FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS
SUBMETIDOS A CIRURGIA, SATISFAÇÃO COM OS CUIDADOS E
INFORMAÇÃO RECEBIDA DURANTE O INTERNAMENTO
Joana Daniela Oliveira Gonçalves
Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Gestão e Economia da Saúde
Setembro,
2010
FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS
SUBMETIDOS A CIRURGIA, SATISFAÇÃO COM OS CUIDADOS E
INFORMAÇÃO RECEBIDA DURANTE O INTERNAMENTO
Joana Daniela Oliveira Gonçalves
Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Gestão e Economia da Saúde
Orientador:
Professor Doutor Pedro Lopes Ferreira, Professor Associado com Agregação,
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Co-orientador:
Professor Doutor José Carlos Amado Martins, Professor Adjunto,
Escola Superior da Escola Enfermagem de Coimbra
Setembro,
2010
ii
“O homem vive preocupado em viver muito
e não em viver bem,
quando na realidade não depende dele o viver muito
mas sim o viver bem”
Seneca, 4 a.C.-65 d.C.
iii
Ao Fernando e à Lisete,
pelo apoio constante de pais sempre presentes.
Ao Manuel e à Arménia,
pela compreensão dos momentos de ausência da neta.
Ao Joel,
pelo carinho, compreensão e apoio incondicional.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Pedro Ferreira pelo rigor, seriedade e conhecimentos transmitidos ao
logo da realização da tese.
Ao Professor Doutor José Carlos Martins pela disponibilidade, estímulo e ensinamentos que
me proporcionou.
Ao Dr. Fernando Martinho pela disponibilidade imediata para a aplicação dos questionários
aos doentes oncológicos submetidos a cirurgia no serviço de Cirurgia II, dos Hospitais da
Universidade de Coimbra.
Ao Conselho de Administração e à Comissão de Ética dos Hospitais da Universidade de
Coimbra, por terem autorizado a realização deste estudo.
Aos profissionais que trabalham nas consultas externas da Cirurgia II dos Hospitais da
Universidade de Coimbra, nomeadamente à Enfermeira Rosário Nobre, pelo auxílio na
aplicação dos questionários e pelo bom humor sempre constante.
Aos doentes oncológicos que generosamente aceitaram colaborar no estudo e pelas
experiências de vida que partilharam.
Ao Enfermeiro Chefe Fernando Sousa pela disponibilidade de horário na fase final de
execução da tese.
Aos meus amigos e colegas por todo o apoio e confiança depositada.
A todos,
um grande obrigado.
v
SUMÁRIO
Resumo
Pág.
vii
Abstract
viii
Sumário de figuras
ix
Sumário de quadros
x
Siglas e abreviaturas
xii
INTRODUÇÃO
1
PARTE I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. DOENÇA ONCOLÓGICA
6
1.1. DOENTE ONCOLÓGICO
8
2. QUALIDADE DE VIDA E O DOENTE ONCOLÓGICO
11
2.1. PRESPECTIVA HISTÓRICA
11
2.2. ABORDAGEM CONCEPTUAL
13
2.3. QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE
18
2.4. QUALIDADE DE VIDA DO DOENTE ONCOLÓGICO
23
2.5. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
27
3. SATISFAÇÃO DOS DOENTES COM OS CUIDADOS RECEBIDOS
31
3.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO
31
3.2. IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS DOENTES
34
3.3. A VOZ DOS DOENTES
38
3.4. FACTORES DETERMINANTES DA SATISFAÇÃO COM OS CUIDADOS
41
RECEBIDOS
4. A INFORMAÇÃO E O DOENTE ONCOLÓGICO
45
Parte II - ESTUDO EMPÍRICO
1. METODOLOGIA
52
2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
69
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
102
4. CONCLUSÕES
129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
Anexo I - Parecer da Comissão de Ética e do Conselho de Administração dos Hospitais
da Universidade de Coimbra para a realização do estudo.
Anexo II - Autorização da EORTC para aplicação das Escalas QLQ-30 (versão 3.0) e
da QLQ-IN-PATSAT32
Anexo III - Autorização do autor da escala ECsD para a sua aplicação
Anexo IV - Termo de Consentimento Informado
Anexo V - Questionário aplicado
vi
RESUMO
A investigação realizada teve como objectivo avaliar a qualidade de vida (QdV) dos doentes
oncológicos, a satisfação destes com os cuidados recebidos durante o internamento e em
relação à informação sobre a doença e verificar se a qualidade de vida está relacionada com
a satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento, a satisfação em relação à
informação sobre a doença e algumas variáveis sócio-demográficas e clínicas. É um estudo
quantitativo, de natureza descritiva-correlacional, realizado com uma amostra de 127
doentes oncológicos, submetidos a cirurgia no serviço de Cirurgia II dos Hospitais da
Universidade de Coimbra, seleccionados de acordo com o método de amostragem
consecutiva (não probabilística). O instrumento da colheita de dados utilizado consistiu num
questionário composto por questões relativas às variáveis sócio-demográficas e clínicas, a
escala de avaliação da qualidade de vida do doente oncológico (QLQ-C30, versão 3.0, da
EORTC), avaliação da satisfação com os cuidados recebidos (QLQ-IN-PATSAT32, da
EORTC) e a escala de conhecimentos sobre a doença (ECsD).
De acordo com os objectivos traçados, constatámos que os doentes oncológicos
submetidos a cirurgia:
- Evidenciam um nível razoável de QdV, apresentando melhores desempenhos ao nível do
funcionamento cognitivo, social e físico e os piores ao nível do funcionamento emocional e
ocupacional. Os sintomas que mais interferem na sua vida são a dor, a fadiga e a insónia.
- Apresentam maior satisfação com os cuidados relativamente aos médicos e enfermeiros e
menor em relação à organização dos cuidados.
- Manifestam possuir um nível razoável de satisfação com a informação sobre a doença.
- Mais satisfeitos com a informação sobre a doença, mais jovens, do sexo masculino, com
maior escolaridade, com profissões mais diferenciadas, com menor tempo de internamento,
com menos co-morbilidades e que não foram sujeitos a tratamentos, como quimioterapia ou
radioterapia, tendem a evidenciar melhor nível de QdV. O estado civil não parece influenciar
a QdV dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia.
vii
ABSTRACT
The research aimed to evaluate the quality of life (QoL) of cancer patients, their satisfaction
with the care received during hospitalization and satisfaction regarding information about the
disease and verify the relation of quality of life with the satisfaction with care received during
hospitalization, the satisfaction regarding information about the disease and some sociodemographic and clinical variables. Is a quantitative and descriptive-correlational study and
was conducted with a sample of 127 cancer patients undergoing surgery in the department
of Surgery II at University Hospitals of Coimbra, selected according to the method of
consecutive sampling (not probabilistic). The instrument of data collection used consisted of
a questionnaire composed of questions relating to socio-demographic and clinical variables,
the scale for assessing the quality of life of cancer patients (QLQ-C30, version 3.0, EORTC),
the scale of assessment of satisfaction with care received (QLQ-IN-PATSAT32, EORTC) and
the range of knowledge about the disease (ECsD).
In accordance with the objectives, we found that cancer patients undergoing surgery:
- They show a reasonable level of QoL, showing better performance at the level of cognitive
functioning, social and physical and worst level of emotional and occupational functioning.
The symptoms that most interfere in their life are pain, fatigue and insomnia.
- They have greater satisfaction with care for doctors and nurses and less towards the
organization.
- They have expressed a reasonable level of satisfaction with information about the disease.
- With higher levels of satisfaction with information about the disease, younger males with
higher education, professions with more differentiated, with shorter hospitalization, less comorbidities and who were not subjected to treatments such as chemotherapy or radiation
tend to show better level of QoL. Marital status does not appear to influence the QoL of
cancer patients undergoing surgery.
viii
Sumário de Figuras
Figura Nº 1:
Qualidade de vida, evolução ao longo do tempo.
Figura Nº 2:
Qualidade de vida relacionada com a saúde, as suas dimensões
Pág.
16
20
e respectivos componentes.
ix
Sumário de Quadros
Quadro Nº 1:
Itens/Dimensões da escala QLQ-C30 (versão 3.0), sobre a
Pág.
56
qualidade de vida dos doentes oncológicos.
Quadro Nº 2:
Itens/Dimensões
da
escala
QLQ-IN-PATSAT32,
sobre
57
Itens/Dimensões da ECsD sobre a satisfação dos doentes com
60
satisfação com os cuidados recebidos.
Quadro Nº 3:
a informação que detêm sobre a doença.
Quadro Nº 4:
Resultados do teste de normalidade para a qualidade de vida
64
dos doentes oncológicos (Escala QLQ-C30).
Quadro Nº 5:
Resultados do teste de normalidade para a satisfação com os
65
cuidados recebidos (Escala QLQ-IN-PATSAT32).
Quadro Nº 6:
Resultados do teste de normalidade para a satisfação dos
65
doentes com a informação que detêm sobre a doença (Escala
ECsD).
Quadro Nº 7:
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala
66
QLQ-C30.
Quadro Nº 8:
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala
67
QLQ-IN-PATSAT32.
Quadro Nº 9:
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala
68
ECsD.
Quadro Nº 10:
Caracterização Geral da Amostra - Características Sócio-
70
Demográficas.
Quadro Nº 11:
Caracterização Geral da Amostra - Características Clínicas.
72
Quadro Nº 12:
Medidas descritivas observadas para a qualidade de vida dos
74
doentes oncológicos submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30).
Quadro Nº 13:
Medidas descritivas observadas para a satisfação dos doentes
75
oncológicos submetidos a cirurgia com os cuidados recebidos
durante o internamento (Escala QLQ-IN-PATSAT32).
Quadro Nº 14:
Medidas descritivas observadas para a satisfação dos doentes
76
oncológicos submetidos a cirurgia com a informação que
possuem sobre a doença (Escala ECsD).
Quadro Nº 15:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
78
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e satisfação com os
cuidados recebidos (Escala QLQ-IN-PATSAT32) na dimensão
referente aos médicos.
x
Quadro Nº 16:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
79
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e satisfação com os
cuidados recebidos (Escala QLQ-IN-PATSAT32) na dimensão
referente aos enfermeiros.
Quadro Nº 17:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
80
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e satisfação com os
cuidados recebidos (Escala QLQ-IN-PAT-SAT32) na dimensão
referente à organização dos cuidados.
Quadro Nº 18:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
82
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e a satisfação com a
informação sobre a doença (Escala ECsD).
Quadro Nº 19:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
84
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e a idade.
Quadro Nº 20:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
86
submetidos a cirurgia em função do género.
Quadro Nº 21:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
88
submetidos a cirurgia em função do estado civil.
Quadro Nº 22:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
90
submetidos a cirurgia em função da escolaridade.
Quadro Nº 23:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
92
submetidos a cirurgia em função da actividade profissional.
Quadro Nº 24:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
93
submetidos a cirurgia em função da actividade profissional
(continuação).
Quadro Nº 25:
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
95
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30) e o tempo de
internamento.
Quadro Nº 26:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
97
submetidos a cirurgia em função de co-morbilidades.
Quadro Nº 27:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
99
submetidos a cirurgia em função do facto de terem feito
quimioterapia.
Quadro Nº 28:
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos
101
submetidos a cirurgia em função do facto de terem feito
radioterapia.
xi
Siglas e Abreviaturas
CDD - Carta dos Direitos do Doente
ECsD - Escala de Conhecimentos sobre a Doença
EORTC - European Organisation for Research and Treatment of Cancer
HUC - Hospitais da Universidade de Coimbra
OMS - Organização Mundial de Saúde
QdV - Qualidade de Vida
QdVRS - Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde
QT - Quimioterapia
RT - Radioterapia
xii
INTRODUÇÃO
O cancro é provavelmente a patologia mais temida do mundo moderno e ao adoptar
o estatuto de doença crónica, inscreve-se no âmbito das patologias predominantes do
tempo actual (Laranjeira, 2007). Esta patologia conduz a situações de angústia, desespero e
até medo da morte, mesmo em casos que é potencialmente curável (Pereira & Lopes,
2005).
O impacto do diagnóstico, a confirmação da doença e o tratamento têm associados
limitações físicas, funcionais e psicológicas, que acarretam uma redução significativa da
qualidade de vida (QdV) dos doentes (Machado & Sawada, 2008).
A qualidade de vida é um conceito actual, tanto na sua utilização genérica, como no
domínio da saúde, das doenças em geral e da doença oncológica especificamente (Oliveira
& Pimentel, 2006).
O interesse pela QdV em doentes oncológicos tem vindo a ser cada vez maior e “os
estudos sobre cancro tendem a constituir cerca de um quarto de todos os estudos sobre a
qualidade de vida” (Ribeiro, 2001: p.75). Este conceito surgiu no âmbito da oncologia, em
parte devido ao vertiginoso progresso da tecnologia médica usada na terapêutica do cancro,
que possibilitou prolongar a vida muito para além do que seria de esperar pela história
natural da doença (Pimentel, 2003).
A introdução da QdV como um objectivo a alcançar no âmbito da saúde, resultou de
uma consciencialização crescente por parte dos profissionais de saúde em relação à
importância da qualidade do tempo que se vive, em detrimento da sua quantidade, não
sendo suficiente curar a doença ou prorrogar a morte (Cotrim, 2007).
Na verdade, convém ressalvar que não existe concordância entre autores na
definição do conceito de QdV (Pimentel, 2003). Com o intuito de se distinguir entre QdV com
um significado mais genérico da QdV que está mais relacionada com a doença e a prática
da medicina, usa-se a expressão “Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde” (QdVRS).
1
No que concerne à prática diária, é comum, enquanto profissionais de saúde,
interrogarmo-nos se os doentes se sentem satisfeitos com os cuidados que lhes foram
prestados. A relação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos e a satisfação com
os cuidados recebidos tem sido pouco estudada em Portugal e mesmo a nível internacional,
os estudos são escassos.
Visto que a avaliação dos níveis de satisfação com os cuidados recebidos parece ser
assaz importante para a QdV dos doentes, já que um nível elevado de satisfação com todos
os aspectos do cuidado, está associado a uma maior QdV do doente (Brédart et al., 2001),
pretende-se por isso também perceber se haverá alguma relação entre a QdV dos doentes
oncológicos e a satisfação que eles sentem com os cuidados de saúde recebidos.
Esta investigação visa igualmente verificar se existe relação entre a QdV do doente
oncológico e a satisfação com a informação sobre a doença. O tema da informação tem
ganho relevância acrescida a partir da segunda metade do século passado, principalmente
devido à mudança ocorrida ao nível dos modelos tradicionais da relação médico-doente e
também devido ao maior tempo de sobrevivência dos doentes oncológicos, como resultado
dos progressos da medicina, quer ao nível de diagnóstico, quer ao nível de tratamentos
(Laranjeira, 2007). A informação converteu-se assim, no mecanismo através do qual o
doente adquire o status de pessoa com capacidade de decisão no plano da relação
terapêutica (Idem).
Actualmente, a nível europeu são reconhecidos aos doentes direitos que visam a sua
autonomia. O direito a ser informado sobre a sua situação de saúde é um deles e deve ser
entendido não só como uma exigência ao respeito pela sua autonomia, mas também como
um real benefício (Esper, 2000). Vários são os estudos que salientam os efeitos benéficos
quando se transmitem informações claras aos doentes, nomeadamente para a prevenção,
tratamento e recuperação da doença, assim como para a mudança de comportamentos
(Coulter, Entwistle & Gilbert apud Martins, 2008).
Nos dias de hoje, face ao doente oncológico, para além de se procurar garantir uma
maior sobrevida, o que importa na realidade é incrementar a QdV dessa mesma
2
sobrevivência, defendendo-se a ideia de que o acto de informar constitui um importante
mecanismo na prossecução desse objectivo.
Na prática, considera-se que este trabalho virá, de certa forma, responder às
questões que os profissionais de saúde colocam diariamente aquando a prestação de
cuidados e por outro lado dar a visão dos doentes face à sua satisfação com os cuidados e
a informação recebida durante o internamento. Pensa-se que será uma mais-valia para a
reflexão das práticas realizadas até ao momento.
Face a estas inquietações a grande finalidade deste trabalho é:
- Analisar a qualidade de vida, a satisfação relativamente aos cuidados recebidos no
internamento e em especial a satisfação com a informação acerca da doença, dos doentes
oncológicos.
No que concerne aos objectivos deste presente estudo, são os seguintes:
- Caracterizar a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia;
- Analisar a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia com os
cuidados recebidos durante o internamento;
- Analisar a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia com a
informação que detêm sobre a doença.
- Verificar se existe relação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos
submetidos a cirurgia, a satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento, a
satisfação com a informação sobre a doença, variáveis sócio-demográficas (idade, género,
estado civil, escolaridade e actividade profissional) e variáveis clínicas (tempo de
internamento, co-morbilidades e “fase de tratamento”).
O estudo pretende ser exploratório descritivo, uma vez que se pretende descrever a
relação que efectivamente existe ou não entre as variáveis, não tendo por isso, nesta fase,
3
como objectivo principal explicar as causas que estão na origem da relação existente ou não
entre as diferentes variáveis.
Para a realização do enquadramento teórico, revelaram-se importantes a pesquisa
bibliográfica em monografias, em periódicos e pela internet após consulta de bases de
dados. Após a selecção da bibliografia mais pertinente e actual, procedemos à sua análise
crítica e posteriormente foram organizados os conteúdos teóricos.
Este trabalho está dividido em duas partes. A primeira constitui a fundamentação
teórica do trabalho, onde são abordadas as questões relativas à doença e doente
oncológico, posteriormente são analisados os aspectos relacionados com a qualidade de
vida e com a satisfação com os cuidados recebidos, dando-se especial ênfase à informação
que os doentes detêm sobre a doença. A segunda parte do trabalho é constituída pela
investigação empírica propriamente dita, onde é descrita a metodologia desenvolvida e
seguidamente
são
apresentados
os
resultados
que
foram
encontrados,
sendo
posteriormente realizada a sua discussão de acordo com a pesquisa bibliográfica efectuada.
4
Parte I: Fundamentação Teórica
5
1. DOENÇA ONCOLÓGICA
Em termos etimológicos, a palavra cancro deriva do latim e significa caranguejo
(Pereira & Lopes, 2005). O uso da palavra remonta ao século V antes de Cristo, tendo
Hipócrates verificado que as “veias” que irradiavam os tumores do peito se assemelhavam a
um caranguejo (Idem).
Actualmente, a doença oncológica, vulgarmente conhecida por cancro, trata-se de
uma patologia cuja incidência global está a aumentar de um modo inquietante, sendo um
dos principais problemas de saúde do século XX (Patrão & Leal, 2004).
Em Portugal, esta apresenta-se como uma importante causa de morbilidade e
mortalidade, diagnosticando-se entre 40 a 45 mil novos casos de cancro anualmente
(Paredes et al., 2008). Porém, segundo Pinheiro, et al. (2002), o nosso país tem uma das
taxas de mortalidade por cancro mais baixa relativamente à União Europeia, à excepção dos
cancros da cavidade oral e laringe, nos quais, segundo o autor, se verifica uma combinação
sinergética do álcool e tabaco como principal factor de risco. Em relação ao cancro do
estômago e do colo do útero, estes apresentam as taxas de mortalidade das mais elevadas
da União Europeia (Idem).
Presentemente, mais de 60% dos doentes com diagnóstico de cancro falecem
devido a esta causa (Gómez-Batiste et tal., 2003), todavia verifica-se que a probabilidade de
sobrevivência a cinco anos para a grande maioria dos casos ultrapassa os 50% e é muito
maior hoje do que há cinquenta anos atrás, o que demonstra a maior cronicidade desta
doença (Sá, 2003).
Segundo Pinheiro et al. (2002), em Portugal, o cancro mais comum nos homens é o
cancro colo-rectal, seguido do cancro da próstata, pulmão, estômago e cavidade oral e no
que concerne às mulheres, as localizações mais frequentes são a mama, seguido do cólon
e recto, estômago e útero (corpo e colo).
6
O risco de desenvolver um cancro até aos 75 anos de idade nos homens é de 4,7%
no cólon e recto e 4,3% nos pulmões, enquanto que nas mulheres o risco é de 5,7% para a
mama e de 2,7% para o cólon e recto (Idem).
A doença oncológica para a grande maioria da população é sinónimo de morte e
sofrimento, continuando a ser uma doença com conotações assustadoras, e é por esta
razão que ainda existe na sociedade em geral uma certa tendência em evitar pronunciar a
palavra cancro, o que resulta na utilização de substitutos eufemísticos do tipo “doença má”,
“doença maligna”, “doença incurável” ou “doença prolongada” (Terreno, 2000).
A patologia oncológica está associada a ideias e representações muito diferentes,
algumas delas concebidas de forma errónea (Pereira & Lopes, 2005). As emoções e as
imagens originadas apontam para uma doença inexoravelmente mortal, acompanhada de
um sofrimento mais ou menos longo e atroz, pelo que, a imagem mental que habitualmente
lhe está associada inclui: ansiedade, sofrimento, mutilação ou amputação de uma parte do
corpo, dor, rejeição, debilidade, dependência de outrem e mesmo morte (Idem).
Actualmente, o cancro é entendido como uma doença crónica, caracterizada pela
incerteza constante, causando efeitos colaterais a longo prazo decorrentes desta e/ou dos
tratamentos, que em simultâneo provoca problemas de natureza psicossocial (Zebrack,
2000). Esta não se trata de uma doença única, com apenas uma causa, mas um grupo de
enfermidades diversas com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos,
afectando os indivíduos onde quer que vivam e seja qual for a sua raça, cor, passado
cultural ou situação económica (Phipps, Sands & Marec, 2003).
A resposta ao diagnóstico varia de pessoa para pessoa, porém existem alguns
factores que podem condicionar essa resposta, tais como: idade, estágios de
desenvolvimento da pessoa, nível sócio económico, grau de educação, suporte social e
recursos da comunidade (Idem). De seguida serão abordadas estas questões.
7
1.1.
DOENTE ONCOLÓGICO
Define-se doente oncológico como qualquer indivíduo a quem lhe é diagnosticado
um cancro, independentemente do tempo decorrido desde o diagnóstico ou do tipo de
tratamento a que foi submetido (Rodrigues, 2007).
Actualmente, assiste-se ao prolongamento da vida dos doentes oncológicos, pelo
que “o cancro passou a ser entendido como doença crónica com períodos de remissão (sem
doença e com ou sem tratamento de manutenção) e de recaída (com doença, tendo lugar
tratamentos agressivos, tais como quimioterapia ou radioterapia)” (Sá, 2003: p.23).
Efectivamente, embora ainda haja situações que são graves e incondicionalmente fatais,
noutras é já possível alcançar a cura ou prolongar a vida por mais anos.
Aquando o diagnóstico de cancro, todo o processo de doença é experienciado, não
só pelo doente, mas também pela sua família, como um momento de grande sofrimento,
tristeza, ansiedade, e angústia (Paredes et al., 2008). O significado do diagnóstico de cancro
para cada indivíduo é único e é influenciado pelas experiências anteriores, pessoais ou
familiares com doença oncológica, grau de instrução, cultura, suporte social e informações
fornecidas pelos profissionais de saúde ou transmitidas pela comunicação social
(Casmarrinha, 2008).
Ao longo do percurso da doença, o indivíduo experiencia perdas e sintomas
adversos, os quais comprometem as suas habilidades funcionais, vocacionais e conduzem a
uma incerteza relativamente ao seu futuro (Paredes et al., 2008). De uma maneira geral, o
doente oncológico sofre uma deterioração progressiva ao nível físico, funcional e psicológico
que levam a uma dependência gradualmente maior dos familiares, cuidadores informais e
profissionais de saúde (Idem).
Cada doente é uma pessoa singular, com as suas características, peculiaridades,
aptidões, dificuldades e inquietações. Pais (2004) faz referência a sete preocupações
predominantes nos indivíduos a quem é diagnosticada uma doença oncológica,
nomeadamente: preocupação com a saúde (disseminação da doença, efeitos secundários
8
da terapêutica); auto-avaliação (alterações físicas, auto-estima e auto-imagem); trabalho e
situação económica; família e amigos (perdas de amizades, alterações a nível sexual);
religião (sentimento de abandono ou mesmo requerer à fé); amigos e parceiros (limitações
que a doença possa trazer em relação aos amigos) e preocupações existenciais (a sua
própria existência é, por vezes, colocada em causa).
Os resultados de diversas investigações baseadas na prática de inúmeros
profissionais identificaram três estádios previsíveis para os doentes oncológicos (Seligman,
1996). Pereira & Lopes (2005) enumeram estes três estádios, nomeadamente: até chegar
ao diagnóstico, da aceitação do diagnóstico ao tratamento e dos tratamentos em diante. Os
três estadios identificados mantêm proximidade com os estadios reconhecidos por KüblerRoss (1969) quando o indivíduo tem conhecimento que vai morrer brevemente,
nomeadamente: negação, raiva/revolta, negociação, depressão e aceitação.
De facto, as pessoas que sofrem de cancro relatam um impacto da sua doença na
sua qualidade de vida (Paredes et al., 2008). Este impacto relaciona-se com aspectos
físicos, psicológicos, sociais e espirituais, os quais levam a uma diminuição significativa na
qualidade de vida dos doentes, bem como dos seus familiares, o que pode perturbar de
forma adversa o seu tratamento e reabilitação (Idem).
Leo et al. (1994) afirma que vários estudos concluíram que é nas idades mais
avançadas que a incidência de cancro é maior, ou seja as pessoas idosas estão mais
susceptíveis de virem a sofrer várias adversidades em simultâneo. Tal ocorre, devido ao
facto de os idosos já terem a sua QdV alterada, como efeito do processo normal de
envelhecimento, por exemplo devido à diminuição da acuidade auditiva ou visual, da força
física, do funcionamento de alguns órgãos e da própria actividade sexual, o que interfere na
QdV destes indivíduos, independentemente de padecerem ou não de uma doença
oncológica (Pinto, 1999).
Couvreur (2001) acrescenta que a doença oncológica num indivíduo é um dos
factores que mais interfere com a sua QdV. Segundo a autora, a QdV é afectada a partir do
momento em que ocorre o diagnóstico, tal como já foi referido, por estar relacionada com
9
tratamentos lentos e por vezes dolorosos ou suscitar mesmo a ideia de morte e de
sofrimento, despoletando uma forte carga emocional.
Na medida em que a doença oncológica parece, segundo os autores supracitados,
constituir uma experiencia lesiva para QdV do indivíduo, é de seguida feita uma abordagem
sobre este conceito.
10
2. QUALIDADE DE VIDA E O DOENTE ONCOLÓGICO
Dado que o objecto de estudo desta investigação incide sobre a QdV dos doentes
oncológicos, neste ponto abordam-se aspectos relacionados com a qualidade de vida,
nomeadamente, a origem do seu conceito, a qualidade de vida relacionada com a saúde e
com a vida do doente oncológico e alguns dos instrumentos usados para a sua medição.
2.1.
PRESPECTIVA HISTÓRICA
O interesse pela QdV existe desde os tempos remotos, porém, o uso no nosso
quotidiano, bem como a preocupação pela avaliação sistemática e científica do mesmo é,
ainda relativamente recente (Venâncio, 2005).
Wood-Dauphinee & Kuchler (1992) afirmam que o termo QdV foi mencionado pela
primeira vez cerca dos anos 20, por Pigou no contexto das condições de trabalho e das
suas consequências no bem-estar dos trabalhadores, tendo porém desaparecido até à
segunda metade do século XX. Posteriormente, após o término da 2ª Guerra Mundial, o
conceito “boa vida” foi usado para fazer referência à conquista de bens materiais (possuir
casa própria, carro e aparelhos electrónicos). Este conceito foi alargado “ (…) para medir o
quanto uma sociedade se desenvolvia economicamente, não importando se tal riqueza
estava bem distribuída (…)” (Paschoal, 2000: p.19). Os indicadores económicos surgiram,
deste modo, como dado para a medição e comparação de QdV em diferentes realidades.
Ao longo do tempo, o termo ampliou-se “para significar, além do crescimento
económico, o desenvolvimento social (saúde, educação, habitação, transporte, lazer,
trabalho e crescimento individual)” (Idem, 2000: p.19). Assim, a partir da segunda metade do
século XX, termos como “felicidade”, “satisfação com a vida”, “bem-estar”, “prosperidade”,
“liberdade de escolha” e “realização pessoal” passam a surgir na literatura como significado
para “Qualidade de vida”, o que dificulta a delimitação científica do conceito (Canavarro et
al., 2006).
11
Frisch (2000) considera que o ponto de viragem da conceptualização de QdV ocorreu
quando nos anos 60 os políticos introduziram a expressão nos seus discursos. Em 1964, o
presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson declarou que “…os objectivos (da
população) não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser pela
qualidade de vida que as pessoas têm” (Bech, 1993: p.1). A partir desta data assistiu-se à
mudança de valores e objectivos sociais, com uma diminuição dos interesses materiais e um
incremento dos valores, das necessidades sociais e psicológicas (De Haes & Wan
Knippenberg, 1985), ou seja, as pessoas foram deixando progressivamente de aceitar e de
acreditar que os indicadores económicos, sejam, por si só, indicadores de bem-estar da
população.
O crescimento em popularidade deste conceito levou à necessidade de se investigar
e desenvolver diversas medidas para avaliar a QdV (Venâncio, 2005). O interesse do seu
estudo recebeu validação institucional, em 1960, com a publicação do relatório da
Commission on Nacional Goals, da responsabilidade do presidente Eisenhower, que
apontou uma variedade de indicadores sociais e ambientais, nomeadamente a educação, a
saúde e bem-estar, o crescimento económico e industrial, como padrão para avaliar a QdV
(Idem). Deste modo, as investigações sobre QdV iniciaram-se no final da década de
sessenta, tendo-se observado uma mudança da ênfase colocada nas questões
materialistas, abordando-se a QdV em termos da liberdade pessoal, do lazer, do
divertimento, etc. (Fallowfield, 1990).
Na década de 70, publicaram-se os primeiros estudos específicos sobre a QdV, de
Liu, em 1975 e de Campbel, Converse e Rodgers, em 1976 (Ribeiro, 1994). Já em 1990, as
Nações Unidas publicam o Relatório do Desenvolvimento Humano, que tem em
consideração vários índices de desenvolvimento (Idem). Neste é realçada uma preocupação
gradual da humanidade para com os aspectos menos materiais, que se reflecte no
desenvolvimento crescente do sistema de cuidados de saúde. A ligação do termo QdV ao
estado de saúde decorreu da clássica definição de saúde da Constituição da Organização
Mundial de Saúde (WHO) (1947) como “um estado de completo bem-estar físico, mental e
12
social e não simplesmente como ausência de doença”. Surge, então, a QdV ligada ao
campo da medicina.
Na literatura médica o interesse pelo conceito de “qualidade de vida" começa a
esboçar-se em 1960 (Elkington, 1966), porém, é a partir de 1990 que se regista um franco
aumento. A Oncologia foi uma das primeiras áreas da Medicina a avaliar a QdV dos
doentes, fundamentalmente devido ao crescimento explosivo da tecnologia médica usada
na terapêutica do cancro e ao crescimento da complexidade das decisões médicas (Maguire
& Selby, 1989). A avaliação da QdV dos doentes como um objectivo principal em Medicina é
um conceito recente, mas que algumas instituições e organizações internacionais passaram
a sugerir que fosse considerada como uma meta a atingir (Pimentel, 2003).
No intuito de compreender o termo de QdV propriamente dito, seguidamente será
realizada uma abordagem conceptual.
2.2.
ABORDAGEM CONCEPTUAL
A QdV tornou-se num conceito popular que, actualmente, faz parte da linguagem do
homem comum, dos especialistas aos leigos, de gente culta a inculta (Ribeiro, 2001). Esta
popularidade torna-se num dos principais obstáculos à sua discussão científica, já que,
como afirma MaGuire (1991, p.13) “todos têm a sua própria ideia do que é a QdV, e é nisso
que reside o problema”.
Minayo, Hartz & Buss (2000) apontam três razões para esta relatividade do conceito.
A primeira relacionada com questões históricas, na medida em que, uma sociedade
específica, em determinado tempo do seu desenvolvimento económico, social e tecnológico,
tem um parâmetro de QdV diferente da mesma sociedade noutro momento histórico. A
segunda, é culturalmente explicada pelos valores e necessidades que são construídos e
hierarquizados de forma diferenciada pelos povos, revelando a sua tradição e cultura. O
terceiro aspecto, por seu turno, associa-se às estratificações ou classes sociais.
13
Vários têm sido os investigadores que se têm debruçado sobre o conceito de QdV e
embora se constate alguma controvérsia nas suas abordagens, encontram-se, porém,
muitos pontos em comum (Couvreur, 2001: p.42). Efectivamente, não existe uma definição
clara do conceito de QdV, o que levanta um problema epistemológico e filosófico, na medida
em que existem inúmeras propostas de definição (Pimentel, 2003).
Mediante a exploração de 75 artigos escolhidos de forma aleatória, que utilizavam
instrumentos para avaliar a QdV, Gill & Feinsten (1994) verificaram que em poucos se
tentava definir o que se entendia efectivamente por QdV. Couvreur (2001: p.133), nesta
linha de pensamento, acrescenta que “embora existam numerosas definições de qualidade
de vida, um grande número dessas definições é inadequado porque não tem em conta
senão um número limitado dos factores que constituem o conjunto desse conceito”.
Na procura de pontos coincidentes entre a variedade de definições sobre QdV,
seguidamente é feita referência a algumas definições já construídas.
Uma das referências mais antigas e mais parecidas com uma definição de QdV é de
Aristóteles (384-322 a.C.) que escreveu: "Quer a pessoa mais modesta ou a mais
refinada...entende 'vida boa' ou 'estar bem' como a mesma coisa que 'estar feliz'. Mas o que
é entendido como felicidade é discutível... uns dizem uma coisa e outros outra e a mesma
pessoa diz coisas diferentes em tempos diferentes: quando está doente pensa que a saúde
é a felicidade; quando está pobre felicidade é a riqueza” (Fayers apud Pimentel, 2003: p.26).
O conceito de felicidade é por vezes considerado como sinónimo de QdV (Santos,
2007). Veenhoven (1996) salienta que a felicidade é influenciada pelas experiências do
indivíduo ao longo da vida, quer positivas, quer negativas. Tatarkiewicz apud Hanestad
(1993) afirma que a felicidade é uma espécie de satisfação que pode englobar dimensões
afectivas e cognitivas.
Face às diferenças encontradas relativamente ao conceito de QdV, a OMS (Whoqol
Group, 1993: p.153) define-a enquanto a “percepção do indivíduo da sua posição na vida,
no contexto da cultura e sistema de valores nos quais de insere e em relação com os seus
objectivos, expectativas, padrões e preocupações. É um amplo conceito de classificação,
14
afectado de um modo complexo pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, relações
sociais, nível de independência e pelas suas relações com as características mais
relevantes do seu meio ambiente.”
A QdV compreende, assim, concomitantemente aspectos objectivos e subjectivos
(Couvreur, 2001). Os aspectos objectivos incluem a interacção do indivíduo com o meio, a
funcionalidade e competência cognitiva, enquanto que os aspectos subjectivos consistem na
percepção da satisfação das próprias necessidades e daquilo que não lhe é recusado nos
momentos propícios à sua realização e felicidade (Idem). A QdV pode assim traduzir-se na
percepção dos indivíduos da sua posição de vida, no contexto da cultura e sistemas de
valores em que estão inseridos e a sua relação com os seus objectivos, expectativas,
padrões de vida e interesses (Orley, 1994; Amir, 1994). Dito de uma outra forma, pode-se
afirmar que a QdV é uma sensação de bem-estar pessoal que provém da satisfação ou
insatisfação com áreas da vida do quotidiano que são importantes para o indivíduo (Ferrans
& Powers, 1985).
Uma outra característica relativa à QdV, prende-se com o facto de esta só poder ser
medida e descrita em termos individuais e estar dependente do estilo de vida actual, das
experiências passadas, das esperanças, dos sonhos e ambições (Calman, 1984).
Ferrans & Powers (1993: p.575) corroboram, argumentando que “…os valores
culturais, étnicos e religiosos determinam o modo de julgar a qualidade de vida…pessoas
diferentes têm valores diferentes, o que contribui para as diferenças nas formas de conceber
e medir a qualidade de vida”. Para além do exposto, segundo os mesmos autores, sabe-se
que a subjectividade do conceito não se relaciona somente com o sistema de valores de
cada indivíduo, mas também com os interesses, expectativas, experiências prévias e
circunstâncias que o rodeiam.
Face a esta opinião e centrando-se no âmbito da saúde, conclui-se que a QdV deve
ser medida a partir da percepção do doente, em vez de ser medida pela percepção do
clínico (Clinch & Schipper, 1993) ou pelos seus familiares, mesmo que estes sejam os seus
cuidadores informais, já que nos estudos realizados foram encontradas diferenças
15
significativas (Grant & Rivera, 1998). Otto (2000) argumenta que a QdV é aquilo que o
indivíduo diz que é, pelo que pode ser avaliada pelo próprio.
Por outro lado, a QdV muda ao longo do tempo, mesmo em circunstâncias normais
(Ferrans & Powers, 1993). As prioridades e objectivos do indivíduo devem ser realistas e é
natural que mudem ao longo do tempo, sendo alterados pela idade e experiência, daí que
para melhorar a QdV, é necessário diminuir a diferença entre a situação actual e os
objectivos individuais (Pimentel, 2003).
Na figura 1, procura-se representar graficamente este conceito:
Figura Nº 1: Qualidade de vida, evolução ao longo do tempo (adaptado de Calman, 1984).
Os objectivos e ambições do indivíduo estão representados na linha superior,
variando ao longo do tempo, sendo que diferença entre a realidade (representada na linha
inferior) e os anseios individuais, provavelmente nunca será igual a zero.
Ribeiro (2001) acrescenta ainda, que uma característica importante da QdV é o facto
de esta consistir na discrepância entre as expectativas pessoais e a experiência actual de
cada indivíduo. Esta afirmação permite explicar o facto de dois indivíduos estarem, em
16
determinado momento, aparentemente, nas mesmas circunstâncias de vida e, todavia,
considerarem que detêm uma QdV diferente um do outro, ou o mesmo indivíduo mudar de
opinião relativamente à sua QdV, sem que as circunstâncias desta se tenham modificado
significativamente (Rodrigues, 2007).
Ortiz, na definição que propõe de QdV, fortalece esta ideia e frisa a dificuldade
metodológica intrínseca ao processo de medição de QdV (Pimentel, 2003). Para o autor
trata-se de "uma entidade vaga e etérea de que todos falam sem saberem o que
verdadeiramente é, e que se pode definir e medir apenas em termos individuais,
dependendo das experiências passadas, esperanças futuras, sonhos e ambições" (Idem,
2003: p.28).
Pode-se concluir que a QdV é, então, um conceito dinâmico, alterando-se de acordo
com o tempo e as situações vivenciais (Duarte, 2002; Santos & Ribeiro, 2001).
Em 1984, Tiel, McNeiel e Bush sugeriram que a QdV, nos indivíduos que padecem
de uma determinada doença “é um conceito global que… inclui as vertentes psicológica,
social e física e incorpora tanto os aspectos positivos de bem-estar, como aspectos
negativos da doença” (Pimentel, 2003: p.26). Esta definição indica que a QdV se pode dividir
em várias dimensões, sendo possível, segundo os autores supracitados, dividi-la em quatro
grandes dimensões, nomeadamente: física e desempenho (que pode ser dominante, por
exemplo, no caso de existência de dor); psicológica e bem-estar social; espiritual
(relacionada com a religião e o nível cultural do indivíduo, mesmo quando este não tem
crença religiosa, provindo da reflexão que faz sobre a sua própria vida) (Pimentel, 2003).
A QdV é então multidimensional. Se uma das dimensões estiver comprometida, tem
que se procurar melhorar, não só essa, mas também as outras, no sentido de a compensar.
Alguns indivíduos, apesar de terem graves problemas de saúde ou pobreza, têm bom nível
de QdV, devendo-se tal facto ao baixo limiar das suas expectativas (Idem).
Concluindo, pode-se afirmar que a QdV possui algumas características que são:
subjectividade; é baseada naquilo que o doente diz; é dinâmica, pelo que está sempre a
mudar e é um conceito multidimensional (Grant & Rivera, 1998).
17
Importa, agora, centrar a QdV no contexto da saúde, uma vez que o aprofundamento
teórico nesse âmbito é importante nesta pesquisa.
2.3.
QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE
O conceito de qualidade de vida relacionado com a saúde (QdVRS), é um conceito
mais especifico e ainda mais actual que o conceito de qualidade de vida (Rodrigues, 2007).
A sua aplicação começou a tornar-se popular na investigação em saúde a partir da década
de 70 (Ribeiro, 1994), como consequência da segunda revolução da saúde, que
correspondeu à mudança de paradigma em relação à saúde/ doença. Até esta data, a saúde
e a doença eram vistas como estados apenas definíveis em termos biológicos e a partir
desta, passaram a ser entendidas de um modo holístico (Idem).
Para Ribeiro (1994) e Matos (2001), o conceito de QdV ganhou vida no âmbito dos
cuidados de saúde, estando relacionado com dois motivos, nomeadamente:
- O aparecimento de modelos de intervenção em saúde, encarando o Homem numa
perspectiva holística;
- A alteração do padrão de doença, em que as doenças consequentes das baixas
condições sócio-económicas deram lugar a doenças crónicas e de evolução lenta,
caracterizadas pelo aumento da esperança de vida, todavia com índices de morbilidade
mais elevados.
De facto, a importância da QdVRS emerge não só de uma evolução do modelo
biomédico para o modelo holístico, como está relacionada com a procura da humanização
dos cuidados (Pereira, 2005).
Outros autores referem, ainda, que razões históricas e sociais que estiveram na
origem
de
importantes
movimentos
de
direitos
cívicos
e
que
conduziram
ao
desenvolvimento da Carta dos Direitos do Homem, da Carta dos Direitos da Criança e, mais
tarde dos Direitos do Doente também levaram ao desenvolvimento da expressão QdVRS
(Duro, 2009). Os direitos dos doentes espelham a ideia de que o doente é o elemento
18
central do sistema de saúde e do sistema dos cuidados de saúde (Idem). Para Laine &
Davidoff apud Ribeiro (2005), a expressão “cuidados centrados no doente” refere-se aos
cuidados de saúde que estão em consonância com as necessidades, desejos e preferências
do doente, pelo que a peça central deste movimento, segundo os autores supracitados é
avaliação da QdV.
Num dos estudos mais importantes sobre a QdV, realizado por Campbel, Converse e
Rodgers, conclui-se que “a saúde era a variável que melhor explicava a qualidade de vida”
(Ribeiro, 1998, p.98). Uma das relações entre estes dois conceitos (qualidade de vida e
saúde) é a de que a QdV é o objectivo e a saúde é o objecto de intervenção, pelo que
intervindo sobre a saúde se pode melhorar a qualidade de vida (Rodrigues, 2007). Pelo
exposto, conclui-se que a QdV é um conceito mais abrangente que o de saúde, sendo esta
última entendida como um dos recursos pessoais dos indivíduos e um dos indicadores que
permite medir a QdV (Ribeiro, 1998).
Na realidade, a QdV converteu-se gradualmente, num objectivo prioritário dos
serviços de saúde, concomitantemente à prevenção de doenças, à efectivação da cura e ao
alívio de sintomas ou ao prolongamento da vida humana (Ferreira, 1994), começando a
desenvolver-se no sentido de valorizar parâmetros mais amplos, para além da diminuição da
mortalidade ou do aumento da esperança de vida (Rodrigues, 2007). Com efeito, a questão
actual já não é saber se os indivíduos sobrevivem ou morrem, mas sim se os indivíduos que
vivem com uma doença crónica conseguem viver o quotidiano com a mesma facilidade e a
mesma satisfação das pessoas que não sofrem de nenhuma patologia (Ribeiro, 1998). É,
então, fulcral que se considere não só a quantidade de vida, mas também a qualidade de
vida do indivíduo (Pereira, 2005). Tal como afirma Barbosa apud. Pereira (2005), a QdVRS
tem adquirido um significado especial, já que se constatou que a esperança média de vida
tem aumentado e fez com que o interesse do investigador já não se concentrasse no quanto
é que se vive, mas sim no como é que se vive. Tal como refere a OMS (1993), é preciso
acrescentar vida aos anos e não anos à vida.
19
No que concerne o conceito propriamente dito, para Bergner (1989) e Patrick &
Bergner (1990), a QdVRS é uma parte da QdV geral do indivíduo, sendo constituída pelos
componentes que representam a parte da QdV de um indivíduo relacionada com saúde
(doença e terapêutica) e devendo abarcar, pelo menos, os seguintes aspectos: sintomas
produzidos pela doença ou tratamento; funcionalidade física; aspectos psicológicos;
aspectos sociais, laborais, familiares e económicos. De salientar que, segundo os autores
supracitados, todos estes itens estão interrelacionados e se influenciam mutuamente.
Bowling (1995), define QdVRS, como sendo o nível óptimo de funcionamento físico, mental,
desempenho (por exemplo no trabalho), social, incluindo as relações de amizade e
percepção da saúde (aptidão física, satisfação de vida e bem-estar). Tchkmedylan et al.
(1990), para definir a QdVRS, propõem o seguinte esquema, no qual introduzem as suas
dimensões e respectivos componentes (Figura 2).
Figura Nº 2: Qualidade de vida relacionada com a saúde, as suas dimensões e respectivos
componentes (adaptado de Tchkmedylan et al., 1990).
20
Fallowfield (1990) concluiu que a QdVRS é um conceito multifacetado, o qual resulta
do funcionamento satisfatório do indivíduo em vários domínios. Efectivamente, são vários os
autores que descrevem estes domínios. Santos & Ribeiro (2001), após revisão da
bibliografia, concluíram que na avaliação da QdVRS é essencial ter em consideração os
seguintes domínios:
- Estado funcional, que se refere à capacidade de realizar uma gama de actividades
que são normais para a maioria das pessoas, onde se insere o auto-cuidado, a mobilidade e
a capacidade de desempenho do papel social (Idem).
- Sintomas físicos, relacionados com a doença e o tratamento (Ibidem). No que
concerne ao bem-estar físico, o facto de o individuo não ter, por exemplo, acesso ao apoio
dos profissionais de saúde, familiares e amigos leva a que muitas vezes apresentem
dificuldades em se ajustar à doença e ao tratamento (Pereira, 2005) Um mau controlo de
sintomas desencadeia nos doentes uma elevada ansiedade, depressão e frustração, o que
interfere com a QdV do próprio doente e da sua família (Rodrigues, 2007). A dor é um
exemplo de um sintoma que tem maiores implicações na QdV (Rummans, et al., 1998).
- Funcionamento social, é um dos transtornos mais comuns, não apenas para os
doentes oncológicos, mas em qualquer doente crónico, e no qual se inserem as relações
com a família e o meio social e a frequência de participação em actividades sociais (Santos
& Ribeiro, 2001). Poderão, assim, ocorrer situações de restrição ao nível da actividade
social, devido a consequências de uma doença crónica, imobilidade física ou dor (Pereira,
2005).
- Avaliação global, visto que a QdV não é mais do que a soma das suas partes
componentes, torna-se útil a inclusão de uma avaliação global como suplemento das mais
específicas, devendo limitar-se a áreas relacionadas com a saúde (Santos & Ribeiro, 2001).
Os autores supracitados acrescentam ainda que esta avaliação parece ser relevante
em diferentes aspectos da gestão da saúde, particularmente na escolha de tratamentos
diferentes com efeito biológico semelhante, no conhecimento dos interesses particulares dos
doentes, na avaliação dos efeitos da terapêutica e no estabelecimento de um melhor
21
relacionamento entre a equipa de saúde e o doente (Idem). A QdVRS é, também, utilizada
como unidade de medição económica na avaliação da qualidade e efectividade dos serviços
de saúde e, ainda, na monitorização de saúde na população (Ibidem).
Outros autores acrescentam ainda o domínio psicológico (bem estar psicológico) e o
domínio espiritual (bem estar espiritual).
- O domínio psicológico está relacionado com o controlo, ansiedade, medo
depressão, conhecimento da doença e tratamento (Rodrigues, 2007). Num estudo realizado
por Gordon, conclui-se que em comparação com um grupo de controlo que seguiu o
tratamento médico padronizado, o grupo que beneficiou do programa de intervenção
psicológica demonstrou uma melhor QdV (Ribeiro, 1997), o que pode constatar a
importância e a influência da saúde psicológica e do bem-estar emocional na QdV dos
doentes (Santos, 2006).
- No que concerne ao bem-estar espiritual, este está relacionado com o significado
da doença, esperança, religiosidade e força interior (Ferrell & Grant, 1998). Um
agravamento da condição física do doente altera directamente a sua espiritualidade, já que
quando o doente vivencia o sofrimento e a proximidade da morte, aumentam as suas
necessidades espirituais (Cotrim, 2007).
Em suma, segundo Crammer & Spiker (1998), a maioria dos autores refere que o
conceito de QdVRS inclui as seguintes dimensões: estado físico e desempenho, estado
psicológico e bem-estar, interacções sociais, factores económicos e/ou vocacionais, no
entanto, Cella & Tulsky (1990), alargam o número de dimensões e propõem as seguintes:
bem-estar emocional, espiritualidade, sexualidade, desempenho social, vida familiar,
desempenho ocupacional, comunicação, alimentação, capacidade funcional, estado físico,
satisfação com o tratamento, orientações futuras, aspecto geral do estado de saúde e da
vida. Esta lista é ainda aumentada na proposta de Fitzpatrick (1996), que inclui a
capacidade do indivíduo controlar a saúde, a auto-estima, a imagem corporal e a sensação
de conseguir prever os sintomas.
22
Pode-se concluir que a quantidade de domínios e de componentes incluídos na
percepção da QdVRS é grande e variável, porém dependente, quer dos objectivos
pretendidos, quer do nível de análise (Venâncio, 2005). O nível de domínios ou de
categorias a considerar na avaliação da QdVRS deverão, assim, ser reflexo dos nível de
aprofundamento com que se pretende realizar o estudo e da concepção subjacente (Idem).
No que concerne especificamente à investigação da QdVRS em Oncologia, Sirgy
(2001), constatou que na última década se tem assistido a uma intensa actividade, usando
vários modelos de QdVRS e, apesar de algumas indefinições e incertezas ainda existentes,
já se obtiveram alguns consensos (Aaronson et al., 1993; Albert et al., 2002; Koller &
Lorenz, 1998; Lorenz et al., 1999 apud Pimentel, 2003), relativamente à sua definição,
medida e necessidade:
* Definição - QdVRS é um conceito multidimensional, que traduz o bem-estar
subjectivo do doente, nas vertentes físicas, psicológicas e sociais;
* Medida - existem instrumentos de medida de QdVRS validados e que permitem a
sua avaliação de forma normalizada;
* Necessidade - a QdVRS deve ser considerada como o objectivo principal nas
doenças crónicas e incuráveis.
2.4.
QUALIDADE DE VIDA DO DOENTE ONCOLÓGICO
O cancro é uma doença crónica que representa elevada morbilidade e mortalidade
(Oliveira & Pimentel, 2008). O avanço tecnológico da Medicina tem conseguido que, doentes
com patologias crónicas, embora não alcançando a cura, vivam durante mais tempo do que
outrora (Pimentel, 2003). Por este facto, começou a ser importante avaliar a QdV em
simultâneo com a sobrevivência (Fallowfield, 1990). A QdV complementa os objectivos da
terapêutica oncológica, cujos propósitos não podem limitar-se somente, por exemplo, à
redução da massa tumoral ou à sobrevivência (Jones, Fayers & Simons, 1987). Oliveira &
Pimentel (2006) acrescentam que, actualmente, os tratamentos possibilitam aumentar a
23
sobrevivência dos doentes oncológicos, porém, numa grande maioria de vezes, à custa de
grande sofrimento face aos efeitos adversos, daí que, para além do prolongamento da vida,
é primordial a manutenção de uma vida com qualidade.
Na realidade, o doente oncológico sofre uma deterioração progressiva, limitações
físicas, funcionais e psicológicas que aumentam dia após dia e levam a uma dependência
cada vez maior dos seus familiares, cuidadores e equipas de saúde, pelo que estes relatam
um impacto da sua doença na QdV (Paredes et al., 2008).
A utilização de medidas de avaliação da QdV em estudos clínicos e na prática clínica
em Oncologia é relativamente recente e essa avaliação tem vindo a ganhar uma grande
expansão (Osoba, 1991). Se outrora as implicações da doença oncológica e o seu
tratamento eram avaliadas mediante os resultados biomédicos (resposta tumoral, tempo de
remissão da doença e o nível de toxicidade associado ao tratamento), actualmente tem
aumentado o interesse em expandir os parâmetros desta avaliação, tendo em conta, por
exemplo, o impacto da doença e do seu tratamento na QdV dos doentes (Santos & Ribeiro,
2001).
No intuito de analisarem os artigos publicados na última década, a nível
internacional, relativos à saúde e QdV do doente oncológico, Santos & Ribeiro (2001),
constataram que alguns autores estudaram a especificidade da patologia ou as diferentes
modalidades de tratamento (Droughton, 1990; Van-Knippenberg et al., 1992), outros
compararam duas ou mais doenças do foro oncológico no sentido de conhecer as
implicações específicas de cada uma delas no indivíduo (Cassileth et al., 1992), e outros
ainda dedicaram-se ao estudo da satisfação dos doentes oncológicos com os cuidados de
saúde recebidos (Litwins et al., 1994). No que concerne aos estudos que dirigiram a sua
análise nas implicações dos determinantes cognitivos (expectativas e crenças sobre a
doença) para a QdV do doente oncológico, constatou-se que sempre que os efeitos da
doença eram menores que os esperados, a QdV era beneficiada, ao passo que quanto mais
negativos eram os efeitos da doença, menor era o nível de QdV (Wagner et al., 1995).
24
A QdV do doente oncológico depende muito das expectativas pessoais, que por sua
vez variam em função de uma série de factores, como por exemplo, as experiências de vida
de cada doente (Rodrigues, 2007). Por isso, perante um mesmo diagnóstico oncológico, as
expectativas entre os indivíduos poderão ser totalmente diferentes (Idem). Em suma, podese concluir que as expectativas adequadas do doente oncológico melhoram a sua QdV
(Wan, Counte & Cella, 1997). Neste sentido, e de acordo com Twycross (2003), para
melhorar a QdV dos doentes oncológicos, independentemente da fase da doença em que se
encontrem, é necessário diminuir o afastamento entre as aspirações e aquilo que é possível
alcançar. Perante isto, conclui-se que qualquer doente com patologia oncológica terá um
nível de QdV tão elevado quanto menor for a distância entre as suas esperanças, ambições,
desejos e a sua realidade actual (Rodrigues, 2007).
Cella & Cherin apud Anderson & Lutgendorf (1997) definem a QdV de doentes
oncológicos como a avaliação/satisfação dos doentes com o seu nível de funcionamento
comparado com o que entendem como possível/ ideal. Nesta linha de pensamento e,
segundo Leiberich et al. (1993), os altos scores de QdV encontrados no doente oncológico
devem-se às elevadas percepções de perigo e reduzidas aspirações, bem como ao apoio
emocional recebido pelos familiares, companheiros e amigos. Ribeiro (1999) corrobora com
a opinião supracitada, considerando que o suporte social constitui um factor importante para
o alívio do distress, podendo retardar o desenvolvimento da doença, melhorando a QdV do
doente.
No decurso da doença, por norma, não só a QdV do doente, mas também das
pessoas com quem vive é muito alterada, na medida em que o cancro invade o doente, mas
penetra também na família e no seu meio ambiente (Moreira, 2001). A família acaba por
vivenciar igualmente momentos de stress, tal como o portador da doença oncológica (Dias,
et al., 2002).
Para além da própria doença, outros componentes podem afectar a QdV dos
doentes oncológicos (Santos & Ribeiro, 2001). Em estudos efectuados, ficou comprovado
que existe um conjunto de sintomas e complicações a nível funcional que se apresentam em
25
muitos tipos de neoplasias, tais como a dor, fadiga, sonolência, insónias, secura da boca,
anorexia e outros mais associados ao grau de funcionalidade, nomeadamente, alterações
no autocuidado ou dificuldade em manter as tarefas familiares, ocupacionais e sociais
(Idem). Constatou-se, em muitos trabalhos relativos à avaliação da QdV, que esta se
relaciona muito com a presença ou ausência destes sintomas (Allison et al., 1998; Hann et
al., 1998; Svedlund et al., 1996 apud Santos & Ribeiro, 2001), sendo que a dor constitui um
dos sintomas mais importantes na avaliação da QdV do doente oncológico (Rummans et al.,
1998).
Faithfull (2003), salienta que os sintomas físicos contribuem, de forma óbvia, para a
QdV, todavia são meros componentes, que aumentam ou diminuem o distresse. As crenças
culturais, o significado da doença e aspectos do bem-estar emocional e social são a chave
para influenciar as percepções do doente no que refere à sua QdV, sendo estes aspectos
muito mais difíceis de avaliar (Cotrim, 2007). Na opinião de Padilla & Grant (1985), os
factores considerados mais importantes são o bem-estar psicológico, seguido do bem-estar
físico e do controle dos sintomas.
No que concerne à saúde mental do doente oncológico, segundo vários autores esta
parece apresentar níveis ligeiramente inferiores à população em geral, associada à
ansiedade e depressão, o que leva a um elevado risco de deterioração cognitiva (Bóer et al.,
1998; Grassi et al., 1996).
Relativamente
aos
tratamentos
médicos
para
o
cancro
(cirúrgicos,
quimioterapia/radioterapia ou medicamentosos), embora possam ajudar na diminuição de
certos sintomas, também podem conduzir a efeitos colaterais desagradáveis, tendo impacto
no bem-estar dos doentes (Osoba, Aaronson & Till, 1991). Ou seja, os tratamentos não
traduzem necessariamente uma melhoria da QdV do doente, em virtude das consequências
físicas, psicológicas e sociais que provocam (Paredes et al., 2008).
Em suma, segundo Ribeiro & Santos (2001), pode-se concluir que os factores que
parecem associar-se de forma mais significativa à QdV de doentes oncológicos são os
26
sintomas físicos e psicossociais característicos da doença oncológica, a impressibilidade
associada ao diagnóstico e tratamento, bem como as opções de coping.
Assim, de forma semelhante à definição de QdV no geral, na área da oncologia, a
QdV tem sido definida como a percepção individual de bem-estar, compreendendo uma
perspectiva multidimensional que geralmente engloba a dimensão física, psicológica, social
e espiritual (Ferrel & Dow, 1997).
2.5.
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
“A investigação da QdVRS representa uma tentativa de quantificar, em termos
cientificamente analisáveis, as consequências das doenças e de tratamentos, segundo a
percepção subjectiva dos doentes” (Valderrábano apud Kusumoto et al., 2008, p.153).
No estado actual da ciência e dado que a QdV é, como já foi referido, um constructo
complexo, não existe um modo único nem perfeito de a medir (Venâncio, 2005). Desde há
longa data, que o conceito de QdV tem vindo a exigir o desenvolvimento de instrumentos
adequados para a avaliação de parâmetros mais subjectivos da saúde das populações
(Idem). Presentemente, pelo uso de questionários ou outros instrumentos de avaliação, é
possível definir o que pode prejudicar ou melhorar a QdV dos doentes, o que possibilita uma
intervenção mais ajustada por parte dos profissionais de saúde (Ciconelli & Duarte apud
Diniz & Shor, 2006).
Os primeiros instrumentos destinados a medir QdV surgiram na literatura cerca da
década de 70 e, desde então, tem-se verificado uma evolução considerável (Duro, 2009).
Na generalidade consistem em questionários que medem sentimentos, auto-valorização ou
condutas, por meio de interrogatório directo ao doente (entrevista) ou questionário autoaplicável e exigem do profissional de saúde um bom conhecimento do doente, no que
concerne as suas capacidades e limitações funcionais (Idem).
27
De um modo sucinto, segundo Donovan et al., apud Esteve & Roca (1997), um bom
instrumento de medida da QdVRS deve ser: adequado ao problema de saúde que se
pretende avaliar; válido, possibilitando a medição do valor correcto das características que
se pretende efectivamente medir; preciso, ou seja, com menor erro de medida e que faculte
a sua reprodutibilidade; sensível, e portanto capaz de detectar alterações tanto entre
diferentes indivíduos como num mesmo indivíduo em tempos diferentes; baseado em dados
facultados pelos próprios doentes e aceite pelos doentes, profissionais de saúde e
investigadores.
Abordando especificamente os instrumentos de avaliação da QdV distinguem-se
instrumentos genéricos e instrumentos específicos (Bindal et al., 1995). Assim, quando um
instrumento inclui grande parte das dimensões que compõem a QdV, é designado genérico
e à medida que se concentra num aspecto particular (por exemplo, na função física), é por
seu turno, designado específico (Belasco & Sesso apud Duro, 2009).
Os instrumentos genéricos possibilitam a obtenção de valores do estado de saúde e
são desenhados para serem usados tanto em pessoas saudáveis, como em populações
doentes (heterogéneas, no que diz respeito a patologias (Aaronson et al., 1993), não
avaliando os aspectos específicos de determinada patologia, pelo que também podem ser
aplicados para avaliar todos os tipos de tratamentos médicos (Langenhoff et al., 2001).
Como exemplo de instrumentos genéricos existem o Quality of Well Being (QWB) (Kaplan &
Anderson, 1993), o EuroQol (EQ-5D) (EuroQol Group, 1990), o Short Form 36 Health Profile
(SF-36) (Ware & Shebourne, 1992; Ferreira, 2000), o Nothingham Health Profile (NHP)
(Hunt et al., 1981; Ferreira & Melo, 1999) ou o Sickness Impact Profile (SIP) (Bergner et al.,
1981). A OMS, na procura de um instrumento para avaliar a QdV dentro de uma perspectiva
genuinamente internacional, organizou um projecto colaborativo multicêntrico, sendo o
resultado deste projecto a elaboração do WHOQOL-100, um instumento da QdV composto
por 100 itens. Este grupo de trabalho, WHOQOL Group, teve como principais objectivos:
decompor a definição da QdV nos aspectos ou factores considerados necessários para uma
28
medição compreensiva, operacionalizar esses factores e desenvolver escalas de respostas
em diversas versões linguísticas (Venâncio, 2005).
Porém, ainda não está bem definido o quanto estas medidas gerais conseguem fazer
discriminações entre a população oncológica (Bloom et al. apud Baum & Anderson, 2001).
Assim, no que concerne aos instrumentos específicos para doenças (para populações de
doentes homogéneas) ou tratamentos, estes têm como principal objectivo a optimização da
QdV dos pacientes e sua família em todos os pontos relevantes do curso de uma qualquer
doença (Bindal et al., 1995). Os domínios e itens escolhidos para estes instrumentos são
sensíveis para avaliar o impacto da doença e tratamento no quotidiano do doente (Idem). De
entre os instrumentos específicos para a doença oncológica, destacam-se o Funcional
Living Index - Cancer e o Quality of Life Questionary Cancer (QLQ-C30) da European
Organization for Treatment of Cancer (EORTC) (Aaronson et al., 1993), o qual irá ser usado
neste estudo.
Efectivamente, são inúmeras as organizações que têm congregado à sua volta
investigadores e clínicos que se interessam pelo estudo do cancro, desenvolvendo técnicas
para a avaliação da QdV. Duas das organizações mais reconhecidas são a European
Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC) e a Funcional Assessment of
Chronic Illness Therapy (FACIT) (Idem).
A EORTC surgiu na Bélgica em 1962 por iniciativa de oncologistas de países
europeus,
denominando-se,
inicialmente,
“Groupe
Européen
de
Chimiothérapie
Anticancéreuse” (GECA) e, posteriormente, em 1968, passou a intitular-se “European
Organization for Research and Treatment of Cancer” (EORTC) (Aaronson. et al., 1993). É
uma organização destinada ao estudo do cancro visando melhorar o modo de lidar com a
doença e com os problemas relacionados com esta, aumentando não só a sobrevivência
dos doentes, mas também a sua QdV (Idem). Patrocina, divulga e congrega todo o tipo de
investigação visando sobretudo a promoção da QdV dos doentes com cancro (Ibidem).
Segundo a própria organização, esta desenvolveu inúmeras escalas para avaliar a
QdV. Tem uma escala base que se aplica a todos os tipos de cancro - a EORTC Quality of
29
Life Questionaire, que tem vindo a ser aperfeiçoada desde a primeira versão de 1987
(Fayers et al., 1997). A versão principal inclui 30 itens e é conhecida pelo acrónimo QLQ-30,
encontrando-se actualmente na versão 3.0. Para além desta escala comum a todos os tipos
de cancro, esta organização também disponibiliza outros módulos mais específicos que
suplementam a escala principal (Idem). O EORTC disponibiliza estes instrumentos em
várias línguas, entre as quais a portuguesa (Ferreira, 1997).
Uma outra organização que desenvolve técnicas de avaliação da qualidade de vida é
a Functional Assessment of Chronic Illness Therapy (FACIT). Trata-se de uma organização
semelhante à anterior mas sediada nos Estados Unidos da América, porém, não visa
exclusivamente o estudo do cancro como a EORTC. Segundo a própria organização
(FACIT, 2010), a partir de 1987 dedicou-se mais ao estudo desta doença e iniciou o
desenvolvimento de um questionário genérico denominado por Functional Assessment of
Cancer Therapy General (FACT-G), que já vai na versão 4.0. Este é um questionário com 27
itens que se distribuem por quatro domínios, nomeadamente: bem-estar físico, bem-estar
familiar/social, bem-estar emocional e bem-estar funcional. De salientar que foram
igualmente construídas escalas específicas que a completam e que se dirigem a aspectos
relevantes do cancro, quer sejam referentes ao tratamento, quer se refiram às
características da doença, que não são contempladas pela escala geral (Idem).
Porém, convém, frisar que “qualquer método avaliativo de qualidade de vida será
sempre reducionista, pois é objecto de múltiplas facetas, não sendo possível agregá-las
numa construção coerente, lógica, consensual e explicativa do fenómeno da vida, da
qualidade de vida” (Tamaki apud Higa et al., 2008: p.204).
30
3. SATISFAÇÃO DOS DOENTES COM OS CUIDADOS RECEBIDOS
O estudo do tema “satisfação dos doentes com os cuidados recebidos” tem vindo a
assumir particular relevância no campo da investigação.
Ao se analisar a literatura sobre a avaliação da qualidade dos cuidados na
perspectiva do doente, conclui-se que tem sido frequentemente operacionalizado como
satisfação do doente e tem sido um assunto largamente investigado por diversos autores ao
longo dos anos, porém ainda está longe de reunir consenso. De seguida ir-se-á definir o
conceito propriamente dito, reflectir sobre a importância da avaliação da satisfação dos
doentes, compreender quem deverá ser questionado relativamente à satisfação com os
cuidados, bem como os factores determinantes da satisfação com os cuidados recebidos.
3.1.
DEFINIÇÃO DO CONCEITO
A hospitalização pode desencadear no indivíduo sentimentos negativos, insatisfação
e mesmo ansiedade, pois este ao deparar-se com um problema de saúde acaba por ficar
impedido de desempenhar as suas actividades diárias e, concomitantemente, a distância do
convívio familiar e o facto de ter que permanecer, mesmo que temporariamente, num
ambiente com normas e rotinas ao qual não está habituado agudizam, esta situação
(Oliveira & Guirardello, 2006). Silva & Graziano (1996) acrescentam que, quando o indivíduo
é hospitalizado, passa a participar de um grupo social particular de pessoas internadas,
onde são impostos papéis caracterizados por acentuada dependência da equipa de saúde,
ter o espaço físico limitado ao seu quarto ou leito, ter que deixar de usar as suas roupas e
objectos pessoais e ter horário, determinado pelo profissional de saúde para suas
actividades.
Conhecer a percepção do doente sobre os cuidados recebidos tem sido uma
preocupação dos pesquisadores e profissionais responsáveis pela assistência a esses
pacientes (Oliveira & Guirardello, 2006).
31
Efectivamente, a satisfação dos doentes com os cuidados recebidos tem vindo a
afirmar-se como um aspecto central nas organizações que se preocupam em melhorar
continuadamente a qualidade dos seus serviços (Martins, 2009a). Este assunto tem sido
abordado por inúmeros autores mas está ainda longe de ser um tema consensual
(Rodrigues, 2009).
As pesquisas sobre satisfação relativamente aos cuidados de saúde tiveram início na
década de 50 e foram realizadas pelos sociológos Parsons, Szasz e Hollender (Cardoso,
2002). Estes estudos basearam-se na relação médico-doente, entendendo-se a satisfação
dos doentes como a continuidade de cuidados ou a intenção de seguir o tratamento
prescrito (Sepúlveda, 1998). Todavia, foi já na década de 80 que a opinião dos doentes
passou a ser progressivamente mais valorizada e respeitada, começando a ser vista como
um importante indicador da qualidade dos serviços de saúde, incluída no âmbito da
qualidade dos cuidados (Rodrigues, 2009).
Donabedian (1980) dá ênfase a esta questão, considerando que a satisfação dos
doentes deverá ser considerada um indicador de relevo para a avaliação da qualidade dos
cuidados de saúde. Pelo exposto, constata-se que a opinião do doente tem vindo a ser cada
vez mais considerada no domínio científico, no sentido de monitorizar a qualidade dos
serviços de saúde.
O conceito “satisfação dos doentes”, apesar de amplamente falado, não tem sido,
muitas vezes, correctamente definido e clarificado por investigadores (Rodrigues, 2009).
Na revisão da literatura efectuada por Farjuhar em 1987, por exemplo, apenas um
autor, Fitzpatrick, até àquela data tentara definir a satisfação na vertente dos doentes:
“unqualified approval by the patient of the topic being scored” (Farjuhar apud Pego, 1998:
p.94). Nos tempos actuais existem muitas mais definições para a satisfação na área da
saúde, todavia como Mack et al. (1995) salientam, essa proliferação reflecte, por norma,
uma construção inadequada ou pobremente operacionalizada.
32
De seguida são apresentadas algumas das inúmeras definições de “satisfação dos
doentes” que proliferam na literatura.
Para Rossi (1987), a satisfação dos doentes em relação aos serviços de saúde é a
resposta, cognitiva e emocional à avaliação que faz dos cuidados prestados pelos
profissionais de saúde durante o período em que, na qualidade de doente, usufruiu do
serviço de saúde.
Segundo, Fitzpatrick & Hopkins (1997), a satisfação dos doentes é medida, de igual
modo, pela avaliação dos cuidados recebidos por parte destes, contendo reacções
emocionais e cognitivas. Nagy & Wolfe (1984), consideram ainda que os modelos teóricos
existentes para explicar estes constructos são insuficientes, todavia, a satisfação com os
serviços tem vindo a afirmar-se, gradualmente, como uma das áreas prioritárias na
avaliação e garantia da qualidade dos cuidados de saúde.
Para Duarte (2000), esta é entendida como uma atitude, uma resposta efectiva
relacionada com os atributos da prestação de cuidados e com a avaliação que o doente faz
desses atributos ou como uma reacção emocional que reflecte o quanto o doente gostou ou
não do serviço que recebeu.
Ribeiro (2003), por seu turno, salienta que o conceito de satisfação do doente é um
termo sumário que, numa perspectiva teórica, se refere ao conjunto variado de reacções
deste em relação à experiência dos cuidados de saúde e tem em si uma utilização
complexa, ou seja é entendido sob vários ângulos, assumindo diferentes significados em
diferentes contextos, pelo que é subjectivo e dinâmico, com forte valor cultural e por isso
sujeito a constantes mutações.
Lucas (2002) acrescenta que a satisfação com os cuidados de saúde, se fundamenta
na forma como eles são: adequados, apropriados, aceitáveis e agradáveis podendo também
ser entendida como uma “observação da discrepância entre a expectativa do serviço e a
experiência dos doentes pelo serviço recebido” (Lucas, 2002: p.28; Tahara et al., 1997:
p.501).
33
Face ao exposto, pode-se verificar que em todas estas definições há uma tónica de
parâmetros pouco objectivos, na medida em que a satisfação se entende pela comparação
de características da experiência individual com bases subjectivas, tais como o estilo de
vida, as experiências passadas, expectativas futuras e valores individuais ou da sociedade
(Pascoe, 1983). Na grande maioria dos modelos propostos na literatura, a satisfação dos
doentes é, então, conceptualizada no âmbito de uma modelização de um determinado valor
perspectivado ou como o resultado da comparação entre as expectativas e o desempenho
ou resultado apercebido (Rodrigues, 2009).
Após a reflexão sobre a conceptualização do conceito de “satisfação dos
doentes”, será seguidamente discutida a importância da sua avaliação.
3.2.
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS DOENTES
Apesar de ter sido outrora desprezada, a avaliação da satisfação dos doentes tem
vindo, de modo gradual, a ser reconhecida como um reflexo legítimo da efectiva qualidade
de cuidados (Rodrigues, 2009). Embora não possa ser considerada uma medida directa da
qualidade dos cuidados de saúde, segundo Gassée “a sua medição é útil, porque permite
identificar incontestavelmente as áreas de actividade hospitalar a necessitarem de acções
correctivas” (Pego, 1998: p.92).
Como a satisfação do doente tem sido considerada, nas últimas décadas, um dos
critérios para a avaliar a qualidade do cuidado nos serviços de saúde (Young, Meterko &
Desai, 2000; Mezomo, 1993), leva a que uma das preocupações dos investigadores tenha
sido conhecer a percepção do doente relativamente aos cuidados recebidos (Han, Connoly
& Cahan, 2003). Isto ocorre não só pelo facto da satisfação do doente ser um factor
importante para aumentar a qualidade dos serviços prestados e ter efeitos na conduta dos
profissionais que prestam o cuidado (Mezomo, 1993), mas também porque pode afectar o
próprio processo de saúde/doença do indivíduo (Cleary & McNeil, 1998).
34
Em Portugal, de acordo com a actual Lei de Bases da Saúde, o nível de satisfação é
um elemento importante da avaliação do funcionamento dos órgãos ou serviços
dependentes do Ministério da Saúde, já que cada vez mais se considera que a informação
relativa à satisfação do doente é tão indispensável para a avaliação da qualidade como para
o planeamento, gestão e administração dos sistemas de cuidados de saúde, uma vez que
esta avaliação pode permitir detectar os “pontos fracos” do sistema de saúde, que
necessitam de correcções (Lucas, 2002; Mezomo, 1993).
De acordo com a pesquisa realizada, constatou-se que para além de ser considerada
como um indicador importante para medir a qualidade de uma instituição, esta é também
entendida noutro ponto de vista por diversos autores. De facto, um dos objectivos dos
cuidados de saúde é a satisfação dos doentes, que concomitantemente, com a recuperação
da doença ou melhoria dos problemas clínicos apresentados, é um factor assaz valorizado
no controle da doença, na medida em que um doente satisfeito com o seu tratamento
colabora mais facilmente nos cuidados (Donabedian, 1986). Deste modo, para além de ser
entendido com um indicador da qualidade dos cuidados recebidos, vários autores afirmam
que a satisfação com os cuidados de saúde está directamente relacionada com os
resultados finais prestados. Um desses autores é Amaral (2002), que alega que o nível de
satisfação dos doentes é importante, não só porque corresponde a um direito que lhes
assiste, mas também porque constitui uma importante determinante da adesão ao
tratamento. Nesta perspectiva, a satisfação dos doentes com os serviços de saúde afecta os
seus comportamentos subsequentes, na medida em que influencia a relação profissionadoente, futura utilização dos serviços e vários resultados do cuidar, como a adesão
terapêutica (McIntyre & Silva, 1999). Barlett, Grayson & Barker (1994), acrescentam ainda
que os doentes satisfeitos participam mais no tratamento e cooperam mais nos serviços,
seguindo as orientações de tratamento. Por seu turno Ferreira et al. (2003), são da opinião
que os doentes que estão mais insatisfeitos com os cuidados de saúde estão mais
predispostos a não seguirem as indicações dos profissionais de saúde e podem mesmo
mostrar melhorias pouco significativas devido à não continuidade dos cuidados. Também
35
Tahara et al. (1997: p.501), referem que “os doentes satisfeitos são mais fiéis ao tratamento
e os níveis de cumprimento afectam outros factores como: a própria saúde, a continuidade
do tratamento, frequência e tempo de hospitalização”.
A satisfação do doente pode não ter efeitos terapêuticos específicos, mas o facto de
diminuir a ansiedade e aumentar o sentido de controlo sobre os acontecimentos pode
coadjuvar numa recuperação mais rápida o que significa que pode contribuir para uma
melhor qualidade de vida (Renzi et al., 2005).
Ainda relativamente à importância da avaliação da satisfação dos doentes, e no caso
específico das pessoas com doença crónica, nomeadamente os doentes oncológicos, se por
um lado parece haver uma certa tendência para que estes doentes se tornem “especialistas”
na sua doença, tornando-se muito críticos com os cuidados prestados (Rodrigues, 2007),
por outro lado, estes encontram-se muito dependentes dos seus médicos e são, muitas
vezes, demasiado benevolentes e relutantes em criticar os vários aspectos dos cuidados
que lhes são prestados (Negrão, 2003). Assim, relativamente à questão da adesão ao
tratamento que já foi referida anteriormente, não se coloca da mesma forma que se coloca,
por exemplo, para os doentes diabéticos ou com hipertensão arterial. De facto existe uma
ideia já vulgarizada de que a doença oncológica é uma doença que constitui uma forte
ameaça à vida, pelo que a adesão ao tratamento tende a ser maior, e por isso, embora
existam alguns casos, é raro o doente que se recusa a fazer tratamento de quimioterapia ou
que os interrompe depois de já os ter iniciado (Koocher apud Ribeiro, 1998).
No que concerne aos grupos profissionais que prestam cuidados aos doente,
especificamente os enfermeiros, a questão da avaliação da satisfação dos doentes com os
cuidados recebidos é assaz importante e constitui uma grande responsabilidade, já que está
demonstrado que o grau de satisfação do doente se encontra muito relacionado com a
qualidade dos cuidados de enfermagem nele prestados (Wolf apud Carvalho & Marçal,
1994). Os doentes entendem que o enfermeiro tem um papel central nos seus cuidados
36
(Staniszewska & Ahamed, 1999) e estas expectativas não estão apenas relacionadas com
os seus conhecimento e competências, mas também com os cuidados personalizados
(Johansson, Olén & Fridlung, 2002). Segundo estes autores, os doentes têm expectativas
que o enfermeiro seja o seu parceiro e conselheiro, que tenha uma atitude empática e
competências de comunicação, assim como seja capaz de providenciar a informação
necessária, enquanto os orienta sob o ponto de vista emocional e físico durante a estadia no
hospital.
Para os médicos, que geralmente acompanham os doentes desde as primeiras
consultas, esta questão da avaliação da satisfação com os cuidados também é importante,
na medida em que se os doentes se sentirem satisfeitos com os cuidados recebidos,
tendem a manter uma relação continuada com esse profissional, o que é relevante num
ambiente cada vez mais competitivo, em que a fidelização dos doentes se torna cada vez
mais necessária (Negrão, 2003). No entanto, deve-se ter também em conta que, “os
doentes a maior parte das vezes não tem condições de avaliar a competência técnica do
pessoal de saúde, pelo que os doentes podem ser influenciados por factores “não-médicos”
como as habilidades interpessoais” (Tahara et al., 1997: p.502). Assim, um profissional de
saúde simpático pode fazer com que o doente fique muito satisfeito, mas isso poderá servir
também para mascarar uma qualidade técnica duvidosa (Rodrigues, 2007).
Uma outra questão importante a reflectir é o modo como a avaliação da satisfação é
realizada.
Actualmente, a avaliação da satisfação dos doentes é feita pelo uso de inquéritos, no
entanto, convém, frisar que vários autores salientam que existem riscos dos inquéritos
poderem disponibilizar dados erróneos ou conduzir a conclusões falaciosas (Rodrigues,
2009). Esta situação pode, por exemplo, encontrar-se associada com a forma, com a altura,
com o local em que as questões foram formuladas, com a disponibilidade e vontade de
responderem ao questionário ou com comparações de dados recolhidos por diferentes
técnicas ou de diferentes populações (Idem). Todavia, até hoje não foi encontrada uma
37
melhor forma de aferir a satisfação dos pacientes do que questioná-los sobre as suas
expectativas e experiências com os cuidados recebidos (Cohen et al., 1996).
A avaliação da satisfação dos doentes com os cuidados recebidos durante o
internamento é cada vez mais uma necessidade premente. Todavia, são ainda poucos os
instrumentos que possibilitam fazer essa avaliação na população portuguesa (Martins,
2009b). Apesar de ser um instrumento relativamente recente, o EORTC IN-PATSAT 32 tem
demonstrado possuir a robustez necessária à sua utilização em investigação científica
(Idem). É um instrumento de 32 itens criado pela EORTC, destinado a avaliar a satisfação
dos doentes com os cuidados recebidos no internamento hospitalar, a partir de três
dimensões: satisfação com os cuidados recebidos dos médicos, dos enfermeiros e com os
aspectos organizacionais e serviços (Ibidem).
No ponto seguinte irão ser abordadas as razões que, habitualmente, são invocadas
para se ouvirem as opiniões dos doentes e sobre os argumentos quanto à capacidade
destes para fornecerem uma informação válida quanto à qualidade dos cuidados de saúde
recebidos.
3.3.
A VOZ DOS DOENTES
Actualmente, continua a não ser totalmente consensual a satisfação do doente na
avaliação da qualidade dos cuidados recebidos (Filho, 1990) e existem, autores como
Wears (2005) muito cépticos à medição do nível da satisfação.
Davies & Ware (1988) efectuaram uma descrição exaustiva do que é habitualmente
referido por vários autores para menosprezar a informação disponibilizada pelos doentes.
De um modo sucinto, estes autores dão os seguintes argumentos críticos à validade da
informação disponibilizada pelos doentes:
38
1.
Revela mais sobre os pacientes (características dos doentes) do que sobre a
qualidade dos cuidados prestados.
2.
Tem em conta mais a quantidade do que a qualidade dos cuidados prestados.
3.
É influenciada pela simpatia dos prestadores (influência, na pontuação
técnica, da relação interpessoal).
4.
A natureza e o grau de dependência dos cuidados podem condicionar o
paciente
(medo de represálias, dificuldade em recordar aspectos passados ou na medição de
fenómenos subjectivos).
6. Existe falta de precisão dos pacientes em relembrar alguns aspectos do
processo de prestação de cuidados de saúde, considerando-se, em particular, que os
inquéritos e as entrevistas directas não são meios perfeitos para a medição de fenómenos
altamente subjectivos.
Para além destes autores, também Monteiro (1991) salienta que a falta de
conhecimentos dos doentes para avaliar com precisão a competência técnica com que são
prestados os cuidados, bem como o seu estado emocional ou físico que envolve a
prestação, não lhes permite compreender as finalidades deste. Vuori (1987) também faz
referência ao medo de represálias, a dificuldade em recordar fenómenos passados e a
dificuldade em medir fenómenos subjectivos. Por outro lado, o julgamento feito pelo doente
pode ainda ser influenciado pelas relações interpessoais do prestador de cuidados, uma vez
que um bom relacionamento com o doente pode sobrepor-se a cuidados técnicos de
qualidade questionável (Idem).
Na opinião de Monteiro (1991), nenhum destes argumentos deve ser ignorado. No
entanto, deverão tão somente temperar a nossa visão do doente e não reduzir ou aniquilar a
avaliação feita pelo mesmo, comprometendo os resultados dos estudos realizados. Deste
modo, apesar de nem todos partilharem a mesma opinião relativamente à importância e
validade da informação disponibilizada pelos doentes quanto à satisfação com os cuidados
39
recebidos, tem-se assistido a um aumento crescente da utilização de inquéritos à satisfação
dos doentes (Rodrigues, 2009). Efectivamente, são vários os autores que consideram que o
doente deve ser servido como cliente, logo deve ter uma opinião, uma voz no processo de
prestação de cuidados, e para isso o doente não se pode comportar como um passivo
receptáculo dos cuidados prestados, mas antes como um consumidor (Rodrigues, 2007).
Davies e Ware (1988) realizaram também uma lista exaustiva de argumentos de
aceitação da validade da informação disponibilizada pelos doentes de modo a ultrapassar as
limitações supracitadas, nomeadamente:
1.
Para prestarem uma informação precisa relativamente à qualidade, os
doentes não necessitam de serem avaliadores qualificados.
2.
Os custos envolvidos na obtenção da avaliação de qualidade a partir destes
são extremamente mais baixos face a quaisquer outras alternativas.
3.
A informação disponibilizada por estes é única e não estaria disponível de
outra forma.
Os autores supracitados, após terem analisado os argumentos tanto pró, como
contra a validade da informação disponibilizada pelos doentes, entendem que os possíveis
enviesamentos que resultem das características pessoais não são suficientemente fortes
para invalidarem as avaliações fornecidas pelos doentes.
Na literatura dá-se, assim, cada vez maior importância à voz do doente. Segundo
Sepúlveda (1998: p.38), “reconhece-se aos doentes o papel de supremo juiz e de fonte
única de informação”. Ferreira et al. (2003) corrobora, afirmando que os doentes têm
capacidade de emitir opiniões sobre em que medida os cuidados de que foram alvo
contribuíram para melhorar o seu estado de saúde e QdV, já que de entre os vários
intervenientes que utilizam os serviços de saúde, o doente assume um papel fundamental,
pois é este quem recebe directamente a prestação de cuidados e quem pode fazer uma
avaliação de cuidados que recebeu, bem como do impacto desses mesmos cuidados.
40
Segundo Silva et tal. (2005), ouvir a voz do doente não só passará a ser uma
necessidade da qualidade que se pretende alcançar, mas também possibilitará um
aperfeiçoamento da dignidade deste, enquanto cidadão e consumidor de cuidados.
No ponto seguinte ir-se-á reflectir sobre os determinantes da satisfação que são,
geralmente, mais avaliados.
3.4.
FACTORES
DETERMINANTES
DA
SATISFAÇÃO
COM
OS
CUIDADOS
RECEBIDOS
Na identificação dos factores/variáveis que mais influenciam a satisfação do doente
ainda persistem dúvidas, porém, parece haver acordo entre diversos autores no que
concerne à natureza multidimensional da satisfação dos doentes, já que estes emitem
opiniões muito divergentes sobre os cuidados da saúde (McIntyre & Silva, 1999).
Face ao exposto, torna-se imperioso fazer uma síntese relativamente aos factores
que, ao longo dos anos, vários investigadores têm afirmado, influenciarem a satisfação dos
doentes.
Ware, Davies-Ware, Stewart (1978) desenvolveu uma taxonomia da satisfação dos
doentes com oito dimensões/variáveis, nomeadamente: o comportamento entre profissional
e doente, a qualidade técnica dos cuidados, acessibilidade, ambiente físico, financiamento
ou forma de pagamento dos serviços, disponibilidade dos profissionais de saúde,
continuidade e resultado dos cuidados.
Linder-Pelz (1982) identificou dez factores análogos aos encontrados por Ware,
sendo
eles:
a
acessibilidade,
disponibilidade
de
recursos,
ambiente
agradável,
financiamento, competência profissional, continuidade de cuidados, resultados dos
cuidados, humanidade, recolha de informação, dádiva de informação.
Cleary & McNeil (1988), por sua vez, salientaram as seguintes determinantes da
satisfação dos doentes:
41
1 - Características sócio demográficas, nomeadamente a idade, o estado civil, o
género, a raça, a educação, a actividade profissional, o rendimento, a classe social e a
dimensão do agregado familiar.
2 - Estado físico e psicológico do doente. Segundo Rubin (1990), o estado de
saúde, o estado psicológico e a gravidade da doença podem afectar a percepção dos
cuidados prestados e condicionar os próprios resultados desses mesmos cuidados.
3 - Estrutura do serviço, incluindo as condições físicas e orgânica funcional.
4 - Acessibilidade e continuidade dos cuidados, relacionado por exemplo com os
tempos de espera e facilidades no atendimento. A continuidade dos cuidados é definida em
função da sua frequência, tendo em conta a mesma organização, a mesma localização e o
mesmo prestador e, raramente, é ainda definida pela existência de um registo clínico no
conjunto de todas as visitas do doente (Ware, Davies-Avery & Stewart (1978).
5 - Processo, no qual se inserem a competência técnica e qualificações dos
profissionais de saúde. Cleary & McNeil (1988) e Carolino (1994) argumentam que apesar
da dificuldade na avaliação de algumas características mais técnicas, o processo é dos
aspectos mais influentes na satisfação dos doentes.
6 - Aspectos interpessoais: o aspecto do cuidado médico mais estudado está
relacionado com a comunicação (precisão e quantidade) médico-doente. A percepção dos
doentes da preocupação e da sensibilidade dos médicos para com as suas necessidades
acaba por se reflectir na sua satisfação. De frisar, que a satisfação com os cuidados de
enfermagem determina fortemente a satisfação com o cuidado hospitalar no geral.
7 - Resultados, como a melhoria do estado de saúde.
8 - Atitudes de expectativas sobre os cuidados de saúde. De acordo com o
conhecimento prévio dos recursos técnicos, humanos e organizacionais, os doentes criam
expectativas relativamente à satisfação das suas necessidades. Existem autores que
realçam a comparação entre as expectativas e os resultados apercebidos (Strasser,
Aharony & Greenberger, 1993). Para Hjortdahl & Laerum (1992), se a experiência do doente
com os cuidados recebidos, está abaixo das suas expectativas, pode-se afirmar que o
42
doente está insatisfeito com os cuidados, ou seja, a insatisfação dos doentes traduz-se pelo
grau em que os cuidados ficam aquém das suas expectativas. No entanto, quando a sua
experiência com os cuidados recebidos supera as suas expectativas, o doente encontra-se
satisfeito e esta satisfação vai-se manifestar pelo grau em que o serviço dá resposta às suas
expectativas (Idem).
Roter (1989) fez uma revisão de 41 estudos tendo verificado que o factor mais
importante para a satisfação dos doentes é a informação do médico acerca do seu problema
de saúde, bem como o seu tratamento. O autor supracitado e Carolino (1994), consideram
aspectos da comunicação e da informação dada ao doente como determinantes na
satisfação dos doentes com os cuidados recebidos. A comunicação e a informação são, de
facto, aspectos importantes para que os indivíduos se sintam satisfeitos com os cuidados
que lhes são prestados. Ley (1997) afirma que parece existir uma correlação positiva entre o
nível de informação e o nível de satisfação dos doentes. De acordo com os estudos de
Smith, Polis e Hadac, “quanto maior era a quantidade de informação fornecida pelo médico
maior era o grau de satisfação do doente” (Amaral, 2002, p.68). Todavia, na prática, esta
correlação, só é verdadeira até determinado ponto, uma vez que a transmissão de
informação em demasia é ineficaz, pois os doentes habitualmente não compreendem ou
não se lembram de tudo o que lhes foi transmitido (Couvreur, 2001; Ley, 1997). Nesta linha
de pensamento, Buena-Casal & Moreno (1999) acrescentam ainda que numa fase inicial do
diagnóstico da doença, a transmissão de informação em demasia pode aumentar os níveis
de ansiedade.
Relativamente à variável informação, convém ressalvar que será dado uma ênfase
especial no próximo tópico.
Outros autores, como Wilkin, Hallan & Doggett (1993), distinguem, no seu estudo,
apenas quatro factores, determinantes da satisfação, nomeadamente: a conduta do médico,
a utilidade dos cuidados, a continuidade/conveniência dos cuidados e acessibilidade a
estes. Sepúlveda (1998), frisou a facilidade de acesso aos cuidados, amenidades e
dimensões clínicas dos cuidados prestados, nomeadamente a quantidade e qualidade de
43
esclarecimento e informações, a disponibilidade, o envolvimento do doente no processo, o
atendimento, a confiança e a continuidade dos cuidados. Ferreira (2001), num estudo em
cuidados de saúde primários, identificou cinco determinantes, tais como: relação e
comunicação, cuidados médicos, informação e apoio, continuidade e cooperação e
organização dos serviços.
Ribeiro (2003), relativamente à satisfação com os cuidados de enfermagem salienta
a qualidade na assistência, envolvimento do doente, individualização da informação dos
recursos, promoção do elo de ligação e formalização da transmissão da informação.
Florentim (2006) identificou quatro dimensões: recursos humanos, higiene do serviço,
simpatia do pessoal e resultados práticos da consulta.
Pelo exposto, é facilmente perceptível a complexidade dos factores que influenciam
a satisfação. A satisfação dos doentes com os cuidados de saúde recebidos é uma área
efectivamente
importante,
pois
esta
expressa-se
em
atitudes
que
reflectem
o
comportamento em saúde. A satisfação dos doentes com os cuidados recebidos tem assim,
vindo a afirmar-se gradualmente, como uma das áreas prioritárias na avaliação e garantia
da qualidade dos cuidados de saúde (Nagy & Wolfe, 1984). Todavia, a ausência de uma
base teórica conceptual unânime conduz a que os resultados da sua avaliação sejam de
difícil interpretação. Neste presente estudo, optou-se por se usar a escala da EORTC INPATSAT 32 que se encontra subdividida nas três dimensões: satisfação com os cuidados
recebidos dos médicos, dos enfermeiros e com os aspectos organizacionais e serviços.
De acordo com o que já foi referido anteriormente, de seguida dar-se-á maior ênfase
à “informação”, enquanto factor determinante da satisfação dos doentes com os cuidados
recebidos.
44
4.
A INFORMAÇÃO E O DOENTE ONCOLÓGICO
A polémica a respeito de informar ou não os doentes oncológicos sobre a sua
situação remonta já aos tempos da Grécia Antiga (Reiser, 1980) e tem perdurado ao longo
de toda a história da medicina. Porém, só a partir das últimas décadas o tema foi alvo de um
elevado número de estudos e investigações (Dias, 1997).
No domínio da relação médico-doente tem sido normalmente aceite que,
historicamente predominou um tipo de relação usualmente designada de paternalista
(Laranjeira, 2007). Nesta relação, o doente é colocado num papel passivo e dependente,
apenas devendo colaborar com o médico com vista à sua cura (Brody, 1980), ao passo que
o médico, define prioridades, toma a iniciativa de avaliar o estado de saúde do doente e
controla-o com autonomia e dominância profissional, graças ao corpus de conhecimento que
é detentor (Dias, 1997).
No século XVIII começaram a esboçar-se as primeiras criticas à concepção
paternalista da relação médico-doente, sendo que uma das primeiras figuras a atacar esta
concepção foi John Gregory, professor de prática médica que defendeu que o ser humano
adulto tem direito a receber informação médica e a decidir sobre o seu corpo, a sua saúde e
a sua vida (Beauchamps & McCullough, 1987).
Nos princípios do século XIX, o médico inglês Thomas Percival, acrescentou que o
direito do doente saber a verdade deverá ser suspenso ou mesmo anulado se a revelação
de informação prejudicar a saúde e equilíbrio físico e psíquico do doente, da sua família ou
comunidade (por exemplo, em situações de diagnóstico e prognóstico graves) (Idem).
Nos tempos actuais fala-se em limitar o direito de autodeterminação da pessoa,
protegendo-a de informações “indesejáveis” (Martins, 2004). Esta situação é habitualmente
denominada de privilégio terapêutico (Serrão, 1996; Hubaux, 1998; Antunes, 1998; Silva,
2000 apud Martins, 2004) que só pode ser utilizada no interesse do doente.
De realçar que os critérios de Percival foram adoptados pela maioria dos médicos da
altura, sendo também graças a estes princípios que o primeiro código ético da American
45
Medical Association (AMA), publicado em 1847, divulgou nitidamente as recomendações de
Percival (Dias, 1997). Todavia, até à primeira metade do século XX, a tendência oficial da
medicina era a de misturar a verdade com a falsidade, para possibilitar que o doente
prosseguisse a sua vida com ânimo (Collins apud Gracia, 1989), registando-se argumentos
pontuais a favor da revelação do diagnóstico. As tendências a favor de um modelo de
responsabilidade partilhada, no qual o doente tem uma posição participada no diálogo
médico, começaram a surgir a partir dos anos 50 do século passado, principalmente nos
países anglo-saxónicos (Blanchard et al., 1981; Cassileth et al., 1980a; Cohen et al., 1982;
Fitts & Radvin, 1953; Friedman, 1970; Hardy et al., 1980; Novack et al., 1979; Oken, 1961;
Rennick, 1960). No entanto apenas a partir da década de 70 parece observar-se uma
mudança de atitude por parte dos médicos face a esta questão.
Esta relação entre profissionais de saúde e doente modificou-se, fundamentalmente
devido à mudança operada ao nível dos modelos tradicionais da relação médico-doente, ao
maior tempo de sobrevivência dos doentes oncológicos, como resultado dos admiráveis
progressos da medicina, quer ao nível do diagnóstico, quer do tratamento, bem como pelas
enormes alterações sociais e culturais que atribuíram realce aos direitos e liberdades
individuais (Laranjeiro, 2007; Martins, 2007b). A Declaração Universal dos Direitos do
Homem, em 1948, e a Convenção Europeia para a salvaguarda dos direitos do Homem e
das Liberdades Fundamentais, em 1950, foram documentos importantes neste processo
(Dias, 1997).
A importância relativamente aos direitos dos doentes surgiu com a Carta de Direitos
do Doente (CDD), aprovada pela OMS em 1966 e pelo Ministério da Saúde Português em
1997 (Martins, 2007a). Esta reporta-se a vários direitos que visam proteger a autonomia do
doente, sendo que, especificamente no art.º 6º, consta que “O doente tem direito a ser
informado sobre a sua situação de saúde” (Idem). São vários os estudos que demonstram
que os doentes desejam ser informados (Deber, Kraetschmer & Irvine 1996; Doyal, 2001;
Martins, 2003). Os defensores destes novos posicionamentos têm procurado realizar
numerosas investigações, no intuito de comprovar cientificamente a necessidade de
46
oferecer um maior nível de informação ao doente oncológico (Laranjeira, 2007). Acresce
que, para além do maior tempo de sobrevida, o que importa, é fomentar a qualidade de vida
dessa mesma sobrevivência, defendendo-se a ideia de que o acto de informar constitui um
relevante mecanismo de prossecução desse objectivo (Idem).
Um outro factor que faz despertar o interesse pela informação médico-doente, é o
facto de actualmente, o cancro poder ser inserido no contexto das doenças crónicas, o que
pressupõe um contacto periódico e prolongado entre médico-doente, dificultando
naturalmente o recurso a estratégias de ocultação da informação por parte dos profissionais
de saúde (Durá, 1990; Carapinheiro, 1993).
Estas mudanças de atitude, quer por parte dos médicos, quer dos doentes,
conduziram a questões de natureza polémica entre as quais se inserem a de saber se os
doentes querem realmente saber a verdade e, também, que consequências, positivas ou
negativas, poderá ter o facto de se revelar o diagnóstico a um doente oncológico (Dias,
1997). A este propósito, Holland referia: “Agora dizemos. Mas como o fazemos?” (Idem).
Efectivamente, ao doente tanto assiste o direito de conhecer a verdade sobre a sua
doença como o de a não conhecer, pelo que ao médico incumbe a árdua tarefa de,
mediante o diálogo, descobrir com o maior rigor possível, qual é a verdadeira posição do
doente face ao exercício desse direito (Ibidem).
Entendendo que o doente quer ser informado sobre o seu estado de saúde e quais
tratamentos deverá seguir, convém ressalvar que, e de acordo com a CDD, se deve ter em
conta, não apenas a quantidade de informação que se transmite ao doente, mas também a
forma através da qual isso é feito, uma vez que “informar não é apenas transmitir
informação. Informar pressupõe uma atitude profissional de quem transmite, acompanhando
o doente e pessoas significativas nas vicissitudes do seu processo de adaptação à
informação” (Parente, 2004, p.23).
Assim, não se pode descurar que a informação a transmitir deve ser clara, evitando
designações científicas incompressíveis, abrangente em relação ao diagnóstico, provável
evolução da doença e tratamentos previstos (Martins, 2008). Relativamente à forma de a
47
transmitir, deve-se ter em atenção a personalidade do doente, o seu grau de instrução, as
suas atitudes e esperanças (Idem).
Numerosos estudos têm procurado demonstrar que dar informações aos doentes
tem consequências positivas (Laranjeira, 1997). Segundo Pegacha (1999), um doente bem
informado, além de se sentir mais satisfeito, estará também suficientemente motivado e
preparado para se envolver na planificação dos cuidados que pretende receber.
Os resultados de vários trabalhos, parecem evidenciar que falar com os doentes
acerca da doença constitui não só um modo de os envolver no processo de tratamento, mas
também de clarificar dúvidas acerca da doença no sentido dos informar/educar (Pereira &
Lopes, 2005). Vários estudos demonstraram que os doentes desejam receber informação,
pelo menos a que se mostrar adequada às suas estratégias de coping (Cassileth et al.,
1980b; Reynolds et al., 1981; Schain, 1980; Spencer, 1981), e que o facto de dar informação
aos doentes não conduz às consequências nefastas que os médicos temem mas, pelo
contrário, repercute-se positivamente no bem-estar psicossocial destes (Alfidi, 1971;
Henriques, Stadil & Baden, 1980; Ley, 1982). A transmissão de informação trata-se de uma
fonte de suporte e pode actuar como um meio de desmistificação do estigma associado à
doença (Pereira & Lopes, 2005).
Um estudo de Cassileth et al. (1980b) conclui que os doentes oncológicos pretendem
mais informação após o diagnóstico, no intuito de ganharem autocontrolo. Ley (1982)
conclui que a noção de que a informação deve ser ocultada ao doente por razões de medo,
ansiedade, perda de esperança ou depressão pode ser disputada teórica e empiricamente.
Importa, assim, transmitir ao doente oncológico informação adequada e verdadeira sobre os
cuidados que deve cumprir, oferecendo uma explicação sobre o seu estado de saúde e os
procedimentos médicos de que vai ser alvo (Pereira & Lopes, 2005).
Actualmente assiste-se ao facto de o médico não ser a única fonte de informação a
que o doente recorre (Laranjeira, 1997). Na verdade, o médico é o único que pode
prescrever medicamentos e penetrar no corpo do doente, pelo que aos outros profissionais
é deixada a possibilidade de falar com os doentes, mas sem os poder penetrar física e
48
quimicamente (Idem). Com efeito, o doente para obter a informação que deseja e que não
consegue obter dos médicos, recorre por vezes aos enfermeiros, que são percepcionados
como os profissionais mais acessíveis (Sainio, Eriksson & Lauri, 2001). Como acrescentam
(Lamau, 1998; Osswald, 2000), no que concerne ao relacionamento do doente com o
enfermeiro, este é, comparando este último com o médico, tendencialmente de maior
proximidade. Na origem dessa proximidade estão vários factores, tais como o maior tempo
de permanência na enfermaria, um bom sistema de transmissão da informação, o próprio
estatuto social, mais próximo do doente que o estatuto do médico, o facto de o enfermeiro
ter de entrar muitas vezes na intimidade do doente e ainda, porque a sua principal função é
fazer aquilo que o doente faria se para isso tivesse a força, vontade e os conhecimentos
necessários, o que lhe confere um papel inigualável de proximidade, de confiança e de
ajuda (Martins, 2004). Refere, ainda, Osswald (2000: p.43) que, o doente “sente-se mais à
vontade, ousa contar e perguntar o que talvez silencie perante o médico, pede explicações e
opiniões de natureza diagnóstica, terapêutica e prognóstica”.
No que concerne à relação profissional de saúde/doente, vários estudos têm
atestado o efeito benéfico das intervenções destinadas a melhora-la em áreas como a QdV,
a dor, o status funcional, o bem-estar, os níveis de ansiedade e depressão (Martins, 2009a).
Na prática, a maioria dos enfermeiros tem exemplos práticos, nesta área que
demonstram que informação e atenção ao doente são tão importantes como o analgésico, o
relaxante ou o antidepressivo, entre outros (Idem).
Relativamente à satisfação com os cuidados recebidos, segundo o estudo de Martins
(2008), conclui-se que existe uma correlação positiva e de elevada significância estatística
entre a satisfação dos doentes com os cuidados recebidos durante o internamento e a sua
informação que detêm sobre a doença.
Outro factor que parece ter também uma grande influência na satisfação do doente
com os cuidados recebidos é a forma como é realizada a transmissão de informação
aquando da admissão do doente no serviço, uma vez que quanto melhor for a admissão
melhor será o nível de satisfação dos doentes (Melo, 2001). Assim, a primeira imagem do
49
serviço com que o doente fica, é muito importante, pois, de acordo com Elhart, “toda a gente
sabe que as primeiras impressões são por vezes as que mais perduram, pelo que os
profissionais de saúde deverão envidar os maiores esforços no sentido de exteriorizarem
interesse, simpatia e compreensão durante os primeiros momentos que o doente passa no
hospital” (Moreira, Castanheira & Reis, 2003, p.30). É pois importante que esta primeira
imagem com que o doente fica no momento da admissão seja a “imagem de disponibilidade
(por parte da equipa de saúde) para o esclarecimento de dúvidas, de alguém que domina o
ambiente onde o doente vai ficar internado e de alguém que pode fornecer informações e
que estará sempre presente quando o doente necessitar” (Pegacha, 1999: p.200).
Ao longo do internamento do doente, a informação a transmitir deverá ter em conta a
alta para o domicílio. A preparação da alta como garantia da continuidade de assistência
aos doentes após a hospitalização é fulcral e, sempre que possível, o profissional de saúde
deve envolver a família neste processo (Miasso & Cassiani, 2004).
50
PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO
51
1. METODOLOGIA
Neste capítulo serão descritos os métodos a que se recorreu para se obter resposta
à problematização inicial que motivou o desenvolvimento deste estudo. Neste sentido, serão
apresentadas as questões e hipóteses formuladas. Segue-se a definição das variáveis em
estudo, bem como a apresentação do instrumento utilizado na colheita de dados. Por fim,
será descrito o processo de colheita de dados, assim como indicadas as técnicas e medidas
estatísticas que foram adoptadas.
TIPO DE ESTUDO
Com este estudo pretende-se analisar a qualidade de vida dos doentes oncológicos
submetidos a cirurgia, a satisfação destes com os cuidados recebidos durante o
internamento e a satisfação em relação à informação sobre a doença e verificar se a
qualidade de vida destes doentes está relacionada com a satisfação com os cuidados
recebidos durante o internamento, a satisfação em relação à informação sobre a doença e
algumas variáveis sócio-demográficas e clínicas.
Atendendo à natureza dos objectivos definidos, a investigação desenvolvida
enquadra-se na investigação quantitativa de tipo descritivo – correlacional, de nível II, na
medida em que para além da descrição dos sujeitos relativamente às variáveis centrais, se
pretende determinar a existência de relações entre as variáveis (Fortin, 2003).
QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO E HIPÓTESES
O desenvolvimento do processo de investigação orientar-se-á no sentido de dar
resposta às seguintes questões de investigação e hipóteses:
52
Questões de investigação:
Q1: Como se caracteriza a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a
cirurgia?
Q2: Como se caracteriza a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
relativamente aos cuidados recebidos durante o internamento?
Q3: Como se caracteriza a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia com a
informação sobre a doença?
Hipóteses:
H1: A qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com
a sua satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento.
H2: A qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com
a sua satisfação com a informação sobre a doença.
H3: A qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com
as respectivas variáveis sócio-demográficas (idade, género, estado civil, escolaridade e
actividade profissional).
H4: Existe relação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia e
as respectivas variáveis clínicas (tempo de internamento, co-morbilidades e “fase de
tratamento”).
VARIÁVEIS
As variáveis consideradas no estudo derivaram das questões de investigação e das
hipóteses anteriormente mencionadas. Deste modo, considerámos como variáveis centrais
a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia, a satisfação com os
cuidados recebidos no internamento e a satisfação com a informação sobre a doença.
No quadro das hipóteses, a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a
cirurgia é a variável dependente. A satisfação com os cuidados recebidos e a satisfação
53
com a informação sobre a doença são consideradas como variáveis independentes, bem
como as variáveis sócio-demográficas (idade, género, estado civil, escolaridade e actividade
profissional) e as variáveis clínicas (tempo de internamento, co-morbilidades e “fase de
tratamento”).
INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS
Neste estudo foi utilizado como instrumento de colheita de dados um questionário
entregue a cada doente. Quando se pretende fazer uma avaliação relativa à satisfação dos
doentes com os cuidados recebidos, torna-se necessário recorrer a estes tipos de
instrumentos, caracterizados por serem anónimos, na medida em que muitos doentes são
relutantes a outros tipos de instrumentos de colheita de dados porque têm receio de criticar
os profissionais de saúde e sofrerem represálias (Amaral, 2002).
O questionário entregue aos doentes encontra-se organizado em 4 partes distintas
(ANEXO V). Na primeira parte constam questões de resposta fechada para obter
informações acerca das variáveis sócio-demográficas (idade, género, estado civil,
escolaridade e actividade profissional) e clínicas (tempo de internamento, co-morbilidades e
“fase de tratamento”). Na segunda parte é usado o QLQ-C30, para a avaliação da qualidade
de vida dos doentes oncológicos. Na terceira parte do questionário é utilizada a escala QLQIN-PATSAT32 e que se destina a avaliar especificamente a satisfação dos doentes com os
cuidados recebidos. Na quarta parte é usada a Escala de Conhecimentos Sobre a Doença
(ECsD), com intuito de avaliar de forma objectiva a satisfação dos doentes com a
informação sobre a doença.
A escala QLQ-C30, bem como a escala QLQ-IN-PATSAT32 foram directamente
solicitadas à EORTC (European Organization for Research and Treatment of Cancer) por email. A EORTC facultou as escalas e deu permissão para a sua aplicação neste estudo
(ANEXO II). Relativamente à ECsD, esta foi igualmente solicitada ao próprio autor por email, que deu autorização para o seu uso neste estudo (ANEXO III).
54
O tamanho das escalas usadas é relevante na avaliação da qualidade de vida dos
doentes e posterior generalização dos dados, já que alguns doentes se encontram
fragilizados, tendo dificuldade em responder a escalas longas, pelo que poderão dar
respostas falaciosas (Ribeiro, 2001). Assim, no que concerne ao tempo de preenchimento
do QLQ-C30, este “leva cerca de 12 minutos, podendo, consoante o doente (idade, literacia,
estádio da doença e fase de tratamento), variar entre os 1 e os 12 minutos “ (Ribeiro, 2001:
p.91). O módulo QLQ-IN-PATSAT32, bem como a ECsD são semelhantes em termos de
tamanho, pelo que, no seu conjunto, a aplicação deste questionário não se torna
exageradamente exaustivo.
De seguida faz-se uma análise detalhada das escalas que foram utilizadas no
instrumento de colheita de dados.
ESCALA QLQ-C30
Na segunda parte do questionário é utilizado a QLQ-C30 (versão 3.0) da EORTC
(European Organization for Research and Treatment of Cancer) que permite fazer a
avaliação da qualidade de vida dos doentes oncológicos.
O QLQ-C30 tem 30 itens subdivididos em várias dimensões, em que cada uma
destas dimensões é avaliada por um diferente número de itens (Quadro Nº 1). A resposta a
cada um dos itens é dada através de uma escala de Likert com 4 alternativas em que nos
extremos estão o “não” e o “muito”, à excepção dos dois itens que avaliam o estado global
de saúde e qualidade de vida, em que a escala de Likert tem 7 alternativas de resposta que
variam entre o “péssimo” e o “óptimo”.
55
Quadro Nº 1:
Itens/Dimensões da escala QLQ-C30 (versão 3.0), sobre a qualidade de vida dos doentes
oncológicos
ITENS/ DIMENSÕES
Dimensão Funcional
Funcionamento Físico
Funcionamento Ocupacional (desempenho de papéis)
Funcionamento emocional
Funcionamento Cognitivo
Funcionamento Social
Dimensão de Sintomas
Fadiga
Náusea e vómito
Dor
Dispneia
Insónia
Perda de apetite
Obstipação
Diarreia
Dificuldades Financeiras
Estado Global de Saúde
ITENS
1,2,3,4,5
6,7
21,22,23,24
20,25
26,27
10,12,18
14,15
9,19
8
11
13
16
17
28
29,30
ESCALA QLQ-IN-PATSAT32
Na terceira parte do questionário é utilizado a escala QLQ-IN-PATSAT32 e que se
destina a avaliar especificamente a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a
cirurgia com os cuidados recebidos (Quadro Nº 2). Optou-se por usar esta escala, pois tem
como principal vantagem o facto de apresentar particular sensibilidade para avaliar a
satisfação dos doentes oncológicos (relativamente aos cuidados recebidos) para os quais foi
especialmente concebida e, embora seja um instrumento relativamente recente, tem
demonstrado possuir robustez necessária à sua utilização em investigação científica
(Martins, 2009b).
Esta escala para avaliação da satisfação dos doentes com os cuidados recebidos é
constituída por 32 itens. Nas suas três dimensões avalia o seguinte: satisfação com os
cuidados recebidos dos médicos, satisfação com os cuidados recebidos dos enfermeiros,
56
satisfação com os aspectos organizacionais e serviços. Apresenta ainda um item final (item
32) em que é pedida uma apreciação geral da qualidade dos cuidados recebidos. A resposta
a cada um destes itens é feita também através de uma escala de Likert, com 5 alternativas
de resposta em que nos extremos estão o “fraco” e o “excelente”. A resposta dada é
posteriormente convertida numa pontuação de um a cinco pontos, correspondendo a maior
pontuação a maiores níveis de satisfação.
Quadro Nº 2
Itens/Dimensões da escala QLQ-IN-PATSAT32, sobre satisfação com os cuidados recebidos
DIMENSÕES/ ITENS
Dimensão de satisfação com os Médicos
Habilidades Interpessoais
Habilidades Técnicas
Informação
Disponibilidade
Dimensão de satisfação com os Enfermeiros
Habilidades Interpessoais
Habilidades Técnicas
Informação
Disponibilidade
Dimensão de satisfação com a organização dos Cuidados
Informação
Tempo de Espera
Acesso
Comunicação
Conforto/Limpeza
Satisfação Geral
ITENS
4,5,6
1,2,3
7,8,9
10,11
15,16,17
12,13,14
18,19,20
21,22
24,25,26
27,28
29,30
23
31
32
A análise dos resultados das duas escalas de avaliação fornecidas pela EORTC,
QLQ-C30 e QLQ-IN-PAT-SAT32 foi feita de acordo com as indicações da EORTC Scoring
Manual (2001), também fornecido por esta organização, pelo que se procedeu à aplicação
de duas fórmulas matemáticas para a determinação dos scores dos vários itens e das várias
dimensões de respostas.
57
Assim, em relação às dimensões funcionais, foi aplicada a seguinte fórmula:
(1-(pontuação-1)/amplitude)*100
Relativamente às dimensões de sintomas e de satisfação com os cuidados
recebidos, foi aplicada a seguinte fórmula:
((pontuação-1)/amplitude)*100
Nestas duas fórmulas, a “pontuação” é a média aritmética dos vários itens que
compõem cada uma das várias dimensões, enquanto a “amplitude” é a diferença entre o
máximo valor possível e o mínimo valor possível para cada um dos itens. Através da
aplicação destas fórmulas matemáticas obtém-se scores médios, calculados a partir do
SPSS. Os scores médios variam sempre entre 0 e 100. Um score elevado para as
dimensões funcionais significa que há um bom desempenho por parte do indivíduo para
essa dimensão. Um score elevado para as dimensões de sintomas significa que
determinado sintoma interfere muito com a vida do indivíduo, ou porque está muitas vezes
presente ou porque tem muita intensidade. Um score elevado nas dimensões de satisfação
com os cuidados recebidos significa que o indivíduo se sente muito satisfeito com os
cuidados recebidos em relação a essa dimensão.
ESCALA DE CONHECIMENTOS SOBRE A DOENÇA (ECsD)
Na quarta parte é usada a escala de conhecimentos sobre a doença (ECsD). Martins
(2007) elaborou uma lista com 28 itens, que surgiram de uma extensa lista de temáticas
referidas pelos doentes como aspectos importantes no processo informativo, em torno da
doença, dos exames de diagnóstico, dos cuidados e tratamentos e dos cuidados após a alta
e do retorno ao equilíbrio saúde/doença. Esta escala foi realizada, na medida em que até à
data não existia nenhum instrumento que possibilitasse avaliar de forma objectiva a
satisfação do doente com a informação sobre a sua doença.
58
Esta é constituída por 28 itens (Quadro Nº 3) e para cada um deles pede-se aos
inquiridos para responder de acordo com a sua percepção da quantidade e qualidade da
informação recebida, através de uma escala tipo Lickert com quatro hipóteses de resposta:
• Não sei nada - 0 pontos
• Sei pouco - 1 ponto
• Sei o necessário - 3 pontos
• Sei demais - 2 pontos
De acordo com o autor, a atribuição de dois pontos à resposta “sei demais” resulta
do entendimento de que a informação em demasia, sendo melhor do que não saber nada ou
saber pouco, pode, porém, ser prejudicial, podendo ser geradora de ansiedade, devendo por
isso ser pontuada em nível inferior à resposta “sei o necessário” e por outro lado, o facto do
“excesso” de informação se ficar a dever a uma procura activa dos doentes e não a uma
iniciativa unidireccional por parte dos profissionais de saúde. Convém salientar que no final
da escala o último item pede para classificar a informação que o doente possui sobre a sua
doença em geral.
Os itens estão agrupados por duas dimensões. A dimensão da “informação
projectiva e de autocontrolo” inclui os itens 3,4,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27 e 28. Os
itens estão todos relacionados com o futuro e com aquilo que pode estar nas “mãos” do
doente para controlar a doença e ajudar à recuperação, à excepção do item 28, que é geral.
A dimensão “informação médica” inclui os itens 1,2,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15 e
16, que são itens mais relacionados com os aspectos técnicos inerentes à doença e
respectivo diagnóstico e tratamento.
O ideal seria a obtenção de pontuações médias próximas dos 3 pontos (“sei o
necessário”), assumindo-se os resultados tanto piores quanto mais próximos de zero.
59
Quadro Nº 3
Itens/Dimensões da ECsD, sobre a satisfação dos doentes com a informação que detêm
sobre a doença
DIMENSÕES/ ITENS
ITENS
Informação projectiva e de autocontrolo
As implicações da doença na sua vida futura
3
Os comportamentos a adoptar para ajudar no tratamento
4
Como tratar ou controlar sintomas (dor, enjoo, …)
17
A necessidade ou não de dieta especial
18
Como superar as dificuldades / limitações físicas
19
Exercícios a realizar em casa
20
O regresso à actividade normal / trabalho
21
Medicação que deve tomar
22
Como tomar os vários medicamentos
23
Os efeitos benéficos dos medicamentos
24
Os inconvenientes e efeitos secundários dos medicamentos
25
Os riscos de não seguir as indicações (medicação, exercício, dieta, …)
26
A necessidade ou não de realizar mais exames e tratamentos no futuro
27
No geral, diria que, sobre a doença:
28
Informação médica
Como apareceu a doença
A gravidade da doença
A necessidade de realizar exames de diagnóstico
1
2
5
A forma como iria ser realizado cada um dos exames
6
Os riscos e inconvenientes de realizar os exames
7
Os resultados dos exames que realizou
8
A necessidade de realizar tratamento ou tratamentos
9
As vantagens de realizar o tratamento ou tratamentos
10
Os riscos e inconvenientes de cada tratamento
11
A forma como iria ser realizado cada tratamento
12
A existência de tratamentos alternativos
13
As possíveis complicações de cada tratamento
14
A eficácia de cada tratamento
15
As possíveis limitações físicas após um tratamento
16
60
POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população-alvo da investigação é constituída pelos doentes oncológicos que
estiveram internados no serviço de cirurgia II, dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
A amostra é constituída por 127 doentes que estiveram internados no serviço de
cirurgia II, dos Hospitais da Universidade de Coimbra e que se incluíam nos critérios de
inclusão definidos. Para constituir a amostra, definiram-se como critério de inclusão:
- Ter mais de 18 anos;
- Ser doente oncológico;
- Ter estado internado no serviço de Cirurgia II durante pelo menos 48h;
- Ter sido submetido a cirurgia há menos de dois meses;
- Saber falar, ler e escrever português e compreender o questionário;
- Estar no uso pleno das faculdades mentais (orientado alo e auto psiquicamente
no tempo,espaço e pessoa), sendo capaz de expressar a sua opinião;
- Aceitar livremente fazer parte da amostra deste estudo.
PROCEDIMENTOS FORMAIS E ÉTICOS
O estudo foi realizado nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
Inicialmente foi contactado o Director Clínico do serviço de Cirurgia II, tendo este
demonstrado interesse no estudo, pelo que aceitou que este fosse realizado nas Consultas
Externas do serviço de Cirurgia II. De frisar que se decidiu aplicar os questionários aos
doentes aquando da primeira consulta de revisão após a cirurgia, que por norma ocorre um
mês após a data de alta. Considerou-se, que caso fosse aplicado no momento da alta,
poderíamos obter dados falaciosos.
Posteriormente, foi oficializado o pedido, tendo sido emitido a 4 de Fevereiro de 2010
o parecer favorável, por parte Comissão de Ética, sendo homologado pelo Conselho de
61
Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra a 25 de Fevereiro de 2010 (Anexo
I).
A 19 de Abril, por sugestão do Director Clínico do Serviço, e no intuito de envolver os
médicos do serviço neste estudo, foi-lhes transmitido na reunião semanal do serviço o tema
da investigação, bem como os objectivos e a metodologia. O questionário foi aplicado desde
o dia 20 de Abril a 30 de Junho, a todos os doentes que se dirigiram à consulta externa do
serviço de Cirurgia II dos Hospitais da Universidade e que cumpriam os critérios de inclusão
supracitados. O processo de constituição da amostra foi de amostragem consecutiva (não
probabilística). De referir, que foi realizado um pré-teste inicial com aplicação do
questionário a 3 doentes para avaliar da legibilidade e compreensão de todos os itens do
questionário, tendo sido realizado apenas um pequeno ajuste relativamente às
possibilidades de resposta relativas ao estado civil. Os questionários foram aplicados às
segundas, terças, quartas e quintas-feiras, visto que às sextas-feiras, por norma, não são
realizadas consultas a doentes oncológicos. Ao longo deste período estivemos presentes
diariamente, tendo sido entregues questionários a todos os doentes oncológicos que se
incluíam nos critérios de inclusão. De referir que foram colhidos dados referentes à cirurgia
realizada por consulta directa no processo dos doentes, apenas com intuito de caracterizar a
amostra. No total obtiveram-se 127 questionários. Houve apenas uma recusa. Não houve
necessidade de se excluírem questionários devido a erros de preenchimento.
IMPLICAÇÕES ÉTICAS
Para a realização deste estudo foram respeitadas as normas éticas inerentes ao
protocolo de Helsínquia. Deste modo, para se aplicar o instrumento de colheita de dados, foi
previamente pedida autorização à Comissão de Ética dos HUC.
Tal como foi exigido pela comissão de ética dos HUC, para a obtenção do
consentimento informado (Anexo IV), foi feita uma primeira abordagem ao doente pelo
médico assistente. Este transmitiu aos doentes oncológicos submetidos a cirurgia que as
62
informações por si prestadas seriam confidenciais e que a qualquer momento poderiam
deixar de participar, não tendo esse acto qualquer tipo de consequência. O consentimento
informado foi assinado tanto pelo médico, como pelo doente.
Doentes oncológicos que transmitiram ao médico assistente que não pretendiam
participar no estudo não foram abordados. Assim, só foi estabelecido contacto com doentes,
que tinham dado autorização prévia ao médico assistente.
Enquanto os doentes preencheram os questionários estivemos presentes no serviço,
pelo que todas as dúvidas que surgiram foram por nós esclarecidas, pelo que os
questionários não apresentaram “missings”.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
No intuito de sistematizar a informação fornecida pelos dados foram aplicadas
técnicas da estatística descritiva e da estatística inferencial. Os dados foram tratados
informaticamente, recorrendo ao programa de tratamento estatístico SPSS (Statistical
Package for the Social Science), na versão 17.0. As técnicas estatística utilizadas foram:
 FREQUÊNCIAS: absolutas (n) e relativas (%);
 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL: média aritmética ( x ), média dos postos ( x p ),
medianas (Md) e modas (Mo);
 MEDIDAS DE DISPERSÃO OU VARIABILIDADE: desvios padrão (s);
 COEFICIENTES: alpha de Cronbach (α), correlação de Spearman (rs);
 TESTES DE HIPÓTESES: teste U de Mann-Whitney, teste Kruskal-Wallis, teste da
significância de um coeficiente de correlação de Spearman, teste KolmogorovSmirnov (como teste de normalidade).
De acordo com os resultados da aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov (uma vez
que n ≥ 50), constatou-se que a variável central deste estudo (qualidade de vida do doente
63
oncológico submetidos a cirurgia) e as variáveis independentes, a satisfação com os
cuidados recebidos e os conhecimentos sobre a doença, não apresentavam, como
esperado, distribuição normal (Quadros Nº 4, 5 e 6). Sendo esta uma das condições
necessárias para aplicação de técnicas paramétricas e dado que não se verifica, optou-se
por utilizar testes não paramétricos. Em todos os testes fixou-se o valor 0.050 como valor
máximo da probabilidade do erro tipo I, ou seja, como valor abaixo do qual se considerou
que as relações ou diferenças em estudo podiam ser consideradas como estatisticamente
significativas.
Quadro Nº 4
Resultados do teste de normalidade para a qualidade de vida dos doentes oncológicos
(Escala QLQ-C30)
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS
Z
P
Funcionamento Físico
0.154
<0.001
Funcionamento Ocupacional
0.204
<0.001
Funcionamento Emocional
0.114
<0.001
Funcionamento Cognitivo
0.227
<0.001
Funcionamento Social
0.227
<0.001
Fadiga
0.166
<0.001
Náusea e vómito
0.425
<0.001
Dor
0.216
<0.001
Dispneia
0.490
<0.001
Insónia
0.256
<0.001
Perda de apetite
0.414
<0.001
Obstipação
0.383
<0.001
Diarreia
0.468
<0.001
Dificuldades financeiras
0.353
<0.001
0.139
<0.001
Estado Geral de Saúde
64
Quadro Nº 5
Z
P
Dimensão
de satisfação
com os
médicos
Habilidades Interpessoais
0.153
<0.001
Habilidades Técnicas
0.172
<0.001
Informação
0.148
<0.001
Disponibilidade
0.171
<0.001
Habilidades Interpessoais
0.168
<0.001
Habilidades Técnicas
0.177
<0.001
Informação
0.137
<0.001
Disponibilidade
0.158
<0.001
Informação
0.158
<0.001
Tempo de Espera
0.149
<0.001
Acesso
0.194
<0.001
Comunicação
0.223
<0.001
Conforto/Limpeza
0.187
<0.001
Satisfação Geral
0.215
<0.001
Dimensão
de satisfação com a
organização dos
cuidados
SATISFAÇÃO COM OS CUIDADOS
RECEBIDOS
Dimensão
de satisfação
com os
enfermeiros
Resultados do teste de normalidade para a satisfação com os cuidados recebidos
(Escala QLQ-IN-PATSAT32)
Quadro Nº 6
Resultados do teste de normalidade para a satisfação dos doentes com a informação que detêm
sobre a doença (Escala ECsD)
CONHECIMENTOS SOBRE A DOENÇA
z
P
Informação projectiva e de autocontrolo
0.121
<0.001
Informação médica
0.117
<0.001
Global
0.168
<0.001
65
FIABILIDADE DAS ESCALAS UTILIZADAS NO ESTUDO
A fiabilidade das escalas utilizadas no instrumento de colheita de dados foi avaliada
a partir do cálculo dos coeficientes alpha de Cronbach para cada uma das dimensões e
também para o global, no caso da ECsD.
Os resultados que constituem o Quadro Nº 7 permitem constatar que, na maioria das
dimensões, com mais de um item, do QLQ-C30, os coeficientes apresentaram valores
superiores a 0.70. Para a maioria dos autores este valor constitui o limite mínimo para que
possamos considerar que uma escala tem boa coerência interna (Nunnally, 1978). Nas
dimensões referentes ao funcionamento cognitivo e nos sintomas de náusea e vómito, os
valores observados foram inferiores àquele limite mas, apesar disso, traduzem consistências
internas aceitáveis. Pode-se, assim, concluir que esta escala apresenta boa coerência
interna.
Quadro Nº 7
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala QLQ-C30
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Dimensões
Nº ITENS
α
Funcionamento Físico
5
0.820
Funcionamento Ocupacional
2
0.923
Funcionamento Emocional
4
0.867
Funcionamento Cognitivo
2
0.540
Funcionamento Social
2
0.882
Fadiga
3
0.845
Náusea e vómito
2
0.683
Dor
2
0.868
Dispneia
1
---
Insónia
1
---
Perda de apetite
1
---
Obstipação
1
---
Diarreia
1
---
Dificuldades financeiras
1
---
2
0.948
Estado Geral de Saúde
66
Para a escala de avaliação da satisfação dos doentes com os cuidados recebidos
(Quadro Nº 8) foram observados coeficientes cujos valores se situam entre 0.712, na
dimensão “acesso” da satisfação com a organização dos cuidados, e 0.966, para a
dimensão “informação” da satisfação com os médicos. Face estes resultados pode-se
afirmar que a escala, quando aplicada à amostra em estudo, apresenta uma coerência
interna muito boa.
Quadro Nº 8
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala QLQ-IN-PATSAT32
Dimensão
de satisfação com a
organização dos cuidados
Dimensão
de satisfação
com os
enfermeiros
Dimensão
de satisfação
com os médicos
DIMENSÕES
Nº ITENS
α
Habilidades Interpessoais
3
0.938
Habilidades Técnicas
3
0.853
Informação
3
0.966
Disponibilidade
2
0.915
Habilidades Interpessoais
3
0.961
Habilidades Técnicas
3
0.958
Informação
3
0.952
Disponibilidade
2
0.942
Informação
3
0.897
Tempo de Espera
2
0.888
Acesso
2
0.712
Comunicação
1
---
Conforto/Limpeza
1
---
Satisfação Geral
1
---
67
Finalmente, para a escala de conhecimentos sobre a doença (ECsD) (Quadro Nº 9),
o coeficiente apresentou resultados compreendidos entre 0.913, na dimensão “informação
projectiva e de autocontrolo” e 0.957, no global da escala. Face estes valores, é possível
afirmar e concluir que a escala revelou elevada coerência interna.
Quadro Nº 9
Coeficientes alpha de Cronbach observados para a Escala ECsD
DIMENSÕES
Nº ITENS
α
Informação projectiva e de autocontrolo
14
0.913
Informação médica
14
0.938
Global
28
0.957
68
2. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados da análise estatística dos dados
recolhidos, de acordo com os objectivos inicialmente traçados, de modo a realizar
inferências estatísticas que permitam dar resposta às questões de investigação e hipóteses
formuladas.
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA AMOSTRA
A amostra foi constituída por 127 doentes oncológicos submetidos a cirurgia. No
Quadro
Nº10,
encontram-se
reunidas
algumas
variáveis
sócio-demográficas,
nomeadamente a idade, o género, o estado civil, a escolaridade e a actividade profissional.
Relativamente à idade, a média situa-se nos 64,5 anos e o desvio padrão é de 11,7. O valor
mais baixo encontrado para a idade foi de 21 anos e o mais alto de 84 anos. O grupo etário
mais frequente situa-se entre os 65 e 75 anos. Quanto ao género, verificou-se que 59,1%
dos inquiridos são homens. Relativamente ao estado civil 79,5% são casados, 7,1% são
divorciados, 7,1% são viúvos e 6,3% são solteiros. Em relação à escolaridade verificou-se
que 60,6% apenas tem o primeiro ciclo e 6,3% apenas sabem ler ou escrever (não tendo
terminado o primeiro ciclo). Dos inquiridos, apenas 7,9% têm um curso superior. No que
concerne à actividade profissional, constatou-se que 59,8% são reformados e que apenas
7,9% pertencem à categoria 1 correspondente a “grandes industriais e profissões com
elevada competência técnica”.
69
Quadro Nº 10
Caracterização Geral da Amostra - Características Sócio-Demográficas
Características Sócio-Demográficas
Género
Feminino
Masculino
Grupo Etário
< 45
45 – 55
55 – 65
65 – 75
>75
Média (Idade – Anos)
Mediana
Minimo
Máximo
Percentis: 25
50
75
Estado civil
Solteiro
Casado
Divorciado
Viúvo
Escolaridade
Ler e escrever
Primeiro Ciclo
Segundo Ciclo
Terceiro Ciclo
Secundário
Curso Superior
Outro
Profissão
Categoria I
Categoria II
Categoria III
Categoria IV
5 - Aposentados
6 - Estudantes
n
%
52
75
40.9
59.1
9
12
33
54
19
64.5
67
21
84
59
67
72
7.1
9.4
26
42.5
15
8
101
9
9
6.3
79.5
7.1
7.1
8
77
10
9
9
10
4
6.3
60.6
7.9
7.1
7.1
7.9
3.1
10
4
14
19
76
4
7.9
3.1
11.0
15.0
59.8
3.1
Legenda:
Categoria I - Grandes industriais e profissões de elevada competência técnica;
Categoria II - Profissões liberais de competência média, comerciantes;
Categoria III - Operários especializados e semi-especializados, pequenos comerciantes e
pequenos proprietários;
Categoria IV - Operários não especializados e trabalhadores rurais (Sedas Nunes, 1970).
70
No
Quadro
Nº
11,
encontram-se
reunidas
algumas
variáveis
clínicas,
nomeadamente o tipo de cirurgia realizada, o tempo de internamento, a existência de outras
co-morbilidades e a “fase de tratamento”. Em termos das cirurgias realizadas, dos 127
inquiridos, 25,2% foram submetidos a protectomia e 21,3% a colectomia. Das cirurgias
menos
realizadas
destacam-se
duodenopancreatectomia,
esofagotomia,
colangiopancreatectomia e protocolectomia (apenas 0,8% para cada). Relativamente ao
tempo de internamento, constatou-se que a média é de 25,65, o mínimo de tempo é 3 dias
e o máximo de 230 dias. Em relação às co-morbilidades, 66,1% dos inquiridos não sofrem
de outras patologias. A patologia mais frequente (7,1%) é a diabetes. No que concerne a
“fase de tratamento”, verificou-se que 37,8% já realizaram quimioterapia e 16,5%
realizaram radioterapia.
71
Quadro Nº 11:
Caracterização Geral da Amostra - Características Clínicas
Características Clínicas
Cirurgia realizada
Pancreatectomia
Hepatectomia
Duodenopancreatectomia
Colectomia
Gastrectomia
Protectomia
Esofagotomia
Sigmoidectomia
Colangiopancreatectomia
Protocolectomia
Tiroidectomia
Dias de internamento
Média ( x )
Mediana (Md)
Desvio padrão (s)
Mínimo ( xmin)
Máximo ( xmáx)
Percentis: 25
50
75
Co-Morbilidades
Sim
- Hiperlipidémia
- Patologia cardíaca
- Patologia prostática
- Diabetes, Hiperlipidémia
- Hipertensão, Hiperlipidémia, Patologia
Prostática e Hiperuricémia
- Patologia Osteo-articular
- Linfoma
- Patologia Respiratória
- Diabetes, Hipertensão
- Hipertensão
- Pólipos Intestinais
- Patologia Renal
- Hérnia Discal
- Diabetes
- Depressão
- Hipertensão, Depressão e Hiperlipidémia
- Hiperlipidémia, Doença Coronária
Não
Fase do tratamento
Realizaram quimioterapia
Realizaram radioterapia
N
%
9
8
1
27
21
32
1
15
1
1
11
7.1
6.3
8
21.3
16.5
25.2
8
11.8
8
8
8.7
25.7
16
28.3
3
230
11
16
30
43
1
1
3
1
1
33.9
0.8
0.8
2.4
0.8
0.8
6
1
2
3
6
1
3
1
9
1
2
1
84
4.7
0.8
1.6
2.4
4.7
0.8
2.4
0.8
7.1
0.8
1.6
0.8
66.1
48
21
37.8
16.5
72
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA
Os resultados que constituem o Quadro Nº12 foram obtidos com base nos dados
colhidos através da aplicação da escala QLQ-C30, e permitem avaliar a qualidade de vida
dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia que colaboraram no estudo.
Como resulta da metodologia definida pelos autores, todas as dimensões são
avaliadas num intervalo contínuo compreendido entre 0 e 100 pontos.
Os resultados médios e medianos situaram-se ligeiramente acima do valor central da
escala, pelo que se pode afirmar que a amostra evidenciou uma qualidade de vida razoável,
sendo mais elevada nos domínios do funcionamento cognitivo, social e físico e mais baixa
ao nível do funcionamento emocional e ocupacional.
Verificámos, também, que os sintomas que mais interferem na vida dos doentes
oncológicos submetidos a cirurgia são a dor, a fadiga e a insónia, enquanto que, a dispneia
e as náuseas e vómitos estão entre os sintomas que menos interferem.
O estado geral de saúde apresentou valores médios e medianos que estão
ligeiramente acima do valor central da escala, facto que vem corroborar que os doentes
oncológicos submetidos a cirurgia evidenciam um nível razoável de qualidade de vida.
73
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Quadro Nº12
Medidas descritivas observadas para a qualidade de vida dos doentes oncológicos
submetidos a cirurgia (Escala QLQ-C30)
x
Qualidade de vida
Funcionamento Físico
71.39
Md
73.33
s
22.44
xmin
6.67
xmáx
100.00
Funcionamento Ocupacional
69.16
66.66
31.78
0.00
100.00
Funcionamento Emocional
68.04
66.66
0.00
100.00
Funcionamento Cognitivo
78.87
83.33
24.25
0.00
100.00
Funcionamento Social
72.17
83.33
30.65
0.00
100.00
Fadiga
34.47
33.33
26.52
0.00
100.00
Náusea e vómito
9.71
0.00
20.18
0.00
100.00
Dor
37.27
33.33
28.51
0.00
100.00
Dispneia
7.87
0.00
20.76
0.00
100.00
Insónia
30.97
33.33
32.32
0.00
100.00
Perda de apetite
17.58
0.00
29.94
0.00
100.00
Obstipação
16.79
0.00
27.49
0.00
100.00
Diarreia
10.76
0.00
22.96
0.00
100.00
Dificuldades financeiras
22.05
0.00
30.92
0.00
100.00
57.35
58.33
22.01
0.00
100.00
Estado Geral de Saúde
26.41
SATISFAÇÃO DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA COM OS
CUIDADOS RECEBIDOS
No que concerne à satisfação com os cuidados recebidos verificámos (Quadro Nº13)
que os doentes oncológicos se manifestaram satisfeitos com os médicos em termos de
habilidades interpessoais e técnicas e um pouco menos satisfeitos com a informação e a
disponibilidade.
A satisfação com os enfermeiros segue uma tendência idêntica, ou seja, os doentes
oncológicos evidenciaram estar mais satisfeitos com as habilidades interpessoais e técnicas
e menos satisfeitos com a informação e disponibilidade.
74
Em termos da organização dos cuidados, os doentes oncológicos revelaram maior
satisfação geral com a informação e com a comunicação. Por outro lado, verifica-se menor
satisfação com o acesso, o tempo de espera e o conforto/limpeza.
Analisando comparativamente os três domínios, podemos constatar que os doentes
oncológicos submetidos a cirurgia evidenciaram maior satisfação com os médicos e com os
enfermeiros e menor satisfação com a organização dos cuidados. Atendendo à amplitude da
escala utilizada para avaliar a satisfação, pode-se concluir que os doentes oncológicos
submetidos a cirurgia revelaram estar bastante satisfeitos com os médicos e com os
enfermeiros e razoavelmente satisfeitos com a organização dos cuidados.
Quadro Nº 13
Medidas descritivas observadas para a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
com os cuidados recebidos durante o internamento (Escala QLQ-IN-PATSAT32)
x
Md
s
xmin
xmáx
Habilidades Interpessoais
71.26
75.00
23.07
16.67
100.00
Habilidades Técnicas
74.87
75.00
21.31
33.33
100.00
Informação
64.17
66.67
27.76
0.00
100.00
Disponibilidade
65.85
75.00
25.85
25.00
100.00
Habilidades Interpessoais
71.33
75.00
24.70
0.00
100.00
Habilidades Técnicas
71.46
75.00
23.20
8.33
100.00
Informação
65.22
66.67
26.06
0.00
100.00
Disponibilidade
68.41
62.50
23.03
25.00
100.00
Informação
62.01
58.33
24.79
16.67
100.00
Tempo de Espera
57.68
50.00
26.64
12.50
100.00
Acesso
34.45
25.00
24.33
0.00
100.00
Comunicação
60.63
50.00
25.10
25.00
100.00
Conforto/Limpeza
58.46
50.00
26.01
0.00
100.00
Satisfação Geral
69.49
75.00
23.34
0.00
100.00
Dimensão
de satisfação com a
organização dos
cuidados
Dimensão
de satisfação
com os
enfermeiros
Dimensão
de satisfação
com os
médicos
Satisfação com os cuidados
75
SATISFAÇÃO DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA COM A
INFORMAÇÃO SOBRE A DOENÇA
Quanto à satisfação com a informação sobre a doença, os resultados apresentados
no Quadro Nº 14 permitem constatar que os doentes oncológicos revelam-se mais
satisfeitos ao nível da informação projectiva e de autocontrolo e menos no que concerne à
informação médica.
Em temos globais, os doentes oncológicos que colaboraram no estudo mostram-se
pouco satisfeitos com a informação que possuem com a doença.
Quadro Nº 14
Medidas descritivas observadas para a satisfação dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
com a informação que possuem sobre a doença (Escala ECsD)
Conhecimentos sobre a doença
Informação projectiva e de autocontrolo
x
2.12
Md
2.14
s
0.76
xmin
0.21
xmáx
3.00
Informação médica
1.90
2.07
0.88
0.14
3.00
Global
2.01
2.11
0.78
0.25
3.00
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E
SATISFAÇÃO COM OS CUIDADOS RECEBIDOS DURANTE O INTERNAMENTO
Através do estudo da correlação entre a qualidade de vida e a satisfação com os
cuidados recebidos pode-se testar a hipótese «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com a satisfação com os
cuidados recebidos durante o internamento». Para este estudo aplicou-se o coeficiente
de correlação de Spearman e o respectivo teste de significância.
Como se pode verificar pelos resultados apresentados nos Quadros Nº 15, 16 e 17,
existe correlação positiva e estatisticamente significativa, embora ligeira, entre o
76
funcionamento físico e a satisfação com a informação prestada pelos médicos (rs= +0.19; p=
0.031), entre os sintomas de náusea e vómitos e a satisfação com as habilidades
interpessoais dos enfermeiros (rs= +0.19; p= 0.034) e entre o estado geral de saúde e as
habilidades técnicas dos enfermeiros (rs= +0.19; p= 0.032).
Verifica-se, também, que existe correlação positiva e estatisticamente significativa
entre o funcionamento físico e a satisfação geral com a organização dos cuidados de saúde
(rs= +0.19; p= 0.033), entre a intensidade dos sintomas de náusea e vómito e a satisfação
com o conforto e limpeza (rs= +0.18; p= 0.043) e correlações negativas mas também
estatisticamente significativas entre a intensidade da dispneia e a satisfação com a
organização dos cuidados em termos da informação (rs= +0.18; p= 0.046), do tempo de
espera (rs= +0.18; p= 0.034) e da comunicação (rs= +0.19; p= 0.029) e, ainda, entre a
intensidade da perda de apetite e a informação ao nível da organização dos cuidados (rs=
+0.18; p= 0.049).
Estes resultados permitem-nos concluir que os dados corroboram a hipótese
formulada e que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia mais satisfeitos com a
informação prestada pelos médicos e com a organização geral dos cuidados recebidos
evidenciam melhor qualidade de vida em termos de funcionamento físico. Aqueles em que
as náuseas e vómitos interferem mais na qualidade de vida estão mais satisfeitos com as
habilidades interpessoais dos enfermeiros e com o conforto e limpeza. Os que evidenciam
um melhor estado geral de saúde estão mais satisfeitos com as habilidades técnicas dos
enfermeiros. Os doentes oncológicos submetidos a cirurgia em que o sintoma de dispneia
se manifesta com maior intensidade tendem a estar menos satisfeitos com a organização
dos cuidados recebidos em termos de informação, tempo de espera e comunicação. Por
último, os doentes oncológicos submetidos a cirurgia que têm maior perda de apetite
tendem a revelar menor satisfação com a organização dos cuidados no que concerne à
informação.
77
Quadro Nº 15
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
(Escala QLQ-C30) e satisfação com os cuidados recebidos
(Escala QLQ-INPAT-SAT32) na dimensão referente aos médicos
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Dimensão de satisfação com os médicos
Habilidades
Habilidades
DisponibiInformação
Interpessoais
Técnicas
lidade
rs
P
rs
P
rs
p
rs
p
Funcionamento
Físico
+0.17
0.053
+0.13
0.138
+0.19
0.031
+0.09
0.302
Funcionamento
Ocupacional
-0.05
0.573
-0.04
0.626
+0.02
0.791
-0.08
0.403
Funcionamento
Emocional
+0.02
0.846
-0.03
0.755
+0.01
0.999
-0.03
0.736
Funcionamento
Cognitivo
+0.06
0.504
+0.11
0.235
+0.09
0.316
-0.04
0.699
Funcionamento
Social
+0.07
0.431
+0.09
0.309
+0.09
0.281
+0.04
0.675
Fadiga
-0.04
0.676
-0.05
0.606
-0.09
0.336
-0.01
0.896
Náusea e
Vómito
+0.12
0.179
+0.05
0.596
+0.05
0.556
+0.17
0.060
Dor
-0.01
0.865
-0.01
0.895
-0.11
0.234
+0.02
0.822
Dispneia
-0.14
0.105
-0.09
0.273
-0.15
0.097
-0.17
0.063
Insónia
-0.07
0.449
-0.07
0.438
-0.09
0.333
-0.04
0.651
Perda de
Apetite
-0.10
0.248
-0.08
0.366
-0.11
0.213
-0.09
0.342
Obstipação
-0.04
0.643
-0.05
0.570
-0.14
0.116
-0.02
0.796
Diarreia
-0.03
0.728
-0.03
0.722
-0.05
0.541
+0.02
0.861
Dificuldades
financeiras
-0.07
0.406
-0.04
0.637
-0.06
0.485
-0.02
0.859
+0.13
0.127
+0.12
0.165
+0.17
0.057
+0.06
0.490
Estado Geral de Saúde
78
Quadro Nº 16
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
(Escala QLQ-C30) e satisfação com os cuidados recebidos
(Escala QLQ-IN-PATSAT32) na dimensão referente aos enfermeiros
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Dimensão de satisfação com os enfermeiros
Habilidades
Habilidades
DisponibiInformação
Interpessoais
Técnicas
lidade
rs
P
rs
P
rs
p
rs
p
Funcionamento
Físico
+0.08
0.370
+0.11
0.206
+0.11
0.205
+0.13
0.157
Funcionamento
Ocupacional
-0.09
0.284
-0.06
0.535
-0.05
0.544
-0.06
0.542
Funcionamento
Emocional
+0.01
0.962
+0.07
0.415
+0.02
0.837
+0.04
0.678
Funcionamento
Cognitivo
+0.10
0.243
+0.17
0.060
+0.09
0.277
+0.09
0.335
Funcionamento
Social
+0.07
0.468
+0.13
0.134
+0.11
0.227
+0.04
0.697
Fadiga
-0.08
0.355
-0.11
0.215
-0.10
0.254
-0.05
0.614
Náusea e
Vómito
+0.19
0.034
+0.16
0.065
+0.14
0.106
+0.12
0.197
Dor
-0.02
0.791
-0.05
0.579
-0.08
0.402
-0.03
0.761
Dispneia
-0.08
0.379
-0.08
0.377
-0.12
0.185
-0.14
0.114
Insónia
-0.13
0.137
-0.16
0.075
-0.13
0.141
-0.11
0.224
Perda de
Apetite
-0.04
0.621
-0.09
0.307
-0.05
0.596
-0.12
0.184
Obstipação
-0.08
0.385
-0.08
0.349
-0.07
0.415
-0.05
0.591
Diarreia
-0.02
0.807
-0.05
0.581
-0.04
0.633
-0.05
0.550
Dificuldades
financeiras
-0.01
0.894
-0.08
0.393
-0.06
0.476
-0.01
0.977
+0.13
0.147
+0.19
0.032
+0.08
0.336
+0.09
0.304
Estado Geral de Saúde
79
Quadro Nº 17
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
(Escala QLQ-C30) e satisfação com os cuidados recebidos
(Escala QLQ-IN-PAT-SAT32) na dimensão referente à organização dos cuidados
Dimensão de satisfação com a organização dos cuidados
Dimensão
Funcional
Dimensão de Sintomas
Conforto
Limpeza
Informação
Tempo de
Espera
rs
p
rs
P
rs
P
rs
p
rs
P
rs
p
Funcionamento
Físico
+0.14
0.105
+0.16
0.067
+0.15
0.101
+0.15
0.093
+0.10
0.289
+0.19
0.033
Funcionamento
Ocupacional
-0.01
0.876
-0.03
0.711
+0.04
0.671
+0.01
0.915
-0.01
0.989
-0.02
0.849
Funcionamento
Emocional
+0.08
0.383
+0.01
0.952
+0.05
0.571
+0.06
0.520
-0.05
0.604
-0.05
0.580
Funcionamento
Cognitivo
+0.07
0.421
+0.08
0.377
+0.10
0.285
+0.09
0.340
-0.01
0.962
+0.06
0.534
Funcionamento
Social
+0.10
0.269
+0.04
0.646
+0.11
0.226
+0.06
0.508
+0.01
0.883
+0.14
0.110
Fadiga
-0.12
0.176
-0.08
0.366
-0.08
0.385
-0.02
0.793
-0.02
0.827
-0.06
0.478
Náusea e
Vómito
+0.02
0.844
+0.16
0.069
+0.07
0.468
+0.10
0.270
+0.18
0.043
+0.04
0.678
Dor
-0.15
0.089
-0.07
0.453
-0.09
0.309
-0.03
0.779
+0.01
0.915
-0.13
0.161
Dispneia
-0.18
0.046
-0.18
0.034
-0.15
0.083
-0.19
0.029
-0.13
0.150
-0.12
0.166
Insónia
-0.16
0.077
-0.12
0.177
-0.07
0.420
-0.07
0.413
-0.03
0.718
-0.10
0.257
Perda de
Apetite
-0.18
0.049
-0.03
0.725
-0.12
0.176
-0.11
0.229
-0.02
0.849
-0.05
0.591
Obstipação
-0.10
0.259
-0.09
0.314
+0.04
0.651
-0.08
0.399
+0.06
0.498
+0.01
0.882
Diarreia
-0.09
0.311
-0.07
0.471
+0.07
0.424
-0.04
0.622
-0.05
0.564
-0.13
0.162
Dificuldades
financeiras
-0.09
0.316
-0.03
0.774
-0.10
0.256
+0.01
0.928
-0.05
0.594
-0.14
0.115
+0.17
0.051
+0.02
0.823
+0.17
0.062
+0.11
0.224
+0.08
0.380
+0.14
0.127
Qualidade de vida
Estado Geral de Saúde
Acesso
Comunicação
Satisfação
Geral
80
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E A
SATISFAÇÃO COM A INFORMAÇÃO SOBRE A DOENÇA
Os resultados que constituem o Quadro Nº18 foram obtidos através do estudo da
correlação entre os dados da avaliação da qualidade de vida e os dados da satisfação com
a informação. O estudo foi realizado para testar a hipótese «a qualidade de vida dos
doentes oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com a sua satisfação
com a informação sobre a doença» e foi desenvolvido com a aplicação do coeficiente de
correlação de Spearman e do respectivo teste de significância.
Como se pode observar, existe correlação positiva e estatisticamente significativa
entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos em termos de funcionamento físico e as
dimensões de informação projectiva e de autocontrolo (rs= +0.28; p= 0.001), da informação
médica (rs= +0.32; p< 0.001) e global (rs= +0.31; p< 0.001). Verifica-se, também, a existência
de correlação positiva e significativa entre o funcionamento cognitivo e a dimensão de
informação projectiva e de autocontrolo (rs= +0.19; p= 0.037) e entre o estado geral de
saúde e as dimensões de informação projectiva e de auto-controlo (rs= +0.28; p= 0.001), a
informação médica (rs= +0.21; p= 0.019) e o global (rs= +0.25; p= 0.004). Por outro lado,
observa-se a existência de correlação negativa entre a intensidade dos sintomas fadiga, dor
e dispneia com ambas as dimensões e com o global do conhecimento (rs= -0.21; p= 0.016 /
rs= +0.18; p= 0.044 / rs= -0.20; p= 0.023 / rs= -0.24; p= 0.007 / rs= -0.22; p= 0.012 / rs= -0.24;
p= 0.007 / rs= -0.18; p= 0.046 / rs= -0.19; p= 0.030 / rs= -0.20; p = 0.026).
Concluímos, assim, que os dados confirmam a hipótese formulada e que os doentes
oncológicos submetidos a cirurgia mais satisfeitos com a informação tendem a evidenciar
melhor nível de qualidade de vida em termos funcionais, menor intensidade dos sintomas e
melhor estado geral de saúde.
81
Quadro Nº 18
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
(Escala QLQ-C30) e a satisfação com a informação sobre a doença (Escala ECsD)
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Satisfação com a informação sobre a doença
Informação projectiva
Informação médica
Global
e de autocontrolo
rs
P
rs
p
rs
p
Funcionamento
Físico
+0.28
0.001
+0.32
<0.001
+0.31
<0.001
Funcionamento
Ocupacional
+0.12
0.184
+0.11
0.226
+0.11
0.218
Funcionamento
Emocional
+0.05
0.592
+0.07
0.442
+0.05
0.560
Funcionamento
Cognitivo
+0.19
0.037
+0.17
0.060
+0.17
0.054
Funcionamento
Social
+0.05
0.573
+0.04
0.657
+0.05
0.609
Fadiga
-0.21
0.016
-0.18
0.044
-0.20
0.023
Náusea e
Vómito
+0.01
0.978
+0.03
0.719
+0.02
0.861
Dor
-0.24
0.007
-0.22
0.012
-0.24
0.007
Dispneia
-0.18
0.046
-0.19
0.030
-0.20
0.026
Insónia
-0.14
0.125
-0.10
0.243
-0.12
0.171
Perda de
Apetite
-0.09
0.307
-0.05
0.569
-0.08
0.382
Obstipação
-0.06
0.538
-0.08
0.396
-0.06
0.490
Diarreia
+0.01
0.886
-0.11
0.230
-0.04
0.646
Dificuldades
financeiras
-0.08
0.354
-0.04
0.661
-0.06
0.486
+0.28
0.001
+0.21
0.019
+0.25
0.004
Estado Geral de Saúde
82
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E A
IDADE
Para testar a hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos
submetidos a cirurgia está relacionada com a idade» procedemos ao estudo de
correlação entre os dados da qualidade de vida e da idade, aplicando o coeficiente de
correlação de Spearman e o seu teste de significância (Quadro Nº 19). Verificou-se a
existência de correlações estatisticamente significativas ao nível do funcionamento físico (rs=
-0.35; p< 0.001), do funcionamento cognitivo (rs= -0.20; p= 0.028) e do estado geral de
saúde (rs= -0.30 ; p= 0.001).
Concluímos que os dados corroboram a hipótese formulada e, pelo facto daquelas
correlações serem negativas, podemos ainda afirmar que os doentes oncológicos
submetidos a cirurgia mais idosos tendem a apresentar pior nível de qualidade de vida.
83
Quadro Nº 19
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia (Escala QLQC30) e a idade
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Idade
rs
P
Funcionamento
Físico
-0.35
<0.001
Funcionamento
Ocupacional
-0.09
0.308
Funcionamento
Emocional
-0.07
0.446
Funcionamento
Cognitivo
-0.20
0.028
Funcionamento
Social
+0.03
0.747
Fadiga
+0.11
0.205
Náusea e
Vómito
-0.04
0.654
Dor
+0.09
0.332
Dispneia
+0.15
0.100
Insónia
+0.09
0.297
Perda de
Apetite
+0.03
0.709
Obstipação
+0.01
0.878
Diarreia
+0.04
0.688
Dificuldades
financeiras
-0.10
0.255
-0.30
0.001
Estado Geral de Saúde
84
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E O
GÉNERO
Aplicando o teste U de Mann-Whitney, procedeu-se à comparação dos resultados da
qualidade de vida em função do género dos doentes, testando, deste modo a hipótese «a
qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia é diferente
conforme o género». Os resultados que constituem o Quadro Nº 20 revelam a existência
de diferenças estatisticamente significativas em termos de funcionamento cognitivo (p=
0.031), fadiga (p= 0.047) e obstipação (p= 0.005). Comparando os valores das medidas de
tendência central verificamos que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia do género
feminino tendem a apresentar pior funcionamento cognitivo e maior intensidade dos
sintomas fadiga e obstipação, ou seja, evidenciam pior qualidade devida que os do género
masculino. Concluímos que os dados confirmam a hipótese em estudo.
85
Quadro Nº 20
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função do
género
Qualidade de vida
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Género
Funcionamento Físico
Feminino
Masculino
Funcionamento Ocupacional
Feminino
Masculino
Funcionamento Emocional
Feminino
Masculino
Funcionamento Cognitivo
Feminino
Masculino
Funcionamento Social
Feminino
Masculino
Fadiga
Feminino
Masculino
Náusea e vómito
Feminino
Masculino
Dor
Feminino
Masculino
Dispneia
Feminino
Masculino
Insónia
Feminino
Masculino
Perda de apetite
Feminino
Masculino
Obstipação
Feminino
Masculino
Diarreia
Feminino
Masculino
Dificuldades financeiras
Feminino
Masculino
Estado Geral de Saúde
Feminino
Masculino
n
xp
x
Md
z
P
52
75
59.22
67.31
69.36
72.80
73.33
80.00
-1.229
0.219
52
75
60.12
66.69
66.35
71.11
66.67
83.33
-1.025
0.305
52
75
56.94
68.89
62.18
72.11
66.67
75.00
-1.813
0.070
52
75
55.90
69.61
72.11
83.56
83.33
83.33
-2.158
0.031
52
75
56.64
69.10
65.38
76.89
66.67
83.33
-1.956
0.051
52
75
71.69
58.67
40.17
30.52
33.33
22.22
-1.983
0.047
52
75
67.31
61.71
14.74
6.22
0.00
0.00
-1.095
0.273
52
75
68.86
60.63
41.35
34.44
33.33
33.33
-1.265
0.206
52
75
67.25
61.75
9.61
6.67
0.00
0.00
-1.309
0.191
52
75
70.78
59.30
37.18
26.67
33.33
33.33
-1.834
0.067
52
75
68.97
60.55
24.36
12.89
0.00
0.00
-1.557
0.120
52
75
73.36
57.51
25.64
10.67
0.00
0.00
-2.839
0.005
52
75
67.78
61.38
14.10
8.44
0.00
0.00
-1.349
0.177
52
75
66.21
62.47
23.08
21.33
0.00
0.00
-0.638
0.523
52
75
57.55
68.47
53.69
59.89
50.00
66.67
-1.670
0.095
86
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E O
ESTADO CIVIL
Para testar a hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos
submetidos a cirurgia é diferente conforme o estado civil» houve necessidade de
agrupar os elementos da amostra em duas categorias (casado/união de facto e não casado)
porque o número de indivíduos em cada uma das categorias originais não era
representativo. Os resultados que constituem o Quadro Nº 21, obtidos com a aplicação do
teste U de Mann-Whitney, revelam a não existência de diferenças estatisticamente
significativas (p> 0.050). Este facto leva a concluir que os dados não corroboram a hipótese
formulada, ou seja, que não existem evidências estatísticas que nos permitam afirmar que a
qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia é diferente conforme o
estado civil.
87
Quadro Nº 21
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a
cirurgia em função do estado civil
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Estado civil
Funcionamento Físico
Casado/União de facto
Não casado
Funcionamento Ocupacional
Casado/União de facto
Não casado
Funcionamento Emocional
Casado/União de facto
Não casado
Funcionamento Cognitivo
Casado/União de facto
Não casado
Funcionamento Social
Casado/União de facto
Não casado
Fadiga
Casado/União de facto
Não casado
Náusea e vómito
Casado/União de facto
Não casado
Dor
Casado/União de facto
Não casado
Dispneia
Casado/União de facto
Não casado
Insónia
Casado/União de facto
Não casado
Perda de apetite
Casado/União de facto
Não casado
Obstipação
Casado/União de facto
Não casado
Diarreia
Casado/União de facto
Não casado
Dificuldades financeiras
Casado/União de facto
Não casado
Estado Geral de Saúde
Casado/União de facto
Não casado
n
xp
x
Md
Z
P
101
26
63.82
64.69
71.49
71.02
73.33
76.67
-0.108
0.914
101
26
63.41
66.29
69.14
69.23
66.67
75.00
-0.368
0.713
101
26
62.94
68.13
67.49
70.19
66.67
70.83
-0.647
0.517
101
26
65.53
58.06
80.20
73.72
83.33
83.33
-0.965
0.334
101
26
63.49
65.98
72.61
70.51
83.33
91.67
-0.321
0.748
101
26
65.99
56.29
35.53
30.34
33.33
22.22
-1.211
0.226
101
26
65.65
57.60
10.73
5.77
0.00
0.00
-1.292
0.196
101
26
66.63
53.77
38.94
30.77
33.33
16.67
-1.624
0.104
101
26
64.03
63.88
7.92
7.69
0.00
0.00
-0.028
0.977
101
26
65.09
59.77
31.68
28.21
33.33
0.00
-0.697
0.486
101
26
65.82
56.94
19.14
11.54
0.00
0.00
-1.347
0.178
101
26
61.71
72.88
15.51
21.79
0.00
16.67
-1.643
0.100
101
26
62.87
68.38
9.57
15.38
0.00
0.00
-0.954
0.340
101
26
63.92
64.31
21.45
24.36
0.00
0.00
-0.054
0.957
101
26
65.16
59.50
58.08
54.49
58.33
54.17
-0.710
0.478
88
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS E ESCOLARIDADE
De modo semelhante testou-se a hipótese «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos submetidos a cirurgia é diferente conforme a escolaridade» e, também,
nesta situação tivemos necessidade de agrupar os doentes em, apenas, duas categorias
(até ao 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário ou Superior) por não haver número
representativo de elementos em cada uma das categorias originais. Analisando os
resultados que são apresentados no Quadro Nº 22 pode-se constatar que existem
diferenças estatisticamente significativas em todas as dimensões funcionais (p≤ 0.048) e
também nas dimensões dos sintomas fadiga (p= 0.007), náuseas e vómitos (p= 0.049), dor
(p= 0.001) e dificuldades financeiras (p= 0.017). Verifica-se, também, que existe diferença
estatisticamente significativa ao nível do estado geral de saúde (p = 0.049).
Os resultados apresentados pelas medidas de tendência central revelam que os
doentes oncológicos com níveis de escolaridade mais altos tendem a apresentar melhor
funcionamento físico, ocupacional, emocional, cognitivo e social e, ainda, melhor estado
geral de saúde. Estes doentes evidenciam, também, menor intensidade dos sintomas
fadiga, náuseas e vómitos e dor e menores dificuldades financeiras.
Podemos concluir que os dados corroboram a hipótese e que os doentes
oncológicos submetidos a cirurgia com maior escolaridade tendem a revelar melhor
qualidade de vida.
89
Quadro Nº 22
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função da
escolaridade
Qualidade de vida
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Escolaridade
Funcionamento Físico
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Funcionamento Ocupacional
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Funcionamento Emocional
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Funcionamento Cognitivo
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Funcionamento Social
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Fadiga
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Náusea e vómito
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Dor
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Dispneia
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Insónia
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Perda de apetite
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Obstipação
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Diarreia
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Dificuldades financeiras
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
Estado Geral de Saúde
Até ao 3º CEB
Ens. Sec. ou Superior
n
xp
x
Md
Z
p
104
23
57.65
92.70
67.95
86.96
73.33
86.67
-4.167
<0.001
104
23
61.07
77.26
66.99
78.99
66.67
100.00
-1.977
0.048
104
23
60.03
81.93
65.54
79.35
66.67
83.33
-2.602
0.009
104
23
60.04
81.89
76.28
90.58
83.33
100.00
-2.693
0.007
104
23
60.87
78.15
69.71
83.33
75.00
100.00
-2.125
0.034
104
23
68.10
45.46
37.18
22.22
33.33
22.22
-2.700
0.007
104
23
66.33
53.46
11.06
3.62
0.00
0.00
-1.971
0.049
104
23
69.22
40.39
41.35
18.84
33.33
16.67
-3.473
0.001
104
23
63.90
64.43
8.33
5.80
0.00
0.00
-0.099
0.921
104
23
65.97
55.11
32.69
23.19
33.33
0.00
-1.358
0.174
104
23
66.38
53.26
19.55
8.70
0.00
0.00
-1.899
0.058
104
23
64.13
63.43
17.31
14.49
0.00
0.00
-0.097
0.923
104
23
64.53
61.59
11.22
8.70
0.00
0.00
-0.487
0.626
104
23
67.23
49.39
24.68
10.14
0.00
0.00
-2.380
0.017
104
23
61.02
77.48
55.93
63.77
50.00
66.67
-1.971
0.049
90
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E A
PROFISSÃO
O teste da hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a
cirurgia é diferente conforme a profissão» foi realizado através do teste Kruskal-Wallis,
tendo-se verificado a necessidade de agrupar os elementos da amostra que pertenciam à
categoria I com os da categoria II e os do grupo 5 com os que foram classificados no grupo
6, ou seja, agrupou-se os indivíduos com profissões mais diferenciadas e os que faziam
parte da população profissionalmente não activa (grupos 5 e 6). Analisando os resultados
que são apresentados nos Quadros Nº 23 e 24, pode-se constatar a existência de
diferenças estatisticamente significativas apenas nos sintomas náusea e vómito (p = 0.026)
e dificuldades financeiras (p = 0.005). Os resultados obtidos para as medidas de tendência
central revelam que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia com profissões mais
diferenciadas (categorias I e II) evidenciam menor intensidade daqueles dois sintomas, ou
seja, revelam ter melhor nível de qualidade de vida.
91
Quadro Nº 23
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função da
actividade profissional
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Actividade Profissional
Funcionamento Físico
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Funcionamento Ocupacional
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Funcionamento Emocional
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Funcionamento Cognitivo
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Funcionamento Social
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
n
xp
x
Md
14
14
19
80
83.82
74.14
62.92
59.01
79.52
75.71
72.28
69.00
86.67
86.67
73.33
73.33
14
14
19
80
63.25
62.21
65.95
63.98
66.67
63.09
71.93
70.00
83.33
83.33
66.67
66.67
14
14
19
80
73.79
60.00
57.47
64.54
74.40
64.29
62.28
68.96
79.17
70.83
66.67
66.67
14
14
19
80
76.82
65.11
58.95
62.76
85.71
75.00
77.19
78.75
100.00
91.67
83.33
83.33
14
14
19
80
72.54
67.21
51.13
65.00
77.38
71.43
59.65
74.37
100.00
100.00
66.67
83.33

2
p
6.723
0.081
0.099
0.992
1.797
0.616
2.361
0.501
3.524
0.318
92
Quadro Nº 24
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função da
profissional (continuação)
Qualidade de vida
Profissão
N
xp
x
Md
14
14
19
80
63.54
61.04
66.53
64.00
36.51
34.92
36.84
33.47
33.33
22.22
22.22
33.33
14
14
19
80
56.46
61.43
81.87
61.53
4.76
9.52
21.05
7.92
0.00
0.00
16.67
0.00
14
14
19
80
57.93
65.75
69.50
63.45
33.33
39.29
40.35
36.87
33.33
33.33
33.33
33.33
14
14
19
80
62.57
63.18
60.32
65.27
4.76
7.14
3.51
9.58
0.00
0.00
0.00
0.00
14
14
19
80
69.79
68.57
62.61
62.52
38.09
35.71
29.82
29.17
33.33
33.33
33.33
33.33
14
14
19
80
55.11
62.68
77.71
62.53
11.90
16.67
29.82
15.83
0.00
0.00
33.33
0.00
14
14
19
80
58.29
65.93
60.26
65.55
9.52
21.43
15.79
17.50
0.00
0.00
0.00
0.00
14
14
19
80
65.50
55.50
67.26
64.45
14.29
4.76
14.04
10.42
0.00
0.00
0.00
0.00
14
14
19
80
45.29
84.36
74.74
61.16
4.76
40.48
35.09
18.75
0.00
33.33
33.33
0.00
14
14
19
80
75.00
57.57
70.50
61.66
61.90
54.76
61.84
55.94
66.67
54.17
58.33
54.17

2
p
Fadiga
Dimensão
de Sintomas
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Náusea e vómito
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Dor
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Dispneia
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Insónia
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Perda de apetite
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Obstipação
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Diarreia
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Dificuldades financeiras
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
Estado Geral de Saúde
Categorias I e II
Categoria III
Categoria IV
Grupos 5 e 6
0.187
0.980
9.267
0.026
0.892
0.827
0.782
0.854
0.809
0.847
5.429
0.143
1.011
0.799
1.827
0.609
12.796
0.005
2.675
0.444
93
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E
TEMPO DE INTERNAMENTO
Procedeu-se ao estudo de correlação entre os dados da qualidade de vida e do
tempo de internamento dos doentes oncológicos (Quadro Nº 25), aplicando o coeficiente de
correlação de Spearman e o seu teste de significância, para testar a hipótese «a qualidade
de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia está relacionada com o tempo
de internamento». Verificámos a existência de correlações estatisticamente significativas
ao nível do funcionamento físico (rs= -0.25; p= 0.005) e dos sintomas insónia (rs= +0.21; p=
0.019) e dificuldades financeiras (rs= +0.18; p= 0.040).
Concluímos que os dados corroboram a hipótese formulada e, tendo presente as
correlações observadas, negativa no primeiro caso e positivas nos segundo e terceiro, podese ainda afirmar que os doentes oncológicos com maior tempo de internamento tendem a
evidenciar pior funcionamento físico, mais insónias e maiores dificuldades financeiras, ou
seja, revelam menor nível de qualidade de vida.
94
Quadro Nº 25
Correlação entre a qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia
(Escala QLQ-C30) e o tempo de internamento
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Tempo de internamento
rs
P
Funcionamento Físico
-0.25
0.005
Funcionamento Ocupacional
-0.10
0.285
Funcionamento Emocional
-0.09
0.329
Funcionamento Cognitivo
+0.01
0.933
Funcionamento Social
+0.02
0.811
Fadiga
+0.16
0.069
Náusea e vómito
-0.03
0.765
Dor
+0.13
0.150
Dispneia
+0.06
0.540
Insónia
+0.21
0.019
Perda de
Apetite
+0.07
0.409
Obstipação
-0.02
0.810
Diarreia
+0.15
0.100
Dificuldades financeiras
+0.18
0.040
-0.06
0.494
Estado Geral de Saúde
95
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E
CO-MORBILIDADES
A comparação dos dados da qualidade de vida em função da existência, ou não, de
doenças associadas através do teste U de Mann-Whitney permitiu testar a hipótese «a
qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia é diferente
conforme a existência de co-mobilidades». A análise dos resultados que constituem o
Quadro Nº 26, permite constatar a existência de diferenças estatisticamente significativas
ao nível do funcionamento físico (p= 0.001), ocupacional (p= 0.003) e cognitivo (p= 0.011) e,
ainda, na intensidade dos sintomas fadiga (p= 0.008), dor (p= 0.004), insónia (p= 0.018) e no
estado geral de saúde (p= 0.003).
Concluímos que os dados confirmam a hipótese formulada e os resultados obtidos
para as medidas de tendência central revelam que os doentes oncológicos submetidos a
cirurgia, que sofrem de outras patologias associadas à doença oncológica tendem a
evidenciar pior funcionamento físico, ocupacional e cognitivo, maior fadiga, dor e insónia e
pior estado geral de saúde, ou seja, apresentam pior nível de qualidade de vida.
96
Quadro Nº 26
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função de
co-morbilidades
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Doenças associadas
Funcionamento Físico
Sim
Não
Funcionamento Ocupacional
Sim
Não
Funcionamento Emocional
Sim
Não
Funcionamento Cognitivo
Sim
Não
Funcionamento Social
Sim
Não
Fadiga
Sim
Não
Náusea e vómito
Sim
Não
Dor
Sim
Não
Dispneia
Sim
Não
Insónia
Sim
Não
Perda de apetite
Sim
Não
Obstipação
Sim
Não
Diarreia
Sim
Não
Dificuldades financeiras
Sim
Não
Estado Geral de Saúde
Sim
Não
N
xp
x
Md
Z
p
43
84
49.56
71.39
62.32
76.03
66.67
80.00
-3.191
0.001
43
84
51.00
70.65
59.98
75.40
66.67
83.33
-2.948
0.003
43
84
56.42
67.88
62.40
70.93
66.67
75.00
-1.674
0.094
43
84
52.86
69.70
69.77
83.53
66.67
83.33
-2.551
0.011
43
84
61.35
65.36
69.38
73.61
83.33
83.33
-0.606
0.545
43
84
75.92
57.90
44.19
29.50
44.44
22.22
-2.640
0.008
43
84
64.00
64.00
7.36
10.91
0.00
0.00
0.000
1.000
43
84
76.77
57.46
47.29
32.14
50.00
33.33
-2.858
0.004
43
84
65.84
63.06
9.30
7.14
0.00
0.00
-0.636
0.525
43
84
74.22
58.77
41.86
25.40
33.33
33.33
-2.376
0.018
43
84
66.45
62.74
19.38
16.67
0.00
0.00
-0.660
0.509
43
84
66.71
62.61
18.60
15.87
0.00
0.00
-0.706
0.480
43
84
63.41
64.30
9.30
11.51
0.00
0.00
-0.182
0.856
43
84
71.44
60.19
27.13
19.44
33.33
0.00
-1.845
0.065
43
84
50.77
70.77
49.42
61.41
50.00
66.67
-2.944
0.003
97
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E A
REALIZAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA
Com a aplicação do teste U de Mann-Whitney testou-se a hipótese «a qualidade de
vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia é diferente conforme foi
realizado, ou não, tratamento de quimioterapia». Os resultados que são apresentados no
Quadro Nº 27 permitem constatar a existência de diferenças estatisticamente significativas
em termos do funcionamento social (p= 0.007) e da intensidade do sintoma de diarreia (p=
0.011). Assim, podemos concluir que os dados confirmam a hipótese e, atendendo aos
valores médios e medianos, que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia e que foram
sujeitos a quimioterapia revelam pior funcionamento social e maior intensidade da diarreia e,
consequentemente, apresentam pior nível de qualidade de vida.
98
Quadro Nº 27
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função do facto
de ter feito quimioterapia
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Fez quimioterapia
Funcionamento Físico
Sim
Não
Funcionamento Ocupacional
Sim
Não
Funcionamento Emocional
Sim
Não
Funcionamento Cognitivo
Sim
Não
Funcionamento Social
Sim
Não
Fadiga
Sim
Não
Náusea e vómito
Sim
Não
Dor
Sim
Não
Dispneia
Sim
Não
Insónia
Sim
Não
Perda de apetite
Sim
Não
Obstipação
Sim
Não
Diarreia
Sim
Não
Dificuldades financeiras
Sim
Não
Estado Geral de Saúde
Sim
Não
N
xp
x
Md
Z
P
48
79
66.55
62.45
74.30
69.62
76.67
73.33
-0.614
0.539
48
79
63.57
64.26
71.18
67.93
66.67
66.67
-0.106
0.916
48
79
61.51
65.51
66.49
68.99
66.67
75.00
-0.599
0.549
48
79
63.45
64.34
79.86
78.27
83.33
83.33
-0.138
0.890
48
79
53.19
70.57
64.24
77.00
66.67
100.00
-2.691
0.007
48
79
64.08
63.95
33.56
35.02
22.22
33.33
-0.020
0.984
48
79
66.43
62.53
12.15
8.23
0.00
0.00
-0.752
0.452
48
79
67.01
62.17
38.19
36.71
33.33
33.33
-0.734
0.463
48
79
59.43
66.78
4.86
9.70
0.00
0.00
-1.724
0.085
48
79
64.26
63.84
30.56
31.22
33.33
33.33
-0.066
0.947
48
79
66.26
62.63
18.75
16.88
0.00
0.00
-0.663
0.508
48
79
59.53
66.72
11.80
19.83
0.00
0.00
-1.269
0.204
48
79
71.61
59.37
16.67
7.17
0.00
0.00
-2.546
0.011
48
79
69.48
60.67
27.78
18.56
0.00
0.00
-1.480
0.139
48
79
61.04
65.80
56.42
57.91
50.00
58.33
-0.717
0.473
99
QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES ONCOLÓGICOS SUBMETIDOS A CIRURGIA E A
REALIZAÇÃO DE RADIOTERPIA
Aplicou-se, uma vez mais, o teste U de Mann-Whitney para testar a hipótese «a
qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia é diferente
conforme foi realizado, ou não, tratamento de radioterapia». Como se pode observar,
pelos resultados que são apresentados no Quadro Nº 28, existem diferenças
estatisticamente significativas em todas as dimensões funcionais (p≤ 0.012), nos sintomas
fadiga (p= 0.015), dor (p= 0.025) e dificuldades financeiras (p= 0.002) e, também, no estado
geral de saúde (p= 0.014).
A comparação dos valores das medidas de tendência central revela que os doentes
oncológicos que fizeram tratamento de radioterapia evidenciam pior funcionamento físico,
ocupacional, emocional, cognitivo e social, maior intensidade de sintomas fadiga, dor e
maiores dificuldades financeiras e, ainda, pior estado geral de saúde. Concluímos que os
dados confirmam a hipótese em estudo e que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia
e que realizaram radioterapia apresentam pior qualidade de vida.
100
Quadro Nº 28
Comparação da qualidade de vida dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia em função do facto
de ter feito radioterapia
Dimensão
de Sintomas
Dimensão
Funcional
Qualidade de vida
Fez radioterapia
Funcionamento Físico
Sim
Não
Funcionamento Ocupacional
Sim
Não
Funcionamento Emocional
Sim
Não
Funcionamento Cognitivo
Sim
Não
Funcionamento Social
Sim
Não
Fadiga
Sim
Não
Náusea e vómito
Sim
Não
Dor
Sim
Não
Dispneia
Sim
Não
Insónia
Sim
Não
Perda de apetite
Sim
Não
Obstipação
Sim
Não
Diarreia
Sim
Não
Dificuldades financeiras
Sim
Não
Estado Geral de Saúde
Sim
Não
N
xp
x
Md
Z
p
21
106
45.76
67.61
61.59
73.33
66.67
80.00
-2.507
0.012
21
106
43.07
68.15
54.76
72.01
66.67
83.33
-2.952
0.003
21
106
41.55
68.45
52.78
71.07
50.00
75.00
-3.084
0.002
21
106
40.88
68.58
62.70
82.08
66.67
83.33
-3.294
0.001
21
106
44.38
67.89
66.67
75.16
66.67
83.33
-2.788
0.005
21
106
81.64
60.50
45.50
32.29
44.44
22.22
-2.431
0.015
21
106
74.81
61.86
18.25
8.02
0.00
0.00
-1.913
0.056
21
106
80.14
60.80
48.41
35.06
50.00
33.33
-2.248
0.025
21
106
63.55
64.09
9.52
7.55
0.00
0.00
-0.097
0.922
21
106
75.67
61.69
42.86
28.62
33.33
33.33
-1.687
0.092
21
106
73.79
62.06
25.40
16.04
0.00
0.00
-1.638
0.101
21
106
63.38
64.12
17.46
16.67
0.00
0.00
-0.100
0.920
21
106
69.00
63.01
15.87
9.75
0.00
0.00
-0.954
0.340
21
106
83.95
60.05
41.27
18.24
33.33
0.00
-3.077
0.002
21
106
46.26
67.51
48.41
59.12
50.00
62.50
-2.455
0.014
101
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após a apresentação e análise dos dados, ir-se-á proceder à sua apreciação crítica,
fazendo uma apreciação global do estudo, de modo a destacar os resultados mais
significativos, tendo por base o problema em estudo, a fundamentação teórica, os objectivos
propostos e outros estudos de relevante pertinência, posteriormente encontrados.
Decidimos, assim, optar pela seguinte metodologia para realizar a discussão:
- Análise crítica dos resultados obtidos de acordo com os objectivos inicialmente
definidos e as questões e hipóteses de investigação formuladas;
- Análise comparativa com outros estudos encontrados na pesquisa bibliográfica.
LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A discussão dos resultados é, no entanto, condicionada por algumas limitações que
surgiram com o decorrer do processo de investigação e podem resultar num enviesamento
dos resultados encontrados, pelo que é necessária prudência na interpretação e
generalização dos mesmos.
A primeira limitação a considerar prende-se com o tamanho da amostra. Ao iniciar a
colheita de dados, considerámos que no mesmo espaço de tempo se conseguiria obter um
maior número de questionários preenchidos. Porém, ao longo das semanas verificou-se que
o número de doentes oncológicos que se incluíam nos critérios de inclusão era menos que o
esperado.
Outro aspecto não menos relevante relaciona-se com o tempo limitado para realizar
a colheita de dados. O prazo estipulado para a entrega do estudo veio revelar-se ser uma
limitação para a colheita de dados e, concomitantemente, para o tamanho da amostra.
102
Também o facto de os doentes se poderem encontrar numa fase de debilidade
psicológica e física, apresentando-se assim vulneráveis, poderá ter condicionado as
respostas dadas.
Por outro lado, a entrega do questionário foi realizada por profissionais externos ao
serviço e foram frisadas as questões de anonimato e confidencialidade, porém os doentes
oncológicos, embora já não se encontrando internados, ainda estão sujeitos a
acompanhamento médico. Pensamos que este facto tem potencial para inibir os doentes de
apresentar reclamações ou realizar apreciações menos positivas dos profissionais de saúde
de quem necessitam para recuperar a saúde, pelo medo de represálias subsequentes.
Para além do exposto, a pouca experiência do investigador poderá também ser
entendida como uma limitação ao estudo.
Após a enumeração de algumas das limitações deste estudo, de seguida é, então,
realizada a discussão dos resultados obtidos. De salientar, que os resultados são válidos
para esta amostra, pelo que qualquer generalização deve ser feita com prudência.
Considerando a primeira questão de investigação «Como se caracteriza a
qualidade de vida dos doentes oncológicos?», constatámos que os doentes oncológicos
evidenciam um nível razoável de qualidade de vida. Este resultado é admirável, na medida
em que, face à bibliografia consultada, vários autores concluíram que a doença oncológica,
bem como os tratamentos para o cancro, nomeadamente a cirurgia, quimioterapia e
radioterapia, provocam consequências desagradáveis tanto ao nível físico como psicológico
e que conduzem à diminuição do nível da QdV (Osoba, Aaronson & Till, 1991; Machado &
Sawada, 2008; Paredes et al., 2008). Num estudo de Engel et al. (2003) semelhante ao por
nós realizado, foi avaliada a QdV de indivíduos com cancro do recto, numa amostra com
329 doentes submetidos a ressecção anterior do recto ou amputação abdomino-perineal.
Neste estudo, foi também aplicada a escala QLQ-C30 e concluiu-se que, relativamente à
103
população alemã saudável, os doentes com cancro do recto submetidos a cirurgia, quatro
anos depois, apresentam piores níveis de QdV.
Todavia, após pesquisa bibliográfica, verificámos que alguns estudos cujo objectivo
foi avaliar a QdV em doentes oncológicos, apresentaram dados similares aos encontrados
neste. Um desses estudos foi realizado por Tolero, Ferrero & Barreto (1996), no qual foi
avaliada a QdV dos doentes oncológicos, numa fase pós tratamento cirúrgico, tendo-se
verificado que, apesar da existência de deterioração a nível da imagem corporal e da
sexualidade, estes doentes referiram apresentar um bom nível de QdV. Um outro estudo, de
Huguet et al. (2009), embora tenha sido realizado com base numa amostra de mulheres
com cancro da mama submetidas a cirurgia, evidenciou que estas apresentavam bons
scores de QdV. Estes autores sugeriram que uma hipótese explicativa para a melhor QdV,
tanto nos aspectos físicos como nos psicológicos destas mulheres, poderia estar
relacionada com a assistência oferecida pelos diversos profissionais de saúde.
Na literatura consultada, encontraram-se ainda outros autores que realizaram
trabalhos de investigação sobre QdV em doentes oncológicos com outras localizações do
tumor, nomeadamente útero ou ovário (Lopes, Ribeiro & Leal., 1999) ou hematológicos (Sá,
2003) e que obtiveram níveis de QdV semelhantes aos que foram encontrados neste
estudo. Também no estudo realizado por Santos (2003) a doentes com cancro colo-rectal,
concluiu-se que, apesar da evolução negativa a nível do funcionamento físico, com
consequente aumento da sintomatologia associada à patologia, os doentes oncológicos
tendem a percepcionar melhor a sua QdV do que o esperado. O estudo de Nicolussi &
Sawada (2009) avaliou a QdV dos pacientes com cancro colo-rectal em tratamento
adjuvante, quer tenha sido quimioterápico, radioterápico e/ou após tratamento cirúrgico,
sendo que média da QdV medida pelo instrumento QLQ-C30 foi de 79,13, ou seja
satisfatória. Num estudo realizado por Davies et al. (1998), a QdV dos doentes submetidos a
gastrectomia sub-total era significativamente melhor depois da cirurgia do que antes, porém
a QdV daqueles que eram submetidos a gastrectomia total não apresentava grandes
diferenças.
104
Assim, no sentido de encontrar explicações para o nível de QdV que os doentes
oncológicos apresentaram neste presente estudo, constatou-se que há autores que afirmam
que a doença oncológica pode afectar menos a QdV dos doentes do que por norma se crê.
Tal facto, de acordo com De Haes & Van Knippenberg (1985), é devido, provavelmente, a
alterações das expectativas ou valores dos doentes, à melhoria efectiva em determinados
aspectos das suas vidas (por exemplo, o reforço de certos vínculos afectivos) ou a uma
reestruturação das prioridades e objectivos da própria vida.
Para além destas explicações e tal como já fora referido na fundamentação teórica,
Wan, Counte & Cella (1997) concluíram que, para o doente oncológico apresentar altos
scores de QdV, é necessário que este possua expectativas adequadas relativamente à
patologia em si e ao seu progresso. Twycross (2003) afirma que, para que este possua
“expectativas adequadas” é necessário diminuir a distância entre as suas ambições e aquilo
que, na realidade, é possível alcançar. Ou seja, o doente oncológico terá um nível de QdV
tão elevado quanto menor for a distância entre as suas ambições e a sua realidade actual.
Assim, para a consciencialização do doente face ao seu estado de saúde e das
limitações que a própria patologia provoca, o profissional de saúde tem um papel assaz
importante, na medida em que, de acordo com os conhecimentos que detém, é, sem dúvida,
aquele que poderá transmitir expectativas adequadas ao doente oncológico.
Num estudo realizado por Leiberich et al. (1993), encontram-se ainda outros factores
que podem explicar este nível razoável de QdV dos doentes oncológicos, nomeadamente as
elevadas percepções de perigo e reduzidas aspirações, bem como o apoio emocional
recebido pelos familiares, companheiros e amigos. O suporte social e familiar tem sido
identificado como um importante factor de adaptação emocional à doença e bem-estar,
contribuindo, consequentemente, para uma melhor QdV (Ribeiro, 1999; Silva, Ribeiro &
Cardoso, 2003). Kotkamp-Mothes et al. (2005) e Baider et al. (2004) referem que a família é
entendida, cada vez mais como um porto seguro e fonte de suporte social do doente, já que
este se sente mais seguro e confiante junto desta, o que se reflecte no seu bem-estar
psicológico e físico, predizendo um melhor ajustamento à doença nos doentes com cancro.
105
Efectivamente, neste estudo não é realizada a avaliação da percepção do suporte
social dos doentes oncológicos, pelo que, face às conclusões dos autores supracitados, não
se pode desprezar esta variável, na medida que poderá ser responsável pelo nível de QdV
encontrado.
Um outro estudo, levado a cabo por Samano et al. (2004), foi realizado com o intuito
de compreender se o acto de rezar se correlaciona com uma melhor QdV de doentes
oncológicos brasileiros. De acordo com os autores, o recurso à fé/ espiritualidade nos
doentes oncológicos encontra-se correlacionado com níveis elevados de QdV. Este é um
estudo assaz interessante, visto que dá uma especial ênfase à questão da espiritualidade
dos doentes que é muitas vezes descurada no âmbito das instituições de saúde.
De acordo com Almeida et al. (2001), dar atenção à espiritualidade do doente é um
aspecto que não deve ser descurado, sobretudo quando o doente enfrenta a possibilidade
da morte (o que frequentemente acontece ao doente oncológico). De referir que,
actualmente, constata-se um consenso cada vez maior relativamente à importância que a
espiritualidade têm na QdV dos doentes em geral e dos doentes oncológicos em particular
(Miller & Thoresen, 2003). Existem mesmo estudos que apontam para uma associação
positiva entre espiritualidade e QdV em doentes oncológicos (Fitchett, Peterman & Cella,
1996; Brady et al., 1999; Bowie, Sydnor & Granot, 2003), porém ainda não estão totalmente
esclarecidos os mecanismos biológicos que medeiam esta relação (Conboy, 2005). Na
opinião de Brady et al. (1999: p.425), a espiritualidade pode ajudar o doente a entender os
sintomas e as limitações físicas como “smaller pieces of the pie of one’s overall well-being”.
Ou seja, o doente passa a focalizar-se em aspectos do seu Eu, para os quais um corpo
dorido, não funcional ou pouco atractivo são insignificantes, o que aumentará o seu sentido
de existência no momento em que as fontes de auto-estima anteriormente utilizadas, como
a aparência física ou o estatuto social e profissional, já não se encontram disponíveis
(Puchalski apud Pestana, Estevens & Conboy, 2007). São, assim, vários os investigadores
que sugerem que intervenções de carácter espiritual podem proporcionar ajuda, permitindo
que a pessoa possa enfrentar os seus medos e a diminuição da esperança nesta fase da
106
vida. De salientar, que nos Hospitais da Universidade de Coimbra há missa católica, onde
pode participar toda a comunidade hospitalar e há, também, consulta de espiritualidade 24
horas por dia, para todas as religiões. Neste presente estudo não é realizada uma
correlação entre a espiritualidade e QdV dos doentes oncológicos, pelo que, face às
conclusões dos autores supracitados, esta variável não se pode ser menorizada.
Todavia, relativamente aos níveis razoáveis de QdV nos doentes oncológicos,
convém ressalvar um aspecto importante, na medida em que Lopes, Ribeiro & Leal, 1999:
p.484) afirmam que “os estudos que demonstraram que as pessoas com cancro têm uma
qualidade de vida satisfatória ou mesmo boa mascaram respostas emocionais, que surgem
associadas à doença e ao tratamento”. Esta conclusão apurada pelos autores supracitados
não pode, ser, igualmente, descurada.
Relativamente aos dados obtidos pela escala QLQ-C30, constatou-se que os
melhores desempenhos dos doentes oncológicos são ao nível do funcionamento cognitivo,
social e físico. Por seu turno, estes doentes apresentaram piores desempenhos ao nível do
funcionamento emocional e ocupacional.
De salientar, que o funcionamento emocional está relacionado com a forma como
as pessoas se sentem (tensas, preocupadas, ansiosas, irritáveis ou deprimidas). A escala
geral da QLQ-C30, possui uma dimensão denominada “Funcionamento Emocional” que
apresenta 4 itens que se poderiam designar por negative afectivity (ou humor negativo),
porém não permite discriminar se o mal-estar que o indivíduo sente está relacionado com a
ansiedade, com a depressão, com a auto-estima ou outra.
De acordo com a pesquisa bibliográfica, vários estudos corroboram com os
resultados obtidos neste estudo. Wade (1989), revela que é no primeiro ano após a cirurgia
que o doente manifesta maiores dificuldades a nível emocional, sendo estas provocadas
pela sua nova condição. Ainda, segundo Figueiredo, Ferreira & Figueiredo (2001), após o
diagnóstico de doença oncológica, e por esta ser considerada por muitos como uma
107
sentença de morte, ocorrem nos doentes reacções emocionais com consequências a nível
da sua QdV. No estudo realizado por Figueiredo (2007), em doentes com cancro colo-rectal,
foi evidente a correlação positiva entre a ansiedade, depressão, stress pós-traumático e a
QdV. Também Restrepo (1998) e McCray (2000) afirmam que as alterações emocionais nos
doentes com cancro colo-rectal apresentam implicações na sua QdV.
Na opinião de Couvreur (2001), a ansiedade dos doentes com cancro deve-se
fundamentalmente à existência de medos múltiplos, tais como mutilações, futuro incerto,
perda do estatuto social, dor, separação dos entes queridos e morte. Santos & Ribeiro
(2001) corroboram com esta ideia e reportando-se em concreto aos doentes com cancro
colo-rectal submetidos a cirurgia, afirmam que estes manifestam situações de ansiedade e
depressão são provocadas pela perda de parte do seu corpo. De acordo com Figueiredo
(2007), em muitas situações, a angústia é dirigida para o órgão perdido, verificando-se que,
por vezes, a cicatriz cirúrgica passa a funcionar como a própria identidade da doença.
No que concerne à depressão, esta é influenciada pela perda ou diminuição de
capacidade física, sentimento de impotência, problemas financeiros, perda do estatuto social
e do emprego (Couvreur, 2001), assim como por dor e desconforto que envolve a ameaça
de perda ou mesmo a perda de identidade e integridade da pessoa e alteração da sua
percepção de futuro (Rosas, 1998). Todos estes aspectos são aceites por muitos autores
como sendo causa de alterações da QdV (Anderson, 1998; Blanchard, Albrecht &
Ruckdeschel, 1997).
Relativamente ao funcionamento ocupacional, está relacionado com as limitações
que as pessoas sentem no dia-a-dia com a realização das suas actividades profissionais ou
de lazer e recreativas. O pior desempenho ao nível ocupacional dos doentes oncológicos vai
ao encontro do que é descrito na bibliografia. Osoba (1991), no seu trabalho, constatou que
a actividade social dos doentes oncológicos parece ser inferior, no plano do desporto,
trabalho, viagens e outras actividades de lazer. Santos (1999), acrescenta ainda que, antes
de reiniciarem o trabalho, estes doentes necessitam de um período de recuperação,
108
geralmente de um ano. No entanto, um pequeno número de doentes deixa definitivamente
de trabalhar. De acordo com Queiroz (2010), a doença oncológica obriga a um absentismo
de longa duração, o que é um factor de desinserção social importante para o doente. 60% a
80% dos doentes em remissão regressam ao trabalho, e este regresso é tanto mais
frequente e precoce quanto mais jovem é o individuo, quando tem uma actividade
profissional motivadora, quando as sequelas iatrogénicas são mínimas e quando o mercado
de trabalho é favorável. Segundo Kornblith (1998), com base em diversos estudos, ainda
persistem algumas discriminações nos locais de trabalho, em resultado do doente padecer
cancro, devido aos mitos, tais como o cancro reduzir a produtividade e ser fisicamente
contagioso.
De acordo com Couvreur (2001), num estudo realizado na Grã-Bretanha constatouse que, no exercício das actividades, existe uma diminuição da capacidade de 87% para
pegar em objectos pesados, 60% para proceder a limpezas, 56% para cuidar do marido ou
filhos e de 56% para subir ou descer escadas. Esta situação provoca algumas dificuldades
nos empregadores, que nem sempre são sensíveis às situações de doença, dificultando o
emprego aos doentes que tiveram cancro. Desta situação se depreende o pior desempenho
ao nível ocupacional (Idem).
No que concerne aos dados obtidos pela escala QLQ-C30, estes que revelam que os
melhores desempenhos dos doentes oncológicos são ao nível do funcionamento
cognitivo, social e físico. Não era esperado obter estes resultados, já que, efectivamente
são vários os estudos que demonstram como a doença oncológica é comprometedora ao
nível físico, cognitivo e social. Segundo Queiroz (2010), a doença oncológica agride física
(desde as alterações orgânicas até à ameaça de morte, na ausência de tratamento eficaz) e
socialmente (a desinserção social, pelo menos temporária, aliada aos preconceitos de
grande parte dos que rodeiam o doente).
Relativamente à função cognitiva, trata-se de um conceito multidimensional que
descreve os domínios resultantes da performance do cérebro saudável, explicitados num
estudo de Jansen et al. (2006) como a atenção e concentração, função executiva,
109
velocidade de processamento de informação, linguagem, função motora, habilidade espaçovisual, aprendizagem e memória, sendo que, com a aplicação da escala QLQ-C30, medimos
especificamente a concentração e memória.
Face aos dados obtidos neste estudo que evidenciam bons desempenhos dos
doentes oncológicos ao nível do funcionamento cognitivo, social e físico foi realizada
umaà pesquisa bibliográfica, à posteriori, tendo sido encontrados estudos que obtiveram
resultados semelhantes aos deste estudo. Um estudo desenvolvido na Alemanha, por Arndt
et al. (2004), que também utilizou a escala QLQ-C30, em pacientes com cancro colo-rectal,
um ano após o diagnóstico e submetidos a algum tipo de tratamento (cirurgia, QT e/ou RT),
foram encontrados melhores scores para as funções físicas e cognitiva e scores mais baixos
para a função emocional, com cerca de 80% dos doentes relatando sentirem-se deprimidos,
irritados, tensos ou preocupados.
A bibliografia realizada à posteriori deu-nos algumas pistas que podem explicar os
resultados obtidos. No estudo de Pestana, Estevens & Conboy (2007) os indivíduos com
doença oncológica, submetidos a quimioterapia, com níveis mais elevados de bem-estar
espiritual apresentam uma melhor QdV a nível físico. Na opinião de Queiroz (2010), a QdV
pode, no entanto, ser influenciada pela percepção de controlo que os doentes têm sobre os
problemas relacionados com o diagnóstico e o tratamento. Jarret et al. apud Bigatti &
Wagner (2003) afirmam que algumas das estratégias frequentemente utilizadas em
mulheres com cancro da mama são os evitamentos cognitivos (não pensar no cancro) e a
tentativa de encontrar algum significado na experiência.
Para além do funcionamento, a escala QLQ-C30 (versão 3.0) permite caracterizar os
sintomas que os doentes oncológicos apresentam e que, também, vão influenciar directa ou
indirectamente a sua QdV. De acordo com os dados obtidos, os sintomas que mais
interferem na vida dos doentes oncológicos são a dor, a fadiga e a insónia.
110
Os resultados obtidos vão ao encontro do que se encontra descrito na bibliografia.
De acordo com Zebrack & Chesler (2002), há referência a efeitos como a fadiga e a dor, que
afectam a QdV de doentes oncológicos. Na opinião de Esteves (1994), estes sintomas são
promotores das alterações na aparência física, nas funções corporais, nas actividades de
vida diária e, consequentemente, na QdV (Hann et al., 1998; Svedlund et al., 1996).
Reportando-nos especificamente à dor, a literatura refere que é um sintoma
frequente nos doentes oncológicos e é considerado o mais temido, já que é muitas vezes
vista como uma ameaça ao modo de vida e à própria existência (Carvalho & Cardoso,
2000), sendo entendido como uma causa de perturbação da QdV. A dor do doente
oncológico tem, assim, repercussões graves a nível social, uma vez que contribui para o
absentismo e, consequentemente, para o agravamento dos problemas financeiros,
sentimento de dependência e inutilidade, sendo que estes problemas podem terminar numa
diminuição da auto-estima ou mesmo em depressão o que influenciará a QdV. A dor, pelo
exposto, constitui assim um dos sintomas mais importantes na avaliação da qualidade de
vida de qualquer doente oncológico (Van-Knippenberg et al., 1992).
É então fundamental fazer-se um diagnóstico diferencial e causal da dor. Com as
técnicas médicas e cirúrgicas, não é aceitável que no século XXI os doentes continuem a
sofrer com dor e /ou outros desconfortos físicos. Nesse sentido, a avaliação da dor pelo
profissional de saúde é o ponto fundamental para o planeamento do tratamento e cuidado.
Relativamente à fadiga, há consenso entre os autores em afirmar que mesmo alguns
anos após o tratamento, vários doentes continuam a sentir fadiga, sendo este um dos
maiores problemas a longo prazo nestes doentes. De acordo com Kassa et al.; Winninghan;
Kuuppelomäki apud Mota & Pimenta (2002), a fadiga é relatada pelos doentes oncológicos,
em todas as fases da doença, como um dos sintomas mais frequentes, principalmente nos
casos que apresentam metástases. Há consenso de que seja um sintoma multicausal, que
limita de forma significativa as actividades diárias e reduz a capacidade de trabalho,
111
podendo ser considerada uma síndrome. De salientar que durante a fase de tratamentos, os
doentes que valorizam a aparência física terão enormes dificuldades em aceitar as
alterações físicas, como por exemplo, a alopécia, ostomia ou mastectomia, enquanto os que
dão mais valor à sua profissão terão mais dificuldades em lidar com a fadiga e,
consequente, absentismo (Falon, 1990).
Num estudo retrospectivo com 100 doentes em cuidados paliativos, também Jenkins
et al. (2000) observou fadiga em 95% dos doentes. O estudo realizado por Gorini et al.
(2010), relativo à fadiga em doentes oncológicos, evidenciou que 17,8% destes
apresentaram sinais e sintomas sugestivos de fadiga. Os tipos de cancro que mais
mostraram ligação com fadiga foram os do aparelho digestivo e o tratamento mais
relacionado com a fadiga foi a quimioterapia, com 50% dos doentes a manifestá-la. O
estudo de Mota (2008), sobre a fadiga no doente com cancro colo-rectal, concluiu que numa
amostra de 157 doentes com cancro no cólon ou recto, a fadiga foi referida por 26,8% dos
doentes, sendo que os factores de risco para a fadiga foram os seguintes: serviço de saúde
público, dor, prejuízo do sono, depressão e capacidade funcional e prejuízo do sono. Um
estudo desenvolvido na Alemanha, que também utilizou o QLQ-C30 em pacientes com
cancro colo-rectal, um ano após o diagnóstico e submetidos a algum tipo de tratamento
(cirurgia, QT e/ou RT), concluiu que os doentes desse estudo foram mais afectados por dor,
fadiga e insónia (Arndt et al., 2004).
Relativamente à insónia, para além do estudo supracitado que concluiu que este
sintoma interfere muito com a QdV dos doentes oncológicos, também Ravasco et al. (2006),
no estudo sobre doentes com cancro gastrointestinal, confirmou que a insónia, a dispneia e
a anorexia eram mais acentuadas em doentes com diagnóstico entre os 6 e 13 meses.
A dispneia, as naúseas e vómitos e a diarreia são os sintomas com scores
mais baixos e que têm os menores desvios padrão, o que significa que, por um lado, são
aqueles que são menos frequentes e, por outro, são aqueles em que há menos discrepância
nas respostas dos doentes oncológicos.
112
Considerando a segunda questão de investigação, «Como se caracteriza a
satisfação dos dentes oncológicos relativamente aos cuidados recebidos durante o
internamento?», verificámos que em relação às dimensões de satisfação com os
médicos e enfermeiros não há um grande desfasamento entre si, mas aquela com que os
doentes estão mais satisfeitos é com as habilidades interpessoais e técnicas, que se
relaciona com o interesse que os profissionais demonstram pelos doentes, bem como pela
preocupação e com o conforto e apoio que lhes dão.
Também no estudo realizado por Lucas (2002), no âmbito de centro de saúde,
verificou que 60% dos doentes se encontravam satisfeitos com a simpatia e o interesse
demonstrado pelos profissionais de saúde pela sua situação clínica. No caso concreto dos
cuidados de enfermagem, é um facto comprovado por diversas investigações que estes são
importantes para a satisfação do doente (Gotieb, 2002; Johansson, Oléni, Fridlund, 2002;
Schmidt, 2003; Shattell, 2004; Davis, 2005), dado ser este o grupo profissional de saúde,
que mais tempo passa com os doentes nas organizações de saúde.
Por outro lado, neste trabalho verificámos também que a dimensão com a qual os
doentes estão menos satisfeitos é a informação dada pelos médicos e enfermeiros, uma vez
que apresenta o score mais baixo, o que está de acordo com o comprovado por alguns
autores. Melo (2001), no seu estudo, concluiu que quanto melhor for a informação prestada
maior é a satisfação dos doentes. Na verdade, a maioria da investigação aponta para uma
forte relação entre a quantidade de informação que o doente possui e o consequente nível
de satisfação face à informação recebida, ou seja, parece existir uma correlação positiva
entre o nível de informação e o nível de satisfação dos doentes (Sigurthardottir, 1996;
Meehan, 1999; Oermann & Templin, 2000; Neto et al., 2003; Melo, 2005). De acordo com
Martins (2010), há uma relação significativa entre a satisfação com a informação a
satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento (de enfermagem, médicos e
da organização).
113
Tal como neste estudo, outros estudos revelam que os doentes que recorrem aos
serviços de saúde estão frequentemente descontentes com a qualidade e a quantidade de
informação que recebem dos profissionais de saúde e isso reflecte-se na sua satisfação. O
trabalho realizado por Pimentel et al. (1999) no Hospital de São João, com uma amostra de
193 doentes oncológicos, concluiu que 24,9% estavam satisfeitos com a informação que
lhes tinha sido transmitida e que apenas 21,8% estavam muito satisfeitos com essa mesma
informação.
Relativamente à disponibilidade dos médicos e dos enfermeiros, que está
relacionada com a frequência das visitas e o tempo que é dedicado aos doentes durante as
mesmas, que é, de facto, um dos aspectos muito valorizados pelos doentes, uma vez que
de acordo com Grunfeld et al. (2006), se estes tivessem a oportunidade de escolher outro
local de tratamento com condições semelhantes, teriam tendência a optar por aquele em
que sentissem que os profissionais tinham mais tempo
Em relação à dimensão de satisfação com a organização dos cuidados, neste
presente estudo, os doentes oncológicos revelaram maior satisfação geral, bem como com a
informação e com a comunicação, verificando-se, por outro lado, verifica-se menor
satisfação com o acesso o tempo de espera e o conforto/limpeza.
O item com o score mais elevado desta dimensão é o da satisfação geral. Carvalho
& Pacheco (2002) afirmam que este resultado poderá ser explicado pelo facto da população
geralmente assumir uma posição paternalista em relação aos serviços de saúde, pelo que
os resultados da satisfação poderão ser independentes da qualidade dos cuidados
recebidos. Assim, apesar de os doentes não se encontrarem muito satisfeitos com alguns
aspectos mais específicos, de uma maneira geral afirmam que a sua satisfação geral até é
bastante boa, devido a esta atitude paternalista em relação aos serviços de saúde.
Por outro lado, a dimensão com que as pessoas que encontram menos satisfeitas
relaciona-se com as acessibilidades e tempo de espera. As acessibilidades estão
114
relacionadas não apenas com a facilidade de acesso e de estacionamento, como também
com a facilidade de localizar os diferentes serviços. Já o tempo de espera está relacionado
com a demora na realização de exames e tratamentos médicos, bem como pela entrega dos
seus resultados. Na verdade, constata-se dificuldade em estacionar o veículo próprio nas
imediações do hospital, sendo que este aspecto está contemplado no plano de remodelação
do hospital.
Analisando comparativamente os três domínios, pode-se constatar que os doentes
oncológicos evidenciaram maior satisfação com os médicos e com os enfermeiros e menor
satisfação com a organização dos cuidados. Atendendo à amplitude da escala utilizada para
avaliar a satisfação, pode-se concluir que os doentes oncológicos revelaram estar bastante
satisfeitos com os médicos e com os enfermeiros e razoavelmente satisfeitos com a
organização dos cuidados. Estes resultados estão de acordo com os dados publicados pelo
gabinete do doente no jornal do Instituto Português de Oncologia (2006), já que refere que
das 104 reclamações apresentadas, cerca de 42,3% estavam directamente relacionadas
com a organização dos serviços ou dos cuidados. Também o estudo de Avery et al. (2006),
que utilizou igualmente a escala PATSAT 32 e que foi realizado em Inglaterra numa amostra
de 139 doentes oncológicos, dois meses após a alta, obteve resultados próximos dos
nossos, no grupo de indivíduos com experiência recente de doença, em termos globais, mas
com algumas diferenças pontuais, continuando a ser a dimensão relativa à organização a
pior pontuada, mas com a apreciação dos médicos a ser melhor pontuada que os cuidados
prestados pelos enfermeiros.
Fazendo uma abordagem global observa-se que apesar dos scores com pontuações
menos elevadas, na generalidade, a satisfação com os cuidados recebidos pontua-se como
razoável (na maioria superior a 50). No nosso estudo, a amostra é maioritariamente
constituída por idosos e como vários autores referem nos seus estudos, são os doentes
mais idosos os mais satisfeitos quando comparados com os mais novos, o que se deve ao
115
facto de estes últimos possuírem expectativas mais elevadas em relação aos cuidados e
estarem também mais conscientes do seu papel de consumidores, assumindo geralmente
um papel mais activo em relação a esses mesmos cuidados e sendo também os mais
exigentes (Gasquet, 1999; McIntyre & Silva, 1999; Ferreira et al., 2003; Ferreira, Raposo &
Godinho., 2005). Também, segundo Ehnforts, Söderström, 1995; Bengtsson et al. 1998;
Green & Davis, 2005), num estudo sobre percepção da satisfação com os cuidados de
enfermagem recebidos, concluíram que os mais idosos tendem a estar mais satisfeitos com
os cuidados recebidos.
No que concerne ao nosso estudo, a amostra é maioritariamente constituída por
doentes casados. Nos estudos de McIntyre, Pereira & Soares (2001) e de Ribeiro (2003), os
doentes casados apresentam níveis de satisfação mais elevados do que os solteiros, viúvos
e divorciados. Como neste estudo a maioria dos doentes oncológicos são casados, os
resultados por nós obtidos vão ao encontro destes estudos.
Ainda relativamente ao nosso estudo, a maioria dos indivíduos que constitui a nossa
amostra tem apenas o primeiro ciclo. De acordo com Gomes (2008), as variáveis
relacionadas com o nível educacional parecem influenciar o nível de satisfação dos doentes.
Bengtsson et al. (1998) concluiu no seu estudo, relativamente aos cuidados de enfermagem,
que os doentes com maiores habilitações académicas fazem mais exigências em relação
aos cuidados de enfermagem, tendo maior necessidade de informação e educação.
Constata-se pois, que os doentes com maior formação académica, se apropriam mais
facilmente dos conhecimentos sobre a sua situação clínica e, como consequência disto,
assumem um papel mais activo neste processo.
Quanto à segunda questão de investigação «Como se caracteriza a satisfação
com a informação sobre a doença dos doentes oncológicos?», os resultados obtidos
neste estudo revelam que os doentes oncológicos que colaboraram no estudo evidenciaram
possuir um nível razoável de conhecimentos sobre a doença, sendo que, afirmaram possuir
116
mais conhecimentos ao nível da informação projectiva e de autocontrolo e menores
conhecimentos no que concerne à informação médica.
Estes resultados vêm corroborar com os obtidos pela escala QLQ-IN-PATSAT32,
que também evidenciou alguma insatisfação dos inquiridos com a informação dada pelos
médicos e enfermeiros. O próprio autor da escala EScD verificou que os inquiridos estão
insatisfeitos com a informação que detêm sobre a doença. No seu estudo a média obtida
ficou muito aquém, não atingindo os dois pontos, tanto para o global, como para cada uma
das dimensões da ECsD (tendo como valor máximo três pontos). Os estudos realizados por
Martins (2003) e Stewart et al. (2004), revelaram que a maioria dos doentes referem ter
recebido menos informação do que aquela que desejavam.
Face a estes estudos e de acordo com Laranjeira (2007), hoje em dia, observa-se
que os doentes oncológicos desejam receber mais informação e que esta seja congruente
com a sua trajectória de doença, parecendo ser a procura de informação uma estratégia de
adaptação à sua condição de doente crónico. Um estudo realizado por Fallowfield, Ford,
Lewis (1995), no intuito de avaliar as preferências dos doentes para as informações gerais e
específicas sobre a sua doença e tratamento, corrobora com a ideia anterior. Estes
investigadores concluíram que da amostra (n=101 doentes oncológicos), 94% manifestaram
o desejo de tanta informação quanto possível dos seus oncologistas, seja ela boa ou má,
4% desejavam apenas informação, se for uma boa noticia e 2% diminuíram informação
extra, preferindo deixar as coisas para o médico. Este estudo mostrou que os doentes com
cancro, em geral, têm o desejo de ser bem informados sobre o diagnóstico, prognóstico,
opções terapêuticas e efeitos colaterais. Outro estudo, realizado na Escócia por Meredith et
al. (1996), com o objectivo de avaliar as necessidades dos doentes com cancro sobre a sua
condição concluiu que 79% (amostra=269 indivíduos) dos doentes quis saber tanta
informação quanto possível e 96% tinha uma necessidade de saber se tinham cancro. A
maioria dos doentes também queria saber a oportunidade de cura (91%) e informação sobre
os efeitos colaterais do tratamento (94%).
117
Na medida em que os estudos evidenciam que, de um modo geral, o doente
oncológico quer ser informado, e no caso concreto deste estudo a amostra analisada
manifesta insatisfação com a informação que detém sobre a doença, parece então que, na
prática, nem os doentes estão a conseguir satisfazer um direito fundamental que lhes
assiste, nem os profissionais de saúde estão a cumprir com o dever de informar os doentes
(Martins, 2009a).
No que concerne à hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos está
relacionada com a satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento»,
verificou-se que, apesar de não parecer haver uma correlação absoluta entre a QdV dos
doentes oncológicos e a satisfação com os cuidados recebidos, observando-se algumas
associações pontuais entre as duas variáveis.
Face à pesquisa bibliográfica realizada, à posteriori, constatou-se que no estudo de
Avery et al. (2006), com doentes com cancro gastrointestinal submetidos a cirurgia, ficou
demonstrado que não havia qualquer associação entre a QdV dos doentes oncológicos e a
satisfação destes com os cuidados recebidos. Porém, outros estudos evidenciam esta
relação. Por exemplo, o estudo de Ferreira (2009), embora não tenha sido realizado em
doentes oncológicos, teve como objectivo compreender como é que uma doença crónica
como a lombalgia pode afectar o quotidiano do indivíduo. Este autor analisou os doentes
com esta patologia, em tratamento de fisioterapia e acupunctura, tendo concluído que nos
doentes submetidos a acupunctura se verifica que a QdV é tanto maior quanto maior for o
controlo do tratamento, a satisfação com as despesas e a satisfação global com os cuidados
recebidos. Também Fitzpatrick (1993), Whitfield & Baker (1992), consideram que é
importante avaliar a satisfação do doente, porque a investigação mostra uma relação
inequívoca entre a satisfação do doente e vários resultados do cuidar. De acordo com os
autores supracitados, tem-se verificado que os doentes mais satisfeitos com os cuidados
são os que têm uma maior adesão terapêutica, uma maior relação com o profissional de
saúde e uma melhor QdV.
118
Na medida em que se verificaram associações entre aspectos da QdV dos doentes
oncológicos e a sua satisfação com os cuidados recebidos, importa analisar os dados
obtidos ao pormenor. Assim, neste estudo conclui-se que os doentes oncológicos mais
satisfeitos com a informação prestada pelos médicos e com a organização geral dos
cuidados recebidos evidenciam melhor qualidade de vida em termos de funcionamento
físico.
Com o intuito de compreender de que modo é que a satisfação com a informação
fornecida pelos médicos influencia o desempenho físico dos doentes oncológicos, procedeuse à pesquisa bibliográfica. O estudo realizado por Carter et al. (1982) encontrou uma
correlação positiva entre a partilha de opiniões entre médico e doente e o conhecimento do
doente sobre a doença, com consequência no cumprimento das recomendações médicas. O
facto de os doentes acatarem as recomendações médicas, mantendo, por exemplo o
repouso, cumprindo a analgesia prescrita, usando cintas de contenção, entre outros, parecenos fazer com que estes apresentem melhor QdV em termos de desempenho físico do que
doentes que não estão satisfeitos com a informação recebida e, como tal, não cumpriram as
recomendações médicas.
Ainda relativamente ao nosso estudo, concluiu-se que os doentes oncológicos em
que as náuseas e vómitos interferem mais na sua QdV estão mais satisfeitos com as
habilidades interpessoais dos enfermeiros e com o conforto e limpeza. Jong et al. (2004),
afirmam que os doentes com cancro submetidos, por exemplo, a tratamento quimioterápico
podem apresentar uma variedade de efeitos colaterais, como dor, náuseas e vómitos, queda
de cabelo, alteração de peso, fadiga e ansiedade. Bonassa (1992: p.49) afirma que as
náuseas e os vómitos são descritos como um dos mais frequentes e incómodos efeitos
colaterais de tratamentos, como a quimioterapia. Lages et al. (2005) salientam que estas
são também, as complicações mais frequentes da recuperação anestésica. De acordo com
Machado & Sawada (2008), os profissionais de saúde, em concreto os enfermeiros, que
actua na área de oncologia, o seu conhecimento das drogas, o modo de administração e
119
possíveis efeitos colaterais provocados, poderão auxiliar o doente no desenvolvimento de
estratégias de intervenção para melhorar o seu bem-estar. O uso de medicação anti-emética
é a intervenção mais comum para o controle de náuseas e vómitos (Idem).
Relativamente à relação encontrada entre os doentes oncológicos, cujas náuseas e
vómitos interferem mais na qualidade de vida, e a satisfação com o conforto e limpeza da
instituição, consideramos que faz sentido, na medida que ambientes, por exemplo, com
odores intensos e desagradáveis irão de certa forma despoletar a náusea e o vómito nestes
doentes.
Ainda em relação ao presente estudo concluiu-se que os doentes oncológicos que
evidenciam um melhor estado geral de saúde estão mais satisfeitos com as habilidades
técnicas dos enfermeiros. Carvalho & Marçal (1994: p.127) afirmam que “está demonstrado
que o grau de satisfação do consumidor dos serviços de saúde está muito relacionado com
a qualidade dos cuidados de enfermagem nele prestados”.
Conclui-se, de igual forma, neste presente estudo, que os doentes oncológicos em
que o sintoma de dispneia se manifesta com maior intensidade tendem a estar menos
satisfeitos com a organização dos cuidados recebidos em termos de informação, tempo de
espera e comunicação. De acordo com Silva (2009), no seu estudo sobre caracterização
dos cuidados de saúde prestados ao doente oncológico em agonia num serviço de cuidados
paliativos afirma que a dispneia é um dos sintomas mais frequentes em doentes oncológicos
em cuidados paliativos e provoca muita ansiedade no doente. A autora afirma, ainda, que o
objectivo do tratamento consiste em diminuir a percepção da sensação de falta de ar e a
ansiedade associada. Acrescenta que as medidas não farmacológicas são fundamentais
(nomeadamente, administração de oxigénio), porém devem acompanhar sempre as
farmacológicas. Neste sentido, é importante que o doente não permaneça sozinho, que o
ambiente esteja arejado e, visto que a maioria dos doentes não se encontra capaz de
120
expressar as suas queixas, torna-se importante a comunicação não verbal no intuito de
avaliar o sintoma. Face ao exposto, torna-se mais fácil compreender os resultados obtidos.
Depreende-se então os motivos pelos quais a informação prestada a estes doentes, no
sentido de lhes diminuir a ansiedade e a redução dos de tempos de espera em salas (por
vezes de reduzidas dimensões que provocam a sensação de falta de ar), lhes pode
melhorar a sua QdV.
Por último, neste estudo concluiu-se que os doentes oncológicos que têm maior
perda de apetite tendem a revelar menor satisfação com a organização dos cuidados no que
concerne à informação. De acordo Silva (2006), o diagnóstico de cancro e os tratamentos
subsequentes levam, na maioria das vezes, a um período de muita ansiedade e de
depressão. A depressão, por seu turno está associada a sintomas somáticos, como a perda
de apetite. Este autor afirma que o trabalho da equipa de saúde se torna essencial para
informar o doente no sentido de o estimular a uma alimentação adequada. De salientar, que
no estudo de Freire & Massoli (2006) são propostas intervenções de enfermagem para estes
doentes, que se baseiam principalmente na transmissão de informação, no intuito de manter
a ingestão alimentar mais próxima do padrão normal em doentes com cancro da mama
submetidas a tratamento quimioterápico. Face ao exposto, é possível compreender que
doentes pouco satisfeitos com a informação transmitida pelos profissionais de saúde
relativamente, por exemplo aos alimentos que podem ingerir, tenham maior perda de
apetite.
Em relação à hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos está
relacionada com a satisfação com a informação que eles detêm sobre a doença»,
conclui-se que os dados confirmam a hipótese formulada e que os doentes mais satisfeitos
com a informação sobre a doença tendem a evidenciar melhor nível de QdV em termos
funcionais, menor intensidade dos sintomas e melhor estado geral de saúde. São vários os
estudos que corroboram com os dados obtidos neste trabalho. Embora alguns trabalhos
121
tenham concluído que a informação induz um incremento de reacções emocionais, tais
como apreensão, ira e ansiedade (Lankton et al., 1977; Loftus & Fries, 1979), outros estudos
mostram que dar informação aos doentes tem consequências positivas, inclusivamente
redutoras da ansiedade (Cassem & Stewart, 1975; Denney et al., 1975), favorecendo uma
melhor adaptação psicossocial do doente (Cassileth et al., 1980a; Gerle, Lunden &
Sandblom, 1960; Henriques, Stadil & Baden, 1980; Mishel et al., 1984), e como tal, melhor
QdV. De acordo com Surribas & Fontanella (2006), a informação é útil, na medida em que
aumenta a participação do doente no tratamento e nos cuidados, facilita a colaboração do
doente e adesão ao tratamento, aumenta a capacidade de tomada de decisão e a
capacidade de fazer frente à doença, amplia a capacidade de assumir a doença e gerar
sentimentos de segurança e controlo da situação, aumenta a rentabilidade das consultas e
promove estratégias de auto-cuidado. Martins (2010), afirma, ainda, que a informação é
essencial porque condiciona a atitude perante a própria doença, as decisões que se tomam
no presente e as actuações posteriores do próprio e da família que vão influenciar a QdV.
Em relação à hipótese de investigação proposta de que «a qualidade de vida dos
doentes oncológicos está relacionada com a idade», verificou-se a existência de
correlações estatisticamente significativas ao nível dos funcionamentos físico e cognitivo, do
estado geral de saúde e da idade. Concluiu-se, assim, que os dados corroboram a hipótese
formulada e, pelo facto daquelas correlações serem negativas, podemos afirmar que os
doentes mais idosos tendem a apresentar pior qualidade de vida. Segundo Aaronson,
Bullinger & Ahmedzai (1998), a idade dos doentes oncológicos não influencia nos índices de
QdV geral. Todavia, os resultados por nós obtidos estão de acordo com os apresentados
por outros autores. De acordo com Cotrim (2007), o momento em que a doença é
diagnosticada no ciclo vital é um factor a ter em conta no ajustamento psicológico do doente.
Com o aumento da idade, a capacidade de lidar com a doença diminui. Também o estudo
de Pinto & Ribeiro (2006) afirma que a idade aquando do diagnóstico pode interferir no
processo de adaptação. O estudo de Souza et al. (2005), relativo à avaliação da QdV de
122
doentes de carcinoma rectal submetidos a amputação adbomino-perineal, concluiu que o
grupo dos doentes mais idosos apresentava maior dificuldade em realizar actividades
quotidianas e até mesmo, actividades de lazer, o que influenciará a sua QdV. Também no
estudo de Santos, Ribeiro & Lopes (2003) se concluiu que os indivíduos mais idosos,
habitualmente também mais isolados, mostram menor satisfação com as amizades,
hipervalorizando a componente familiar de apoio, o que pode explicar a menor QdV.
No que concerne à hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos é
diferente conforme o género», os resultados obtidos revelam que os doentes oncológicos
do género feminino tendem a apresentar pior funcionamento cognitivo e maior intensidade
dos sintomas fadiga e obstipação, ou seja, evidenciam pior QdV que os do género
masculino. Estes dados são confirmados por outros estudos realizados nesta área. Num
estudo realizado na Alemanha por Schmidt et al. (2005), e que também utilizou o QLQ-C30,
um ano após cirurgia em doentes com cancro rectal, os homens relatam melhores scores na
função física, enquanto as mulheres afirmaram ter mais sintomas como insónia, fadiga e
perda de apetite (Nicolussi & Sawada, 2009). Um outro de estudo Pérez et al. (2004),
realizado na Espanha, mostrou resultados estatisticamente significantes, cuja QdV foi pior
nas mulheres que nos homens, medido pelo instrumento Nottingham Health Profile.
No intuito de compreender, o motivo das diferenças encontradas foi realizada uma
pesquisa bibliográfica ulterior. Assim, de acordo com Gianini (2007), nas culturas ocidentais,
as diferenças de género são fundamentais na escolha de estratégias para enfrentar o
cancro. Ou seja, os homens e mulheres utilizam diferentes formas de adaptação
psicossocial nas diferentes etapas do tratamento oncológico e tal deve-se ao facto destes
serem socializados de modo diferente e que, como resultado de tal socialização de género,
os indivíduos do sexo masculino e feminino não desenvolvem a mesma gama de
habilidades de confronto com a doença (Idem). De acordo ao exposto, torna-se fácil
compreender o motivo pelo qual, no nosso estudo, há diferenças no género relativamente à
QdV.
123
Em relação à hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos é diferente
conforme o estado civil», concluímos que não existem evidências estatísticas que nos
permitam afirmar que a qualidade de vida dos doentes oncológicos é diferente conforme o
estado civil. Também o estudo de Cotrim (2007), relativamente à QdV do doente oncológico
ostomizado concluiu que o estado civil parece não ter influência significativa na QdV.
Relativamente à hipótese «a qualidade de vida dos doentes oncológicos é
diferente conforme a escolaridade», constatámos os doentes oncológicos com níveis de
escolaridade mais altos tendem a apresentar melhor funcionamento físico, ocupacional,
emocional, cognitivo e social e, ainda, melhor estado geral de saúde. Evidenciam, também,
menor intensidade dos sintomas fadiga, náuseas e vómitos e dor e menores dificuldades
financeiras, ou seja os doentes oncológicos com maior escolaridade tendem a revelar
melhor QdV. Este resultado está de acordo com o descrito na bibliografia consultada. O
estudo de Cotrim (2007), em relação às habilitações literárias, não encontrou relação
estatisticamente significativa entre as habilitações literárias e a QdV do doente ostomizado,
porém relativamente ao grupo de doentes não ostomizados, os resultados indicam que
quando os doentes são mais literados percepcionam menores dificuldades relacionadas
com a sua QdV. O autor dá explicações para os resultados encontrados. Segundo este, o
facto de os doentes não ostomizados serem mais instruídos aumenta a sua capacidade para
procurar recursos e informação que possam contribuir para melhorar a sua QdV. Também
Santos, Ribeiro & Lopes (2003) afirmam que o grau de literacia poderá favorecer o processo
de integração profissional e social, melhorando assim a QdV destes doentes.
Quanto à hipótese de investigação, «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos é diferente conforme a profissão», conclui-se que os doentes oncológicos
com profissões mais diferenciadas evidenciam menor intensidade ao nível de das náuseas e
vómitos e apresentam menores dificuldades financeiras, ou seja, revelam ter melhor nível de
qualidade de vida. Os dados obtidos vem ao encontro dos resultados encontrados em
124
alguns trabalhos, nomeadamente no estudo Cotrim (2007), que concluiu que os doentes
oncológicos não ostomizados com profissões mais diferenciadas apresentam maior
satisfação com os cuidados de saúde.
Em relação à hipótese de investigação «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos está relacionada com o tempo de internamento», concluímos que os
doentes oncológicos maior tempo de internamento tendem a evidenciar pior funcionamento
físico, mais insónias e maiores dificuldades financeiras, ou seja, revelam menor nível de
qualidade de vida. Os resultados obtidos estão em concordância com alguns autores
encontrados na bibliografia consultada. Galloway & Graydon (1996), afirmam que os
doentes submetidos cirurgia para excisão do tumor, a fadiga foi mais intensa naqueles com
maior período de internamento Também Martins (2010) afirma que há relação significativa
entre a satisfação com a informação e o tempo de internamento do doente, sendo que, ao
invés do que seria lógico esperar, quanto mais tempo o doente está internado, menos
satisfeito fica com a informação sobre a sua doença. Não foram encontrados trabalhos que
relacionassem especificamente o funcionamento físico, as insónias e as dificuldades
financeiras e a diminuição da qualidade de vida. Porém, podemos supor que o facto de o
doente estar internado durante um longo período num espaço físico que não lhe é familiar
provoca alterações do padrão do sono. Para além disso, o facto de durante o período de
internamento o doente estar privado de exercer a sua profissão poderá provocar-lhe
dificuldades financeiras.
Relativamente à hipótese de investigação «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos é diferente conforme a existência de co-mobilidades», concluímos que os
doentes oncológicos que sofrem de outras patologias associadas à doença oncológica
tendem a evidenciar pior funcionamento físico, ocupacional e cognitivo, maior fadiga, dor e
insónia e pior estado geral de saúde, ou seja, apresentam pior nível de QdV. Fez-se uma
pesquisa bibliográfica no intuito de se encontrar estudos com resultados similares aos por
125
nós obtidos. Souza et al. (2005), realizou uma avaliação da QdV de doentes com carcinoma
rectal submetidos a amputação abdmonino-perineal, tendo concluído que grupo que
apresentava doenças associadas, teve maior score relacionado com a obstipação, porém
apresentava a mesma QdV geral.
Também o estudo de Given et al. (2001), com 839
idosos com cancro observou que aqueles que tinham 3 doenças ou mais referiram mais
fadiga do que os que tinham duas doenças ou menos em co-morbilidade pelo que se pode
pressupor que apresentem piores níveis de QdV.
Quanto à hipótese de investigação, «a qualidade de vida dos doentes
oncológicos é diferente conforme foi realizado, ou não, tratamento de quimioterapia»,
conclui-se que os doentes oncológicos que foram sujeitos a quimioterapia revelam pior
funcionamento social e maior intensidade da diarreia e, consequentemente, apresentam pior
nível de QdV. Da mesma forma, relativamente à hipótese «a qualidade de vida dos
doentes oncológicos é diferente conforme foi realizado, ou não, tratamento de
radioterapia», constatou-se os doentes oncológicos que fizeram tratamento de radioterapia
evidenciam pior funcionamento físico, ocupacional, emocional, cognitivo e social, maior
intensidade de sintomas como fadiga e dor e maiores dificuldades financeiras e, ainda, pior
estado geral de saúde, pelo que se conclui que os doentes oncológicos submetidos a
radioterapia também apresentam pior QdV.
Decidiu-se fazer a análise destas duas hipóteses em conjunto, face aos dados que
obtivemos. Os resultados dos estudos que encontramos são consonantes com estes.
Holland et al. (1986) e Hacpille (2000), nos seus estudos, salientam que os tratamentos
(cirurgia, quimioterapia e radioterapia), com os seus efeitos colaterais indesejáveis
produzem reacções físicas e emocionais muitas vezes intensas, que vão influenciar a QdV
dos doentes.
Relativamente à quimioterapia, no estudo de Cotrim (2007) concluiu-se que estes
tratamentos com os seus efeitos adversos, foram a variável que teve mais impacto na QdV
dos doentes em ambos os grupos (ostomizados e não ostomizados). Também Arndt et al.
126
(2006) salientam que doentes com cancro colo-rectal submetidos a cirurgia e quimioterapia
apresentam maiores problemas, nomeadamente na função emocional, social e em
determinados sintomas, tais como, fadiga, dispneia, insónia, obstipação e diarreia. Ahles et
al. (1994) num estudo realizado a doentes submetidos a quimioterapia associada ou não a
radioterapia, encontraram que, embora a associação de dois tratamentos aumentasse a
sobrevida, a QdV era prejudicada, em especial devido à toxicidade física, com decréscimo
na capacidade cognitiva, estado funcional e humor. O estudo de Machado & Sawada (2008)
que avaliou a influência dos efeitos da quimioterapia na QdV nos doentes com cancro colorectal encontrou que a QdV diminuiu após o início da quimioterapia, tanto nos aspectos
físicos, como psicológicos. De acordo com Figueiredo (2007), os doentes que efectuam
apenas cirurgia apresentam efeitos colaterais com menor intensidade do que os doentes
que efectuam cirurgia/quimioterapia e cirurgia/radioterapia. Este facto é compreensível, na
medida em que os efeitos colaterais dos tratamentos de cirurgia apresentam-se com menor
intensidade do que os efeitos colaterais desse tratamento em associação com outro tipo de
tratamento (quimioterapia ou radioterapia).
Os doentes com cancro colo-rectal que efectuaram cirurgia/quimioterapia e
cirurgia/radioterapia, submetem-se a maiores efeitos secundários (com o sofrimento
inerente), a mais deslocações ao hospital (com implicações económicas) e a períodos de
internamento superiores (fora do seu habitat e separados da família) do que os doentes que
efectuaram apenas cirurgia, razões que contribuem, segundo a bibliografia para as
alterações emocionais encontradas. De facto, os resultados evidenciam que os doentes que
efectuaram apenas cirurgia apresentam menores níveis de ansiedade, depressão e stress
pós-traumático, quando comparados com os doentes que efectuaram cirurgia/quimioterapia
e cirurgia/radioterapia.
Relativamente à radioterapia, também os dados por nós encontrados, são
semelhantes aos descritos na literatura consultada. Santos (2003) refere que o tratamento
de radioterapia, apesar de não se apresentar tão doloroso a nível físico, provoca algumas
marcas a nível psicológico. Num estudo de Pollack et al. (2006), que comparou scores de
127
QdV medidos pelo QLQ-C30 entre pacientes com cancro rectal que realizaram radioterapia
e os que não realizaram no pré-operatório, mostrou que os doentes irradiados tiveram
scores significativamente menores para a função social e scores mais altos para dor quando
comparados com os não irradiados. Com o intuito de explicar a diminuição da QdV, face aos
tratamentos de radioterapia, Salvajoli & Weltman (1996), mencionam que este tratamento
provoca efeitos no “eu” físico, desenvolve medos e ansiedade que, por sua vez, influenciam
a imagem corporal. Refere também que os doentes que efectuam este tratamento
demonstram medo de sofrer queimaduras, de se tornarem radioactivos ou de poderem
futuramente desenvolver outro tumor.
128
4. CONCLUSÕES
A qualidade de vida “é uma dimensão cada vez mais estudada no sistema de
cuidados de saúde” (Ribeiro, 1994: p.183), apesar de ser ainda um conceito muito recente.
Hoje, em oncologia, a preocupação não é apenas a cura do doente, mas também com a sua
qualidade de vida (Silva & Zago, 2001). O avanço tecnológico, ao nível das ciências
médicas, tem proporcionado um enorme optimismo no tratamento das doenças oncológicas
e no aumento da taxa de sobrevivência dos doentes, daí que seja tão pertinente avaliar a
QdV. Por outro lado, e de acordo com Lis, Gupta & Digant (2009), tornou-se cada vez mais
importante para os profissionais de saúde medir sistematicamente as percepções dos
doentes relativamente à satisfação com os cuidados recebidos. Ao medir a satisfação do
doente, pretende-se determinar se este sentiu que as suas necessidades foram atendidas.
Alguns estudos, nesta área, demonstram uma relação inequívoca entre a satisfação do
doente oncológico e a sua QdV.
Perante a escassez de estudos que comprovassem a relação entre a QdV dos
doentes oncológicos submetidos a cirurgia e a satisfação com os cuidados recebidos
durante o internamento, considerou-se pertinente desenvolver um trabalho que abordasse
esta temática. Pensa-se que conseguimos atingir totalmente os objectivos a que nos
propusemos inicialmente. Assim, nesta parte do trabalho, iremos sintetizar as principais
conclusões obtidas, bem como as implicações que os resultados poderão ter para a prática
e apresentamos, ainda, algumas novas propostas de investigação.
Tendo em conta os objectivos traçados para este estudo, constatámos que os
doentes oncológicos submetidos a cirurgia evidenciam um nível razoável de QdV, sendo
este um resultado efectivamente não esperado. Porém alguns autores sugerem que estes
níveis de QdV poderão ter alguma relação com variáveis como o suporte social ou a
satisfação com a espiritualidade. Estas duas variáveis não foram tidas em conta neste
estudo, pelo que se sugere que em estudos ulteriores, semelhantes a este, sejam
contempladas, de modo a perceber a sua interferência.
129
Com a realização deste estudo, verifica-se igualmente que os melhores
desempenhos dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia são ao nível do
funcionamento cognitivo, social e físico e os piores ao nível do funcionamento emocional e
ocupacional. De acordo com os dados obtidos, os sintomas que mais interferem na vida dos
doentes oncológicos são a dor, a fadiga e a insónia.
No que concerne à satisfação com os cuidados recebidos, verificou-se que os
doentes oncológicos submetidos a cirurgia evidenciaram maior satisfação com os médicos e
com os enfermeiros e menor satisfação com a organização dos cuidados. Estes
manifestaram-se satisfeitos com os médicos e com os enfermeiros em termos de
habilidades interpessoais e técnicas. Já em termos da organização dos cuidados, revelaram
maior satisfação geral com a informação e com a comunicação.
Os doentes oncológicos que colaboraram no estudo evidenciaram relativamente
insatisfeitos com a informação que detêm sobre a doença, apresentando valores
ligeiramente melhores na dimensão da informação projectiva e de autocontrolo e menores
na da informação médica. Efectivamente, a informação sobre a saúde e doença é devida a
cada indivíduo como um direito inalienável, sendo cada vez mais fracos os argumentos para
que se ocultem informações ao doente, mesmo em situação de doença grave. Os resultados
obtidos sugerem a necessidade de maior investimento dos profissionais de saúde na
informação aos doentes, especialmente para os enfermeiros, pois esta é uma importante
área do seu conteúdo funcional.
Ainda relativamente aos resultados obtidos no presente estudo, este indiciam,
igualmente, que os doentes oncológicos submetidos a cirurgia mais satisfeitos com a
informação sobre a doença, mais jovens, do sexo masculino, com maior escolaridade, com
profissões mais diferenciadas, com menor tempo de internamento, com menos comorbilidades e que não foram sujeitos a tratamentos, como quimioterapia ou radioterapia
tendem a evidenciar melhor nível de QdV. Por outro lado, os resultados obtidos permitem
concluir que a QdV dos doentes oncológicos submetidos a cirurgia não se configura
diferente conforme o seu estado civil.
130
Convém, todavia, salientar que as limitações do presente estudo devem ser tidas em
conta, pelo que os resultados devem ser interpretados com prudência. Deste modo, e tendo
em conta que este estudo levanta hipóteses e fornece informação para investigações
futuras, será importante desenvolver pesquisas utilizando amostras maiores e mais
representativas da população de doentes oncológicos submetidos a cirurgia, de modo a
explorar as relações entre as variáveis e generalizar esses resultados com mais segurança.
Pensa-se que a realização de um estudo de maiores dimensões poderá vir a colmatar as
limitações verificadas.
As conclusões obtidas neste presente estudo são assaz importantes não somente a
nível pessoal do investigador, como a nível da prática diária dos profissionais de saúde que
prestam cuidados a doentes oncológicos e, também ao nível da gestão dos serviços de
saúde.
Assim, perante as conclusões obtidas, é possível ao investigador e aos profissionais
de saúde reflectirem e compreenderem a importância que os cuidados prestados aos
doentes oncológicos têm na sua QdV e no seu processo de adaptação à doença. Sugere-se
que nos serviços de cirurgia seja feita uma reflexão no sentido da melhoria contínua dos
cuidados prestados ao doente oncológico, dando especial ênfase às questões relacionadas
com a informação transmitida.
Em termos de gestão dos serviços de saúde, constatou-se que o presente estudo
tem uma inexorável importância. Segundo Queiroz (2010), é preciso pesar o ganho em
qualidade de vida e em sobrevivência em contraponto com as perdas e os efeitos
indesejáveis, em gastos supérfluos, em exames complementares excessivos que apenas
iludem o médico e o doente. Por outro lado e enquanto medida de gestão, foi já
demonstrado que se a informação transmitida for adequada, isto contribui de forma
significativa para prevenir futuras readmissões dos doentes no hospital e diminui o número
de chamadas telefónicas dos doentes para os serviços (Marchal et al., 2005), na medida em
que o doente apresenta menor stress emocional (Butow et al., 1996).
131
Relativamente aos sintomas físicos, nomeadamente a dor, esta é já considerada
como um problema de saúde pública nos EUA e no Brasil, pois são gastos milhões de
dólares e reais com internamentos hospitalares dos doentes sem que haja melhoria da sua
qualidade de vida (Pimenta, Koizumi & Teixeira, 1997).
Os resultados deste estudo confirmam que um dos grandes problemas a ser
enfrentado pelos sistemas de saúde dos diferentes países, se relaciona com a capacitação
dos profissionais de saúde para cuidarem do doente oncológico com dor crónica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere, ainda, que a avaliação da QdV
deve ser orientada com a finalidade de avaliar o impacto de diversos factores que ocorrem
no universo psicológico, social, espiritual e físico do doente, de modo a se constituírem
parâmetros nos estudos de custo/beneficio e contribuir com a optimização de recursos
disponíveis no sistema de saúde (Montazeri et al., 2008). O interesse deste estudo reside,
igualmente, nas implicações que os resultados obtidos poderão ter para o desenvolvimento
de intervenções, por parte dos profissionais de saúde, promotoras de uma melhor
adaptação à doença e tratamento oncológico. Ou seja, para além dos benefícios que este
tipo de intervenções podem surtir na QdV dos doentes, podem trazer consigo alguns
benefícios financeiros, ajudando a diminuir os custos com a saúde.
132
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ANEXOS
Parecer da Comissão de Ética e do Conselho de Administração dos Hospitais
- Anexo I
da Universidade de Coimbra para a realização do estudo
Autorização da EORTC para aplicação das Escalas QLQ-30 (versão 3.0)
- Anexo II
e da QLQ-IN-PATSAT32
Autorização do autor da escala ECsD para a sua aplicação
- Anexo III
Termo de Consentimento Informado
- Anexo IV
Questionário aplicado
- Anexo V
Anexo I
Anexo II
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Title: Ms
Firstname: Joana
Lastname: Gonçalves
Hospital/Institution: Hospitais da Universidade de Coimbra
Address: Rua das Poças nº 7 Freixo
County/State: Portugal
Postal Code: 3450-116
Country: Portugal
Phone: 967992008
Fax:
Email: [email protected]
Protocol: pt_PT
Documents requested:
QLQ-C30 Core Questionnaire in Portuguese
QLQ-C30 Scoring Manual
Full reference values
URLs:
http://www.eortc.be/home/qol/downloads/f/C30/QLQ-C30%20Portuguese.pdf
http://www.eortc.be/home/qol/downloads/f/SCManualQLQ-C30.pdf
http://www.eortc.be/home/qol/downloads/f/RV/RV_complete.pdf
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[email protected]
Anexo III
De:
[email protected]
Enviada: terça-feira, 8 de Dezembro de 2009 14:48:01
Para:
Joana Gonçalves ([email protected])
Cara Joana Gonçalves,
Tenho todo o gosto em que utilizes a ECsD, a qual envio em anexo.
Bom trabalho.
José Carlos Amado Martins
Quoting Joana Gonçalves <[email protected]>:
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Caro Professor José Carlos Martins,
os meus cumprimentos.
No seguimento da conversa que tivemos, venho por este meio pedir-lhe
autorização para usar a sua Escala de Conhecimentos Sobre a Doença
(ECSD) , no âmbito do trabalho de Mestrado em Gestão e Economia da
Saúde da Faculdade de Economia de Coimbra, que me encontro a
realizar, com o tema: "Qualidade de vida dos doentes oncológicos,
satisfação com os cuidados e informação recebida durante o
internamento".
Grata pela sua atenção dispensada,
Joana Gonçalves.
Anexo IV
CONSENTIMENTO INFORMADO
Exmo. Sr. ou Sr.ª:, enquanto seu Médico Assistente e, de acordo com os preceitos éticos
exigidos, venho por este meio pedir o seu consentimento informado relativo ao estudo “Qualidade de
vida dos doentes oncológicos, a satisfação com os cuidados e informação recebida durante o
internamento”.
O estudo será conduzido pela Investigadora Joana Daniela Oliveira Gonçalves (Enfermeira).
De referir que este trabalho se encontra inserido no âmbito do Mestrado em Gestão e Economia da
Saúde da Faculdade de Economia na Universidade de Coimbra, que a investigadora se encontra a
realizar.
Este trabalho tem como objectivos:
- caracterizar a qualidade de vida dos doentes oncológicos; analisar sua satisfação com os cuidados
e com a informação recebida durante o internamento; verificar se existe relação entre a qualidade de
vida, a satisfação com os cuidados recebidos durante o internamento, a satisfação com a informação
sobre a doença, variáveis sócio-demográficas e clínicas.
A intenção do estudo é que os profissionais de saúde possam compreendam melhor a sua
experiência de vida, enquanto doente, no sentido de poderem melhorar as práticas diárias. De referir
que todas as informações prestadas são confidenciais e apenas serão utilizadas para este trabalho
de investigação. A divulgação das respostas que der a este questionário será anónima e será feito
em conjunto com as respostas de outras pessoas que também responderam. Se tiver alguma
pergunta a fazer antes de decidir participar, sinta-se à vontade para a realizar, assim como para
deixar de responder em qualquer altura, sem que daí advenha qualquer alteração nos cuidados que
lhe são prestados.
Agradeço desde já a sua colaboração para responder a este questionário.
__________________________________________
Médico Assistente
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que, relativamente à investigação a desenvolver pela Enfermeira Joana Daniela Oliveira
Gonçalves, com o título “Qualidade de vida dos doentes oncológicos, satisfação com os cuidados e
informação recebida durante o internamento”, fui informado(a) pelo meu Médico Assistente sobre o
âmbito, os objectivos, garantia de confidencialidade e carácter voluntário da minha participação e
concordo em responder ao respectivo questionário.
Coimbra,
/
/2010 ______________________________________________________
Anexo V
QUESTIONÁRIO
O meu nome é Joana Daniela Oliveira Gonçalves e sou enfermeira. Encontro-me a
realizar um estudo de investigação com o intuito de caracterizar a qualidade de vida dos
doentes oncológicos, avaliar a satisfação dos cuidados e informação recebida durante o
internamento e compreender de que modo a satisfação com os cuidados e informação
recebida podem afectar a qualidade de vida.
Neste sentido, agradeço a sua colaboração no preenchimento deste questionário.
Este questionário é anónimo e os dados por si fornecidos são confidenciais,
destinando-se a ser analisados em conjunto com as respostas dadas por outros doentes. De
referir que os dados serão utilizados apenas para fins de investigação científica, no âmbito
do Mestrado que estou a realizar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
A resposta a este questionário é facultativa.
Por favor, responda a todas as questões para que o seu questionário seja válido.
Para qualquer questão pode contactar-me para:
Telemóvel: 967992008
Email: [email protected]
OBRIGADA
PARTE I
VARIÁVEIS SOCIO-DEMOGRÁFICAS
1) Idade:____ (anos)
2) Género :
Feminino
Masculino
3) Estado Civil:
Solteiro
Casado/União de facto
Divorciado/Separado de facto
Viúvo
4) Escolaridade: (assinale o nível mais elevado)
Sabe ler e escrever
Primeiro ciclo (4ª classe)
Segundo ciclo (6º ano)
Terceiro Ciclo (9º ano)
Secundário (7º ano)
Curso Superior (especifique) ___________________________________________
Outro (especifique) __________________________________________________
5) Actividade profissional: ______________________________________________
VARIÁVEIS CLINICAS
5) Tempo de internamento:______ dias
6) Sofre de outras doenças?
Não
Sim
7) Já fez quimioterapia?
Não
Sim
8) Já fez radioterapia?
Não
Sim
Quais? _________________
PARTE II
PARTE III
PARTE IV
Conhecimentos sobre a doença (CsD)
Este conjunto de questões tem como objectivo avaliar a quantidade e qualidade da informação que lhe foi
transmitida sobre a doença que sofre ou sofreu no último ano. Se sofre ou sofreu de várias doenças pense
na que considera mais grave de todas. Por favor, assinale a sua resposta fazendo uma cruz no rectângulo
que corresponde à sua opinião. Não há respostas certas ou erradas, é a sua opinião que interessa.
Pense em todas as informações de que dispõe relativamente à sua doença. Assinale como classifica a
quantidade e qualidade dessa informação sobre:
Não sei
nada
1- Como apareceu a doença
2- A gravidade da doença
3- As implicações da doença na sua vida futura
4- Os comportamentos a adoptar para ajudar no tratamento
5- A necessidade de realizar exames de diagnóstico
6- A forma como iria ser realizado cada um dos exames
7- Os riscos e inconvenientes de realizar os exames
8- Os resultados dos exames que realizou
9- A necessidade de realizar tratamento ou tratamentos
10- As vantagens de realizar o tratamento ou tratamentos
11- Os riscos e inconvenientes de cada tratamento
12- A forma como iria ser realizado cada tratamento
13- A existência de tratamentos alternativos
14- As possíveis complicações de cada tratamento
15- A eficácia de cada tratamento
Sei
pouco
Sei o
Sei
necessário demais
Não sei
nada
Sei
pouco
Sei o
Sei
necessário demais
Não sei
nada
Sei
pouco
Sei o
Sei
necessário demais
16- As possíveis limitações físicas após um tratamento
17- Como tratar ou controlar sintomas (dor, enjoo, …)
18- A necessidade ou não de dieta especial
19- Como superar as dificuldades / limitações físicas
20- Exercícios a realizar em casa
21- O regresso à actividade normal / trabalho
22- Medicação que deve tomar
23- Como tomar os vários medicamentos
24- Os efeitos benéficos dos medicamentos
25- Os inconvenientes e efeitos secundários dos medicamentos
26-
Os riscos de não seguir as indicações (medicação, exercício,
dieta, …)
27- A necessidade ou não de realizar mais exames e tratamentos
no futuro
28- No geral, diria que, sobre a doença:
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Qualidade de vida dos doentes oncológicos