Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia
CONTECC’ 2015
Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE
15 a 18 de setembro de 2015
BIODIVERSIDADE DE PLANTAS TÓXICAS NO PAISAGISMO NA CIDADE DE
CASTANHAL
REGIANE DA SILVA SOUSA 1*, KÉSSIA DA SILVA TEIXEIRA2,
LEANDRA ROSE PALHETA3, BEATRIZ REGINA DA SILVA SANTOS4, RUBENS DE OLIVEIRA
MEIRELES5
1
Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98528-3771, [email protected]
Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98291-8900, [email protected]
3
Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98037-2028, [email protected]
4
Estudante, IFPA,Castanhal-PA. Fone: (91) 98802-9797, [email protected]
5
Dr. Professor Eng. Agrônomo/Biólogo, IFPA, Castanhal-PA. Fone: (91) 98284-1063,
[email protected]
2
Apresentado no
Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015
15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo identificar as plantas tóxicas de maior ocorrência
paisagística nos bairros: Tókio, Nova Olinda e Cristo em Castanhal, Pará. Os resultados mostram que
as plantas tóxicas de maior ocorrência são: espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata Prain) e
comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott), ambas com predominância em residências e
logradouros dos três bairros. A população cultiva plantas levando em conta somente os aspectos
estéticos das mesmas, desconhecendo por completo os perigos que elas apresentam quando
manipuladas ou ingeridas, sendo necessário conscientizá-la do perigo potencial que estas espécies
representam.
PALAVRAS–CHAVE: Substância tóxica, biodiversidade e população.
TOXIC PLANT BIODIVERSITY IN THE LANDSCAPE CASTANHAL CITY
ABSTRACT: This study aimed to identify toxic plants most frequent landscaped neighborhoods:
Tokyo, Nova Olinda and Christ in Castanhal, Pará .The results show that toxic plants most frequent
are : Sword-of-are-jorge (Sansevieria trifasciata Prain) and me-anyone-can (Dieffenbachia
picta Schott), both predominantly in homes and public parks of the three neighborhoods. The
population grows plants taking into account only the aesthetic aspects of the same, ignoring
completely the dangers they present when handled or ingested, it is necessary to educate it the
potential danger that these species represent.
KEYWORDS: Toxic substance , biodiversity and population.
INTRODUÇÃO
Substâncias tóxicas são aquelas capazes de provocar morte, lesões graves ou danos à saúde se
ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a pele. As plantas produzem substâncias tóxicas
provenientes do seu metabolismo secundário, importantes na defesa contra ataque de pragas e
patógenos (SIMÕES et al, 2002), tais como: oxalato de cálcio, látex, alcalóides beladonados e
glicosídeos cardiotóxicos, sendo estes os responsáveis por intoxicações nos organismos.
Quando homem e animais entram em contato com essas substancias há o desencadeamento de
reações indesejáveis, como edemas, coceiras, enjoos e até mesmo o óbito, dependendo da
concentração ingerida. Em 2011, em Belém, Pará, foram registrados 1990 casos de intoxicação de
humanos com plantas tóxicas, dos quais oito resultaram em óbito. Com animais esse numero foi bem
menor, apenas 10 casos foram registrados. O local com maior número de casos registrados foi Porto
Alegre, RS com 20137 casos (FIOCRUZ/SINITOX, 2011).
No cotidiano o método encontrado para se conhecer a toxidez de uma planta é através de
relatos de pessoas ou donos de animais que tenham desenvolvido reações adversas após a ingestão ou
o contato com a espécie em questão. No entanto, o principio ativo tóxico não elimina a beleza e função
ecológica dessas plantas que, geralmente, são utilizadas em projetos paisagísticos e em jardinagem.
Atualmente, a função ambiental do paisagismo passou a ser reconhecido pela comunidade em
geral, uma vez que, a arborização dos espaços contribui para melhoria na qualidade de vida ao
promover um clima ameno com a diminuição do calor, elevação da umidade, amenização da erosão,
melhor drenagem da água, preservação ambiental e atração da avifauna. Nesse sentido, as plantas que
não apresentam finalidade medicinal, alimentícia ou material, por outro lado, desempenham uma
função ecológica ao fazer parte de um ecossistema vivo.
O objetivo do presente trabalho foi identificar as plantas tóxicas de maior ocorrência
paisagística nos bairros: Tókio, Nova Olinda e Cristo em Castanhal, Pará.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado, em Dezembro de 2014, no município de Castanhal, Nordeste do
Estado do Pará, situado nas coordenadas geográficas 1º 17’ 26” de latitude Sul e 47º 55’ 28” de
longitude Oeste.
A pesquisa exploratória embasou-se em observações feitas a partir de caminhadas transversais
pelas ruas e praças dos bairros Tókio, Nova Olinda e Cristo.
Durante o percurso pelas ruas dos três bairros referidos se observou quais residências continham
plantas ornamentais cultivadas na parte frontal do terreno. Após a coleta dos dados foi feito o
levantamento bibliográfico em literatura especializada e em sites da rede mundial de computadores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na coleta de dados observou-se que as plantas de maior ocorrência são: espada-desão-jorge (Sansevieria trifasciata Prain) e comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott), ambas
com predominância em residências e logradouros dos três bairros estudados. As demais espécies
ocorrem nos três ambientes: praças, residências e ruas, porem essa ocorrência não é simultânea.
O bairro do Cristo apresentou maior diversidade de espécies ornamentais tóxicas, com 7
espécies; Seguido do bairro Tókio, com 6 espécies, e bairro Nova Olinda, com 4 espécies (Tabela 1).
Tabela 1. Plantas tóxicas de uso paisagístico catalogadas nos três bairros de Castanhal – PA.
Espécie
Família
Allamanda cathartica L.
Apocynaceae
Apocynaceae
Nerium oleander L.
Araceae
Caladium bicolor (Aiton) Vent.
Araceae
Dieffenbachia picta Schott
Araceae
Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng.
Asparagaceae
Sansevieria trifasciata Prain
Euphorbiaceae
Euphorbia tirucalli L.
Euphorbiaceae
Euphorbia pulcherrima Willd. ex Klotzsch
Meliaceae
Melia azedarach L.
Solanaceae
Datura suaveolens Humb. & Bonpl. ex Willd.
Bairros: 1- Cristo; 2 - Tókio; 3 – Nova Olinda
Nome vulgar
alamanda
Espirradeira
Tinhorão
comigo-niguém-pode
copo-de-leite
espada-de-São-Jorge
avelós, pau pelado
bico-de-papagaio
cinamomo, Santa-Bárbara
saia-branca
Bairro
1e2
1
2e3
1, 2 e 3
1e2
1, 2 e 3
1
3
1
2
A redução da vegetação natural ocorreu em decorrência da expansão das grandes cidades
resultantes das Revoluções Industriais que as substituiu pelo concreto e os imensos prédios, deixando
o cenário mais cinza e com menos vida.
Porem o habito de reproduzir nas residências uma pequena parte da natureza verde, como
faziam os Egípcios (LOBODA E DE ANGELIS, 2005), se estende ate os dias atuais. Esse costume
estreita a relação entre o Homem e a Natureza e com o fim de ampliar essa aproximação as praças
também passaram a ser mais arborizadas.
A Praça do Cristo é adornada por uma vegetação ornamental diversificada, incluindo a
alamanda, espécie nativa, de tom brasileiro verde e amarelo, contendo toxidez, a qual não é informada
a população que se reúne diariamente nesse ambiente, inclusive crianças e animais domésticos, com
livre acesso a essa espécie.
As plantas têm propriedades químicas diferentes, em virtude de sua constituição. É possível
observar que determinado grupo desenvolve um tipo de substancia mais adequado ao seu meio e
sobrevivência. Por isso, resolveu-se classificar as plantas quanto aos principio ativos que promove a
toxidez, entre eles: oxalatos de cálcio, látex, alcalóides beladonados e glicosídeos cardiotóxicos.
O oxalato de cálcio é composto químico inorgânico que forma cristais monoclínicos
aciculares, com forma de agulha, porém cada organismo produz a quantidade necessária para sua
existência. Esses cristais encontram-se dentro da célula do vegetal. Está presente em todas as
estruturas de três das espécies estudadas: espada-de-São-Jorge, copo de leite e tinhorão. Na espécie
comigo-ninguém-pode é produzido apenas nas folhas e caule (LIMA et al., 1995).
Em geral, quando em contato com o tecido humano ou animal, causa sensação de queimação,
edema nos lábios, boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, o contato com os
olhos pode provocar irritação e lesão da córnea. Ocorre, ainda, a liberação de histamina responsável
pelo edema da glote produzindo asfixia durante o processo de irritação das mucosas (LIMA et al., 1995).
O látex é um extrato leitoso produzido no citoplasma de células laticíferas ou produtoras de
látex juntamente com os demais nutrientes essências: aminoácidos, lipídios, fosfolipídios, carboidratos
e proteínas. Esse exsudato é produzido quando a planta sofre injuria no caule, com a função de
promover a cicatrização do tecido lesionado.
Ao entrar em contato com a pele ou mucosa, causa edema (inchaço) de lábios, boca, língua,
dor em queimação, coceira, além de causar irritação nos olhos, lacrimejamento, edema das pálpebras,
dificuldade de visão e quando ingerido pode causar náuseas, vômitos e diarreia (VINICIUS, 2009). As
espécies bico-de-papagaio e o avelós apresentam esse princípio tóxico em todas as suas estruturas.
Já os alcalóides beladonados são aminas que apresentam anéis heterocíclicos com o
nitrogênio, englobam as substâncias: atropina, escopolamina e hioscina. A ingestão de qualquer uma
delas provoca boca e pele seca, taquicardia, dilatação das pupilas, rubor da face, estado de agitação,
alucinação, hipertermia, distúrbios gastrintestinais, hiperemia, e confusão mental, nos casos mais
graves pode levar a morte. Das espécies encontradas que apresentam tais compostos estão a saiabranca e o cinamomo.
Os glicosídeos cardiotóxicos são compostos caracterizados pela ação altamente específica,
homogênea, e potente que exercem sobre o músculo cardíaco cuja principal característica
farmacológica está a capacidade de aumentar a força de contração da fibra miocárdica. A estrutura
química dessas substâncias consta de agliconas ou geninas caracterizadas pelo núcleo fundamental
ciclopentanoperidrofenantreno divididas em dois grupos de acordo com o anel lactônico insaturado
ligado ao C-17: pentacíclico (cardenólido) ou hexacíclico (bufadienólido). Os sinais de intoxicação
por este princípio ativo incluem manifestações gastrointestinais, distúrbios cardíacos e distúrbios
visuais e neurológicos. Entre as plantas que apresentam esse princípio ativo encontra-se a espirradeira
e a alamanda.
Segundo OLIVEIRA et. al, 2006 a presença dessas planta é comum em ambientes públicos
como canteiros, praças, pátios de escolas logradouros, entre outros. BOCHNER (2006) afirma ainda
que as plantas não devem ser removidas, sendo necessário conscientizar a população do perigo
potencial que estas espécies representam. Uma solução possível para a prevenção de acidentes seria a
identificação das espécies com placas informando sobre os riscos, além de atividades educativas que
informem as crianças sobre os riscos de brincarem ou colocarem plantas na boca.
CONCLUSÕES
Tendo em vista os dados das áreas estudadas, observou-se que a população cultiva plantas
levando em conta somente os aspectos estéticos das mesmas, desconhecendo por completo os perigos
que elas apresentam quando manipuladas ou ingeridas, principalmente por crianças.
A gravidade do dano causado a pessoas ou animais é dada em função da quantidade de
substancia ingerida.
As diversas espécies presente no planeta desempenham uma função importante no
ecossistema, apesar dessa contribuição ambiental ser desconsiderada na maioria das vezes.
REFERÊNCIAS
Bochner, R. Perfil das intoxicações em adolescentes no Brasil no período de 1999 a 2001. Cadernos de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22 (3): 587-595.2006.
Lima, R. M. de S.; A. M. N. dos Santos; M. A. G. Jardim. Levantamento de Plantas Tóxicas em Duas
Comunidades Caboclas do Estuário Amazônico. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 11 (2),
1995.
Loboda, C. R.; B. L. D. De Angelis. Áreas Verdes Públicas Urbanas: Conceitos, Usos e Funções.
Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais V. 1 No 1 Jan/Jun. 2005.
Oliveira, R. B; S. A. P. Godoy; F. B. Costa. Plantas Tóxicas: conhecimento para a prevenção de
acidentes. Ed. Holos. 64 pp. 2006.
Simões, C. M. O. et al., Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 4ª edição, Porto Alegre /
Florianópolis, Editora Universidade UFRGS / Editora Universidade UFSC, 833 p, 2002.
Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas - FIOCRUZ/SINITOX, 2011. Disponível
em: <http://www.fiocruz.br/sinitox/media/Tabela%201.pdf>. Acessado em: 12/12/2014.
Vinicius,
R.
Plantas
Tóxicas
no
Brasil,
2009.
Disponível
em:
<http://www.fiocruz.br/sinitox/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=313>. Acessado em: 12/12/2014.
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