial, quando um fio desliza através dos slots dos bráquetes e tubos. Contudo,
é essencial compreender o atrito entre o bráquete e
o arco no movimento dentário, para que uma força
apropriada possa ser aplicada e, dessa forma, obter
um movimento dentário adequado com resposta biológica ideal4,23.
Recentemente tem havido um aumento no uso de
bráquetes autoligados5,13. Este é um sistema de bráquetes com um dispositivo mecânico incorporado para
fechar o slot do bráquete. Esse dispositivo do bráquete
autoligado pode ser de dois tipos: que pressionam o fio
no slot do bráquete, denominados ativos, e aqueles em
que o fio não é pressionado, denominados autoligados
passivos. Sejam bráquetes autoligados ativos ou passivos, a quarta parede móvel desse bráquete converte o
slot em um tubo24. As principais vantagens desse mecanismo autoligado relatadas na literatura são: a redução
do tempo de cadeira devido à rápida colocação e retirada do arco, diminuição do atrito melhorando a mecânica de deslize; além de requerer menor assistência
ao lado da cadeira odontológica. Apesar dos relatos de
atrito reduzido ser uma das vantagens dos bráquetes
autoligados quando comparados com bráquetes com
designs convencionais7,9,10,15,24,31,32, tal questão ainda é
controversa. Os modelos experimentais usados nesses
estudos podem não refletir com precisão as condições
clínicas8,12,26.
Ligaduras elastoméricas não convencionais inovadoras, como a ligadura Slide® (Leone® Orthodontic
Products, Sesto Fiorentino, Firenze, Itália) ou os mais
recentes, chamados Amarrilhos Individuais “8” e os
Amarrilhos Individuais “88” (Tecnident® Equipamentos Ortodônticos Ltda., Vila Nery, São Carlos, Brasil),
foram introduzidas no mercado. Denominadas de ligaduras de baixo atrito1,32,36,38, uma vez que aplicadas
sobre bráquetes convencionais, estes se tornaram
completamente passivos, como a tampa vestibular
dos bráquetes autoligados descritos anteriormente,
garantindo assim a mesma liberdade de deslize para
o fio1,36. Estudos in vitro anteriores mostraram que
essas ligaduras de baixo atrito são capazes de reduzir
as forças de atrito em relação às ligaduras elastoméricas convencionais, tanto durante o nivelamento e
alinhamento quanto na mecânica de deslize1,13,15.
Atualmente a literatura ainda carece de informações relacionadas ao atrito entre bráquetes e elásticos
de diversas marcas. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi comparar o efeito de bráquetes de
aço inoxidável convencionais (Dental Morelli® Indústria
Ltda.) com ligaduras elásticas não convencionais “8”
e “88” (Tecnident® Equipamentos Ortodôntios Ltda)
e bráquetes autoligados de aço inoxidável, sistema
EasyClip® (Aditek® do Brasil Ltda.), avaliando o atrito
por um método computadorizado através de um dispositivo28 o qual permite a movimentação de deslize
do fio em 90° com o slot de bráquetes, previamente
alinhados, livre de torque ou angulação.
Geremia JR, Oliveira PS, Motta RHL.
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Material e métodos
Material
Para a realização dessa pesquisa foram usados
quatro grupos de bráquetes/ligaduras:
Grupo 1 – Bráquetes convencionais de aço inoxidável marca Morelli® (Dental Morelli® Indústria Ltda.,
em Sorocaba/SP, Brasil) ligados com ligaduras elastoméricas convencionais (Dental Morelli® Indústria Ltda.);
Grupo 2 – Bráquetes convencionais de aço inoxidável (Dental Morelli® Indústria Ltda.) ligados com ligaduras elastoméricas não convencionais com design
“8” (Tecnident® Equipamentos Ortodônticos Ltda., Vila
Nery, São Carlos/SP, Brasil);
Grupo 3 – Bráquetes convencionais de aço inoxidável (Dental Morelli® Indústria Ltda.) ligados com ligaduras elastoméricas não convencionais com design “88”
(Tecnident® Equipamentos Ortodônticos Ltda.);
Grupo 4 – Bráquetes autoligados passivos de aço
inoxidável Sistema EasyClip® da marca Aditek® (Aditek®
do Brasil Ltda., Rua Cesário Motta, em Cravinhos/SP,
Brasil). Nesse grupo a ligadura era embutida.
Todos os grupos de bráquetes apresentavam slot
0,22 polegadas como mostram as Figuras 1 e 2.
Figura 1 – Bráquete autoligado passivo slot 0,022 polegadas
Sistema EasyClip®.
Figura 2 – Bráquete convencional slot 0,022 polegadas Morelli®.
Artigo original / Original article
Este estudo foi dispensado pelo Comitê de Ética
e Pesquisa do Centro de Pesquisas Odontológicas São
Leopoldo Mandic sob protocolo número 2010/0260.
Pesquisa realizada nas dependências do laboratório da
Dental Morelli® Indústria Ltda., em Sorocaba/SP, Brasil.
Método laboratorial
Para avaliar o atrito foi utilizado um dispositivo28 adaptado na máquina de testes universal (EMIC
DL2000) para simular uma situação de movimento de
retração na mecânica de deslize em uma velocidade
de 10 mm/min num deslocamento de 10 mm. Esse
dispositivo28 é composto por uma base de fixação de
aço inoxidável, onde são encaixadas barras cilíndricas,
fixadas por parafusos. Cada barra cilíndrica possui uma
cavidade própria para a colagem de bráquetes. Sobre
cada uma dessas cavidades foi montado um bráquete
permitindo que, juntos, pudessem simular grupos de
dentes.
Os bráquetes foram previamente presos com
amarrilho metálico a um suporte de padronização para
a colagem de bráquetes, chamado de centralizador (Figura 3), de modo que todos os bráquetes ficaram com
a mesma distância entre si (5 mm), com a mesma altura
e com o mesmo relacionamento anteroposterior, anulando todos os torques e todas as inclinações possíveis
dos bráquetes (Figura 3).
Figura 3 – Centralizador com barra própria de 0,021 polegadas, encaixado nos slots dos bráquetes e fixado com fio de amarrilho metálico.
Sobre as barras cilíndricas foi aplicada resina fotopolimerizável Orthobond® (Morelli®), e o dispositivo28 recebeu
o centralizador com os bráquetes presos com amarrilhos
metálicos, e o excesso de resina foi removido com espátula de resina. Cada bráquete foi polimerizado por 1 minuto
com fonte LED (light-emitting diode) (Figura 4).
Para testar o atrito foram seguidos passos fundamentais para a mecânica de deslize: os bráquetes foram todos alinhados e nivelados por meio do centralizador, procurando o máximo de padronização entre os
grupos e para que pudessem evitar fatores que influenciassem a confiabilidade dos resultados. Esta forma de
montagem e ajuste por meio do “centralizador” evitou
um sério problema que seria a inclinação de um dos
bráquetes de todo o conjunto em relação à base do
dispositivo28, o que poderia gerar resistência ao deslize adicional no momento do teste. Fios retangulares
de aço inoxidável 0,019 X 0,025 polegadas em vareta
(Dental Morelli® Indústria Ltda.) foram utilizados para
os testes realizados em estado seco a uma temperatura ambiente (aproximadamente 25°) regulada por um
aparelho condicionador de ar.
Os parâmetros avaliados foram força de atrito estático, força de atrito dinâmico e força máxima. A mo-
vimentação simulada foi relacionada a um segmento
da arcada superior do lado direito (de incisivo central
ao segundo pré-molar, atingindo uma amostra total de
4 segmentos de arcada). Cada segmento foi testado
10 vezes (4 grupos testados 10 vezes, num total de 40
testes) e para cada teste realizado foram trocados o
segmento de fio e as ligaduras elastoméricas. Todos os
elásticos utilizados no estudo eram de coloração cinza
(Figuras 5 e 6). Os bráquetes autoligados não necessitaram a colocação de ligaduras elástoméricas devido a
sua conformação mecânica.
Em cada teste realizado, foram considerados 3 parâmetros no movimento de deslize para a tabulação
dos dados:
- força máxima: a maior força necessária para conseguir o movimento de deslize do fio;
- atrito estático: o atrito inicial gerado no movimento de deslize;
- atrito dinâmico: o atrito durante toda a movimentação de deslize.
O software TESC versão Standard transformou dados adquiridos da máquina universal de testes após a
realização das baterias de testes. Os valores foram tabulados e submetidos à análise estatística.
Figura 4 – Dispositivo idealizado por Martins28 (2008) após a
fixação dos bráquetes com resina Orthobond®.
Figura 5 – Amarrilhos individuais “8” à esquerda e “88” à direita da Tecnident®.
Figura 6 – Amarrilhos elastoméricos convencionais Morelli®.
Método estatístico
Os dados referentes às forças foram transformados e submetidos aos testes de Kolmogorov & Smirnov
para verificar a distribuição dos mesmos e ao teste de
Bartlett para verificar a similaridade de desvios. Mesmo
com as transformações, pelo menos um dos grupos não
apresentou distribuição normal ou variância similar aos
demais. Desta forma, os dados foram submetidos a análises não paramétricas (teste de Kruskal-Wallis e SNK).
Para observar possível correlação entre as três forças, de tal forma que o aumento de uma pudesse se
traduzir no aumento da outra, foi utilizado o teste de
Geremia JR, Oliveira PS, Motta RHL.
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correlação de Spearman (rS). Esta análise mostrou que
houve correlação excelente (rS >0,9, p <0,01) entre as
forças para todos os grupos.
Resultados
Os Gráficos 1-3 representam os resultados da força
máxima, de atrito estático e de atrito dinâmico, respec-
Bráquetes convencionais
e ligaduras convencionais
Bráquetes convencionais
e ligaduras convencionais
Bráquetes convencionais
e ligaduras 88
Bráquetes convencionais
e ligaduras 88
Bráquetes convencionais
e ligaduras 8
Bráquetes convencionais
e ligaduras 8
Bráquetes autoligados
passivos
Bráquetes autoligados
passivos
Gráfico 1 – Força máxima (mediana e desvio interquartílico)
em função dos grupos.
Bráquetes convencionais
e ligaduras convencionais
Bráquetes convencionais
e ligaduras 88
Bráquetes convencionais
e ligaduras 8
Bráquetes autoligados
passivos
Gráfico 3 – Força de atrito dinâmico (mediana e desvio interquartílico) em função dos grupos.
Discussão
Artigo original / Original article
tivamente. Foi possível observar que o Grupo 1 promoveu maiores valores para todas as forças (P <.05) em
comparação com os demais.
O Grupo 4 apresentou os menores (P <.05) valores
para todas as forças, sendo que não houve diferenças
estatisticamente significantes (P >.05) entre os Grupos
2 e 3.
O objetivo desse trabalho foi estudar a resistência
ao atrito, não a resistência ao deslize. Muitos artigos
avaliaram a resistência ao atrito associada a outros fatores, como angulações e torques14,22,26,29,30,31,32,39,40, o
que é bom para o estudo dos vários aspectos da movimentação dentária, pois avaliaram-se diversas possibilidades associadas à mecânica de deslize. Mas, a
força normal (perpendicular), que é uma componente
da força de atrito, aumentará quanto mais se colocar
resistência ao deslize, no caso, a angulação e o torque.
Para um estudo que quer avaliar a resistência ao
atrito na Ortodontia, não pode alterar a força normal
entre o fio e o slot do bráquete além da força perpendicular da ligadura, que é parte integrante do aparelho
ortodôntico.
Gráfico 2 – Força de atrito estático (mediana e desvio interquartílico) em função dos grupos.
Em muitos estudos1,2,5,7,13,15,16,17,18,19,21,23,24,27,30,33-37,39
o bráquete foi montado com o slot paralelo ao fio. Desta forma, o torque ou angulação que contribui para a
resistência ao deslize é eliminado e, assim, cada sistema poderia ser comparado de igual para igual. Por esse
motivo, nesse estudo, um dispositivo28 que permitiu o
pré-alinhamento dos bráquetes com uma secção de fio
de 0,021 polegadas de espessura foi utilizado. Segundo Hain et al.17 (2003) e Hain et al.18 (2006), quando
fio e bráquete estão alinhados, o efeito de diferentes
formas de ligação pode ser isolado com maior precisão.
Burrow6 (2009) e Read-Ward et al.30 (1997) afirmaram que na prática o atrito estático é de maior
importância na movimentação ortodôntica, porque o
movimento contínuo ao longo de um fio raramente
ocorre. A mecânica de deslize acontece de forma lenta
e passa por uma sequência de estados que estão próximos do equilíbrio, além de mudanças nas forças de
resistência ao deslize, inclinações, respostas biológicas,
verticalizações com remodelações ósseas ao redor da
raiz, mudam a forma de o dente se mover ao longo do
fio6,14,19,30. Burrow6 (2009) ressaltou que na movimentação ortodôntica, atrito resulta da interação de um fio
com um bráquete ou uma ligadura, e é apenas uma
parte, geralmente pequena, da resistência ao movimento de deslize do bráquete ao longo do fio. O autor
salientou ainda que, o movimento do bráquete tem interações importantes que envolvem dentes, ligamento
periodontal, osso alveolar e forças da mastigação. Para
um bráquete preso a um dente se mover ao longo do
fio, o dente também tem que se mover.
A resistência do dente contribui para a resistência
ao deslize e esse detalhe não pode ser incluído em simulações laboratoriais. Esse trabalho, assim como os
de outros autores19,27,33,38, de modo algum foi capaz
de simular condições clínicas com todas as variáveis do
meio bucal presentes.
A utilização de fios retangulares com 0,019 X
0,025 polegadas nesse estudo é explicada devido ao
controle do movimento de translação do dente através
do fio. Devido à espessura, quase que completa dentro
de um slot com 0,022 polegadas, mantém-se o dente
num movimento proporcional tanto do ápice da raiz
quanto da ponta da cúspide15,16. Além disso, fios 0,019
X 0,025 polegadas são os mais utilizados na mecânica
de deslize17,30. A explicação da resistência ao atrito relacionada ao tamanho do slot é mais uma função da
dimensão do fio utilizado12. Apesar de algumas controvérsias2,31,34, vários estudos5,14,16,23,34,38 concluíram que
atrito entre bráquete e fio aumenta com o aumento do
diâmetro do fio.
Huffman;Way20 (1983) conduziram uma pesquisa
clínica com o objetivo de comparar a quantidade, a velocidade de movimento e a inclinação de caninos retraídos. Concluíram que apesar do estudo ter mostrado
uma tendência dos caninos se moverem mais lentamente em um arco de maior calibre, a diferença foi
muito pequena, sem significância estatística ou clínica,
mostrando certa vantagem no caso da retração de caninos, o uso de fios de maior calibre, já que a inclinação
do dente foi menor.
A simulação do movimento de retração na mecânica de deslize foi realizada a uma velocidade de 10
mm/min5,19,22,29,35,39,42. Tal velocidade foi usada, pois de
acordo com um estudo anterior21 não foi encontrada
diferença significativa entre as velocidades que variaram de 0,5 a 50 mm/min.
Apesar de controvérsias19,21,39, vários estu11,16,23,24,40
dos
indicaram que fios de aço inoxidável geraram menor quantidade de atrito, seguidos por fios
de níquel-titânio e beta-titânio. Entretanto, ainda existe uma variabilidade literária sobre qual liga metálica
gerou menor atrito; as causas podem ser diferenças
na montagem experimental, quantidade de bráquetes
montados, ou angulações dos fios nos slots. Portanto, uma comparação desses vários estudos sobre esta
questão é bastante complexa. Mas o estudo de Kuzy
et al.25 (1988), utilizando-se da espectroscopia à laser,
pareceu ser bastante congruente; observaram que os
fios de aço inoxidável apresentavam a superfície mais
lisa, seguidos por cobalto-cromo, beta-titânio e níquel-titânio.
Segundo Burrow6 (2009), os fabricantes de bráquetes afirmam que o atrito é uma desvantagem e estão
usando este conceito para o mercado de seus bráquetes autoligados. Entretanto, nem sempre o baixo atrito
é necessário no tratamento ortodôntico, tal como no
fechamento de espaço com mecânica de loop, anco-
ragem, reposicionamento de dentes impactados com
alavancas (cantilevers) ou até mesmo torque6,39. Isto faz
com que os profissionais devam decidir se bráquetes
autoligados serão benéficos para o plano de tratamento específico de cada paciente, e para tomar essa decisão, precisam saber se o atrito entre bráquetes e fios é
reduzido pelo sistema autoligado, em uma quantidade
clinicamente significativa quando o baixo atrito for necessário12.
Algumas vantagens do uso de bráquetes autoligados são citadas na literatura, como o menor tempo
de cadeira necessário para a remoção e inserção do
arco8,33,41,42, a menor ocorrência de laceração dos tecidos moles33 e menor retenção de biofilme bacteriano42.
Além disso, os dados do presente estudo demonstraram que os bráquetes autoligados passivos apresentaram os menores valores para todas as forças em comparação com os demais grupos testados.
Os resultados do presente estudo corroboram
com os resultados de outros estudos que mostraram menor atrito com bráquetes autoligados passivos5,7,9,18,19,24,29,35,38. Existem estudos que contradizem
esses resultados, provavelmente devido ao aumento da
força normal empregada na combinação ligadura/fio/
bráquete, pois foram utilizadas angulações de primeira, segunda ou terceira ordem, além de outras condições do meio bucal26,31,32,33,37,38,39. Segundo Krishnan et
al.24 (2009), bráquetes autoligados ativos apresentaram
aproximadamente o dobro da força de atrito comparados com autoligados passivos. Por esta razão, neste estudo, foram utilizados bráquetes autoligados passivos
como o EasyClip®.
Vários autores discutiram o efeito da cobertura flexível de bráquetes autoligados quando o contato entre
fio e mola está presente13,15,17,39,42. Os baixos níveis de
média de resistência ao atrito exibido em sistemas de
bráquetes autoligados são devido à falta de qualquer
contato apertado exibido por uma ligadura elástica ou
metálica em torno do fio quando previamente alinhados13,17. O sistema acaba criando um túnel onde o fio
passa livremente13,15,42. Isso explica também porque fios
com menor calibre geram menor atrito que fios com
maior calibre7,13,29,31,38,42.
A utilização da ligadura elástica nesse trabalho se
deu pelo fato de ser a primeira escolha para a maioria
dos ortodontistas clínicos22. Além disso, é mais difícil
padronizar a força do operador ao manusear ligaduras de aço inoxidável21,22,24,31,38. No estudo de Hain et
al.17 (2003), ligaduras de aço inoxidável frouxamente
amarradas produziram atrito desprezível, no entanto,
a comodidade e rapidez de aplicação dos módulos
elastoméricos asseguram a sua popularidade clínica. E
devido à baixa força normal exercida pelas ligaduras
de aço para minimizar o atrito, a expressão do torque
pode ser prejudicada pelo mau posicionamento do fio
no slot do bráquete17.
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Um estudo de Baty et al.3 (1994) mostrou que as
propriedades de liberação de força de cadeias coloridas
pareceram ser significativamente afetadas pelo material de preenchimento utilizado na caracterização da
cor das cadeias elastoméricas. Diante disso, todos os
módulos elastoméricos utilizados neste estudo foram
da mesma coloração (cinza padrão).
Apesar das dificuldades na colocação dos elásticos
de baixo atrito nos bráquetes convencionais, o que poderia alterar o tempo de cadeira para colocação e remoção do arco ortodôntico, os resultados do presente
estudo apresentaram valores de atrito baixos para os
Grupos 2 e 3. Os valores de atrito dos Grupos 2 e 3
situaram-se entre as menores forças de atrito (representadas pelo Grupo 4) e os maiores valores de atrito
(representados pelo Grupo 1). Não houve diferenças
estatisticamente significantes (P >.05) entre os Grupos
de 2 e 3.
Os resultados do presente estudo confirmaram
achados anteriores1,13,15,36,38. Para Franchi et al.13 (2008),
o fio não é comprimido no slot por sua estrutura de
ligação. Outros autores1,15 comentaram que quando
aplicada sobre o bráquete, o elástico não convencional
simula a capa labial passiva de um bráquete autoligado, transformando o slot em um tubo que permite o
fio deslizar livremente. No entanto, o estudo de Tecco
et al.37 (2009) observou que o design dessas ligaduras
de baixo atrito permitiu baixo atrito apenas quando
acoplados com fios redondos e não quando acoplados
com a maioria dos fios retangulares, e isso não foi possível observar nesse trabalho, pois não foram testados
fios redondos.
Elásticos de baixo atrito podem representar uma
alternativa válida na biomecânica de baixo atrito, ao invés da utilização de bráquetes autoligados passivos1,15.
Uma das vantagens clínicas que advém da utilização de
elásticos de baixo atrito, é que eles podem ser colocados em qualquer tipo de bráquete convencional com
considerável redução de custos em comparação com
bráquetes autoligados, outra vantagem é que o clínico pode aplicar a mecânica de baixo atrito no mesmo
segmento de arco, usando simultaneamente elásticos
de baixo atrito e elásticos convencionais1,15. Por exemplo, durante o fechamento do espaço utilizando-se um
arco de aço inoxidável retangular, elásticos de baixo
atrito podem ser utilizados no segmento posterior para
reduzir o atrito, enquanto elásticos convencionais são
utilizados no segmento anterior para maximizar o controle e a expressão do torque15.
Dholakia;Bhat11 (2012) avaliaram in vivo a eficácia
de dois sistemas de ligação: não convencionais e convencionais. O bráquete do canino de um dos lados do
arco dentário foi ligado ao fio ortodôntico com uma
ligadura não convencional, e no outro lado com uma
ligadura elastomérica convencional, enquanto todos os
outros bráquetes do mesmo arco foram ligados com
ligaduras convencionais. Somente os bráquetes dos
caninos deslizaram no fio ortodôntico. Os resultados
mostraram que, ao contrário do arco inferior, não houve diferenças significativas nas taxas de retração de caninos entre as diferentes ligaduras, e concluíram não
existir nenhuma vantagem clínica do uso de ligaduras
não convencionais sobre as convencionais em relação
ao tempo para o fechamento do espaço da extração.
Mas também observou-se que a retração de caninos
com ligaduras elastoméricas não convencionais foi
concluída mais cedo em alguns casos e sugere-se mais
estudos sobre esse assunto. Diferenças no calibre do
fio utilizado, no tamanho do slot do bráquete, e a variada quantidade de resistência ao deslize que o bráquete encontra num ambiente oral (diferentemente de
um estudo laboratorial) podem interferir no resultado.
Portanto, os resultados obtidos no presente estudo demonstram a importância de conhecer muito
bem as propriedades dos diversos tipos de materiais
de bráquetes e ligaduras, e das forças necessárias
para superar o atrito, para então proporcionar as forças ideais em uma movimentação ortodôntica eficiente e previsível23,24,38. Além disso, diante da importância
do tema e dos vários tipos de materiais encontrados
no mercado, seria interessante a realização de novos
estudos.
Conclusão
De acordo com o objetivo e as condições desse
estudo, concluiu-se que bráquetes convencionais com
elásticos convencionais apresentaram maior força de
atrito, e os bráquetes autoligados passivos apresentaram menor força de atrito. Além disso, os bráquetes
convencionais com elásticos não convencionais (“8” e
“88”) apresentaram resultados similares entre si, com
baixos valores de atrito.
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