EXAME DE PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA 2013/2 - PROVA 1
GABARITO E QUESTÕES COMENTADAS
GABARITO
Questão
Resposta
01
D
02
C
03
B
04
E
05
D
06
A
07
E
08
B
09
A
10
D
INSTRUÇÃO: Responder às questões de 1 a 6 com base no texto a seguir.
01
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De repente, uma investigação da Polícia Federal trouxe o tema do meio ambiente para o centro das
atenções. É quase sempre assim que a questão ambiental ganha força. Salvo raras exceções, é preciso que a
árvore caia para a sociedade perceber que um dia ela esteve lá.
Não é de hoje que a pauta ambiental provoca ardorosos e polêmicos embates, mesmo entre os menos
politizados. Mas .............. a maioria, ainda que simpatizantes da causa, precisa de um estopim para se mobilizar
diante do verde? (...)
O imediatismo e a falta de mobilização – a não ser diante de catástrofes – fazem o brasileiro negligenciar
medidas preventivas. Na visão do biólogo e doutor em ecologia Paulo Brack, a sensibilidade das pessoas pode ter
sido absorvida pelo consumo. Para ele, há um deslumbramento em relação ao crescimento econômico. Com a
............. da classe C e a blindagem do Brasil à crise econômica, o país teve um aumento do consumo, com o
consequente agravamento dos problemas ambientais. O símbolo máximo desse quadro seria o automóvel, cuja
aquisição foi facilitada pelo governo com a redução do IPI.
— Ficamos com as ruas abarrotadas de carros, que produzem muito mais poluição. O governo faz vista
grossa para o que deveria vir em primeiro lugar, diz Brack.
Na contramão dessa tendência, muitos gaúchos ............... tentando aplicar medidas efetivas. Os ciclistas, por
exemplo, deixaram de esperar uma solução pronta e estão pedalando por um mundo melhor, dando exemplo
sobre mudanças de hábitos. É dessa forma, com atitudes singelas, que se pode contribuir para um mundo mais
sustentável, pondera Brack. Embora não se fale muito nisso, a questão ecológica toca também o aspecto humano.
E o resgate de valores, segundo ele, faz parte de uma revolução interna, que a própria esquerda parece ter
deixado de pôr em prática.
Inúmeras são as questões na atualidade que demonstram a falta de lugar para a sustentabilidade na
sociedade contemporânea. Ela é uma questão de todos e de ninguém. Falar a sério sobre água, biodiversidade,
clima, energia, alimentos orgânicos, qualidade do ar, preservação das espécies é algo que as pessoas preferem
não fazer no seu dia a dia. (...)
Um dos fatores pelos quais muitos evitam se preocupar com o tema é a gratuidade dos recursos naturais. Na
maior parte dos casos, o bem natural é público, e pode ser usado por todos. Por isso, explica Luis Felipe
Nascimento, do programa de pós-graduação em Administração da UFRGS, muitos delegam para o Estado o
cuidado com o verde. O problema é que, dentro das estruturas do próprio Estado, o tema também é posto de lado.
Fragmento adaptado do texto O verde é um problema seu, de Lara Ely, publicado no Caderno Cultura do jornal Zero Hora, p. 4,
em 4 de maio de 2013
1
1) As palavras que completam correta e respectivamente as lacunas do texto estão reunidas em
A) por quê– ascenção – vem
B) porque – ascensão – veem
C) por que – acensão – vêm
D) por que – ascensão – vêm
E) porque – acensão – vem
COMENTÁRIO
Conteúdo: Dificuldades ortográficas; uso de ―porque‖ e seus homônimos.
A correta grafia das palavras é: por que – ascensão – vêm.
A primeira lacuna requer o uso de uma das quatro formas dos ―porquês‖. Nesse caso, é preciso considerar que
existem duas formas átonas (porque e por que) e duas tônicas (porquê e por quê). O primeiro funciona como um
nexo causal ou explicativo, podendo ser substituído pelo ―pois‖. O segundo é usado em dois casos: em uma
pergunta, direta ou indireta (Por que ele não compareceu à prova? Não nos informaram por que ele não
compareceu à prova.), ou quando combina preposição com pronome relativo (O motivo por que não veio é
desconhecido. = O motivo pelo qual não veio é desconhecido). As duas formas tônicas são muito menos usadas. A
primeira é um substantivo, e pode ser substituída por ―motivo‖ (Deve haver algum grave porquê para ele não ter
comparecido.) A segunda é, como a forma átona correspondente, um pronome interrogativo, deslocado, porém,
para o final da frase (Ele não compareceu à prova por quê?)
A segunda palavra apresenta dificuldades decorrentes das convenções gráficas que definem diferentes
representações para um mesmo som, neste caso o /s/. Essas convenções, por serem arbitrárias, carecem de uma
lógica que facilite as escolhas do redator: ―ascensão‖ escreve-se como ―ascensor‖, ―ascensorista‖.
A terceira palavra requer o uso do verbo ―vir‖, conjugado na terceira pessoa do plural do Presente do Indicativo,
levando, portanto, acento no ―e‖ (vêm).
INSTRUÇÃO: Para resolver as questões 2 e 3, considere o que é solicitado e preencha os parênteses com V
(verdadeiro) e F (falso).
Questão 2
Com base na leitura, conclui-se que o autor do texto
( ) apresenta um fato real para introduzir suas reflexões.
( ) julga singela a posição dos ecologistas sobre o tema.
( ) não acredita em soluções viáveis para o problema que discute.
( ) defende a importância da adoção de ações de prevenção aos problemas ambientais.
( ) demonstra que o Estado tem adotado medidas efetivas em relação ao meio ambiente.
2) A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – V – V
B) V – F – V – F – V
C) V – F – F – V – F
D) F – V – V – F – V
E) F – F – V – F – F
COMENTÁRIO
Conteúdo: Compreensão de texto.
As afirmativas verdadeiras são a primeira (―apresenta um fato real para introduzir suas reflexões.‖) e a quarta
(―defende a importância da adoção de ações de prevenção aos problemas ambientais.)‖
A primeira pode ser encontrada no parágrafo que abre o texto, no qual a autora refere uma investigação
realizada pela Polícia Federal, que desencadeou o debate sobre o meio ambiente. A quarta se infere do terceiro
parágrafo, em que a autora diz que o brasileiro ―negligencia medidas preventivas‖, exemplificando com o aumento
desenfreado do consumo, sem, aparentemente, haver políticas de controle dos danos ambientais.
As demais afirmativas são falsas. A segunda (julga singela a posição dos ecologistas sobre o tema) não é uma
afirmação da autora, mas do doutor em ecologia Paulo Brack. Além disso, Brack comenta que a atitude dos ciclistas
de ―pedalar por um mundo melhor‖ é que é singela, e não a posição dos ecologistas. A terceira afirmativa (não
2
acredita em soluções viáveis para o problema que discute) não encontra respaldo no texto, visto que autor admite
que os ciclistas gaúchos vêm tentando aplicar medidas efetivas de proteção ao meio ambiente, provocando
mudanças de hábitos. A quarta afirmativa (demonstra que o Estado tem adotado medidas efetivas em relação ao
meio ambiente) está incorreta, pois, no último parágrafo, o autor afirma que o tema do meio ambiente é posto de
lado pelo Estado.
Questão 3
Na apresentação de suas ideias, o autor vale-se de vários recursos retóricos, dentre os quais a apresentação de
( ) metáforas.
( ) expressões técnicas.
( ) opiniões de terceiros.
( ) depoimentos pessoais.
( ) fatos de conhecimento público.
3) A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
A) F – V – F – V – V
B) V – F – V – F – V
C) V – F – F – V – F
D) F – V – V – F – V
E) F – F – V – F – F
COMENTÁRIO
Conteúdo: Uso de recursos retóricos
A linguagem do texto apresenta características típicas do gênero jornalístico opinativo, que tem como alvo o
grande público. Nesse sentido, evita expressões técnicas e depoimentos pessoais – embora pudesse fazê-lo.
Apresenta, por outro lado, algumas metáforas (por exemplo: ―é preciso que a árvore caia para a sociedade perceber
que um dia ela esteve lá‖; ―pedalando por um mundo melhor‖). Apoia-se em opiniões abalizadas sobre o tema
(parágrafos 3, 4, 5 e 7) e comenta fatos conhecidos de todos, como o crescimento do consumo, as ruas abarrotadas
de carros, as facilidades para adquirir um automóvel.
Questão 4
Em relação à pontuação do texto, e sem considerar o uso de maiúsculas/minúsculas, afirma-se:
1. Seria correto usar vírgulas ao invés dos travessões na linha 07, mas a ênfase ficaria reduzida.
2. Seria correto e conveniente colocar uma vírgula após ―quadro‖, na linha 11, para assinalar uma pausa.
3. O uso de vírgula ao invés de ―e‖ entre ―ar‖ e ―preservação‖ (linha 23) denota que a série de tópicos das linhas
22 e 23 pode conter outros elementos.
4. O uso de dois pontos em lugar do ponto, na linha 25, reforçaria a coesão entre as ideias.
5. Seria correto eliminar a vírgula que segue ―público‖, na linha 26, pois ela é opcional.
4) As afirmativas corretas estão indicadas em
A) 1 e 2.
B) 1 e 4.
C) 2 e 3.
D) 2, 3 e 5.
E) 1, 3, 4 e 5.
COMENTÁRIO
Conteúdo: Pontuação
Analisando brevemente cada uma das afirmativas, temos:
1. Em geral, vírgulas, parênteses e travessões duplos podem desempenhar o mesmo papel sintático: marcar
uma interrupção da ideia. A diferença está na ênfase, sendo os travessões sempre mais fortes em relação aos
demais sinais.
3
2. Está incorreta, pois a vírgula separaria o sujeito do predicado, o que é errado do ponto de vista sintático.
3. Está correta a afirmativa, pois neste caso a ideia de explicação subjacente às ideias separadas pelo ponto
fica mais clara – equivalendo ao nexo ―já que‖, por exemplo.
4. Em geral, quando enumeramos uma série fechada de itens, usamos ―e‖ antes do último. Compare:
―Comprei cadernos, lápis e canetas‖. ―Comprei cadernos, lápis, canetas.‖. No segundo caso, poderíamos
acrescentar ―etc‖, pois a relação está inconclusa, dando a entender que posso ter comprado outros artigos mais.
5. Na linha 26, as duas ideias ligadas por ―e‖ têm o mesmo sujeito (―o bem natural‖), situação em que a
vírgula, em geral, não é utilizada.
5) De acordo com o sentido do texto, as duas palavras / expressões são sinônimas, EXCETO no caso de
A) ―ardorosos‖ (linha 04) – acalorados
B) ―embates‖ (linha 04) – confrontos
C) ―visão‖ (linha 08) – opinião
D) ―blindagem‖ (linha 10) – exposição
E) ―máximo‖ (linha 11) – por excelência
COMENTÁRIO
Conteúdo: Vocabulário; sinonímia
A palavra ―blindagem‖ (linha 10), conforme seu sentido no texto, indica ―proteção‖, ―resistência‖, e não
―exposição‖, que conotaria, de certa maneira, o oposto. Já os sinônimos das demais expressões estão
corretamente apontados.
6) Todas as afirmativas sobre o papel de algumas palavras / expressões do texto estão corretas, EXCETO:
A) ―assim‖ (linha 02) retoma ―meio ambiente‖ (linha 01).
B) ―lá‖ (linha 03) conota um lugar genérico.
C) ―desse quadro‖ (linha 11) retoma a situação explicitada no período anterior (linhas 09 a 11).
D) A expressão ―cuja aquisição‖ (linhas 11 e 12) deve ser entendida pelo leitor como ―a aquisição do automóvel‖.
E) O pronome ―ela‖ (linha 22) e a expressão ―o tema‖ (linha 25) têm o mesmo referente.
COMENTÁRIO
Conteúdo: Papel de palavras / expressões no texto
Analisando as afirmativas, observa-se que a da alternativa A está equivocada, uma vez que ―assim‖ refere-se a
algo bem mais amplo do que ―meio ambiente‖, retomando a ideia de que o tema do meio ambiente em geral surge
quando acontece um fato a ele relacionado.
As demais alternativas estão corretas, como se observa:
B) ―lá‖ (linha 03) conota qualquer lugar; ilustrando a ideia de que em geral só nos damos conta de um bem
quando o perdemos.
C) ―desse quadro‖ (linha 11) sintetiza a ideia explicitada no período anterior (linhas 09 a 11), qual seja, nós
estamos tão entusiasmados com as possibilidades de consumo que o crescimento econômico tem proporcionado
que não nos apercebemos o quanto a natureza vem sofrendo.
D) ―cujo‖ é um pronome relativo que estabelece ligação entre um antecedente (neste caso ―aquisição‖) e algo
que a este se relaciona, caracterizando-o (aqui, ―do automóvel‖).
E) O pronome ―ela‖ (linha 22) e ―o tema‖ (linha 25) referem-se à ideia de ―sustentabilidade‖ (linha 21).
4
INSTRUÇÃO: Responder às questões de 7 a 10 com base nos fragmentos a seguir.
Querelas ambientais recentes
1 – O sapo e a hidrelétrica
01
02
03
04
A preservação de um anfíbio de 3,5cm, conhecido como sapo-de-barriga-vermelha ameaça a construção de
uma hidrelétrica em Arvorezinha, o Vale do Taquari. Atrasada, a obra não pode avançar por colocar em risco de
extinção o sapo – que supostamente só existe no Rio Grande do Sul, de acordo com os técnicos. É um raro
exemplo de como a natureza pode frear o desenvolvimento a qualquer custo.
2 – A despoluição do Guaíba
05
06
07
08
Desde a década de 1990, fala-se em projetos para despoluir o Guaíba, mediante a alocação de recursos do
governo estadual e do Banco Mundial. Com a formação do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), as obras
começaram a andar e a previsão era de que a cidade tivesse 80% de seus esgotos tratados até o final de 2012,
mas esse objetivo ainda não foi alcançado.
3 – O fracasso da Rio + 20
09
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Duas décadas após a Eco-92, a ONU reuniu no Rio de Janeiro centenas de líderes, empresas e ONGs do
mundo todo para tratar de temas relevantes ao meio ambiente, tendo como eixo central a economia verde e a
erradicação da pobreza. A frustração foi geral ante a falta de resultados e de novas políticas prósustentabilidade.
4 – Trânsito em duas rodas
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16
Desde fevereiro de 2011, quando um motorista atropelou centenas de ciclistas na Cidade Baixa durante o
passeio do Massa Crítica, a mobilização pelo uso da bicicleta só cresceu. O poder público, enfim, cedeu à
pressão popular e resolveu investir na adoção de bikes de aluguel e na construção de uma malha cicloviária
para a Capital.
5 – Questões de energia
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18
19
20
Enquanto países desenvolvidos investem na adoção de energias limpas, como eólica e biodiesel, o Rio
Grande do Sul segue apostando em hidrelétricas e termelétricas, com investidas ainda tímidas no setor de
energias alternativas. Uma recente mobilização dos ambientalistas reivindicou o cancelamento da hidrelétrica de
Pai Querê, na divisa com Santa Catarina.
Fragmentos de matéria publicada no Caderno Cultura do jornal Zero Hora, p. 4, em 4/05/2013.
INSTRUÇÃO: Para resolver a questão 7, numere os parênteses de acordo com o conteúdo de cada um dos
parágrafos. Após, selecione a correta sequência.
(
(
(
(
(
) Constituiu uma situação grave que acabou por gerar bons resultados.
) Indica um atraso em relação às alternativas já existentes.
) Trouxe muita expectativa e pouco ou nenhum resultado.
) Arrasta-se no tempo sem previsão de conclusão.
) Estabeleceu um surpreendente impasse.
7) A numeração correta dos parênteses, de cima para baixo, é
A)
B)
C)
D)
E)
2–1–3–5–4
1–4–2–3–5
1–5–4–2–3
3–2–1–4–5
4–5–3–2–1
COMENTÁRIO
Conteúdo: Interpretação de texto
A questão avalia a competência de relacionar as ideias apresentadas sinteticamente ao conteúdo dos
parágrafos, mediante o preenchimento de parênteses com a numeração correspondente.
A situação 4 narra um incidente problemático (o atropelamento) que evoluiu para uma mobilização popular e
uma ação governamental positivas.
A situação 5 mostra, no que diz respeito à adoção de energias limpas, como o Brasil (nós) está longe dos
avanços existentes em outros países. Outras situações, como a 1 e a 2, implicam a ideia de ―atraso‖, mas não nos
5
comparam com outros países.
A situação 3 mostra que, ao reunir tantas pessoas e organizações ilustres para discutirem temas relativos ao
meio ambiente, a Rio+20 certamente gerou grandes expectativas, mas acabou por produzir resultados pífios.
A situação 2 refere-se a uma obra cuja pertinência se discute há muito tempo, mas que ainda não foi
concluída. Outras obras não concluídas são mencionadas nos fragmentos 1 e 5, mas não há referência quanto a
―arrastar-se no tempo‖.
A situação 1 relata a estranha história ocorrida entre a construção de uma hidrelétrica e a necessidade de
preservar um tipo de sapo. Ao que se compreende pela leitura do parágrafo, não houve ainda conciliação dos
interesses em conflito, daí o impasse.
8) Sobre determinadas circunstâncias de tempo presentes nos parágrafos 1 a 5, NÃO se pode concluir:
A) No parágrafo 1, os recursos de linguagem denotam uma situação estática.
B) O parágrafo 2 informa em que época tiveram início as obras referidas.
C) O parágrafo 3 apresenta fatos concluídos no passado.
D) Os parágrafos 2, 3 e 4 são explicitamente marcados no tempo.
E) O parágrafo 5 apresenta situações paralelas no tempo.
COMENTÁRIO
Conteúdo: Interpretação de texto
A) O uso de verbos no presente ―ameaça‖, ―não pode avançar‖, ―colocar em risco‖, ―pode frear‖ denota uma
situação estática. Além disso, encontramos expressões como ―não pode avançar‖ e ―frear‖, que reforçam essa
ideia.
B) O segundo parágrafo faz duas referências explícitas a tempo (década de 1990 e até o final de 2012).
Entretanto, nem mesmo a primeira se refere ao início das obras de despoluição, dado que ―desde 1990 fala-se em
projetos‖, e não ―está sendo realizada a obra‖, por exemplo.
C) O uso de verbos no pretérito perfeito (―reuniu‖, ―foi‖), bem como a referência à Eco-92, duas décadas antes
da Rio+20 (que ocorreu, portanto, em 2012) indicam que os fatos narrados aconteceram definitivamente no
passado.
D) Nos parágrafos 3, 4 e 5, encontramos, em sequência, as expressões ―década de 1990‖ (2), ―até o final de
2012‖(2), ―duas décadas após a Eco-92‖ (3) e ―desde fevereiro de 2011‖ (4), as quais situam – com maior ou menor
precisão – os fatos referidos no tempo.
E) Duas situações ocorrem ao mesmo tempo (em paralelo): países desenvolvidos investem na adoção de
energias limpas e o Rio Grande continua construindo hidrelétricas e termelétricas.
INSTRUÇÃO: Resolver a questão 9 com base nas afirmativas.
1. ―supostamente‖ (linha 03) reduz a força do argumento ―só existe no Rio Grande do Sul‖.
2. ―Com a‖ (linha 06) pode ser substituído sem prejuízo para a correção por ―Graças a‖.
3. ―do mundo todo‖ (linha 10) poderia ser substituída por ―de todo o mundo‖, sem prejuízo para a correção e o sentido.
4. Ao invés de ―do‖, diante de ―Massa Crítica‖ (linha 14), deveria ter sido utilizada ―da‖, única forma adequada para
preceder um nome feminino.
5. ―ainda‖ (linha 18) poderia ser deslocado para antes de ―segue‖, na mesma linha, sem prejuízo para o sentido do
período.
9) Estão corretas apenas as afirmativas identificadas em
A) 1 e 3.
B) 1 e 5.
C) 2 e 4.
D) 3, 4 e 5.
E) 2, 3, 4 e 5.
6
COMENTÁRIO
Conteúdo: Uso de nexos e modalizadores no texto; correção linguística
1. Correta. A palavra ―supostamente‖ (linha 03) indica um juízo de valor da redatora do texto, correspondendo,
em significado, a algo como ―os técnicos afirmam, mas eu não acredito muito‖.
2. Incorreta. Se a expressão ―Com a‖ fosse substituída por ―Graças a‖, seriam criadas condições para a
ocorrência de crase (graças a + a formação => graças à formação). O uso dessa segunda expressão sem o acento
grave (indicativo de crase) prejudicaria a correção do texto.
3. Correta. ―do mundo todo‖ (linha 10) significa ―do mundo inteiro‖, o que por sua vez corresponde a ―de todo o
mundo‖.
4. Incorreta. A expressão ―Massa Crítica‖ não pode ser entendida como ―uma massa que é crítica‖, e sim
como a denominação de um grupo de pessoas, de ciclistas. Assim, não se trata de um nome feminino, mas de um
nome próprio masculino. Daí por que seria incorreto usar ―da‖.
5. Incorreta. Caso ―ainda‖ (linha 18) fosse deslocado, haveria alteração de sentido. A ideia passaria a ser a de
que o RS ainda segue apostando, e não de que as investidas ainda são tímidas‖.
10) Considerando a estrutura e o sentido de cada parágrafo, e desconsiderando o uso de maiúsculas, não haveria prejuízo
à correção caso se utilizasse
A) ―Porque estava atrasada‖ em lugar de ―Atrasada‖ (linha 02).
B) ―entretanto‖ entre ―exemplo‖ e ―de como‖ (linha 04).
C) ―como‖ entre (Pisa) e ―as obras‖ (linha 06).
D) ―Diante disso,‖ antes de ―o poder público‖ (linha 14).
E) ―Um exemplo disso:‖ antes de ―uma recente mobilização‖ (linha 19).
COMENTÁRIO
Conteúdo: Uso de expressões no texto; correspondência entre estruturas.
A questão avalia principalmente a compreensão de relações lógicas. Para tanto, são sugeridas substituições
ou inserções de elementos que são – ou não – compatíveis com os segmentos envolvidos.
Analisando cada sugestão, tem-se:
A) Incorreta, porque a ideia que o particípio de ―Atrasada‖ (linha 02) no texto deixa subentendida é a de
oposição (―Embora esteja atrasada‖), e não de causa.
B) Incorreta, pois ―entretanto‖ estabelece uma oposição entre ideias, e o comentário sobre a causa da
paralisação das obras segue na mesma direção argumentativa do que foi dito antes, ou seja, o autor
reforça a ideia de surpresa diante do impasse que se criou na construção da hidrelétrica. Assim, a relação
entre o último período do parágrafo e os anteriores é de conclusão, não de oposição.
C) Incorreta. A conjunção ―como‖ introduziria uma ideia de causa, incompatível com o contexto e com a
estrutura da frase, uma vez que, entre a formação do Pisa e o início das obras há uma relação de
consequência.
D) Correta. Entre a mobilização da sociedade e a iniciativa do poder público, existe uma ideia de
consequência, adequadamente desempenhada pela expressão ―Diante disso‖.
E) Incorreta. A mobilização dos ambientalistas é um fato que não pode ser apresentado como exemplo das
ideias anteriores, pois o parágrafo resultaria incoerente.
7
REDAÇÃO
Os textos desta prova abordam um tema cujos múltiplos desdobramentos afetam toda a
humanidade. É impossível ser medianamente informado e desconhecer a situação em que se encontra o
meio ambiente.
O tema que propomos para sua reflexão é:
Como conciliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade?
Em sua dissertação, você pode apresentar reflexões sobre o impasse a ser enfrentado pelas
nações em desenvolvimento, como o Brasil e a China, por exemplo, analisando o problema por meio de
situações concretas e apresentando iniciativas que possam ter como resultado a proteção do meio
ambiente, sem prejuízo ao desenvolvimento econômico.
COMENTÁRIO:
As palavras-chave para o planejamento do texto são desenvolvimento econômico e sustentabilidade,
considerando o descompasso muitas vezes existente entre essas duas metas e a necessidade de se
estabelecer um equilíbrio entre elas.
Referências aos fatos mencionados nos fragmentos que compõem esta prova podem ser feitas, mas não
são indispensáveis, porque não solicitadas. Mencionar a situação do Brasil, da China ou de outros países
emergentes, contrapondo com os avanços alcançados por outras nações constitui um bom encaminhamento
para a reflexão a ser desenvolvida.
A organização do texto deve contemplar a resposta à pergunta principal e pode seguir a orientação
secundária, que solicita a análise do problema por meio de situações concretas, com a apresentação de
iniciativas, ou seja, de soluções viáveis para a o impasse que se apresenta. Cumpre ressaltar que o
desenvolvimento da proposta não pode se limitar à denúncia de agressões ao meio ambiente ou de políticas
mal conduzidas, sob o risco de não atender plenamente ao solicitado.
Para defender a(s) iniciativa(s) proposta(s), é preciso fundamentar essa defesa em argumentos
consistentes. O que seria um argumento inconsistente? Afirmar, por exemplo, que o cuidado e a preservação
do meio ambiente garantem o futuro do planeta e das novas gerações – fato conhecido de todos. Quanto mais
previsível a informação/afirmação que pretende defender uma ideia, menos consistência ela tem. Nesse
sentido, evidências, fatos, experiências pessoais, resultados de estudos que tragam informações
diferenciadas reforçam os argumentos e dão consistência ao texto.
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9
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GABARITO