The Phenomenological Mind
An Introduction to Philosophy of Mind and
Cognitive Science
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
Cap. 2 – Methodologies
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind, cognitive
science and phenomenology
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Natureza interdisciplinar do campo de discussão
Estudo filosófico em diálogo com evidências
científicas provenientes da neurociência
cognitiva e neuroimagem, da psicologia cognitiva
e do desenvolvimento, e da psicopatologia
Perspectiva fenomenológica sobre os temas
discutidos, a partir de uma seleção de tópicos
relevantes para o debate contemporâneo na
filosofia da mente e na ciência cognitiva
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
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Panorama geral dos debates filosóficos e psicológicos
sobre a mente no final do século XIX: natureza da
consciência (James, Husserl); estrutura intencional dos
estados mentais (Brentano, Russell, Husserl); influência
mútua direta e indireta
A partir do início do século XX: afastamento
progressivo destes pensadores e das respectivas
perspectivas filosóficas que eles representavam,
culminando com indiferença ou hostilidade
Proposta do livro: identificar as diferenças entre as
abordagens da filosofia analítica da mente e da
fenomenologia, bem com as suas preocupações
coincidentes
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology

Na Psicologia temos no final do século XIX,
começo do século XX um predomínio do
introspeccionismo como método para estudar a
consciência e processos cognitivos (memória,
atenção); a partir de 1913, até os anos 70,
predomínio do behaviorismo; este foi
substituído pelas abordagens cognitivas,
inspiradas no modelo computacional da mente
e, posteriormente, pelas neurociências; a partir
do final dos anos 80/início dos anos 90, estudos
da consciência
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
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Filosofia analítica da mente: fenomenologia
como mero introspeccionismo
Filosofia analítica da mente: naturalismo;
fenomenologia: anti-naturalismo
Naturalismo: termo ambíguo
Ciência cognitiva: inicialmente computacional;
filosofia analítica da mente conceitualmente mais
próxima e adequada, em termos de análises
lógicas, fundamentação conceitual, definição do
funcionalismo etc
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology

Declínio da concepção computacional da mente e da
hegemonia absoluta da filosofia analítica da mente
como referência filosófica no estudo da mente:
- renovação do interesse pela consciência fenomênica - hard problem
e explanatory gap - (Nagel, Searle, Dennett, Flanagan, Chalmers,
Varela)
- advento de abordagens corporificadas da cognição - vs.
funcionalismo – (Varela, Thompson, Damasio, Clark)
- avanços nas neurociências e neuroimagem, permitindo protocolos
experimentais inéditos para o estudo dos processos cognitivos

Possibilidade renovada para o reingresso da perspectiva
fenomenológica no campo dos estudos da mente
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology

Fenomenologia: abordagem filosófica originada
com E. Husserl nos primeiros anos do séc. XX,
base para o que se tornou conhecida como
filosofia continental, tanto no sentido de uma
continuidade (existencialismo, hermenêutica)
quanto no sentido de uma crítica (pósestruturalismo, pós-modernismo)


Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
Maioria dos livros introdutórios em filosofia da
mente ou ciência cognitiva começam com uma
apresentação de diferentes posições metafísicas:
dualismo, materialismo, teoria da identidade,
funcionalismo, eliminativismo etc
A abordagem fenomenológica prefere deixar estas
questões em suspenso e se concentrar no
fenômeno estudado: experiência
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
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
« back to the things themselves »: basear-se em como as
coisas são experienciadas; oferecer uma descrição
cuidadosa da experiência; diferenciar, com base nestas
descrições, p.ex., percepção de lembrança ou
imaginação, caracterizando como a percepção é é
estruturada para fornecer uma experiência significativa
do mundo
Semelhança entre o trabalho da fenomenologia e o da
psicologia, na medida em ambos investigam a
experiência. Porém as abordagens, as questões, as
respostas buscadas e por quais meios, são distintos
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
Abordagem fenomenológica da experiência perceptiva
visual como exemplo:
- intencionalidade: acerca de alguma coisa; referência ao
mundo natural, social, cultural
- significativa: embodied (informada pelas minhas possibilidades
e habilidades corporais) e embedded em contextos
pragmáticos, sociais, culturais
- estrutura temporal (antecipação)
- incompletude perspectival
- gestalt
- aspectos qualitativos ou fenomênicos da experiência (what is
it like to see...)

Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology


A fenomenologia se concentra em obter uma uma
compreensão e uma descrição apropriada da estrutura
experiencial da nossa vida mental/corporificada, sem se
propor a buscar uma explicação naturalista da consciência
(sua gênese biológica, sua base neural, sua motivação
psicológica)
O que não significa que o trabalho da primeira não seja
relevante para a segunda: para se avançar no esforço de
correlação da consciência com o funcionamento cerebral
é preciso ter uma concepção clara do que se tenta
correlacionar
Cap. 1 – Introduction: philosophy of mind,
cognitive science and phenomenology
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Confusão frequente: fenomenologia e
introspecção
fenomenologia: procura não deixar que que
teorias pré-concebidas formem nossa
experiência, mas pretende ser informada pelo
que é realmente experienciado como guia para
formulação de teorias
fenomenologia não se opõe à ciência nem à
teoria
apresentação do livro
Cap.2 – Methodologies
Questão:
como é possível uma ciência da consciência se:
a) a consciência é intrinsecamente em primeira pessoa; b)
a ciência só aceita dados em terceira pessoa; c) qualquer
tentativa para explicar algo que está em primeira pessoa
na terceira pessoa distorce ou não consegue apreender
o que pretende explicar
 seria uma ciência da consciência baseada em uma
introspecção cuidadosa uma fantasia do final do século
XIX, começo do século XX?

Cap.2 – Methodologies
os destinos da introspecção na ciência experimental da
mente?
- Price & Aydede; Jack & Roepstorff: introspecção
continua presente porque relatos verbais dos sujeitos da
experiência sobre os seus estados cognitivos continuam
sendo usados
 Neste sentido a perspectiva da primeira pessoa é
inerente a todos os experimentos que dependem de
relatos dos sujeitos envolvidos
 Isto significa que estes relatos são introspectivos?

Cap.2 – Methodologies


Como um sujeito sabe que ele vê quando uma luz
acende? Ele introspecta sua experiência procurando por
um estado visual particular de luz acendendo? Ou ele
simplesmente vê a luz acendendo e relata?
Para a fenomenologia a introspecção é desnecessária
porque temos uma consciência (awareness) implícita, préreflexiva, não-objetificante da nossa experiência
enquanto a vivenciamos: ao mesmo tempo que vejo a
luz acender eu estou consciente (aware) de que eu vejo a
luz acender. A consciência (awareness) não é baseada
dirigir reflexivo ou introspectivo da atenção para a
experiência, mas é parte integrada da experiência, é o
que define a experiência como consciente
Cap.2 – Methodologies
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
relatos em primeira pessoa do tipo que são
habitualmente necessários nas pesquisas experimentais
em ciência cognitiva não são necessariamente
introspectivos, se entendermos introspecção como
consciência reflexiva
necessidade de distinguir entre relatos diretos acerca do
mundo e relatos reflexivos sobre a experiência (what is
it like...?)
em psicologia experimental a ênfase recai mais sobre
relatos não-introspectivos sobre o mundo – « a luz
acendeu » - do que sobre relatos introspectivos sobre a
experiência
Cap.2 – Methodologies
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
Quando a investigação é sobre a consciência os
dados em terceira pessoa são, supostamente,
sobre a experiência subjetiva em primeira
pessoa.
Sem uma classificação experiencial desta última
e sua subsequente correlação, teríamos uma
descrição da atividade neural que não seria
informativa
Confiabilidade dos dos relatos nãointrospectivos; averaging out of data
Cap.2 – Methodologies

Heterofenomenologia (Dennett): método neutro
(não supõe a existência dos estados mentais
relatados – não existem diferenças entre zumbis
e pessoas realmente conscientes) e claro para
coleta de dados a serem subsequentemente
explicados; baseia-se na observação e
interpretação – atitude intencional – de dados
publicamente observáveis, que incluem
comportamentos e relatos dos sujeitos (the reports
are the data; they are not reports of data)
Cap.2 – Methodologies
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A heterofenomenologia, no entanto, não reconhece que
as suas interpretações de comportamento e relatos
devem ser baseadas na própria experiência subjetiva do
cientista ou em alguma forma de fenomenologia não
rigorosa ou folk psychology
A atitude intencional do pesquisador é contaminada,
direta ou indiretamente, pela sua perspectiva de
primeira pessoa
A prática científica pressupõe, por parte do
pesquisador, a experiência, pré-científica e em primeira
pessoa, do mundo
Os relatos objetivos em terceira pessoa são produzidos
por uma comunidade de sujeitos conscientes → não
existe perspectiva de terceira pessoa pura
Cap.2 – Methodologies
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
O Método Fenomenológico
É possível uma abordagem melhor controlada da
experiência em primeira pessoa? Pode-se abordar a
consciência cientificamente?
Fenomenologistas respondem SIM
Fenomenologia: ancorada na descrição cuidadosa, na
análise e na interpretação da experiência vivida
Fenomenologia não visa uma abordagem subjetiva da
experiência, mas uma abordagem da experiência subjetiva
Uma abordagem objetiva da da experiência não quer dizer
que possamos compreender a experiência subjetiva
transformando-a em um objeto que possa ser examinado
usando métodos da terceira pessoa
Cap.2 – Methodologies
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Fenomenologia = Introspecção?
Não, fenomenologia não é simplesmente um tipo de psicologia
ou introspecção
Críticas de Dennett (1991) e Metzinger (2003) baseadas nesta
incompreensão
Embora a fenomenologia esteja interessada como as coisas são
dadas ou apresentadas ao sujeito na experiência e na condição de
possibilidade desta, ela não postula que o mundo dos fenômenos
está dentro da mente e que o modo de acessá-lo é a introspecção
Os principais nomes da fenomenologia – Husserl, Heidegger,
Merleau-Ponty, Sartre – consideram que a divisão
interior/exterior aplicada ao entendimento da natureza da
consciência emana de uma metafísica ingênua de senso comum
Cap.2 – Methodologies
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i) Redução Fenomenológica
O que é um fenômeno?
Fenômeno = aparência?
Fenômeno ≠ coisa em si
O objeto real não se esconde atrás da aparência
A distinção realidade/aparência é interna ao fenômeno,
refere-se às condições melhores ou piores de aparição
Fenomenologia: interessada nas questões referentes às
estruturas e modos de aparição
Cap.2 – Methodologies
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
Tarefa da epistemologia: prover uma nova fundação
epistemológica para a ciência → descrever e analisar a
dimensão experiencial em detalhes a fim de desvelar a
contribuição cognitiva do sujeito cognoscente
Para isso é preciso suspender ou colocar entre
parentêses a nossa aceitação da atitude natural
Atitude natural: assumida pelas ciências e pelo senso
comum; crença tácita na existência de uma realidade
independente da mente, da experiência, de teorias
Epoché: suspensão da atitude natural
Cap.2 – Methodologies
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O propósito da epoché não é duvidar, abandonar ou
excluir a realidade da consideração, mas sim suspender
ou neutralizar algumas atitudes dogmáticas com relação
à realidade, permitindo focar no como a realidade nos
aparece na experiência
Epoché como praxis (Depraz)
Epoché não é exclusivamente um voltar-se para dentro.
Ela permite que investiguemos o mundo no qual
estamos, a partir de uma nova atitude reflexiva, na sua
significação e manifestação para a consciência; é uma
investigação da realidade, não do mundo da
interioridade mental
Cap.2 – Methodologies
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Fenomenologia ≠ Psicologia Introspectiva: enquanto
esta última toma a consciência como mais um aspecto
do ser, pesquisada como um objeto entre outros, a
primeira considera que a consciência pede um
esclarecimento transcendental que vai além do senso
comum e nos coloca frente ao problema da
constituição do mundo (Merleau-Ponty)
Fenomenologia: situada em uma perspectiva (pós)
kantiana no sentido de pensar a reflexão filosófica
sobre a realidade como tendo que necessariamente
pensar a contribuição da consciência
Cap.2 – Methodologies
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O foco da fenomenologia na perspectiva da primeira
pessoa é tanto motivado por um interesse na
subjetividade da consciência quanto na tentativa de
compreender a natureza da objetividade
Como a objetividade é constituída?
Constituição: processo que permite a manifestação ou
aparição de objetos e sua significação, sempre
envolvendo a contribuição da consciência
Experiência não é uma pura receptividade ao mundo e
cognição não é uma atitude puramente receptiva
Cap.2 – Methodologies
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Diferença entre o sujeito como um objeto no
mundo e o sujeito concebido como sujeito para
o mundo, ou seja, como condição de
possibilidade necessária – mas não suficiente –
para a cognição e a significação
Um ponto de vista de lugar nenhum é
inalcançável.
Cap.2 – Methodologies
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
Redução Fenomenológica: estreitamente ligada à
epoché; enquanto esta visa suspender a atitude natural
para focar nos modos de aparição das coisas, aquela se
propõe a analisar a interdependência correlacional entre
estruturas específicas da subjetividade e modos
específicos de aparição ou doação
Atitude fenomenológica: não está interessada em saber
o que as coisas são mas como elas aparecem, como
estão correlacionadas à nossa experiência
Cap.2 – Methodologies
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
Estudar a consciência como a dimensão constitutiva
pela qual o mundo se revela e articula é muito diferente
de qualquer tentativa de tratá-la de forma naturalista
como mais um objeto (físico ou mental) no mundo
Fenomenologia não é apenas um estudo da consciência,
como se esta devesse ser tomada isolada de todo o
resto. Ela se interessa pelo modo no qual estamos
imersos nas situações cotidianas, nos projetos, em
como experienciamos o mundo, nos relacionamos com
os outros e nos engajamos nas práticas e ações que
definem nossas vidas
Cap.2 – Methodologies
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Fenomenologia: interessada nas estruturas e
condições de possibilidade da fenomenalidade; a
consciência interessa por ser o meio de acesso
ao mundo
Fenomenologia: análise filosófica dos diferentes
modos de aberturas ao mundo (perceptivo,
imaginativo, mnêmico) e investigação reflexiva
das estruturas da experiência e da compreensão
que permitem a diferentes tipos de seres se
revelarem como são
Cap.2 – Methodologies
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ii) Variação eidética e verificação intersubjetiva
Variação eidética: uso da imaginação para
descartar as propriedades inessenciais das coisas;
o que resiste a este exercício consiste na essência
Limites da variação eidética quando aplicadas
aos objetos mentais, considerados
essencialmente vagos
as descrições fenomenológicas estão sujeitas à
corroboração intersubjetiva
Cap.2 – Methodologies
As quatro etapas do método fenomenológico:
- epoché ou suspensão da atitude natural
- redução fenomenológica, que visa a correlação
entre o objeto da experiência e a experiência
- variação eidética, que busca os aspectos
essenciais ou invariantes desta correlação
- corroboração intersubjetiva: replicação,
compartilhamento, universalidade

Cap.2 – Methodologies


Naturalizar a Fenomenologia
Polêmica sobre o uso do método fenomenológico
nas ciências naturais experimentais da mente
(ciências cognitivas) → posição antinaturalista de
Husserl, que sempre enfatizou as limitações de
uma abordagem naturalista da consciência
Husserl → fenomenologia como uma pesquisa
transcendental, voltada para as condições
necessárias, a priori, da experiência; consciência
como condição sine qua non para fazer ciência
Cap.2 – Methodologies
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
Questão de Husserl: fundamentação
epistemológica para a própria prática científica
(na mesma linhagem de Descartes e Kant) →
discutida em sua pertinência no interior da
própria fenomenologia
Questão do capítulo (e do livro): pode a
fenomenologia trabalhar com a ciência
experimental? → fenomenologia trata de temas
e oferece análises e enquadramento conceitual
cruciais para o entendimento da complexidade
da consciência e cognição
Cap.2 – Methodologies
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
Fenomenologia: empreendimento filosófico, não uma
disciplina empírica; o que não impede que suas análises
possam ser pertinentes para o estudo empírico da
consciência
Husserl e a fenomenologia não são anti-científicos,
embora fossem anti-cientificistas
Naturalizing Phenomenology: diversos sentidos; ambos os
termos são equívocos
Naturalismo tanto pode implicar em se diferenciar do
sobrenatural quanto aderir à tese cientificista que supõe
que as ciências naturais são a medida de todas as coisas
Fenomenologia: uso técnico (tradição filosófica;
perspectiva metodológica) e uso não técnico (=
experiência)
Cap.2 – Methodologies


Naturalizar a Fenomenologia → reconhecer que
os fenômenos por ela estudados são parte da
natureza e abertos ao estudo empírico; a
fenomenologia deve ser informada pelo melhor
conhecimento científico disponível e
reciprocamente, de modo que a melhor
abordagem da experiência envolve alguma
integração de fenomenologia e ciência
3 vias gerais de integração fenomenologia/
ciência empírica são apresentadas
Cap.2 – Methodologies
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A) Uma Questão Formal
Naturalizar a fenomenologia pela tradução dos resultados da
análise fenomenológica em linguagem matemática
Marbach (1993): desenvolver uma linguagem formalizada, um
notação fenomenológica, para expressar achados fenomenológicos;
esta notação não expressa o conteúdo, mas a estrutura formal da
experiência; exemplo da notação para percepção e memória
episódica
A notação ajudaria a esclarecer a complexidade da consciência e a
explicação desta complexidade fornecida pela reflexão
fenomenológica.
Possibilidade de uma notação formal adotada também pelas
neurociências, consistente com a adotada na fenomenologia
Cap.2 – Methodologies



Roy, Petitot, Pachoud e Varela (1999): matemática como
um domínio formal e neutro para expressar resultados
de pesquisas empregando metodologias de primeira
pessoa (fenomenologia) e terceira pessoa (ciências
naturais); emprego da matemática de sistemas
dinâmicos complexos como quadro explicativo
podendo integrar dados de primeira e terceira pessoa
Se a formalização matemática envolve abstração da
experiência, não se deve esquecer que ela parte da
experiência dinâmica corporificada, enraizada no
mundo; ≠ do modelo computacional
Emprego de modelos dinâmicos complexos nas
neurociências → neurofenomenologia
Cap.2 – Methodologies
B) Neurofenomenologia
 Procura integrar 3 elementos:
a) análise fenomenológica da experiência
metodologicamente orientada de forma rigorosa;
treinamento (epoché e redução fenomenológica)
b) teoria dos sistemas dinâmicos complexos
c) experimentação empírica em sistemas biológicos
 ex: Lutz et al. (2002): estudo para correlacionar
parâmetros subjetivos (estados de atenção, processos
espontâneos de pensamento), habitualmente tomados
como ruídos, como registros da atividade cerebral
Cap.2 – Methodologies


estudo neurofenomenológico que combina dados em
primeira pessoa com análise dinâmica dos processos
neurais em sujeitos expostos a uma ilusão perceptiva em
3D
ensaios preliminares: treinamento fenomenológico dos
participantes – 3 passos: epoché; descrição focada;
corroboração intersubjetiva – para desenvolver suas
próprias descrições dos parâmetros subjetivos →
formalização da linguagem empregada para emprego nos
ensaios experimentais → correlação dos dados em
primeira pessoa com tempos de reação e medidas
EEGráficas da atividade cerebral
Cap.2 – Methodologies



A epoché, nos participantes, pode ser alcançada por
sujeitos familiarizados com o método ou induzida por
técnica de entrevista – entrevista de explicitação
(Vermersch)
resultados: parâmetros subjetivos distintos, descritos
pelos participantes fenomenologicamente treinados
correlacionam com diferentes assinaturas neurais
dinâmicas imediatamente antes da apresentação do
estímulo
as assinaturas neurais dinâmicas condicionam
diferencialmente o comportamento e a resposta neural
aos estímulos
Cap.2 – Methodologies

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

C) Front-loading Phenomenology
em vez começar com resultados empíricos
(heterofenomenologia, formalização matemática) ou
treinar participantes de experimentos
(neurofenomenologia), este enfoque começa com o
desenho do experimento
Ou seja, permite que análises fenomenológicas
informem a elaboração do paradigma experimental
Não simplesmente aceita resultados de pesquisas
fenomenológicas, mas os submete à provas
experimentais
permite contornar algumas dificuldades da necessidade
de treinamento (neurofenomenologia)
Cap.2 – Methodologies
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

front-loaded phenomenology research design: estudo da
distinção sense of ownership X sense of agency
quais os processos neurais subjacentes à esta
distinção?
ver cap.8
Cap.2 – Methodologies
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

Conclusão
Objetos intersubjetivamente acessíveis o são justamente
porque são acessíveis da perspectiva da primeira pessoa
de cada
Não há perspectiva da terceira pessoa pura, não há
ponto de vista de lugar nenhum (ilusão objetivista)
contraste com o realismo metafísico e o cientificismo
realismo metafísico: conhecimento como reflexo fiel de
uma realidade indepedente da mente, do pensamento,
da experiência; imagem do mundo impessoal, imparcial,
objetiva
Cap.2 – Methodologies
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

Realismo metafísico: experiência cotidiana é uma
mescla de elementos objetivos e subjetivos; para se
alcançar uma imagem objetiva do que o mundo
realmente é necessita-se jogar fora o subjetivo →
trabalho da ciência
Para a fenomenologia, isto é uma ilusão objetivista e
cientificista
A fenomenologia endossa uma this-worldly conception da
objetividade; a ciência é sempre praticada por um
sujeito, é uma postura teórica específica diante do
mundo
Cap.2 – Methodologies
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


A objetividade científica permanece baseada em
observações e experiências individuais
Para compreender o conhecimento, verdade,
objetividade, sentido e referência é necessário investigar
as formas e estruturas da intencionalidade empregadas
pelos sujeitos agentes e cognoscentes
A subjetividade não é um obstáculo, mas o mais
importante requisito para a objetividade e busca do
conhecimento científico
Se a fenomenologia faz uma crítica transcendental do
cientificismo, nem por isso rejeita a ciência
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Cap.2 – Methodologies