FERNANDA MARIA RODRIGUES CASTRO
POTENCIAL AGRONÔMICO E ENERGÉTICO DE
HÍBRIDOS DE SORGO BIOMASSA
LAVRAS – MG
2014
FERNANDA MARIA RODRIGUES CASTRO
POTENCIAL AGRONÔMICO E ENERGÉTICO DE
GENÓTIPOS DE SORGO BIOMASSA
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de
Lavras, como parte das
exigências do Programa de
Pós-Graduação
em
Fitotecnia,
área
de
concentração em Produção
Vegetal, para obtenção do
título de Mestre.
Orientador
Dr. Adriano Teodoro Bruzi
Coorientadores
Dr. Luiz Antônio de Bastos Andrade
Dr. José Airton Rodrigues Nunes
LAVRAS – MG
2014
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Geração de Ficha Catalográfica da Biblioteca
Universitária da UFLA, com dados informados pelo(a) próprio(a) autor(a).
Castro, Fernanda Maria Rodrigues.
Potencial Agronômico e Energético de Híbridos de Sorgo
Biomassa / Fernanda Maria Rodrigues Castro. – Lavras : UFLA,
2014.
80 p. : il.
Dissertação (mestrado acadêmico)–Universidade Federal de
Lavras, 2014.
Orientador(a): Adriano Teodoro Bruzi.
Bibliografia.
1. Sorghum bicolor. 2. Biomassa. 3. Bioenergia. 4. Fonte
alternativa. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
O conteúdo desta obra é de responsabilidade do(a) autor(a) e de seu orientador(a).
FERNANDA MARIA RODRIGUES CASTRO
POTENCIAL AGRONÔMICO E ENERGÉTICO DE
GENÓTIPOS DE SORGO BIOMASSA
Dissertação
apresentada
à
Universidade Federal de Lavras como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Fitotecnia, área de
concentração em Produção Vegetal,
para a obtenção do título de Mestre.
APROVADA em 12 de dezembro de 2014.
Dr. Adriano Teodoro Bruzi
UFLA
Dr. Rafael Augusto da Costa Parrella
EMBRAPA – CNPMS
Dr. Wagner Pereira Reis
UFLA
Dr. Adriano Teodoro Bruzi
Orientador
LAVRAS - MG
2014
A minha mãe Dalva, por todo amor e carinho, pela fé e
orações, pelo companheirismo e cuidado, sendo mãe, avó e
amiga.
Ao meu pai Fernando, que sempre esteve ao meu lado me
apoiando e me guiando.
Aos meus irmãos Samuel e Saulo, por serem tão especiais e
compartilharem comigo as alegrias e as tristezas da vida.
A minha Dindinha (in memorian), que me amou
incondicionalmente como filha e sempre foi referência de
vida e simplicidade.
Em especial, a minha filha Catarina, que com seu sorriso e
jeitinho me conquista mais a cada dia e me faz ir além.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por mais esta etapa vencida e por todas as
bênçãos e graças recebidas.
À Universidade Federal de Lavras e ao Departamento
de Agricultura, pela oportunidade concedida para realização
do mestrado.
À Embrapa Milho e Sorgo pela parceria e
contribuição para a realização deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES pela concessão da bolsa de mestrado e a FAPEMIG pelo apoio
financeiro para condução do experimento.
Ao professor Dr. Adriano Bruzi pela amizade, paciência, compreensão e
ensinamentos, que foram fundamentais para a realização deste trabalho.
Aos professores Dr. José Airton Rodrigues Nunes e Dr. Luiz Antônio de
Bastos Andrade pela coorientação, ensinamentos e amizade.
Ao pesquisador Rafael Augusto Costa Parrella, pela grande contribuição
para realização deste trabalho.
Ao professor Paulo Fernando Trugilho do Departamento de Ciências
Florestais, pela contribuição e disponibilidade para a realização das análises
laboratoriais, como também aos técnicos dos Laboratórios da Zootecnia e
Engenharia de Alimentos.
Aos funcionários de campo do Departamento de Agricultura.
Aos meus familiares, amigos e amigas que me apoiaram e torceram por
mim.
Agradeço a todos os colegas que participaram da realização deste
trabalho, direta e indiretamente, de modo especial ao Maurício.
RESUMO
O sorgo biomassa [Sorghum bicolor (L.) Moench] apresenta-se como
interessante matéria-prima para produção de bioenergia, por sua versatilidade,
por ser renovável e apresentar baixo custo de produção. Neste trabalho
objetivou-se identificar genótipos de sorgo biomassa que apresentem maior
potencial agronômico e energético; e também estudar a associação fenotípica
entre caracteres agronômicos e tecnológicos nos híbridos sob teste. Foram
implantados experimentos em Lavras, Uberlândia e Sete Lagoas, onde foram
avaliados 16 genótipos de sorgo biomassa, sendo 14 destes, híbridos sensíveis ao
fotoperíodo e duas cultivares, como testemunhas, insensíveis ao fotoperíodo. O
delineamento experimental utilizado foi o látice triplo 4 x 4, sendo as parcelas
formadas por quatro fileiras de 5,0 m lineares. As características
morfoagronômicas avaliadas para os três locais foram: dias para florescimento
(DPF), altura de planta (AP), número de colmos (NC) e produção de massa
verde (PMV). No experimento conduzido em Lavras, também foram avaliados
os caracteres agronômicos diâmetro de colmos (DC) e produção de massa seca
(PMS); além dos caracteres tecnológicos: poder calorífico superior (PCS), fibra
bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA). A precisão experimental variou de baixa a alta. Houve variação entre os
locais e entre os genótipos avaliados para todos os caracteres. A interação locais
x genótipos foi significativa somente para o caráter AP que variou de 2,01 m,
para a testemunha BRS655, a 3,84 m para o híbrido BRS716. Os híbridos
apresentaram maiores médias em relação às testemunhas para todos os
caracteres. As médias dos caracteres avaliados em Lavras e Sete Lagoas foram
maiores do que as médias observadas em Uberlândia, devido à diferença na
época de plantio. Não foram observadas correlações fenotípicas entre as
variáveis tecnológicas e agronômicas dos genótipos avaliados. Há correlação
entre os caracteres agronômicos altura de plantas, dias para florescimento e
número de colmos no acúmulo de massa verde e, consequentemente de massa
seca. Os híbridos de sorgo biomassa, sensíveis ao fotoperíodo, quando
comparados com híbridos comerciais de sorgo forrageiro, insensíveis ao
fotoperíodo, apresentam uma produção média de 34 t ha-1 de matéria seca, com
62% de umidade e poder calorífico superior médio de 4.400 Kcal/Kg. Podendo
assim ser considerado uma matéria-prima com potencial agronômico e
energético para a produção de bioenergia.
Palavras-chave: Sorghum bicolor. Bioenergia. Biomassa. Fonte alternativa.
ABSTRACT
The biomass sorghum [Sorghum bicolor (L.) Moench] presents itself as an
interesting raw material for biofuel production because its versatility, low cost
production and because it is renewable. In this study aimed to identify sorghum
biomass genotypes with the greatest potential agronomic and energy, and also
study the phenotypic association between agronomic and technological
properties in hybrids under test. The study was conducted in Lavras, Uberlândia
and Sete Lagoas where 16 genotypes of sorghum biomass were evaluated, being
14 of them sensitive hybrids to photoperiod and two cultivars, as witnesses,
insensitive to photoperiod. The experimental design was a triple lattice 4 x 4,
with plots formed by four linear rows of 5.0 m. The morphoagronomic
characteristics evaluated for the three sites were: days to flowering (FLOW),
plant height (PH), number of stems (NS) and green matter production (GMP). In
the experiment conducted in Lavras, also were evaluated the agronomic traits
stem diameter (SD) and dry matter production (DMP) besides the technological
traits: higher calorific value (HCV), crude fiber (CF), neutral detergent fiber
(NDF) and acid detergent fiber (ADF). The experimental precision ranged from
low to high. There was a variation among the sites and genotypes evaluated for
all characters. The interaction between sites x genotypes was significant only for
the PH character, which ranged from 2.01 m to the witness BRS655 to 3.84 m to
the hybrid BRS716. The hybrids had higher averages in relation to the witness
for all characters. The average of the characters evaluated in Lavras and Sete
Lagoas were higher than the average observed in Uberlândia, due to the
difference in planting time. Phenotypic correlations were not observed between
technological and agronomic variables of the genotypes tested. There is a
correlation between the agronomic traits, plant height, days to flowering and
number of stems in the accumulation of green matter and consequently dry
matter. Sorghum biomass hybrids, sensitive to photoperiod, when compared
with commercial hybrids of forage sorghum, insensitive to photoperiod, have an
average production of 34 t ha-1 dry matter with 62% humidity and higher
calorific value of 4.400 Kcal/Kg. Therefore, it can be regarded as a raw material
with agronomic and energetic potential for the bioenergy production.
Keywords: Sorghum bicolor. Bioenergy. Biomass.
Alternative source.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Poderes caloríficos superiores (PCS em Kcal.Kg-1), de diferentes
biomassas
vegetais, obtidos por diversos autores. (1) Sumner et al.
(1983); (2) Andrade (1961), (3) Arola (1976), (4) Brito (1986); (5)
Atchison (1977)................................................................................ 27
Tabela 2 Relação dos genótipos avaliados no experimento............................... 35
Tabela 3 Resumo da análise de variância dos caracteres agronômicos diâmetro
de colmos (DC, mm), massa seca (MS, %) e produção de massa seca
(PMS, t ha-1) em Lavras-MG e análise de variância conjunta dos
caracteres agronômicos altura de plantas (AP, m), número de colmos
por metro linear (NC), produção de massa verde (PMV, t ha-1) e dias
para florescimento (DPF, dias) relativo à avaliação de genótipos de
sorgo biomassa em Lavras-MG, Sete Lagoas-MG e Uberlândia-MG na
safra 2013/2014. ............................................................................... 47
Tabela 4 Valores médios para produção de massa verde (PMV, t ha-1), dias para
florescimento (DPF, dias), altura de plantas (AP, m) e número de
colmos por metro linear (NC) relativos à avaliação de genótipos de
sorgo biomassa em Lavras-MG, Sete Lagoas-MG e Uberlândia-MG,
na safra 2013/2014. .......................................................................... 48
Tabela 5 Resumo da análise de variância dos caracteres tecnológicos poder
calorífico superior (PCS, Kcal/Kg), fibra em detergente neutro (FDN,
%), fibra em detergente ácido (FDA, %) e fibra bruta (FB, %), relativo
à avaliação de genótipos de sorgo biomassa em Lavras-MG, na safra
2013/2014. ....................................................................................... 55
Tabela 6 Estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica (rfxy) de Pearson
entre caracteres para os caracteres altura do colmo em m (AP), número
de colmos por metro linear (NC), produção de massa verde em ton ha-1
(PMV), produção de massa seca em ton ha-1 (PMS), diâmetro de
colmos em mm (DC), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), fibra bruta (FB), dias para florescimento em
dias (DPF), poder calorífico superior em Kcal/Kg (PCS) avaliadas em
genótipos de sorgo biomassa no município de Lavras, Minas Gerais, na
safra de 2013/2014. .......................................................................... 60
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em
decêndio, para os meses de novembro de 2013 a maio de 2014 para o
município de Lavras-MG. UFLA, Lavras/2014. ................................ 32
Figura 2 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em
decêndio, para os meses de novembro de 2013 a maio de 2014 para o
município de Sete Lagoas-MG.INMET/2014. ................................... 33
Figura 3 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em
decêndio, para os meses de março de 2014 a junho de 2014 para o
município de Uberlândia-MG.INMET/2014. .................................... 34
Gráfico 1 Média geral para o caráter DC dos híbridos e das testemunhas
avaliadas no município de Lavras na safra 2013/2014. ...................... 52
Gráfico 2 Médias dos genótipos para o caráter PMS, avaliados no município de
Lavras na safra 2013/2014. Médias que apresentam a mesma letra,
pertencem ao mesmo grupo pelo teste de agrupamento de Scott e Knott
(1974), a 5% de probabilidade. ......................................................... 53
Gráfico 3 Médias dos genótipos para o caráter MS (%), avaliados no município
de Lavras na safra 2013/2014. Médias que apresentam a mesma letra,
pertencem ao mesmo grupo pelo teste de agrupamento de Scott e Knott
(1974), a 5% de probabilidade. ......................................................... 54
Gráfico 4 Média geral para o caráter PCS dos híbridos e das testemunhas
avaliadas no município de Lavras na safra 2013/2014. ...................... 56
Gráfico 5 Média geral dos caráteres tecnológicos FDN e FB para as testemunhas
e os híbridos avaliados no município de Lavras na safra 2013/2014. . 57
Gráfico 6 Médias dos genótipos para o caráter tecnológico FDA, avaliados no
município de Lavras na safra 2013/2014. Médias que apresentam a
mesma letra, pertencem ao mesmo grupo pelo teste de agrupamento de
Scott e Knott (1974), a 5% de probabilidade. .................................... 58
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................. 18
2.1 A cultura do sorgo no Brasil: histórico, importância e aspectos
econômicos ................................................................................................. 18
2.2 Caracterizaçãoda planta de sorgo ....................................................... 20
2.2.1 Tipos de sorgo ............................................................................... 21
2.3 A cultura do sorgo como potencial energético .................................... 26
2.4 Associação entre caracteres do sorgo biomassa .................................. 29
3 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 31
3.1 Locais de condução dos experimentos................................................. 31
3.2 Genótipos avaliados ............................................................................. 34
3.3 Planejamento e condução dos experimentos ....................................... 35
3.4 Caracteres fenotípicos avaliados em campo dos genótipos de sorgo .. 36
3.5 Caracteres tecnológicos avaliados em laboratório dos genótipos de
sorgo .......................................................................................................... 37
3.6 Análise estatística ................................................................................ 42
4 RESULTADOS .................................................................................................................. 45
4.1 Caracteres morfoagronômicos dos genótipos de sorgo em Lavras, Sete
Lagoas e Uberlândia.................................................................................. 45
4.2 Caracteres tecnológicos dos genótipos de sorgo em Lavras ............... 54
4.3 Correlações fenotípicas entre as variáveis morfoagronômicas e
tecnológicas................................................................................................ 58
5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 61
5.1 Caracteres morfoagronômicos ............................................................ 61
5.2 Caracteres tecnológicos ....................................................................... 67
5.3 Correlações fenotípicas........................................................................ 70
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 71
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 72
APÊNDICE .......................................................................................................................... 80
17
1 INTRODUÇÃO
A crescente demanda por energia elétrica em nosso país em decorrência
do avanço demográfico e industrial, além da preocupação com questões
ambientais principalmente relacionadas às mudanças climáticas e suas
consequências para a geração e fornecimento de eletricidade à população, fez
com que em 2004 fosse criado o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa). O objetivo foi aumentar a participação da energia
elétrica produzida com base em fontes eólica, biomassa e pequenas centrais
hidrelétricas (PCH) no Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) promovendo
a diversificação da Matriz Energética Brasileira. Assim, garantindo a segurança
no sistema de abastecimento, além de valorizar as características e
potencialidades regionais e locais.
A partir desse momento houve um grande destaque para as chamadas
biomassas dedicadas, que são aquelas cultivadas com a finalidade de atender ao
mercado de biocombustão como matéria-prima para a geração sustentável de
energia. Nesse contexto, o sorgo [Sorghum bicolor (L) Moench], é o exemplo de
uma cultura potencialmente energética. Algumas características a tornam uma
forte candidata a ser uma das culturas mais utilizadas para geração de energia,
porém somente nas últimas décadas, é que foram investidos recursos em
pesquisas para o melhoramento de híbridos específicos para esta finalidade,
chamados de sorgo biomassa (MONK; MILLER; MCBEE,1984).
Dentre os tipos de sorgo, o biomassa, possui a particularidade de ser
sensível ao fotoperíodo, o que faz com que este tenha um maior período
vegetativo e consequentemente maior produção de massa verde e massa seca. E,
além disso, quando comparado a outras culturas que possuem potencial
energético, ele se destaca por atender às necessidades de mercado, como: baixo
custo de implantação, ciclo curto, ampla adaptabilidade; é uma cultura
18
totalmente mecanizável, apresenta baixa umidade e alto poder calorífico em
caldeiras. Sendo assim, o plantio de culturas energéticas, como o sorgo
biomassa, em áreas com baixo potencial para a produção de alimentos, tem se
tornado uma ótima opção para os agricultores como forma de aumentar sua
capacidade de produção e diversificar o seu negócio. O sorgo biomassa, também
pode ser utilizado para a obtenção do etanol lignocelulósico ou de segunda
geração.
Como muitas características são levadas em consideração no processo
seletivo realizado nos programas de melhoramento dos genótipos para a alta
produção de biomassa, é importante salientar que as correlações entre as
características podem influenciar positiva ou negativamente na seleção e,
portanto, devem ser avaliadas a fim de contribuir na orientação das estratégias a
serem adotadas para identificação dos melhores ideotipos. As estimativas de
correlações permitem avaliar o comportamento de uma característica quando se
realiza a seleção em outra correlacionada, ou seja, implica na viabilidade de se
promover a seleção em uma característica de fácil mensuração, visando obter
ganhos em outra de difícil avaliação ou de baixa herdabilidade (CARVALHO;
CRUZ, 1996).
Diante do exposto, neste trabalho objetivou-se identificar híbridos de
sorgo biomassa que apresentem maior potencial agronômico e energético; e
estudar as correlações fenotípicas existentes entre os caracteres agronômicos e
tecnológicos dos híbridos sob teste.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A cultura do sorgo no Brasil: histórico, importância e aspectos econômicos
19
Como ocorre em diversas culturas, a origem do sorgo se perdeu em
épocas remotas, possuindo alguns indícios de que seja originado da África
Oriental (Etiópia e/ou Sudão), entre 5 a 7 mil anos atrás, difundido por nativos
africanos que migravam por vários países (VON PINHO; VASCONCELOS,
2002; WALL; ROSS, 1975). No Brasil a introdução do sorgo ocorreu no século
XX. No início foi utilizado em sucessão aos cultivos de verão, principalmente
como substituto do milho em seus vários usos (EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISA AGROPECUÁRIA MILHO E SOJA - EMBRAPA, 2010; VON
PINHO; VASCONCELOS, 2002).
Quando se consideram todos os tipos de sorgo, verifica-se que esta
cultura ocupa, entre os cereais, o quinto lugar em área plantada no mundo, sendo
superado apenas pelo trigo, arroz, milho e cevada (VON PINHO;
VASCONCELOS, 2002).
No Brasil, a cultura do sorgo tem sido utilizada não somente para
produção de grãos e forragem para alimentação animal, mas também como fonte
de energia renovável através da produção de etanol lignocelulósico e geração de
energia térmica, elétrica e mecânica através da queima da biomassa (UNIÃO
DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR - UNICA, 2013).
Por ser uma cultura muito versátil, sua importância ganhou destaque por
apresentar alta tolerância a solos de baixa fertilidade, déficits hídricos e a
estresses ambientais (EMBRAPA, 2010). Foi introduzido na região Nordeste
como produto que salvaria a produção agropecuária daquela região, porém,
apesar de ser uma cultura com características rústicas necessitou de boas práticas
culturais para atingir altas produtividades (EMBRAPA, 2010).
O aumento do cultivo do sorgo no Brasil foi significativo com o passar
dos anos e três fatores contribuíram fortemente para isso: o primeiro está
relacionado à criação, no início dos anos noventa, do Grupo Pró-Sorgo, que teve
como objetivo o fomento da produção de sorgo no Brasil, com maior divulgação
20
das potencialidades da cultura e suas modernas tecnologias; o segundo está
relacionado ao uso do sistema de produção de plantio direto nas regiões CentroOeste e Sudeste, utilizando o sorgo como cultura de rotação para o sistema; e o
terceiro diz respeito à crescente importância da safra de inverno (segunda safra
ou safrinha) na região central do Brasil, onde o sorgo se destaca por apresentar
maior resistência ao estresse hídrico do que o milho (EMBRAPA, 2010).
2.2 Caracterizaçãoda planta de sorgo
O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é uma planta que pertence à
família Poaceae e gênero Sorghum, que é composto por gramíneas de rápido
crescimento que apresentam fotossíntese C4 (CARRILLO et al., 2014;
SABALLOS, 2008).
É uma planta monoica, com flores perfeitas e é considerada uma espécie
autógama. A inflorescência do sorgo é do tipo panícula, com eixo central ou
raquis, que possui diversas formas, de acordo com as diferentes variedades. O
fruto é do tipo cariopse e sua composição é bastante parecida com a do milho,
podendo apresentar diferentes teores de tanino, uma substância que confere
resistência ao ataque de pássaros (VON PINHO; VASCONCELOS, 2002).
As plantas de sorgo existentes podem conter caules secos ou suculentos,
com uma altura que varia de 0,5 a 6 metros, divididos em nós e entre nós,
podendo ou não apresentar perfilhamento e diâmetro variável (5 a 30 mm)
(SABALLOS, 2008; VON PINHO; VASCONCELOS, 2002).
O sistema radicular do sorgo é extenso, fibroso e com grande número de
pelos absorventes, podendo chegar a uma profundidade de até 1,5 m (sendo que
80% das raízes ficam localizadas até 30 cm no solo), em extensão lateral pode
21
alcançar 2,0 m. Essas características conferem à planta uma maior resistência à
seca (EMBRAPA, 2010).
É considerada uma cultura de baixo custo de implantação com
capacidade de mecanização, o que facilita a colheita e logística do produto.
Quando comparado ao milho [Zeamays L.], o sorgo consome 30-50% menos
água, significativamente menos pesticidas e outros insumos químicos, além de
otimizar o uso da terra por ser possível sua implantação em terras marginais
(CARRILLO et al., 2014).
2.2.1 Tipos de sorgo
Com a evolução e a domesticação houve agrupamento dos tipos de
sorgo de acordo com os caracteres agronômicos, principais produtos e usos,
assim como também por suas características distintas (WALL; ROSS, 1975). Os
tipos de sorgo são:
a)
Sorgo granífero: representado por cultivares que possuem porte baixo e
grãos grandes que se separam das glumas com maior facilidade quando
comparado aos outros tipos de sorgo (WALL; ROSS, 1975).
O sorgo granífero, é o tipo de sorgo que possui maior importância
econômica no Brasil, é utilizado principalmente como substituto do milho em
rações animais, principalmente para aves e suínos, proporcionando uma redução
nos custos de produção, em virtude de o preço do sorgo ser de 20% a 30%
inferior ao do milho (COELHO et al., 2002).
Outra forma de utilizar os grãos de sorgo é através da produção de
farinha, que pode substituir parcialmente a farinha de trigona confecção de
vários produtos sem alterar significativamente a qualidade, principalmente por
22
apresentar cor branca e não alterar a cor e o sabor dos produtos finais (VON
PINHO; VASCONCELOS, 2002).
O aumento na produção de sorgo granífero no Brasil se deu
principalmente pelo aumento do consumo per capita de proteína animal.
Sobretudo pelo consumo da carne de frango, provocando crescimento no
consumo de rações balanceadas e devido à valorização do sorgo pelas indústrias
de rações (COELHO et al., 2002).
Atualmente, segundo dados apresentados pela Companhia Nacional de
Abastecimento - CONAB (2014), a área de produção de sorgo granífero
apresentou queda nas regiões Sul e Nordeste e crescimento nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Norte, sendo hoje cultivada no Brasil uma área de 700 mil
hectares. A participação brasileira no comércio externo deste produto é de
aproximadamente 2% do total comercializado internacionalmente.
b)
Sorgo forrageiro: o sorgo como planta forrageira é muito utilizado
como silagem na alimentação de bovinos. Apresenta características fenotípicas
que determinam facilidade de plantio, manejo, colheita e armazenamento, alto
valor nutritivo, alta concentração de carboidratos solúveis que garantem uma
adequada fermentação lática, bem como altos rendimentos de massa seca por
unidade de área (NEUMANN et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2005).
Por essas razões, a importância do sorgo como uma cultura forrageira
tem crescido em diversas regiões do mundo (TEIXEIRA et al., 2014). No Brasil
ocupa aproximadamente 40% do total da área cultivada de sorgo, principalmente
devido à expansão da produção de leite e confinamento de bovinos (COELHO et
al., 2002).
Com o intuito de expandir a utilização do sorgo como forragem,
melhoristas têm trabalhado para desenvolver híbridos que apresentem maior
produtividade e melhor qualidade do produto, para que este supra as
23
necessidades nutricionais dos ruminantes de forma adequada (QU et al., 2014;
TEIXEIRA et al., 2014). Alguns híbridos comerciais utilizados são BRS655 e
Volumax. O híbrido BRS655 é adaptado para produzir forragem em diversos
sistemas de produção, principalmente por possuir estabilidade de produção, alta
resistência à estiagem, alta qualidade de forragem e ainda apresentar a
característica de resistência ao acamamento, que confere altas produtividades de
massa com um custo de produção significativamente reduzido (EMBRAPA,
2009). O híbrido Volumax, também muito utilizado para silagem, se destaca por
ser o maior produtor de massa verde da categoria, por possuir uma excelente
sanidade de planta e de colmo e rebrota vigorosa.
c)
Sorgo sacarino: grupo composto por cultivares que apresentam caules
longos, suculentos, doces e que de modo geral possuem menor produção de
grãos que o tipo granífero (WALL; ROSS, 1975).
O sorgo sacarino possui ciclo curto (100 a 130 dias), seu cultivo é
realizado a partir de sementes, seu manejo pode ser totalmente mecanizado e
apresenta grande eficiência no uso da água (MOREIRA et al., 2013; SORDI,
2011; VON PINHO; VASCONCELOS, 2002).
Atualmente esse tipo de sorgo tem ganhado destaque relevante na
agricultura, principalmente por ser considerado uma alternativa bioenergética,
pois apresenta colmos com caldo semelhante ao da cana-de-açúcar, podendo ser
utilizado como complemento na produção de etanol. Seu ciclo de cultivo e
colheita fica compreendido justamente no período da entressafra da cana,
especialmente, na região Centro-Sul, o que contribui para a diminuição da
volatilidade de oferta e de preços, típica da entressafra da cana-de-açúcar
(GIACOMINI et al., 2013).
24
d)
Sorgo biomassa: apresenta grande quantidade de massa verde, caule
fibroso e porte alto (EMBRAPA, 2014). Possui a particularidade de ser mais
sensível ao fotoperíodo, o que possibilita a ampliação do ciclo vegetativo e
concomitantemente aumenta a produção de biomassa por hectare/ciclo, em
comparação com as cultivares insensíveis ao fotoperíodo (PARRELA et al.,
2010; PEREIRA et al., 2012). Outras vantagens são: cultura totalmente
mecanizável (do plantio à colheita), estabelecida por sementes; sistemas de
produção agrícola conhecidos, com ciclo curto (5 a 6 meses); tolerância à seca; é
semeado na primavera, que coincide com o início do período chuvoso e a
colheita é realizada durante a entressafra da cana, reduzindo o período de
ociosidade das termelétricas por falta de matéria-prima para produção de energia
(PARRELA et al., 2010).
O sorgo biomassa é ideal como matéria-prima energética devido a sua
versatilidade como fonte de amido, açúcar e lignocelulose, fazendo com que este
ocupe uma posição única como fonte de biomassa adaptável, apto à finalidade
tanto para obtenção de produtos tradicionais e avançados, biocombustíveis e
tecnologias, bem como para os mercados emergentes, como a energia verde e
produção de químicos renováveis (CARRILLO et al., 2014).
Pesquisas voltadas para obtenção de variedades que apresentem maior
produção de biomassa estão sendo realizadas no Brasil, como o programa de
melhoramento de sorgo da Embrapa Milho e Sorgo que possui acessos genéticos
de sorgo de alta biomassa. Em média, podem chegar a mais de 30 t ha-1 de
matéria seca, sendo que alguns materiais experimentais do programa de
melhoramento já apresentam produtividade acima de 50 t ha-1 de matéria seca
(PARRELLA et al., 2010, 2011).
Segundo Rooney e Aydin (1999), o controle da sensibilidade ao
fotoperiodismo e de maturação (indução de floração) em sorgo está associado ao
efeito de dois alelos em seis loci: Ma1, ma1; Ma2, ma2; Ma3, ma3; Ma4, ma4;
25
Ma5, ma5; e Ma6, ma6. Os loci Ma1a Ma4 controlam o ciclo, enquanto os loci
Ma5 e Ma6 são responsáveis pela sensibilidade ao fotoperiodismo. Os genótipos
Ma5Ma5ma6ma6; ma5ma5Ma6Ma6 são insensíveis a fotoperíodo e florescem
entre 60 e 70 dias após germinação e os híbridos derivados de cruzamentos entre
linhagens com estes genótipos são sensíveis (Ma5ma5Ma6ma6) ao fotoperíodo e
têm indução floral somente em períodos em que os dias apresentam menos de 12
horas e 20 minutos de luz. Portanto, para se obter híbridos sensíveis, foi
utilizado um conjunto de linhagens macho estéreis insensíveis de porte baixo e
ciclo curto, como fêmeas, cruzadas com 3 linhagens restauradoras de fertilidade
sensíveis ao fotoperíodo, as quais são utilizadas como variedades (PARRELLA
et al., 2010, 2011).
Por se tratar de uma nova tecnologia, é necessário avaliar e caracterizar
biomassas vegetais visando ao fornecimento sustentável de matéria-prima para
produção de biocombustível lignocelulósico, também denominada tecnologia de
segunda geração de biocombustíveis (PARRELLA et al., 2010, 2011). Além
disso, é interessante avaliar o poder calorífico da biomassa, devido ao
crescimento de sua utilização como geradora e cogeradora de energia térmica,
elétrica e mecânica (MAMEDES; RODRIGUES; VANISSANG, 2010).
e)
Sorgo vassoura: apresenta raquis resistente, porte alto, colmos
geralmente finos, além de grãos pequenos, caules secos e casca dura (VON
PINHO; VASCONCELOS, 2002; WALL; ROSS, 1975).
Atualmente esse tipo de sorgo é utilizado na fabricação artesanal de
vassouras para uso doméstico. A fabricação de vassouras de sorgo em larga
escala manteve-se até o surgimento da fibra sintética, quando as vassouras de
plástico foram tomando conta do mercado e as fábricas de vassouras de sorgo
foram desaparecendo. Porém, hoje esse produto tem sido considerado tecnologia
verde e sua demanda tem aumentado (FOLTRAN, 2012). Com isso, tornou-se
26
uma atividade alternativa para geração de renda, tanto nos sistemas de
agricultura familiar como para artesãos fabricantes de vassouras, sendo que
essas duas na maioria das vezes são integradas (FARIAS et al., 2000).
2.3 A cultura do sorgo como potencial energético
Devido à crise mundial de energia, houve um aumento no interesse em
culturas dedicadas à produção de biocombustíveis e cogeração de energia,
resultante da queima da biomassa para produção de eletricidade (DAMASCENO
et al., 2013).
Biomassa do ponto de vista de geração de energia são os derivados
recentes de organismos vivos utilizados como combustíveis ou para a sua
produção, excluindo os tradicionais combustíveis fósseis (MAMEDES;
RODRIGUES; VANISSANG, 2010). Suas vantagens são: baixo custo, é
renovável, permite o reaproveitamento de resíduos e é menos poluente que
outras formas de energias (MAMEDES; RODRIGUES; VANISSANG, 2010).
Além disso, a utilização da fibra da biomassa como matéria-prima para fins
energéticos pode ser feita segundo quatro plataformas básicas: combustão direta
para a produção de energia térmica (vapor) e elétrica (cogeração); hidrólise
química ou enzimática da fibra (celulose e hemiceluloses) para obtenção de
açúcares fermentáveis e produção de combustíveis líquidos; gaseificação para
produção de gás de síntese (monóxido de carbono e hidrogênio) ou geração de
biogás; e pirólise para produção de bio-óleo ou carvão/coque.
No estudo de biomassas vegetais como matéria-prima para produção de
energia, é necessário caracterizar os seus poderes caloríficos que são
caracterizados pela medida da quantidade de energia que o material combustível
libera quando queimado totalmente. Para combustíveis sólidos e líquidos
normalmente é utilizada a medida de cal.g-1 ou Kcal.Kg-1.
27
A medida do poder calorífico é muito importante na avaliação energética
de qualquer combustível e pode ser obtida a partir do Poder Calorífico Superior,
sendo este definido pela Norma NBR8633 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS - ABNT, 1984). Considera-se como sendo o número de
unidades de calor liberado, pela combustão de unidade de massa de uma
substância, em bomba calorimétrica, em atmosfera de oxigênio, a volume
constate e sob condições específicas, de modo que toda água proveniente da
combustão esteja no estado líquido.
O poder calorífico de diversas biomassas já foi estudado por vários
autores, como apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 Poderes caloríficos superiores (PCS em Kcal.Kg-1), de diferentes biomassas
vegetais, obtidos por diversos autores. (1) Sumner et al. (1983); (2) Andrade
(1961), (3) Arola (1976), (4) Brito (1986); (5) Atchison (1977).
Biomassas
Painço (1)
PCS
4.178
Biomassas
Casca de pecan (1)
PCS
4.345
Colmo de sorgo (1)
4.273
Laranja (fruto) (1)
4.464
Folhas de sorgo (1)
4.631
Pecan (fruto) (1)
4.536
Capim-napier (1)
4.369
"Grape fruit" (1)
4.464
Grama-bermuda (1)
4.584
Cone de Pinus spp. (1)
4.870
Pinus spp. (1)
4.249
Palha de Pinus spp. (1)
5.348
Pêssego (fruto) (1)
4.608
Pinus strobus (2)
5.285
Eucalyptus saligna(3)
4.670
Pinus ponderosa (2)
5.000
Eucalyptus robusta (3)
4.774
Eucalyptus tereticornis (4)
8.248
Madeira dura (5)
4.555 a
4.665
Madeira mole (5)
4.665 a
5.550
Palha de cereal (5)
4.445
Bagaço de cana (5)
4.445 a
4.665
28
A planta de sorgo biomassa possui muitas folhas, caule fibroso e grande
porte, apresentando uma capacidade de fornecer energia, que é medida pelo
poder calorífico superior, que chega a 4.000 Kcal/Kg de matéria seca, que é
valor considerado alto para os estudos energéticos (EMBRAPA, 2014). Ele é
considerado destaque entre as culturas que apresentam alto potencial de
produção de biomassa (MONK; MILLER; MCBEE, 1984). A produção de
energia a partir de toda a planta ou de suas partes (grãos, biomassa ou seiva)
resulta porque o sorgo é uma das plantas mais fotossinteticamente eficientes do
mundo, além de possuir um alto potencial de rendimento, facilidade de cultivo,
ampla adaptabilidade e reprodução por sementes, tornando-se uma espécie muito
atraente para a exploração de energia (MILLER; MCBEE, 1993).
Atualmente a cultura pode ser utilizada como matéria-prima para
obtenção de etanol de segunda geração, produzido a partir de biomassa
(lignocelulose), para geração e cogeração de energia (DAMASCENO et al.,
2013; VIRMOND, 2011).
De acordo com pesquisadores da Embrapa, estudos estão sendo
realizados, a fim de avaliar a viabilidade do uso das plantas de sorgo como
alternativa ao uso da lenha de eucalipto, através da biocombustão, para a geração
de termoenergia em caldeiras, principalmente visando à secagem de grãos
(EMBRAPA, 2014). Sua vantagem em substituição ao eucalipto é que este
demora de três a quatro anos para ser cortado, enquanto o sorgo é colhido no
período de cinco a oito meses após o plantio e, além disso, sua produtividade é
superior à do eucalipto. Nesse caso, 50 toneladas por hectare de matéria seca
comparado com 20 toneladas por hectare/ano em plantios de eucalipto voltados
para este fim (EMBRAPA, 2014).
Quando se compara com a cana-de-açúcar, o sorgo biomassa possui a
vantagem de atingir 50% de umidade enquanto ainda está na lavoura. Portanto,
29
diferentemente da cana, que demanda medidas para estocagem e tratamento do
bagaço, o sorgo biomassa pode ser colhido e levado diretamente à caldeira ou
também ser armazenado (UNICA, 2014).
Culturas dedicadas à produção de bioenergia, incluindo o sorgo, não
foram melhoradas especificamente para este fim, o que impede o seu total
aproveitamento (VERMERRIS et al., 2007). Por isso, para o melhoramento de
sorgo visando à produção de bioenergia, é importante identificar, caracterizar e
quantificar a variabilidade genética disponível, bem como definir os fenótipos
que sejam favoráveis para a melhor utilização deste material (DAMASCENO et
al., 2013).
O sorgo possui uma gama de recursos genéticos que podem auxiliar as
estratégias de melhoramento clássico e biotecnológicas para torná-lo uma
cultura dedicada à produção de bioenergia. Por ser uma espécie diploide de
genoma relativamente pequeno e de alta endogamia, o sorgo está se tornando
uma gramínea modelo para análises genômicas funcionais e estruturais, além de
já possuir genoma com sequência completa publicamente disponível
(DAMASCENO, 2011).
Acredita-se que a maximização da produção de biomassa por unidade de
área plantada será um dos principais focos dos programas de melhoramento
voltados à produção de bioenergia, como também aumento do conteúdo de
lignina visando poder calorífico da biomassa para geração ou cogeração de
energia, denominada bioeletricidade, e redução para produção de etanol de
segunda geração (DAMASCENO, 2011).
2.4 Associação entre caracteres do sorgo biomassa
30
Em programas de melhoramento genético, o conhecimento da correlação
entre caracteres é importante quando se deseja fazer a seleção simultânea de
várias características ou quando um caráter de interesse apresenta baixa
herdabilidade (CARVALHO et al., 1999).
O manuseio de vários caracteres é um grande desafio, pois a maioria dos
caracteres pode estar correlacionada em direções diferentes, com isso a
quantificação e a interpretação da magnitude de uma correlação pode resultar em
equívocos na estratégia de seleção (CARVALHO et al., 1999; RAMALHO et
al., 2012).
O grau de associação entre duas variáveis é medido por um parâmetro
estatístico que possui valores de correlação que variam de -1 a +1. Quando a
correlação é positiva, os caracteres variam na mesma direção; quando a
correlação é negativa, os caracteres são inversamente relacionados e quando não
possui associação linear a correlação é nula (RAMALHO et al., 2012).
A correlação genética tem sido aplicada com frequência em programas
de melhoramento de plantas por permitir o conhecimento das alterações de um
caráter “X”, em intensidade e sentido, pela seleção praticada no caráter “Y”
(RAMALHO et al., 2012). Essa interação pode ser decorrente da pleiotropia
e/ou ligação dos genes que controlam os caracteres (FALCONER; MACKAY,
1996).
Em experimento realizado por Cunha e Lima (2010) estimou-se a
correlação com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo de 29 genótipos
de sorgo forrageiro em algumas características agronômicas e estimar os
parâmetros genéticos para essas características. Nesse estudo verificou-se a
ocorrência de correlações genotípicas e fenotípicas, levando em consideração as
características de: matéria verde, matéria seca, altura da planta, sobrevivência e
floração inicial. Como conclusão os autores sugerem que como há alta
variabilidade genética entre os genótipos para a maioria das características, é
31
possível obter ganho genético por seleção direta, além de destacar que a altura
da planta pode ser utilizada como critério de seleção para melhoria indireta da
produção de matérias verde e seca.
Lombardi et al. (2013), visando estimar correlações fenotípicas e
ambientais entre caracteres agroindustriais de sorgo sacarino, avaliaram 45
genótipos para as características: altura de planta (m); diâmetro do colmo (mm);
peso da panícula (Kg); número de dias para florescimento; teor de fibra no
colmo (Fibra); teor de sólidos solúveis totais (BRIX, %caldo); teor de sacarose
(Pol C, %cana); teor de açúcares totais recuperáveis (ATR); tonelada de brix por
hectare (TBH); tonelada de colmo por hectare (TCH) e tonelada de pol por
hectare (TPH). Como principal conclusão do estudo, foi verificado que o TBH e
TPH, que são caracteres alvo do melhoramento apresentaram correlações
fenotípicas positivas e de magnitude alta, o que significa que a seleção está
sendo realizada na direção correta.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Locais de condução dos experimentos
Os experimentos foram conduzidos em três locais do estado de Minas Gerais no
ano agrícola de 2013/2014:
a) Área experimental situada no Centro de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico em Agropecuária – Fazenda Muquém da Universidade Federal de LavrasUFLA localizada nacidade de Lavras a 21º14’ de latitude sul e 45º00’de longitude oeste.
O município de Lavras está situado ao sul do estado, apresenta temperatura média anual
de 19,4°C e a precipitação pluviométrica média anual de 1.529,7mm (DANTAS;
CARVALHO; FERREIRA, 2007).
32
O experimento foi implantado em campo no dia 29 novembro de 2013 e a
colheita foi realizada no dia 20 de maio de 2014. Os dados climatológicos durante o
período de condução do experimento estão representados na Figura 1.
Figura 1 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em decêndio, para
os meses de novembro de 2013 a maio de 2014 para o município de LavrasMG. UFLA, Lavras/2014.
b) Área experimental da Embrapa Milho e Sorgo no município de Sete Lagoas,
região central do estado a 19º27'de latitude sul e 44º14'49''de longitude oeste. A região
apresenta clima ameno com temperatura média anual em torno de 23ºC, o período
chuvoso vai de outubro a março com índice médio pluviométrico anual de 1.403mm
(INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - INMET, 2014).
O experimento foi implantado em campo no dia 21 de novembro de 2013 e a
colheita foi realizada no mês abril de 2014. Os dados climatológicos durante o período
de condução do experimento estão representados na Figura 2.
33
Figura 2 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em decêndio, para
os meses de novembro de 2013 a maio de 2014 para o município de Sete
Lagoas-MG.INMET/2014.
c)
Área experimental situada na Fazenda Capim Branco no município
de Uberlândia, nas coordenadas geográficas de 18º56’56" de latitude Sul e
48º12’21" de longitude Oeste de Greenwich, região do triângulo mineiro. As
condições climatológicas são caracterizadas por um clima tropical de altitude
com inverno seco e ameno, verão quente e chuvoso, com temperatura média de
22ºC. A precipitação média anual em Uberlândia está em torno de 1500 mm
(INMET, 2014).
O experimento foi implantado em campo em condições de safrinha, na
data de 13 de março de 2014, e a colheita foi realizada em 26 de junho de 2014.
Os dados climatológicos durante o período de condução do experimento estão
apresentados na Figura 3.
34
Figura 3 Temperaturas máximas e mínimas; precipitação acumulada, em decêndio, para
os meses de março de 2014 a junho de 2014 para o município de UberlândiaMG.INMET/2014.
3.2 Genótipos avaliados
Foram avaliados 14 genótipos de sorgo, sendo todos eles híbridos
sensíveis ao fotoperíodo e duas cultivares comerciais de sorgo forrageiro, como
testemunhas, insensíveis ao fotoperíodo, representados na (Tabela 2).
Os materiais utilizados nos experimentos são originados do Programa de
Melhoramento da Embrapa Milho e Sorgo, localizada no município de Sete
Lagoas/MG.
35
Tabela 2 Relação dos genótipos avaliados no experimento.
GENÓTIPOS
FOTOPERÍODO
CMSXS7012
Sensível
BRS716
Sensível
CMSXS7016
Sensível
CMSXS7021
Sensível
CMSXS7022
Sensível
CMSXS7023
Sensível
CMSXS7024
Sensível
CMSXS7025
Sensível
CMSXS7026
Sensível
CMSXS7027
Sensível
CMSXS7028
Sensível
CMSXS7029
Sensível
CMSXS7030
Sensível
CMSXS7031
Sensível
VOLUMAX
Testemunha - Insensível
BRS655
Testemunha - Insensível
3.3 Planejamento e condução dos experimentos
O plantio foi realizado adotando o sistema de semeadura direta nos
municípios de Lavras, Uberlândia e Sete Lagoas. Para o preparo da área
experimental foi necessária dessecação prévia com 3 Lha-1 de glifosato. A
abertura dos sulcos no solo e a adubação de fundação com 450 Kg ha-1 da
formulação 08:28:16 de NPK foram realizadas de forma mecânica e o plantio
36
realizado de forma manual com densidade de semeadura de 8 plantas/metro
linear. Após 20 dias de semeadura foi realizado o desbaste deixando 5
plantas/metro linear. A adubação de cobertura foi realizada em torno de 30 dias
após o plantio mediante aplicação de 200 Kg de ureia/ha.
Os experimentos foram conduzidos no delineamento experimental látice
triplo 4 x 4. As parcelas foram constituídas por quatro sulcos de 5,0 m lineares,
espaçados em 0,60 m entre si, sendo consideradas apenas as duas linhas centrais,
como área útil.
O controle químico de plantas daninhas foi realizado como uso de herbicida à
base de Atrazina (3,0L/ha) complementado pelo controle mecânico, quando necessário.
3.4 Caracteres fenotípicos avaliados em campo dos genótipos de sorgo
As características morfoagronômicas avaliadas foram (PARRELLA et
al. 2011):
a)
Dias para florescimento (DPF): número de dias da semeadura até o
início da liberação de pólen em 50% das plantas da parcela;
b)
Altura de plantas (AP): altura média, em metros, das plantas de cada
parcela, medidas da superfície do solo ao ápice da panícula;
c)
Diâmetro do colmo (DC): medida realizada com um paquímetro digital
na base do colmo de cinco plantas aleatórias dentro da parcela;
d)
Número médio de colmos por metro linear (NC): contagem do
número de plantas das linhas úteis da parcela, divido pelo comprimento da linha
em metros lineares;
e)
Produção de massa verde total (PMV): determinada em Kg/parcela
através da pesagem de todas as plantas (completas) da área útil de cada parcela,
37
colhidas na maturidade fisiológica do grão. Os dados de PMV foram convertidos
para t ha-1, utilizando-se regra de três.
f)
Produção de massa seca total (PMS): determinada pela diferença de
peso existente entre amostras de material recém colhido e após ser submetido à
secagem em estufa a 60°C. Os dados de PMS foram convertidos para t ha-1,
utilizando-se regra de três.
Nos experimentos conduzidos nos municípios de Sete Lagoas e
Uberlândia foram avaliados somente os caracteres dias para florescimento,
número de colmos por metro linear, altura de plantas e produção de massa verde.
3.5 Caracteres tecnológicos avaliados em laboratório dos genótipos de sorgo
As avaliações tecnológicas foram realizadas nos laboratórios dos
Departamentos de Zootecnia, Engenharia de Alimentos e Engenharia Florestal
da Universidade Federal de Lavras, somente para os genótipos avaliados no
município de Lavras.
a)
Determinação da Matéria Seca (MS) Definitiva: Após o material ser
colhido e armazenado em sacos de papel, foi realizada a pré-secagem do
material em estufa a 60ºC, por aproximadamente 3 a 4 dias. Posteriormente esse
material foi retirado da estufa, moído e armazenado em sacos plásticos (SILVA,
1981).
Este material moído foi submetido à secagem definitiva em estufa de
105ºC, pesando-se 1g em balança analítica com a aproximação de 0,0001g.
Depois de retirar o material da estufa, este foi colocado em dessecador até sua
temperatura igualar à do ambiente e foi pesado novamente.
O cálculo utilizado para determinação da matéria seca definitiva foi:
38
% de Matéria Seca definitiva: Peso da amostra seca x100
Peso da amostra verde
A % de umidade foi determinada por:
% da umidade: 100 - % de Matéria Seca
b)
Fibra Bruta (FB): Para determinação da FB foram utilizados
aproximadamente 0,50g de amostra. Esta amostra foi colocada em tubo microKjeldahl. Foi adicionado à amostra 1 ml de ácido sulfúrico, 20 ml de éter etílico
e uma pitada de tri-butil-fosfato (SILVA, 1981).
Depois de adicionar os reagentes o material foi levado ao digestor de
fibras (pré-aquecido) e após entrar em ebulição permaneceu no digestor por mais
30min. O material foi retirado ainda quente e filtrado utilizando bomba de
vácuo. Após a filtragem o material foi colocado em estufa a 105ºC para secagem
e posteriormente foi retirado, colocado em dessecador e pesado.
O cálculo para determinação da % de FB no material foi:
% de FB: ___A ___x 100
B
em que:
A: peso da amostra após a digestão, filtragem e secagem em estufa a
105ºC;
B: peso da amostra antes da digestão (0,50g).
39
A porcentagem de FB na matéria seca foi determinada pelo cálculo:
% de FB na MS: %FB x 100
% MS
c)
Fibra em Detergente Neutro (FDN): Para a determinação de FDN
foram utilizados aproximadamente 0,35g de amostra. Primeiramente foi
preparada a solução detergente neutro onde para 4 litros de água, pesou-se:
74,44g de EDTA di-sódico; 27,24g de tetra-borato de sódio; 120g de sulfato
láurico de sódio; 18,24g de fosfato ácido de sódio (SILVA, 1981).
Foi colocada a amostra em tubo micro-Kjeldahl e adicionado 35ml de
solução detergente neutro e 0,5ml de amilase. O tubo foi levado ao digestor de
fibras (pré-aquecido) e após entrar em ebulição permaneceu no digestor por mais
60min. O material foi retirado ainda quente e filtrado utilizando bomba de
vácuo. O material foi lavado com 20ml de acetona e após a filtragem foi
colocado em estufa a 105ºC para secagem e posteriormente foi retirado,
colocado em dessecador e pesado.
O cálculo para determinação da % de FDN foi:
%FDN:
A*
x 100
B*
em que:
A*: peso da amostra após a digestão, filtragem e secagem em estufa a
105ºC;
40
B*: peso da amostra antes da digestão (0,35g).
A porcentagem de FDN na matéria seca foi determinada pelo cálculo:
% de FDN na MS: %FDN x 100
% MS
d)
Fibra em Detergente Ácido (FDA): Para a determinação de FDA
foram utilizados aproximadamente 0,35g de amostra. Primeiramente foi
preparada a solução detergente ácido onde foram adicionados 40g de brometocetil-trimetilamômio (CTAB) em 2 litros de ácido sulfúrico 1N (55,6ml/L),
previamente padronizado (SILVA, 1981).
Foi colocada a amostra em tubo micro-Kjeldahl e adicionado 35ml de
solução detergente ácido. O tubo foi levado ao digestor de fibras (pré-aquecido)
e após entrar em ebulição permaneceu no digestor por mais 60min. O material
foi retirado ainda quente e filtrado utilizando bomba de vácuo. O material foi
lavado com 20ml de acetona e após a filtragem foi colocado em estufa a 105ºC
para secagem e posteriormente foi retirado, colocado em dessecador e pesado.
O cálculo para determinação da % de FDA foi:
%FDA: A** x 100
B**
em que:
A**: peso da amostra após a digestão, filtragem e secagem em estufa a
105ºC;
41
B**: peso da amostra antes da digestão (0,35g).
A porcentagem de FDA na matéria seca foi determinada pelo cálculo:
% de FDA na MS: %FDN x 100
% MS
e)
Poder Calorífico Superior (PCS): Amostras da planta inteira depois de
colhidas e secas, foram moídas e peneiradas em peneira ABNT 70, segundo
Norma NBR 8633 da ABNT (1984).
A análise de PCS foi realizada em um calorímetro da marca Parr®,
conforme a Norma 8633 da ABNT (1984). A determinação do PCS de cada
amostra foi dada pela combustão de uma unidade de massa (0,35g) em bomba
calorimétrica, em atmosfera de oxigênio, a volume constante e sob condições
específicas. O PCS foi dado em Kcal/Kg e as determinações de PCS foram
realizadas em duplicatas por amostra.
f)
Umidade em Base Úmida (Ubu): As amostras foram coletadas do
campo e pesadas para determinar o peso de massa úmida em gramas (g), depois
foram colocadas na estufa a 60ºC por aproximadamente 3 a 4 dias. Essas
amostras foram retiradas da estufa, pesadas e foi realizado o cálculo do teor de
umidade do material em base úmida conforme a equação:
Ubu: MU – MS x 100
MU
42
em que:
Ubu: Umidade Base Úmida (%);
MU: Massa Úmida (g);
MS: Massa Seca (g).
3.6 Análise estatística
Primeiramente procedeu-se a análise dos dados por local mediante
recuperação da informação interblocos, de acordo com o modelo apresentado a
seguir:
yijk = µ + ri + b( i ) j + g k + eijk
em que:
yijk: observação da parcela que recebeu o genótipo i no bloco k dentro da
repetição j;
µ: constante associada a todas as observações;
ri: efeito fixo da repetição i ;
bi(j): efeito aleatório do bloco i dentro da repetição j;
gk; efeito fixo do genótipo k;
eijk: erro experimental aleatório associado à observação yijk.
Para a análise de variância multilocais, foi utilizado o seguinte modelo:
43
yijkl = µ + al + ri (l ) + b(il ) j + g k + gakl + eijkl
em que:
yijkl : observação da parcela do bloco j dentro da repetição i no local l que
recebeu o genótipo k;
µ : constante associada às observações;
ri ( l ) : efeito da repetição i dentro do local l;
b(il ) j : efeito do bloco j dentro da repetição i no local l;
gk : efeito da linhagem ou híbrido k;
al : efeito do local l;
ag kl : efeito da interação dos genótipos k com o local l;
eijkl : erro experimental associado à yijkl .
As análises de variância individuais e multilocais foram realizadas com
o auxílio do Proc Mixed do programa SAS (SAS, 2012).
De posse das médias ajustadas dos genótipos realizou-se o agrupamento pelo
teste de Scott-Knott (1974) em nível de 5% de significância no software estatístico
GENES (CRUZ, 2006).
As estimativas das correlações fenotípicas mensuradas entre os
caracteres foram obtidas de acordo com a expressão:
44
em que:
: estimativa da covariância fenotípica entre as variáveis X e Y;
Vx, Vy: são estimativas das variâncias fenotípicas médias das variáveis X
e Y, respectivamente.
As análises de correlações foram realizadas com o aporte do pacote
estatístico GENES (CRUZ; CARNEIRO,2006). Os contrastes das médias foram
avaliados utilizando o programa Sisvar (FERREIRA, 2006).
Para avaliação da precisão experimental adotou-se a estimativa da
acurácia (RESENDE; DUARTE, 2007), determinada a partir do seguinte
estimador:
em que:
Fc: é o valor do teste de F para o efeito dos genótipos na análise de
variância.
E também se adotou o coeficiente de variação que permite comparações
entre variáveis distintas e fornece uma ideia de precisão dos dados (GARCIA,
1989; PIMENTEL-GOMES, 1991), determinado pela expressão a seguir:
45
em que:
s: é a estimativa do desvio padrão;
: é a estimativa da média.
4
RESULTADOS
4.1 Caracteres morfoagronômicos dos genótipos de sorgo em Lavras, Sete
Lagoas e Uberlândia
A precisão experimental foi avaliada por meio das estimativas das
acurácias seletivas calculadas a partir das análises individuais nos diferentes
locais para os caracteres estudados. Esse parâmetro reflete a confiabilidade na
estimação dos valores genotípicos dos híbridos de sorgo biomassa testados a
partir dos dados fenotípicos observados. As magnitudes da acurácia variaram de
37,14%, para o número de colmos por metro linear em Uberlândia, a 97,52%,
produção de massa verde (PMV) em Sete Lagoas. Essa estatística varia de 0 a 1
e, conforme Resende e Duarte (2007) pode ser classificada como muito alta (ȓgg
≥0,90), alta (0,70 ≤ ȓgg< 0,90), moderada (0,50 ≤ ȓgg< 0,70) e baixa (ȓgg<0,50).
O coeficiente de variação, também utilizado para verificar a precisão do
experimento, apresentou valores considerados baixos para os caracteres AP, DC
e MS (9,72%; 7,81%, 10,96%), médios para os caracteres DPF e NC (13,87%;
17,53%) e valores altos para os caracteres PMS e PMV (25,86%;36,23%)
(Tabela 3). Pimentel-Gomes (1985), estudando os coeficientes de variação
obtidos em ensaios agrícolas, classifica-os da seguinte forma: baixos CV < 10%;
médios 10% < CV < 20%; altos 20% < CV < 30%; muito altos > 30%.
Foram detectadas diferenças entre os locais para todos os caracteres e
também entre os genótipos sob teste. Esse fato está relacionado às diferenças em
46
aspectos macroambientais dos locais, especialmente climáticos, a exemplo da
temperatura e da pluviosidade, que têm influência na expressão dos caracteres
agronômicos estudados. Os diferentes genótipos não sofreram influência dos
diferentes locais na expressão dos caracteres DPF, NC e PMV, isto é, a interação
locais x genótipos não foi significativa, diferentemente do caráter AP que
apresentou
interação
(Tabela
3).
47
Tabela 3 Resumo da análise de variância dos caracteres agronômicos diâmetro de colmos (DC, mm), massa seca (MS, %) e produção
de massa seca (PMS, t ha-1) em Lavras-MG e análise de variância conjunta dos caracteres agronômicos altura de plantas
(AP, m), número de colmos por metro linear (NC), produção de massa verde (PMV, t ha-1) e dias para florescimento (DPF,
dias) relativo à avaliação de genótipos de sorgo biomassa em Lavras-MG, Sete Lagoas-MG e Uberlândia-MG na safra
2013/2014.
Quadrados Médios
FV(1)
GL(2)
DC(3)
PMS(3)
MS(3)
DPF
AP
NC
PMV
Locais
2
-
-
-
78270**
41,44**
167,55**
72312**
Genótipos
15
31,68
982,57**
2,27**
5,29**
1363,75**
Locais x Genótipos
30
-
-
-
315,16
0,31**
2,88
555,3
Repetições(Locais)
6
-
-
-
97,94
0,26
4,17
68,13
Blocos (Repetições x
Locais)
27
-
-
-
245,98
0,21
2,02
550,04
Erro efetivo
63(21#/20¨)
3,20
70,82
14,96
235,9
0,11
1,84
288,04
Acurácia Mínima (%)
-
-
-
58,86
90,47
37,14
67,35
Acurácia Máxima (%)
48,04
78,63
72,68
97,1
96,16
82,24
97,52
CV (%)
7,81
25,86
10,26
13,87
9,72
17,53
36,23
(1)
4,16 185,65 *
Fonte de Variação; (2)Grau de Liberdade; (3)Caracteres agronômicos avaliados somente no município de Lavras-MG; #, ¨ Graus de
Liberdade dos caracteres DC e PMS, respectivamente; *,** significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.
CV: Coeficiente de Variação.
48
Apesar dos genótipos apresentarem tendência de comportamento
semelhante para os caracteres PMV, DPF e NC nos diferentes locais, foi
possível verificar a superioridade na média dos híbridos em relação às das
testemunhas para todos os caracteres. Porém, através da análise de contraste
entre as médias, não foi possível verificar diferenças entre elas, para todos os
caracteres, sendo as variâncias consideradas homogêneas (APÊNDICE A). Os
híbridos que se destacaram em produção de massa verde e maior ciclo
vegetativo foram CMSXS7024 e CMSXS7016, porém, o híbrido que apresentou
maior média de produção de massa verde não foi o que apresentou o maior DPF.
A
média
superior
para
número
de
colmos
foi
para
o
híbrido
CMSXS7021(Tabela 4).
Tabela 4 Valores médios para produção de massa verde (PMV, t ha-1), dias para
florescimento (DPF, dias), altura de plantas (AP, m) e número de colmos por
metro linear (NC) relativos à avaliação de genótipos de sorgo biomassa em
Lavras-MG, Sete Lagoas-MG e Uberlândia-MG, na safra 2013/2014.
GENÓTIPOS
PMV
DPF
AP
NC
CMSXS7024
63,14 a
123,55 a
3,79 a
8,82 a
CMSXS 7016
59,27 a
128,12 a
3,81 a
8,52 a
CMSXS7031
58,06 a
110,72 a
3,18 a
7,03 a
CMSXS7022
56,92 a
108,54 a
3,63 a
8,04 a
BRS716
53,05 a
116,14 a
3,84 a
7,70 a
CMSXS7029
52,56 a
113,81 a
3,49 a
8,17 a
CMSXS7021
51,72 a
117,68 a
3,44 a
9,01 a
CMSXS7025
51,06 a
111,85 a
3,82 a
8,14 a
CMSXS7030
48,39 a
115,50 a
3,46 a
6,83 a
CMSXS7028
48,21 a
115,51 a
3,69 a
7,66 a
CMSXS7027
48,05 a
117,19 a
3,80 a
8,04 a
CMSXS 7012
40,38 a
113,55 a
3,57 a
6,27 a
49
CMSXS7023
39,39 a
107,99 a
3,67 a
6,87 a
CMSXS7026
35,91 a
108,19 a
3,26 a
8,22 a
Volumax
26,97 a
89,35 a
2,12 b
7,42 a
BRS655
Média Híbrido
16,60 a
50,43
74,07 a
114,88
2,01 b
3,60
7,17 a
7,81
Média Testem.
21,78
81,71
2,06
7,30
Médias que apresentam a mesma letra, pertencem ao mesmo grupo pelo teste de
agrupamento de Scott e Knott (1974), a 5% de probabilidade.
Em relação à altura de plantas, houve comportamento diferente entre os
genótipos, sendo que as médias variaram de 3,84 m para o híbrido BRS716 a
2,01m para a testemunha BRS655 (Tabela 4).
Devido à variação existente entre os locais e entre os genótipos de sorgo
biomassa avaliados, foi verificada a formação de grupos de médias pelo teste
Scott e Knott (1974), para os diferentes ambientes.
Em relação ao experimento conduzido em Lavras, houve formação de
grupos de genótipos para os caracteres PMV, DPF e AP. Para o caráter PMV, as
médias variaram de 39,1 t ha-1 para a testemunha BRS655 a 122,4 t ha-1para o
híbrido CMSXS7024. Para o caráter DPF houve a formação de quatro grupos de
genótipos, sendo que as médias variaram de 83 dias para a testemunha BRS655
a 149 dias para o híbrido CMSXS7022. Quando avaliada a altura de plantas, foi
possível separar os genótipos em dois grupos, sendo que as médias dos híbridos
(4,00 m) foi superior à média das testemunhas (2,4 m). O caráter NC não
apresentou variação entre os diferentes genótipos, tendo como média geral 9,5
colmos por metro linear (APÊNDICE B).
Um fato importante e que deve ser destacado, é que os genótipos que
apresentaram maiores médias de PMV (CMSXS7024, CMSXS7022, CMSXS
7016), também foram os que apresentaram maior ciclo, ou seja, mais dias para
50
florescer e por terem o seu período vegetativo prolongado, apresentaram maiores
médias de altura de plantas. A testemunha BRS655 apresentou as menores
médias para todos os caracteres que apresentaram variação significativa
(APÊNDICE B).
No experimento conduzido em Uberlândia foi possível, através da
variação encontrada entre os genótipos, formar grupos para os caracteres PMV,
DPF e AP. Para o caráter PMV, as médias apresentaram valores que variaram de
10,25 a 17,80 t ha-1, para a testemunha BRS655 e o híbrido CMSXS7016,
respectivamente. Para o caráter DPF, os genótipos se agruparam formando três
grupos, sendo que o híbrido CMSXS7012 e a testemunha BRS655 apresentaram
a menor média (56 dias), e o híbrido CMSXS 7016 apresentou a maior média
(69 dias). O caráter altura de plantas apresentou formação de três grupos de
genótipos, sendo que as testemunhas apresentaram menor altura em relação aos
demais híbridos, média de 1,72 m; e os híbridos CMSXS 7016, BRS716,
CMSXS7025,
CMSXS7027,
CMSXS7021,
CMSXS7022,
CMSXS7028,
apresentaram maior altura, média de 2,53 m. Não houve variação significativa
para o caráter NC, sendo que os genótipos apresentaram média geral de 6,61
colmos por metro linear (APÊNDICE B).
Vale ressaltar que os genótipos CMSXS 7016, BRS716, que
apresentaram
maior
produção
de
massa
verde,
não
necessariamente
apresentaram as maiores médias de DPF e AP. Em relação ao caráter DPF, o
genótipo CMSXS 7016 se destacou entre os demais, mas apresentou média
menor em AP quando comparado a outros híbridos; em relação ao híbrido
BRS716, este apresentou menor média de DPF e AP quando comparado à média
destes mesmos caracteres de outros híbridos. Outro fato, é que a testemunha
BRS655 apresentou o menor desempenho para todos os caracteres (APÊNDICE
B).
51
No experimento conduzido no município de Sete Lagoas foi possível
observar diferença significativa entre os genótipos para todos os caracteres
agronômicos observados. Para o caráter PMV, foram formados cinco grupos de
genótipos, sendo que a testemunha BRS655 apresentou a menor média, com
apenas 3,50 t ha-1; e os genótipos CMSXS 7016 e CMSXS7024, apresentaram as
maiores médias de produção, 55, 26 e 51,41 t ha-1, respectivamente. O caráter
dias para florescimento apresentou médias que variaram de 82 dias para a
testemunha BRS655, a 165 dias para o genótipo CMSXS 7016. Para o caráter
AP, houve a formação de três grupos de genótipos, com os híbridos
CMSXS7025 (4,61 m) e BRS716(4,56 m), apresentando as maiores médias e as
testemunhas Volumax (2,05 m) e BRS655 (2,13 m) as menores médias. O
caráter NC também formou grupos de médias entre os genótipos, com destaque
para o genótipo CMSXS 7016, que apresentou 8,61 colmos e o genótipo
CMSXS 7012, que apresentou apenas 4,73 colmos por metro linear
(APÊNDICE B).
É importante evidenciar, que os genótipos que apresentaram maior
produção de massa verde (CMSXS 7016, CMSXS7024) foram os mesmos que
apresentaram o maior tempo para florescimento, porém não foram os que
obtiveram maiores médias de altura de plantas, mas apresentaram maior
quantidade de colmos por metro linear na colheita. A testemunha BRS655,
apresentou o menor desempenho entre os genótipos avaliados para os caracteres
PMV, DPF e NC; e a testemunha Volumax apresentou a menor média de AP
(APÊNDICE B).
Quando comparamos o desempenho dos diferentes genótipos nos três
ambientes em que foram conduzidos os experimentos, foi possível observar, que
a média de produção de massa verde e número de colmos por metro linear foram
maiores no município de Lavras e que as médias para os caracteres dias para
florescimento e altura de plantas foram maiores no município de Sete Lagoas.
52
Os genótipos conduzidos no experimento realizado no município de Uberlândia
apresentaram as menores médias para todos os caracteres avaliados. Os híbridos
que apresentaram maior PMV nos três locais foram: Lavras - CMSXS 7024,
CMSXS 7022 e CMSXS 7016, com médias acima de 100 t ha-1; Uberlândia CMSXS 7016 e BRS716, com médias de aproximadamente 17 t ha-1; Sete
Lagoas - CMSXS 7016, CMSXS 7024 e CMSXS 7029, com médias acima de
50 t ha-1. Em todos os ambientes as testemunhas, Volumax e BRS655,
apresentaram desempenho inferior em relação aos híbridos para os caracteres
agronômicos avaliados.
Para o caráter diâmetro de colmo (DC), que foi avaliado somente em
Lavras, não houve diferença entre os genótipos, sendo que as médias
encontradas foram de 21,7 mm para as testemunhas e 23,1 mm para os híbridos
(Gráfico 1, APÊNDICE A).
Gráfico 1 Média geral para o caráter DC dos híbridos e das testemunhas avaliadas no
município de Lavras na safra 2013/2014.
Em relação ao caráter produção de massa seca, como já era esperado, foi
possível a formação de dois grupos de genótipos, sendo que as médias variaram
53
de 12,88 t ha-1, para a testemunha BRS655, a 47,31 t ha-1 para o híbrido
CMSXS7024 (Gráfico 2) e as médias não diferiram entre si (APÊNDICE A).
a
b
Gráfico 2 Médias dos genótipos para o caráter PMS, avaliados no município de Lavras
na safra 2013/2014. Médias que apresentam a mesma letra, pertencem ao
mesmo grupo pelo teste de agrupamento de Scott e Knott (1974), a 5% de
probabilidade.
Apesar de não ter apresentado diferença entre os genótipos, é
interessante conhecer qual genótipo apresenta maior percentual de matéria seca,
ou seja, menor umidade. Esse dado é importante quando pensamos em um
material para ser colhido e utilizado diretamente na biocombustão. Os genótipos
que se destacaram em teor de matéria seca foram CMSXS7012, CMSXS7026 e
CMSXS7023 com 42% de matéria seca. Em geral, os genótipos apresentaram
uma média de 62% de umidade (Gráfico 3).
54
a
Gráfico 3 Médias dos genótipos para o caráter MS (%), avaliados no município de
Lavras na safra 2013/2014. Médias que apresentam a mesma letra, pertencem
ao mesmo grupo pelo teste de agrupamento de Scott e Knott (1974), a 5% de
probabilidade.
4.2 Caracteres tecnológicos dos genótipos de sorgo em Lavras
Houve eficiência relativa do delineamento de blocos incompletos em
relação ao delineamento de blocos casualizados completos na avaliação dos
caracteres tecnológicos, com destaque para o caráter FDA. A precisão
experimental verificada pela acurácia variou de 50,92% para o caráter FB a
79,61% para o caráter FDA. Em relação ao coeficiente de variação foi verificada
alta precisão para todos os caracteres tecnológicos (abaixo de 20%). Foi
identificada diferença significativa (p<0,05) entre os genótipos para o caráter
tecnológico fibra em detergente ácido (FDA) (Tabela 5).
55
Tabela 5 Resumo da análise de variância dos caracteres tecnológicos poder calorífico superior (PCS, Kcal/Kg), fibra em
detergente neutro (FDN, %), fibra em detergente ácido (FDA, %) e fibra bruta (FB, %), relativo à avaliação
de genótipos de sorgo biomassa em Lavras-MG, na safra 2013/2014.
Quadrados Médios
FV
GL
PCS
FDN
FDA
FB
Genótipos
15
2845,01
37,99
38,22 *
11,6
Erro efetivo
20
3262,67
17,31
13,98
8,57
95
92,39
109,56
98,47
-
73,85
79,61
50,92
1,30
5,80
7,99
8,02
Eficiência relativa (%)
Acurácia (%)
CV (%)
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.
56
Não foi observada diferença entre os genótipos para o caráter poder
calorífico superior, sendo que o PCS médio das testemunhas foi de
4345,2Kcal/Kg e dos híbridos avaliados foi de 4414,4Kcal/Kg (Gráfico 4) e as
médias não diferiram entre si (APÊNDICE A).
Gráfico 4 Média geral para o caráter PCS dos híbridos e das testemunhas avaliadas no
município de Lavras na safra 2013/2014.
Para os caracteres tecnológicos FDN e FB os genótipos avaliados não
diferiram entre si. A média geral de fibra em detergente neutro para as
testemunhas foi 72,1% e para os híbridos 71,7%; e a média geral de fibra bruta
para as testemunhas foi de 36,1% e para os híbridos 36,6% (Gráfico 5,
APÊNDICE A).
57
Gráfico 5 Média geral dos caráteres tecnológicos FDN e FB para as testemunhas
e os híbridos avaliados no município de Lavras na safra 2013/2014.
Para o caráter tecnológico FDA apesar de ter apresentado diferença
significativa na análise de variância realizada, não foi possível através do teste
Scott e Knott (1974) a 5% de probabilidade, observar o agrupamento das médias
dos diferentes genótipos em grupos distintos. As médias variaram de 38,7%
(CMSXS7026) a 51,9% (BRS716) (Gráfico 6, APÊNDICE A).
58
a
Gráfico 6 Médias dos genótipos para o caráter tecnológico FDA, avaliados no município
de Lavras na safra 2013/2014. Médias que apresentam a mesma letra,
pertencem ao mesmo grupo pelo teste de agrupamento de Scott e Knott
(1974), a 5% de probabilidade.
4.3 Correlações fenotípicas entre as variáveis morfoagronômicas e
tecnológicas
Para verificar a existência de associação entre as variáveis analisadas no
experimento conduzido no município de Lavras procedeu-se análises de
correlações com o aporte do software SAS (SAS, 1999). Foi possível detectar
diferenças significativas para algumas das combinações analisadas (PMV x
PMS; PMV x NC; PMV x DPF; PMV x AP; PMS x NC; PMS x DPF; PMS x
AP; DPF x AP; FB x FDN; FB x FDA; FDN x FDA), evidenciando que há
associação entre as variáveis estudadas (Tabela 6).
59
Maiores magnitudes de correlação fenotípica positiva, entre os
caracteres agronômicos, foram obtidas para PMV x PMS (0,9318) e DPF x AP
(0,9038). Apesar de não apresentarem um alto valor, os caracteres NC x PMS
(0,5254) e NC x PMV (0,4984), também se correlacionam positivamente.
Observou-se que os caracteres agronômicos estão associados de forma positiva e
significativa. Essa correlação, possivelmente, pode ser devido à sensibilidade
dos genótipos ao fotoperíodo, que proporciona um aumento do ciclo vegetativo,
fazendo com que haja um aumento dos DPF e consequentemente dos demais
caracteres (NC, AP, PMS, PMV).
O caráter tecnológico FB também apresentou correlação positiva com as
variáveis tecnológicas FDN (0,8477) e FDA (0,8808). Os caracteres FDN e
FDA também apresentaram alta correlação entre si (0,9418).
Não foram observadas correlações significativas entre as variáveis
tecnológicas e agronômicas dos genótipos avaliados.
60
Tabela 6 Estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica (rfxy) de Pearson entre caracteres para os caracteres altura do colmo em
m (AP), número de colmos por metro linear (NC), produção de massa verde em t ha-1 (PMV), produção de massa seca em t
ha-1 (PMS), diâmetro de colmos em mm (DC), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), fibra
bruta (FB), dias para florescimento em dias (DPF), poder calorífico superior em Kcal/Kg (PCS) avaliadas em genótipos de
sorgo biomassa no município de Lavras, Minas Gerais, na safra de 2013/2014.
Caracteres
NC
PMV
PMS
PCS
FDN
PMV
PMS
PCS
FDN
FDA
FB
DPF
AP
DC
0,4984*
0,5254*
-0,0413
-0,0884
-0,1481
-0,2689
0,3215
0,3248
-0,3796
0,9318**
0,0568
0,2134
0,2731
0,2786
0,8511**
0,7697**
-0,0619
0,2095
0,0257
0,0791
0,1239
0,8365**
0,7694**
-0,0273
-0,3551
-0,3703
-0,2722
-0,3305
-0,1716
-0,1047
0,9418**
0,8477**
0,0171
0,0854
-0,0644
0,8808**
0,0508
0,0300
-0,1623
0,1940
0,1981
0,1019
0,9038**
0,1956
FDA
FB
DPF
ALT
* **Significativo a 5% e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste de t.
0,4292
61
5 DISCUSSÃO
5.1 Caracteres morfoagronômicos
Os programas de melhoramento de sorgo biomassa têm atuado no sentidode
produzir híbridos que apresentem sensibilidade ao fotoperíodo e produção de matéria
seca acima de 50 t ha-1/ciclo (PARRELLA et al., 2010, 2011). Além dessa característica,
outras também são desejáveis quando o objetivo é produção de biomassa para geração
de energia como: baixa produtividade de grãos, resistência ao acamamento, baixo teor de
umidade, qualidade de biomassa, dentre outras.
A avaliação de diferentes genótipos em experimentos de campo é uma atividade
recorrente nos programas de melhoramento, e para que haja sucesso nos processos de
seleção é necessário que exista variação genética entre os genótipos sob teste. Este fato é
evidenciado para os híbridos experimentais de sorgo biomassa utilizados neste trabalho,
que apresentaram significância para alguns de seus caracteres agronômicos e
tecnológicos avaliados.
Com isso, é necessário que as avaliações sejam realizadas com boa precisão
experimental. A acurácia seletiva refere-se à correlação entre o valor genotípico
verdadeiro do tratamento e aquele estimado ou predito a partir das informações dos
experimentos (COSTA et al., 2005). Estimativas acima de 70% são de grande amplitude
e indicam que os experimentos foram bem conduzidos e reforçam que a maior parte da
variação identificada é devido ao efeito de tratamentos (RESENDE; DUARTE, 2007).
Nos experimentos para avaliação de caracteres agronômicos conduzidos em
Lavras, Uberlândia e Sete Lagoas, e no experimento para avaliação de caracteres
agronômicos e tecnológicos conduzido em Lavras, houve grande oscilação apresentando
valores que variaram de baixos a altos. Porém, esta já era esperada devido à ampla
variação genética expressa nos híbridos testados e a grande variação ambiental existente
entre os locais.
O coeficiente de variação (CV) também foi utilizado como ferramenta de
validação da precisão do experimento e apresentou valores que oscilaram de alta a baixa
62
precisão, segundo Pimentel-Gomes (1985). O alto CV do caráter PMV na análise
conjunta dos experimentos, demonstra a heterogeneidade dos dados e provavelmente
grande interferência ambiental devido às características edafoclimáticas das regiões em
que foram implantados os experimentos. Já no experimento conduzido em Lavras para
avaliação dos caracteres DC, PMS e tecnológicos, houve boa precisão do experimento e
as variações ocorridas provavelmente foram devido aos diferentes tratamentos utilizados
(Tabela 5).
As diferenças encontradas entre os locais em que foram conduzidos os
experimentos reforçam a existência de diversidades ambientais, e as significâncias
existentes entre os genótipos testados evidenciam a variabilidade entre eles para todos os
caracteres agronômicos estudados, revelando a possibilidade de realizar o agrupamento
dos diferentes genótipos por meio do método de Scott e Knott (1974). Esse fato foi
essencial, pois permitiu o estudo de médias com o objetivo de identificar os melhores
genótipos quanto ao desempenho para os caracteres de interesse (Tabela 3,Tabela 5).
Como não houve interação entre os locais e os genótipos para os
caracteres PMV, DPF e NC foi possível inferir que, em média, não há influência
dos diferentes ambientes sobre os genótipos, ou seja, estes apresentaram
comportamento semelhante para os caracteres avaliados em todos os locais. A
interação significativa para o caráter AP demonstrou que há influência dos
ambientes no desempenho desta variável. Através dos dados obtidos, observouse que o caráter AP é influenciado pelo DPF, pois os híbridos, sensíveis ao
fotoperíodo, apresentaram maiores médias de DPF do que as testemunhas,
insensíveis ao fotoperíodo, e consequentemente maiores alturas (Tabela 4).
As diferenças existentes entre os genótipos em relação à AP foram
maiores nos municípios de Uberlândia e Sete Lagoas, provavelmente devido às
influências climáticas e de solo, principalmente pelos períodos de baixa
pluviosidade durante a condução dos experimentos. Lavras e Sete Lagoas
apresentaram maiores médias de AP, provavelmente em decorrência de época de
implantação e tempo de condução do experimento no campo, pois em
63
Uberlândia o experimento foi implantado em época diferente e permaneceu no
campo por um tempo inferior ao dos demais locais (APÊNDICE B).
Segundo Wight et al. (2012), a altura das plantas pode ser utilizada
como um indicador útil de produção de matéria seca em híbridos de sorgo
sensíveis ao fotoperíodo, já que estes apresentam maior período vegetativo, o
que contribui para maior crescimento e produção de massa verde. Porém, plantas
muito altas podem aumentar o índice de acamamento e perdas. Segundo Parrella
et al. (2010), a altura de plantas, no sorgo, é controlada por 4 genes principais
com 2 alelos cada e de efeitos aditivos, sendo que a combinação desses alelos é
que confere o porte da planta (baixo, médio ou alto). Os mesmos autores citados
anteriormente, em trabalho de desenvolvimento de híbridos sensíveis ao
fotoperíodo visando alta produtividade de biomassa, verificaram uma variação
na altura de plantas de 2,72 a 5,60m. Parrella et al. (2011), em estudo avaliando
desempenho agronômico de híbridos de sorgo biomassa, observaram plantas
híbridas com alturas entre 2,77 a 5,50m, e variedades com alturas entre 2,03 a
5,12m; destacando que, em geral, os híbridos são de maior porte do que as
variedades, devido à heterose ou vigor híbrido, que é a superioridade do F1 em
relação aos pais.
O caráter NC está relacionado à capacidade dos genótipos em perfilhar.
Como não se observou diferença foi possível inferir que em média os genótipos
avaliados apresentam a mesma capacidade de perfilhamento. Contudo, é
oportuno ressaltar também que este caráter é muito influenciado por fatores
ambientais, sobretudo a disponibilidade hídrica, levando em consideração que
durante o período de condução do experimento o regime de chuvas foi abaixo da
média esperada (Figura 1, Figura 2, Figura 3). As maiores médias de NC foram
encontradas no município de Lavras. Para o município de Sete Lagoas que
apresentou variação para este caráter, foi possível deduzir que as diferenças na
capacidade de perfilhamento dos genótipos testados, permitindo que alguns
64
híbridos ou testemunhas se sobressaíssem em relação aos demais, ocorreram,
provavelmente, devido a influências ambientais e de manejo (APÊNDICE B).
Perazzo et al. (2014), considera que o caráter número de colmos por hectare
representa a população de sorgo por unidade de área e pode ser associado à
produção de matéria seca, quando avaliado juntamente com diâmetro de colmos
e altura de plantas.
Quando se deseja a produção de biomassa, uma característica importante
que deve ser avaliada é o número de dias para o florescimento (DPF). Esse
caráter está diretamente relacionado ao potencial de produção de matéria verde e
consequentemente matéria seca, isto é, biomassa. Espera-se que cultivares de
genótipos que apresentam maior tempo para florescimento tenham maior PMV e
PMS. Rooney e Aydin (1999), em seu estudo, destacam que a data de
florescimento é dependente da data de plantio e do comprimento do dia, que
varia de acordo com a latitude e com as estações do ano. Os experimentos
conduzidos em Lavras e Sete Lagoas (plantados em novembro de 2013)
apresentaram maiores valores de DPF do que o experimento implantado em
Uberlândia (plantio em março de 2014), provavelmente devido à diferença na
data de plantio e tempo de permanência do experimento no campo. Essa
diferença influenciou não só o caráter DPF, mas também os caracteres PMV e
AP que também apresentaram valores bem inferiores quando comparados com
os demais locais (APÊNDICE B).
Parrella et al. (2011) ressaltam que os sorgos podem ser classificados
como sensíveis ou insensíveis ao fotoperíodo. O sorgo sensível é uma planta de
dias curtos, portanto sua gema apical permanece vegetativa até que o
comprimento do dia se torne menor que 12 horas e 20 minutos para que haja
indução floral e consequentemente o florescimento. Para a produção de
biomassa essa característica é uma grande vantagem, pois amplia o ciclo
vegetativo da planta aumentando sua produção por hectare/ciclo em relação às
65
plantas insensíveis ao fotoperíodo (PARRELLA et al., 2011). Murphy et al.
(2014) e Yang et al. (2014), identificaram que alelos dominantes são
responsáveis pelas diferenças de sensibilidade ao fotoperíodo e tempo de
florescimento entre os genótipos de sorgo, sendo que nos híbridos de sorgo
biomassa esses alelos agem no sentido de atrasar o período de indução floral.
As testemunhas analisadas, em todos os três locais, demonstraram
comportamento de florescimento precoce em relação aos demais híbridos.
Pereira et al. (2012), apresentaram que as cultivares de sorgo forrageiro,
BRS655 e Volumax, insensíveis ao fotoperíodo, possuem ciclo curto (80 a 114
DPF), corroborando para validação dos dados obtidos no experimento.
Conforme já citado, a produção de massa verde pode ser influenciada
por diversos fatores ambientais e também está diretamente relacionada ao NC,
DC, DPF e AP. A PMV é um dos fatores mais importantes a ser avaliado na
identificação de híbridos potenciais, pois é ele que representa a capacidade geral
de um híbrido de produzir matéria seca, ou seja, biomassa. Apesar de não terem
apresentado diferenças entre os diferentes locais em que foram estabelecidos os
experimentos foi no município de Lavras e no município de Sete Lagoas que os
híbridos avaliados apresentaram maiores médias de PMV. Lavras apresentou
híbridos com médias superiores a 100 t ha-1. Provavelmente, as médias de alguns
híbridos foram superiores nos diferentes locais, devido a variações genotípicas e
ambientais favorecendo a produção de biomassa de genótipos mais adaptados.
Uberlândia apresentou menores médias de PMV devido à época de plantio,
como já foi citado anteriormente (APÊNDICE B).
Pereira et al. (2012) verificaram em seus estudos que a produção de
massa verde dos híbridos experimentais de sorgo avaliados variou de 54,84 t ha1
a 104,18 t ha-1, e das variedades de 66,24 t ha-1a 72,65 t ha-1, e que nos híbridos
forrageiros comerciais BRS655 e Volumax, o PMV foi de 45,40 t ha-1e 45,92 t
ha-1, e como esses cultivares são insensíveis ao fotoperíodo, eles apresentaram
66
menor ciclo e porte, o que refletiu em menores produtividades. Parrella et al.
(2010), verificaram uma produção de massa verde em híbridos de sorgo
biomassa que variou de 17,72 a 135,28 t ha-1. Parrella et al. (2011), em estudo já
citado anteriormente, encontraram para PMV, híbridos que variaram de 32,45 t
ha-1 a 161,62 t ha-1 e variedades com médias de 20,14 t ha-1 a 76,42 t ha-1. Foi
possível verificar novamente que, em geral, os híbridos são mais produtivos do
que as variedades, fato observado devido à existência de heterose. Segundo
Olson et al. (2012), o maior acúmulo de biomassa em híbridos de sorgo pode ser
explicado pelo maior período vegetativo (sensibilidade aos fotoperíodos), maior
índice de área foliar, maior interceptação e aproveitamento eficiente de radiação
(plantas C4).
Em relação às análises agronômicas realizadas no experimento
conduzido no município de Lavras, observou-se que não houve diferença para o
caráter DC que é muito influenciado pelos fatores ambientais. Logo, infere-se
que possivelmente o déficit hídrico durante a fase de condução do experimento
(Figura 1) propiciou que os genótipos não expressassem seu máximo potencial
quanto à manifestação fenotípica do presente caráter. Durães et al. (2013),
também não encontraram variabilidade para o caráter diâmetro entre os
genótipos de sorgo sacarino avaliados em seus estudos. Monteiro et al. (2004)
explica que, o caráter diâmetro é um carácter significativo para a produção de
biomassa em sorgo forrageiro, pois a maior altura de plantas nem sempre
implica uma maior produção de matéria seca, se ela não estiver relacionada com
colmos de maior diâmetro. Além disso, esse fator está diretamente relacionado
ao acamamento de plantas, principalmente quando trabalhamos com genótipos
que apresentam maior altura.
O rendimento da matéria seca é um fator primordial, pois gera repostas
imediatas na produção total de biomassa, que é um dos principais focos do
melhoramento para a produção de energia. Silva et al. (1999), citam que os
67
teores de MS dos componentes da planta são variáveis conforme a interação
genótipo/ambiente, atuando sobre o acúmulo de matéria seca da planta inteira.
Segundo Zago (1991), das frações da planta de sorgo, o colmo é a porção que
menos contribui para a elevação do teor de MS, seguido pelas folhas e panícula.
Assim, o aumento na participação da panícula na estrutura física da planta tornase o principal responsável pela alteração no teor de MS e consequente
determinação do ponto de colheita. Conforme observado nos resultados, houve
diferença entre os genótipos para produção de massa seca, sendo que a média
dos híbridos se destacou em relação à das testemunhas.
Nem todos os híbridos que apresentaram altas produções de massa verde
apresentaram altas produções de massa seca, provavelmente devido aos
componentes presentes nas amostras que foram utilizadas para realizar os
cálculos de MS, pois estas podem ter sido compostas por partes da planta que
apresentavam menor contribuição para o aumento do teor de MS, como citado
anteriormente. Corroborando com os resultados verificados no experimento,
Parrella et al. (2010), trabalhando com sorgo biomassa, encontraram médias de
produção de matéria seca próximas a 50 t ha-1, e citam que, em geral, essas
produtividades são maiores que o dobro das observadas nas cultivares
forrageiras existentes no mercado.
5.2 Caracteres tecnológicos
Além da produção de massa seca, antes de recomendar um material
como bom gerador de energia é necessário avaliá-lo e determinar o seu potencial
calórico. O poder calorífico superior é uma importante medida para a avaliação
energética de qualquer combustível e foi utilizado para avaliar o desempenho
dos genótipos sob teste, sendo que estes não apresentaram diferença significativa
68
entre si, ou seja, possuem a mesma capacidade de geração de energia quando
submetidos à biocombustão. Quando comparamos os valores obtidos nas
análises de poder calorífico dos genótipos de sorgo biomassa (4411,37 Kcal/Kg)
com outros materiais com a mesma finalidade, como os estudados por Paula et
al. (2011): caule de milho (4211,88 Kcal/Kg), bagaço da cana (4274,48
Kcal/Kg), pergaminho do café (4441,74 Kcal/Kg), caule do feijão (4291,71
Kcal/Kg), caule da soja (4504,25 Kcal/Kg), serragem da madeira (4291,71
Kcal/Kg); pode-se inferir que o sorgo biomassa possui um alto valor calorífico,
podendo assim ser utilizado para a geração de energia de forma sustentável.
Um fator importante que deve ser observado é a umidade do material no
momento da colheita para que este possa ser queimado sem passar por
tratamento prévio de secagem, pois a umidade diminui a temperatura de
combustão dificultando a queima do material combustível. Segundo Neumann et
al. (2002), uma alta proporção de colmos pode aumentar significativamente a
umidade do material, pois são neles que estão localizados os mais altos níveis de
umidade da planta. Leite e Pinto (1983), trabalhando com a cana-de-açúcar,
verificaram que o bagaço com 50% de umidade apresentava um poder calorífico
inferior (PCI) de 1.790 Kcal Kg-1 e que com um teor de umidade de 20% esse
poder calorífico aumentava significativamente para 3.244 Kcal Kg-1. O material
colhido apresentou alto teor de umidade e nessas condições teria que passar por
uma pré-secagem para ser queimado. Portanto, é preciso avaliar mais
cuidadosamente o ponto de colheita, as condições ambientais, proporção de
colmos e desempenho dos genótipos, para que o material colhido possa ser
prontamente levado à caldeira e apresentar altos rendimentos calóricos.
Não são apenas os fatores agronômicos que são importantes na seleção
de um genótipo para a produção de biomassa, as variáveis tecnológicas, que
estão diretamente relacionadas à qualidade da biomassa produzida, também são
relevantes. A fibra é constituinte da parede celular dos vegetais, sendo formada
69
principalmente por celulose, hemicelulose, lignina, proteína e por outros
compostos minoritários (MACEDO JÚNIOR et al., 2007). A determinação da
fração fibrosa do material pode ser feita isolando-se a fibra bruta (FB) através de
um método que utiliza ácidos e bases fortes, com a finalidade de medir os
componentes químicos da parede celular das plantas. Porém, este método é
falho, pois contribui para que boa parte dos componentes da parede celular, tais
como hemicelulose e lignina, sejam destruídos por esses reagentes. Com isso,
foi estabelecido por Van Soest (1967) e Van Soest e Wine (1967), o método de
sistemas de detergentes para a análise de fibras. Nesse sistema, o alimento é
dividido na fração solúvel, a qual é rapidamente e completamente disponível, e a
fração insolúvel, que é lenta e incompletamente disponível. A fibra em
detergente neutro (FDN) isola celulose, hemicelulose e lignina, com alguma
contaminação de pectina, proteína e cinzas. Como meio de quantificar os
componentes isolados da fibra, Van Soest adicionalmente, criou a fibra insolúvel
em detergente ácido (FDA), a qual é composta de celulose, lignina, sílica e
proteína insolúvel em detergente ácido (MACEDO JÚNIOR et al., 2007). Dos
três métodos utilizados para quantificar a fibra (FDN, FDA, FB), somente a
FDN mensura os três maiores componentes indigestíveis ou incompletamente
digestíveis das plantas: hemicelulose, celulose e lignina (MERTENS, 2001).
No experimento conduzido por Damasceno et al. (2013), foram
observadas diferenças entre os genótipos avaliados para as variáveis FDN, que
apresentou valores que oscilaram de 46,1 a 77,7%, e FDA com valores de 25,7 a
52,5%. Neumann et al. (2002), analisando os teores dos constituintes da parede
celular da fração colmo, folhas e panícula de diferentes híbridos de sorgo,
verificaram a existência de variação significativa para as variáveis de FDN e
FDA. Observaram também que os resultados médios do componente panícula
apresentaram os menores teores das variáveis quando comparados aos
componentes colmo e folhas. No presente trabalho, as variáveis tecnológicas
70
FDN e FB não apresentaram diferenças significativas, evidenciando que os
genótipos avaliados possuem a mesma composição bioquímica da parede celular
para os três maiores componentes (hemicelulose, celulose e lignina),
mensurados pela FDN, conforme citado anteriormente. Apenas a variável FDA
apresentou significância, porém, através do teste de médias utilizado, Scott e
Knott (1974) a 5% de probabilidade, não foi possível observar o agrupamento
das médias para os diferentes genótipos avaliados, dificultando a análise dos
dados e distinção dos grupos que apresentaram maiores e menores médias.
5.3 Correlações fenotípicas
Como muitas características são levadas em consideração no processo
de seleção de híbridos, as correlações podem influenciar positiva ou
negativamente na seleção, podendo ser utilizadas como ferramentas auxiliares
em programas de melhoramento genético. As estimativas de correlações
permitem predizer o comportamento de uma característica quando se realiza a
seleção em outra correlacionada, ou seja, implica na viabilidade de se promover
a seleção em uma característica de fácil mensuração, visando obter ganhos em
outra de difícil avaliação ou de baixa herdabilidade (LOMBARDI et al., 2013).
Nas correlações avaliadas no experimento foi possível observar
correlações positivas e significativas entre os caracteres agronômicos,
evidenciando que há uma relação de alta magnitude entre os caracteres PMV e
PMS, indicando que há uma forte influência entre os dois e estes apresentam alta
correlação também com os caracteres DPF e AP, e média correlação com o
caráter NC (Tabela 6). Isso indica que programas de melhoramento voltados
para seleção de plantas que apresentem híbridos com maiores médias de DPF,
AP e NC resultarão em genótipos com maiores produções de massa verde e
massa seca, como já previsto. Monk, Miller e Mcbee (1984), em seus estudos
71
utilizando análise de correlações, também verificaram a existência de correlação
significativa e positiva entre altura de plantas e produção total de biomassa em
genótipos de sorgo para produção de energia. Segundo estudos realizados por
Perazzo et al. (2014), avaliando caracteres agronômicos de 32 cultivares de
sorgo no semiárido brasileiro, também observaram correlações positivas e
significativas entre PMS e PMV (r = 0,87), AP (r = 0,61) e NC (r = 0,57).
Resultados que demonstram correlações entre o ciclo de genótipos de sorgo e os
caracteres AP e PMV, foram apresentados por Miller e McBee (1993), em seus
experimentos.
Para os caracteres tecnológicos avaliados, também houve correlação
positiva e significativa entre eles, demonstrando que os caracteres FDN e FDA
estão altamente correlacionados entre si e altamente correlacionados com o
caráter FB, indicando que programas de melhoramento voltados para obtenção
de genótipos que apresentem maior ou menor teor de fibra irão afetar
diretamente todos os três caracteres.
A não correlação entre os caracteres agronômicos e os tecnológicos pode
ter ocorrido devido a não interferência dos caracteres agronômicos estudados na
composição da parede celular dos vegetais.
6 CONCLUSÃO
Os híbridos de sorgo biomassa, sensíveis ao fotoperíodo, quando
comparados com híbridos comerciais de sorgo forrageiro, insensíveis ao
fotoperíodo, apresentam uma produção média de 34 tha-1 de matéria seca, com
62% de umidade e poder calorífico superior médio de 4.400 Kcal/Kg. Podendo
72
assim, ser considerado como uma matéria-prima com potencial agronômico e
energético para a produção de bioenergia.
Há correlação entre os caracteres agronômicos, altura de plantas, dias
para florescimento e número de colmos no acúmulo de massa verde e
consequentemente de massa seca.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, E. N. O eucalipto. Jundiaí: Cia Paulista de Estrada de Ferro, 1961.
667 p.
AROLA, R. A. Wood fuels: how do they stack up? Madison: Forest Products
Research Society, 1976. 12 p.
73
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8633: carvão
vegetal: determinação do poder calorífico. Rio de Janeiro, 1984. 13 p.
ATCHISON, J. E. Making the bagasse available for pulp, paper, board, fiber
board, particle board and others industrial products at what price equivalent fuel
values of bagasse and other fibrous row material as compared to fossil fuel. In:
CONGRESS OF INTERNATIONAL SOCIETY OF SUGARCANE
TECHNOLOGISTS, São Paulo. Proceedings… São Paulo: ISSCT, 1977. p.
3129-3144.
BRITO, J. O. Energia de biomassa: uma alternativa para os trópicos. In:
CONGRESSO PANAMERICANO DE ENERGIA, Guatemala. Anais... São
Paulo: CONFEA; CREA, 1986. p. 1-20.
CARRILLO, M. A. et al. Washing sorghum biomass with water to improve its
quality for combustion. Fuel, London, v. 116, p. 427–431, 2014.
CARVALHO, C. G. P. et al. Análise de trilha sob multicolinearidade em
pimentão. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 4, p. 603-613,
abr. 1999.
CARVALHO, S. P.; CRUZ, C. D. Diagnosis of multicollinearity: assessment of
the condition of correlation matrices used in genetic studies. Brazilian Journal
of Genetics, Ribeirão Preto, v. 19, p. 479-484, Sept. 1996.
COELHO, A. M. et al. Seja o doutor do seu sorgo. Informações Agronômicas,
Piracicaba, n. 100, p. 1-24, 2002.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Conjuntura mensal do
sorgo. Brasília, 2014.
COSTA, R. B. et al. Variabilidade genética e estimativas de herdabilidade para o
caráter germinação em matrizes de Hevea brasiliensis. Floresta e Ambiente,
Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 74-75, 2005.
CRUZ, C. D. Programa Genes: biometria. Viçosa, MG: UFV, 2006. v. 1, 382
p.
CRUZ, C. D.; CARNEIRO, P. C. S. Modelos biométricos aplicados ao
melhoramento genético. Viçosa, MG: UFV, 2006. 579 p.
74
CUNHA, E. E.; LIMA J. M. P. Caracterização de genótipos e estimativa de
parâmetros genéticos decaracterísticas produtivas de sorgo forrageiro. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 39, n. 4, p. 701-706, 2010.
DAMASCENO, C. M. B. et al. Análise morfoagronômica e bioquímica de
um painel de sorgo energia para características relacionadas à qualidade da
biomassa. Sete Lagoas: Embrapa, 2013. v. 190.
DAMASCENO, C. M. B. Genômica do sorgo sacarino e análise de marcadores
genéticos moleculares para características de interesse agronômico e industrial.
Agroenergia em Revista, São Paulo, v. 3, p. 10-11, ago. 2011.
DANTAS, A. A.; CARVALHO, L. G.; FERREIRA, E. Classificação e
tendências climáticas em Lavras, MG. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31,
n. 6, p. 1862-1866, nov./dez. 2007.
DURÃES, N. N. L. et al. Seleção de múltiplos caracteres agroindustriais em
sorgo sacarino. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE
PLANTAS, Uberlândia. Anais... Viçosa, MG: SBMP, 2013. p. 1638-1641.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA MILHO E
SORGO. Cultivo do sorgo. Brasília, 2010.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA MILHO E
SORGO. Cultivo do sorgo. Brasília, 2014.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA MILHO E
SORGO. Sorgo forrageiro para produção de silagem de qualidade, híbrido
BRS655. Brasília, 2009.
FALCONER, D. S.; MACKAY, T. F. C. Introduction to qualitative genetics.
4. ed. London: Longman, 1996. 463 p.
FARIAS, G. A. A. M. et al. Rentabilidade da produção de vassouras de sorgovassoura (Sorghum bicolor (L.) Moench). Pesquisa Agropecuária Tropical,
Goiânia, v. 30, n. 1, p. 97-102, jan./jun. 2000.
FERREIRA, D. F. SISVAR: sistema de análise de variância. Lavras: UFLA,
2006. Software.
FOLTRAN, D. E. O sorgo-vassoura como alternativa agrícola regional.
Pesquisa & Tecnologia, Campinas, v. 9, n. 1, p. 1-5, jan./jun. 2012.
75
GARCIA, C. H. Tabelas para classificação do coeficiente de variação.
Piracicaba: IPEF, 1989. 10 p. (Circular Técnica, 171).
GIACOMINI, I. et al. Uso potencial de sorgo sacarinopara a produção de etanol
no estado do Tocantins. Revista Agrogeoambiental, Pouso Alegre, v. 5, n. 3, p.
73-82, 2013.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Disponível em: <http://
www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep>. Acesso em: 20 out.
2014.
LEITE, W. B.; PINTO, L. A. O valor do bagaço como combustível: avaliação
do bagaço da cana-de-açúcar. São Paulo: UNESP, 1983. 39 p. (Coleção Sopral,
4).
LOMBARDI, G. M. R. et al. Correlações fenotípicas e ambientais entre
caracteres agroindustriais de sorgo sacarino. 2013. Disponível em: <http:/
/ainfo.
cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/94606/1/Correlacoesfenotipicas.pdf>. Acesso em: 22 maio 2014.
MACEDO JÚNIOR, G. L. et al. Qualidade da fibra para a dieta de ruminantes.
Ciência Animal, Fortaleza, v. 17, n. 99, n. 1, p. 7-17, 2007.
MAMEDES, J. A.; RODRIGUES, M. P. J.; VANISSANG, C. A. Biomassa no
Brasil. Bolsista de Valor, Campos dos Goytacazes, v. 1, p. 65-73, 2010.
MERTENS, D. R. Physical effective NDF and its use in formulating dairy
rations. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL EM BOVINOS DE LEITE, 2.,
2001, Lavras. Anais... Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. p. 25-36.
MILLER, F. R.; MCBEE, G. G. Genetics and management of physiologic
systems of sorghum for biomass production. Biomass and Bioenergy, Oxford,
v. 5, n. 1. p. 41-49, 1993.
MONK, R. L.; MILLER, F. R.; MCBEE, G. G. Sorghum Improvement for
energy production. Biomass, London, v. 6, p. 145-153, 1984.
MONTEIRO, M. C. D. et al. Avaliação do desempenho de sorgo forrageiro para
o semiárido de Pernambuco. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas,
v. 3, p. 52-61, 2004.
MOREIRA, L. R. et al. Caracterização fisiológica de sorgo sacarino em
diferentes intensidades de irrigação. Vértices, Campos dos Goytacazes, v. 15, n.
2, p. 39-48, maio/ago. 2013.
76
MURPHY, R. L. et al. Ghd7 (Ma(6)) represses sorghum flowering in long days:
Ghd7 alleles enhance biomass accumulation and grain production. The Plant
Genome, Madison, v. 7, n. 2, p. 1-10, July 2014.
NEUMANN, M. J. et al. Avaliação do valor nutritivo da planta e da silagem de
diferentes híbridos de sorgo (Sorghum bicolor, L. Moench). Revista Brasileira
de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 31, n. 1, p. 293-301, 2002.
OLIVEIRA, R. P. et al. Características agronômicas de cultivares de sorgo
(Sorghum bicolor (L.) Moench) sob três doses de nitrogênio. Pesquisa
Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 35, n. 1, p. 45-53, 2005.
OLSON, S. N. et al. High biomass yield energy sorghum: developing a genetic
model for C4 grass bioenergy crops. Biofuels, Bioproducts & Biorefining,
Chichester, v. 6, p. 640-655, Dec. 2012.
PARRELLA, R. A. C. Desempenho agronômico de híbridos de sorgo
biomassa. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2011. 19 p. (Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento, 41).
PARRELLA, R. A. C. et al. Desenvolvimento de híbridos de sorgo sensíveis
ao fotoperíodo visando alta produtividade de biomassa. Sete Lagoas:
Embrapa Milho e Sorgo, 2010. 25 p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento,
28).
PAULA, L. E. et al. Characterization of residues from plant biomass for use in
energy generation. Cerne, Lavras, v. 17, n. 2, p. 237-246, Apr./June 2011.
PERAZZO, A. F. et al. Agronomic evaluation of 32 sorghum cultivars in the
Brazilian semi-arid region. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v.
43, n. 5, p. 232-237, 2014.
PEREIRA, G. A. et al. Desempenho agronômico de híbridos de sorgo biomassa.
In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, Águas de Lindóia.
Anais... Águas de Lindóia: [s. n.], 2012.
PIMENTEL-GOMES, F. O índice de variação, um substituto vantajoso do
coeficiente de variação. Piracicaba: IPEF, 1991. 4 p. (Circular Técnica, 178).
QU, H. et al. Field performance and nutritive value of sweet sorghum in eastern
China. Field Crops Research, Amsterdam, v. 157, p. 84–88, 2014.
77
RAMALHO, M. A. P. et al. Aplicações da genética quantitativa no
melhoramento de plantas autógamas. Lavras: UFLA, 2012. 522 p.
RESENDE, M. D. V.; DUARTE, J. B. Precisão e controle de qualidade em
experimentos de avaliação de cultivares. Pesquisa Agropecuária Tropical,
Local, v. 3, p. 182-194, 2007.
ROONEY, W. L.; AYDIN, S. Genetic control of a photoperiod-sensitive
response in Sorghum bicolor (L.) Moench. Crop Science, Madison, v. 39, p.
397-400, 1999.
SABALLOS, A. Development and utilization of sorghum as a bioenergy
crop. In: VERMERIS, W. (Ed.). Genetic improvement of bioenergy crops.
New York: Springer, 2008. p. 211–248.
SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A.Cluster analysis methods for grouping means in
the analysis of variance. Biometrics, Washington, v. 3, p. 507-512,1974.
SILVA, D. J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa,
MG: UFV, 1981. 166 p.
SILVA, F. F. et al. Qualidade de silagens de híbridos de sorgo (Sorghum bicolor
(L.) Moench) de portes baixo, médio e alto com diferentes proporções de
colmo+folhas/panícula. 1. Avaliação do pro- cesso fermentativo. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 28, n. 1, p. 14-20, 1999.
SORDI, R. A. Sorgo sacarino para produção de etanol: uma visão do produtor e
da usina de cana-de-açúcar. Agroenergia em Revista, São Paulo, v. 2, n. 3, p.
31-32, ago. 2011.
STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. SAS user’s guide: statistics. Cary,
2012. (Version 9.3).
SUMNER, H. R. et al. Indirect fire biomass and bomb calorimeter
determinations. Amsterdam: ASAE, 1983. 285 p.
TEIXEIRA, A. M. et al. Intake and digestibility of sorghum (Sorghum bicolor,
L. Moench) silages with different tannin contents in sheep. Revista Brasileira
de Zootecnia, Viçosa, MG, v. 43, n. 1, p. 14-19, 2014.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR. Efeito da seca sobre a
cana abre perspectiva para híbridos de sorgo na próxima entressafra.
78
Disponível em: <http://www.unica.com.br/unica-na-midia/17729932920315
173097/efeito-da-seca-sobre-a-cana-abre-perspectiva-para-hibridos-de-sorgo-naproxima-entressafra/>. Acesso em: 14 maio 2014.
UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR. Indústria brasileira de
cana-de-açúcar: uma trajetória de evolução. Disponível em: <http://www.unica.
com.br/linhadotempo/index.html#>. Acesso em: 1 out. 2013.
VAN SOEST, P. J. Development of a comprehensive system of feed analyses
and its application to forages. Journal of Animal Science, Champaign, v. 26,
p. 119-128, 1967.
VAN SOEST, P. J.; WINE, R. H. The use of detergents in analysis of fibrous
feeds: IV. Determination of plant cell wall constituents. Journal of Dairy
Science, Champaign, v. 50, p. 50, 1967.
VERMERRIS, W. et al. Molecular breeding to enhance ethanol production from
corn and sorghum stover. Crop Science, Madison, v. 47, n. 3, p. 142-153, 2007.
VIRMOND, E. Potencial de cogeração de energia elétrica a partir de resíduos do
processamento de sorgo sacarino. Agroenergia em Revista, São Paulo, v. 3, p.
10-11, ago. 2011.
VON PINHO, R. G.; VASCONCELOS, R. C. Cultura do
sorgo. Lavras: UFLA/ FAEPE, 2002. 76 p.
WALL, J. S.; ROSS, W. M. Produccion y usos del sorgo. Buenos Aires:
Editorial Hemisfério Sur, 1975.
WIGHT, J. P. et al. Management effects on bioenergy sorghum growth, yield
and nutrient uptake. Biomass and Bioenergy, Oxford, v. 46, p. 593-604, 2012.
YANG, S. et al. CONSTANS is a photoperiod regulated activator of flowering in
sorghum. BMC Plant Biology, London, v. 14, n. 148, May 2014. Disponível em: <http:/
/www.biomedcentral.com/1471-2229/14/148>. Acesso em: 23 jul. 2014.
ZAGO, C. P. Cultura do sorgo para produção de silagem de alto valor nutritivo. In:
SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 4., 1991, Piracicaba. Anais...
Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários “Luiz de Queiroz”, 1991. p. 169-217.
79
80
APÊNDICE
81
82
APÊNDICE A - Resumo da análise de diferenças entre as médias dos híbridos e das testemunhas para os caracteres agronômicos
diâmetro de colmos (DC, mm), massa seca (MS, %), produção de massa seca (PMS, t ha-1), altura de plantas (AP, m), número de
colmos por metro linear (NC), produção de massa verde (PMV, t ha-1) e dias para florescimento (DPF, dias); e dos caracteres
tecnológicos poder calorífico superior (PCS, Kcal/Kg), fibra em detergente neutro (FDN, %), fibra em detergente ácido (FDA, %) e fibra
bruta (FB, %), relativo à avaliação de genótipos de sorgo biomassa em Lavras-MG, Sete Lagoas-MG e Uberlândia-MG na safra
2013/2014.
Médias
Variâncias
Tratamentos
PMV
DPF
AP
NC
DC
PMS(1)
MS(1)
PCS(1)
FB(1)
Híbridos
50,4
114,8
3,6
7,8
23,1
34,9
38,1
4414,5
36,6
71,7
46,7
Testemunhas
21,7
81,7
2,1
7,3
21,7
16,4
34,5
4345,2
36,1
72,1
47,5
Híbridos
61,6
32,9
0,05
0,6
1,7
42,6
11,9
2121,1
6,1
16,3
17,7
Testemunhas
53,7
116,7
0,006
0,03
0,06
24,4
1,7
221,3
0,4
6,1
0,7
Fc
FDN(1) FDA(1)
0,6325 0,0822 0,2791 0,1713 0,1529 0,5376 0,2879 0,2482 0,1906 0,4496 0,1553
(1)
Teste F a 5% de probabilidade. Avaliações realizadas somente no município de Lavras-MG.
83
APÊNDICE B Valores médios para produção de massa verde (PMV, t ha-1), dias para
florescimento (DPF, dias), altura de plantas (AP, m) e número de colmos por
metro linear (NC) relativos à avaliação individual de genótipos de sorgo
biomassa realizada nos municípios de Lavras-MG (LV), Sete Lagoas-MG (SL)
e Uberlândia-MG (UB), na safra 2013/2014.
GENÓTIPOS
PMV
LV
UB
DPF
SL
AP
NC
LV
UB
SL
LV
UB
SL
LV
UB
SL
138,8 b
63,07 b
151,02 a
4,12 a
2,50 a
3,65 b
12,25 a
7,41 a
7,75 a
CMSXS7021
91,99 a
13,97 a 45,80 a
CMSXS7022
115,76 a
12,86 b 35,62 c
149,91 a
68,30 a
107,32 b
4,58 a
2,68 a
3,62 b
11,69 a
6,18 a
6,27 b
CMSXS7023
61,37 b
11,14 b 41,44 b
128,46 b
60,91 b
134,59 a
4,27 a
2,39 b
4,34 a
7,09 a
6,92 a
6,54 b
CMSXS7024
122,4 a
13,63 a 51,41 a
146,04 a
68,09 a
157,56 a
4,59 a
2,28 b
4,48 a
12,53 a
5,71 a
8,09 a
CMSXS7025
94,34 a
15,26 a 42,39 b
133,43 b
64,11 a
138,26 a
4,43 a
2,46 a
4,61 a
11,30 a
7,01 a
6,36 b
CMSXS7026
58,92 b
11,93 b 36,03 c
131,96 b
61,98 b
130,9 a
3,99 a
2,35 b
3,39 b
11,08 a
6,47 a
7,27 a
CMSXS7027
86,69 a
14,27 a 43,05 b
136,94 b
65,31 a
148,33 a
4,42 a
2,51 a
4,46 a
10,25 a
6,73 a
6,87 b
CMSXS7028
98,58 a
12,14 b 34,55 c
135,22 b
66,31 a
144,00 a
4,39 a
2,50 a
4,26 a
10,79 a
6,27 a
6,24 b
CMSXS7029
97,06 a
12,33 b 50,27 a
134,86 b
61,50 b
143,98 a
3,80 a
2,34 b
4,40 a
9,40 a
6,53 a
8,55 a
CMSXS7030
88,93 a
10,74 b 45,89 a
134,77 b
68,42 a
144,09 a
4,20 a
2,21 b
3,96 b
8,34 a
5,82 a
6,61 b
CMSXS7031
81,13 a
14,62 a 34,83 c
130,28 b
59,32 b
141,52 a
3,44 a
2,30 b
3,79 b
8,09 a
6,70 a
6,19 b
CMSXS 7012
82,05 a
14,19 a 27,07 d
135,38 b
56,16 c
140,58 a
4,17 a
2,42 b
4,11 a
7,50 a
6,44 a
4,73 b
BRS716
97,61 a
16,44 a 44,71 a
145,00 a
67,31 a
138,37 a
4,37 a
2,57 a
4,56 a
9,92 a
6,94 a
6,12 b
CMSXS 7016
105,7 a
17,80 a 55,26 a
147,87 a
69,24 a
165,66 a
4,59 a
2,52 a
4,31 a
9,77 a
6,90 a
8,61 a
Volumax
58,66 b
10,55 b 19,47 d
114,8 c
60,03 b
93,05 b
2,62 b
1,76 c
2,05 c
8,91 a
6,94 a
6,37 b
84
BRS655
Média dos
Híbridos
Média das
Testemunhas
39,14 b
10,25 b
3,5 e
83,62 d
56,16 c
82,76 b
2,21 b
1,67 c
2,13 c
9,52 a
6,75 a
5,04 b
91,61
13,67
42,02
137,78
64,29
141,87
4,24
2,43
4,14
10,00
6,57
6,87
48,90
10,40
11,49
99,21
58,10
87,91
2,42
1,72
2,09
9,22
6,85
5,71
Download

Fernanda Maria Rodrigues Castro