JOSÉ ANCHIETA DE OLIVEIRA BENTES
MARIA JOAQUINA NOGUEIRA DA SILVA
FLÁVIO MATHEUS GOULART DO NASCIMENTO
CARINA DA SILVA MOTA
MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO CARDOSO DA SILVA
Volume 47
Educimat 27
Belém - Pará
2009
Consenho Editorial
Adilson Oliveira do Espírito Santo – UFPA/ Ed. Matemática
Adriano Sales dos Santos Silva – UFPA/ Ed. Ed. Infantil
Ana Cristina Cristo Vizeu Lima – UFPA/ Informática na Educação
Ariadne da Costa Peres – UFPA/ Ed. Ambiental
Francisco Hermes Santos da Silva – UFPA/ Ed. Matemática
Isabel Cristina Rodrigues Lucena – UFPA/ Ed. Matemática
Maria de Fátima Vilhena da Silva – UFPA/ Ed. em Ciências
Oneide Campos Pojo – SEDUC/ Ed. Infantil
Tânia Regina dos Santos – UEPA/ Ed. Infantil
Terezinha Valim Oliver Gonçalves – UFPA/ Ed. em Ciências
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Setorial do NPADC, UFPA
Lendas amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngüe e em braille
/ José Anchieta de Oliveira Bentes, Maria Joaquina Nogueira da Silva,
Carina da Silva Mota, Flávio Matheus Goulart do Nascimento, Maria
do Perpétuo Socorro Cardoso da Silva. – Belém: IEMCI, 2009.
44 p., v. 47, (EDUCIMAT, 27).
Acompanha 1 cd-rom.
ISBN 85-247-0292-3 (Obras completas EDUCIMAT)
ISBN 978-85-62892-03-5
1. Educação Inclusiva. 2. Lendas - Amazônia. 3. Contos folclóricos. I.
Bentes, José Anchieta de Oliveira. II. Silva, Maria Joaquina Nogueira da. III.
Mota, Carina da Silva. IV. Nascimento, Flávio Matheus Goulart do. V. Silva,
Maria do Perpétuo Socorro Cardoso da. VI. Série.
CDD - 22. ed. 371.9
SUMÁRIO
Apresentação
Introdução
Lenda do Açaí
Lenda do Boto
Lenda do Curupira
Lenda do Guaraná
Lenda da Iara
Lenda da Mandioca
Lenda da Matinta Perera
Lenda do Peixe-boi
Lenda de Tamba-tajá
Lenda da Vitória-regia
Referências consultadas
Sobre o Programa EDUCIMAT
Sobre os Autores
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APRESENTAÇÃO
Prezado (a) Professor
Este livro tem um significado científico, cultural, emocional e,
porque não dizer, é um sonho que se tornou realidade. Possibilitar
às pessoas com surdez o acesso ao conhecimento do encantamento
que permeia as lendas amazônicas, até então direcionadas por um
contar monolíngue (Língua Portuguesa), por vozes de contadores
que, certamente, fascinavam e fascinam apenas as pessoas ouvintes.
A re-textualização dessas lendas, por meio de uma abordagem
bilíngue (Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa), ao mesmo
tempo contadas e interpretadas por um ator Surdo, Flávio Mateus
Goulart do Nascimento, que, imbuído de uma inteligência corporal
sinestésica, conta essas lendas em Libras para a comunidade surda
e também ouvinte, é fascinante! Afinal, estamos numa sociedade
multicultural em que as identidades se misturam. Este material é
possível por acreditar na educação inclusiva que exige mudanças
nas práticas pedagógicas, conforme as características diferenciadas
de seus aprendizes. Nessa perspectiva, a obra também oportuniza
o acesso ao conhecimento dessas lendas pelas pessoas cegas, com
exemplares em Sistema Braille, e formato digital acessível. São
essas ações concretas que nos levam a crer que estamos vivendo um
novo paradigma. É um novo tempo! Tempo de empoderamento das
pessoas com Necessidades Especiais.
A elaboração deste livro só foi possível com o apoio
incondicional do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da
Educação Matemática e Científica NPADC – da Universidade
Federal do Pará, por meio de uma ação interinstitucional com as
Instituições de Educação Superior: UEPA, UNAMA e CESUPA,
que uniram esforços e institucionalizaram o programa de formação
continuada de professores na modalidade de Educação a Distância
em Formação, Tecnologias e Prestação de Serviços em Educação
em Ciências e Matemáticas - EDUCIMAT.
Esse programa, orientado por diretrizes inclusivas que pontuam
a formação continuada de profissionais capazes de interagirem
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
7
em diferentes contextos de aprendizagem, oportunizou-nos a
elaboração de um conjunto de materiais – produto 27, contendo:
• Livro, com 10 (dez) Lendas Amazônicas: do Açaí, do Boto,
Curupira, da Iara, da Mandioca, da Matinta–Perera, do
Peixe–Boi, do Tamba–Tajá e da Vitória–Régia), em Língua
Portuguesa, Sistema Braille, formato digital acessível e
• DVD em Língua de Sinais.
O livro foi previsto, inicialmente, com 80 (oitenta) páginas.
Entretanto, no primeiro momento, ao ser elaborada a primeira
boneca, pela Prof.ª Drª Socorro Cardoso, em que constavam
as lendas do Boto, da Iara, da Mandioca e do Açaí, todas em
português, ao serem transcritas para o Sistema Braille, pelas
Professoras Vilma Maciel e Joaquina Figueiredo, percebia-se
que o livro estava muito extenso e iria dificultar a leitura, assim
como a contação em libras, devido à criação de sinais, até então,
desconhecidos, ou melhor, não existiam e foram criados, a nosso
pedido, por pessoas surdas.
A partir dessa análise, houve um redimensionamento do
material, sob o olhar do Prof. José Anchieta Bentes e do Flávio
Matheus do Nascimento, citado anteriormente, com a ajuda da
Intérprete Carina Mota, o que resultou em uma nova versão. Esta
versão, foi organizada em cerca de quarenta páginas, que a equipe
produtora avaliou como a forma mais pertinente, didaticamente, de
contar as lendas.
Nosso agradecimento especial à Profª Drª Terezinha Valim,
da Universidade Federal do Pará – NPADC –, coordenadora
do Programa EDUCIMAT, pelo refinamento técnico e qualidade
gestora, que lhes são peculiares, e com os quais, cotidianamente,
coordenou este Projeto.
Nossos agradecimentos, ao Centro Universitário do Pará –
CESUPA, nas pessoas do Prof. Dr. João Paulo Mendes, Pró-Reitor
de Pesquisa e Profª. Drª. Carmem Barroso, Coordenadora de PósGraduação, pelo compromisso com a formação de profissionais
para atuarem com a diversidade.
Agradecemos também, à Universidade do Estado do Pará –
UEPA, nas pessoas das Professoras Ana Cláudia Serruya Hage e
Maria José de Souza Cravo, por uma gestão pautada na perspectiva
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LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
da Educação Inclusiva. A primeira, antiga, e a segunda atual
Diretora do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA.
Agradecemos, também, ao Prof. Manoel Delmo de Oliveira, pelo
sempre preciso apoio, na função de Chefe do Departamento de
Educação Especializada (DEES-CCSE-UEPA).
À Lourdes Maria Trindade Gomes, secretária do EDUCIMAT,
incansável e atenta aos objetivos deste trabalho e ao Marcelo
Gomes e Nádia, pelo primeiro grande trabalho, cujo Studio Cinco
foi o laboratório essencial nesse momento histórico das ações
afirmativas para a Educação Inclusiva.
À Unidade Educacional Especializada José Álvares de
Azevedo na pessoa do gestor Prof. Ms. Lourival Ferreira do
Nascimento, pelo apoio, transformando este livro em formato
digital acessível.
À Unidade Educacional Especializada Prof. Astério de
Campos, equipe gestora, docentes e discentes pela contribuição
na elaboração deste produto.
Ao Daniel Amorim e ao Marcos Danilo Costa também pela
ilustração.
Á Profª. Oneide Pojo, técnica do EDUCIMAT, pelo incentivo
e por acreditar na Educação Inclusiva
NOSSO MUITO OBRIGADO!
Profª. Maria Joaquina Nogueira da Silva
Coordenadora da Equipe de Educação Inclusiva do Programa
EDUCIMAT
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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INTRODUÇÃO
As lendas que eu vou te contar... contam fatos de seres
que vieram da escuridão, das profundezas dos rios, das
assustadoras matas, da infinitude imaginária de um povo,
os povos da Amazônia.
Fazem parte do imaginário amazônico. São
mantidas por longas datas na oralidade, algumas
transformadas em textos escritos, o que ocasionou
uma breve perda da graça do contar, melhor seria se
fosse guardada em vídeos para garantir a expressão
do narrador, dos seus gestos de recriação da realidade,
com as características que o contar provoca em nossas
mentes: o recriar de personagens misteriosos, como o
boto, o curupira, os índios, as plantas, os animais, os
pescadores, as moças do interior, as mutações de gente
que se transforma em animais irracionais e estes que se
transformam de novo em gente.
Só que nesta obra essas “mesmas” histórias
vão ser contadas em outra língua, que está apreendendo
a também ser amazônica, a língua brasileira de sinais,
a Libras, com é mais conhecida. A Língua das pessoas
surdas (e de muitas ouvintes, que já a utilizam) e que
residem no Brasil.
Estes contos precisaram ser primeiro contados
para o surdo. Para isso eles foram transformados de uma
língua oral para uma outra, visual. Nessa fase contamos
com a imprescindível participação de Carina, que é
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
11
intérprete de Língua de Sinais. Nova transformação
ocorreu no texto, desta feita na compreensão-interpretação
do nosso amigo Flávio Matheus, que a partir de sua
recriação nos conta “sinalizando” as histórias, com a
versatilidade de um contador, com a expressividade de
sua língua materna, a língua de sinais.
Flávio intenciona com esse seu contar que essas
histórias sejam assimiladas pelo olhar de outras pessoas
surdas, principalmente crianças, que não teriam, se
não fosse esta nossa iniciativa, o direito de vê-las e de
conhecê-las.
Mas também pensamos nas pessoas cegas que
querem ler estas histórias ou até querem aprender a ler
a partir destas: produzimos um versão em Braille. E
para que os videntes e ouvintes também tivessem acesso,
também produzimos o texto em tinta. Mas queremos que
videntes e ouvintes façam uma espécie de inclusão ao
inverso, propiciando que busquem aprender a Língua de
Sinais e se incluir nos grupos de surdos, consiga interagir
com o surdo, em Libras.
Boas visões, boas leituras! Que consigam fazer
novas recriações e manter vivo o contador e as histórias
do imaginário amazônico.
José Anchieta de Oliveira Bentes
(Julho de 2009)
12 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda do
Açaí
V
ocês sabem o que é uma lenda?
São histórias que as pessoas contam. São histórias inventadas. É a imaginação das pessoas.
Então agora que vocês já sabem o que é uma
lenda, a gente irá conhecer a lenda do açaí.
Vocês conhecem uma fruta roxa? Essa fruta batida
se transforma em um suco delicioso!?
Vocês sabem como o índio encontrou essa fruta?
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Calma eu vou contar.
Há muito tempo atrás, na cidade de Belém, havia
uma tribo em que os índios viviam bem.
Nessa tribo, tinha um grupo de índios que saiu para
caçar. De manhã bem cedo, pegavam a lança, o arco e a
flecha e andavam pela mata à procura de um animal grande
para caçar, porém não encontraram nada.
Os índios já estavam cansados e então se sentaram
perto de uma árvore de tronco fino que tinha frutinhas
roxas. Era uma árvore que eles nunca tinham visto, não
conheciam a sua existência.
E, então, os índios se perguntaram:
– Olhem isso? O quê será?
Resolveram subir na árvore para pegar um cacho
das frutinhas, cheiraram, olharam e então comeram.
Acharam uma delicia. Era tão gostosa que comeram o
cacho de frutas todo!
Logo depois, eles se sentiram diferentes, mais fortes.
Parecia que seus corpos tinham ganho energia. E com isso,
conseguiram flechar e atirar em uma anta bem grande e
até conseguiram levantá-la e amarrá-la em uma vara
para levar o animal para a tribo. Lembraram também de
levar consigo um cacho das frutinhas roxas. Ao chegarem
à tribo, mostraram as frutinhas que trouxeram da floresta
e as deram para o cacique. Os outros índios ficaram
curiosos com a frutinha e cada um pegou e comeu o fruto,
que acharam uma delicia.
Dias depois, a filha do cacique chamada IAÇA de
apenas um ano de idade, estava muito pálida. E então, o
cacique lembrou-se da frutinha que poderia ajudar a curar
sua filha.
14 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Ele chama os índios e pede que peguem mais
frutinhas que ajudaria a menina a ficar forte! Com o
pedido, dois índios saem pela mata à procura do fruto,
procuram, procuram e encontravam, e as levam para o
cacique.
Enquanto isso a mãe de Iaça estava
tecendo uma tala para fazer uma peneira.
Esta peneira serviria para
amassar o fruto e transformá-lo em
um suco roxo, forte e cheiroso.
Com isso, a índia Iaça coloca
o suco em uma cuia e bebe de
duas em duas horas, e depois
disso, dorme bem à noite e
ao acordar pela manhã Iaça
parece estar com saúde.
A menina fica
com saúde e todos os
índios da tribo ficam
felizes. Então, o cacique
nomeia a frutinha de açaí,
que é a inversão do nome de sua filha.
Logo, os índios comem o açaí e amassam a fruta
para beber o suco e assim ficam com uma saúde mais
resistente.
Viram só!? O açaí é uma delicia. Ajuda a ter uma
saúde melhor e vocês podem beber todos os dias.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Lenda do
Boto
V
ocês conhecem o
boto?
Vejam!
A história conta
que ele se transforma em
homem: forte, alto, moreno.
Ele se veste de branco e tem
um perfume muito cheiroso;
ele usa também um chapéu, pois ele não se transforma
totalmente em homem e ainda fica parecido com um boto,
então o chapéu serve para esconder essa transformação
parcial e também para lhe ajudar a respirar.
Ele se transforma no tempo das festas. Ele vai à festa
e fica olhando para todas as pessoas, olha muitas mulheres.
Ele pega um instrumento musical, o triângulo, e começa a
tocar para que as pessoas fiquem lhe olhando e com isso as
mulheres ficam lhe admirando, e então ele chama as mulheres para dançar.
16 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Depois de alguns instantes, ele vai descansar e se
senta para beber. Junto com ele ficam muitas mulheres, que
já estão apaixonadas pelo seu charme e sensualidade. Porém o boto escolhe uma mulher: linda, de olhos verde-claro
e deixando de lado as outras mulheres. Convida essa linda
moça para sentar ao seu lado e conversar.
Eles ficam juntos durante toda a festa e depois saem
de madrugada para olhar o luar, e então eles se olham e se
beijam, até que ela vai embora, dá tchau ao moço e ele volta
para o mar, voltando a ser boto.
Depois, com alguns dias a moça descobre que está
grávida, e que também têm outras mulheres com filhos do
boto.
Vocês viram? Cuidado meninas com o homem bonito, paquerador, forte, alto e moreno. Ele paquera as moças,
some e ainda as deixa grávidas.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Lenda do
Curupira
E
u vou contar a história do
curupira. Vou contar uma
lenda. Vocês conhecem o
curupira?
Eu vou contar para vocês.
Ele é um menino moreno que tem
pelos no corpo, tem os pés virados
para trás, cabelos vermelhos, dentes
verdes... É um monstro do mal? Não!
Ele vive na floresta e protege
os animais.
Agora que vocês já sabem
quem é o curupira, eu vou contar a
história para vocês.
Há muito tempo atrás, dois homens foram à floresta
para caçar, chegando lá um dos homens, o mais velho,
mirou a arma em um animal e atirou. O tiro foi certeiro.
O outro homem, mais jovem, tinha ido à caça para
observar e aprender a atirar nos animais. Havia ido só
para ajudar o seu amigo.
Passado esse momento, o homem mais velho
pergunta ao jovem:
– Amanhã, bem cedo, venho caçar, pois minha
esposa está grávida e deseja comer carne de macaquinho.
Ela acha muito macia e deliciosa, é um desejo de mãe, e
também porque acho bonito colocar a estátua do animal
em minha casa para que as pessoas possam ver, quando
18 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
virem me visitar e assim eu fico famoso. Que tal, quer vir
me ajudar nessa caça?
E, então o homem jovem pergunta:
– Posso Sim! A que horas?
E o homem responde:
– De manhãzinha, bem cedo às quatro horas, certo?
E, então, logo no dia seguinte, os dois homens vão a
mata para caçar, chegando lá o homem mais velho vê um
macaco, a mãe e o macaquinho.
Ele mira e atira no macaquinho que está no colo da
mãe, e o bebê morre.
A mãe do macaquinho grita muito desesperada pela
morte de seu bebê.
Com isso, o curupira que está sentado em uma
árvore comendo manga, mesmo bem longe, escuta os
gritos da macaca e vai ajudá-la.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Quando avista o local vê os dois homens, e então
fica muito sério, com raiva do caçador ter matado um
animal indefeso. E logo chega perto dos caçadores.
E, já perto dos
homens, o curupira vai
para trás do homem mais
velho e toca-o, a fim de
dar-lhe um susto.
Eis que consegue. O
homem mais velho
fica tão assustado
ao ver o curupira
que começa a se tremer.
E, o curupira lhe pergunta:
– Por que você matou o macaquinho?
E, o homem continua trêmulo.
Eis, que o curupira pega o macaquinho faz uma
magia e com isso ele volta a ter vida. Entrega a sua mãe
que pega o bebê e vai embora.
E, então o curupira volta ao homem mais velho e
diz:
– Você é mal, pois atirou em um animal, por isso
merece um castigo.
O homem então diz:
– Eu não. Foi ele.
E joga a arma para o mais jovem.
E, o curupira acrescenta, ainda:
– Eu vou ficar aqui na árvore vendo você macaquinho
para que ninguém o mate. Quanto a você, jovem, se
continuares a querer aprender a caçar, ou ajudar um
caçador, terás um castigo, assim como terá o seu amigo.
20 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Então, o curupira faz uma magia
e transforma o homem mais
velho em uma cobra que
rasteja.
Com esse fato, o
jovem olha para o curupira
com os olhos arregalados
e a boca aberta, de tanto
medo, e sai correndo pela
floresta.
E, o curupira, ao
ver o desespero do jovem rapaz, começa a rir da situação,
e com esse ocorrido o rapaz nunca mais volta à floresta
e espalha para todos os seus conhecidos o que ocorreu
durante a caça.
Vocês viram o que acontece com as pessoas que
vão à floresta para cortar as árvores, matar os animais?
O mundo fica pior. Portanto, vamos cuidar das nossas
florestas, limpar e deixá-las, assim muito mais bonitas.
Precisamos, também, cuidar das nossas ruas, além
de nos conscientizarmos que não devemos jogar lixo no rio,
pois os peixes morrem. Então, vamos cuidar e preservar
as florestas, certo!!!
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Lenda do
Guaraná
A
lenda do
guaraná, vocês
conhecem?
A fruta vocês
conhecem? O nome é
g-u-a-r-a-n-á. E do suco
vocês gostam? Sabem como
apareceu a lenda? Eu vou explicar.
Há muito tempo
atrás, na tribo dos índios
Jarumã, tinha um índio
bonito, forte que casou com
uma índia também bonita.
Um, dois, três anos se
passaram e sua mulher nada de ficar grávida. E a índia
ficou muito triste por isso.
Depois de o pajé da tribo dar um chá de ervas a sua
esposa, finalmente a índia Jarumã consegue a gravidez. E
ela passa a estar muito feliz.
Seu filho nasce. Coloca o nome de g-u-a-r-á, que
significa vida. Isso porque ela no passado não conseguia
ter filho e por isso ficava triste, parecendo que tinha
morrido. Quando o filho nasce, sua mulher passa a ficar
muito feliz, parecendo com a vida.
Guará era muito bonito, forte, brincalhão e crescia
rápido. Com a idade mais ou menos de dez anos o pai o
convida para caçarem e pescarem juntos. O menino aceita.
22 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Na manhã, bem cedo, o pai diz a Guará:
– Vamos caçar muito longe. O animal é grande e
forte. Vamos matá-lo para ter alimento para vários dias.
O Filho Guará aceita, pega a lança, o arco e a
flecha.
O Pai e Guará andam, andam... Passam por arvores
com várias frutas amarelas e deliciosas. Guara chama o
pai e diz:
– Estou com fome, podemos parar para comer uma
fruta?
O Pai diz:
– Podemos sim.
O Pai pega uma
fruta que estava no
caminho. Guara se
distrai pegando várias
frutas:
pega
uma,
duas, três e come.
Depois Guara vê uma
fruta linda no alto da
arvore. Ele sobe, mas
uma cobra que estava
na arvore o enrola.
Guara não a consegue
ver e pisa nela, que
imediatamente
o
morde, provocando um
grito do menino e uma
queda. O Pai que estava
andando ouve o grito do filho, corre, corre e ao vê-lo fica
preocupado.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
23
O pai pega no filho já morto e fica muito triste.
Chorar e o carrega até a tribo. Lá os índios da tribo
choram, choram... Cavam um buraco. Nesse momento fica
escuro e acontece um trovão. Era o espírito bom de nome
t-u-p-ã que diz:
– Eu tupã choro também.
Os olhos de Guara se abrem nasce uma planta na
terra.
O tempo passa, passa.... Começa a crescer uma
arvore bonita, com vários e bonitos frutos, parecendo os
olhos de Guara. O Cacique inventa o nome o nome da
fruta: g-u-a-ra+na. Inventa também o sinal do guaraná.
Se a tribo de índios está fraca, doente, ele pega o fruto
amassa, mistura com água e toma. Isso ajuda a ficar forte,
a ter saúde e é uma delicia.
Viu? O guaraná é uma delicia e vocês podem tomar,
ajuda a ficar forte e a ter saúde.
24 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda da
Iara
V
ocês conhecem
a Iara? Bem,
a Iara é uma
mulher que tem
o corpo da metade pra
baixo peixe e o corpo
da metade pra cima
mulher.
Estranho
não é verdade?!
A Iara é uma sereia que
vive na água. Ela se
senta em uma pedra
para cantar. Tem uma voz muito bonita tão
perfeita que enfeitiça quem a escuta. Com isso, ela atrai
os homens.
Há muito tempo atrás, havia em uma tribo um índio.
Ele era forte, bonito e alto. As índias todas o admiravam:
babavam e queriam se casar com ele. Ele era o orgulho
para todos os índios. E assim ele dizia:
– Assim como as mulheres me acham bonito, forte
e babam por mim, eu já encontrei a Iara e babei por ela.
Um índio o chama e diz:
– Tenha cuidado com a Iara, pois ela é forte, tem
uma voz muito bonita e canta perfeitamente, tanto que ela
encanta quem a escuta. E você fica tão encantado que pula
na água para perseguir a sua voz e quando percebe já está
no fundo do mar, totalmente enfeitiçado pela Iara. Quando
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
25
acorda do feitiço para tentar voltar a terra não consegue
voltar mais, pois ela já o prendeu no fundo do mar. Isso
é certo, e você morrerá de tanto nadar. Portanto, tenha
muito cuidado.
E o índio bonito diz:
– Hum, eu nunca vou me enfeitiçar pela Iara.
Algum tempo depois o índio bonito pega o seu barco
à noite e sai para passear. Ele rema, rema e já longe da
aldeia pensa que o canto da Iara jamais o irá encantá-lo
e começa a rir.
– Eu sou bonito e se ela me ver, ficará babando por
mim, e ela que se encantará , e ainda se eu chamá-la, ela
vem até mim. E os outros índios quando me verem, vão ter
inveja de mim, pois eles não têm o poder que eu tenho.
Porém, a Iara aparece e encontra uma pedra para
sentar e cantar um lindo canto.
E, ele do barco se levanta para olhá-la e fica
encantado com tanta beleza. E, então a Iara pula na água
e ele vai atrás dela até o fundo do mar, até que ele acorda
e quando pretende voltar, já está longe demais, e de tão
cansado morre.
E, os índios vendo que ele não volta, vão a sua
procura.
E, então, lembram da Iara, mas mesmo assim o
procuram. Até que avistam de longe, o índio boiando, e
vão até o barco, trazem ele de volta, e a tribo o enterra,
chorando muito por sua morte.
Viu? Ele foi muito teimoso e orgulhoso. Sabia do
perigo. Todos disseram que o fundo do mar é perigoso,
porém ele não deu importância, logo se afogou e morreu,
portanto tenham cuidado.
26 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda da
Mandioca
V
ocês conhecem a
lenda da mandioca?
Sabem como ela
apareceu?
Eu vou contar para vocês!
Os índios têm a pele negra.
Tinha o filho do cacique e uma
índia, que eram lindíssimos.
Ela também era muito negra,
tinha os cabelos lisos e
muito negros, além dos
seus olhos que eram
grandes e negros. O filho
do cacique a amava de
verdade e queria casarse com ela. Teve o casamento e ela ficou
grávida.
Porém, depois de três meses de gravidez, o pajé
teve um sonho com o espírito de Tupã que lhe disse:
– O filho que irá nascer será um presente meu para
a tribo.
No outro dia, o pajé avisa a todos os índios da tribo
que nascerá o bebê.
E então, passado o tempo, nasce uma criança linda,
mas diferente de todos os índios, pois tinha a pele branca
que parecia leite, além dos cabelos amarelos que parecia
uma espiga de milho.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
27
Porém, todos os índios o amavam, vigiavam e
cuidavam, porque se lembraram do que Tupã disse: que o
bebê era um presente especial.
A índia, mãe do bebê, dá o nome de Mani. E ele
cresce.
De repente, Mani tem febre e muita dor na barriga.
E o seu pai lhe dá chá de ervas para tomar. O pajé tenta
ajudar com um reza, porém o bebê não melhora nada e
morre.
E, os pais de Mani e todos os índios da tribo choram
pela morte da criança. O bebê foi enterrado em um
buraco próximo de sua cabana. Os seus pais e os outros
índios sentem muita saudade e sentam perto do buraco e
começam a chorar.
O tempo passou e na primavera havia várias
árvores com lindas flores. E a mãe de Mani vai até o local
28 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
que enterrou o bebê e vê que
nasce no local uma planta
diferente que não conhecia.
E então, os pais de
Mani passam a cuidar
da planta, até que o
pai de Mani cava ao
redor da planta e vê
raízes
diferentes
que
pareciam
com caroços de
batatas. E, ele
pega uma raiz
quebra-a e vê que dentro é muito branco igual ao seu
filho Mani.
Portanto, a batata recebe o nome “mani oca” que
significa “carne de Mani”.
Depois, no entanto, os índios trocam o nome de “mani
oca” para o nome de mandioca.
Viram! Vocês gostaram? Gostaram da lenda da
mandioca? Aprenderam? É uma delicia os produtos da
mandioca.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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Lenda da
Matinta
Perera
A
lenda da Matinta
Perera,
vocês
conhecem?
Eu vou contar.
Ela era uma mulher velha, com
cabelo
desarrumado
e sempre ficava
sentada em uma
cadeira balanço
para fumar um
cachimbo. Ela a
noite se transforma
em pássaro e dava um assobio único e forte. As pessoas
que a ouvem conhecem a Matinta Perera.
Há muito tempo atrás existia um fazendeiro que
fumava um dos melhores tabacos e queria ser melhor em
tudo. Ele foi à cidade, foi comprar comida e encontrar os
amigos para conversar.
Ele disse:
– Você tome cuidado à noite. Sempre que o pássaro
assobia, eu, minha esposa e filhos ficam arrepiados. Os
animais que vejo também ficam com medo. Todo dia ela
dá três dias assobios. Minha família não consegue mais
dormir. No terceiro assobio é só ver o celeiro de manhã:
ta uma bagunça e o maço de tabaco desaparece. Toda
30 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
manha o pássaro volta.
Depois o pássaro vai à casa
de seu pai e você tem que
botar rápido tabaco para que
ele vá embora. O nome do
pássaro é Matinta Perera.
O Fazendeiro continua
falando, vendo os rostos
desconfiados:
– O tabaco da roça: é melhor
não dá para esconder. O Pássaro
dá medo... hahhaha... Por quê?
Um amigo diz:
– Se as pessoas perseguem o pássaro podem ver o
pássaro se transformar em uma mulher velha, com o cabelo
desarrumado. Eles com tanto medo, ficam paralisados.
Cuidado... Cuidado.
E o fazendeiro:
– Não, calma, isso é bobagem. Já vou tchau!
O Amigo diz:
– Tchau.
Chegando a sua casa ele conta para a esposa. O
Fazendeiro senta para jantar e dormir. À noite começa o
assobio. O fazendeiro e a esposa não conseguem dormir
nada. Sua esposa diz:
– Estou com medo. Vá dar o tabaco pra ela.
O fazendeiro diz:
– Calma, não espere.
À noite o assobio recomeça.
– Vou procurar ver a Matinta de verdade, para ver
se não é mentira.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
31
A esposa diz:
– Cuidado!
Depois, à noite recomeçam os assobios. Ele pega
uma arma, dá um beijo na esposa e diz:
– Tchau!
Abre a porta, o pássaro voa. O fazendeiro vê e corre,
corre, corre... Perseguindo-o. Procura, procura... e nada.
Lembra que a Matinta gosta de tabaco e então grita:
– Tabaco vem pegar. E coloca em cima de uma
pedra o tabaco e se esconde perto, atrás de uma arvore.
Espera, espera e nada. Desiste e vai embora. Anda, anda.
De repente, mais ou menos longe, vê uma mulher velha,
de cabelo cumprido, despenteado, o corpo suspenso, os
braços levantados, tendo à mão tabaco. O fazendeiro com
medo olha paralisado.
– Matinta vá embora.
E o fazendeiro sai rápido em disparada, corre,
corre... Chega a sua casa, toma um banho e dorme.
Na manha seguinte, bem cedo batem na porta do
fazendeiro. Ele levanta abre a porta e nada. Na segunda
vez, ele escuta o assobiou e pensa: “É a Matinta”. De
novo batem na porta. Ele pega o tabaco e coloca na frente
da porta. Depois abre a porta e nada, fica um silêncio. O
fazendeiro aprendeu a respeitar a Matinta.
– Ah, Matinta!
Com o tempo o velho ficou doente e fraco. O sétimo
filho passa em frente o costume de deixar tabaco pra
Matinta e começa uma nova geração.
– Se escutar um assobio, vá rápido colocar tabaco,
para ela ir embora.
32 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda do
Peixe-boi
V
ocês conhecem o Peixe-boi? Olhem o desenho.
E a lenda? Eu vou contar.
Antigamente havia uma tribo de índios, todos
eram muito felizes, que viviam em Belém,
próximo à baia do Guajará.
Essa tribo fez uma grande festa, preparam comida,
pintaram o corpo bem bonito.
Tinha uma Índia jovem e um índio de nome Curumi.
A festa começou com o pajé mandando a jovem índia e
também Curumi mergulharem na baia do Guajará.
O pajé pega então uma folha de nome canarana e
joga em cima deles.
Quando os dois voltam do mergulho eles já estão
transformados em animal, transformados em peixe-boi.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
33
Parecem com um peixe e com um boi. Depois os dois
começam a espalhar filhos. E comem o quê? A folha de
canarana.
Hoje tem o problema dos pescadores que caçam e
matam o animal, para comer a carne, que tem sabor de
peixe misturado com o sabor do boi. Isto quase acaba com
o animal.
Nós devemos cuidar do peixe-boi para que ele não
acabe!
34 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda de
Tamba-tajá
E
u vou contar uma
história
para
vocês. Vou contar
a lenda de tambatajá. Vocês conhecem o
tamba-tajá?Eu vou contar
Há muito tempo atrás
havia uma tribo chamada
Macuxi. Nela existia um
índio muito bonito e inteligente
e uma índia que também era
muito bonita e inteligente também. Eles se apaixonaram e
logo depois se casaram.
No casamento foram muito felizes, porém com o
passar do tempo, a índia ficou muito doente. Ela ficou
paralítica.
Então, o índio pensou que só sairia se a sua mulher
fosse junto, e assim ele resolveu tecer uma tipóia para
colocar a índia dentro e, dessa forma a carregaria em sua
costa.
E, por onde o índio tivesse que ir, a índia iria
também.
Porém, o índio percebeu um dia que o fio da tipóia
que ficava seguro em sua cabeça estava mais pesado,
diferente do peso de antes. Neste momento ele resolve
verificar o que está acontecendo, e quando abaixa a
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
35
tipóia vê que sua esposa está morta, e ele fica
muito triste, então chora muito, pois a ama
de verdade.
E, então o índio
resolve carregar sua esposa na costa, novamente, e sai
andando pela floresta, até que para perto de um igarapé
e cava um buraco para enterrá-la. No entanto, ele pensa
que não saberia viver sozinho, então se deita junto à índia
e morre.
Depois de um tempo, surge no local da sepultura
uma planta muito bonita que os índios Macuxi não
conheciam.
A planta tinha folhas grandes, formato triangular
e, atrás dela havia uma outra folha, só que em tamanho
pequeno, de cor verde, e com um formato que parecia o
órgão genital feminino. Essa planta tem o nome de tambatajá.
As pessoas acreditaram que esta planta com as duas
folhas juntas parecia com o amor verdadeiro que o índio
tinha pela sua esposa.
Até hoje, as pessoas acreditam que se tiver uma
planta de tamba-taja dentro de casa, o amor acontecerá.
36 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
Lenda da
Vitória-régia
E
u vou contar uma história para vocês. Vocês
conhecem a vitória-régia?
Eu vou contar pra vocês.
Ela é uma flor muito linda, forte. É uma grande
flor, que parece uma rainha. Pesa 40 quilos e consegue se
manter firme. Todos os dias ao anoitecer, a flor branca da
parte de dentro abre e exala o seu perfume que, com dois
dias some.
Há muito tempo atrás, tinha uma mulher, uma
senhora que contava a história da lua, que os índios
chamavam de Jaci.
A menina Naiá dizia que a lua vinha até a terra para
procurar uma moça virgem e transformá-la em estrela.
A procura acontece, durante a noite, a lua fica
olhando para a terra em busca de uma jovem que fosse
virgem.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
37
E, então a lua Jaci espera que a escolha para ser
transformada em estrela e a menina não é transformada.
E Naiá volta no dia seguinte, e no outro dia e nada da lua
transformá-la.
Naiá, muito triste, fica pensando “Será que a lua
Jaci não me quer? Por que ela está me desprezando?
E começa a ficar fraca e doente, mas não desiste de ser
transformada em estrela pela lua Jaci.
Na noite seguinte, a menina decide correr atrás da
lua, porém, de tanto correr cai fraca perto da água.
No entanto, Naiá ao acordar, vê a lua na água,
e pensa “Ah, a lua está perto. Oba!” Então, a menina
resolve pular na água, porém ela se afoga e morre.
A lua Jaci vendo Naiá morta, fica com pena e então
resolve transformá-la em uma flor, a Vitória-régia.
E, desse modo todas as noites a flor branca que fica
dentro da planta se abre muito bonita.
Viu, você deve se esforçar, não desistir dos seus
ideais e então conseguirá as coisas.
38 LENDAS AMAZÔNICAS: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
BENTES, José Anchieta; MOTLEY, Adrine; GOMES, Rita de
Cássia (Orgs.). Caderno de Memórias: movimento de alfabetização
de jovens e adultos professor Paulo Freire: distrito administrativo
de Mosqueiro. Belém: Semec, 2004.
BLOGSPOT. Contos e Lendas. Disponível 24/11/2004 em: <
http://contoselendas.blogspot.com/2004/11/peixe-boi.html>.
Acesso em: 05 jun. 2009.
ISTO é Amazônia. Disponível em: < http://www.istoeamazonia.
com.br>. Acesso em: 10 mai. 2009.
MAGALHÃES, Elsa Pestana. Lendas do Brasil. São Paulo:
Girassol, 2004.
PAVANI, Marcos. O Curupira. 09/07/2006b. Disponível em
<http://www.youtube. com/watch?v=r2uvjgbcmty&feature=relad
ed> acesso em 02 de março de 2009.
PERDIGÃO, Antônio Carlos Santos. Folclore - Lendas.
Disponível em: <http://www.brasilfolclore.hpg.ig.com.br/lendas.
htm>. Acesso em: 23 mai. 2009.
UNIBLOG. Lendas Amazônicas. 12/12/2007. Disponível em:
<http://www.uniblog.com.br/lendasamazonicas/>. Acesso em: 22
mai. 2009.
WORDPRESS. Sitio Curupira. Outubro de 2008. Disponível
em: < http://sitiocurupira.wordpress.com/a-lenda-do-curupira/>.
Acesso em: 22 mai. 2009.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
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O PROGRAMA EDUCIMAT
Formação, Tecnologias e Prestação de Serviços em
Educação em Ciências e Matemáticas
O Programa EDUCIMAT é coordenado e desenvolvido
pelo NÚCLEO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E CIENTÍFICA (NPADC)1, da
Universidade Federal do Pará, que integra a Rede Nacional
de Formação Continuada de Professores de Educação
Básica (MEC/SEB), na qualidade de Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Educação Matemática e Científica.
O Programa visa à formação continuada de
professores para a Educação Matemática e Científica, no
âmbito da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Como
estratégia de trabalho, prevê a formação/fortalecimento
de grupos regionais de professores tutores dos Centros
Pedagógicos de Apoio ao Desenvolvimento Científico
(CPADC) e municipais, por meio da constituição dos Grupos
Pedagógicos de Apoio ao Desenvolvimento Científico
(GPADCs), em nível de especialização lato sensu. Nessa
perspectiva, colocam-se como princípios de formação,
dentre outros: a reflexão sobre a própria prática, a formação
da cidadania e a pesquisa no ensino, adotando-se como
transversalidade a educação inclusiva, a educação ambiental
e a educação indígena.
O Programa está proposto para quatro anos,
iniciando-se no Estado do Pará, com possibilidades de
expansão para outros Estados, especialmente das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Parcerias poderão ser
estabelecidas para otimizar o potencial da região no que
1 Desde 18 de junho de 2009, o NPADC foi transformado pelo CONSUN/ UFPA em Instituto de Educação Matemática e Científica – IEMCI – em razão da criação do Curso de Graduação: “Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens”.
Com isso, o IEMCI passa a ter graduação, mestrado e doutorado na área 46 da CAPES,
Ensino de Ciências e Matemática.
Lendas Amazônicas: mãos que contam em uma versão bilíngue e em braille
41
diz respeito à institucionalização da formação continuada de
professores no âmbito da Educação Infantil, Séries Iniciais,
Ciências e Matemáticas.
O Programa EDUCIMAT situa-se no Núcleo de
Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática
e Científica (NPADC/UFPA), no âmbito do Programa de
Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemáticas,
assim como o Mestrado e o Doutorado. O NPADC é
unidade acadêmica dedicada à pesquisa, à pós-graduação
e à educação continuada de professores de Ciências e
Matemáticas, desde a educação infantil e séries iniciais até
a pós-graduação lato e stricto sensu. Conta com a parceria
da Secretaria Executiva de Estado de Educação, por meio
do Convênio 024/98 e de Instituições de Ensino Superior
integrantes do Protocolo e Universidades da Amazônia:
Universidade da Amazônia (UNAMA), Centro de Estudos
Superiores do Estado do Pará (CESUPA) e a Universidade
do Estado do Pará (UEPA).
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SOBRE OS AUTORES
FLÁVIO MATHEUS GOULART DO NASCIMENTO
Cursa a licenciatura em Letras-Libras - Universidade Federal de
Santa Catarina/Universidade do Estado do Pará. Professor de
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
CARINA DA SILVA MOTA
Cursa a licenciatura em Letras-Libras - Universidade Federal de
Santa Catarina/Universidade do Estado do Pará. Instrutora, tradutora e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
JOSÉ ANCHIETA DE OLIVEIRA BENTES
Doutorando em Educação Especial pela Universidade Federal de
São Carlos. Mestre em Linguística pela Universidade Federal do
Pará. Professor da Universidade do Estado do Pará.
MARIA JOAQUINA NOGUEIRA DA SILVA
Mestranda em Gestão Pública pela Universidade de Trás–os–
Montes e Alto Douro (UTAD), PT. Especialista em Motricidade
Humana pela Universidade do Estado do Pará. Docente da Universidade do Estado do Pará e da Faculdade Ideal. Coordenadora do Curso de Graduação Letras – Libras, Pólo UEPA. Gestora
da Unidade Educacional Especializada Prof. Astério de Campos.
MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO CARDOSO DA SILVA
Doutora em Semiótica e Lingüística Geral (USP). Mestre em Letras Linguística (UFPA). Coordenadora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, da Pesquisa, da Pós-Graduação e da Extensão do (CCSE)-UEPA. Docente e Pesquisadora do Programa
de Pós-Graduação Mestrado (CCSE-UEPA) e da Graduação
(UEPA, UNAMA).
DESENHISTAS
DANIEL AMORIM
Cursa a licenciatura em Letras-Libras - Universidade Federal de
Santa Catarina/Universidade do Estado do Pará. Professor de
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
MARCUS DANILO FERREIRA BORGES DA COSTA
Graduando do Curso de Física da Universidade Federal do
Estado do Pará (UFPA).
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