Segundo Fray Nelson Medina
Os 7 tipos de cenários para
evangelizar: não é o mesmo lidar
com o teu chefe que com os teus
colegas
Lidar com superiores, com subordinados, com iguais que não escolhemos, com os nossos
entes queridos, com desconhecidos... Cada situação requer um tratamento distinto.
Actualizado 5 Fevereiro 2013
J. G. /ReL
Fray Nelson Medina nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1965. Ordenou-se sacerdote
dominicano em 1992 e desde 2009 é prior do convento dominicano de Chiquinquirá,
Colômbia. É um p r e g a d o r e evangelizador veterano, com retiros, gravações e anos de
debates e foros na Internet. Em algumas das suas conversas com evangelizadores fala dos
"Sete cenários para evangelizar", que resumimos de seguida.
OS 7 CENÁRIOS DA EVANGELIZAÇÃO
1. Com os teus superiores: o cenário vertical ascendente
É a situação que se dá quando queremos evangelizar os nossos chefes no trabalho, os
nossos pais, os nossos políticos...
A fórmula bíblica a usar neste caso é a de 1 Pedro 2, 18-25, conselhos que se dão a uma
comunidade cristã que vive debaixo governantes pagãos. "Sede submissos", "suportai o
sofrimento", "Cristo não ameaçava quando o maltratavam..." O s cristãos devem ser
submissos, mansos, perante o poder, não agitados. Há uma excepção a esta mansidão:
"devemos obedecer a Deus antes que aos homens".
Boa parte da antiga teologia da libertação fracassou porque falava de insubordinar-se, de
tomar o poder. Mas os primeiros cristãos não faziam células para derrubar a César, mas
sim viviam de tal forma que mudaram a sociedade. Os escravos converteram as matronas
romanas com o seu exemplo, e elas converteram o Império. Os cristãos têm que
participar na política, na sociedade, mas não devem idolatrar o poder: a toma do poder
não evangelizará o mundo. Se fores um trabalhador brilhante e modelo podes
evangelizar o teu chefe, os teus pais.
2. Com os teus subordinados: o modelo vertical descendente
É a situação que se dá, por exemplo, quando um pai tenta transmitir a fé aos seus filhos, ou
um professor aos seus alunos, um catequista às suas crianças de comunhão...
A fórmula bíblica adequada é Efésios 6,1-9: "Pais, não exaspereis os filhos; formai-los
com instrução; amor, tratai dos vossos escravos sem ameaças, recordai que tereis um
Amo no Céu". "Não exasperar" implica conhecer os limites dos nossos subordinados, e
não rebaixá-los. "Instrução" significa explicar os porquês, razoabilizar as coisas, não
limitar-se a aplicar a autoridade. Esta formação aos subordinados implica também os
sentimentos e os afectos, não só o intelectual. E nesta situação sempre há que
reconhecer que os corações e o dom da Fé pertencem a Deus: é Ele quem evangeliza na
realidade. Assim há que ser paciente com os nossos filhos, alunos, pupilos, etc... e sem forçalos, dar-lhes oportunidades para que Deus actue.
3. Com iguais que não escolhemos: modelo horizontal forçoso
É a situação que se dá com os nossos vizinhos, os irmãos da nossa família, os companheiros
de classe e os de trabalho. Não os escolhemos, tocou-nos partilhar escritório, casa, bairro
com eles. São nossos iguais e não temos nenhuma autoridade sobre eles.
A fórmula bíblica adequada é o capítulo 27 de Actos dos Apóstolos, em concreto os
versículos 9-12 e 20-26. É a experiência de São Paulo como mais um a bordo de um
barco que logo naufraga por não seguir os seus conselhos. Cada vez que Paulo se dirige
ao capitão do barco e à tripulação começa dizendo: "amigos...". Chama-os amigos e logo
explica o seu testemunho, os sues sentimentos e com um discurso positivo: "amigos,
ânimo, eu tenho fé".
Como iguais, temos de reconhecer que "vamos no mesmo barco": o mesmo país, a mesma
empresa, o mesmo projecto... Partilhamos humanamente a amizade, a solidariedade. E
participamos! Participamos na política, na economia, sentimo-nos vinculados à sociedade,
não nos retiramos para um gueto cristão a esperar o fim dos tempos. Paulo participa com a
humildade de ser um passageiro mais no barco. Espera, espera, espera... E quando chega o
momento actua. Esse momento pode ser uma doença, a morte de um parente, alguém que faz
perguntas profundas... Aí, a pessoa, nosso igual, está disposta a escutar a um igual, um
amigo, um companheiro. Esta é a ocasião de evangelizar. Assim, Paulo não pode fazer
grande coisa, excepto ser um passageiro mais... Até que naufragam. E então estão
dispostos a escutar Deus, e então Paulo actua.
4. Com amigos que escolhemos: modelo horizontal voluntário
É a situação que se dá com os amigos que escolhemos, iguais que livremente nos
associamos por afeições comuns que nos apaixonam: o clube de montanhismo, ou de
leitura, ou o clube de fans do tal filme ou cantor, ou os que jogamos às cartas, ou vamos
juntos ao futebol.
Tal como Jesus acompanhava os caminhantes de Emaús e os escutava quando expressavam
as suas inquietudes, assim os cristãos devem acompanhar os seus amigos em mil clubes,
associações, grupos de amizade...
Consiste em acompanhar e escutar as dores dos demais, quando chegam. É uma forma
muito eficaz de evangelizar e estar presente com os homens. Os padres o tem mais difícil,
enquanto aqui os laicos, especialmente os jovens, que ainda não têm filhos que atender, o
têm muito mais fácil.
"Jovem, animo-te a apontar-te a muitos grupos e diversões; sempre que sejam sãs e saibas
que não são um perigo para ti, aponta-te, não fiques só no teu grupito cristão", disse Fray
Nelson aos 250 jovens que se agrupavam no centro do Auditorium da Casa de Campo.
"Jovens, ali há muita gente que não conhece Jesus, e é quase certo que tu és o único que
tem Jesus para chegar a eles".
5. Com desconhecidos que não te procuravam: missão activa
Esta é a situação que se dá na evangelização porta a porta, na evangelização de rua,
etc... Ir distribuindo folhetos, pregando Jesus Cristo e a sua salvação, talvez com ajuda de
mimos, música... Lidas com desconhecidos que não pediram para receber esta
informação.
Fray Nelson dá só três recomendações.
a) Há que anunciar Jesus, não o teu movimento. Se essa pessoa não gosta do teu
estilo particular, não há que dá-la por perdida, mas sim oferecer-lhe outros estilos
igualmente católicos. "Se não gosta da bateria e da pandeireta, leva-a a algo com
órgão e incenso; é igual enquanto se aproxima de Cristo".
b) Há que falar de arrependimento e de perdão dos pecados. Jesus não veio "para
que te sintas bem" mas sim para perdoar os teus pecados. Se alguém disse "eu é que
com as minhas aromaterapias sinto o mesmo que tu com os teus louvores a Deus; é a
mesma coisa", há que dizer-lhe que não: que o pecado existe, há que arrepender-se dele e
pedir a Cristo que te perdoe e salve.
c) O anúncio de Cristo deve incluir a sua Cruz, e também a sua Ressurreição, sem
reduções.
6. Com pessoas que procuram saber: missão passiva
Se dá muito poucas vezes: quando uma pessoa se aproxima e te pergunta: "explica-me
mais de Jesus, de Deus, da Igreja". O Pentecostes deu-se quando depois de pregar São
Pedro as pessoas perguntavam-lhe: "E agora que temos de fazer?"
A resposta é: conversão (mudança de vida), e baptismo (ou passar pelo confessionário), e
encher-se do Espírito Santo. A mudança de vida implica mudar hábitos, horários, coisas
concretas e reais... Como disse Alcoólicos Anónimos: "si nada muda, nada muda". Quer dizer,
se continuas tendo uma garrafa debaixo da cama, se continuas voltando a casa passando pela
esquina do bar, continuarás bebendo. Há que cortar com os maus hábitos: tu procura a forma,
que Deus dará a força.
7. Encontro fortuito
É o caso que se dá quando partilhamos um pedaço de conversação com o taxista, um viajante
no metro ou no autocarro, um pedaço esperando numa fila...
Consiste em aproveitar o tempo de conversação, que se te veja a camisola cristã, que o
possas convidar a algum acto, grupo, ocasião de encontro com Deus, recomendar-lhe o
teu web, tomar o seu correio ou telefone para convidá-lo, se quer. Fray Nelson contou o caso
de um americano chegado a Moscovo para evangelizar. Não sabia quase nada de russo,
assim ao taxista, que sabia um pouco de inglês, perguntava-lhe: "como se diz pecado", "como
se diz Jesus", "como se diz Jesus te salva do pecado"... Assim evangelizou ao taxista e
adquiriu vocabulário para evangelizar já no hotel.
E, por suposto, nos sete cenários, oração.
(Tomado da sua pregação no Verão de 2009 em Madrid na assembleia nacional da
Renovação Carismática)
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