Carcinoma da próstata em doentes jovens
A realidade de uma instituição
Nadine Saraiva, Mónica Mariano, Pedro Madeira, Gabriela Sousa, Nuno Bonito, Helena
Gervásio
Instituto Português de Oncologia de Coimbra
INTRODUÇÃO:
O cancro da próstata é a neoplasia mais frequente no homem, tendo sua maior incidência a
partir dos 65 anos. Contudo, tem-se registado um aumento deste diagnóstico em doentes mais
jovens, com idades inferiores a 50 anos. Acredita-se que vários fatores possam desempenhar
um papel importante: fatores étnicos, familiares e genéticos. No entanto, a biologia e o
comportamento destes tumores ainda não são bem compreendidos.
OBJECTIVOS:
Análise das características clínico-patológicas da população de doentes jovens com carcinoma
da próstata.
MATERIAL E MÉTODOS:
Identificaram-se todos os doentes com menos de 50 anos ao diagnóstico de cancro da próstata
entre Janeiro de 2005 a Janeiro de 2015. Os resultados foram analisados pelo programa SPSS
IBM 22.0 e o valor estatístico foi definido como P< 0.05.
RESULTADOS:
Foram identificados 52 doentes, embora se tenha conseguido acesso à informação clínica de
apenas 39 doentes. Homens de raça caucasiana, com uma mediana de idade ao diagnóstico de
48 anos (39 - 50), sendo que quatro doentes tinha antecedentes familiares de carcinoma da
próstata. A grande maioria dos doentes (92%) apresentava um Eastern Cooperative Oncology
Group Performance Status (ECOG-PS) de 0. O antigénio prostático específico (PSA) médio ao
diagnóstico foi de 18,9 (3,5 -140). Todos os doentes foram submetidos a biópsia prostática: 38
doentes com adenocarcinoma da próstata e um doente com adenocarcinoma com
diferenciação neuroendócrina, Gleason mediano de 7 (5 – 9), 76,9% apresentava doença
bilateral e 89,7% doença multifocal. Havia doença localizada em 23 doentes (58,9%), doença
localmente avançada em 13 doentes (33,4%) e doença metastizada em 3 doentes (7,7%), 2
com conglomerado adenopático inguinal e 1 doente com localização metastática óssea e
pulmonar. 32 doentes (82,1%) foram submetidos a cirurgia radical, 3 doentes realizaram
hormonoterapia neoadjuvante durante 6 meses, e 7 doentes (17,9%) não realizaram cirurgia.
Dos 7 doentes que não foram submetidos a cirurgia, 4 realizaram apenas braquiterapia, 3
doentes foram submetidos a radioterapia externa e hormonoterapia. Dos doentes submetidos
a prostatectomia radical, a maioria apresentava uma doença de alto risco em 48,7%, 20,5%
uma doença de risco intermédio e 30,8% doença de baixo risco. 61,3% apresentava invasão da
cápsula, 42,4% invasão extraprostática, 15,6% invasão das vesículas seminais e 58,6% invasão
perineural. Em 83,3% dos casos a doença era multifocal. 27 doentes (84,4%) realizaram
hormonoterapia adjuvante e 12 doentes (37,5%) foram submetidos a radioterapia externa
adjuvante.
CONCLUSÃO:
Na nossa amostra, a estratificação dos doentes por grupo de risco e a presença de uma
elevada taxa de factores histológicos de mau prognóstico, não pareceu ter impacto em termos
de controlo de doença e parâmetros de sobrevivência. Uma das explicações possiveis, poderá
ser o facto da maioria dos doentes terem sido submetidos a prostatectomia radical, tido como
o tratamento standard e curativo. Apenas um dos doentes faleceu, tratando-se de um doente
pertencendo ao grupo de alto risco e apresentando um subtipo histológico (diferenciação
neuroendócrina) conhecido pelo seu prognóstico reservado.
BIBLIOGRAFIA:
. Lin DW, Porter M e Montgomery B. (2009) Treatment and survival outcomes in young men
diagnosed with prostate cancer: a population based cohort study. Cancer. 115(13):2863-2871.
. Salinas CA, Tsodikov A, Ishak-Howard M e Cooney KA. (2014) Prostate Cancer in Young Men:
An Important Clinical Entity. Nat Rev Urol. 11(6): 317-323. . Hussein S, Satturwar S, Van der
Kwast T. (2015) Young-age prostate cancer. J Clin Pathol. 68:511–515.
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