UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
LINHA DE PESQUISA SANEAMENTO E INFRA-ESTRUTURA URBANA
KARINA FERREIRA CASTRO MESQUITA
QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA
Belém, 2012
KARINA FERREIRA CASTRO MESQUITA
QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA
Dissertação apresentada para obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Civil,
Instituto Tecnológico, Universidade Federal
do Pará.
Linha de pesquisa: Saneamento e Sistemas de
Infraestrutura Urbana
Área de concentração: Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental.
Orientadora: Profa. Dra Maria de Lourdes
Souza Santos
Belém, 2012
KARINA FERREIRA CASTRO MESQUITA
QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA
Dissertação apresentada para obtenção do
grau de Mestre em Engenharia Civil,
Instituto Tecnológico, Universidade Federal
do Pará.
Linha de pesquisa: Saneamento e Sistemas de
Infraestrutura Urbana
Área de concentração: Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental.
Orientadora: Profa. Dra Maria de Lourdes
Souza Santos
Data de aprovação: ______ / ______ / 2012.
Banca Examinadora:
______________________________________________
Profa. Maria de Lourdes Souza Santos – Orientadora
Doutora em Oceanografia
Universidade Federal Rural da Amazônia
______________________________________________
Prof. José Almir Rodrigues Pereira
Doutor em Hidráulica e Saneamento
Universidade Federal do Pará
______________________________________________
Profa. Lucy Anne Lobão Guiterrez
Doutora em Hidrogeologia
Universidade do Estado do Pará
Este trabalho é dedicado às pessoas mais importantes em minha vida: Ao Senhor
Jesus – minha fonte inspiradora, o ar que respiro, meu amigo, meu companheiro
de todas as horas, meu mestre, meu ajudador, o meu tudo nesta vida. A ti
pertenço e tudo a ti entrego!
Aos meus amados pais Walmir Cantuária Castro e Ana Ruth Ferreira Castro,
porto seguro diante das dificuldades, por fazerem de mim o que sou hoje e me
ajudarem a chegar até onde cheguei. Sem o amor de vocês não conseguiria chegar
tão longe.
Aos meus irmãos Kelly, Keylla, e Rafael Ferreira Castro pelo grande
companheirismo, afeto e cuidado em todas as horas.
Ao meu esposo Joel de Sousa Mesquita pela paciência.
Amo vocês
AGRADECIMENTOS
A Deus, o Autor e Senhor da minha vida, fonte de força e sabedoria. Sem
Ele nada teria sido possível. “Porque dele e por Ele, e para Ele são todas as coisas.
A Ele, pois, a glória eternamente. Amém”. (Rm 11:36).
Aos meus pais Walmir Cantuária Castro e Ana Ruth Ferreira Castro pelo
amor, apoio e por ter lutado tanto pela minha educação.
Aos meus irmãos Kelly, Keylla e Rafael Ferreira Castro, pela ajuda nos
momentos difíceis deste trabalho, amo muito vocês.
Ao meu esposo Joel de Souza Mesquita pelo amor, carinho,
compreensão que sempre dedicou a mim.
A minha orientadora, Profa. Dr. Maria de Lourdes Souza Santos, por ser
exemplo de pesquisadora, pela confiança em mim depositada, dedicação, grandes
ensinamentos, maneira como conduziu a orientação e principalmente amizade,
características estas que me trouxeram refrigério para seguir em frente.
A grande família GPHS representada pelos grandes amigos que fiz José
Cláudio Ferreira dos Reis Junior, Jairo dos Passos Corrêa, Heitor Capela Sanjad,
Yasmin Coelho Ribeiro da Silva, Beatriz Barbosa de Brito, Aline Christian Pimentel
Almeida Santos, Davi Edson Sales de Souza, Raynner Menezes Lopes e Arnaldo
Jorge Sá Lima pelo convívio e momentos de puro aprendizado.
Ao Prof. Dr. José Almir Rodrigues Pereira por sua grande colaboração
para a realização deste trabalho.
A grande família LQA pela contribuição nas analises no laboratório.
As grandes amigas que levarei pro resto da vida em meu coração:
Gleiciane Costa Moraes, Laís Rodrigues Carvalho de Siqueira e Beatriz Luna
Figueiredo.
Aos amigos André Saraiva, Marcus Miranda, Luciano Louzada, Benacy
Brasil que me ajudaram nas atividades de campo.
As tias Maria Alvina de Castro, Benedita Cantuária de Castro, aos primos.
A Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior, pela
concessão da bolsa de mestrado indispensável, para a finalização deste curso.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para este trabalho
realizado.
“Não quero ser um conformista previsível, preso a algo que
requer menos de mim do que eu sou chamado a dar. Não quero
uma vida de fantasias que eu possa usufruir sem sair do sofá.
Quero sonhos que me façam mover em face de desvantagens
impossíveis. Quero ter esperança quando a vida for intolerável e
quero quebrar o que a torna intolerável."
George Barna
SUMÁRIO
RESUMO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE MAPAS
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15
2 OBJETIVOS ................................................................................................ 18
2.1
OBJETIVO GERAL ............................................................................. 18
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 18
3 ÁGUA .......................................................................................................... 19
3.1
CICLO HIDROLÓGICO ....................................................................... 19
3.2
QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................... 20
3.3
PORTARIA 2.914/11 MINISTÉRIO DA SAÚDE .................................. 21
4 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ILHA DO MOSQUEIRO 31
5 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 37
5.1
LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ....... 37
5.1.1
Clima ................................................................................................... 38
5.1.2
Relevo ................................................................................................. 38
5.1.3
Vegetação ........................................................................................... 38
5.2
DESCRIÇÃO DA PESQUISA .............................................................. 39
5.3
PONTOS DE AMOSTRAGEM ............................................................ 40
5.4
ORIENTAÇÃO E APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS ....................... 41
5.5
COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA DE CONSUMO........................... 41
5.6
ANÁLISE DE PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E FÍSICO-
QUÍMICOS ....................................................................................................... 42
5.7
ANÁLISES DE DADOS ....................................................................... 43
6 QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DE
CASO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA ............................................................ 44
6.1
INTRODUÇÃO .................................................................................... 44
6.2
MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................. 45
6.3
RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................ 48
6.4
CONCLUSÃO ..................................................................................... 59
7 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLOGICA DA ÁGUA CONSUMIDA
PELA POPULAÇÃO DA REGIÃO AMAZÔNICA: UM ESTUDO DE CASO NA
ILHA DE MOSQUEIRO/PA .............................................................................. 61
7.1
INTRODUÇÃO .................................................................................... 61
7.2
MATERIAS E MÉTODOS ................................................................... 62
7.3
RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................ 64
7.4
CONCLUSÃO ..................................................................................... 67
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 68
REFERÊNCIAS................................................................................................ 69
RESUMO
Na Amazônia é crescente a perspectiva de exploração da água subterrânea,
por apresentar vantagens práticas e econômicas, no entanto vários fatores
podem comprometer a qualidade da água subterrânea. O objetivo deste
trabalho visou avaliar a qualidade da água consumida pela população da Ilha
de Mosqueiro/PA. Foram analisadas 24 amostras de água ao longo da Ilha em
dois períodos distintos (seco e chuvoso) para determinações de: cor aparente,
turbidez, cloreto, sólidos totais dissolvidos, coliformes totais, Escherichia coli,
dureza, N-amoniacal, nitrito, nitrato, bário, chumbo, cobre, alumínio, ferro,
manganês, sódio, zinco. Os valores de mediana no período seco foram mais
elevados para os metais alumínio (34,5µg.L-1), o bário (54,45µg.L-1), o cobre
(2,65µg.L-1), o ferro (91,5µg.L-1), o manganês (14,85µg.L-1) e o chumbo
(0,45µg.L-1), para os parâmetros físico-químico a cor e a turbidez apresentaram
valores máximos de 133 uH e 19,3 UT respectivamente, considerados fora do
estabelecido pela legislação vigente. Para os parâmetros bacteriológicos os
resultados mostraram que 54,17% das amostras de água coletada estão fora
dos padrões de potabilidade para coliformes totais e 4,17% para Escherichia
coli estabelecidos pela portaria 2.914/11 do ministério da saúde.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. .................................... 50
Figura 2 – Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita
com os parâmetros de metais, cor, turbidez e STD durante o período de menor
e maior precipitação pluviométrica. .................................................................. 51
Figura 3 - Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. .................................... 52
Figura 4 – Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita
com os parâmetros abióticos durante o período de menor e maior precipitação
pluviométrica. ................................................................................................... 53
Figura 5 - Distribuição dos valores autoescalonados para metais, cor aparente,
turbidez e STD. ................................................................................................ 55
Figura 6 - Distribuição dos valores autoescalonados para os parâmetros
inorgânicos ....................................................................................................... 58
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição dos pontos.................................................................. 64
Gráfico 2 – Infraestrutura da Ilha de Mosqueiro/Pa .......................................... 65
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 – Áreas atendidas por concessionárias na RMB ................................. 32
Mapa 2– Mananciais utilizados no Sistema de Abastecimento de Água da RMB
......................................................................................................................... 33
Mapa 3 - Localização do Setor VIII do SAAEB................................................. 34
Mapa 4 - Localização do Setor IX do SAAEB................................................... 35
Mapa 5 – Ilha de Mosqueiro ............................................................................. 37
Mapa 6 – Área de estudo da pesquisa ............................................................. 39
Mapa 7 – Pontos de Coleta de 1 a 9 na Ilha de Mosqueiro/PA ........................ 40
Mapa 8 – Pontos de Coleta de 10 a 15 na Ilha de Mosqueiro/PA .................... 40
Mapa 9 – Pontos de Coleta de 16 a 24 ............................................................ 41
Mapa 10 – Localização da área de estudo ....................................................... 45
Mapa 11 – Localização dos pontos de coleta de água na Ilha de Mosqueiro .. 46
Mapa 12 – Localização da Ilha de Mosqueiro/Pa ............................................. 63
LISTA DE SIGLAS
IDEC
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
ETA
Estação de Tratamento de Água
ANA
Agência Nacional de Águas
SUS
Sistema Único de Saúde
SOD
Superóxido Dismutase
RMB
Região Metropolitana de Belém
COSANPA
Companhia de Saneamento do Pará
SAA
Sistema de Abastecimento de Água
UFRA
Universidade Federal Rural da Amazônia
LISTA DE TABELA
Tabela 1- Parâmetros para estabelecer a qualidade da água .......................... 22
Tabela 2 - Caracterização das unidades constituintes do Setor VIII do SAAEB
......................................................................................................................... 35
Tabela 3 - Dados gerais do Setor IX do SAAEB .............................................. 36
Tabela 4 – Parâmetros analisados ................................................................... 42
Tabela 5 – Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. Os valores mais
significativos estão em negrito. ........................................................................ 49
Tabela 6 – Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. Os valores mais
significativos estão em negrito. ........................................................................ 52
Tabela 7 – Mínimo, máximo, mediana, dos dados abióticos (cor, turbidez,
cloreto, sólidos totais dissolvidos, dureza, nitrato, nitrito, amônia) e metais
pesados presentes nos poços de água analisados no período de maior e menor
precipitação na Ilha de Mosqueiro/ Pa e comparação com os limites de
detecção da portaria Nº 2914/2011 do ministérios da saúde e os níveis
permitidos pela World Organização Mundial da Saúde .................................... 54
Tabela 8 – Resultados Bacteriológicos das águas analisadas na Ilha de
mosqueiro/Pa ................................................................................................... 65
15
1
INTRODUÇÃO
Um dos principais desafios mundiais na atualidade é o atendimento
à demanda por água de boa qualidade. O crescimento populacional, a
necessidade de produção de alimentos e o desenvolvimento industrial devem
gerar sérios problemas no abastecimento de água nos próximos anos
(GRASSI, 2001).
Segundo Varnier (2008), 97,5% da água do planeta é salgada e
imprópria para consumo humano e 2,5% corresponde à água doce,
fundamental para a nossa sobrevivência. Porém, somente 0,6% estão
disponíveis para o consumo humano.
O Brasil é um país privilegiado quanto ao volume de recursos
hídricos, abriga 13,7% da água doce do mundo. Porém, a disponibilidade
desses recursos não é uniforme. 73 % da água doce disponível no país
encontra-se na bacia Amazônica, que é habitada por menos de 5% da
população, a bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia é a segunda com a
maior vazão média do país (IDEC, 2001; ANA, 2009).
O Estado do Pará está contido nas bacias hidrográficas Amazônica,
Atlântico Nordeste Ocidental e Tocantins-Araguaia. A disponibilidade hídrica
das bacias é de 73.748 m3/s (bacia hidrográfica Amazônica), 320,4 m3/s (bacia
hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental) e 5.447 m3/s (bacia hidrográfica
Tocantins-Araguaia). Os usos preponderantes são com a irrigação, animal e
urbano. Os maiores valores de vazão de retirada da bacia hidrográfica
Tocantins-Araguaia estão localizadas nas microbacias situadas próximas à
região metropolitana de Belém, onde há intenso uso urbano e industrial (ANA,
2009).
A cidade de Belém é composta por 13 bacias hidrográficas tendo
como um dos seus principais cursos d’água o rio Guamá, que segundo Braz e
Mello (2005), ao longo de mais de uma década as águas apresentam
contaminação de origem fecal, oriunda do lançamento direto de dejetos no seu
curso ou no de seus tributários. Para Barbosa e Silva (2002), a expansão
urbana desordenada e o esgoto despejado sem tratamento adequado são os
16
maiores causadores da degradação ambiental dos rios que compõem as
bacias hidrográficas do Município de Belém.
A qualidade da água é fundamental para o bem estar da população.
Para Von Sperling (2005), a água é resultante de fenômenos naturais e da
atuação do homem. De maneira geral, pode-se dizer que a qualidade de uma
determinada água é função das condições naturais e do uso e da ocupação do
solo na bacia hidrográfica.
A qualidade da água não é um termo absoluto, sendo algo que
sempre se caracteriza em função de determinado uso. Interessa, pois,
conhecer a água sob diversos pontos de vista: utilização fora do lugar primário,
como é o caso de água potável, usos domésticos e urbanos, usos industriais,
agrícolas e para dessedentação de animais, utilização dos cursos de água ou
massa de água, para banho, pesca, navegação etc. (CONEZA-VITÓRIA, 1998
apud CASTANIA, 2009). O estudo da qualidade da água é fundamental para se
caracterizar as conseqüências de uma determinada atividade poluidora, assim
como também estabelecer os meios para que se satisfaça determinado uso da
água.
Uma água de má qualidade pode causar sérios riscos à saúde
humana. 30% das mortes de crianças com menos de 1 ano ocorre por diarréia
e 80% das enfermidades no mundo são contraídas por causa da água poluída.
Vale então lembrar que 58% dos municípios do país não possuem Estação de
Tratamento de Água (ETA) e que apenas 8% tratam corretamente os seus
esgotos (UNIVERSO AMBIENTAL, 2011).
Esse fato indica a necessidade do país desenvolver sua tecnologia
de redes de monitoramento de qualidade da água e reconhecer a importância
desses investimentos, para melhorar e ampliar seus bancos de informações no
setor de recursos hídricos (REBOUÇAS, 2002 apud CASTANIA, 2009).
Assim, torna-se necessário compreender os processos ambientais,
para que se possa avançar no conhecimento sobre os ecossistemas e atuar
corretamente sobre as causas das alterações encontradas. Isso somente é
possível quando se dispõe de um conjunto de informações confiáveis obtidas a
17
partir de observações sobre o que está ocorrendo no meio, e é assim que os
sistemas de monitoramento de qualidade de água devem ser entendidos e
planejados (TUNDISI; REBOUÇAS; BRAGA, 2002).
Diante desse cenário, este trabalho apresenta como área de estudo
a ilha do Mosqueiro que compõem um dos Distritos Administrativo de Belém.
Foram analisadas 24 amostras de água de consumo humano desta área, em
períodos sazonais distintos (seco e chuvoso), para avaliar a qualidade da água
consumida pela população.
18
2
OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a qualidade da água consumida pela população da Ilha de
Mosqueiro/PA
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Aplicar questionário junto à comunidade local, para avaliar a
condição do saneamento;

Analisar amostras de água para consumo humano em períodos
sazonais distintos (seco e chuvoso), de acordo com a Portaria 2.914 do
Ministério da Saúde;

Comparar a qualidade da água entre as comunidades estudadas.
19
3
ÁGUA
3.1 CICLO HIDROLÓGICO
O fenômeno global de circulação fechada da água entre os
continentes, oceanos e a atmosfera, impulsionado pela energia solar em
conjunto com a gravidade e a rotação terrestre, é chamado de ciclo hidrológico.
O Ciclo Hidrológico é um processo constante em que a quantidade total de
água presentes no planeta não aumenta nem diminui, apenas muda de estado.
De forma simplificada, o processo se baseia em duas transferências. A da água
presente na superfície terrestre para a atmosfera em forma de vapor, que tem
como conseqüência a evaporação e transpiração vegetal – evapotranspiração
(SILVEIRA, 2007 apud VIOLA, 2008).
A outra é a da água na atmosfera para a superfície sob quaisquer
formas de precipitação, sendo a chuva e a neve as mais observadas na
natureza. O ciclo pode ser resumidamente explicado da seguinte forma: o calor
da radiação solar faz com que a água dos rios, lagos e oceanos evapore e nas
plantas e animais, ocorra a transpiração seguida pela evaporação. A água, em
forma de vapor, acumula-se na atmosfera até que precipita sobre a superfície
terrestre e os oceanos. A água precipitada no solo se infiltra abastecendo os
lençóis freáticos, ou escoa na forma de escoamento superficial ou subterrâneo
até desaguar em lagos ou nos oceanos, voltando a evaporar. A quantidade de
água que evapora da superfície oceânica (502.800 km 3) e dos continentes
(74.200 km3) é a mesma que cai como a precipitação atmosférica, os 458.000
km3 no oceano e os 119.000 km3 os continentes (SILVEIRA, 2007 apud VIOLA,
2008). O Desenho 1 representa o comportamento do ciclo hidrológico.
20
Desenho 1 – Ciclo hidrológico da água
Fonte: Boscardin et al.(2004).
3.2 QUALIDADE DA ÁGUA
Desde muito cedo o homem entendeu a importância da água para a
manutenção da vida, percebeu a sua participação em vários processos de
natureza biológica ou geológica, verificou que geração da vida não poderia ter
ocorrido na Terra sem a presença dessa substância.
A própria ocupação humana do território é controlada pela
distribuição da água desde os primórdios da civilização, quando os homens
locomoviam-se
em
função
da
presença
e
abundância
de
água
e,
conseqüentemente de alimentos. Mesmo na sua fixação, o homem sempre
buscou regiões onde havia, sobretudo, disponibilidade de água. Devido à
preocupação com fatores de caráter socioambiental houve a necessidade de
conhecer a composição da água assim como definir sua qualidade (GASPAR,
2006).
A qualidade da água pode ser entendida a adoção de medidas que
visem averiguar a adequação da água para um uso específico, embasado em
fatores de caráter físicos, químicos e biológicos. Com intuito de determinar a
qualidade da água os profissionais analisam as características da água, como
temperatura, teor de minerais dissolvidos, e presença de microorganismos etc.
As características selecionadas são comparadas aos padrões numéricos e
21
diretrizes para decidir se a água é apropriada para um determinado uso
(GEOLOGICAL SURVEY, 2011).
As condições geológicas, geomorfológicas, e de cobertura vegetal
da bacia de drenagem, o comportamento dos ecossistemas terrestres e de
águas doces e das ações do homem interferem na qualidade da água. As
ações do homem são a que mais podem influenciar com o lançamento de
cargas nos sistemas hídricos, alteração do uso do solo rural e urbano e
modificações no sistema fluvial (TUCCI, 2001).
A velocidade de degradação dos recursos hídricos, com o despejo
de resíduos domésticos e industriais nos rios e lagos são preocupantes. O país
lança sem nenhum tratamento aos rios e lagoas cerca de 85% dos esgotos que
produz (CARVALHO; SILVA, 2006). A maioria das cidades brasileiras não
possui coleta e tratamento de esgotos domésticos, jogando in natura o esgoto
nos rios. Quando existe rede, não há estação de tratamento de esgotos, o que
vem a agravar ainda mais as condições do rio, pois se concentra a carga em
uma seção. Em algumas situações, é construída a estação, mas a rede não
coleta o volume projetado porque existe um grande número de ligações
clandestinas de esgoto no sistema pluvial, que de esgoto separado passa a
misto. Muitos dos rios urbanos escoam esgoto, já que, devido à urbanização,
grande parte da precipitação escoa diretamente pelas áreas impermeáveis
para os rios (TUCCI, 2001).
As conseqüências da má preservação da água ocasionam a baixa
qualidade dos recursos hídricos que remetem à humanidade perdas
irreparáveis de vidas e também grandes prejuízos financeiros (CARVALHO;
SILVA, 2006)
3.3 PORTARIA 2.914/11 MINISTÉRIO DA SAÚDE
Devido à importância que a qualidade e quantidade de água
representam para melhoria da qualidade de vida e a manutenção da saúde
humana, foi instruída a Portaria do MS N.º 2.914, de 12 de dezembro de 2012
do Ministério da Saúde e o Decreto 5440 de 04 de maio de 2005, que
estabelecem
respectivamente,
em
seus
capítulos
e
artigos,
as
22
responsabilidades por parte de quem produzem a água, no caso dos serviços
de abastecimento coletivo, a quem cabe o "controle da qualidade da água" e
das autoridades sanitárias das diversas instâncias de governo e de quem é a
missão de "vigilância da qualidade da água para consumo humano" (BRASIL,
2011) e institui mecanismos para divulgação ao consumidor sobre a qualidade
da água para consumo humano (BRASIL, 2005). A referida portaria tem: a
finalidade de promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água em
articulação com as secretarias de saúde dos estados e do Distrito Federal e
com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, nos termos da
legislação que regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS).
O anexo à Portaria MS N.º 2.914/11 que trata da Norma de
Qualidade da Água para Consumo Humano estabelece em seu Art. 3º que:
"toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio
de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser
objeto de controle e vigilância da qualidade da água” (BRASIL, 2011, p. 2),
definindo como água potável:
 água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos,
físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e
que não ofereça, riscos à saúde; e sistema de abastecimento de
água para consumo humano: - instalação composta por conjunto de
obras civis, materiais e equipamentos, destinados à produção e à
distribuição canalizada de água potável para populações, sob a
responsabilidade do poder publico, mesmo que administrada em
regime de concessão, ou permissão.
De acordo com Portaria 2.914 do Ministério da Saúde a água potável
deve estar em conformidade com os padrões estabelecidos na portaria, sendo
na Tabela 1 mostrados alguns parâmetros (BRASIL, 2011).
Tabela 1- Parâmetros para estabelecer a qualidade da água
PARÂMETROS
Cor Aparente
Turbidez
UNIDADES
uH(2)
UT(3)
continua
VMP(1)
15
5
23
PARÂMETROS
UNIDADES
Cloreto
mg.L-1
Sólidos dissolvidos totais
mg.L-1
Coliformes Totais
Escherichia coli
Dureza
mg.L-1
N-amoniacal
mg.L-1
Nitrito
mg.L-1
Nitrato
mg.L-1
Bário
mg.L-1
Chumbo
mg.L-1
Cobre
mg.L-1
Alumínio
mg.L-1
Ferro
mg.L-1
Manganês
mg.L-1
Sódio
mg.L-1
Zinco
mg.L-1
Fonte: Brasil (2004).
Notas: (1) Valor máximo permitido.
(2) Unidade Hazen (mg Pt–Co/L).
(3) Unidade de turbidez.
conclusão
VMP(1)
250
1.000
Ausência em 100 ml
Ausência em 100 ml
500
1,5
1
10
0,7
0,01
2
0,2
0,3
0,1
200
5
 cor aparente - a cor da água é o resultado principalmente dos
processos de decomposição que ocorrem no meio ambiente. Por
esse motivo, as águas superficiais estão mais sujeitas a ter cor do
que as águas subterrâneas. Além disso, pode-se ter cor devido à
presença de alguns íons metálicos como ferro e manganês,
plâncton, macrófitas e despejos industriais (MACÊDO, 2007). Para
Piveli e Kato, (2005), as águas que contêm ferro caracterizam-se por
apresentar cor elevada e turbidez baixa.
O termo “cor” é usado para representar a cor verdadeira, que é a cor
da água quando a turbidez for removida. O termo “cor aparente”
inclui não somente as substâncias dissolvidas, mas também aquela
que envolve a matéria orgânica suspensa. A cor é medida em uH,
unidade de escala de Hanzer – platina/cobalto e a cor aparente em
NTU – unidade nefelométrica de turbidez (APHA, 1998).
 turbidez – a turbidez da água é devida à matéria em suspensão,
como argila, silte, substâncias orgânicas finamente divididas,
organismos microscópicos e partículas similares, alterando a
24
penetração da luz através da difusão e absorção, dando à água uma
aparência
turva,
esteticamente
indesejável
e
potencialmente
perigosa. O material em suspensão permite que ocorram áreas em
que eventuais microorganismos patogênicos presentes não entrem
em contato com a substância desinfectanten, causando uma
diminuição da eficiência na desinfecção (KOWATA, 2000). A alta
turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e
algas, influenciando as comunidades biológicas aquáticas, e afeta
adversamente os usos doméstico, industrial e recreacional de uma
água (COMPANHIA DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS,
2007);
 cloreto – todas as água naturais, em maior ou menor escala,
contêm íons resultantes da dissolução de minerais. Os cloretos (Cl-)
são advindos da dissolução de sais. Sua origem natural se deve a
intrusão de águas salinas, no entanto o despejos domestico e
despejo industrias podem também ocasioná-lo (VON SPERLING,
2005);
 sólidos totais dissolvidos – indica a concentração de minerais
como: Cálcio, Magnésio, Enxofre, Sódio e Cloro na água. Valores
elevados podem prejudicar o consumo de água, desempenho e
saúde. Os sólidos podem ser classificados de acordo com seu
tamanho e características químicas (MACÊDO, 2007). O cloreto em
altas concentrações confere sabor salgado à água, podendo
significar infiltração de águas residuárias, urina de pessoas e
animais (BRASIL, 2008);
 coliformes totais e Escherichia coli – o grupo coliforme consiste de
vários
gêneros
de
bactérias
pertencente
à
família
Enterobacteriaceae. A vantagem da utilização dos coliformes como
indicadores da contaminação da água deve-se ao fato destes serem
encontrados normalmente no intestino do homem e dos animais se
sangue quente e serem eliminados em grande quantidade nas fezes,
cerca de 108/grama, podendo ser quantificados por métodos
25
simples. A limitação reside no fato de que no grupo são incluídas
espécies de origem não fecal e os métodos de detecção estarem
sujeitos a falsos resultados por interferência de outras bactérias. A
Escherichia coli representa 95% das bactérias que compõem o
grupo dos coliformes fecais, sendo a mais conhecida e a mais
facilmente diferenciada dos membros não fecais. Sua presença é o
melhor indicador de contaminação fecal conhecido até o momento e,
geralmente, não se multiplica e nem se mantém viável muito tempo
na água, em razão da baixa concentração de nutrientes e
temperaturas adversas (BRASIL, 2008);
 dureza – a dureza total da água refere-se, principalmente, à
concentração de íons de cálcio e magnésio em solução, formando
precipitados devido aos carbonatos de cálcio e magnésio, sendo
expressa como mg.L-1 de CaCO³. Em determinados níveis a dureza
causa sabor desagradável à água, formação de biofilmes, efeito
laxativo e interferência na eficácia de alguns medicamentos, vacinas
vivas e desinfetantes. A dureza da água influencia a capacidade de
sabão e detergente em forma de espuma, característica que também
deve ser observada na água utilizada em granjas, interferindo na
limpeza e desinfecção das instalações (BRASIL, 2008);
 N-amoniacal – é a forma mais reduzida do nitrogênio e é o
primeiro composto produzido na degradação da matéria orgânica. O
termo nitrogênio amoniacal abrange as concentrações das formas
do nitrogênio como amônia (NH3), forma não ionizada e como
amônio (NH4+), forma ionizada. (APHA; AWWA; WPCF, 1995);
 nitrito – o nitrogênio em recursos hídricos pode se apresentar nas
formas de nitrato, nitrito, amônia, nitrogênio molecular e nitrogênio
orgânico, sendo que níveis elevados de nitratos indicam poluição
que pode estar ocorrendo há algum tempo, porque estes são os
produtos finais da oxidação do nitrogênio (MACÊDO, 2007).
A toxicidade aguda provocada por estes compostos em seres
humanos e animais está associada à redução de nitrato a nitrito, que
26
por sua vez oxida o ferro da hemoglobina, transformando em Fe+++ e
formando a metahemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio
às células (MACÊDO, 2007; POMIANO, 2002). Amostra de água
que apresenta concentração acima de 3,0 mg.L-1 de NO -N indica a
possibilidade de estar contaminada por resíduos provenientes de
atividades antropogênicas, devendo ser monitorada (BOUCHARD;
WILLIANS; SURAMPALLI, 1992);
 nitrato - o nitrogênio em recursos hídricos pode se apresentar nas
formas de nitrato, nitrito, amônia, nitrogênio molecular e nitrogênio
orgânico, sendo que os níveis elevados de nitratos indicam poluição
que possa estar ocorrendo há algum tempo, porque estes são os
produtos finais da oxidação do nitrogênio. A toxidade aguda,
provocada por estes compostos para seres humanos e animais, está
associada à redução de nitrato a nitrito, que por sua vez oxida o
ferro da hemoglobina transformando-o em Fe’. Formando a
metahemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio às células
(BRASIL, 2008);
 bário - é um elemento raro nas águas naturais, normalmente
encontrado em teores que variam entre 0,0007 a 0,9 mg.L-1. As
principais fontes naturais são intemperismo e erosão de depósitos
naturais, onde ocorre na forma de barita (Ba SO4), ou feldspatos
ricos em bário. Entre as atividades humanas que introduzem bário
no meio ambiente, podem ser citadas a perfuração de poços, onde é
empregado em lamas de perfuração, e a produção de pigmentos,
fogos de artifício, vidros e defensivos agrícolas (COMPANHIA
AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2006);
O bário é acumulado por organismos, passado através da cadeia
alimentar, mas não é concentrado. A principal via de exposição
humana é a ingestão de água e alimentos, exposição aguda resulta
em náuseas, vômitos e diarréias, seguido por estimulação muscular.
Podem ocorrer gastroenterites, perda de reflexos e paralisia
muscular (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2001);
27
 chumbo – o chumbo é um metal pesado considerado muito tóxico
e pode estar presente em águas devido às descargas de diferentes
efluentes industriais. Este metal é utilizado na produção de baterias,
bronzes, latões, revestimento cerâmico de azulejos, algumas
borrachas, materiais plásticos, alguns aços esmaltados, tintas,
tubulações, materiais de construção e, apesar de não ser mais
utilizado como antidetonante na gasolina (na forma de chumbo
tetraetila), ele está presente como impureza no petróleo, e
automaticamente em seus derivados, mesmo que em concentrações
menores. O chumbo ingerido é em grande parte eliminado pelas
fezes; a parte absorvida é veiculada do sangue para os tecidos,
onde
se
acumula,
causando
um
envenenamento
crônico
denominado saturnismo (RICHTER, 2004).
Os efeitos crônicos produzem sintomas de perda de apetite,
constipação, anemia, fraqueza, cólicas e dores musculares e nas
juntas, hipertensão, disfunção renal, mal formações congênitas,
diminuição da quantidade de espermas e danos ao sistema nervoso
central e periférico afetando principalmente a camada de mielina das
fibras motoras. Não há indícios de carcinogenicidade (COMPANHIA
AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2001);
 cobre – a presença do cobre em pequenas quantidades é
fundamental em vários processos metabólicos, sendo até benéfico
ao organismo humano, onde catalisa a assimilação do ferro,
facilitando a cura, por exemplo, de anemias. No entanto, o excesso
deste metal pode produzir diferentes efeitos (RICHTER, 2004). O
principal sintoma após a ingestão desse metal é a queimação
epigástrica, naúseas, vômitos e diarréia. Podem ocorrer lesões no
trato gastrointestinal e indução de anemia hemolítica. A inalação de
cobre produz sintomas similares a silicose e dermatites de contato.
Efeito crônico é raramente reportado, exceto para portadores do Mal
28
de Wilson1 (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2001);
 alumínio – o alumínio é o elemento mais comum na costa
terrestre ocorre em rochas, apresenta uma afinidade muito grande
com oxigênio, a ligação química entre estes é extremamente forte
(GODOI, 2006).
Durante muitos anos supôs-se que o íon Al3+ era completamente
inofensivo e não tóxico ao homem. Contudo há indicações de que o
alumínio não é tão inofensivo, provoca intoxicações aguda em
pessoas com insuficiência renal, pois estas não conseguem excretar
o elemento (GODOI, 2006).
Cerca de 10 a 100mg de alumínio são ingeridos diariamente pelos
seres humanos. Embora essa quantidade pareça alta, nem toda ela
atinge a corrente sanguínea, pois apenas uma pequena parte e
reabsorvida, sendo posteriormente eliminada pelos rins (GODOI,
2006);
 ferro – o Fe é o elemento mais abundante na crosta terrestre
depois do oxigênio, silício e alumínio, compondo 30% da massa total
do planeta. Quase todas as rochas e solos contêm pelo menos
traços de ferro, estando presente como Fe2+, mas é rapidamente
oxidado na superfície da terra a Fe3+. Nesta última forma, o ferro é
solúvel em água (KROSCHWITZ, 1995; SIENKO; PLANE, 1977).
Nas águas superficiais pode ser encontrado sob as formas de (ferro
ferroso) e trivalente (ferro férrico), como solução, colóide, suspensão
ou em complexos orgânicos e minerais. Em águas não poluídas, seu
teor varia muito em função da litologia da região e do período
chuvoso, quando pode ocorrer o carreamento de solos com teores
de ferro mais elevados. Pode ocorrer em maiores concentrações
devido à drenagem de áreas de mineração, ou ao lançamento de
efluentes de indústrias de metalurgia ou de processamento de
metais (PRADO, 2010).
1
Doença congênita que provoca acúmulo de cobre no fígado, cérebro e rim resultando em
anemia hemolítica, anormalidades neurológicas e córneas opaca.
29
O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos
problemas para o abastecimento público de água. Confere cor e
sabor à água, provocando manchas em roupas e utensílios
sanitários, traz o problema do desenvolvimento de depósitos em
canalizações e de ferro-bactérias, provocando a contaminação
biológica da água na própria rede de distribuição (COMPANHIA DE
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS, 2007);
 manganês – o manganês está presente em todos os organismos
vivos,
sendo
cofator
de
diversas
reações
enzimáticas,
particularmente nas que envolvem fosforilação, colesterol, e síntese
de ácidos graxos. A principal enzima na qual é cofator é a
superóxido dismutase (SOD) que é uma das enzimas do sistema
antioxidante encontrada no citosol das células e capaz de catalisar a
reação de dismutação do radical superóxido (O2-) em oxigênio (O2) e
peróxido de hidrogênio (H2O2) (CASARETT; DOULL’S, 2001; SEIZE
OGA, 2003).
A principal via de exposição humana é a inalação. A suscetibilidade
individual aos efeitos tóxicos pela exposição ao manganês é
bastante variável. A concentração mínima que produz efeitos
adversos está entre 2 e 5 mg/m 3. A inalação de grandes doses
resulta em necroses pulmonares localizadas. Efeitos crônicos são
observados em trabalhadores de mineração e processamento de
minério de manganês, fundição e indústrias de bateria tipo “célulaseca” e soldas. O distúrbio é caracterizado por manifestações
psicológicas e neurológicas. Sua ação no sistema nervoso central,
afeta a função neurotransmissora, inicialmente provocando apatia,
insônia, alucinações e anorexia, chegando com a continuidade da
exposição a provocar rigidez muscular e tremores (COMPANHIA
AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2001);
 sódio – é um parâmetro que exerce uma grande influência na
classificação da qualidade da água para irrigação. O uso prolongado
de águas cuja relação entre o sódio, a condutividade elétrica, o
cálcio e o magnésio seja inadequada podem induzir a redução da
30
capacidade de drenagem do solo (COMPANHIA DE GESTÃO DOS
RECURSOS HÍDRICOS, 2007);
 zinco – o zinco é um dos elementos mais comuns, pode ser
encontrado no ar, no solo, na água e está naturalmente presente nos
alimentos. O Zn se distribui pelo ar, pela água e pelo solo através de
processos naturais e atividades humanas (ATSDR, 1994 apud
TONANI, 2008).
A principal via de exposição humana é a ingestão. A inalação é uma
fonte insignificante para exposição não ocupacional. Ingestão
superior à 72g de Zn produz sintomas de febre, diarréia, vômitos e
outras irritações gastrointestinais. Em exposição ocupacional os
trabalhadores
podem
mostrar
distúrbios
gastrointestinais
e
disfunções do fígado. O zinco não é considerado carcinogênico
(COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO,
2001).
31
4
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ILHA DO MOSQUEIRO
A situação dos recursos hídricos de Belém não foge ao padrão
descrito para a região norte. O crescimento desordenado da região
metropolitana em geral, e da cidade em particular, vem ocasionando uma
aceleração
dos
processos
de
degradação
dos
recursos
ambientais,
principalmente as águas. E as políticas desenvolvidas pelos poderes públicos
constituídos não têm contemplado a utilização eficiente da água2.
O sistema hidrográfico de Belém é constituído por dois grandes
corpos hídricos: a baía do Guajará e o rio Guamá, cujo divisor de águas é
quase imperceptível. A importância do rio Guamá para a cidade de Belém
deve-se ao fato de que ele, juntamente com os lagos Água Preta e Bolonha,
faz parte do Complexo Hídrico do Utinga, manancial que abastece a cidade
(BRAZ; MELLO, 2005).
Atualmente, a produção, o tratamento e a distribuição de água na
Região Metropolitana de Belém (RMB) são realizados por três diferentes
órgãos. Na Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) é gerenciado e
operacionalizado o sistema de abastecimento de água que atende a maior
parte do município de Belém e os municípios de Ananindeua, Marituba e
Benevides; o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém (SAAEB) atua nos
distritos de Icoaraci, Bengui, Outeiro e Mosqueiro e em áreas peri-urbanas do
município de Belém; e as Prefeituras Municipais de Benevides e de Santa
Bárbara do Pará são responsáveis pelos seus sistemas de abastecimento. No
Mapa 1 são ilustradas as áreas atendidas pela COSANPA e pelo SAAEB
(COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ, 2006).
2
Milton Matta. Nota de aula da disciplina hidrogeologia avançada. Belém,
2010.
32
48°35'
48°30'
48°25'
48°20'
48°15'
48°10'
Ba ía do Sol
N
1°5'
1°5'
Fu ro
M
ar
aj
ó
E
M
das
de
W
ar in
Ba
ía
S
ha s
1°10'
1°10'
SANTA BÁRBARA
DO PARÁ
1°15'
1°15'
Ba ía de Marajó
1°20'
BENEVIDES
ANANINDEUA
1°20'
MARITUBA
1°25'
1°25'
Baía do Guajará
BELÉM
1°30'
48°35'
1°30'
48°30'
ESCALA: 1/320.000
VIAS
UFPA
NUMA
GRUP O DE P ESQUISA HIDRÁUL ICA E SANEAM ENTO
48°25'
48°20'
48°15'
48°10'
ÁREA ATENDIDA POR PREFEITURAS
(BENEVIDES E STA BÁRBARA DO PARÁ)
ÁREA ATENDIDA PELO SAAEB
HIDROGRAFIA
ÁREA ATENDIDA PELA COSANPA
Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água
da Região Metropolitana de Belém
Mapa 1 – Áreas atendidas por concessionárias na RMB
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
A COSANPA gerencia o abastecimento de 40 setores (19 com água
de manancial superficial e 21 setores com água de manancial subterrâneo). As
outras áreas são abastecidas com de água subterrânea e gerenciadas pelo
SAAEB (13 setores) e pelas Prefeituras de Benevides e de Santa Bárbara do
Pará (Mapa 2; COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ, 2006).
33
48°30'
48°25'
48°20'
48°15'
48°10'
1°5'
Ba
ía
de
M
ar
ajó
1°5'
1°10'
1°10'
SANTA BÁRBARA DO PARÁ
1°15'
1°15'
ANANINDEUA
BELÉM
BENEVIDES
1°20'
Baía do Guajará
1°20'
1°25'
MARITUBA
1°25'
Rio Guamá
1°30'
1°30'
48°30'
48°25'
48°20'
PRODUÇÃO
NUMA
48°10'
ESCALA: 1/280.000
ÁGUA SUPERFICIAL
UFPA
48°15'
GRUP O DE P ESQUISA HIDRÁUL ICA E SANEAM ENTO
ÁGUA SUBTERRÂNEA
LIMITES MUNICIPAIS
Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água
da Região Metropolitana de Belém
Mapa 2– Mananciais utilizados no Sistema de Abastecimento de Água da RMB
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
A área da RMB é dividida em duas grandes zonas de abastecimento
de água: a zona central e a zona de expansão. A Ilha de Mosqueiro faz parte
da zona de expansão que é abastecida pelas duas concessionárias COSANPA
e SAAEB.
34
O Sistema de Abastecimento de Água (SAA) da Ilha é composto por
três poços com 270 metros de profundidade revestidos com tubos de aço e
filtros de aço inox com capacidade de produzir juntos até 780 mil litros de água
por hora (BELÉM, 2011). É importante ressaltar que a Ilha não é totalmente
atendida pelo SAA.
A seguir são apresentadas as principais informações dos setores
que abastecem parte da Ilha de Mosqueiro:
 Setor COSANPA: atende 10.614 habitantes, com 4.706 ligações,
sendo 4.005 ativas e 701 inativas.
 Setor VIII do SAAEB (Mosqueiro-5ª Rua) – possui uma área de
219,77 ha, que atende parte da Vila, Maracajá, Mangueiras e Praia
Grande (Mapa 3).
SAA - RMB
Esc.: 1/450.000
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
Esc.: 1/35.000
N
AEROPORTO
W
E
PRAIA
GRANDE
1
Ba
ía
de
M
ar
ajó
S
SAA-VIII
5ª Rua
Baía do
Guaj ará
MANGUEIRAS
VILA
MARACAJA
Rio G ua má
amá
Rio Gu
SETO R D E ABASTECIMENTO D E ÁGUA
UFPA
NUMA
GRUP O DE P ESQUISA HIDRÁUL ICA E SANEAM ENTO
SETO R VIII DE ABAST EC IMENTO D O SAAEB
HIDR OG RAFIA
LIMITES DE BAIRR OS
Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água
da Região Metropolitana de Belém
Mapa 3 - Localização do Setor VIII do SAAEB
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
Na Tabela 2 são mostradas as características das unidades
constituintes do Setor VIII do SAAEB.
35
Tabela 2 - Caracterização das unidades constituintes do Setor VIII do SAAEB
Características Operacionais
Subterrâneo
Manancial
Sistema de Produção
Tipo
Desifecção
Processo de Tratamento
1 dosador de pastilha
Unidades
de água
conjugada
Capacidade (m³/h)
Quantidade
01
Reservatório apoiado
Volume útil (m³)
24
Área útil (m²)
Quantidade
01
Reservatório elevado
Volume útil (m³)
180
Área útil (m²)
Extensão
Tubulação de
Diâmetro (mm)
distribuição
Material
PVC/DEFOFO
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
 Setor IX do SAAEB (Mosqueiro-Baia do Sol) – possui uma área
de 75,88 há, atende a Baia do Sol (Mapa 4).
SAA - RMB
Esc.: 1/450.000
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
Esc.: 1/25.000
N
W
E
Baía d
o Sol
Ba
ía
de
M
ar
aj
ó
S
Baía do
Guaj ará
SAA-IX
BAÍA DO SOL
BAIA DO SOL
Rio G ua má
amá
Rio Gu
SETO R D E ABASTECIMENTO D E ÁGUA
UFPA
NUMA
GRUP O DE P ESQUISA HIDRÁUL ICA E SANEAM ENTO
SETO R IX DE ABASTEC IMEN TO D O SAAEB
HIDR OG RAFIA
LIMITES DE BAIRR OS
Plano Diretor do Sistema de Abastecimento de Água
da Região Metropolitana de Belém
Mapa 4 - Localização do Setor IX do SAAEB
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
36
Na Tabela 3 são mostradas as características das unidades
constituintes do Setor IX do SAAEB.
Tabela 3 - Dados gerais do Setor IX do SAAEB
Dados gerais
Área (ha)
Município
Limite
Vazão produção (m³/h)
Vazão distribuição
Setor
(m³/dia)
Cota per capita (L/hab.
dia)
Comprimento total da
rede (Km)
Número de Ligações
Fonte: COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (2006).
75,88
Belém
145
145
707
10.196
-
37
5
MATERIAL E MÉTODOS
5.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo (Mapa 5) está localizada na costa oriental do rio
Pará sul do Amazonas em frente à Baía de Guajará. A ilha de Mosqueiro
destaca-se em função de vários fatores tais como sua distância, por ser uma
das mais próximas da área continental de Belém (sua localização em relação à
capital é de 77 quilômetros de distância), por sua dimensão territorial, por ser
uma das maiores (sua área geográfica é de 52.629 quilômetros) e,
principalmente pelo grau de impactação antrópica com o qual vem se
deparando, por exemplo, a ocupação desordenada e a exploração econômica
diversificada (VALENTE; PENICHES, 2003).
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
48°27'30"W
48°25'40"W
48°23'50"W
48°22'0"W
48°20'10"W
®
1°5'0"S
1°6'50"S
1°6'50"S
BA
ÍA
DO
M
AR
1°5'0"S
AJ
Ó
1°3'10"S
48°29'20"W
1°3'10"S
UFPA
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFRA
Município de Belém
1°8'40"S
Base Viária
1°8'40"S
Legenda
Limites do Municipais
BELÉM
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2008a), IBGE (2008)
Esc: 1/114.054
1°10'30"S
Hidrografia
1°10'30"S
Ilha de Mosqueiro
48°29'20"W
48°27'30"W
48°25'40"W
48°23'50"W
48°22'0"W
48°20'10"W
Mapa 5 – Ilha de Mosqueiro
Segundo dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (2010), a ilha do Mosqueiro possui cerca de 33.232
habitantes, sendo 16.632 homens e 16.600 mulheres. Para Santos (2004) há
um inchaço populacional devido às inúmeras invasões e especulações
38
imobiliárias. Distribuídos em diversos bairros arrodeados por praias de orlas em
terrenos planos e outra de grande vegetação nativa, considerada área rural.
A população mosqueirense se encontra distribuída em 19 bairros
que vão da Vila aos mais afastados como a Baia do Sol, que ainda guarda
fortes características de uma pacata colônia de pescadores (MIRANDA, 2002).
5.1.1 Clima
Na ilha o clima é trópico úmido, com temperatura máxima de 28°C,
com média de 26°C e mínima de 24°C (SANTOS, 2004).
Os
meses
que
possuem
maior
incidência
de
precipitação
pluviométrica são de dezembro a abril com média anual de 3.907mm, enquanto
que o período de maior estiagem vai de julho a novembro (MIRANDA, 2002).
5.1.2 Relevo
Apresenta-se plano com cotas mais altas de 38m e mais baixas de
2m correspondendo à pequenas ondulações no relevo e nas planícies. Estudos
feitos nas praias identificam o solo como: hidromórficos apresentam um
horizonte B latossólico em perfil profundo onde o teor de argila cresce
geralmente em profundidade (SANTOS, 2004).
5.1.3 Vegetação
A vegetação exuberante, apresentando-se subdividida em três
grandes tipos, segundo Monteiro et al. (1992), que são:
 vegetação de várzea, típica de área inundável sob controle
periódico das marés e caracterizada por vegetação de raízes subaéreas;
 vegetação de floresta densa, associada aos terrenos mais
elevados chamados de “terra firme”;
 vegetação
de
floresta
secundárias
associadas
a
áreas
desmatadas e caracterizada por ervas e arbustos, chamada também
de capoeira.
39
5.2 DESCRIÇÃO DA PESQUISA
A Ilha de Mosqueiro é composta por 21 praias de água doce, numa
extensão de mais de 17km, onde estas por sua vez são banhadas com águas
da baía, possuindo dessa forma ondas volumosas como as de praias
oceânicas (SANTOS, 2004). A pesquisa foi realizada ao longo da Ilha de
Mosqueiro (Mapa 6).
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFRA
48°26'0"W
MA
NH
RI
DO
M
(
ÍA
AS
BA
1°6'0"S
48°16'0"W
SANTO ANTÔNIO
DO TAUÁ
S
AJ
Ó
3
!
(
9
!
AR
1°4'0"S
!
(
48°18'0"W
DA
4
!
(
1 !(2
48°20'0"W
RO
7
!
(
5
!
(6
8
!
(
!
(
48°22'0"W
FU
®
48°24'0"W
1°4'0"S
48°28'0"W
BELÉM
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
12
!
(
16
(
!
(
15
D
ILHA
E MO
SQ U
EIRO
11
Legenda
Limites municipais - Pará
13
Base viária
20 !(!( 19
!
(
21
1°10'0"S
22
!
(
1°8'0"S
18 !( 17
!
( !
(
14
!
!
(
Bairros de Mosqueiro
!
(
24
(
!!
(
Localização dos Pontos
1°10'0"S
1°8'0"S
10!(
1°6'0"S
UFPA
Hidrografia
23
Escala 1/90.000
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°28'0"W
48°26'0"W
48°24'0"W
48°22'0"W
48°20'0"W
48°18'0"W
48°16'0"W
Mapa 6 – Área de estudo da pesquisa
A operacionalização e o desenvolvimento da pesquisa ocorreram em
três fases: exploratória, trabalho de campo e tratamento estatístico.
A
fase
exploratória
compreende
as
seguintes
etapas:
desenvolvimento de bases teórico, delimitação da área de estudo, exploração
de campo, elaboração de questionários.
Na fase de trabalho de campo as atividades metodológicas iniciaram
com: visitas as áreas selecionadas; orientação e aplicação de questionários,
coleta
de
amostras
de
água
de
consumo,
análise
de
parâmetros
microbiológicos e físico-químicos.
A análise e o tratamento de dados constituíram a terceira fase da
pesquisa. Os resultados brutos serão submetidos aos métodos da estatística
descritiva e de análise de componentes principais.
40
5.3
PONTOS DE AMOSTRAGEM
Os pontos de amostragem de água foram escolhidos após visita de
reconhecimento na área de estudo em agosto de 2010. Nos mapas 7 a 9 são
mostrados os pontos de coleta.
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFRA
48°24'0"W
®
Pará
!
(
!
(
DO M
ARA
JÓ
1°4'0"S
BAIA
Belém
!
(
!
(
!
(
7
2
!
(
3
5
!
(6
4
!
(
!
(
!
(
Legenda
Limites municipais - Pará
1 !(
1°4'0"S
UFPA
8
9
MOSQUEIRO
Base viária
Bairros de Mosqueiro
!
(
Localização dos Pontos
1°6'0"S
1°6'0"S
Hidrografia
Escala 1/34.000
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°24'0"W
Mapa 7 – Pontos de Coleta de 1 a 9 na Ilha de Mosqueiro/PA
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFPA
!
(
UFRA
!
(
Pará
!
(
!
(
®
!
(
!
(
!
(
BA
Belém
!
(
1°7'0"S
!
(
!
(
48°27'0"W
1°7'0"S
!
(
M
IA DO
ARA
14
JÓ
!
(
15
!
(
!
(
!
(
10
!
(
11
!
(
!
(
!
(
!
(
Legenda
Limites municipais - Pará
1°8'0"S
Bairros de Mosqueiro
!
(
Localização dos Pontos
!
(
!
(
12
MOSQUEIRO
Hidrografia
17
!
(
Escala 1/35.000
1°8'0"S
13
Base viária
16
!
(
!
(
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°27'0"W
Mapa 8 – Pontos de Coleta de 10 a 15 na Ilha de Mosqueiro/PA
41
!
!
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFPA
!
!
UFRA
48°28'0"W
®
Pará
!
!
!
17
!
48°27'0"W
16
!
AJ Ó
!
(
!
(
18
1°9'0"S
BA
19
20
ÍA D
1°9'0"S
OM
AR
Belém
!
!
21
!
Legenda
Limites municipais - Pará
MOSQUEIRO
22
Base viária
!
Bairros de Mosqueiro
Localização dos Pontos
!
Hidrografia
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
1°10'0"S
Escala 1/36.000
24
!
23
1°10'0"S
!
(
48°28'0"W
48°27'0"W
Mapa 9 – Pontos de Coleta de 16 a 24
5.4
ORIENTAÇÃO E APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS
O levantamento das condições básicas de saneamento foram
realizados a partir da aplicação de questionário para obtenção de informações
tais como: numero de cômodos, características dos domicílios, condições de
saneamento e vários outros aspectos que se mostram relacionados para a
construção de um perfil da Ilha de Mosqueiro (em anexo).
A
amostragem
foi
composta
por
24
famílias
escolhidas
aleatoriamente. Os dados coletados nos questionários irão ser apresentados
em forma de gráficos.
5.5
COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA DE CONSUMO
As coletas de água foram realizadas em dois períodos sazonais
distintos (seco – outubro / 2010, chuvoso – março / 2011). As amostras foram
acondicionadas em frascos de polietileno de 1 litro e armazenadas em isopor
com gelo para a conservação até o momento da análise no Laboratório de
Química Ambiental da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Na
Tabela 4 são mostrados todos os parâmetros analisados.
42
Tabela 4 – Parâmetros analisados
PARÂMETROS
UNIDADES
Quantidade
de
amostras
na 1º coleta
Quantidade
de
amostras
na 2º
coleta
24
24
24
Total de
Amostras
analisadas
Cor Aparente
uH
24
Turbidez
UNT
24
Cloreto
mg/L
24
Sólidos totais
mg/L
24
24
dissolvidos
Coliformes Totais
24
24
Escherichia coli
24
24
Dureza
mg/L
24
24
N-amoniacal
24
24
Nitrito
mg/L
24
24
Nitrato
mg/L
24
24
Bário
mg/L
24
24
Chumbo
mg/L
24
24
Cobre
mg/L
24
24
Alumínio
mg/L
24
24
Ferro
mg/L
24
24
Manganês
mg/L
24
24
Sódio
mg/L
24
24
Zinco
mg/L
24
24
TOTAL DE AMOSTRAS A SEREM ANALISADAS
5.6
ANÁLISE
DE
PARÂMETROS
MICROBIOLÓGICOS
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
48
864
E
FÍSICO-
QUÍMICOS
A avaliação das condições microbiológica e físico-química da água é
importante para verificar as interferências de poluentes que colocam em risco a
saúde da população estudada. Os valores de turbidez e cor aparente foram
medidos com turbidímetro da marca Hach 2100P e colorimetro da marca Hach
DR/890, respectivamente. Para obtenção da concentração dos nutrientes (Namoniacal, nitrito, nitrato), coliformes totais, Escherichia coli, dureza, sólidos
totais dissolvidos foram empregados os métodos descritos em Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995).
As amostras de metais pesados foram analisadas pelo Laboratório
Canadense Acme Analytical Laboratories (Vancouver) Ltd.
43
5.7
ANÁLISES DE DADOS
Para os dados obtidos foram aplicada a estatística descritiva e
análise de componentes principais.
Para a estatística descritiva os dados foram organizados em forma
de tabela, a fim de proporcionar a confecção de gráficos, para possibilitar a
comparação entre os pontos estudados.
Análise de Componentes é um modelo fatorial no qual os fatores são
baseados na variância total. Na análise de componentes, unidades (1s) são
usadas na diagonal da matriz de correlação; esse procedimento implica
computacionalmente que toda a variância é comum ou compartilhada
(ARAUJO; COELHO, 2009).
Análise de componentes principais é um dos métodos multivariados
mais simples. O objetivo da análise é tomar p variáveis X1;X2; : : : ;Xp e
encontrar combinações destas para produzir índices Z1;Z2; : : : ;Zp que sejam
não correlacionados na ordem de sua importância, e que descreva a variação
nos dados. A falta de correlação significa que os índices estão medindo
diferentes "dimensões" dos dados, e a ordem é tal que V ar(Z1) ¸ V ar(Z2) ¸ : : :
¸ V ar(Zp), em que V ar(Z1) denota a variancia de (Z1). Os índices Z são então
os componentes principais (ARAUJO; COELHO, 2009).
44
6
QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO
DE CASO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA
6.1 INTRODUÇÃO
A água doce é um recurso natural finito, cuja qualidade ao longo dos
anos vem se degradando devido ao aumento da população e à ausência de
políticas
públicas
voltadas
para
a
sua
preservação.
Estima-se
que
aproximadamente doze milhões de pessoas morrem anualmente por
problemas relacionados com a qualidade da água (MERTEN, MINELLA; 2002).
Entre as principais causas de contaminação, podemos destacar a
progressiva e desordenada urbanização das cidades, que resulta na ocupação
de áreas inadequadas para moradia, sem infraestrutura mínima e saneamento
básico necessário (Sá et al; 2005).
Para Silva e Araújo (2003) diversos fatores podem comprometer a
qualidade da água subterrânea. O destino final do esgoto doméstico e industrial
em fossas e tanque sépticos, a disposição inadequada de resíduos sólidos
urbanos e industriais entre outros. Segundo Varnier e Hirata (2000) no Brasil,
40% da população utiliza fossas rudimentares ou não possui qualquer sistema
de saneamento que, na prática, se traduz na deposição inadequada dos
efluentes líquidos, muitas vezes diretamente nos aquíferos.
Devido a esses fatores é importante a obtenção sistemática de
informações quanto à qualidade das águas, uma vez que qualquer ação sobre
os recursos hídricos não pode ser eficientemente planejada e implementada
sem a disponibilidade de dados adequados e confiáveis.
Desse modo o presente trabalho tem como objetivo avaliar a
qualidade da água na Ilha de Mosqueiro para consumo humano em 24 pontos
de coleta ao longo da Ilha, que está localizada a 77 km da capital do Estado do
Pará.
45
6.2 MATERIAIS E MÉTODOS
6.2.1 Área de Estudo
A ilha de Mosqueiro situa-se a 77 km da Cidade de Belém (Mapa
10), está localizada na costa oriental do rio Pará, em frente à Baia do Guajará,
é uma das 25 ilhas identificadas nominalmente que circundam Belém, possui
21 praias de água doce, numa extensão de mais de 17km. A Ilha sempre teve
um papel importante no contexto da Região Metropolitana de Belém como
espaço de lazer desde o início do século XX (TAVARES et al, 2007).
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFPA
UFRA
48°36'0"W
48°27'0"W
48°18'0"W
1°3'0"S
!
(
!
(
1°3'0"S
Pará
sq u e
iro
1°12'0"S
1°12'0"S
o
de M
Ilha
1°21'0"S
Legenda
Limites municipais - Pará
1°21'0"S
Belém
Escala 1/280.000
1°30'0"S
Localização dos Pontos
de coleta
1°30'0"S
Bairros de Mosqueiro
!
(
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°36'0"W
48°27'0"W
48°18'0"W
Mapa 10 – Localização da área de estudo
O adensamento populacional desse reduto do veraneio paraense
tem provocado impactos ambientais. Assim como as particularidades
ecossistêmicas da ilha, cujos aspectos naturais são os atrativos para sua
valorização (FIGUEIREDO, 1999).
A coleta de água foi realizada em 24 pontos (Mapa 11) ao longo da
Ilha de Mosqueiro, em dois períodos: menor precipitação pluviométrica e maior
precipitação pluviométrica, totalizando 48 amostras de água submetidas a
análises físico-química, bacteriológicas e metais pesados.
46
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFRA
3
!
(
AR
NH
RI
9
!
BA
1°6'0"S
ÍA
AS
DO
M
(
BELÉM
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
12
16
!
(
(
!
(
15
ILHA
DE M
O SQ
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O
11
22
!
(
1°8'0"S
18 !( 17
!
( !
(
14
!
!
(
Legenda
Limites municipais - Pará
13
Base viária
Bairros de Mosqueiro
!
(
24
(
!!
(
Localização dos Pontos
1°10'0"S
1°8'0"S
10!(
20 !(!( 19
!
(
21
1°10'0"S
48°16'0"W
SANTO ANTÔNIO
DO TAUÁ
MA
AJ
Ó
!
(
48°18'0"W
S
5
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(6
8
!
(
!
(
4
!
(
1 !(2
48°20'0"W
DA
7
!
(
48°22'0"W
RO
®
48°24'0"W
1°4'0"S
48°26'0"W
FU
1°4'0"S
48°28'0"W
1°6'0"S
UFPA
Hidrografia
23
Escala 1/90.000
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°28'0"W
48°26'0"W
48°24'0"W
48°22'0"W
48°20'0"W
48°18'0"W
48°16'0"W
Mapa 11 – Localização dos pontos de coleta de água na Ilha de Mosqueiro
6.2.2 Analise das Amostras
As amostras de água de poço foram coletadas das torneiras nas
residências no mês de novembro de 2010 (menor precipitação pluviométrica) e
março de 2011 (maior precipitação pluviométrica). A água foi acondicionada em
frascos de polietileno, que foram pré-lavados com ácido clorídrico (10%) e água
deionizada. As garrafas de água foram colocadas em isopor com gelo e
transportadas para o Laboratório de Química Ambiental da Universidade
Federal Rural da Amazônia (UFRA).
As análises físico-químicas, como turbidez foi realizada através de
Unidade Nefelométrica de Turbidez- UH, cor através da Unidade Pt Co e para
obtenção da concentração dos nutrientes (N-amoniacal, nitrito, nitrato), cloreto,
sólidos totais dissolvidos (STD), dureza foram realizadas segundo as técnicas
recomendadas pela American Public Health Association (APHA, 2005)
Para as analise de metais as amostras de água foram filtradas
através de filtros com membrana de 0,45 milímetros e acidificou-se para 1% v /
v com ácido nítrico ultra pura para minimizar oligoelementos precipitação /
47
adsorção
em armazenamento.
As amostras
assim preservada foram
armazenadas a 4 º C e transportadas para o laboratório Canadense Acme
Analytical Laboratories (Vancouver) Ltd.
6.2.3 Analise Estatística
Os dados de metais pesado (alumínio, bário, cobre, ferro,
manganês, sódio, chumbo, antimônio e zinco), de cloreto, de sólidos totais
dissolvidos, de dureza, de nitrogênio (nitrato, nitrito e amônia), obtidos durante
o período de maior precipitação pluviométrica e menor precipitação
pluviométrica, foram analisados através de métodos de estatística descritiva e
da análise de componentes principais.
Os valores estatísticos característicos das variáveis foram descritos
em termos de sua mediana, quartil inferior (25%), quartil superior (75%),
valores máximos e mínimos.
Na análise de componentes principais (ACP) as variáveis originais
são linearmente combinadas com o objetivo de projetar o máximo de
informação no menor número de dimensões. A informação total contida no
conjunto de dados de partida é quantificada pela matriz de covariância. A
primeira componente principal (PC1) é a direção de máxima variância e,
portanto, de máxima informação no espaço multidimensional original. A
segunda componente (PC2) é ortogonal a PC1 e corresponde ao eixo que
explica o máximo possível da informação que não pôde ser representada pela
primeira componente. Juntas, PC1 e PC2 definem o plano de máxima
informação no espaço multidimensional. Se as variáveis apresentarem muitas
correlações significativas, é possível que esse plano já contenha informação
suficiente para permitir inferir os padrões de associação existentes nos dados
de partida (MASSART et al., 1998).
Cada eixo, numa análise de componentes principais, é caracterizado
por três tipos de parâmetros: (i) a percentagem de variância/informação
explicada, (ii) os pesos das variáveis originais, que indicam a sua importância
relativa na definição da direção daquela componente principal, e (iii) os escores
48
dos vetores de dados, que localizam as projeções desses vetores sobre os
eixos PC.
Como os dados foram registrados em diferentes escalas, não
poderiam ser combinados nos seus valores originais. Antes da PCA, foi
necessário reprocessá-los através de um autoescalonamento a variância
unitária, definido pela transformação:
onde
= valor da variável j determinado para o objeto i (“objeto”, nesse
contexto, significa simplesmente uma linha da matriz de dados), e
e
são a
média e o desvio padrão da variável j no conjunto de dados analisado. Com o
autoescalonamento, as variáveis passam a ser expressas numa escala
adimensional onde todas elas têm variância unitária, isto é, a mesma
informação.
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Análises de Componentes
METAIS
A análise de componentes principais com os parâmetros de metais
pesados, de turbidez, de sólidos totais dissolvidos e de cor aparente, obtidos
nos diferentes períodos (menor e maior precipitação pluviométrica) de coleta
mostra que as duas primeiras componentes (PC1 e PC2) juntas descrevem
cerca de 53% da variância original (Tabela 5 e Figura 1). A PC1 explicou 32%
da variância total e pode ser interpretada como um contraste entre, de um lado,
o sólidos totais dissolvidos (0,81), o bário (0,80), o manganês (0,68), o sódio
(0,43) e de outro lado, o alumínio (-0,67), o chumbo (-0,67), o cobre (-0,66), o
zinco (-0,64). Os sinais contrários indicam uma correlação negativa ao longo da
PC1 entre os dois grupos, que são a principal fonte de variação no conjunto de
amostras.
49
Os sólidos totais dissolvidos é a soma dos teores de todos os
constituintes minerais presentes na água, esse parâmetro com o metal bário e
o manganês formou um grupo isolado na PC1, esse agrupamento pode ser
explicado por se tratar de uma camada areno-argiloso.
Os metais pesados zinco, cobre e chumbo formaram outro grupo
isolado, segundo o gráfico de PC1, isso pode estar relacionado a associação
geoquímica desses elementos nos materiais geológicos por intemperismo. O
acúmulo desses metais depende de uma série de fatores ambientais externos,
tais como, pH, força iônica dentre outros.
A cor aparente, a turbidez e o ferro não apresentaram uma forte
influência na primeira componente, mas destacaram-se na segunda (PC2), que
explicou 21% da variância total. Isso indica que estes parâmetros são
altamente correlacionados, pois concentrações elevadas de ferro acarretam
valores elevados de cor e turbidez. Vale ressaltar que a Ilha de Mosqueiro faz
parte do aquífero Barreiras que tem como uma das principais características
um alto teor de ferro.
Tabela 5 – Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. Os valores mais
significativos estão em negrito.
Variável
PC1 PC2
Al
-0,65 -0,27
Ba
0,80 0,31
Cu
-0,68 0,48
Fe
0,22 -0,45
Mn
0,68 0,15
Na
0,41 0,10
Pb
-0,70 0,35
Zn
-0,66 0,46
Cor
-0,10 -0,83
Turbidez
-0,10 -0,87
STD
0,80 0,30
Variância explicada (%)
34
23
50
0,6
0,4
Cu
Zn
Pb
BaD
ST
Pesos em PC2 (23%)
0,2
Mn
Na
0,0
-0,2
Al
Fe
-0,4
-0,6
Cor Aparente
T urbidez
-0,8
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Pesos em PC1 (34%)
Figura 1 - Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes principais da
análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de maior e menor
precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA.
Os escores para os dados de metais e turbidez, cor e STD em PC1
e PC2, estratificados de acordo com o período de menor e de maior
precipitação pluviométrica, estão plotados na Figura 2. Pode-se observar que
não ocorreu uma separação nítida entre os períodos, com exceção para os
pontos destacados no segundo quadrante (Pontos 1 e 6) e terceiro quadrante
(Pontos 4 e 7), o que indica que a sazonalidade não influencia de forma direta
nos pontos estudados, visto que, este parâmetro tem maior influencia em
poços com um alto índice de vulnerabilidade. Os pontos 1, 4, 6 e 7 são dados
obtidos em poços artesianos e amazonas, fato que explica possível destaque
nos escores, pois geralmente são poços construídos sem critérios técnicos
adequados, ficando vulneráveis a possíveis contaminação pela lixiviação do
solo, disposição inadequada do lixo, esgoto a céu aberto entre outros.
51
4
Ponto 1
3
Escores em PC2 (23%)
2
Ponto 6
Ponto 1
1
0
-1
Ponto 7
-2
-3
Ponto 4
Include Período='Seco'
Include Período='Chuvoso'
-4
Ponto 4
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
Escores em PC1 (34%)
Figura 2 – Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita
com os parâmetros de metais, cor, turbidez e STD durante o período de menor e
maior precipitação pluviométrica.
PARÂMETROS INORGÂNICOS
Para os parâmetros abióticos obtidos nos diferentes períodos (menor
e maior precipitação pluviométrica) a análise de componentes principais mostra
que as duas primeiras componentes (PC1 e PC2) juntas descrevem cerca de
56% da variância original (Tabela 6 e Figura 3). A PCI explicou 33% da
variância total, de um lado o cloreto (0,46), o sólido total dissolvido (0,78) e a
dureza (0,82) e de outro a cor (-0,64), a turbidez (-0,66).
A dureza de uma água é proporcional à presença de sais de cálcio e
magnésio. A dureza pode ser temporária quando devida à presença de
bicarbonatos de cálcio e magnésio ou permanente, quando originada por
cloretos, sulfatos e nitratos de cálcio e magnésio (VON SPERLING, 2005). A
associação deste parâmetro com os sólidos totais dissolvidos pode estar
relacionada com a quantidade de íons de cálcio e magnésio presente nos
aquíferos barreiras. Estudos realizados por Behling e Costa (2004), relataram a
presença de oxido de magnésio e oxido de cálcio na composição química do
solo da ilha de mosqueiro.
O nitrato não apresentou uma forte influência na primeira
componente, mas destacou-se na segunda (PC2), que explicou 23% da
variância total. A presença de nitrato corresponde à poluição antiga, tais fatos
52
indicam que as águas estudadas estão sofrendo influências de fatores
antrópicos, por se tratar de um espaço urbano com um conjunto de atividades
poluidoras.
Tabela 6 – Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA. Os valores mais
significativos estão em negrito.
Variável
Cor
Turbidez
Cloreto
Sólidos totais dissolvidos
(STD)
Dureza
Nitrato
Nitrito
N-amoniacal
Variância explicada (%)
PC1
-0,64
-0,66
0,46
PC2
0,63
0,61
-0,12
0,78
0,22
0,82
-0,33
0,28
0,24
33
0,29
-0,65
0,35
0,61
23
0,8
Cor
Aparente
T urbidez
N-amoniacal
0,6
Nitrito
Pesos em PC2 (23%)
0,4
Dureza
ST D
0,2
0,0
Cloreto
-0,2
-0,4
Nitrato
-0,6
-0,8
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Pesos em PC1 (33%)
Figura 3 - Pesos e variância explicada pelas duas primeiras componentes
principais da análise das variáveis com dados obtidos durante os períodos de
maior e menor precipitação, na Ilha de Mosqueiro/PA.
Os escores para os dados abióticos em PC1 e PC2, estratificados de
acordo com o período de menor e de maior precipitação pluviométrica, estão
plotados na Figura 4. Para os parâmetros abióticos, as variações dos índices
pluviométricos não influenciaram na qualidade da água, no entanto para os
53
pontos (4 e 7) segundo quadrante se destacaram devido o alto índice de cor e
turbidez durante o período de maior precipitação pluviométrica. Os pontos (10 e
12) terceiro quadrante se destacaram devido a maior concentração de nitrato
que teve durante o período de maior precipitação.
4
Ponto 4
3
Escores em PC2 (23%)
Ponto 11
Ponto 4
2
Ponto 7
1
0
-1
-2
Ponto 12
Ponto 10
Menor precipitação pluviométrica
Maior precipitação pluviométrica
-3
-4
-4
-3
-2
-1
0
1
2
Escores em PC1 (33%)
Figura 4 – Escores nas duas primeiras componentes principais, na análise feita
com os parâmetros abióticos durante o período de menor e maior precipitação
pluviométrica.
Analises de dados
ESTATÍSTICA DESCRITIVA
Os dados de cor, turbidez, cloreto, STD, dureza, nitrato, nitrito, Namoniacal, alumínio, bário, cobre, ferro, manganês, sódio, chumbo e zinco
analisados na água de consumo são mostrados na Tabela 7 que contém os
valores mínimos e máximos encontrados bem como as concentrações
medianas para os parâmetros analisados. Do mesmo modo, a Tabela 7
compara os resultados com os limites relatados na portaria 2.914 do ministério
da saúde (BRASIL, 2011) e com os valores proposto nas diretrizes para a
qualidade da água potável estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 1993).
54
Tabela 7 – Mínimo, máximo, mediana, dos dados abióticos (cor, turbidez, cloreto, sólidos totais dissolvidos, dureza, nitrato, nitrito,
amônia) e metais pesados presentes nos poços de água analisados no período de maior e menor precipitação na Ilha de
Mosqueiro/ Pa e comparação com os limites de detecção da portaria Nº 2914/2011 do ministérios da saúde e os níveis permitidos
pela World Organização Mundial da Saúde
PARÂMETROS
MENOR PRECIPITAÇÃO
Al (µg.L )
24
2,00
404
34,50
116,5
6,8
24
2
383
8,5
132,8
3,0
200
200
-1
24
1,36
85,47
54,45
73,1
3,1
24
1,59
110,8
33
89
4
700
700
-1
24
0,20
638,90
2,65
8,4
0,6
24
0,20
215,5
1,9
4,9
0,4
2000
2000
-1
Fe (µg.L )
24
0,00
1281
91,50
186,0
46,3
24
0,00
379
57
207
9
300
2000
-1
Mn (µg.L )
24
4,46
123,59
14,85
62,7
6,1
24
1,86
114,09
11,37
47,33
6,06
500
-1
Cu (µg.L )
Mínimo Máximo Mediana
Q. Sup. Q. Inf.
WHO
Mínimo
Ba (µg.L )
Q. Sup. Q. Inf. N°
Portaria MS
2914/11
N°
-1
Máximo Mediana
MAIOR PRECIPITAÇÃO
24
1,19
8,83
4,38
5,6
3,7
24
1,90
14,29
5,82
6,41
3,94
100
200
-1
24
0,00
16,60
0,45
1,1
0,0
24
0,00
18,10
0,30
1,30
0,00
10
10
-1
Zn (µg.L )
24
0,00
758,80
2,80
14,1
1,3
24
0,00
211,40
3,40
6,88
1,68
3000
Cor (uH)
24
0,00
84
1,00
13,5
0,0
24
0,00
133
12
17
0
5000
15
Turbidez (UT)
24
0,44
13,40
1,33
2,5
1,1
24
0,57
19,30
1,56
1,92
1,21
5
-
24
35,00
110
60
70,0
53,7
24
45
120
65
75
54
250
-
24
13,00
203
87,50
158,3
28,5
24
3
204
75
146
18
1000
-
24
8,00
276
136
221,0
27,0
24
12
224
132
192
26
500
-
24
0,00
0,70
0,01
0,2
0,0
24
0,00
1,75
0,02
0,27
0,00
10
-
24
0,00
0,05
0,00
0,0
0,0
24
0,00
0,18
0,00
0,01
0,00
1
-
24
0,21
0,40
0,27
0,3
0,2
24
0,00
0,41
0,27
0,30
0,25
1,5
-
Na (mg.L )
Pb (µg.L )
-1
Cloreto (mg.L )
-1
STD(mg.L )
-1
Dureza(mg.L )
-1
Nitrato(mg.L )
-1
Nitrito(mg.L )
N-AMONIACAL
-1
(mg.L )
200
-
55
O gráfico de caixa da Figura 5 permite uma comparação visual das
distribuições de metais, turbidez, cor e STD nos período de menor e maior
precipitação pluviométrica. Nesse gráfico, a altura das caixas representa a
distância interquartílica; o ponto central, a mediana e as extremidades das duas
linhas, os valores máximo e mínimo. Para permitir comparar, numa única
figura, variáveis com unidades ou distribuições diferentes, realizou-se um
autoescalonamento prévio da matriz de dados, isto é, uma transformação linear
que torna todas as variáveis adimensionais com média zero e variância
unitária.
Figura 5 - Distribuição dos valores autoescalonados para metais, cor aparente, turbidez e STD.
A dispersão do alumínio no período de menor precipitação
pluviométrica foi relativamente assimétrica, com a mediana próxima aos
valores mínimos. No período de maior precipitação pluviométrica o valor da
mediana ficou próximo aos valores mínimos, indicando uma assimetria
orientada no sentido do quartil inferior (Figura 5). O valor da mediana nesse
período foi de 8,5 µg.L-1, enquanto que no período de menor precipitação
pluviométrica foi de 34,50 µg.L-1 (Figura 5). Ao comparar com os limites
estabelecidos pela portaria 2.914 do ministério da saúde e pela Organização
Mundial da Saúde (WHO, 1993), a mediana dos valores esta dentro do limite
de aceitação para consumo humano. Segundo Flaten, 2001 o alumínio está
presente naturalmente na água, devido ao contato com o solo, sendo sua
concentração dependente do pH da água, que varia de acordo com a região do
56
planeta. Para a organização mundial de saúde (WHO,2003), existe uma
relação entre a ingestão de elevados teores de alumínio em água potável
associada a doenças de Alzheimer’s.
Para o metal bário as amplitudes interquartílicas foram semelhantes
em ambos os períodos, com maiores valores da mediana encontrados no
período de menor precipitação pluviométrica (mediana para BA = 54,45 µg.L-1 ,
Tabela 7 e Figura 5). Os valores obtidos para este metal estão dentro dos
padrões de potabilidade estabelecidos pelas duas legislações estudadas.
Segundo Springway (2004) a alta concentração do metal bário pode causar
graves alterações no coração, veias, artérias e sistema nervoso, podendo
causar paralisação nas terminações nervosas, quando em altas doses.
A distribuição do metal cobre apresentou-se assimétrica nos dois
períodos, com a cauda superior bastante longa no período de menor
precipitação, mostrando que o valor máximo foi detectado nesse período. Os
valores medianos apresentaram-se próximos nos dois períodos de coleta
(Figura 5). De acordo com a legislação para consumo humano os valores do
metal cobre estão dentro dos padrões de potabilidade.
Com relação ao teor de ferro a distribuição dos dados foi
relativamente assimétrica para os dois períodos. A amplitude interquartil dos
dados foi mais acentuada no período de maior precipitação pluviométrica com
uma mediana de 57 µg.L-1 (Tabela 7) já no período de menor precipitação
pluviométrica a amplitude interquartil mostrou-se mais suave e com uma cauda
superior longa e uma mediana de 91,5 µg.L-1. Para o metal manganês a
distribuição dos valores no período de menor precipitação pluviométrica foi
assimétrica, com a mediana próxima aos valores mínimos. No período de maior
precipitação pluviométrica a mediana ficou próximo aos valores mínimos,
indicando uma assimetria orientada no sentido do quartil inferior (Figura 5). Os
valores oscilaram entre o mínimos de 1,86 µg.L-1 (maior precipitação
pluviométrica) e máximo de 123,59 µg.L-1 (menor precipitação pluviométrica).
Comprando esses dois metais com a legislação de potabilidade e a
Organização Mundial da Saúde (WHO, 1993), a mediana dos valores ficou
dentro dos padrões estabelecidos pelas portarias.
57
O metal sódio teve uma variação assimétrica em ambos os períodos
com valores de medianas menores no período de menor precipitação
pluviométrica (mediana de 4,38 mg.L-1 ). O limite máximo foi detectado no
período de maior precipitação pluviométrica (14,29 mg.L -1), os valores
analisados estão dentro dos limites de aceitação para consumo humano.
Os valores mínimos do chumbo em ambos os períodos ficaram
próximos ao quartil inferior, e com caudas longas nos dois períodos com
valores máximos de 16,60 µg.L-1 menor precipitação e 18,20 µg.L-1 maior
precipitação pluviométrica. Ao comparamos com as legislações vigentes para
consumo humano a mediana dos valores estão dentro dos padrões
estabelecidos pelas mesmas.
Para o metal zinco foi observado que este não obteve uma
amplitude interquartil, no período de maior precipitação pluviométrica, com a
mediana de 3,4 µg.L-1. Para o período de menor precipitação a amplitude
interquartil teve uma pequena variação, com a mediana de 2,8 µg.L -1. O limite
superior nesse período indica a concentração máxima de 758,80 µg.L -1, os
valores mais elevados encontra-se nesse período como indicam a posição
relativa das respectivas caixas (Tabela 7 e Figura 5). Os valores do metal zinco
estão dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos dela portaria 2914/11
do ministério da saúde e pela organização mundial de saúde.
Para o parâmetro Cor a distribuição foi assimétrica, em ambos os
períodos, com valores de medianas menores no período de menor precipitação
(mediana de 1 uH), o valor mínimo nesse período foi igual ao 1º quartil de 0 uH
(Tabela 7 e Figura 5). No período de maior precipitação pluviométrica a
mediana foi de 12 uH e os maiores valores foi encontrados nesse período
(máximo de 133 uH). A distribuição dos dados de turbidez apresentou uma
distribuição menos assimétrica, com valores medianos nos períodos de menor
precipitação (1,33 UT) e maior precipitação (1,56 UT) bastante próximo. Os
altos valores de cor e turbidez detectadas em varias amostras resultam
provavelmente de origem natural, os quais foram relacionados com os teores
de ferro segundo a ACP. A mediana das amostras tiveram resultados
recomendados pelo Ministério da Saúde para os dois parâmetros.
58
Os sólidos totais dissolvidos no trabalho teve uma amplitude
interquartílicas semelhantes em ambos os períodos (Figura 6), com maiores
valores da mediana encontrados no período de menor precipitação
pluviométrica (mediana de 87,50 mg.L-1), estudos realizados por Cabral e Lima
(2006) na Região Metropolitana de Belém apresentaram valores com média de
164,98 mg.L-1. Ao comprar com a portaria 2.914 do ministério da saúde os
valores encontrados estão dentro dos padrões de potabilidade.
Para os parâmetros inorgânicos os gráficos de caixas mostraram
que o cloreto teve uma distribuição suavemente assimétrica, a mediana na
época de maior precipitação pluviométrica (mediana de 60 mg.L-1) foi menor do
que na época de menor precipitação pluviométrica ( mediana 65 mg.L-1),
valores estes inferiores a 250 mg.L-1, que corresponde ao padrão de qualidade
da faixa de aceitação da legislação vigente (Tabela 7 e Figura 6). De acordo
com Bahia et al (2011), o cloreto é um dos principais constituintes iônicos das
águas subterrâneas e a sua presença está diretamente relacionada com fontes
pontuais e difusas de contaminação antrópica e pelas características
geológicas e geoquímicas dos aquíferos da área.
Figura 6 - Distribuição dos valores autoescalonados para os parâmetros inorgânicos
A dureza não ultrapassou valor de 300 mg.L -1 CaCO3, tendo uma
amplitude interquartílicas semelhantes em ambos os períodos (Figura 6), com
maiores valores da mediana encontrados no período de menor precipitação
59
pluviométrica (mediana de 136 mg.L-1). Os valores máximos foram detectados
no período de menor precipitação pluviométrica, que registrou o valor de 276
mg.L-1 (Tabela 7). Os valores obtidos estão abaixo do máximo permitido (500
mg.L-1) pela portaria 2.914/11 que considera água potável.
Para as formas nitrogenadas, a amplitude interquartílica indica haver
uma variação na distribuição das concentrações desses nutrientes em ambos
os períodos. O nitrato e o nitrito apresentaram, no período de menor
precipitação pluviométrica, valores de mediana próximos aos valores mínimos,
indicando uma assimetria orientada no sentido do quartil inferior. Isto pode
estar relacionado a um lento processo de nitrificação, visto que os valores
medianos de amônia, deslocados no sentido oposto, estiveram próximo ao
quartil superior (Figura 6). No período de maior precipitação pluviométrica a
distribuição destas formas nitrogenadas foi diferenciada pelo valor da mediana
da amônia, que ficou mais próximo ao valor do quartil inferior, indicando que o
processo de nitrificação desse período está sendo favorecido (valores de
medianas para nitrato = 0,02, nitrito = 0,0 e amônia = 0,27) (Tabela 7).
6.4 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados estudados, é possível concluir que a
mediana dos valores de metais das amostras coletadas pode ser considerada,
segundo a portaria 2914 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), e para
Organização Mundial de Saúde (WHO, 1993) normais. Embora a concentração
desses metais considerada relativamente baixa, a longo prazo, esta
concentração pode aumentar na água como resultado do acúmulo de
poluentes e dando a indicação de poluição a níveis elevados.
Para os metais alumínio e chumbo foi observado que 29% e 8% das
amostras estiveram fora dos limites estabelecidos pelas duas portarias
estudadas. Os metais ferro e manganês apresentaram 21% e 17% das
amostras fora dos padrões estabelecidos pela portaria 2914/11 do ministério da
saúde, no entanto estas mesmas amostras ficaram dentro dos limites de
aceitação para consumo humano de acordo com a Organização Mundial de
Saúde (WHO,1993).
60
Para os parâmetros cloreto, STD, dureza, nitrato, nitrito e namoniacal os resultados das analises estão dentro do estabelecido pela
legislação do ministério da saúde.
O índice de cor e turbidez esteve em não conformidade com a
portaria 2914 (BRASIL, 2011) em 42% e 8% dos pontos de coleta,
comprovando
assim
uma
concentração
elevada
de
ferro
devido
características do solo e possíveis contaminações pela lixiviação do solo.
às
61
7
AVALIAÇÃO
DA
QUALIDADE
MICROBIOLOGICA
DA
ÁGUA
CONSUMIDA PELA POPULAÇÃO DA REGIÃO AMAZÔNICA: UM ESTUDO
DE CASO NA ILHA DE MOSQUEIRO/PA
7.1 INTRODUÇÃO
As águas subterrâneas são as principais fontes de água potável nas
regiões com déficit de água superficial ou em localidades sem sistema
centralizado de abastecimento de água. Em muitos locais ela é um
complemento
às
águas
superficiais,
sendo
muitas
vezes
consumida
indiscriminadamente pela população, não levando em conta sua qualidade, o
que acaba causando prejuízos para o bem-estar dos consumidores (MIRLEAN
et al, 2005).
Na Amazônia, é crescente a perspectiva de exploração da água
subterrânea, por apresentar vantagens práticas e econômicas quanto à sua
captação, por dispensar tratamentos químicos – exceto desinfecção – e ser de
excelente
qualidade,
além
de
abundante,
justificando
sua
utilização
(AZEVEDO, 2006).
Diversos fatores podem comprometer a qualidade da água
subterrânea. O destino final do esgoto doméstico e industrial em fossas e
tanque sépticos, a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e
industriais, postos de combustíveis e de lavagem e a modernização da
agricultura representam fontes de contaminação das águas subterrâneas por
bactérias e vírus patogênicos, parasitas, substâncias orgânicas e inorgânicas
(SILVA; ARAUJO, 2003).
Os constituintes químicos das águas subterrâneas podem ser
influenciados por vários fatores, entre os quais deposição atmosférica,
processos químicos de dissolução e/ou hidrólise no aquífero e mistura com
esgoto e/ou águas salinas por intrusão, fatores esses que modificam as
características qualitativas e quantitativas dos mananciais subterrâneos
(FREITAS; BRILHANTE; ALMEIDA, 2001).
62
Estudos realizados por Amaral et al (2003) indicam os riscos de
doenças perante a contaminação microbiológica dos mananciais, pois, as
águas são contaminadas por microorganismos patogênicos por meio da via
fecal-oral, ou seja, através da deposição de resíduos orgânicos humanos ou
animais infectados. Períodos de maior precipitação apresentam relação direta
com o agravamento da contaminação bacteriológica, pois devido às chuvas
ocorre um arraste das excretas para os mananciais e essa água é consumida
pela população sem antes ter passados pelos tratamentos adequados.
A avaliação microbiológica da água de consumo, através de analises
periódicas é de muita importância, pois fornece elementos indispensáveis ao
bom andamento dos órgãos responsáveis pela Saúde Pública (BARRETO,
2009).
Segundo
Brasil
(2006),
os
organismos
patogênicos
são
transmissores de enfermidades, estando relacionados à precária situação
sanitária, e, o principal indicador da presença desses organismos são as
bactérias coliformes, que habitam o intestino dos seres humanos.
A garantia do consumo humano de água potável, livre de
microorganismos
patogênicos,
de
substâncias
e
elementos
químicos
prejudiciais à saúde, constitui-se em ação eficaz de prevenção das doenças
causadas pela água (SILVA; ARAUJO, 2003). Tal fato está relacionado aos
precários serviços de saneamento básico, de maneira que o consumo de água
contaminada por agentes microbiológicos ou físico-químicos se apresentam
como os principais difusores de doenças de veiculação hídrica. Desse modo o
presente trabalho visa avaliar a qualidade microbiológica da água destinada ao
consumo humano nas propriedades situadas na Ilha de Mosqueiro, Distrito de
Belém-Pará.
7.2 MATERIAS E MÉTODOS
A área de estudo está localizada na costa oriental do rio Pará sul do
Amazonas em frente à Baía de Guajará (Mapa 12). A Ilha está a
aproximadamente 70 km de distância da capital Belém. Segundo dados do
censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), a
63
Ilha amazônica da microrregião quajarina possui uma área de 220.641 km 2, o
equivalente a 22.064,12 ha e localizada geograficamente entre as coordenadas
01º04’ de Latitude Sul e 48º19’ de Longitude Oeste de Greenwich e uma
população de 33.232 habitantes.
Localização de Mosqueiro
no Município de Belém
UFPA
UFRA
48°36'0"W
48°27'0"W
48°18'0"W
1°3'0"S
!
(
!
(
1°3'0"S
Pará
sq u e
iro
1°12'0"S
1°12'0"S
o
de M
Ilha
1°21'0"S
Legenda
Limites municipais - Pará
1°21'0"S
Belém
Escala 1/280.000
1°30'0"S
Localização dos Pontos
de coleta
1°30'0"S
Bairros de Mosqueiro
!
(
Fonte da base cartográfica:
COSANPA (2004) e IBGE (2010)
48°36'0"W
48°27'0"W
48°18'0"W
Mapa 12 – Localização da Ilha de Mosqueiro/Pa
A região Amazônica é caracterizada por um clima quente e úmido,
onde os gradientes de temperaturas são muito pequenos, em geral, tem-se o
“período seco” (de julho a outubro) e o “período chuvoso” (de dezembro a
maio), sendo os meses de junho e novembro, os períodos de transição
(ANANIAS et al, 2010).
As amostras de água foram coletadas em dois períodos (seco e
chuvoso), num total de vinte e quatro pontos ao longo da Ilha de Mosqueiro-Pa,
também foram elaborados formulários para entrevistas semi-sistematizadas
destinadas aos proprietários, com a finalidade de obter informações quanto à
ao tipo de propriedade (alvenaria, madeira e outros), ao número de residentes,
tipo de terreno (firme ou alagado), formas de abastecimento de água, quanto
aos aspectos gerais sobre o destino do esgoto e lixo da família.
64
Os questionários foram aplicados na primeira coleta de água que foi
realizada em outubro de 2010 (período de seco). A segunda coleta ocorreu em
março de 2011 (período chuvoso). As amostras foram coletadas diretamente
das torneiras nas residências para análises de parâmetros microbiológicos
(coliformes totais e Escherichia coli) e acondicionadas em frascos de polietileno
de 1 litro, armazenadas em isopor com gelo para a conservação até o
momento da análise no Laboratório de Química Ambiental da Universidade
Federal Rural da Amazônia (UFRA).
Para obtenção da concentração de coliformes totais e Escherichia
coli foram empregados os métodos descritos em Standard Methods for the
Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995).
7.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Ilha de Mosqueiro/PA, foi realizada a coleta de dados
(questionários) e avaliação da qualidade microbiológica das amostras de água
de torneira no decorrer de dois períodos (seco e chuvoso) em 24 residências,
sendo que 10 pontos são água provenientes de poços artesianos particulares
(1, 2, 3, 6, 7, 9, 10, 12, 13 e 16), 11 pontos são de concessionárias que
abastece parte da ilha (11, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23 e 24) e 3 pontos
de poços amazonas particulares (4, 5 e 8) (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Distribuição dos pontos
Os proprietários da região estudada caracterizam-se por grande
parte utilizar água de poços, das 24 residências visitadas 13 utilizam água
proveniente de poços. Todos os proprietários possuem banheiro, e a maioria
65
utiliza a fossa negra como destino dos efluentes do banheiro. O destino do lixo
gerado na propriedade é principalmente a coleta pelo serviço público (75%).
Em apenas 25%, o lixo é queimado. O destino da água servida é
principalmente as sarjetas ou a céu aberto (Gráfico 2).
Gráfico 2 – Infraestrutura da Ilha de Mosqueiro/Pa
Na Tabela 8 estão relacionados os dados obtidos nas analises
bacteriológicas, constatou-se que 54,17% foram positivos para coliformes
totais, sendo que desse percentual 100% foi para poços amazonas, 60% para
poços artesianos e 36,36% água abastecida pelas concessionárias. Para
analise de Escherichia coli apenas 1 ponto (4,17%) apresentou amostras
positiva.
Tabela 8 – Resultados Bacteriológicos das águas analisadas na Ilha de
mosqueiro/Pa
continua
Período de seco
Período chuvoso
Pontos
Coliforme total Escherichia coli
Coliforme total Escherichia coli
1
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
2
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
3
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
4
Presença
Ausência
Presença
Ausência
5
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
6
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
7
Presença
Ausência
Presença
Ausência
8
Presença
Presença
Ausência
Ausência
9
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
10
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
11
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
66
Pontos
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Período de seco
Coliforme total Escherichia coli
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
conclusão
Período chuvoso
Coliforme total Escherichia coli
Presença
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Presença
Ausência
Ausência
Ausência
Presença
Ausência
Os resultados nos indicam que as águas dos pontos acima citados
encontram-se fora dos padrões de potabilidade segundo a portaria 2.914/11 do
ministério da saúde, a qual relata que a água potável para estar em
conformidade com o padrão microbiológico deve apresentar-se ausente de
bactérias do grupo coliformes totais e Escherichia coli, em 100 ml de água.
Podemos
associar
uma
possível
contaminação
das
fontes
analisadas, com a água de escoamento superficial durante o período de chuva,
uma vez que foi observado um maior numero de bactérias nas águas coletadas
neste período. Para Geldreich (1998), água de escoamento superficial, durante
o período de chuva, é o fator que mais contribui para a mudança da qualidade
microbiológica da água.
Outra forma de contaminação dos recursos hídricos na Ilha de
Mosqueiro/Pa pode estar associado com a infiltração de fossas, que
comprometem a qualidade dos lençóis freáticos, uma vez que a presença de
coliformes totais foi mais encontrados nas amostras de água provenientes de
poços (artesiano e amazonas), localizados em sua grande parte em áreas com
pouca infraestrutura de saneamento.
Segundo Silva e Mattos (2001), a falta de estrutura sanitária e
principalmente o manejo inadequado de dejetos humanos e de animais
67
incorporadas ao solo são os fatores mais importantes de contaminação dos
recursos hídricos.
Segundo Souza (2007), o déficit de saneamento no Brasil vem
constituindo uma preocupação, para o setor considerando a relevância de seu
papel na relação que estabelece com a saúde e o ambiente. Para Ribeiro
(2004), a deficiência no serviço de saneamento básico tem grandes
consequências na saúde da população, visto que 80% das doenças nos países
em desenvolvimento estão associados à ingestão de água contaminada.
7.4 CONCLUSÃO
Este trabalho mostrou que, a qualidade da água consumida na Ilha
de Mosqueiro/Pa, apresentou algumas não conformidade com a portaria
2.914/11 do ministério da saúde, fornecendo uma analise bacteriológica da
área nos períodos analisados.
Os valores acima do que se preconiza na Portaria 2.914/11 (Brasil,
2011), para parâmetros bacteriológicos, colocam a população consumidora
exposta a diversos riscos para a saúde, como: doenças de veiculação hídricas
com relação à qualidade bacteriológica.
O risco à saúde da população seria diminuído se houvesse uma
cobertura maior do sistema de abastecimento de água ao longo da Ilha, uma
vez que o maior percentual de coliformes totais e Escherichia coli, foram
detectados em áreas onde o abastecimento de água era feito por poços
particulares.
Tal constatação evidencia a importância do saneamento básico, cuja
responsabilidade
encontram-se
os
serviços
indispensáveis à promoção da saúde pública.
de
água
e
de
esgotos
68
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água subterrânea é utilizada por cerca de dois bilhões de pessoas
em todo o mundo, levando-a como o recurso natural mais usado. Na maior
parte dos casos, a água subterrânea é menos contaminada do que a
superficial, uma vez que se encontra protegida da contaminação à superfície
proveniente dos solos e da cobertura rochosa. É por isso que, em diversas
partes do mundo, a maior parte da água que se bebe é água subterrânea. No
entanto, o aumento da população humana, as modificações do uso da terra e a
industrialização acelerada, colocam a água subterrânea em perigo.
A importância da qualidade da água subterrânea que é utilizada para
o consumo humano é um dos fatores indispensáveis para o bem estar da
população, no entanto a ausência de serviços de saneamento tem acarretado
sérios problemas de contaminação desses recursos hídricos.
A ausência de informações acerca da qualidade das águas
subterrâneas do Distrito Administrativo de Mosqueiro do Município de Belém
tornou este trabalho relevante desde a aplicação de um questionário sócioeconômico para o melhor conhecimento da área em foco como também
análises das águas subterrâneas comumente utilizadas no consumo humano.
Os
resultados
obtidos
nessa
pesquisa
mostraram
que
há
necessidade de um melhoramento no saneamento básico, pois foram
verificados que os maiores índices de contaminação por agentes patogênicos
estavam localizados nas residências onde não se tinham sistema de
abastecimento de água.
Esta pesquisa pode ser considerada como o inicio para posteriores
estudos da área em questão, uma vez que ainda necessita-se de mais estudos
tais como: a composição química do solo, o monitoramento da qualidade da
água subterrânea em áreas mais afastadas da orla e as características
hidráulicas dos poços artesianos, fatores estes que influencia de forma direta a
qualidade das águas subterrâneas.
69
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tratamento dos esgotos Vol. 1. Belo Horizonte: UFMG, 2005. v.1.
ANEXO
FICHA DE DIAGNÓSTICO
ENDEREÇO:_____________________________________________________
BAIRRO___________
Nº DE CÔMODOS:_____________
1 - TIPOLOGIA:
ALVENARIA
OUTROS: ________________________
MADEIRA
TAIPA
2 – TERRENO
TERRA FIRME
ALAGADO
MORA PERTO DE
IGARAPÉS_______________
OUTROS:___________________
___
3 – INFRAESTRUTURA
POSSUI ENERGIA
ELÉTRICA
SIM
NÃO
OUTROS
____________________
_______________________________________________________________
______________
SISTEMA DE ÁGUA
POÇO
AMAZONAS
POÇO ARTESIANO
SERVIDA PELA REDE
COSANPA
SAAEB
OUTROS________________________________________________________
______
SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO
SIM
COM SISTEMA DE ÁGUA E ESGOTO
NÃO
SEM SISTEMA DE ÁGUA E ESGOTO
TEM BANHEIRO
OUTROS________________________________________________________
______
FOSSA SÉPTICA
FOSSA NEGRA
SERVIDA PELA REDE
COSANPA
SAAEB
OUTROS________________________________________________________
______
SISTEMA DE RESÍDUO SÓLIDO
SERVIDO PELA COLETA PÚBLICA DE
LIXO
SIM
NÃO
OUTROS________________________________________________________
_____
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