UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM
ESCRITA E ORAL
Fátima Regina de Araújo
Orientador: Professor Mestre Robson Materko
Rio de Janeiro
Agosto/2001
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM
ESCRITA E ORAL
Fátima Regina de Araújo
Trabalho monográfico apresentado como
requisito
para a obtenção do grau de
Especialista em Psicopedagogia
Rio de Janeiro
Agosto/2001
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus que com sua força
espiritual me ajudou a acreditar no poder de sua
presença para que eu confiasse em minha
potencialidade.
Agradeço a meus pais, que com palavras
de incentivo me ajudaram a ficar sempre
fortalecida para seguir em frente.
Agradeço a minha irmã, que com carinho
e incentivo me ajudou a ingressar neste curso.
Agradeço ao meu futuro marido, que com
paixão e paciência, pode compreender as
minhas horas de ausência para a conclusão
desta monografia.
SUMÁRIO
pag.
Resumo ...........................................................................................
01
Introdução .......................................................................................
02
1–
O que é aprender? .................................................................
04
1.1 – Condições necessárias para aprender ...................................
07
2
– O que é distúrbio de aprendizagem? ......................................
11
2.1 – Como diagnosticar um distúrbio de aprendizagem? ...............
13
3
– As causas dos distúrbios da aprendizagem ............................
17
3.1 – Causas físicas .........................................................................
20
3.2 – Causas sensoriais ...................................................................
21
3.3 – Causas neurológicas ...............................................................
21
3.4 – Causas emocionais .................................................................
23
3.5 – Causas intelectuais ou cognitivas ...........................................
23
3.6 – Causas educacionais ..............................................................
23
4
– Distúrbios de aprendizagem na Linguagem Escrita ................
24
5
– Distúrbios de aprendizagem na Linguagem Oral ....................
29
Conclusão ................................................................................
35
Referências bibliográficas .......................................................
37
RESUMO
O processo de ensino-aprendizagem é o tema central do trabalho docente.
É um processo dinâmico de comunicação entre professor e aluno. Essa
comunicação é recíproca e eles interagem constantemente. Dessa interação
resultam as aprendizagens, isto se não surgir nenhum obstáculo que se
interponha à ação educativa, ou seja, que apareçam distúrbios.
O distúrbio é um transtorno que desvia todas as possibilidades positivas da
aprendizagem pois faz surgir uma dificuldade no momento da aquisição do
conteúdo.
A finalidade aqui é mostrar que se deve diagnosticar os casos desses
distúrbios para que se tenha a exatidão das causas para assim utilizar o
procedimento correto.
Os distúrbios de aprendizagem na linguagem escrita e oral têm influência
direta em outros conteúdos pois o indivíduo precisa ler e escrever normalmente
para que não ocorra os desvios.
A metodologia para o tratamento deve ser acomodada a problemática em
questão, isto porque, não se pode utilizar o programa de educação padronizado
em uma educação que não conseguiu se relacionar com outros padrões.
INTRODUÇÃO
A necessidade de falar e escrever é um tipo de manifestação muito antiga
e de exclusividade do homem. Cada povo elaborou uma forma diferente de usálas.
Ao longo do tempo o homem percebeu o quanto seria importante falar e
escrever. Sendo assim, surgiu a necessidade de expandir estes dois aspectos
que iriam contribuir para o seu desenvolvimento e consequentemente do meio
aonde vivia. Foram surgindo conceitos e métodos para a aplicação do ensino da
linguagem escrita e linguagem oral e a cada período, a vontade de saber como
escrever e falar aumentava.
A elaboração do alfabeto parte desta vontade, pois ocorreu a necessidade
da criação da linguagem de cada grupo. Isto fez surgir pequenos grupos de
ensino que mais tarde receberam o nome de escola;
homem
o objetivo é orientar o
a conhecer novos horizontes e entender sua utilidade enquanto
integrante de uma sociedade.
A escola sempre acompanhou o homem em seu progresso mantendo-se
objetiva apesar dos contratempos pelo qual o mundo passou e ainda passará. É
importante lembrar que no começo a proposta de aprender era restrita a pessoas
de grande poder aquisitivo. Com o advento da modernidade e postura social, esta
restrição começa a perder a força tornando a escola mais acessível. Os
professores são o elo entre a escola e a sociedade, e aquele capaz de ensinar e
perceber qualquer comportamento que possa interferir de forma negativa no
processo de ensino e aprendizagem. Estando sempre atento ao ambiente escolar,
com melhor dizendo, a sala de aula, o professor começa a observar alunos que
de uma forma ou outra não conseguem entender o conteúdo abordado.
Isto da início a estudos e maiores detalhamentos no que diz respeito a
observações
tanto
pedagógicas
quanto
psicológicas,
no
decorrer
da
aprendizagem para que se entenda o porque deste distúrbio na aprendizagem
facilitando o trabalho em sala de aula.
Passa-se a entender que qualquer dificuldade específica na aquisição de
informações ou habilidades são essenciais a solução de problemas. Existe um
problema significativo de aprendizagem quando o desempenho real do indivíduo
ou sua realização em uma habilidade qualquer está bem abaixo de sua
capacidade ou potencial.
Este trabalho irá explorar a causas e conseqüências dos distúrbios de
aprendizagem na linguagem oral e escrita, não deixando este aspecto somente
ligado ao pedagógico, mas também ao psicológico e sociológico, fazendo
entender que todo os casos devem ser analisados para que se possa utilizar o
método adequado onde o mesmo conteúdo tenha diferentes formas de como
atingir o aluno. O professor deve saber identificar estes distúrbios assim como
suas causas.
Este trabalho tem o objetivo de também facilitar a compreensão a cerca
dos distúrbios mostrando que o professor deve estar sempre preparado para
acontecimentos extras em sua sala de aula e fazer com que os outros alunos
compreendam e não diferenciem os alunos que possuírem dificuldades.
1.
O que é aprender?
O aprender consiste em o indivíduo possuir um conjunto de condições,
capacidades, habilidades e aptidões consideradas pré-requisitos para iniciar a
aprendizagem. A aprendizagem não pode ser formatada, ou seja, ter uma forma
única, isto porque seu objetivo é atingir o indivíduo que por sua vez é um
complexo misto.
O
processo
de
aprendizado
é
gradual,
pois
a
cada
ciclo
de
desenvolvimento do indivíduo inicia-se um novo período de conhecimento que
terá continuidade durante toda a sua vida. Partindo desta afirmativa pode-se dizer
que ela é constante ou contínua e cada um possui seu ritmo próprio de
aprendizagem que juntamente com seu esquema próprio de ação, constitui sua
individualidade. Esta, dá origem as diferenças de cada um e que levam alguns
indivíduos a serem lentos na aprendizagem, ao mesmo tempo que outros são
mais rápidos. Pode-se afirmar que a aprendizagem é um processo pessoal,
individual, ou seja, tem fundo genético e depende de muitos fatores como por
exemplo: esquemas de ação inatos do indivíduo; estágio de maturação do seu
sistema nervoso; constituição psicológica; e de seu grau de envolvimento, esforço
e interesse.
Aprendemos por nós e não pelos outros, isto porque novas aprendizagens
são dependentes de experiências anteriores e com isso, pode-se dizer que as
primeiras aprendizagens são um impulso para as que estão por vir. A partir deste
princípio vemos o lado cumulativo de aprender, ou seja, vemos que a
aprendizagem é um processo cumulativo e que cada nova aprendizagem vai se
juntar ao repertório de conhecimentos e experiências que o indivíduo já tem,
contribuindo para sua posição cultural. Este processo cumulativo não é estático e
isto faz com que o indivíduo reorganize suas idéias estabelecendo relações entre
as aprendizagens anteriores e novas, criando valores e colocando seus
sentimentos neste julgamento. Trata-se portanto, de um processo integrativo.
Aprender é conseqüência do desenvolvimento do indivíduo enquanto
integrante da sociedade, pois ela impõe a condição de aprender a partir do
momento de concepção. Somos preparados para ingressar na escola e a partir do
momento em que estamos fora dela, estamos aprendendo normas sociais de
relacionamentos para podermos ter consciência da aprendizagem em sala de
aula. Qualquer manifestação social é dependente da aprendizagem.
A aprendizagem deve trazer benefícios a quem está exposto a ela, ou seja,
de todo o processo de aprendizagem, o indivíduo deve estar claramente integrado
no objetivo da instrução. Aprender é um caminho para a auto-realização e o
crescimento integral. Pelo fato de estar presente e ser peça fundamental do
desenvolvimento, a aprendizagem necessita de quatro elementos para fazer fluir
o processo de entrada e saída. São eles:
-
Comunicados: que têm como representante o professor que participa
ativamente,
estando
motivado
e
com
pleno
conhecimento
da
mensagem que será transmitida.
-
Mensagem: é o próprio conteúdo educativo, ou melhor dizendo, os
conhecimentos e informações passados aos alunos que por sua vez
devem ser claros e precisos para serem bem assimilados.
-
Receptor: são os alunos. Eles não devem ser passivos pois parte da
aprendizagem também depende de suas reações.
-
Meio: é a escola, a família e a sociedade onde está inserido. Estes
devem também ser estimuladores da aprendizagem, proporcionando
boas condições para o processo educativo.
A aprendizagem pode ser vista pelo lado comportamental, que coloca a
aprendizagem como um conjunto de mudanças observáveis no comportamento
do sujeito, adquiridas através da experiência. Tal definição supõe atuação e
interação do sujeito em seu ambiente que inclui outros e os objetos de
aprendizagem.
A troca decorrente da interação sujeito-meio, indica um movimento entre
pessoas e objetos que resulta em transmissão de conhecimentos, entendido de
uma forma abrangente, excluindo, portanto, aspectos cognitivos, emocionais e
sociais.
A transmissão de conhecimentos requer algumas condições. É necessário
que o indivíduo possa recriar o conhecimento que está no outro através do uso de
símbolos significativos. Recriar é apropriar-se, valendo-se de estruturas próprias,
capazes de captar o sinal e generalizá-lo para, daí, ampliá-lo, a fim de que se
torne um novo conhecimento.
Pode-se
entendimento
dizer
de
também
alguns
que
conceitos
definir
básicos:
aprendizagem
sujeito,
pressupõe
o
desenvolvimento
e
conhecimento. Devemos considerar ainda, o meio em que ocorre tal processo, as
condições necessárias à aprendizagem, bem como a interação dinâmica desses
elementos com a estrutura cognitiva do sujeito.
Existem dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem casual, que quase
sempre é espontânea, surge naturalmente da interação entre as pessoas e com o
ambiente em que vivem. Ou seja, pela convivência social, pela observação de
objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de comunicação, leituras,
conversas,
etc.,
as
pessoas
vão
acumulando
experiências,
adquirindo
conhecimentos, formando atitudes e convicções.
E a aprendizagem organizada, que é aquela cuja finalidade específica é
aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivência
social. Embora isso possa ocorrer em vários lugares, é na escola que são
organizadas as condições específicas para a transmissão e assimilação de
conhecimentos e habilidades. Esta organização intencional, planejada e
sistemática das formalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa
específica do ensino.
A aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos intrínsecos,
ou seja, uma criança aprende melhor e mais depressa quando sente-se querida,
esta segura de si e é tratada como um ser singular. Ela aprende melhor e mais
depressa quando suas necessidades básicas são atendidas, convenientemente,
ou seja, se ela não está com fome, nem tem sono, nem está cansada, doente ou
nervosa, tende obviamente, a aprender melhor, se a tarefa escolar atender aos
seus impulsos para a exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem
banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se propiciar
experiências diversas, a aprendizagem infantil será melhor, mais será a de
transferir-se para novas situações, inclusive extracurriculares.
É importante lembrar que apesar de tudo o que se comenta a respeito da
aprendizagem, ainda há grupos sociais fora do alcance de aprender, facilitando o
enfraquecimento da corrente social. Isto ocorre porque há sobras de um ideal
arcaico que insiste em permanecer presente e pessoas colaborando para esta
permanência.
1.1.
Condições necessárias para aprender
O processo de aprendizagem exige fatores de nossa constituição enquanto
indivíduos, suscetível ao desenvolvimento intelectual o qual será necessário para
sua integração na sociedade dando suporte para que tenha posição e opinião
própria.
Existem inúmeros fatores que colaboraram para a efetivação da
aprendizagem, mas aqui no momento serão citados somente sete, independente
da teoria de aprendizagem abordada:
1) Saúde física e mental: para que seja capaz de aprender, a criança deve
apresentar um bom estado físico geral, isto é, deve estar gozando de boa saúde,
com seu sistema nervoso e todos os órgãos dos sentidos funcionando
perfeitamente bem. As perturbações que porventura surgirem, tanto na área física
como na sensorial e principalmente na área nervosa, são distúrbios que poderão
se constituir em problemas de aprendizagem. Febre, dores de cabeça, deficiência
de visão, de audição, disritmias, são alguns exemplos desses distúrbios.
2) Motivação: o fato de querer aprender garante à criança um maior sucesso na
aquisição de conhecimentos, habilidades ou técnicas. O interesse é, portanto, a
mola propulsora da aprendizagem. Os motivos que a criança tem par aprender
situam-se nos vários níveis de desenvolvimento humano.
Todo comportamento humano pode ser visto como a busca do equilíbrio,
ou seja, como a procura do bem-estar pelo indivíduo, tanto em relação a sim
mesmo como em relação ao meio ambiente em que vive. O equilíbrio mostra
satisfação e o desequilíbrio tensão: a criança pode querer aprender por vários
motivos:
-
para satisfazer à sua necessidade biológica de exercício físico com a
finalidade de liberar energia;
-
ao ser estimulada pelos órgãos dos sentidos, como por exemplo, pela
visão das cores alegres de um material pedagógico;
-
ao sentir-se motivada para uma atividade mental, quando consegue
resolver um problema ou entender bem uma explicação do professor;
-
para evitar a punição dos pais, caso não apresente boas notas nos
estudos;
-
por sentir necessidade de conquistar um prêmio ou uma boa
qualificação na escola, que lhe de status no meio social que freqüenta.
O fato de garantir a admiração da família ou dos colegas também é uma
boa motivação para aprender.
3) Prévio domínio: domínio de certos conhecimentos, habilidades e experiências
anteriores, que são chamados pré-requisitos para a aprendizagem. Um exemplo
de prévio domínio é o currículo oculto que as crianças já trazem de casa, ou seja,
a soma de conhecimentos, experiência, noções e habilidades que já vivenciaram
no lar e que lhes dão uma grande vantagem em relação aos outros colegas que
não o possuem.
4) Maturação: se dá por etapas que se sucedem sempre em uma mesma
seqüência, embora em tempos diferentes para cada indivíduo. A seqüência de
sentar, arrastar-se, engatinhar e andar são exemplos do processo de maturação
biológica.
A maturação e a aprendizagem são processos diferentes, porém intimamente
ligados, pois a maturação é que cria condições para que as aprendizagens
ocorram. Nelas não há predomínio da hereditariedade ou do ambiente, pelo
contrário, há uma interação perfeita entre ambos.
5) Inteligência: a criança deve ter a capacidade de assimilar e compreender as
informações
que
recebe;
de
estabelecer
relações entre várias dessas
informações; de criar e inventar coisas novas com base nas que já conhece; de
raciocinar com lógica na resolução de problemas que lhe são apresentados.
6) Concentração ou atenção: a capacidade de buscar-se em um assunto é um
fator intelectual que interfere na aprendizagem. Com maior ou menor capacidade
que o indivíduo tenha para se concentrar no objeto do conhecimento, dependerá
sua maior ou menor facilidade para aprender.
7) Memória: o indivíduo aprende devido a seus sistemas sensoriais que se
comunicam com o centro de aprendizagem ajudados pelos centros nervosos que
estão localizados nos hemisférios cerebrais e os dados aprendidos são
transferidos a outro centro nervoso que é o da memória. A memória irá armazenar
as informações até quando o indivíduo necessitar utilizá-la.
Quem aprende está sujeito a esquecer o que aprendeu. O esquecimento
acontece por vários motivos:
-
Pela fragilidade ou deficiência na aprendizagem, causada por estudo
insuficiente;
-
Pela tentativa de evocação do fato memorizado através de um critério
diferente do utilizado na fixação da aprendizagem. Por este motivo as
informações devem ser apresentadas sob formas diferentes, para que o
aluno possa armazená-las também sob diferentes critérios. Isso
aumenta a capacidade de a criança lembrar-se das informações
recebidas, quando necessário.
-
Pelo desuso das informações;
-
Por um componente emocional, que também pode prejudicar a
memorização e a concentração. O indivíduo muito ansioso ou
preocupado não consegue fixar sua atenção no que está sendo
ensinado, conseqüentemente não memoriza a informação e não
aprende. A memória não funciona isoladamente. Ela é um dos fatores
da inteligência e evolui com o desenvolvimento das funções intelectuais.
Todos estes aspectos devem agir conjuntamente para que se obtenha o
objetivo principal da aprendizagem, ou seja, que tanto a criança como o momento
da aprendizagem estejam no mesmo plano. É de fato real dizer que nem sempre
esta harmonia irá acontecer, pois pode ocorrer falha em alguns destes fatores,
mas pelo menos em 50% (cinqüenta por cento) deles, o indivíduo tem dentro de
si.
Preparar uma criança para os processos de aprendizagem depende em
geral de uma complexa integração das funções neurológicas, que precisam ser
exercitadas para que amadureçam harmoniosamente. A importância da
exercitação, ou seja, da estimulação é comprovada por vários autores e
pesquisadores de educação, pois foi e é percebido que o estímulo é um fato
dinamizador da aprendizagem, ou seja, caso os estímulos sejam intensos, a
aprendizagem se fará com determinação e eficácia.
É importante lembrar que a aprendizagem não significa apenas
experiência, embora a qualquer tipo de aprendizagem corresponda uma
conseqüência comum: a mudança.
A
aprendizagem
sempre
e
invariavelmente
supõe
mudança
de
comportamento e, não só isso, quanto mais possível de suscitar mudanças é um
fato ou situação, maior motivação terá o indivíduo para envolver-se nele. As
situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar
a aprendizagem. Quando por infelicidade, o contrário acontece, o aluno tende a
rejeitar não só a disciplina que não consegue aprender, mas também tudo quanto
a ela se refira, inclusive o mestre e até a própria escola.
2.
O que é distúrbio de aprendizagem?
O distúrbio de aprendizagem é uma dificuldade em adquirir conhecimentos
novos. Neurologistas concordam que é decorrente de uma variedade muito
grande de causas. Essas causas podem ser cerebrais, extracerebrais e
ambientais. Entre as causas cerebrais existem as primárias e secundárias. As
primárias são decorrentes de discreta disfunção do cérebro aparentemente
normal, do ponto de vista anatômico e de exames laboratoriais. Fica mais
evidente quando a criança, aparentemente normal, atinge a idade escolar e não
consegue mais aprender. A deficiência seria decorrente de distúrbio histológico,
bioquímico e elétrico, impossíveis de detectar em vida pelos meios atuais de
diagnóstico laboratoriais. As causas cerebrais secundárias são aquelas
evidenciáveis pelos meios diagnósticos neurológicos e por exames de
laboratórios como encefalograma, tomografia computadorizada de crânio,
ressonância magnética nuclear.
Há muito tempo, a complexidade e a abrangência dos aspectos que
envolvem as dificuldades de aprendizagem vêm despertando grande interesse
dos especialistas das mais diferentes disciplinas. Isto acaba por se refletir, de
acordo com a visão de cada estudioso, nas diferentes terminologias utilizadas
para a descrição dos seus achados, tornando árdua a tarefa de classificação
destas dificuldades.
Além dos distúrbios específicos de aprendizagem e daqueles deficitários da
atenção, a conceituação das dificuldades de aprendizagem abrange, atualmente,
a hiperatividade, os problemas emocionais, familiares e sociais.
Desta
conceituação, ficam excluídos os problemas de aprendizagem decorrentes do
prejuízo intelectual e das perturbações severas do emocional.
O posicionamento de alguns médicos e psicólogos a respeito dos distúrbios
de aprendizagem é o mesmo dos educadores, pois estes profissionais afirmam
que distúrbios são problemas ou dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
Isso porque, para esse grupo, distúrbios são perturbações de origem biológica,
neurológica,
intelectual,
psicológica,
sócio-econômica
ou
educacional,
encontradas em escolares, que podem tornar-se problemas para a aprendizagem
dessas crianças.
Há também um outro lado do distúrbio que pode ser visto apenas para
aqueles casos de crianças com dificuldade de aprendizagem de causas
desconhecidas, uma vez que essas crianças não apresentam defeitos físicos,
sensoriais, emocionais ou intelectuais de espécie alguma.
Tendo como ponto de partida estas definições, pode-se perceber que,
qualquer que seja a causa básica destes distúrbios, não se trata de quadros
neurológicos
definidos.
Presume-se
que
sejam
condições
intimamente
relacionadas aos processos de amadurecimento do sistema nervoso central.
podem melhorar com o passar do tempo e, não raramente, problemas
psicológicos, na maioria dos casos, não justificam por si só as dificuldades que as
crianças apresentam. É importante que os problemas que a criança, jovem ou
adulto apresentem, sejam vistos como decorrentes de dificuldades e não um
desvio mais ou menos acentuado do quadro normal, mais aceitável, e que
responde às expectativas relativas a um sujeito que aprende.
O distúrbio de aprendizagem abrange uma variedade de problemas de
diferentes espécies e devido a causas diferentes, o que pode ocasionar confissão
no diagnóstico e mesmo no tratamento. Todas essas crianças têm em comum a
dificuldade de aprendizagem em condições normais de sala de aula. Neste caso o
tema distúrbio fica restrito apenas a casos em que os sintomas revelem
dificuldade de atenção seletiva. Entende-se por atenção seletiva, capacidade de
selecionar dentre os numerosos estímulos recebidos, os que interessam, e de
responder a um ou a outro número deles ao mesmo tempo. Essas dificuldades
significam um retardo no desenvolvimento mental da criança. Geralmente não são
deficiências irreversíveis, mas uma forma de imaturidade.
Não se pode ignorar o fato de que os distúrbios de aprendizagem podem
ocorrer tanto no começo como durante o período escolar, isto porque, surgem em
situações diferentes para cada aluno.
Os distúrbios de aprendizagem são classificados entre os distúrbios de
desenvolvimento,
subdivididos
por
sua
vez
em
grupos
específicos.
A
característica essencial deste grupo de distúrbios é que a perturbação emocional
predominante está na aquisição das habilidades cognitivas da linguagem, motora
ou social. A perturbação pode envolver um atraso quantitativo que poder ser
geral, como no retardamento mental ou parcial, como no atraso ou falência no
progresso de uma área específica na aquisição de habilidades. Pode ainda,
ocorrer
em
áreas
múltiplas,
nas
quais
há
distorções
qualitativas
do
desenvolvimento normal.
2.1
Como diagnosticar um distúrbio de aprendizagem?
O distúrbio de aprendizagem é um problema que tem possibilidades de ser
resolvido, mas para que isto aconteça é preciso saber a verdadeira causa do
distúrbio para encontrar o tratamento adequado. Para saber disto é feita a
chamada avaliação diagnóstica que tem como objetivo submeter a criança a uma
série de provas que reúnem todas as capacidades, habilidades e aptidões
necessárias à aprendizagem. O período preparatório deve ser reservado para
essas provas de avaliação. Esse período de sondagem das capacidades da
clientela que vai iniciar o curso está sendo proposto em substituição ao treino
psicomotor que é feito nesse primeiro mês.
De acordo com as características individuais dos alunos, o professor
poderá definir os tipos de testes de prontidão a que eles deverão ser submetidos
para atingir um bom nível inicial de aprendizagem. Assim estará evitando futuros
distúrbios de aprendizagem.
É de certeza afirmar que o professor do 1º grau não tem a formação
necessária para diagnosticar graves distúrbios de aprendizagem, ou seja, resta a
ele fazer a observação onde poderá detectar diferenças ou falhas nos
desempenhos de seus alunos, observando basicamente:
-
se o aluno tem dificuldade de movimentos ao executar tarefas que os
outros realizam com facilidade;
-
se tem problemas na fala;
-
se não consegue ler de uma certa distância as palavras escritas no
quadro de giz;
-
se não entende bem o ditado;
-
se é superexcitado ou então muito quieto, desanimado e/ou distraído;
-
se não consegue aprender a ler nem a escrever até o final do ano letivo,
etc.
O professor, ao constatar algumas dessas dificuldades ou ainda outras que
não tenham sido mencionadas, deverá registrá-las na ficha individual do aluno.
Caso ocorra a persistência do problema, o professor, antes de tomar qualquer
atitude para recuperar a dificuldade, deverá pedir a assistência de um especialista
adequado para o caso: fonoaudiólogo, psicólogo, médico clínico, oftalmologista,
otorrino e outros. Após colher o maior número possível de dados sobre o aluno
(deficiências físicas, condições mentais, experiências educacionais anteriores e
histórias de seus fracassos e sucessos), o professor poderá executar o programa
de remediação específico para a dificuldade de aprendizagem diagnosticada.
O diagnóstico é feito buscando não apenas identificar os problemas nas
suas possíveis causas. As etapas principais do processo diagnóstico são
descritas a seguir;
a) entrevista inicial com a criança/adolescente e com seus pais,
separadamente, quando se levanta a queixa principal, seu histórico,
além de dados sobre o desenvolvimento da criança. O discurso da
família permite verificar como o problema é percebido por ela e
identificar a eventual presença de sintomas nos seus outros membros.
O trabalho diagnóstico pode se estender por quatro a cinco
atendimentos, aproximadamente, e deve respeitar um compromisso
feito entre as partes.
b) Contatos com o educando: são realizadas algumas sessões com o
objetivo de avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo, nível do
pensamento, a vinculação com o meio e objetos de aprendizagem,
capacidade percepto-motora e atuação pedagógica. Para realizar isto,
são utilizadas as chamadas provas piagetianas, testes projetivos e
neurolingüísticos, análise do material escolar e outras atividades
complementares.
Caso haja necessidade, serão ministrados testes
psicológicos específicos. É feita ainda avaliação de conceitos do
raciocínio lógico-matemáticos.
c) Contatos complementares: São realizados contatos com especialistas
que
atenderam
a
criança
anteriormente,
como
neurologista,
oftalmologista, fonoaudiólogo, etc., os quais poderão nos auxiliar com
informações e detectar interferência de fatores orgânicos na dificuldade
de aprendizagem. São realizados contatos com a escola da criança pra
complementação de dados ou apresentação de resultados obtidos no
diagnóstico.
d) Entrevista devolutiva: neste encontro são explicados aos pais as
conclusões da avaliação diagnóstica bem como são lançadas hipóteses
referentes aos obstáculos do processo de aprendizagem, suas
possíveis causas e procedimentos terapêuticos indicados no caso.
Quando necessário, faz-se o encaminhamento para os médicos e outros
especialistas bem como pode ser realizado um trabalho de orientação
psicopedagógica familiar.
Pode-se dizer que geralmente, as avaliações diagnósticas de uma criança
têm como finalidade:
a) determinar a etiologia de um problema de aprendizagem;
b) avaliar o seu impacto no desenvolvimento sócio-emocional da criança;
c) facilitar decisões relacionadas com a educação ou outra forma de
atendimento;
d) definir a situação da criança em relação a expectativas futuras de
desenvolvimento. Logo após a avaliação, a criança e
seus pais,
entrevistados e toda a informação diagnóstica consolidada e discutida,
os resultados são apresentados verbalmente numa reunião para os pais
ou responsáveis pela criança.
O professor de sala de aula também pode dar um diagnóstico que é
conhecido como escala de avaliação do aluno. Este método mostra o
desempenho escolar futuro da criança e tem a mesma precisão dos testes
psicoeducacionais padronizados. É dada esta confiança ao professor, pois ele
acompanha a vida do aluno diariamente e também devido sua formação, muito
raramente ele não percebe quando o aluno está ou não acompanhando o
conteúdo o qual está sendo exposto. Pode ocorrer dele não saber o porque da
dificuldade, mas sabe identificar uma criança com aprendizagem lenta.
Após uma criança ser identificada como portadora de um problema real ou
potencial de aprendizagem, ela é encaminhada para uma avaliação diagnóstica
detalhada e altamente estruturada.
O objetivo deste passo em educação especial é definir tão especificamente
quanto possível a natureza do problema que a criança apresenta.
Dependendo do tipo de referência feita, a avaliação diagnóstica pode exigir
a colaboração de profissionais de várias disciplinas diferentes. Áreas profissionais
normalmente, envolvidas na avaliação diagnóstica incluem a medicina, psicologia,
educação, fonoaudiólogos e as profissões relacionadas com estas disciplinas,
como a assistência social e a terapia física e ocupacional.
3.
As causas dos distúrbios da aprendizagem
Os distúrbios de aprendizagem se tornaram tema de muitos estudos,
principalmente na área psicológica e psiquiátrica para assim encontrar a melhor
forma de classificação dos distúrbios que prejudicam a aprendizagem, bem como
determinar suas causas. A necessidade de participação destes dois especialistas
em comportamento humano dá-se pelo fato da complexidade do assunto que
envolve muitos conhecimentos e que o pedagogo não obteve em seu curso de
formação como por exemplo: defeitos genéticos, distúrbios da personalidade, da
conduta, disfunções cerebrais e outros.
Pode-se dizer que uma variedade de fatores se relacionam com as
dificuldades porque as crianças passam ao aprender. Embora, na aparência, as
crianças com deficiência possam apresentar sintomas comportamentais similares
(atenção inapropriada, dificuldades em aprender a falar), as causas para estes
comportamentos freqüentemente variam de um indivíduo para outro. Como
conseqüência, dependendo do fator ou conjunto de fatores associados com um
problema de aprendizagem, requerem-se métodos e abordagens diferentes para
o tratamento desta forma, a habilidade do educador especial em reconhecer tais
fatores proporciona dados valiosos em relação a decisões subseqüentes para o
diagnóstico e remediação.
As causas dos problemas de aprendizagem são geralmente agrupadas em
sete categorias distintas. Estas incluem as causas relacionadas com deficiências
sensoriais, deficiências intelectuais, distúrbios emocionais, carências sócioculturais, problemas físicos ou de saúde, anomalias neurológicas ou problemas
no processamento de informações (dislexia e disgrafia em crianças). A habilidade
para determinar que fator ou fatores levam a um problema de aprendizagem
possibilita uma identificação precoce e decisão diagnóstica apropriada da criança
que apresenta uma excepcionalidade.
A classificação de uma criança como portadora de deficiência requer que
ela apresente comportamentos relacionados com uma ou mais das sete
categorias mencionadas. Além disto, a criança assim classificada precisa
demonstrar a necessidade de educação especial ou serviços médicos ou
psicológicos relacionados.
O ser humano é constituído por um todo organizado de sistemas com
profunda vinculação entre si. Não será feita aqui uma classificação dos distúrbios,
apenas será considerado grupos de acordo com suas causas principais, haja visto
que muitos deles têm mais de uma causa e em todos há interferência de mais de
um fator, seja ele somático ou psíquico.
As causas responsáveis pelos distúrbios são mais ligadas ao indivíduo em
si do que q parte exterior, ou seja, a parte aonde o mesmo está inserido. Serão
expostas aqui todas elas para que se tenha um prévio entendimento, haja visto
que o detalhamento será feito mais adiante:
Causas físicas
São aquelas representadas pelas perturbações somáticas transitórias ou
permanentes. São provenientes de qualquer perturbação do estado físico geral da
criança, tais como febre, dor de cabeça, dor de ouvido, cólicas intestinais, anemia,
asma, verminoses e todos os males que atinjam o físico de uma pessoa, levandoa a um estado anormal de saúde.
Causas sensoriais
Estas causas têm como responsáveis os órgãos dos sentidos, pois eles
comandam a percepção que o indivíduo tem do meio exterior. Qualquer problema
que afete os órgãos responsáveis pela visão, audição, gustação, olfato, tato,
equilíbrio, reflexo postural ou os respectivos sistemas de condição entre esses
órgãos e o sistema nervoso, causará problemas no modo de a pessoa captar as
mensagens do mundo exterior e, portanto, dificuldade para ela compreender o
que se passa ao seu redor.
Causas neurológicas
São as perturbações do sistema nervoso, tanto do cérebro, como do
cerebelo, a medula e dos nervos, isto porque, o sistema nervoso comanda as
ações físicas e mentais do indivíduo. Então, qualquer distúrbio em uma dessas
partes se constituirá em um problema de maior ou menor grau, de acordo com a
área lesada.
Causas emocionais
Pode se chamar também distúrbios psicológicos, ligados às emoções e aos
sentimentos dos indivíduos e à sua personalidade. Esses problemas geralmente
não aparecem sozinhos, eles estão associados a problemas de outras áreas,
como por exemplo da área motora, sensorial e etc.
Causas intelectuais ou cognitivas
Estas causas dizem respeito a inteligência do indivíduo, ou seja, à sua
capacidade de conhecer e compreender o mundo em que vive, de raciocinar
sobre os seres animados que o cercam e de estabelecer relações entre eles.
É importante lembrar que o sistema nervoso tem também papel importante
nesses distúrbios. O modo pelo qual o indivíduo conhece o mundo, sua maior ou
menor capacidade de estabelecer relações, de criar coisas novas, de inventar, de
construir e de buscar soluções diferentes para um mesmo problema vão depender
muito de suas estruturas mentais e de sua capacidade intelectual.
Causas educacionais
O tipo de educação que a pessoa recebe na infância irá condicionar
distúrbios de origem educacional, que a prejudicarão na adolescência e na idade
adulta, tanto no estudo como no trabalho. Portanto, as falhas de seu processo
educativo terão repercussões futuras.
Causas sócio-econômicas
Diferente das outras causas, essas não se revelam no aluno. São
problemas que se originam no meio social e econômico, ou seja, no meio físico
social onde vivem têm poder sobre eles, podendo ser favorável ou desfavorável a
sua subsistência e também as suas aprendizagens.
Será feito nos próximos subtítulos uma exploração maior.
3.1 – Causas físicas
São perturbações orgânicas, que envolvem a saúde, podendo ter as origens
mais diversas e tempo de duração variáveis e causar inúmeros problemas de
saúde, tanto na criança como no professor, afetando o processo de ensino e
aprendizagem.
Pode se classificar as causas em dois grupos:
Perturbações transitórias e perturbações permanentes.
Perturbações transitórias
São aquelas que podem atingir tanto o professor como os alunos, irá
depender de seu grau de intensidade para que se tenha o período de duração, ou
seja, são passageiros, pois terminam com a cura da doença ou com a eliminação
da perturbação.
Estes são exemplos deste tipo de perturbação:
1) dores de um modo geral;
2) doenças parasitárias;
3) febre resultante de qualquer processo infeccioso ou inflamatório, que
também é um fator negativo no processo de ensino e aprendizagem;
4) doenças alérgicas;
5) doenças infantis como sarampo, catapora, etc.
Perturbações permanentes
São obstáculos que impedem o bom desenvolvimento do aluno em termos
de aprendizagem, e que são devidos a qualquer tipo de deficiência orgânica
permanente. Incluem-se nesses casos os deficientes físicos que: não possuem
um órgão; não possuem um membro; não possuem um dos dedos ou tenha a
paralisia.
Estão incluídos aqui os indivíduos de má formação congênita ou
hereditária.
A desnutrição causa sérios distúrbios na aprendizagem, pois colabora para
o surgimento da anemia, prejudicando assim a vitalidade da criança. Isto ocorre
porque as proteínas, como se sabe, contribuem para a formação dos nervos e do
sistema nervoso em geral, ou seja, a falta delas no organismo impede os nervos
de se desenvolverem normalmente.
3.2 – Causas sensoriais
São todas as causas que envolvem distúrbios dos órgãos dos sentidos e
suas ligações com o sistema nervoso central, áreas cerebrais sensoriais e com
dos movimentos. Cada órgão do sentido possui um meio para atingir
negativamente o processo ensino-aprendizagem.
3.3 – Causas neurológicas
Como já foi comentado, o sistema nervoso comanda os outros sistemas do
nosso corpo e sendo assim, ele interfere em muitas atividades e em especial na
parte que diz respeito a aprendizagem.
Os distúrbios neurológicos podem atingir tanto crianças quanto adultos
dando origem a problemas de fala, locomoção, memória, funcionamento do
cérebro e outros. Será comentado aqui somente os que mais freqüentemente se
transformam em problemas de aprendizagem, de leitura, fala e escrita, pois as
dificuldades nestas áreas conduzem a outras dificuldades de aprendizagem, haja
visto que o aluno irá precisar da leitura e da escrita para compreender outras
disciplinas e se conduzir na vida sozinho. Para que se tenha um entendimento
melhor dos distúrbios neurológicos, serão mostrados a seguir alguns deles:
a) lesão cerebral
A lesão cerebral atinge um dos centros nervosos vitais da aprendizagem
que irá retardar o andamento normal do processo de aprendizagem.
b) disfunção cerebral mínima
Isto significa dizer um mal funcionamento do cérebro, devido a fatores
hereditários ou a má formação do embrião durante a vida uterina, traumas
sofridos pelo feto na hora do parto ou ainda a problemas adquiridos pelo
indivíduo após o parto. Este termo foi utilizado no lugar de lesão, porque a
maioria dos distúrbios de aprendizagem não se deve a uma causa
traumática irreversível, ou seja lesão cerebral. São devidos a pequenos
prejuízos da estrutura cerebral. O indivíduo portador desta disfunção
apresenta combinações variáveis e déficit de percepção, conceituação,
linguagem, memória, controle de atenção, dos impulsos ou da função
motora. O que interessa à educação é que esta disfunção pode se
manifestar durante os anos escolares, principalmente na pré-escola e no 1º
Grau, com uma variedade de dificuldades especiais de aprendizagem.
Os problemas de comportamento estão dentro desta disfunção, e
estes, provocam nas crianças comportamentos bastantes diversificados.
São, geralmente, crianças agressivas, barulhentas, exibicionistas e não
aceitam regras de educação social. Isto provoca problemas em sala de
aula pois a criança não consegue se concentrar para ter atenção
necessária para o entendimento do conteúdo.
Existem várias dificuldades que estão associadas ao DCM, mas só
interessa neste contexto, as que estão ligadas a linguagem oral escrita:
a)
Disgrafia: dificuldade de utilização dos símbolos gráficos para
exprimir idéias. É identificada pelo traçado irregular das letras e
pela má distribuição das palavras no papel. A criança consegue
copiar o texto, porém quando este mesmo texto é ditado, ou então
quando esse texto é uma dissertação, surgem sérios problemas de
escrita.
b)
Disortografia: é a falta de capacidade de apresentar uma escrita
correta, com o uso adequado dos símbolos gráficos. A criança não
respeita a individualidade das palavras. Junta palavras, troca
sílabas e/ou omite sílabas ou palavras.
Os portadores de DCM têm os seguintes comportamentos de
verbalização:
-
fala muito alto;
-
conversam sem parar;
-
se pronunciam sem serem chamados;
-
choram, gritam e riem muito;
-
ameaçam bater nos colegas e mesmo no professor.
As causas neurológicas não podem ser ignoradas em momento algum
numa avaliação diagnóstica é a primeira a ser investigada.
3.4 – Causas emocionais
O fator emocional tem participação importante na aprendizagem, ou seja,
qualquer desequilíbrio que afete esta parte causa danos na estrutura psicológica
do indivíduo fazendo surgir reações que irão afetar seu comportamento social e
conseqüentemente na aprendizagem.
A criança que possui esse desequilíbrio apresenta os seguintes quadros:
1) comportamento retraído;
2) subnormalidade mental;
3) comportamento agressivo;
4) ansiedade;
5) medos e fobias;
6) comportamentos psicóticos.
3.5 – Causas intelectuais ou cognitivas
A parte intelectual assim como a anterior também é importante na
aprendizagem, pois em termos de escolarização, quase todas as aprendizagens
exigem do indivíduo seu conteúdo intelectual, e é a partir de seu intelecto que ela
irá se adaptar a novos conhecimentos e as condições mutáveis da vida.
O
indivíduo deve ter a capacidade de aprender e aproveitar-se da experiência.
Os distúrbios intelectuais podem ser quantitativamente para mais ou para
menos, deles resultando respectivamente indivíduos superdotados e subdotados.
3.6 – Causas educacionais
A escola, como se sabe, foi criada para formar o indivíduo e sendo assim,
ela deve conter em sua estrutura todo um preparo para que este objetivo seja
atingido. O ambiente escolar, físico ou social, deve ser o mais agradável possível
onde a criança irá encontrar respostas para os seus questionamentos. Não se
pode esquecer da metodologia, pois esta não poderá ficar fora da realidade social
do aluno.
4.
Distúrbio de aprendizagem da linguagem escrita
Este distúrbio trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das
habilidades relacionada com a escrita. Esse transtorno não se explica nem pela
presença de uma deficiência mental, nem por escolarização insuficiente, nem por
um déficit visual ou auditivo, nem por alteração neurológica. Classifica-se como tal
apenas se produzem alterações relevantes ao rendimento acadêmico ou nas
atividades da vida cotidiana. A gravidade do problema pode ir desde erros na
soletração até erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na
organização de parágrafos.
Costuma-se apresentar outras alterações superpostas, como os transtornos
do desenvolvimento na leitura, transtornos do desenvolvimento da linguagem do
tipo expressivo e receptivo, transtorno do desenvolvimento matemático, transtorno
do desenvolvimento da coordenação ou de habilidades motoras e, também com
transtorno de conduta de tipo desorganizado.
O exercício depende da gravidade, vindo desde os traços, no segundo ano
do primeiro grau, nos casos mais graves e aos 10 anos, no quinto ano do
segundo segmento do primeiro grau, ou inclusive mais tarde nos casos mais
leves. Foram observados mais casos em familiares de primeiro grau com
problemas no desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem escolares do
que na população em geral.
Esse transtorno costuma apresentar diversas áreas alteradas, tais como o
soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os resultados da sintaxe oral, a
organização do texto, a coesão, ou seja, conexão gramatical, transicionais e
lexicais, coerência, sentido da audiência, habilidades cognitivo – sociais,
idealização/abstração, etc. A sintaxe escrita pode ser medida através da
combinação de orações da complexidade sintática da escrita expontânea e das
tarefas de identificação. Todas estas alterações ilustram a linha das pesquisas
atuais e as perspectivas de futuro, rigorosas e científicas, de abordar as
dificuldades de aprendizagem na escrita.
Tendo como base os conhecimentos atuais sobre os processos cognitivos
implicados
na
conduta
de
escrever,
justamente
como
o
avanço
da
neuropsicologia cognitiva e da linguagem, ao mesmo tempo que da a psicologia
cognitiva em geral, e foram propostas diversos modelos modulares sobre o
funcionamento mental da escrita. As afirmações da psicologia da escrita tal como
as da psicologia da leitura, tem base em dados clínicos procedentes de lesões
celebrais, neuropsicologia cognitiva e neurologística, em dados experimentais
muito controlados, tais como: dados de simulação através de computador, dado
procedente da metodologia observacional e dados procedentes da metodologia
seletiva. Esses enfoques têm a virtude de supor modelos completos de explicação
da escrita, além de explicar com clareza as características de sua alteração à
forma de avaliação e intervenção. A partir desses modelos disgráficas ou o atraso
na escrita vão sentido ao refletir em alterações em algum dos modelos ou
submodelos que representam processos ou subprocessos implicado na escrita.
“A escrita é um processo complicado
que vai exigir vários anos de esforço
escolares para a sua aprendizagem e
que, evidentemente, não culmina com a
aquisição dos simples automatismo
gráfico, ao contrário. Igualmente, a
escrita não é a leitura mas, ao contrário,
envolve
habilidades
diferentes
e
relativamente independentes.”
(GARCIA, 1998, p.194)
É necessário citar aqui os quatro processos cognitivos envolvidos na escrita
mais importantes, assim como, seus respectivos subprocessos. São eles:
1. Planejamento de mensagem
O planejamento da mensagem que se quer escrever suponha a tomada de
decisões a cerca da finalidade e do conteúdo que se pretende escrever, motivo
pelo qual será necessário selecionar informações congruentes como objetiva.
Essas informações podem ser proporcionadas pelo entorno ou podem ser
extraídas das
experiências e da memória ao longo prazo do sujeito que irá
realizar uma conduta escrita.
Escrever supõe solucionar, assim como transmitir uma mensagem, como
influir na mente do leitor e supõe a tomada de decisões diversas que tenha haver
com o que será escrito, como será escrito, a quem será dirigido o escrito, etc. Se
bem que, antes de escrever algo, é necessário saber o que se vai escrever, esses
processos são os que consomem mais tempo nas tarefas da escrita, apesar de
não ser a mesma coisa escrever para uma audiência que para outra, e não é a
mesma coisa escrever um texto descritivo que conceitual.
2. Construção sintática
Escrever um texto supõe faze-lo em frases e ajustado a regras e estruturas
gramaticais próprias à língua em que se escreve e que dependem do objetivo que
se persiga do estilo que se escreva. Existem diversos elementos, como o tipo de
oração, o
uso de palavras funcionais, o uso de sinais de pontuação. Para
escrever a mensagem, devemos encaixa-la numa mesma estrutura gramatical
que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se escreva. Existem
diversos elementos, como o tipo de oração, o uso de palavras funcionais, o uso
de sinais de pontuação. Para escrever a mensagem, deveremos encaixá-la numa
estrutura gramatical que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se
escreva.
3 – Recuperação dos elementos léxicos
Trata-se de selecionar as palavras pertinentes e adequadas para encaixálas na armação produzida pela leitura léxica. Essa seleção acontecerá em
diversas direções, visto que na memória de longo prazo existem “armazéns”
diferentes para a forma lingüística das palavras do que para o significado. Ainda
que os processos de busca da palavra aconteçam automaticamente, isso nem
sempre é assim. O que acontece é que a busca da palavra se submete a uma
série de restrições de matiz, estilo e redundância.
Foram consideradas duas rotas de acesso a palavra: uma rota visual ou
ortográfica ou direta, que permite a extração da palavra, a partir do “depósito
grafênico” na memória operativa; A outra rota, indireta ou fonológica, supõe a
extração da palavra, a partir do “depósito grafênico” na memória de longo prazo,
passando por “mecanismos de conversão fonema-grafema” para o “depósito de
pronúncia”. Em ambos os casos, conectam-se o léxico com o sistema semântico,
ou memória de longo prazo para os significados das palavras.
A rota ortográfica pode interpretar palavras familiares e conhecidas e com
ortografia arbitrária, enquanto a rota fonológica permite a interpretação de
palavras nunca vistas e pseudopalavras desde que sejam regulares. A rota
ortográfica supõe a presença prévia, na memória da palavra que se vai ativar,
enquanto que, com a rota fonológica, isso não é necessário, posto que se baseia
na aplicação de mecanismos de transformação de fonema a grafema.
4 – Módulos motores
O grafema ainda não está traduzido em movimentos. É necessário
selecionar os alógrafos pertinentes ou formas diversas que possam apresentar os
grafemas para o que, será necessário recorrer ao armazém alográfico, na
memória de longo prazo, recuperar os alógrafos e traduzi-los em movimentos. Os
movimentos relativos a cada alógrafo estão na memória de longo prazo ou
armazém de padrões motores gráficos, que deverão ser passados à memória de
curto prazo ou operativa, na qual se especificam seqüências, direção, tamanho
proporcional das letras e traços, etc. As tarefas puramente externas, em nível
motor, seriam a fase terminal da escrita. Converter toda a escrita numa tarefa
terminal puramente perceptivo-motora é um erro, posto que escrever é uma tarefa
fundamentalmente lingüística, na qual devem ser considerados os processos
anteriores a esta.
Processos intervenientes na tarefa da escrita
Não intervêm os mesmos processos no ditado que na cópia, na escrita à
mão ou à máquina, na escrita compreensiva que na não compreensiva. Não
intervêm os mesmos processos na escrita de palavras familiares que na das não
familiares ou pseudopalavras. Na realidade, caberia falar de várias rotas, segundo
o tipo de escrita ou tarefa que se realize. Até mesmo dentro de cada tarefa, por
exemplo, no ditado, podem participar diversas rotas.
Uma rota possível consiste em partir da análise acústica dos sons, na qual
se identificam os fonemas componentes das palavras. A seguir, se produz um
reconhecimento das palavras que estão representadas no léxico auditivo e
ativação das respectivas palavras. Produz-se a extração do significado do sistema
semântico. Depois, ativa-se a forma ortográfica passa ao depósito grafêmico,
iniciando os processos motores com a depuração dos alógrafos e dos padrões
motores gráficos antes de executar-se externamente a escrita dos respectivos
grafemas. Essa rota supõe a compreensão do significado da escrito e a aferição
da ortografia correta.
Outra rota possível (a de pseudopalavras e de palavras pouco freqüentes)
partirá da análise acústica, irá ao mecanismo de conversão acústico-fonológico,
ao armazém de pronúncia dos sons, à fala, ao mecanismo de conversão de
fonema a grafema para chegar ao armazém grafêmico e daí, aos processos
motores incluindo a recuperação dos alógrafos e a dos padrões motores gráficos
antes de executar-se externamente a escrita.
V.
Distúrbios de aprendizagem na linguagem oral
São distúrbios que dizem respeito à dificuldades que prejudicam o
desenvolvimento da fala.
Podem ser distinguidos dois tipos de transtorno da linguagem oral: os
transtornos
do
desenvolvimento
da
articulação
e
os
transtornos
do
desenvolvimento da fala, tipo expressivo e tipo receptivo, que, corresponderiam a
terminologia mais habitualmente que é a deslalia seja específica ou generalizada
(hotentísmo), de disfasias expressivas e disfasias receptivas, as quais se costuma
acrescentar o qualificativo de evolutivas ou de desenvolvimento.
Transtornos do Desenvolvimento da Articulação
Essa dificuldade ou problema pode dar-se em outros transtornos, como a
deficiência mental ou nos transtornos invasivos do desenvolvimento, ou por
alteração neurológicas ou neuromusculares, como as disartrias presentes nas
pessoas com paralisia cerebral infantil, ou por alterações mecânicas ou orgânicas
dos órgãos de fonação, como disglossias. As dificuldades costumam ser
observadas em articulação anômala de um ou vários fonema, em omissões ou
substituições de alguns fonemas por outros, ou em “linguagem infantilizada por
efeito de múltiplas dislalias ou hotentotismo.
Os efeitos desse déficit da articulação da linguagem na compreensão da
linguagem é variável, indo desde a compreensibilidade total, passando pela
parcila, até a ausência total de compreensibilidade.
Transtornos do desenvolvimento na linguagem do tipo expressivo
As dificuldades de articulação são um transtorno da fala, motivo pelo qual,
tratar-se-ia de um problema menor e recuperável. Desta forma, os transtornos do
desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo ou receptivo deveriam estar
incluídos nos transtornos da linguagem. Essa distinção não é leviana, pois os
transtornos de linguagem são muito mais graves, e ainda que seja necessário
distinguir diferentes graus ou níveis, costumam deixar seqüelas importantes em
outros aspectos específicos do desenvolvimento, como a leitura e a escrita ou a
matemática. Essa distinção é importante de ser apresentada tanto a pais como a
professores visto que, ao nos referirmos a crianças que apresentam um
“problema de linguagem”, tende-se a considerar algo passageiro e de importância
menor, e isso, quase nunca é assim. Os pais e professores costumam identificar
um “problema de linguagem” com um simples “problema de fala” ou “dislalia”
As disfasias pressupõem um atraso ainda maior, iniciando-se as primeiras
palavras a partir dos 4 anos, com o que se supõe um atraso muito grave da
linguagem.
Para ser classificado como um transtorno específico do desenvolvimento
da linguagem do tipo expressivo, não deve estar presente uma deficiência mental,
uma escolarização, um déficit auditivo ou um déficit neurológico ou um transtorno
invasivo do desenvolvimento, como o autismo. Além disso, somente se aplica a
esta categoria diagnóstica se isto produz interferências relevantes nas
aprendizagens escolares ou nas atividades da vida diária.
Normalmente, podem soprepôr-se um transtorno de desenvolvimento da
linguagem do tipo expressivo com um transtorno do desenvolvimento da
articulação de forma mais ou menos generalizada.
“O vocabulário se desenvolve como
resultado
da
experiência
e
da
integração
neurológica.
Deve-se
proporcionar às crianças oportunidades
educacionais variadas, como base do
desenvolvimento da linguagem. O
ensino diretivo de substantivos básicos,
através de recursos concretos, imitação
e técnica de reforçamento deve ser
seguido de instrução seqüencial de
verbos, advérbios e adjetivos”.
(VALETT, 1993, pg.243)
Transtornos do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo
Quando se observa um atraso grave ou importante no desenvolvimento da
compreensão da linguagem em relação ao resto do desenvolvimento, não-verbal,
falamos de transtorno do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo. Tratase pois, de um atraso relevante da linguagem e não da fala. Para que se aplique o
diagnóstico desse transtorno, o déficit deve afetar ou dificultar as aprendizagens
escolares ou as atividades da vida diária.
A gravidade do problema de compreensão é variável em função dos
aspectos afetados e em relação a idade da pessoa. Podem acontecer transtornos
na compreensão da linguagem de áreas semânticas concretas ou quando se
utilizam frases complicadas ou com elementos abstratos ou lógicos, nos casos
mais leves. E podem acontecer dificuldades mais generalizadas, como os casos
graves, em que se dão alterações na compreensão do vocabulário básico, de
frases elementares, ou na discriminação de sons ou sua associação com
símbolos ou no armazenamento seqüencial e recuperação da informação
auditiva.
Dificuldades de aprendizagem da linguagem e dificuldades de aprendizagem
A aprendizagem da linguagem durante os primeiros anos de vida, apesar
de que a maioria das crianças a adquiram “sem muita dificuldade”, não é algo
simples, implicando a ação conjunta de múltiplos processos e fatores. É daí que,
quando esta aprendizagem falha em algum sentido, é possível tomar consciência
da grande complexidade que se supõe e se entusiasmar com o fato de tantas
crianças aprenderem a linguagem tão bem. Entretanto, nem todas as crianças
aprendem ao mesmo tempo. Quando o tempo de aquisição em relação a idade
real é significantemente lento e aparecem dificuldades específicas, a criança pode
apresentar uma dificuldade de aprendizagem. Como conseqüência, no seguir dos
anos escolares, essas dificuldades de aprendizagem podem tornar-se mais
evidentes e persistentes.
A aprendizagem das formas da linguagem
A aprendizagem das formas da linguagem ou categorias da linguagem
incluem a aprendizagem da fonologia, da morfologia e da sintaxe. Da fonologia,
trata-se de aprender os aspectos segmentais, da morfologia inclui o léxico, seja
de substantivos ou relacional, seja de palavras de conteúdo, como os verbos,
advérbios e nomes, ou seja de palavras funcionais como as preposições,
conjunções e etc.
A aquisição e a aprendizagem da sintaxe supõem a aprendizagem da
ordem das palavras; sejam os aspectos lineares ou hierárquicos, sejam o sujeito e
o verbo complementos, sejam os tipos de oração: a passiva ou interrogativa:
esses três aspectos formais da linguagem deverão integrar-se e conjugar-se para
a produção de formas particulares, ou seja, o que a criança diz. As crianças que
apresentam dificuldade de aprendizagem na linguagem podem ter dificuldade em
alguns desses aspectos.
Aprendizagem do conteúdo da linguagem
Um segundo aspecto, que é preciso aprender de maneira integrada com os
outros dois componentes da linguagem, é conteúdo da linguagem. Aprender a
semântica implica aprender três subcomponentes: o conhecimento dos objetos,
seja de objetos particulares ou de classes de objetos, as relações entre os
objetos, sejam reflexivos ou de um objeto consigo mesmo, tais como sua
existência ou desaparecimento, sejam as relações entre os objetos da mesma
classe, como a atribuição ou a quantidade, sejam as relações dos objetos em
diferentes classes, como a ação de um sobre outro, sua localização ou sua posse,
e as relações entre eventos, sejam intereventos, como o tempo e a causalidade,
ou sejam intra-eventos, como o tempo, o modo e o conhecimento.
Aprendizagem do uso da linguagem
As crianças devem aprender muito sobre esse compromisso. Seria
necessário incluir aqui dois aspectos: as intenções e a adaptação do contexto,
para provocar os efeitos ou funções desejadas. Deve-se distinguir as intenções do
interlocutor, dos efeitos ou funções que exerce ou produz no outro. São diversas
as funções que se deve aprender a usar: umas são intra-pessoais, como os
comentários, os jogos vocais ou a solução de problemas; e outras são
interpessoais, como as demandas, obtenção de informação ou a busca de
atenção. As necessidades comunicativas do contexto são complexas; entre elas
podem ser destacadas as não lingüísticas, como o apoio perceptivo do contexto,
seja em forma de eventos dinâmicos em si ou em outros, ou estáticos, e a
adaptação às necessidades do ouvinte, sua idade e seu conhecimento prévio.
Entre as necessidades comunicativas do contexto há as de caráter lingüístico ou
relacionadas com expressões anteriores, permitindo uma certa coerência no
discurso, e podem ser incluídas as não contingentes, como a mudança de tema
conversacional e a contingente como imitar, acrescentar informações ou
perguntar.
As dificuldades quanto a aquisição de aprendizagem da linguagem podem
ser originadas também por afecções sensoriais (surdez), infecciosas (encefalite)
ou neuromotoras (paralisia cerebral) ou neurológicas (epilepsia infantil).
Quando falamos de dificuldade de aprendizagem da linguagem, referimonos a um grupo heterogêneo de transtornos com o denominador comum do
atraso significativo das capacidades lingüísticas não explicáveis por deficiência
mental ou outras causas neurológicas, tratando-se, em todos os casos, de um
atraso ou desvio relevante do desenvolvimento da linguagem que incide em
algum componente ou subcomponente tal como os antes mostrados, tratando-se
de um problema com efeito bastante persistente.
“Durante a fase pré e os anos de
maternal a maioria das crianças
manifesta dificuldade de articulação que
desaparece gradativamente, com o
resultado de maturação e experiência.
Nas primeiras séries do Primeiro Grau,
contudo, a crianças com problema de
articulação, de certo modo podem
precisar de uma educação específica e
de correção da fala. Muitos problemas
articulatórios podem ser evitados
através
de
uma
programação
conscienciosamente
desenvolvidos,
para o desenvolvimento da fala na sala
de aula”.
(VALETT, 1993, pg.255)
CONCLUSÃO
Como vimos, os distúrbios de aprendizagem criam uma barreira que
impede o andamento normal do processo ensino/aprendizagem. Quanto maior for
o dano, maior será a possibilidade do indivíduo em ter dificuldades de se
relacionar com o conteúdo abordado.
As dificuldades de aprendizagem na linguagem oral e escrita geram
problemas nas outras áreas, principalmente naquelas onde o aluno terá de
pronunciar as palavras e escrever para desenvolver o tema. As crianças
portadoras desses distúrbios em geral, apresentam características que facilitam o
diagnóstico.
Em minha opinião, o diagnóstico é a parte mais importante no momento do
início do tratamento para a recuperação do atraso provocado pelo distúrbio. Isto
porque o diagnóstico irá expor o fato gerador do distúrbio detectado, seja ele oral
ou escrito. E também para que se obtenha um resultado diagnóstico perfeito
deve-se ter tanto um parecer didático, mostrando as falhas da aprendizagem,
quanto um parecer clínico, que pode ser dado pelo psicólogo ou pelo
neurologista.
Não se pode ter uma visão negativista desses distúrbios, pois apesar da
recuperação às vezes não ser de cem por cento, não se pode anular totalmente o
indivíduo, o qual é portador de qualquer distúrbio de aprendizagem.
Deve-se tomar cuidado para não acontecer os chamados “distúrbios
produzidos”, que são aqueles onde o indivíduo adquire o distúrbio devido a algum
problema comportamental em nível baixo mais é rotulado pela professora como
problemático e isso faz com que a mesma crie um ambiente diferenciado, fazendo
com que o aluno se ache afastado dos outros e comece a ter uma consciência
contrária de sua capacidade, ou seja, ele vai se incapacitando sem ter noção e
passa realmente a ter problemas sérios de aprendizagem que não tinha. Existem
vários tipos de problemas comportamentais, o mais simples pode ser contornado
na sala de aula, porém é importante lembrar que irá depender da noção de
domínio de classe do professor.
É de inteira consciência que o indivíduo, mesmo não tendo distúrbios de
aprendizagem, nunca estará perfeitamente dentro de todas as exigências
descritas no conceito de aprender. Somente os casos mais graves, onde a lesão
cerebral ocorreu numa parte irreversível da massa cefálica é que são
considerados clínica e pedagogicamente sem solução.
É necessário que todos se conscientizem de que estes distúrbios existem e
que alguns deles podem aparecer em qualquer indivíduo, independente do extrato
social a que pertença. Por isso deve-se fazer um esforço conjunto no sentido de
tentar
minimizar
esses
problemas,
senão
conseguirmos
resolvê-los
completamente.
O professor deve procurar conhecer as diferenças formas de avaliação do
rendimento escolar de seus alunos, evitando assim, muitas das dificuldades que
surgem no processo de ensino, quando não se levam em consideração as
possíveis perturbações físicas, emocionais, sociais, etc., que sofrem os alunos
durante as épocas de prova.
Deve ser lembrado que todos os fatores (externos e internos) são
importantes na aprendizagem.
Na realidade se cada um cumprir o papel que lhe cabe e sobretudo se a
escola desempenhar o seu verdadeiro papel no centro processador do ensino,
certamente a educação recobrará o seu antigo valor e passará a ocupar
novamente o seu merecido papel de destaque, como um fator importantíssimo no
desenvolvimento individual e social. Sabemos também, que as vezes as
dificuldades financeiras, recursos materiais e humanos, retardam o trabalho que
pode ajudar no tratamento do distúrbio, mas devemos acreditar em nossa
capacidade enquanto profissionais cientes de todos esses fatos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2000.
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TEBEROSKY, Ana. Psicopedagogia da Linguagem Escrita. Rio de Janeiro:Vozes,
2001.
VALETT, Robert E. Tratamento de distúrbios de aprendizagem. São Paulo:
E.P.U., 1993.
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DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM ESCRITA E