ISSN 2179-6238
Revista de
em
Saúde
Journal of Health Research
Volume 14, n. 2, maio-agost/2013
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Revista de Pesquisa
em Saúde
Journal of Health Research
Quadrimestral
ISSN 2179-6238
São Luís - MA - Brasil
volume 14
número 2
páginas 69-132
maio/agost 2013
© 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research é uma publicação quadrimestral do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) que se propõe à divulgação de trabalhos científicos produzidos por pesquisadores com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na
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v. 14, n. 2, 2013
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(ISSN – 2179-6238) versão impressa
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Apoio
ISSN-2179-6238
Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
Volume 14
Número 2
maio/agost
2013
Sumário / Summary
EDITORIAL
75
Editorial
Revista pesquisa em saúde: contínua evolução
Arlene de Jesus Mendes Caldas
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
77
Prevalência de enteroparasitos e aspectos epidemiológicos de crianças e jovens do município de Altamira - PA
Prevalence of intestinal parasites and epidemiological aspects of children and youth in the municipality of Altamira, Pará, Brazil
Anderson Barbosa Baptista, Luciana da Silva Ramos, Haren Aléxias Gomes Santos
81
Características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no estado do Maranhão, 2001 a 2009
Clinical and epidemiological characteristics of leprosy in Maranhão State, 2001 to 2009
Valéria da Silva Ribeiro, Dorlene Maria Cardosos de Aquino, Carlos Henrique Morais de Alencar, Arlene de Jesus Mendes Caldas
87
Humanização das relações assistenciais nos serviços de saúde em São Luís, Maranhão
Humanization of assistance within healthcare services in São Luís, Maranhão
Maria José Sansão da Silva, Lorena Lúcia Costa Ladeira, Karyne Martins Lima, Matheus Pinto Santos, José Ferreira Costa,
Elizabeth Lima Costa
91
Perfil das crianças com leishmaniose visceral que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva em
hospital de São Luís, Maranhão
Profile of children with visceral leishmaniasis who died, therapeutic failure and relapse in a hospital in São Luís, Maranhão
Arlene de Jesus Mendes Caldas, Luciana Léda Carvalho Lisbôa, Pollyanna da Fonseca Silva, Nair Portela Silva Coutinho, Tereza
Cristina Silva
96
Mortalidade por causas externas no estado do Maranhão: tendências de 2001 a 2010
External causes of mortality in the state of Maranhão, Brazil: trends from 2001 to 2010
Rômulo Henrique da Silva Lima, Rayane Trindade Amorim, Vicenilma de Andrade Martins, Lívia dos Santos Rodrigues,
Rosângela Fernandes Lucena Batista
101
Desinfecção de nebulizadores nas unidades básicas de saúde de São Luís, Maranhão
Disinfection of nebulizers in health basic units of São Luís, Maranhão, Brazil
Rosana de Jesus Santos Martins, Romulo Luiz Neves Bogéa, Elza Lima da Silva, Silvia Cristina Silva Lima Viana, Patrícia
Ribeiro de Azevedo
105
Disponibilidade regional de aparelhos de raio-X odontológico em unidades de saúde públicas no Brasil,
2006-2011
Regional availability of dental x-ray equipments in Brazilian public health care services, 2006-2011
Luana Martins Cantanhede, Halinna Larissa Cruz Correia de Carvalho, Vandilson Pinheiro Rodrigues, Ana Emília Figueiredo
de Oliveira, Fernanda Ferreira Lopes, Carmen Fontoura Nogueira da Cruz
109
Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com pancreatite aguda em um hospital público de São Luís,
Maranhão
Clinical and epidemiological profile of patients with acute pancreatitis in a public hospital of São Luís, Maranhão
Lívia Goreth Galvão Serejo Álvares, Aldifran Ferreira da Silva, Anna Lívia Serejo da Silva
113
Associação entre doença periodontal materna e baixo peso ao nascer
Association between maternal periodontal disease and low birth weight
Caio Brandão e Vasconcelos, Luciane Maria Oliveira Brito, Tamara Santiago Mascarenhas, Ana Emília Figueiredo de
Oliveira, Fernanda Ferreira Lopes, Leonardo Victor Galvão Moreira, Maria Bethânia da Costa Chein
ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE
118
Gerontologia e a arte do cuidar em enfermagem: revisão integrativa da literatura
Gerontology and the art of nursing care: integrative literature review
Rebeca Aranha Arrais e Silva Santos, Dorlene Maria Cardoso de Aquino, Nair Portela Silva Coutinho, Joyce Santos Lages,
Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
Editorial
Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research: contínua evolução
O principal desafio na continuidade do processo evolutivo da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of
Health Research é aumentar a abrangência nacional e internacional. Assim, estamos no início de um processo de
mudança com o objetivo de obtermos indexação em bases de dados que possibilitem uma maior visibilidade dos
trabalhos publicados, tornando-a mais atrativa para pesquisadores do Maranhão, do Brasil e do mundo.
Este deverá ser um processo longo e irá requerer adaptação á novas exigências e mais empenho de todos os colaboradores. Desde já, encorajamos a submissão de artigos em língua inglesa, vislumbrando, o estabelecimento de índice de impacto, embora esta não seja uma exigência formal da Revista.
Desta forma, convidamos os professores, pesquisadores e alunos para dar o início, junto a equipe editorial, a esse processo, submetendo artigos originais e divulgando a revista e seus objetivos aos seus pares
da instituição e de outras instituições. Reconhecemos que a colaboração de todos será imprescindível para
que os novos objetivos da Revista Pesquisa em Saúde sejam alcançados.
Os artigos deste número cobrem uma gama de assuntos, desde doenças endêmicas como enteroparasitoses, hanseníase e leshmaniose, passando humanização dos serviços assistenciais, mortalidade por causas externas, doença periodontal materna até gerontologia.
Entre as doenças endêmicas temos: 1- “Incidência de enteroparasitos e aspectos epidemiológicos de crianças e jovens do município de Altamira - PA”, trata-se de um estudo descritivo com o objetivo de conhecer a
prevalência das enteroparasitoses e alguns aspectos epidemiológicos de crianças e jovens no município de
Altamira (PA). A pesquisa encontrou que há relação direta entre as parasitoses das crianças e jovens, com as
más condições de saneamento, a deficiência nos hábitos de higiene pessoal e a falta de cuidados adequados
para a higienização dos alimento; 2 - “Características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no estado do
Maranhão, 2001 a 2009”, trata-se de um estudo ecológico de série histórica, com o objetivo de descrever as
características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no Maranhão, tendo como conclusão que a endemia
mantém-se no Estado com evidente fragilidade nas ações de controle, detecção precoce e/ou deficiência na
alimentação do SINAN; 3 - “Perfil das crianças com Leishmaniose visceral que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva em um hospital de referência em São Luís, Maranhão”, trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com os pacientes com diagnóstico de LV que tiveram o desfecho de óbito, falhas terapêuticas e
recidivas. Foi observado uma elevada frequência de óbitos evidenciando a importância de um tratamento e diagnóstico precoce, bem como desenvolvimento de campanhas de orientação e prevenção.
O artigo intitulado “Mortalidade por causas externas no estado do Maranhão, Brasil: tendências de 2001 a
2010”, trata-se de um estudo descritivo sobre óbitos por causas externas com o objetivo descrever a mortalidade
por causas externas no Maranhão, foi observado que considerando que as causas externas de mortalidade correspondem a eventos evitáveis, os aspectos aqui apresentados podem ser úteis para a elaboração de estratégias direcionadas à prevenção de acidentes e violências. Outro artigo intitulado “Desinfecção de nebulizadores nas unidades básicas de saúde de São Luís, Maranhão” trata-se de um estudo descritivo desenvolvido nas Unidades Básicas
de Saúde com equipes da Estratégia Saúde da Família com o objetivo de verificar o processo de desinfecção de nebulizadores em Unidades Básica de Saúde no município de São Luís (MA), ficando evidente que as unidades necessitam de padronização quanto à desinfecção de artigos, estabelecendo protocolos para a realização da desinfecção, instituindo, dessa forma, boas práticas no processamento de artigos.
O artigo intitulado “Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com pancreatite aguda em um Hospital
Público de São Luís, Maranhão”, trata-se de um estudo observacional, retrospectivo e transversal, com o objetivo descrever as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda, que foram assistidos no serviço de urgência e emergência da rede municipal de São Luís (MA), foi observado que o principal hábito de vida entre os participantes foi o etilismo, sendo a pancreatite aguda moderada
mais frequente, mesmo não sendo realizados critérios de classificação e/ou prognóstico.
Temos três artigos na área de odontologia: 1 - “Humanização das relações assistenciais nos serviços de
saúde em São Luís, Maranhão”, trata-se de um estudo de corte transversal com o objetivo de verificar a existência de Programa de Humanização e a percepção do usuário dos serviços de saúde sobre a qualidade da assistência odontológica oferecida nas Unidades Básicas de Saúde de São Luís (MA), foi observado que a maioria
dos entrevistados afirmava estar satisfeito com os serviços oferecidos, pela aproximação entre gestores, profissionais da saúde e usuários do sistema, o que comprova a existência do fator humanização nas referidas
unidades de saúde em São Luís (MA); 2 - “Disponibilidade regional de aparelhos de Raio-X odontológico em
unidades de saúde pública no Brasil, 2006-2011”, trata-se de um estudo observacional de série temporal com
o objetivo de investigar as características de disponibilidade e tendências de crescimento de equipamento de
Raio-X odontológico em unidades de saúde pública no Brasil, a nível regional (2006 a 2011), tendo como conclusão a disponibilidade de aparelhos de Raio-X apresentou crescimento positivo, apesar de desigualmente
distribuída entre as regiões brasileiras; 3 - “Associação entre doença periodontal materna e baixo peso ao nas-
cer”, foi realizado um estudo observacional do tipo caso-controle com o objetivo de avaliar os fatores de risco
para os recém-nascidos de baixo peso, correlacionando-os com a condição periodontal materna, tendo como
conclusão que não foi possível afirmar que o grau de acometimento periodontal materno foi responsável pela
diminuição da média de peso ou que este se constitui um fator de risco para o baixo peso ao nascer.
E por último um artigo de revisão interativa intitulado “Gerontologia e a arte do cuidar em enfermagem: revisão integrativa da literatura”, com o objetivo de realizar uma revisão acerca da atuação do enfermeiro no processo de cuidar em gerontologia. Foi observado que o campo de atuação para o enfermeiro em gerontologia possibilita o exercício profissional em vários cenários.
Profª. Drª. Arlene de Jesus Mendes Caldas
Editora Chefe
Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFMA
Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOS E ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE
CRIANÇAS E JOVENS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA – PA
PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES AND EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS OF CHILDREN AND YOUTH IN THE
MUNICIPALITY OF ALTAMIRA, PARÁ, BRAZIL
Anderson Barbosa Baptista1, Luciana da Silva Ramos2, Haren Aléxias Gomes Santos2
Resumo
Introdução: As parasitoses intestinais são um grande problema de saúde pública e são apontadas como indicadores de desenvolvimento socioeconômico de um país, podendo causar danos à saúde do portador. Falta de saneamento e modo de vida precário favorecem a infestação das enteroparasitoses. Objetivo: Conhecer a prevalência das enteroparasitoses e alguns aspectos
epidemiológicos de crianças e jovens no município de Altamira (PA). Métodos: Foram analisadas 182 amostras de fezes de
crianças e jovens por meio da metodologia de sedimentação espontânea de Hoffman. Resultados: Constatou-se que 41,2% das
amostras foram positivas e destas 25,3% estavam relacionados a poliparasitismo. A maioria dos indivíduos parasitados (56%)
não possuem nenhum tipo de fossa asséptica ou rede de esgoto em sua residência. Conclusão: Os resultados mostraram que
há existência de relação direta entre as parasitoses das crianças e jovens, com as más condições de saneamento, a deficiência
nos hábitos de higiene pessoal e a falta de cuidados adequados para a higienização dos alimentos.
Palavras-chave: Parasitas intestinais. Epidemiologia. Parasitismo.
Abstract
Introduction: Given the negative effects caused in a population, intestinal parasitic diseases are a major public health problem
which can be used as indicators of a country's socioeconomic development. The lack of sanitation and precarious livelihood
favor infestation of intestinal parasites. Objectives: The aim of this study was to determine the prevalence of intestinal parasites and some epidemiological aspects of children and youth in the municipality of Altamira in the State of Pará, Brazil. Methods:
Fecal samples from 182 at-risk children and youth were analyzed by the Hoffman spontaneous sedimentation method. Results:
41.2% of the samples were positive. Of these, 25.3% were related to polyparasitism. More than half of the infected individuals
(56%) live in houses without septic tank or sewage system. Conclusion: The results showed that there is a direct relationship
between the parasitic diseases of children and young people with the bad sanitation conditions, the deficiency in personal
hygiene habits and the lack of adequate care for the sanitization of food.
Keywords: Intestinal parasites. Epidemiology. Parasitism.
Introdução
As parasitoses intestinais são um grande problema de saúde pública, exclusivamente nos países em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos que possuem
graves problemas de saneamento básico e condições
de vida precárias. A prevalência em crianças e jovens
está associada à deficiência no saneamento básico,
condições de vida, higiene pessoal e coletiva1-3.
As enteroparasitoses são apontadas como indicadores de desenvolvimento socioeconômico de um
país, desencadeando além de problemas gastrointestinais, baixo rendimento corporal e consequente atraso
no desenvolvimento escolar. Inúmeros trabalhos têm
evidenciado o alto grau de contaminação de pessoas
das mais variadas idades, principalmente as crianças,
por enteroparasitoses4-6. A mortalidade de crianças é
reflexo das condições ambientais e socioeconômicas
de uma área e depende do agente causador da doença
bem como as ações adotadas para a terapêutica e
mudanças nos hábitos culturais7.
A idade, o estado nutricional, fatores genéticos,
1.
2.
culturais, comportamentais, profissionais e a resistência imunológica do hospedeiro são fatores predisponentes à parasitose. A relação entre as condições ambientais e esses fatores favorecem o surgimento das
infecções parasitárias3.
Os diversos enteroparasitos podem causar danos
à saúde do portador, como a obstrução intestinal e a
desnutrição causada por Ascaris lumbricóides, anemia
ferropriva causada por ancilostomideos e sintomas de
diarréia e má absorção de nutrientes desenvolvidos na
presença de Giardia lamblia e Entamoeba histolytica8.
A prevalência de parasitoses intestinais no Brasil é alta nas crianças, principalmente na faixa de 3 a 12
anos, mas esse índice depende da região e da cidade e
correlaciona-se com as condições de saneamento básico, moradia e estrato socioeconômico1,7.
Nas regiões com infra-estrutura urbana deficiente, há relatos que muitas crianças encontram-se parasitadas. A melhoria das condições sócio-econômicas, de
infra-estrutura e o engajamento comunitário são fatores primordiais para implantação, desenvolvimento e
sucesso dos programas de controle9-11.
Mestre em Microbiologia. Docente da Universidade Federal do Pará - Campus de Altamira - UFPA.
Bióloga. Bolsista de Extensão. Universidade Federal do Pará - Campus de Altamira - UFPA.
Contato: Anderson Barbosa Batista. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 77-80, maio-agost, 2013
77
PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOS E ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE CRIANÇAS E JOVENS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA - PA
O parasitismo estabelece, em geral, um contato
íntimo entre os tecidos do parasita e do hospedeiro; o
parasita respira e metaboliza substâncias que são
eliminadas no organismo do hospedeiro, exercendo
ações mecânica, espoliadora, irritativa e inflamatória
no hospedeiro12.
Objetivou-se com este trabalho conhecer a prevalência das enteroparasitoses em crianças e jovens,
residentes em bairros de Altamira (PA), Amazônia oriental, em condições desfavoráveis, bem como conhecer alguns aspectos epidemiológicos.
Dentre os bairros estudados as amostras dos
residentes do bairro Açaizal estavam 100% positivos e
o bairro Independente II apresentou menor positividade. O número de amostras relacionadas aos bairros foi
diferente devido à falta de interesse na participação ou
a falta de entrega do material (Figura 2).
Métodos
Estudo descritivo realizado em Altamira (PA),
localizada às margens do rio Xingu, com 182 crianças e
jovens, no período de outubro de 2010 e janeiro de
2011. Foram escolhidos os bairros: Independente II;
Boa Esperança; Açaizal (Igarapé Altamira), São Sebastião, Mutirão e Recreio que apresentavam construção
civil precária, pouco ou nenhum saneamento e baixo
estrato econômico. Para a coleta de dados utilizou-se
um questionário com questões relacionadas à idade,
sexo, peso, altura, hábitos e práticas de higiene, tipo
de sistema de água e esgoto, processo de higienização
dos alimentos e conhecimento das formas de prevenção frente às verminoses. Para a coleta das amostras
de fezes foram entregues 200 frascos estéreis e destes
18 frascos não retornaram. O exame foi considerado
positivo quando foi observado a presença de pelo
menos um parasito.
Foi solicitada uma única amostra de fezes, colhida
pela manhã. As amostras foram encaminhadas ao laboratório de Microbiologia e Parasitologia da Faculdade de
Ciências Biológicas de Campus de Altamira - UFPA. Para
os procedimentos técnicos de análise coproparasitológica utilizou-se a metodologia de sedimentação espontânea de Hoffman, Pons e Janer ou método de Lutz, 191913.
Utilizou-se análise descritiva sendo os dados
apresentados em números absolutos e percentuais.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, CAAE
0101.1.073.000-10 e parecer N° 145/10.
Resultados
Foram realizados 182 exames em seis bairros
do município de Altamira (PA). Os dados mostraram
que 49,0% pertenciam ao sexo feminino e 50,9% ao
sexo masculino, 41,2% dos indivíduos apresentaram
enteroparasitos e 25,3% casos de poliparasitismo. Foi
considerado poliparasitismo casos de duas ou mais
associações de parasitas ou comensais (Figura1).
Figura 1 - Ocorrência de mono e poliparasitismo em crianças e
jovens. Altamira - PA. 2011.
78
Figura 2 - Frequência de amostras totais e positivas por bairro.
Altamira - PA. 2011.
Quanto aos aspectos epidemiológicos observou-se que 30,7% dos indivíduos parasitados não utilizavam água sanitária ou cloro ativo na limpeza dos
alimentos, 54,6% não possuíam sistema de poço simples ou abastecimento da rede municipal, 56% não
possuíam sistema de fossa asséptica ou esgoto e
74,6% não utilizavam métodos de desinfecção nos
alimentos (Tabela 1).
Tabela 1 - Características epidemiológicas de crianças e jovens.
Altamira - PA. 2011.
PARASITADOS
(N = 75)
Caracterização
NÃO PARASITADOS
(N=107)
Não
Sim
Não
Sim
n
%
n
%
n
%
n
%
Água sanitária ou
cloro na limpeza
dos alimentos
19
25,3
56
74,6
17
15,8
90
84,1
Conhecimento de
profilaxia contra
verminoses
49
65,3
26
34,6
69
64,4
38
35,5
Hábitos adequados de higiene
41
54,6
34
45,3
60
43,9
47
56,0
Possui poço
simples ou utiliza
rede geral
34
45,3
41
54,6
61
57,0
46
43,0
Uso de fossa ou
esgoto
33
44,0
42
56,0
78
72,8
29
27,1
A análise relacionada a presença de poliparasitose mostrou que 47,3% apresentaram a associação
das verminoses Ascaris lumbricoides + Trichuris trichiura seguido daTrichuris trichiura + Entamoeba coli
(21%). A associação Trichuris trichiura + Ancilostomideo + Entamoeba coli + Giardia lamblia estava presente em 5,2% (Tabela 2).
Dentre os 75 indivíduos que apresentaram positividade, destacaram-se o Trichuris trichiura seguidos
da Entamoeba coli, Ascaris lumbricóides e em menor
frequência a Entamoeba hystolítica (Figura 3).
Rev Pesq Saúde, 14(2): 77-80, maio-agost, 2013
BaptistaAB, Ramos LS, SantosHAG
Tabela 2 - Distribuição da frequência de poliparasitismos em crianças e jovens da cidade de Altamira - PA. 2011.
Associação
Ascaris lumbricóides + Trichuris trichiura
Trichuris trichiura + Entamoeba coli
Hymenolepis nana + Entamoeba hystolitica
Hymenolepis nana + Entamoeba coli
Trichuris trichiura + Ancilostomideo + Hymenolepis
nana
Trichuris trichiura + Ancilostomideo + Ascaris
lumbricóides
Trichuris trichiura + Ancilostomideo + Entamoeba
coli + Giardia lamblia
Total
n
8
4
2
1
%
42,1
21,0
10,5
05,2
2
10,5
1
05,2
1
05,2
19
100,0
Figura 3 - Frequência de enteroparasitos e comensais em crianças e jovens. Altamira - PA. 2011.
Discussão
A alta incidência de Trichuris trichiura, do parasita comensal Entamoeba coli e de Ascaris lumbricoides, mostrou a importância de destacar as questões de
higiene e saneamento para promover a educação em
saúde. Dados semelhantes foram encontrados em
estudo realizado em Lages-SC, onde o parasita Ascaris
lumbricoides foi encontrado em 35% das crianças e o
Trichuris trichiura em um percentual de 13% 4.
Estudo realizado por Hurtado-Guerrero et al.,14
com idosos, no Amazonas, mostrou que 35,2% dos
idosos tinham Ascaris lumbricoides e 15,9% com Trichuris trichiura. O autor destaca ainda que com o
aumento da idade, a mudança de hábitos e imunidade
progressiva a prevalência dessas verminoses deveria
estar diminuída. Entretanto, as questões de má higiene, falta de saneamento, hábitos de limpeza de forma
inadequada contribuem para a contaminação aumentando os problemas com a verminoses.
A prevalência de Trichuris trichiura, neste estudo foi maior que nos estudos realizados por Baptista15,
em Paraíba do Sul-RJ, que encontrou uma frequência de
3,6 % e 0,1% em estudo realizado em Estiva Gerbi-SP5.
A infestação por este helminto pode ocasionar
constipação intestinal e flatulência devido às alterações na motilidade do intestino grosso.
A quantidade elevada de Trichuris trichiura e
Ascaris lumbricoides pode estar relacionada aos mecanismos que esses helmintos utilizam para garantir sua
permanência no seio da população de hospedeiros que
Rev Pesq Saúde, 14(2): 77-80, maio-agost, 2013
produzem uma grande quantidade de ovos por gramas
de fezes16.
No Acre, em um assentamento agrícola, encontraram um percentual de 53,4% de amostras positivas
para parasitas intestinais, com maior frequência para a
Giárdia duodenalis e geohelmintos17, estes dados
foram maiores que os encontrados nesse estudo.
O bairro Açaizal apresentou um grande número
de indivíduos com parasitoses intestinais, possivelmente devido às péssimas condições prediais, por
estarem sobre um Igarapé que contém imensa quantidade de lixo, fossas com transbordamentos em época
de aumento pluviométrico do rio, abastecimento de
água precário e crianças nadando em rios com condições inadequadas. Aliados ainda ao fato do relato do
pouco conhecimento em relação à prevenção frente às
parasitoses e desinfecção dos alimentos. Fatores estes
que contribuem para aparecimento de contaminação
por poliparasitoses.
Os resultados relacionados aos aspectos epidemiológicos foram semelhantes aos encontrados por
Dias-Tavares e Grandini18 que encontraram 88% de
indivíduos parasitados com poucas condições de higiene e limpeza na habitação, em São João da Boa Vista-SP.
Estudo realizado por Silva et al.,19 no bairro São
José, localizado na zona noroeste do município de
Tutóia, Estado do Maranhão, relataram que 78,1% das
famílias fazem suas necessidades fisiológicas ao ar
livre; 80,9% usam água de poços e 71,8% coam a água
para beber acreditando ser uma forma eficaz de tratamento da água.
Em um estudo com um grupo de indígenas ao
longo do rio Xingu os autores detectaram que a má
manipulação dos alimentos, a falta de saneamento e
hábitos impróprios de higiene são fatores a favor da
infestação e foram relatados altos índices de enteropasitoses uma média de 97% em crianças20.
Em Crato (CE)21, foram encontrados altos valores
positivos com 60,8%, em destaque Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura com maior prevalência e mostram relação entre condições de vida, hábitos higiene e
formas de se eliminar dejetos das comunidades como
fatores para contaminação por parasitas, fatores que
mostram similaridades aos achados desse estudo.
Resultados contrários a este estudo foram
encontrados por Frei1 com percentual de 42,6% de
resultados positivos para Giárdia intestinalis e presença de poliparasitismo com 1,4%. Os cistos deste protozoário têm sobrevivência prolongada mesmo em condições adversas e alcançam riachos, poços, igarapés a
partir de rede de esgoto e saneamento inadequadamente controlado22.
O percentual das verminoses encontradas sugere a permanência e o aumento de ovos e cistos em
regiões mais precárias, com baixo estrato socioeconômico, principalmente onde se observam casas de palafita, sobre o Rio Xingu, com despejo de fezes na água,
sem fossa ou rede de esgoto, locais onde as crianças e
jovens tomam banho e podem infectar-se ou provocar
uma infecção cruzada.
A partir dos dados encontrados evidencia-se a
existência de relação direta entre as parasitoses com
as más condições de saneamento, a deficiência nos
hábitos de higiene pessoal e a falta de métodos adequados para a higienização dos alimentos. Enfatiza-se
79
PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOS E ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE CRIANÇAS E JOVENS DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA - PA
a importância de ações educativas focadas na prevenção da higienização pessoal e dos alimentos, limpeza
da casa e estratégia de saneamento básico pelo poder
público, para diminuir os riscos da transmissão dos
enteroparasitos.
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80
Rev Pesq Saúde, 14(2): 77-80, maio-agost, 2013
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DA HANSENÍASE NO ESTADO DO
MARANHÃO, 2001 A 2009
CLINICAL AND EPIDEMIOLOGICAL CHARACTERISTICS OF LEPROSY IN MARANHÃO STATE, 2001 TO 2009
Valéria da Silva Ribeiro1, Dorlene Maria Cardosos de Aquino2, Carlos Henrique Morais de Alencar3, Arlene de Jesus Mendes Caldas²
Resumo
Introdução: A hanseníase é um importante problema de saúde pública no Maranhão, estado hiperendêmico segundo o Ministério da Saúde. Objetivo: Descrever as características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no Maranhão. Métodos: Realizouse estudo ecológico de série histórica (2001 a 2009) com os casos novos de hanseníase registrados no Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: Na série histórica de 2001 a 2009, foram registrados 39.230 casos novos de
hanseníase. Destes, 56,3% eram do sexo masculino, 21,1% na faixa etária de 20 a 29 anos, 25,7% com ensino fundamental
incompleto, 33,3% com forma clínica dimorfa; 56,5% com grau zero de incapacidade no diagnóstico e 53,4% não avaliados na
alta; 59,9% com diagnóstico por demanda espontânea e 87,3% de alta por cura. Na maior parte da série predominaram casos em
maiores de 15 anos, com forma clínica dimorfa (tendência ascendente) e demanda espontânea como modo de detecção (tendência decrescente). Conclusão: A endemia mantém-se no Estado com evidente fragilidade nas ações de controle, detecção
precoce e/ou deficiência na alimentação do SINAN.
Palavras-chave: Hanseníase. Epidemiologia. Saúde Pública.
Abstract
Introduction: Leprosy is an important public health problem in Maranhão which is a hyperendemic state according to the Ministry of Health. Objective: To describe the epidemiological and clinical characteristics of leprosy in Maranhão. Methods: we conducted an ecological time-series study (from 2001 to 2009) of new leprosy cases registered in the Notifiable Diseases Information System (SINAN). Results: 39,230 new cases of leprosy were registered during the period. Of these, 56.3% were male, 21.1%
were between 20 to 29 years old, 25.7% with incomplete elementary school, 33.3% with borderline clinical form, 56.5% with
grade zero of disability at diagnosis and 53.4% were not evaluated at discharge, 59.9% were diagnosed through spontaneous
demand and 87.3% were discharged due to cure. Most cases in the series were in individuals with more than 15 years with the
borderline clinical form (upward trend) and spontaneous demand as the detection mode (downward trend). Conclusion: The
endemicity remains in the state showing weakness in control measures, early detection and problems in entering data in SINAN.
Keywords: Leprosy. Epidemiology. Public Health.
Introdução
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa,
de evolução lenta, causada pelo Mycobacterium
leprae, que se manifesta principalmente por sinais e
sintomas dermatoneurológicos, podendo levar a incapacidades ou deformidades. É transmitida pelo contato íntimo e prolongado com o portador de formas
infectantes quando não tratado e, provavelmente,
pelas vias aéreas superiores1,2.
A doença apresenta período de incubação de
dois a sete anos e variadas formas clínicas de apresentação que são determinadas por diferentes níveis de
resposta imune celular ao Mycobacterium leprae. O
Brasil adota a Classificação de Madri (1953) que inclui
as formas clínicas Indeterminada (I), Tuberculóide (T),
Dimorfa (D) e Virchowiana (V). Para fins de tratamento, as duas primeiras são agrupadas como paucibacilares (PB), devido a presença de poucos bacilos na(s)
lesão(ões) de pele, enquanto as duas últimas, pelo
elevado número de bacilos nas lesões, são consideradas multibacilares (MB)1,2.
1.
2.
3.
É considerada de fácil diagnóstico e tratamento. O
esquema de poliquimioterapia (PQT), recomendado para
o tratamento, leva à cura em períodos de tempo relativamente curtos. Contudo, a situação da hanseníase em
âmbito nacional é preocupante: suas altas prevalências
associadas ao seu potencial incapacitante a configuram
como um importante problema de saúde pública1.
A meta anterior estabelecida pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública foi a redução
de sua prevalência para menos de 1 caso para cada
10.000 habitantes até o final de 2010, critério este não
alcançado pelo Brasil1. No Maranhão, no ano de 2010, a
prevalência chegou a 8,5/10.000 habitantes3. A nova
meta da OMS estabelece que até 2015 este critério
deverá ser alcançado4.
A hanseníase é endêmica no Brasil e apresentou,
em 2010, coeficiente de detecção de 18,2/100.000
habitantes. O País possui o maior número de doentes
das Américas e é o segundo em número absoluto de
casos no mundo depois da Índia. As regiões Norte e
Nordeste concentram a maior parte dos casos da doen-
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Departamento de Enfermagem. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Ceará - UFC.
Contato: Valéria da Silva Ribeiro. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 81-86, maio-agost, 2013
81
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DA HANSENÍASE NO ESTADO DO MARANHÃO, 2001 A 2009
ça5. Somente os estados de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul conseguiram alcançar, em 2005, a meta de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública6.
O Maranhão, em 2010, apresentou coeficiente de
detecção geral de 59,0/100.000 habitantes, sendo classificado como estado hiperendêmico. Suas taxas médias
de detecção superam a média do Nordeste e do Brasil5.
Uma das questões importantes, mas pouco abordada, não apenas no Brasil, mas em outros países endêmicos, é o padrão epidemiológico desigual de ocorrência da hanseníase. Alguns estudos realizados no Nordeste do Brasil, especificamente no Maranhão, vêm
contribuindo para uma maior compreensão desse
aspecto da epidemiologia da doença. Municípios com
maior desigualdade social apresentam os maiores coeficientes de detecção e de prevalência de hanseníase,
reforçando que indicadores socioeconômicos e ambientais também se mostram preditores da hanseníase6-8.
A vigilância epidemiológica da hanseníase é
baseada na análise dos dados coletados nos serviços
de saúde, que visam à reorientação das ações a serem
realizadas em nível local, bem como no exame dos
contatos intradomiciliares, na vacinação com BCG e na
utilização do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN)1,5,6,9-11.
Portanto, estudos relacionados aos aspectos
clínicos epidemiológicos da hanseníase, uma doença
expressa em territórios e populações negligenciados,
principalmente dos grandes centros urbanos, são justificados. Assim, o objetivo deste estudo foi descrever
as características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no Estado do Maranhão.
Métodos
Trata-se de um estudo ecológico de série histórica
com método de agrupamento do tipo desenhos mistos
dos casos novos de hanseníase no Estado do Maranhão.
O Estado do Maranhão faz parte da macrorregião Nordeste do Brasil, com uma população de
6.574.789 habitantes. Ocupa uma área de 333.365,6
Km2, limitando-se ao norte com o Oceano Atlântico, ao
leste com o estado do Piauí, ao sul e sudoeste com o
estado de Tocantins e a oeste com o estado do Pará.
Tem 217 municípios, distribuídos em 5 mesorregiões:
norte, sul, leste, oeste e centro maranhense12.
A população do estudo foi constituída por todos
os casos novos de hanseníase notificados no SINAN no
período de 2001 a 2009. Considerou-se caso novo
todo aquele que foi diagnosticado pela primeira vez
com hanseníase no período em estudo.
As variáveis selecionadas foram: sexo, faixa
etária, escolaridade, formas clínicas, classificação
operacional, modo de detecção do caso novo, baciloscopia, grau de incapacidade no diagnóstico no final do
tratamento e tipo de alta e município de residência dos
indivíduos.
Após selecionadas, as variáveis foram exportadas para o aplicativo Tabwin versão 3.5, para a retirada
de incompletudes (informações incompletas), inconsistências (informações imprecisas) e duplicidades
(dois ou mais registros iguais para o mesmo caso).
Excluíram-se ainda todas as informações que pudessem identificar os indivíduos. Os dados foram analisados no programa Stata® v10.0.
82
Esta pesquisa foi aprovada sob parecer de nº
397/10 no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário CEP-HUUFMA, atendendo aos critérios da
Resolução CNS/CS nº 466/12 e complementares.
Resultados
De 2001 a 2009 foram registrados 39.230 casos
novos, sendo observadas maiores frequências em
portadores do sexo masculino (56,3%), na faixa etária
de 20 aos 29 anos (21,1%), acrescentando importante
porcentagem de adolescentes (16,5%) e escolaridade
de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental incompletas
(25,7%) (Tabela 1).
Tabela 1 – Casos novos de hanseníase segundo características
sociodemográficas. Maranhão, 2001 - 2009.
Características
Sexo
Masculino
Feminino
Faixa etária
1 – 9 anos
10 –19 anos
20 – 29 anos
30 – 39 anos
40 – 49 anos
50 – 59 anos
60 – 69 anos
70 – 79 anos
80 e mais anos
Escolaridade
Analfabeto
1ª a 4ª série incompleta do EF
4ª série completa do EF
5ª a 8ª série incompleta do EF
Ensino fundamental completo
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Ensino superior incompleto
Ensino superior completo
Não se aplica
Ignorado
Total
n
%
22.070
17.160
56,3
43,7
1.0173
6.0497
8.0111
5.0860
5.0736
5.0292
3.0665
2.0044
0.0852
02,9
16,5
21,1
14,9
14,6
13,4
09,3
05,2
02,1
6.0279
8.0923
1.0156
9.0978
0.0686
4.0717
1.0061
0.0082
0.0874
0.0471
0.5003
39.230
16,0
22,7
02,9
25,7
01,7
12,0
02,7
00,2
02,2
01,2
12,7
100,0
Fonte: SINAN/SES/MA. Banco de dados estadual.
Quanto às características clínico-epidemiológicas, observaram-se maiores percentuais das formas clínicas dimorfa (33,3%) e tuberculóide (21,1%).
Quanto as formas clínicas, 60,3% foram classificados como multibacilares. No que se refere ao modo
de detecção dos casos novos, 59,9% foram por
demanda espontânea. Na variável baciloscopia, em
87,1% não havia informação quanto ao resultado;
6,6% não realizaram o exame, 4,4% tiveram resultado negativo e em 2,2% dos casos a baciloscopia foi
positiva. Em relação ao grau de incapacidade no diagnóstico, 56,5% apresentaram grau zero. Na avaliação do grau de incapacidade na alta: 36,4% apresentaram grau zero, enquanto 53,4% não foram avaliados. Alta por cura ocorreu em 87,3% dos casos e
abandono em 6,1% (Tabela 2).
Rev Pesq Saúde, 14(2): 81-86, maio-agost, 2013
RibeiroVS, AquinoDMC, Caldas AJM, Alencar CHM
Tabela 2 - Casos novos de hanseníase segundo características
clínico-epidemiológicas. Maranhão, 2001 - 2009.
Variáveis clínicoepidemiológicas
Forma clínica
Indeterminada
Tuberculóide
Dimorfa
Virchowiana
Não classificada
Classificação operacional
Paucibacilar
Multibacilar
Modo de detecção do caso novo
Encaminhamento
Demanda espontânea
Exame de coletividade
Exame de contatos
Outros modos
Ignorado
Baciloscopia
Positiva
Negativa
Não realizada
Ignorado
Grau de incapacidade no
diagnóstico
Grau zero
Grau 1
Grau 2
Não avaliado
Grau de incapacidade na alta
Grau zero
Grau 1
Grau 2
Não avaliado
Tipo de alta
Cura
Transferência para o mesmo
município
Transferência para outro município
(mesma UF)
Transferência para outro estado
Transferência para outro país
Óbito
Abandono
Erro diagnóstico
Total
n
%
07.325
08.268
13.011
05.351
05.275
18,6
21,1
33,3
13,6
13,4
15.593
23.637
39,7
60,3
11.698
23.473
01.076
02.388
00,316
00,279
29,8
59,9
02,7
06,1
00,8
00,7
00,877
01.738
02.448
34.167
02,2
04,4
06,2
87,2
22.134
06.386
01.996
08.714
56,5
16,2
05,1
22,2
14.265
02.974
01.024
20.967
36,4
07,6
02,6
53,4
34.267
87,3
00,264
00,7
00,955
02,5
00,282
00,135
00,596
02.377
00,354
39.230
00,7
00,3
01,5
06,1
00,9
100,0
Fonte: SINAN/SES/MA. Banco de dados estadual.
O estudo da faixa etária definida pelo SINAN para
monitoramento da hanseníase, definida como grupo
de portadores de 0 a 14 anos e maiores de 15 anos, ao
longo da série histórica vem demostrando percentual
acima dos 90% de casos em maiores de 15 anos, a exceção do ano de 2005, quando mais de 12% dos casos
notificados foram em pessoas de 0 a 14 anos (Figura 1).
O comportamento das formas clínicas na série
histórica demonstra predominância da forma dimorfa,
em ascendência na maior parte do período, exceto nos
anos de 2001, quando houve um incremento da forma
clínica indeterminada e em 2006, com crescimento de
formas clínicas não classificadas (consideradas multibacilares pra fins de tratamento). Há durante o período
Rev Pesq Saúde, 14(2): 81-86, maio-agost, 2013
Fonte: SINAN/SES/MA. Banco de dados estadual.
Figura 1 - Percentual de casos novos de hanseníase segundo faixa
etária. Maranhão, 2001 - 2009.
decréscimo de notificações de forma clínica tuberculóide até 2007, ascendendo a partir de então. A virchowiana tem comportamento semelhante à tuberculóide
até o mesmo ano, quando registra ascensão, decrescendo a partir de 2008 (Figura 2).
Fonte: SINAN/SES/MA. Banco de dados estadual.
Figura 2 - Casos novos de hanseníase segundo formas clínicas.
Maranhão, 2001 - 2009.
A demanda espontânea apresenta-se como
modo de detecção de casos novos predominante em
todo o período, porém com tendência de queda. Os
encaminhamentos, de frequência também elevada,
apontam tendência crescente em todo o período.
Observa-se também discreta queda nas entradas por
exames de contatos intradomiciliares. Os demais
modos mantém constância e baixa frequência ao
longo do período (Figura 3).
Fonte: SINAN/SES/MA. Banco de dados estadual.
Figura 3 - Percentual de casos novos de hanseníase segundo
modo de detecção de casos novos, Maranhão, 2001 a 2009.
83
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DA HANSENÍASE NO ESTADO DO MARANHÃO, 2001 A 2009
Discussão
A hanseníase no Estado do Maranhão permanece como importante problema de saúde pública, com
manutenção de casos que atuam como reservatórios e
alimentam o ciclo de transmissão da doença.
A maior frequência de indivíduos do sexo masculino observada neste estudo assemelhou-se a outros
estudos realizados no estado do Amazonas6, em Caxias (MA)13, em município hiperendêmico no Maranhão14,
em Recife (PE)15, em São Paulo 16 e no Sul de Santa Catarina17. Entretanto há aqueles que encontraram maior
percentual de indivíduos do sexo feminino. Estudo
com casos do município de São Luís (MA)18, outro de
Buriticupu (MA)19, de Sobral (CE)20 e do estado do Pernambuco21, todos com população consideravelmente
menor que a deste estudo, o que pode justificar a diferença, considerando que, segundo a literatura, a ocorrência de casos aparentemente tem a mesma frequência entre pessoas de ambos os sexos22.
Para a variável faixa etária, encontrou-se resultado semelhante em vários estudos, com predominância
da população economicamente ativa14,23,24. A maior
detecção de casos de hanseníase em adultos jovens e
adultos não é consequência apenas no retardo do diagnóstico, mas também pode refletir a verdadeira faixa
etária de maior incidência da doença25. Acrescente-se
ainda que para a faixa etária economicamente ativa, a
presença de dano neural pode originar limitações físicas, que podem causar diminuição da capacidade produtiva, consequentemente, subemprego ou desemprego, além de comprometimento da autoestima, distúrbios relacionados à imagem corporal e isolamento social22. Convém ressaltar a importante frequência encontrada em adolescentes, demonstrando exposição precoce ao bacilo, indicando alta endemicidade da área 26.
Algumas pesquisas mostraram que a população
acometida pela hanseníase tem baixa escolaridade13,14,17, à semelhança do que foi encontrado no presente estudo, acompanhando a tendência nacional27.
Dessa forma, estes dados parecem mostrar o nível
educacional da população em estudo ou do próprio
Estado e não que as pessoas adoecem de hanseníase
necessariamente por falta de instrução.
A forma clínica dimorfa e a classificação operacional MB também foram predominantes em diversas
pesquisas14,28,29. Diagnosticar a maioria dos pacientes já
com a forma clínica dimorfa e consequente classificação MB permite afirmar que tal ação foi tardia no Estado.
Pacientes multibacilares são considerados os
indivíduos mais suscetíveis à doença e são a principal
fonte de infecção quando não tratados. À medida que
se obtêm mais casos multibacilares pode-se pensar em
uma estabilização da endemia30, o que, no entanto,
não parece ser o caso do Maranhão, considerando-se a
alta endemicidade do Estado.
Quanto ao modo de detecção de caso novo
Mello et al.,17 e Lana et al.,29 relataram em seus estudos
maior frequencia relacionada à demanda espontânea,
quando o paciente busca o serviço de saúde espontaneamente, sem intervenção do serviço de saúde, assemelhando-se aos resultados deste estudo.
O modo de detecção de casos novos é um medidor da qualidade dos serviços: aqueles que buscam os
84
casos, por exames de coletividade ou de contatos
intradomiciliares, são tidos como mais eficazes,
enquanto aqueles que aguardam passivamente a
demanda parecem ter maior dificuldade de quebrar a
cadeia de transmissão da doença através de diagnóstico e tratamento precoces22,27. Assim, infere-se que os
serviços em hanseníase no Maranhão demostram
importante fragilidade.
Estudo realizado em Santa Catarina24 demonstrou que a maior parte das informações para baciloscopia foram ignoradas, assim como neste estudo. Em
casos em que o diagnóstico clínico da hanseníase é
difícil ou confuso, a realização da baciloscopia pode
ser fundamental para estabelecimento do esquema de
tratamento a ser adotado para estes casos22. Tendo
este exame sido realizado em menos de 10% da população deste estudo, pode-se inferir tanto segurança
dos profissionais quanto ao diagnóstico clínico como
negligência deste exame complementar ou deficiência
na alimentação do sistema de informação.
Estima-se ainda que, considerando a proporção
de baciloscopias com resultado positivo neste estudo
(correspondendo a um terço entre as realizadas), a quantidade de pacientes positivos (bacilíferos) possivelmente seria muito maior do que aparenta, se maior número
de pacientes tivessem sido submetidos a este exame.
Embora a maior frequência para o grau de incapacidade avaliado no momento do diagnóstico observada neste trabalho seja grau zero, seguindo a tendência nacional27, mais de 20,0% dos indivíduos não foram
avaliados, demonstrando fragilidade no acompanhamento dos casos. Outros estudos também relatam
resultados semelhantes6,16,21.
As incapacidades são manifestações que, se
detectadas no momento do diagnóstico, mostram ineficiência dos serviços e diagnóstico tardio2,9,27. Assim,
21,3% de casos com diagnóstico de incapacidade instalada, mostra fragilidade nos serviços no Estado.
Pesquisa realizada em município hiperendêmico do Maranhão31 também encontrou que a maioria
dos casos não teve o grau de incapacidade avaliado no
momento da alta à semelhança deste trabalho,
demonstrando falhas no acompanhamento dos casos
no Estado, na medida em que se desconhece ou se
negligencia esta avaliação.
A maior frequência de alta por cura foi semelhante à encontrada em Santa Catarina17 e em município hiperendêmico do Maranhão31. Segundo os critérios definidos pelo Ministério da Saúde10, a meta para
esta variável foi atingida no Maranhão durante o período em estudo.
Embora não seja alta a porcentagem de abandono de tratamento, observada neste estudo, segundo os
parâmetros do Ministério da Saúde10, deve ser considerada, presumindo-se uma má adesão destes pacientes
ao tratamento proposto, o que pode estar associado ao
longo esquema de tratamento da hanseníase ou ainda
ao poder estigmatizante da doença sobre o paciente27,32. Reflete também fragilidade nos serviços pela
não busca de faltosos pelas equipes de saúde. Resultado semelhante foi observado em Santa Catarina17.
A detecção de casos de hanseníase em menores
de 15 anos tem significado epidemiológico importante, indicando precocidade da exposição da população
Rev Pesq Saúde, 14(2): 81-86, maio-agost, 2013
RibeiroVS, AquinoDMC, Caldas AJM, Alencar CHM
ao bacilo, a força da transmissão recente, presença de
fontes ativas de infecção, tendência e gravidade da
endemia, sendo habitualmente utilizado como um
indicador do nível de transmissão da doença hansênica10, 33.Na série histórica de 2001 a 2009, apenas no ano
de 2005 o percentual de casos em menores de 15 anos
foi superior a 10%, o que significa, segundo ILEP32 para
este ano, uma alta proporção de casos nesta faixa etária e que, provavelmente, foi devida a uma detecção
mais rigorosa de casos neste ano, como, por exemplo,
através de busca ativa em escolares. Referente ao
modo de detecção de casos novos, tiveram aumento
no ano de 2005, o que pode está associada a detecções
por exame de coletividade.
A redução de casos entre os indivíduos que se
encontram nos dois extremos da infecção pelo M.
leprae, o grupo de maior resistência à infecção (forma
tuberculóide) e o de alta suscetibilidade (forma virchowiana) pode justificar o aumento do número de casos
considerados imunologicamente instáveis (forma
dimorfa)26. O crescimento constante da forma clínica
dimorfa e a frequência das formas indeterminada e
tuberculóide, ainda que baixa, em praticamente toda a
série, demonstra a manutenção da endemia no Estado.
Na série histórica do modo de detecção, a
demanda espontânea sempre em maiores frequências
demonstra ainda fragilidade na busca de casos, embora aponte para um possível sucesso das ações de educação em saúde, em geral veiculadas em mídia nacional. É possível relacionar ainda o aumento crescente do
modo de detecção encaminhamento a uma melhor
capacidade de diagnóstico pelos profissionais da saúde. As baixas frequências dos demais modos, especialmente dos exames de contato intradomiciliares, reflete uma deficiência considerável na busca de casos e
possivelmente incrementa a prevalência oculta da
doença, considerando que é este último grupo o de
maior suscetibilidade para a doença27.
Assim, conclui-se que a hanseníase no estado
do Maranhão permanece como importante problema
de saúde pública conforme mostraram os dados, situação que aponta para a manutenção de casos que atuam
como reservatórios e alimentam o ciclo de transmissão
da doença.
A fragilidade nas ações de busca ativa dos casos é
demonstrada em especial pela maior frequência no
modo de detecção demanda espontânea, pelos elevados
percentuais de pessoas com algum grau de incapacidade avaliado ainda no momento do diagnóstico e pelo
diagnóstico frequente de portadores multibacilares.
Há deficiência ainda no acompanhamento dos
pacientes, demonstrado pelo número de pessoas com
alguma incapacidade decorrente da hanseníase instalada no momento da alta, além de possíveis deficiências
na alimentação/atualização do sistema de informação.
As limitações deste trabalho foram associadas
às dificuldades de extrair os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), considerando dados incompletos, inconsistentes ou duplicados
exigindo tratamento cuidadoso das informações.
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Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
HUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES ASSISTENCIAIS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM SÃO
LUÍS, MARANHÃO
HUMANIZATION OF ASSISTANCE WITHIN HEALTHCARE SERVICES IN SÃO LUÍS, MARANHÃO
Maria José Sansão da Silva1, Lorena Lúcia Costa Ladeira1, Karyne Martins Lima1, Matheus Pinto Santos1, José Ferreira Costa2, Elizabeth Lima Costa3
Resumo
Introdução: A existência de tecnologia de ponta isoladamente, assim como, a capacidade de relacionamento pessoal adequada
não pode ser considerada como fator de humanização da assistência. Objetivo: Verificar a existência de Programa de Humanização e a percepção do usuário dos serviços de saúde sobre a qualidade da assistência odontológica oferecida nas Unidades
Básicas de Saúde de São Luís (MA). Métodos: Estudo de corte transversal realizado com 80 participantes entre 18 a 55 anos de
idade. Para coleta de dados foi aplicado um questionário contendo15 perguntas, relativas à identificação; acesso aos serviços
de saúde, qualidade da assistência, satisfação do usuário, consideração e receptividade oferecidos pelos profissionais que
atendem na recepção, odontólogos e atendentes de saúde bucal e visitas às Unidade Básica de Saúde. Resultados: Dentre os
entrevistados 87,50%residiam em local de atendimento da Estratégia Saúde da Família e todos eram cadastrados no programa.
Quanto a presença de cirurgião dentista, 87,50% responderam que sim. O tempo de espera com mais de 60 minutos para serem
atendidos foi confirmado por 40,6%. O conceito bom foi atribuído por 56,30% relacionado ao atendimento da última consulta. A
marcação do retorno para a conclusão do tratamento foi confirmada por 59,40%. A satisfação com a qualidade da consulta
odontológica foi referida por 56,30%, a qualidade do atendimento na recepção caracterizado como bom por 59,40%, a atenção
prestada pelo Odontólogo foi satisfatória para 68,80% e 59,40% com a equipe de saúde. Conclusão: A maioria dos entrevistados afirma estar satisfeito com os serviços oferecidos, pela aproximação entre gestores, profissionais da saúde e usuários do
sistema, o que comprova a existência do fator humanização nas referidas unidades de saúde em São Luís (MA).
Palavras-chave: Atenção básica à saúde. Humanização da Assistência. Sistemas de Informação em Atendimento Ambulatorial.
Abstract
Introduction: The existence of cutting edge technology by itself and the ability to perform an appropriate personal relationship
can not be considered as a factor of humanization of assistance. Objective: To verify the existence of humanization program
and the user's perception of health services on the quality of dental care provided in the basic health units of São Luís,
Maranhão. Methods: Cross-sectional study consisted of 80 individuals between 18-55 years of age. We used a questionnaire
containing 15 questions relating to the identification, access to health services, quality of service, user satisfaction, consideration and responsiveness offered by professionals who assist at the reception, dentists and oral health attendants and visits to
the basic health units. Results: Among the individuals interviewed, 87.50% lived in an area where there was the service of the
family health strategy being all them enrolled in the program. In 87.50% reported that there was a dental surgeon in the health
team. 40.6% said to wait more than 60 minutes to be attended to. 56.30% said the attendance was considered as good in the last
medical appointment, 59.40% responded that had the return visit scheduled in order to finish the treatment. 56.30% of participants were satisfied with the quality of the dental appointment. 59.40% said the quality of attendance reception was good.
68.80% said to be satisfied of attention by Dentist and 59.40% by the health team. Conclusion: Most respondents said to be
satisfied with the offered services, by the closeness between managers as well as health professionals and users of the system.
This proves the existence of the humanizing factor in these health units in São Luís, Maranhão.
Keywords: Primary Health Care. Humanization of Assistance. Ambulatory Care Information Systems.
Introdução
O avanço técnico-científico dos últimos tempos
contribuiu para que as ciências biológicas, incluindo a odontologia, se desenvolvessem rapidamente a favor da saúde
do paciente. Em contrapartida, fez com que os profissionais dessa área voltassem sua atenção para esse desenvolvimento, negligenciando a relação com o paciente1.
Chiattone et al.,2 destacam que todas essas modificações no campo da saúde trouxeram como consequência a mais visível, “desumanização” das práticas nessa
área. Assim, os profissionais de saúde foram se transformando em técnicos, especialistas, conhecedores de procedimentos de alta complexidade, porém, afastados das
particularidades presentes nos pacientes e familiares3.
1.
2.
3.
Martins4 afirma que, os profissionais de saúde
estão buscando cada vez mais uma formação específica em determinada área de conhecimento, e em virtude disto e das adversidades enfrentadas no ambiente
de trabalho, estão mais restritos para o contato com o
paciente e para a busca de formação mais abrangente.
Para se lançar mão de profissionais com visão de
humanização, é necessário a inclusão desse fator na
sua formação acadêmica, através da diversificação dos
cenários ensino-aprendizagem5 e para a obtenção do
atendimento humanizado, é importante conciliar os
recursos tecnológicos com o bom desempenho humano no relacionamento com o paciente6,7,8.
O Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS e do
Discentes do Curso de Odontologia. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Professor Doutor do Departamento de Odontologia I - UFMA.
Professora Mestre do Departamento de Odontologia II - UFMA.
Contato: Elizabeth Lima Costa. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 87-90, maio-agost, 2013
87
HUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES ASSISTENCIAIS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM SÃO LUÍS, MARANHÃO
Humaniza - SUS, defende a integração, o trabalho em
conjunto, englobando usuários, trabalhadores e gestores9.O cuidado humanizado, respeitando a dignidade,
a vida e os direitos do sujeito, é um exercício ético da
profissão e se configura como dever do profissional10,11.
A legislação vigente preconiza uma formação mais
humanizada dos Cirurgiões Dentistas. Para Robles et al.,12
um bom cirurgião dentista, além de possuir boas habilidades técnicas e conhecimento científico, deve valorizar
o relacionamento interpessoal, estabelecendo uma comunicação saudável com o paciente, fornecendo informações importantes para a manutenção da saúde bucal e
dispensando atenção e carinho para com o mesmo13.
Estudos voltados para a assistência odontológica que considerem a perspectivas dos gestores, profissionais das unidades de saúde e usuários do sistema
de saúde são necessários para avaliar a assistência
humanizada; neste sentido o objetivo deste estudo foi
verificar a existência de Programa de Humanização e a
percepção do usuário sobre a qualidade da assistência
odontológica oferecida nas Unidades Básicas de Saúde
em São Luís (MA).
Métodos
Estudo observacional realizado com 80 participantes na faixa etária de 18 a 55 anos de idade, de
ambos os sexos, selecionados aleatoriamente nas
Unidades de Saúde em dias e turnos diferentes e inscritos no Programa Estratégia Saúde da Família em São
Luís (MA), no período de agosto de 2011 a maio de
2012, tendo como fonte de dados o Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) e o consolidado da
ficha de cadastro das famílias da área de abrangência
do ESF em São Luís (MA).
O município de São Luís (MA) está dividido em 07
Distritos, com 42 Unidades de Saúde, com uma cobertura mensal de 1.800 pacientes, representando cerca
de 31% dos serviços e possuem 96.490 famílias cadastradas ao programa com 96 equipes de saúde, das
quais 79 possuem equipes de saúde bucal, alcançando
apenas 35,5% de toda população da cidade. Apresenta
maior cobertura na região do Tirirical, Cidade Olímpica, Cidade Operária e na zona rural de São Luís. Para
determinação da amostra foi realizado um estudo por
amostragem em 15 Unidades de Saúde em funcionamento na zona urbana. Foram calculados a variância de
cada parâmetro determinados pela fórmula,
2
2
n = (t .s2 )
d
onde: n = Número ótimo de amostras simples a serem
coletas; t = (n-1 g.l.), quantil da distribuição de Student
para testes de significância (bilateral a 5% de probabilidade); s2 = Variância dos parâmetros analisados; d =
Semi-amplitude do intervalo de confiança (±0,10), chegando a um total de 80 participantes. Esta amostra
numérica também está em conformidade com a literatura pertinente que apresenta em seus estudos, semelhança metodológica variando de 40 a 80 participantes.
Para coleta de dados, foi aplicado um questionário estruturado, validado e adaptado por Almeida e
Macinko7, composto por 15 perguntas, relativas à identificação, acesso aos serviços de saúde, qualidade da
assistência, satisfação do usuário, consideração e recep-
88
tividade oferecidos pelos profissionais que atendem na
recepção, odontólogos e atendentes de saúde bucal. Os
questionários foram aplicados pelo pesquisador, na sala
de espera da Unidade de Saúde, enquanto os pacientes
aguardavam a consulta odontológica ou conforme a
preferência e comodidade dos entrevistados.
Os dados obtidos foram transferidos para um
banco específico de dados e analisados estatisticamente através do programa de computador Epi-info®
(2000). Foram calculados os intervalos de confiança
para cada variável analisada com seus respectivos “p”
valores. Os gráficos foram construídos no programa
Sigma Plot®.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão - UFMA (nº
23115-011986/2011-12) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Do total de 80 pacientes entrevistados, 62
(78,9%) eram mulheres e 18 (21,1%) homens. A maior
percentagem de idade concentrou-se na faixa entre 30
e 35 anos, representando 27,6%, seguida das faixas de
42 a 55 anos (22,4%), e 24 a 29 anos (19,7%) (Figura 1).
Figura 1 - Faixa etária e sexo dos usuário da assistência odontológica. Unidades Básicas de Saúde. São Luís - MA. 2012.
O acesso aos serviços de saúde foi investigado
pela existência de alguma Unidade de Saúde próxima ao
local de moradia e acessibilidade ao serviço odontológico. Quanto a residência 94,7% residiam próxima a uma
Unidade do Programa Estratégia Saúde da Família, com
cirurgião dentista na equipe de saúde e todos os usuários eram cadastrados ao programa (Figura 2).
Sua casa está na
região com
atendimento da
Estratégia Saúde
da Família?
Na equipe de
saúde existe
dentista?
Você é
cadastrado no
programa de
saúde?
Figura 2 - Acesso e disponibilidade da assistência odontológica
relacionadas ao Programa Saúde da Família. São Luís - MA. 2012.
Tempo de espera para realização do atendimento odontológico, verificou-se que 28,9% consideraram
que são necessários de 30 a 60 minutos e 46,1% afirmaram que são mais de 60 minutos (Figura 3).
Rev Pesq Saúde, 14(2): 87-90, maio-agost, 2013
SilvaMJS, LadeiraLLC, LimaKM, SantosMP, Costa JF, CostaEL
Figura 3 - Tempo de espera para realização do atendimento odontológica. Unidades Básicas de Saúde. São Luís - MA. 2012.
Entretanto, 47,4% atribuíram conceito Bom
para sua última consulta e 28,9% atribuíram Muito
Bom (Tabela 1).
Tabela 1 - Opinião dos usuário da assistência odontológica
relacionada ao tratamento. Unidades Básicas de Saúde. São
Luís - MA. 2012.
O que você achou do
tratamento na última consulta?
Bom
Muito bom
Muito ruim
Não sei dizer
Regular
Total
%
IC (-)
IC (+)
47,40
28,90
05,30
02,60
15,80
100,00
35,8
19,1
01,5
00,3
08,4
-
59,2
40,5
12,9
09,2
26,0
-
IC: Intervalo de Confiança.
A marcação do retorno para a continuidade e/ou
conclusão do tratamento foi referido por 56,6% como
positivo (Tabela 2).
Tabela 2 - Opinião dos usuários relacionada a marcação de retorno
para a conclusão do tratamento odontológico. Unidades Básicas
de Saúde. São Luís - MA. 2012.
Marcação de retorno para
conclusão do tratamento?
Às vezes
É difícil conseguir uma vaga
Não
Sim
Total
%
IC (-)
IC (+)
13,2
21,1
09,2
56,6
100,0
06,5
12,5
03,8
44,7
-
22,9
31,9
18,1
67,9
-
IC: Intervalo de Confiança.
A qualidade do atendimento na recepção nas
Unidades de Saúde, foi considerada satisfatória para
53,9% dos participantes e 26,3% relataram pouca satisfação. Entretanto, verificou-se uma aceitação positiva
com relação à qualidade das consultas odontológicas
(60,5%), pela atenção prestada pelo Odontólogo
(76,3%) e pela equipe de saúde (57,9%).
Discussão
Atualmente os serviços de saúde de São Luís
(MA), encontram-se na gestão plena do Sistema Municipal de Saúde. De acordo com o Guia Saúde São Luís,
elaborado pela Prefeitura Municipal de São Luís e
Rev Pesq Saúde, 14(2): 87-90, maio-agost, 2013
Secretaria Municipal de Saúde, na zona urbana e rural
do município, existem 42 unidades de saúde da família, com 96.490 famílias cadastradas, o que corresponde uma média de 4,18 habitantes por família. Não se
buscou tornar a amostra heterogênea por gênero ou
idade, mas no presente estudo, o público feminino
representou maioria dos usuários entrevistados.Conforme Robles et al.,12 esse fato infere uma situação
social em que a mulher tem papel preponderante no
grupo familiar no cuidado à saúde e da disponibilidade
da oferta de serviço para seus membros. O mesmo foi
constatado nos estudos de Santos14 e De-Paula et al.,15
quando estudaram a percepção dos usuários do Sistema Único de Saúde de Montes Claros/MG quanto à
saúde bucal e ao serviço público odontológico.
Diferenças nas expectativas de usuários, profissionais e gestores quanto à atenção desenvolvidas nas
Unidades de Saúde, tem sido verificadas na literatura1,3,7. O tempo de espera é um dos fatores que contribui
para a insatisfação do paciente no atendimento odontológico18,19. O fator acolhimento está relacionado com
a duração do atendimento, sendo que a existência de
longas filas é característica importante da desumanização nessa relação15, 20. Por outro lado, no presente estudo, a maior dos usuários admitiu esperar por mais de
60 minutos para início do atendimento, entretanto,
este fator isoladamente, não afetou a satisfação do
usuário quanto à qualidade da consulta, corroborando
com Cartaxo e Santos16, quando estudaram a satisfação
do usuário de Planos de Saúde Odontológicos em Salvador (BA), mostrando um tempo de espera para realização do atendimento variando de 15 a 60 minutos e não
foi visto de forma negativa pelos participantes. Entretanto outros estudos observaram que o principal determinante da não utilização dos serviços da ESF foi a dificuldade em marcar consultas1,7,15,19.
A relação dentista-paciente é determinante no
atendimento odontológico e na promoção de saúde
bucal17,18. Neste propósito, foi observado um alto índice
de satisfação do usuário em relação à atenção prestada
pelos Odontólogos, aos pacientes e no cuidadoso
desempenho de suas funções, corroborando com Santos16 de Curitiba (PR) e com Moimaz et al.,19 que enfatizam que para otimizar o processo da assistência, é
necessário um bom atendimento e que deve ser pautado na escuta e conhecimento do usuário, bem como
num bom desempenho do profissional.
A qualidade da consulta também é um dos fatores que caracteriza um atendimento humanizado e
relevante de ser avaliado. Observou-se grande satisfação do usuário quanto a qualidade da consulta odontológica, a disponibilidade de equipamentos adequados
e materiais de consumo, possibilitando o aprimoramento da atenção, como agilidade, e resolutividade19,
fato este confirmado nos estudos realizados por Szpilman et al.,18 e Moimaz et al19.
De-Paula et al.,15 destacam a importância da
equipe de saúde bucal dentro da Estratégia Saúde da
Família e enfatizam que a equipe de saúde possibilita
uma relação mais estreita com as famílias quando realizam visitas domiciliares. Além disso, concretizam através da valorização da história do paciente, um vínculo
duradouro entre usuário e serviço1. A possibilidade de
retornar às novas consultas em dia determinado e não
89
HUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES ASSISTENCIAIS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM SÃO LUÍS, MARANHÃO
ter que faltar serviço para marcar consulta, foram apontadas por mais da metade dos usuários, como facilitador do seu acesso para o término do tratamento iniciado, corroborando com Schimith et al.,20 que identificaram que a continuidade do tratamento está diretamente ligada ao estabelecimento de vínculo entre paciente
e equipe de saúde. Em estudo realizado por Almeida e
Macinko7 nas cidades de Petrópolis (RJ) e São Paulo (SP),
relacionado à avaliação do acesso aos serviços mostrou
insuficiência em cerca de 20% e 40% respectivamente.
Outros estudos apontam o tempo de espera pelas consultas, a não disponibilidade de unidades de saúde da
família próxima ao local de moradia, unidades de saúde
abertas após o horário de trabalho ou finais de semana,
os quais podem estar contribuindo para a inversão da
lógica, uma vez que se constituem como barreira de
acesso aos serviços para o trabalhador14,15,17.
Tomando por base os resultados da pesquisa,
conclui-se que a maioria dos entrevistados afirma estar
satisfeito e estimulado pelo clima de confiança com os
serviços oferecidos, pela aproximação entre gestores,
profissionais da saúde e usuários do sistema, o que
comprova a existência do fator humanização nas referidas unidades de saúde em São Luís (MA).
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90
Rev Pesq Saúde, 14(2): 87-90, maio-agost, 2013
Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
PERFIL DAS CRIANÇAS COM LEISHMANIOSE VISCERAL QUE EVOLUÍRAM PARA
ÓBITO, FALHA TERAPÊUTICA E RECIDIVA EM HOSPITAL DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
PROFILE OF CHILDREN WITH VISCERAL LEISHMANIASIS THAT EVOLVED TO DEATH, THERAPEUTIC FAILURE AND
RELAPSE IN A HOSPITAL OF SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL
Arlene de Jesus Mendes Caldas¹, Luciana Léda Carvalho Lisbôa², Pollyanna da Fonseca Silva³, Nair Portela Silva Coutinho⁴, Tereza Cristina Silva⁵
Resumo
Introdução: A importância da Leishmaniose Visceral (LV) para saúde pública deve-se, em grande parte, às altas taxas de letalidade. Objetivo: Descrever o perfil dos pacientes com LV que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva. Métodos: Estudo descritivo, retrospectivo, com todos os pacientes com diagnóstico de LV atendidos em um hospital de referência em São Luís
(MA), no período de janeiro de 2006 a maio de 2011, que apresentaram o desfecho de óbito, falhas terapêuticas e recidivas. Os
dados (sociodemográficos, medicação utilizada, e desfecho) foram obtidos a partir dos prontuários dos pacientes. Utilizou-se a
análise descritiva. Resultados: Foram atendidos, nesse período, 167 pacientes com diagnóstico de LVA; destes, 4,1% evoluíram
para óbito, 3,5% para falha terapêutica, e 2,3% para recidiva. A faixa etária predominante foi entre 6 meses a 6 anos. A maioria
dos óbitos ocorreu entre crianças de 1 a 3 anos (71,4%), do sexo feminino (85,7%), pardas (57,1%), e tratadas com Antimoniato
de Meglumina (57,1%). As falhas terapêuticas foram em sua maioria entre crianças de 1 a 3 anos (50%), no sexo feminino
(83,3%), brancas (50%), e tratadas com Antimoniato de Meglumina (50%). As recidivas ocorreram principalmente em crianças
entre 3 a 6 anos (75%), do sexo masculino (75%), 50% entre negras e 50% pardas, e todas tratadas com Antimoniato de Meglumina. Conclusão: Observou-se uma elevada frequência de óbitos evidenciando a importância de um tratamento e diagnóstico
precoce, bem como desenvolvimento de campanhas de orientação e prevenção.
Palavra-chave: Leishmaniose Visceral. Óbitos. Falha terapêutica. Recidiva.
Abstract
Introduction: The importance of Visceral Leishmaniasis (VL) for public health is mainly due to high rates of mortality of this
disease. Objective: To describe the profile of patients with VL who died, therapeutic failure and relapse. Methods: A descriptive
and retrospective study with all patients diagnosed with VL from January 2006 to May 2011 who were assisted in a referral
hospital in São Luís, State of Maranhão, Brasil, and who died or had treatment failures as well as relapses. The data concerning
patients' socio-demographic variables, medication and clinical outcome were obtained from medical records of patients. We
used the descriptive analysis. Results: 167 patients were diagnosed with VL during the period of this study. Of all these patients,
4.1% died, 3.5% had therapeutic failure and 2.3% presented relapse. The age group of 6 months to 6 years of age was predominant. Most of deaths occurred among children from 1 to 3 years of age (71.4%), female (85.7%), brown skin (57.1%) and who
were treated with meglumine antimoniate (57.1%).Therapeutic failures were found mostly among children from 1 to 3 years of
age (50%), female (83.3%), white (50%), and treated with meglumine antimoniate (50%). Relapses occurred mainly in children
between 3 to 6 years (75%), male (75%), with black skin (50%) and brown skin (50%) and in all those treated with meglumine
antimoniate. Conclusion: We observed a high frequency of deaths, and that in turn highlights the importance of early diagnosis
and treatment as well as development of guidance and prevention campaigns.
Keyword: Visceral leishmaniasis.Deaths.Therapeutic failure.Relapse.
Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a Leishmaniose Visceral (LV) como um importante problema de saúde pública. Apesar de endêmica em
mais de 60 países, Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e
Brasil são responsáveis por cerca de 90% dos casos
registrados no mundo1-3.
Estima-se uma incidência de 500.000 casos
novos e 50.000 mortes a cada ano no mundo, com
números claramente em ascensão4,2. No Brasil, a LV
assumiu um caráter surpreendente nos últimos anos,
invadindo cidades, das menores até as metrópoles,
desafiando autoridades de saúde pública e pesquisadores3,5. Até 1990 a doença ocorria praticamente na
1.
2.
3.
4.
5.
região Nordeste, que registrava 90% dos casos. Na
atualidade, a LV encontra-se amplamente difundida,
com registro de ocorrência em 19 das 27 unidades da
Federação3 . Epidemias são registradas em vários locais
e a doença expande-se para o Norte, Centro-Oeste e
em direção ao Sudeste, frustrando as estratégias tradicionais de controle5.
A suscetibilidade é universal, atingindo pessoas
de todas as idades e sexo. Entretanto, no Brasil a doença atinge principalmente a população infantil, predominantemente nos seis primeiros anos de vida6. A
importância da LV em nosso país reside na sua alta
incidência, na ampla distribuição e no seu potencial de
assumir formas graves e letais quando associada aos
quadros de desnutrição e infecções concomitantes7. A
Doutora em Patologia Humana. Docente do Departamento de Enfermagem - UFMA.
Acadêmica de Enfermagem - UFMA. Bolsista do PIBIC.
Enfermeira. Mestranda de Saúde Coletiva - UFMA.
Doutora em Ciências da Saúde. Docente do Departamento de Enfermagem - UFMA.
Bióloga. Doutoranda de Saúde Coletiva - UFMA.
Contato: Arlene de Jesus Mendes Caldas. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 91-95, maio-agost, 2013
91
PERFIL DAS CRIANÇAS COM LEISHMANIOSE VISCERAL QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO, FALHA TERAPÊUTICA E RECIDIVA EM HOSPITAL DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
letalidade média nos últimos 4 anos foi de 6,3%8. Em
virtude das características epidemiológicas, as estratégias de controle dessa endemia ainda são pouco efetivas e estão centradas no diagnóstico e tratamento
precoce dos casos9.
De modo geral, o diagnóstico da doença é baseado no exame clínico dos sintomas e histórica do paciente, com auxilio dos exames sorológicos (Ensaio
Imunoenzimático - ELISA, Imunofluorescência Indireta
- IFI) e confirmado pelo exame parasitológico, realizado por punção na medula óssea, baço ou fígado. Ainda
pode auxiliar no diagnostico a análise do hemograma e
dosagem de proteínas. Dependendo da forma clínica,
pode ocorrer uma diminuição do número total de
hemácias, leucopenia com linfocitose relativa e plaquetopenia, bem como inversão da relação albumina/globulina10. Antes de iniciar o tratamento alguns
cuidados devem ser observados, entre eles: avaliação e
estabilização das condições clínicas, tratamento das
infecções concomitantes.
Há necessidade da utilização de esquemas terapêuticos de grande eficácia para o tratamento da LV.
No entanto, temos poucas opções terapêuticas disponíveis, e estas apresentam pelo menos um fator que
limita seu uso, dentre estes: resistência do protozoário, toxicidade e/ou alto custo10.
Os antimoniais pentavalentes continuam sendo
a droga de primeira escolha para o tratamento, e a
anfotericina B é a droga de segunda linha, em casos de
resistência ao antimoniato. Nos Estados Unidos é considerada droga de primeira linha, dada ao seu excelente perfil de tolerância, comparada com os antimoniais.
É a única opção no tratamento de gestantes e de pacientes que tenham contraindicações ou que tenham
apresentado toxicidade ou refratariedade relacionadas ao uso dos antimoniais pentavalentes.
A Anfotericina B Lipossomal é recomendada em
pacientes com insuficiência renal, bem como para a
redução da letalidade da LV na forma grave¹¹. Portanto é de extrema importância tratar os casos confirmados de e acompanhá-los durante toda a evolução clínica. Essa conduta visa reduzir a letalidade, recidiva,
gravidade e outras complicações da doença ou toxicidade do medicamento.
O conhecimento dos profissionais de saúde
sobre o perfil dos pacientes com LV é de grande relevância, principalmente em se tratando de prognósticos
durante o tratamento. Tem-se como objetivo descrever
o perfil dos pacientes com LV que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva, em um hospital de referência em São Luís, Maranhão.
Métodos
Estudo descritivo retrospectivo realizado por
meio da análise de prontuários de pacientes, com
Leishmaniose Visceral, atendidos no período de janeiro 2006 a maio de 2011 em um hospital de referência
em São Luís, Maranhão.
A população foi constituída por todos os pacientes com diagnóstico de LV,confirmado pela observação de Leishmania, em aspirado de medula óssea (MIelograma).
Os dados foram coletados dos prontuários,
utilizando-se como instrumento uma ficha-protocolo
92
com as seguintes variáveis: demográfica (idade, sexo,
cor da pele), socioeconômica (local de moradia, renda
familiar, procedência da água, destino do lixo e dos
dejetos), confirmação diagnóstica, tipo de tratamento,
desfecho do tratamento (óbitos, recidiva e falha terapêutica), Identificação dos responsáveis (sexo e grau
de instrução).
Consideraram-se como falha terapêutica os
casos em que não ocorreu cura clínica após a segunda
série regular de tratamento com antimonial pentavalente; e como recidiva, o recrudescimento da sintomatologia, em até 6 meses após a cura clínica.
O banco de dados foi estruturado no programa
Epi-info versão 3.5.2, realizando análise estatística descritiva, considerando frequência absoluta e percentual.
O presente estudo faz parte de um estudo maior
intitulado “Marcadores Moleculares de Prognóstico na
Leishmaniose Visceral”, aprovado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa do HUUFMA sob o número 002390/2009-20.
Resultados
No período de janeiro de 2006 a maio de 2011
foram atendidos 167 pacientes com diagnóstico de Leishmaniose Visceral. Destes, 4,1% evoluíram para óbito, 3,5%
para falha terapêutica, e 2,3% para recidiva. (Tabela 1).
Tabela 1 - Casos de Leishmaniose Visceral que evoluíram
para óbitos, recidiva e falha terapêutica, no período de 2006 a
2011, São Luís - MA, 2011.
Evolução do caso
Óbito
Falha terapêutica
Recidiva
Cura
Total
n
07
06
04
150
167
%
04,1
03,5
02,3
89,8
100,0
A faixa etária predominante dos casos que evoluíram para óbito, para falha terapêutica, e recidiva foi
entre 6 meses a 6 anos. A maioria dos óbitos ocorreu
entre crianças de 1 a 3 anos(71,4%), do sexo feminino(85,7%), pardas(57,1%), e tratadas com Antimoniato
de Meglumina (57,1%). As falhas terapêuticas foram em
Tabela 2 - Características demográfica dos casos de Leishmaniose Visceral por óbitos, recidiva e falha terapêutica, no
período de 2006 a 2011. São Luís - MA, 2011.
Variável
Faixa etária
< 1 ano
1 a 3 anos
3 a 6 anos
Sexo
Masculino
Feminino
Raça/cor
Branca
Negra
Parda
Total
Óbitos
Falhas
terapêuticas
n
%
n
%
2
5
-
88,6
71,4
-
2
3
1
1
6
14,3
85,7
1
2
4
7
14,3
28,6
57,1
100,0
Recidivas
n
%
33,3
50,0
16,7
1
3
25,0
75,0
1
5
16,7
83,3
3
1
75,0
25,0
3
1
2
6
50,0
16,7
33,3
100,0
2
2
4
50,0
50,0
100,0
Rev Pesq Saúde, 14(2): 91-95, maio-agost, 2013
Caldas AJM, Lisbôa LLC, SilvaPF, CoutinhoNPS, SilvaTC
sua maioria entre crianças de 1 a 3 anos(50%), no sexo
feminino (83,3%), brancas (50%), e tratadas com Antimoniato de Meglumina (50%). As recidivas ocorreram principalmente em crianças entre 3 a 6 anos (75%), do sexo
masculino (75%), 50% entre negras e 50% pardas, e todas
tratadas com Antimoniato de Meglumina (Tabela 2).
Com relação à medicação utilizada, destaca-se o
uso de Antimoniato de Meglumina como droga mais
utilizada entre os pacientes com LV, sendo 57,1% nos
pacientes que evoluíram para óbito, 50% nos que apresentaram falhas terapêuticas e 100% dos quadros de
recidivas. O uso de antibióticos foi observado em
71,4% nos casos de óbitos, 66,7% de falhas terapêuticas e 75% nos casos de recidivas (Tabela 3).
Tabela 3 - Medicações utilizadas pelos casos de Leishmaniose Visceral por óbitos, recidiva e falha terapêutica, no período
de 2006 a 2011. São Luís - MA, 2011.
Variável
Medicação utilizada
Desoxicolato de
anfotericina B
Anfotericina B
Lipossomal
Antimoniato de
Meglumina
Uso de antibióticos
Sim
Não
Sem informação
Total
Óbitos
Falhas
Recidivas
terapêuticas
n
%
n
%
n
%
2
28,6
2
33,3
-
-
1
14,3
1
16,7
-
-
4
57,1
3
50,0
4
100,0
5
1
1
7
71,4
14,3
14,3
100,0
4
2
6
66,7
33,3
100,0
3
1
4
075,0
025,0
100,0
Tabela 4 - Aspectos socioeconômicos dos casos de Leishmaniose Visceral que evoluíram para óbitos, recidiva e falha
terapêutica, no período de 2006 a 2011. São Luís - MA.
Variável
Local de moradia
Urbano
Rural
Sem informação
Renda familiar (salário mínimo)
< 1 salário
1 a 2 salários
Sem informação
Procedência da água
Rede pública
Poço
Sem informação
Destino do lixo
Coleta pública
Queimado
Sem informação
Destino dos dejetos
Rede de esgoto
Fossa séptica
Fossa negra
Mato
Sem informação
Total
Rev Pesq Saúde, 14(2): 91-95, maio-agost, 2013
n
%
03
13
01
17,6
76,5
05,9
11
02
04
64,7
11,8
23,5
10
04
03
58,8
23,5
17,6
01
01
15
05,9
05,9
88,2
01
03
03
06
04
17
05,9
17,6
17,6
35,3
23,5
100,0
Quanto às características socioeconômicas,
76,5% eram procedentes da zona rural, 64,7% com renda
familiar menor que um salário mínimo, 58,8% a origem
da água era da rede pública, 35,3% do destino dos dejetos era a céu aberto (mato) (Tabela 4).
Quanto aos responsáveis pelos casos LV, 76,5%
eram do sexo feminino e 47,1% tinham primeiro grau
incompleto (Tabela 5).
Tabela 5 - Características dos responsáveis dos casos de
Leishmaniose Visceral que evoluíram para óbitos, recidiva e
falha terapêutica, no período de 2006 a 2011. São Luís - MA.
Variável
Sexo
Masculino
Feminino
Grau de instrução
Alfabetizado
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
Sem informação
Total
n
%
04
13
23,5
76,5
03
08
01
01
04
17
17,6
47,1
05,9
05,9
23,5
100,0
Discussão
Uma importante característica da LV é que,
quanto maior a incidência da doença, maior o risco
para as crianças mais jovens, fato já documentado no
Brasil, onde a preferência da doença pela população
infantil vem se mantendo ao longo dos anos11-14, concordando com este estudo que mostrou predominância da faixa etária de 1 a 3 anos de idade, tanto nos
pacientes em que ocorreram falhas terapêuticas quanto nos óbitos. As recidivas ocorreram na faixa etária de
menores de um ano.
O estudo revelou uma letalidade maior do que a
encontrada por Machado15, onde 3% das crianças evoluíram para óbito, e menor ao registrado por Queiroz
et al.,16 de 10,2%, em um estudo realizado em Pernambuco. É provável que a alta incidência da doença e de
óbito no grupo de menores de cinco anos de idade seja
devida à maior suscetibilidade à infecção e à depressão
da imunidade observada nesta faixa etária, uma vez
que a imunidade duradoura se desenvolve com a idade16. Outro fator que pode ter contribuído para essa
letalidade é que todas as crianças chegaram ao serviço
de referência com doença avançada (evolução em
torno de 60 a 90 dias, dados não demostrados).
A literatura aponta o sexo masculino como mais
suscetível ao adoecimento11,12,17. Neste estudo, crianças
do sexo masculino e feminino foram igualmente afetadas. Ressalta-se que o problema da maior prevalência da
doença entre as pessoas do sexo masculino ainda não
está totalmente esclarecido, postulando-se a existência
de um fator hormonal ligado ao sexo ou à exposição18.
O grau de escolaridade dos responsáveis pela
criança exerce influencia no estado de saúde infantil.
No presente estudo foi mais frequente o 1º grau incompleto, o que pode interferir no baixo padrão de renda
familiar inferior a um salário mínimo, que está diretamente relacionado com melhor oportunidade de
emprego e, por conseguinte, melhor nível salarial.
93
PERFIL DAS CRIANÇAS COM LEISHMANIOSE VISCERAL QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO, FALHA TERAPÊUTICA E RECIDIVA EM HOSPITAL DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
O Antimonial Pentavalente foi a droga mais utilizada no tratamento das crianças do presente estudo. E
continua a ser a droga mais adequada para a utilização
em crianças, pois causa efeitos adversos de pouca
gravidade, geralmente reversíveis; é muito eficaz19. Em
estudos como o de Gomes20 e de Brustoloni19 o Antimonial Pentavalente também foi a droga mais utilizada no
tratamento das crianças, mesmo aquelas classificadas
como pacientes graves.
No Brasil, o aumento da letalidade por LV acontece principalmente devido ao diagnóstico tardio e, consequentemente, a existência de pacientes com maior
gravidade, que tem levado o Ministério da Saúde à adoção de novas estratégias no tratamento. Entre elas destaca-se a definição de critérios para a caracterização de
pacientes graves, nos quais a Anfotericina B deve ser
indicada como droga de primeira linha, e o fornecimento da dispendiosa Anfotericina B lipossomal (AmBisome) em situações específicas de falha ou toxicidade ao
desoxicolato de anfotericina B, transplantados renais
ou pacientes com insuficiência renal21. No presente
estudo esta medicação foi utilizada somente em caso
de falha terapêutica ou gravidade da doença. Entretanto, nem sempre é possível acesso à Anfotericina B ou
lipossomal, pois é necessária uma justificativa ao
Ministério da Saúde para ser liberada a medicação,
retardando o tratamento mais adequado ao paciente.
Assim como neste estudo, onde o uso de antibiótico foi elevado, Brustoloni19, em seu estudo, relatou que
80% das crianças estudadas faziam uso de antibioticoterapia, e explica que o uso frequente desta medicação
pode ter sido um dos fatores que contribuíram para a
baixa letalidade em sua pesquisa, já que a presença de
infecção secundária a LV vem sendo associada à evolução insatisfatória. Pneumonia é a infecção mais comumente descrita, e muitas vezes, no entanto, a diferenciação entre o comprometimento pulmonar próprio da
doença e a infecção bacteriana secundária é difícil.
O fato de a LV ser caracterizada por febre prolongada, tosse e predisposição a infecção secundária pode
levar a um diagnóstico de pneumonia superestimado,
retardando assim o diagnóstico.
Observou-se uma elevada frequência de óbitos
com presença de icterícia, dispneia, edema e sangramento, evidenciando a importância de um tratamento e
diagnóstico precoce, bem como necessitando de campanhas de orientação e prevenção. A LV vem se apresentando como uma doença de evolução rápida, com alterações clínicas e laboratoriais exuberantes em fase precoce da doença. Os profissionais de saúde devem estar
atentos a essa característica.
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95
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL:
TENDÊNCIAS DE 2001 A 2010
EXTERNAL CAUSES OF MORTALITY IN THE STATE OF MARANHÃO, BRAZIL: TRENDS FROM 2001 TO 2010
Rômulo Henrique da Silva Lima1, Rayane Trindade Amorim1, Vicenilma de Andrade Martins1, Lívia dos Santos Rodrigues2, Rosângela Fernandes Lucena
Batista3
Resumo
Introdução: Organização Mundial da Saúde (OMS) define como causas externas todos os agravos à saúde resultantes de lesões,
acidentes, traumas e agressões. Anualmente, as causas externas são responsáveis por mais de cinco milhões de mortes em
todo o mundo, representando cerca de 9% da mortalidade mundial. Objetivo: Descrever a mortalidade por causas externas no
Maranhão. Métodos: Estudo descritivo sobre óbitos por causas externas, ocorridos no Estado do Maranhão entre os anos de
2001 a 2010.Os dados foram coletados na base de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Resultados:
Foram registrados 27.929 óbitos por causas externas. A taxa de óbitos aumentou de 6,56% em 2001 a 13,92% em 2010. Em
relação às causas básicas dos óbitos, a maior ocorrência foi por agressão (35,57%), seguida por ocupante de veículo traumatizado (16,66%), e afogamento e submersão (6,21%). Conclusão: Considerando que as causas externas de mortalidade correspondem a eventos evitáveis, considera-se importante ações estratégicas direcionadas à prevenção de acidentes e violências de
causas externas.
Palavras-chave: Causas externas. Mortalidade. Tendências.
Abstract
Introduction: The World Health Organization (WHO) defines the external causes as all the health problems that result from
lesions, accidents, traumas and aggressions. Annually, these causes are responsible for more than five million deaths worldwide, accounting for about 9% of global mortality. Objective: To describe mortality from external causes in Maranhão. Methods: Descriptive study of deaths due to external causes from 2001 to 2010. Data were collected using the database of the Information System (SIM), available at DATASUS. Results: 27,929 deaths due to external causes were recorded during 2001 to 2010.
The mortality rate increased from 6.56% in 2001 to 13.92% in 2010. Regarding the basic causes of deaths, most of occurrences
were due to aggression which accounted for 35.57% of the total deaths, followed by trauma due to automobile accident (16.66%)
and drowning and submersion (6.21%). Conclusion: Considering that external causes of mortality are preventable, the development of strategies aiming at the prevention of accidents and violence are important.
Keywords: External causes. Mortality. Trends.
Introdução
Organização Mundial da Saúde (OMS), define
como causas externas todos os agravos à saúde resultantes de lesões, acidentes, traumas e agressões1. Anualmente, essas causas são responsáveis por mais de
cinco milhões de mortes em todo o mundo, representando cerca de 9% da mortalidade mundial2. Diversas são as
manifestações das causas externas. Dentre os eventos
ditos acidentais, destacam-se as mortes e hospitalizações decorrentes do trânsito. Estima-se que ocorram,
anualmente, 1,2 milhão de mortes e mais de 50 milhões
de feridos em decorrência das colisões no trânsito. A
maior parte dessas mortes ocorre entre os usuários da
rede viária, como pedestres, ciclistas e motociclistas3.
Os óbitos relacionados ao transporte ocuparam
o segundo lugar na mortalidade por causas externas no
Brasil no ano 2000, com 29.640 vítimas fatais. A taxa na
população masculina foi mais alta (28,6/100 mil) que
na feminina (6,6/100 mil), significando que o risco de
um homem se tornar vítima fatal de evento relacionado
ao transporte terrestre é 4,3 vezes maior que o da
1.
2.
3.
mulher. Em relação às hospitalizações esse grupo foi
responsável por um número expressivo de hospitalizações no país (118.623), perfazendo 18,2% do total de
internações. Entre eles, os atropelamentos mantiveramse relevantes determinando 39,5% dessas internações 4.
Além dos acidentes descritos acima, as queimaduras, quedas, afogamentos e envenenamentos compõem o elenco de causas “acidentais” de morbimortalidade em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano 2000, as queimaduras foram
responsáveis por cerca de238 mil mortes no mundo e
12,3% no Brasil, vitimando sobretudo as crianças menores de cinco anos e os idosos. Os afogamentos e submersões causaram 450 mil mortes anuais, atingindo
principalmente crianças de até 14 anos de idade 5.
As quedas acidentais vitimaram cerca de 283
mil pessoas por ano, com grande frequência na população idosa, representando a sexta causa de morte
entre os idosos, perdendo apenas para doenças respiratórias, endócrinas, digestivas, infecciosas e tumores. No Brasil essa causa foi responsável por 4.258
mortes, sendo o sexo masculino o predominante nas
Discente do Curso de Enfermagem. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeira. Programa de Pós- graduação em Saúde Coletiva - UFMA.
Enfermeira. Pós-doutorado em Saúde Coletiva. Docente do Departamento de Saúde Pública - UFMA.
Contato: Rosângela Fernandes Lucena Batista. E-mail: [email protected]
96
Rev Pesq Saúde, 14(2): 96-100, maio-agost, 2013
LimaRHS, AmorimRT, MartinsVA, Rodrigues LS, BatistaRFL
internações com diagnóstico de fraturas. As mortes
por envenenamento acidental somaram 310 mil ocorrências a cada ano, afetando principalmente jovens e
adultos de 15 a 59 anos 4-6.
Assim como as causas acidentais se manifestam
de diversas maneiras, a violência também se apresenta
de formas variáveis. As principais são ilustradas pelos
homicídios e suicídios. As taxas de mortalidade por
homicídio entre os homens são três vezes mais altas do
que entre as mulheres. Em todo o mundo, os suicídios
tiraram a vida de cerca de 815 mil pessoas em 2000.
Mais de 60% de todos os suicídios ocorreram entre
homens, e mais da metade na faixa etária de 15 a 44
anos. No Brasil estudos realizados no mesmo ano mostram a ocorrência de 6.778 mortes por suicídios 4,7,8.
Esses agravos não afetam a população de maneira uniforme. Estudos já demonstraram que há grupos
populacionais mais vulneráveis, o que pode ser percebido pela distribuição desigual das mortes por causas
externas9. Nos últimos anos, o Brasil vem alcançando
importantes avanços em sua situação de saúde. A queda
da taxa de mortalidade infantil e a redução na mortalidade relacionada às doenças infecciosas determinaram
reflexos positivos no aumento da expectativa de vida.
Entretanto as taxas de mortalidade por causas externas
demonstram-se elevadas, emprestando ao Brasil o título
de quase campeão em relação ao indicador de nível de
saúde Anos Potenciais de Vida Perdidos 4,10.
Estudo realizado no Brasil demonstrou o alto
crescimento dos índices de mortalidades por causas
externas, que enquanto em 1930 representavam 3%
das mortes ocorridas, sendo em 2009 elas foram responsáveis por 12,5% das mortes entre os brasileiros.
No entanto, essa posição não se apresenta igualmente
distribuída pelo Brasil: sendo a segunda mais frequente
causa de morte nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste; a quarta, na região Sudeste, e a terceira, na
região Sul. Na região nordeste em especial São Luís
(MA), estudos revelaram que entre o ano de 2000 a
2009 teve um aumento de 322 casos de morte por causas externas 11.
Esses dados constituem elementos importantes
para o monitoramento da prevalência no país e do
impacto de intervenções e políticas públicas voltadas
para a sua redução. Cabe lembrar que, apesar da grande evolução nos bancos de dados nacionais, em especial de mortalidade, existe ainda um grande déficit de
informações, sobretudo na identificação dos diferentes tipos de causas externas e redução das causas indeterminadas 10,11.
Tendo em vista o crescimento das mortes por
causa externas, buscou-se nesse trabalho descrever a
mortalidade por causas externas no Maranhão.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo dos óbitos por
causas externas ocorridos no Estado do Maranhão
entre os anos de 2001 a 2010. Os dados foram coletados na base de dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), disponíveis no DataSUS, a partir da
declaração de óbito (DO), que é um documento-base do
Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, composta de três vias e pré-numeradas
sequencialmente. Uma das informações primordiais
Rev Pesq Saúde, 14(2): 96-100, maio-agost, 2013
contidas na DO é a causa básica de óbito, a qual é codificada a partir do declarado pelo médico atestante,
segundo regras estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde – OMS12.
Foram consideradas neste estudo as seguintes
variáveis referentes ao falecido: ano do óbito, idade
(até 10, 11 a 19, 20 a 35, 36 a 59, e 60 a mais anos),
sexo, estado civil (com companheiro e sem companheiro), anos de estudo (nenhuma, 1 a 3, 4 a 7, 8 a 11, 12 e
mais anos de estudos concluídos), raça (branca e não
branca), causa básica do óbito agrupados da seguinte
maneira: pedestre traumatizado, ciclista traumatizado
, motociclista traumatizado, ocupante de veículo traumatizado, queda, outros fatores, afogamento e submersão, sequelas de acidentes ou outras causas externas, impacto, mordedura, esmagamento, golpe ou
picada, contato com máquina, contato com objeto
cortante, penetrante ou contundente, arma de fogo,
penetração de corpo estranho, exposição a outras forças mecânicas, agressão, Enforcamento, estrangulamento e sufocação, Obstrução de trato respiratório,
Inalação do conteúdo gástrico, Riscos não especificados à respiração, Choque elétrico, queimadura, Exposição a fumaça, fogo ou chamas, Contato com animais
ou plantas venenosos, Vítima de raio, Vítima de avalanche, desabamento de terra e outros movimentos da
superfície terrestre, Envenenamento [intoxicação],
Excesso de exercícios e movimentos vigorosos ou repetitivos, Desidratação, Auto-intoxicação, Lesão autoprovocada intencionalmente, Complicações de assistência
médica e cirúrgica e sequelas de acidentes ou outras
causas externas.
Utilizou-se os programas TabWin® para o download dos arquivos na base de dados e o Stata® v10.0, para
análise descritiva e apresentada em forma de porcentagens e frequências, e apresentados através de tabelas.
Uma vez que se baseou em um banco de dados
de domínio público, disponíveis no DATASUS, a partir
da declaração de óbito (DO), sem dados de identificação, o estudo foi dispensado de apreciação por Comitê
de Ética e Pesquisa.
Resultados
No Estado do Maranhão, foram registrados nos
bancos de dados oficiais, entre 2001 e 2010, 27.929
óbitos por causas externas. A taxa de óbitos aumentou
de 6,5% em 2001 para 13,9% em 2010 (Tabela 1).
Tabela 1 - Caracterização dos óbitos por causas externas no Estado
do Maranhão, 2001- 2010.
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
n
1.832
2.030
2.229
2.255
2.729
2.738
3.143
3.502
3.584
3.887
27.929
%
06,56
07,27
07,98
08,07
09,77
09,80
11,25
12,54
12,83
13,92
100,00
97
MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL: TENDÊNCIAS DE 2001 A 2010
Em relação as causas básicas dos óbitos observou-se que a maior ocorrência foi agressão (35,5%)
seguida por ocupante de veículo traumatizado (16,6%)
e afogamento e submersão (6,2%) (Tabela 2).
Tabela 2 - Caracterização dos óbitos por causas externas, segundo causa
básica no Estado do Maranhão, 2001 - 2010 .
Agrupamento
Afogamento e submersão
Agressão
Arma de fogo
Autointoxicação
Choque elétrico
Ciclista traumatizado
Complicações de assistência médica e cirurgia
Contato com animais ou plantas venenoso
Contato com máquina
Contato com objeto cortante, penetrante
Desidratação
Enforcamento, estrangulamento e sufocação
Envenenamento [intoxicação]
Excesso de exercícios e movimentos vigo
Exposição a fumaça, fogo ou chamas
Exposição a outras forças mecânicas
Impacto
Inalação do conteúdo gástrico
Lesão autoprovocada intencionalmente
Mordedura, esmagamento, golpe ou picada
Motociclista traumatizado
Obstrução de trato respiratório
Ocupante de um veículo traumatizado
Outros fatores
Pedestre traumatizado
Penetração de corpo estranho
Queda
Queimadura
Riscos não especificados à respiração
Sequelas de acidentes ou outras causas
Vítima de avalanche, desabamento de ter
Vítima de raio
Total
n
1.733
9.934
621
307
779
437
337
145
29
162
3
859
318
3
149
18
135
17
60
44
2.322
142
4.654
1.055
2.137
10
1.297
65
12
95
15
35
27.929
%
6,21
35,57
2,22
1,10
2,79
1,56
1,21
0,52
0,10
0,58
0,01
3,08
1,14
0,01
0,53
0,06
0,48
0,06
0,21
0,16
8,31
0,51
16,66
3,78
7,65
0,04
4,64
0,23
0,04
0,34
0,05
0,13
100,00
Os resultados mostraram aumento dos óbitos
em todas as faixas etárias, com destaque para faixa
entre 20-35 anos, que variou de 6,1% em 2001 para
15,6% em 2010. A população com 60 anos ou mais apresentou frequência de óbitos elevada, de 6,2% em 2001 a
14,3% em 2010. Houve maior predominância do sexo
masculino, com 23.435 homens vitimados no período
estudado. No entanto, verificou-se o aumento gradativo
dos óbitos entre a população feminina, de 6,6% em
2001 para 13,1% em 2010. A variável raça/cor foi introduzida na DO em 1995, mas somente a partir de 2000 o
Ministério da Saúde considerou possível trabalhar com
essa informação, em razão da melhoria do registro13.
Neste estudo observou-se também o predomínio de
ocorrência de mortes por causas externas entre a população não branca, com 22.679 vítimas, variando entre
6% em 2001 para 14,5% em 2010. Segundo o estado
civil das vítimas, observou-se maior frequência de óbitos entre a população sem companheiro (18.934 óbitos)
e um aumento de 6,1% no ano 2001 para 14,7% em
2010. De acordo com o observado a maioria das vítimas
de causas externas, tinha de 4 a 7 anos de estudos
(7.671 óbitos) variando entre 5,3% para 15,9% entre os
anos estudados, seguida das vítimas com 1 a 3 anos
mostrando o aumento de 7,1% em 2001 para 12,4% em
2010, totalizando 5.913 óbitos (Tabela 3).
Tabela 3 - Caracterização dos óbitos por causas externas, segundo faixa etária, sexo, raça/cor, estado civil e escolaridade no Estado do Maranhão, 2001-2010.
Idade
(anos)
11 - 19
20 - 35
36 - 59
60 >
Até 10
Total
Sexo
F
M
2001
n
%
268 7,42
729 6,12
485 6,56
197 6,23
134 8,04
2002
n
%
296 8,19
785 6,59
594 8,04
195 6,17
138 8,28
2003
n
%
288 7,97
933 7,84
585 7,92
248 7,85
161 9,66
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Total
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
n
%
317 8,78 346 9,58 372 10,3 413 11,43 486 13,46 416 11,52 410 11,35 3,612
925 7,77 1.119 9,4 1.127 9,47 1.323 11,11 1.512 12,70 1.589 13,35 1.864 15,66 11.906
601 8,13 736 9,96 715 9,68 839 11,35 893 12,09 961 13,01 980 13,26 7,389
316 10,00 344 10,88 415 13,13 416 13,16 453 14,33 3,161
261 8,26 316
10
143 8,58 192 11,52 187 11,22 195 11,70 179 10,74 178 10,68 160 9,60 1,.667
1.813 6,54 2.008 7,24 2.215 7,99 2.247 8,10 2.709 9,77 2.717 9,80 3.114 11,23 3.485 12,57 3.560 12,84 3.867 13,94 27.735
297 6,62 362 8,07 415 9,25 392 8,74 449 10,01 456 10,16 480 10,70 507 11,30 539 12,02 589 13,13 4.486
1.534 6,55 1.668 7,12 1.814 7,74 1.863 7,95 2.279 9,72 2.282 9,74 2.661 11,35 2.993 12,77 3.044 12,99 3.297 14,07 23.435
Total 1.831 6,56 2030 7,27 2.229 7,98 2.255 8,08 2.728 9,77 2.738 9,81 3.141 11,25 3.500 12,54 3.583 12,83 3.886 13,92 27.921
Raça/cor
Branca 355 7,88 400 8,88 372 8,26 361 8,01 491 10,9 450 9,99 523 11,61 503 11,16 548 12,16 503 11,16 4.506
N.B.1 1.361 6,00 1.561 6,88 1.781 7,85 1.836 8,10 2.156 9,51 2.240 9,88 2560 11,29 2.924 12,89 2.956 13,03 3.304 14,57 22.679
Total 1.716 6,31 1.961 7,21 2.153 7,92 2.197 8,08 2.647 9,74 2.690 9,90 3.083 11,34 3.427 12,61 3.504 12,89 3.807 14,00 27.185
Estado Civil
C.C.2
562 7,75 645 8,90 652 9,00 598 8,25 736 10,16 763 10,53 783 10,80 812 11,20 862 11,89 834 11,51 7.247
S.C.3 1.165 6,15 1.292 6,82 1.478 7,81 1.541 8,14 1.818 9,60 1.762 9,31 2.136 11,28 2.458 12,98 2.489 13,15 2.795 14,76 18.934
Total 1.727
Escolaridade
N.F.E.4 333
425
1-3
4-7
408
8 - 11 220
12 >
67
Total
6,60 1.937 7,40
2.13
8,14 2.139 8,17 2.554 9,76 2.525 9,64 2.919 11,15 3.27 12,49 3.351 12,80 3.629 13,86 26.181
397
450
440
222
80
9,3
7,61
5,74
4,88
6,11
428
566
508
258
89
10,03
9,57
6,62
5,67
6,79
6,7
1.849
7,8
7,8
7,19
5,32
4,83
5,11
1.453 6,13 1.589
389
514
624
307
76
9,11
8,69
8,13
6,75
5,8
461
585
741
473
115
10,8
9,89
9,66
10,39
8,78
380
553
762
495
146
8,9
9,35
9,93
10,88
11,15
445
623
867
587
160
10,42 483 11,31 467 10,94 486 11,38
10,54 752 12,72 711 12,02 734 12,41
11,3 1.050 13,69 1.047 13,65 1.224 15,96
16
12,9 595 13,07 666 14,63 728
12,21 183 13,97 189 14,43 205 15,65
4.269
5.913
7.671
4.551
1.310
1.910 8,05 2.375 10,02 2.336 9,85 2.682 11,31 3.063 12,92 3.080 12,99 3.377 14,24 23.714
1
Não branca. 2Com companheiro. 3Sem companheiro. 4Não frequentou escola.
98
Rev Pesq Saúde, 14(2): 96-100, maio-agost, 2013
LimaRHS, AmorimRT, MartinsVA, Rodrigues LS, BatistaRFL
Discussão
De acordo com a classificação do agravo, os acidentes de transporte e as agressões ocupam os primeiros lugares nos casos de vítimas hospitalizadas por
causas externas, assemelhando-se a outros dados referentes ao Brasil, elaborados pelo SUS no ano de 201014.
Do total dos óbitos estudados, chamou a atenção o
percentual de mortes por agressão, seguindo-se o ocupante de um veículo traumatizado, motociclista traumatizado, pedestre traumatizado e afogamento e submersão.
Estudo realizado no Brasil para avaliar a evolução das taxas de mortalidade por causas externas entre
os anos 1990 a 2004, mostrou que a taxa de mortalidade por agressão quase dobrou, passando de 1,4 óbitos
para cada 10 mil habitantes no ano de 1990, para 2,7
por 10 mil habitantes em 200414. As agressões representaram as principais causas entre os óbitos nas internações por causas externas, concordando com estudo
realizado em Campina Grande (PB), que também revelou o crescimento dos homicídios15. A utilização de
armas de fogo demonstra a gravidade das ações, bem
como o possível acesso facilitado a tais instrumentos.
Os casos de acidentes de transporte, mostrou
que ocupante de veículo traumatizado representou o
principal meio com vítimas fatais, seguido por motociclista traumatizado e pedestre traumatizado. Estes
achados coincidem com estudo realizado por Souza et
al.,16 no qual as taxas de mortalidade por acidente de
motocicleta elevaram-se muito entre 1980 e 2003,
numa tendência oposta aos atropelamentos e acidentes de automóveis.
A predominância dos afogamentos pode estar
relacionada ao fato do estado ser banhado por praias e
rios, locais ainda muito utilizados para lazer, principalmente pela população mais carente.
Em relação à idade, pesquisas apontam que a
vulnerabilidade no grupo etário de 20 à 35 anos também está relacionada a determinados comportamentos, como a busca de emoções, o prazer em experimentar situações de risco, a impulsividade e o abuso
de substâncias psicoativas 16. Estudo realizado por
Cavalcanti 17 assinala que na fase da adolescência e a
partir dela, os jovens se abrem para o mundo, tornamse mais expostos e vulneráveis aos riscos de serem
vítimas de violências.
Observando os resultados, os maiores coeficientes de mortalidade por causas externas foram encontrados, em ordem decrescente, nas faixas de 20 a 59 anos,
60 anos ou mais, e 10 a 19 anos de idade: uma tendência crescente nos adolescentes e adultos, decrescente
nos indivíduos de 60 anos ou mais ainda que estes
tenham apresentado valores altos, nos últimos anos.
Quanto ao fato da intencionalidade modificarse conforme a idade, com predomínio dos acidentes
entre as menores idades e da violência entre as maiores há que se considerar que as crianças estão mais
expostas aos acidentes por sua própria imaturidade,
curiosidade, intenso crescimento e desenvolvimento,
resultando em maior proporção de causa acidental,
Rev Pesq Saúde, 14(2): 96-100, maio-agost, 2013
principalmente no ambiente doméstico19, 20.
Já entre os adolescentes e jovens, estes estão mais
vulneráveis à violência em decorrência da marginalidade
e da exposição a drogas, entre outros eventos negativos21,22. Contudo, chama a atenção que este estudo tenha
encontrado um caso fatal de violência na faixa etária de 1
a 4 anos (agressão por arma de fogo), mostrando que a
violência também vitimiza crianças e despertando a sociedade para a necessidade de prevenção e medidas de
vigilância sobre essa população mais suscetível.
O tempo de escolaridade mais frequentes foi de
4 a 7 anos seguidos de 1 a 3 anos, entretanto observou-se que a classificação sem escolaridade foi frequente o que pode ser falta de registro no sistema de
informação. Dados apresentados em estudo realizado
no município de Tubarão em Santa Catarina no ano de
2009 demonstraram prevalência de mortes por causas
externas em vítimas com menos de oito anos de estudo23. Estudo realizado por Oliveira23 mostrou que a
grande maioria dos óbitos ocorrem em indivíduos com
escolaridade entre 4 a 7 anos seguidos de 1 a 3 anos.
Contrariando estudo realizado por Nicoletti et al.,24
que encontraram altos índices de vítimas com escolaridade de 8 a 11 anos.
No Maranhão em 2009 ocorreu um total de
3.351 óbitos por causas externas, onde 12.5% foram
em homens e mulheres com companheiro e 13.1%
foram sem companheiros. Estudo semelhante foi realizado no município de Tubarão (SC) no mesmo ano
(2009) onde mostrou que a taxa de mortalidade por
causas externas em homens e mulheres sem companheiro foi 40.3% e em com companheiros foi 32.3% de
um total de 213 óbitos por causas externas23
De acordo com Tristão25 a mortalidade por causas externas em relação à cor da pele ou raça revelou
as maiores taxas para pardos e negros. Os negros
brasileiros, majoritariamente, encontram-se nas camadas sociais mais pobres, em situação de desigualdade
econômica, agravada pelo racismo e suas diversas
formas de discriminação, tornando-os mais vulneráveis ao sofrimento por violências o que pode explicar
essa grande diferença no total de óbitos25.
Observou-se neste estudo que o número de
óbitos por causas externas aumentou de 6,5% em
2001 a 13,9% em 2010. Ocorreu em maior frequência
devido agressão, seguida por ocupante de veículo
traumatizado, afogamento e submersão e faixa etária
entre 20 e 35 anos e o sexo masculino. Mereceu destaque o aumento gradativo dos óbitos entre a população
feminina, raça não branca, entre a população sem
companheiro, com 4 a 7 anos de estudo.
Diante dos resultados enfatiza-se que a análise
e a divulgação da tendência e magnitude do padrão de
mortalidade por causas externas, são elementos
importantes para a compreensão do problema e o
planejamento de políticas públicas que visem à modificação do atual cenário, considerando-se que as causas
externas podem ser evitadas.
99
MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL: TENDÊNCIAS DE 2001 A 2010
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Rev Pesq Saúde, 14(2): 96-100, maio-agost, 2013
Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
DESINFECÇÃO DE NEBULIZADORES NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE SÃO
LUÍS, MARANHÃO
DISINFECTION OF NEBULIZERS IN HEALTH BASIC UNITS OF SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRAZIL
Rosana de Jesus Santos Martins1, Romulo Luiz Neves Bogéa1, Elza Lima da Silva2, Silvia Cristina Silva Lima Viana3, Patrícia Ribeiro de Azevedo4
Resumo
Introdução: A Atenção Primária caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Dentro de prevenção de agravos, temos o processamento de artigos que
engloba uma série de ações, tais como limpeza, desinfecção, esterilização e armazenamento. A desinfecção é o processo que
elimina a maioria ou todos os microrganismos patogênicos, exceto os esporos bacterianos, em objetos inanimados. Objetivo:
Verificar o processo de desinfecção de nebulizadores em Unidades Básica de Saúde no município de São Luís (MA). Métodos:
Estudo descritivo com abordagem quantitativa desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde com equipe de Saúde da Família.
Foram pesquisadas 28 unidades de saúde distribuídas em 7 distritos: Distrito Itaqui-Bacanga, Centro, Cohab, Bequimão, Coroadinho, Vila Esperança e Tirirical. Resultados: A desinfecção dos nebulizadores eram realizadas em 89,2% das unidades investigadas, enquanto que apenas 10,7% realizavam somente a etapa da limpeza nos artigos. Os produtos químicos utilizados para
desinfecção foram hipoclorito de sódio (78,5%), glutaraldeído (3,5%)e outros produtos (17,8%). Conclusão: A existência de nãoconformidade à prática de desinfecção foi relacionada: ao nível de desinfecção, produto utilizado e não realização de limpeza
prévia dos artigos, evidenciando a necessidade de protocolos para a realização da desinfecção para caracterizar boas práticas
no processamento de desinfecção de nebulizadores nas unidades de saúde. Para a reutilização dos artigos, é necessário que as
instituições de saúde realizem um processamento eficaz, a fim de minimizar qualquer risco de iatrogenias.
Palavras-chave: Desinfecção. Esterilização. Unidade Básica de Saúde. Enfermagem.
Abstract
Introduction: The Primary Care is characterized by a set of actions towards health as the prevention of diseases, diagnosis,
treatment, rehabilitation and maintenance of health. Concerning the prevention of injuries, we have articles that encompass a
series of actions, such as cleaning, disinfection, sterilization and storage. Disinfection is the process that eliminates many or all
pathogenic microorganisms on inanimate objects, except bacterial spores. Objective: To investigate the disinfection of
nebulizers in Basic Health Units in São Luís, Maranhão, Brasil. Methods: Descriptive study with quantitative approach developed
in the Basic Health Units with family health strategy team. We surveyed 28 health units distributed in seven districts: ItaquiBacanga, Centro, Cohab, Bequimão, Coroadinho, Vila Esperança and Tirirical. Results: 89.28% of the units had disinfection of
nebulizers and 10.72% only had the step of the cleaning. The chemicals used for disinfection were sodium hypochlorite
(78.57%), glutaraldehyde (3.57%) and other products (17.86%).Conclusion: The existence of nonconformities concerning the
disinfection were related to level of disinfection, use of equipment and non-performance of a prior cleaning. Thus, it is evident
that the units require standardization in the disinfection of equipments so as to establish protocols to perform an efficient disinfection of nebulizers in the Health Units. In order to reuse the equipments, it is necessary that health institutions perform an
efficient processing in order to minimize any risk of iatrogenic complications.
Keywords: Disinfection. Sterilization. Basic Health Units. Nursing.
Introdução
O processamento de artigos em unidades de
saúde é uma atividade de natureza complexa cujo
objetivo principal é evitar qualquer evento adverso. Na
atualidade a transmissão potencial de microrganismos
causadores de infecção preocupa os profissionais de
saúde, assim como outros eventos adversos associados a transmissão de resíduos de material imunológico de um paciente para outro, por meio de artigos
reprocessados ou reações decorrentes de resíduos de
produtos utilizados durante a limpeza, desinfecção e
esterilização de artigos¹.
Segundo Spaulding², os artigos podem ser classificados em três categorias: artigos críticos, artigos
semicríticos e artigos não críticos.
1.
2.
3.
4.
Artigos críticos são aqueles que oferecem risco
de transmissão de infecção, caso estejam contaminados com qualquer microrganismo. Um artigo considerado crítico quando penetra tecidos estéreis ou sistema vascular, precisa ser esterilizado².
Os artigos semicríticos entram em contato com
mucosas integras ou pele não intacta. O risco potencial
de transmissão de infecção para a saúde envolvidos
nestes artigos é intermediário, porque as membranas
apresentam certa resistência à infecção causada por
esporos. Estes artigos devem, no mínimo, receber
desinfecção de alto nível ou nível intermediário².
Os artigos não críticos entram em contato com
a pele intacta do paciente. O risco potencial de transmissão de infecção é baixo porque a pele age como
uma barreira efetiva para muitos microrganismos². Se
Graduandos de Enfermagem. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeira. Doutora em Fisiopatologia Clinica e Experimental. Docente do Departamento de Enfermagem - UFMA.
Enfermeira. Doutora em Políticas Públicas. Docente do Departamento de Saúde Pública - UFMA.
Enfermeira. Doutora em Biotecnologia. Docente do Departamento de Enfermagem - UFMA.
Contato: Patrícia Ribeiro de Azevedo. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 101-104, maio-agost, 2013
101
DESINFECÇÃO DE NEBULIZADORES NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
estes artigos estiverem contaminados com matéria
orgânica devem, no mínimo, receber desinfecção de
nível intermediário; em caso de ausência de matéria
orgânica, a limpeza é suficiente¹.
A desinfecção é um processo que elimina a maioria ou todos os microrganismos patogênicos, exceto
esporos bacterianos, em objetos inanimados. Tem
como objetivo garantir o manuseio e utilização segura
do produto para a saúde do paciente diminuindo o
risco de contaminação³.
A classificação da desinfecção está diretamente
relacionada com a ação germicida do processo empregado em função do risco de infecção envolvido no uso
do produto para saúde³. Assim, a desinfecção é classificada, conforme seu espectro de ação, em alto nível,
nível intermediário e baixo nível.
A desinfecção de alto nível deve eliminar todos
os microrganismos em forma vegetativa e alguns esporos. A desinfecção de nível intermediário deve destruir
todas as bactérias vegetativas, bacilos da tuberculose,
fungos e vírus lipídicos e alguns não lipídicos; não
elimina esporos. A desinfecção de baixo nível elimina
apenas bactérias vegetativas, vírus lipídicos, alguns
vírus não lipídicos e alguns fungos; não elimina microbactérias e nem esporos¹.
A nebulização é uma forma eficaz e eficiente
para carrear medicamentos diretamente aos pulmões
por inalação. Portadores de doenças como asma, pneumonia, fibrose cística e doença pulmonar obstrutiva
crônica podem se beneficiar com sua utilização, uma
vez que a medicação vai diretamente para os pulmões,
o início da ação da medicação ocorre rapidamente. O
risco de efeitos colaterais da medicação é minimizado,
evitando que o mesmo seja metabolizado de forma
menos eficaz pelo organismo4.
De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil)5, as
máscaras de nebulização são consideradas artigos semicríticos, devendo ser submetidos, no mínimo, à limpeza
e à desinfecção. A SOBECC6, define que estes artigos
devem ser submetidos à desinfecção de alto nível de
acordo com as orientações do CDC.
Limpar e/ou desinfetar o nebulizador, segundo
algumas normas ou aquelas descritas pelo próprio
fabricante, é importante entre os tratamentos para
evitar o crescimento de bactérias que podem levar a
infecções pulmonares4.
Assim, considerando que a Atenção Primária
caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção
e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da
saúde5 e sendo este nível de atenção um dos serviços
mais procurados pela população para sanar, dentre
outros, os problemas respiratórios, e que comumente a
terapêutica empregada é a aerossolterapia com o uso
de nebulizadores, julgou-se importante realizar o presente estudo com o objetivo de verificar e descrever o
processo de desinfecção dos nebulizadores das Unidades Básicas de Saúde com atuação das Equipes de
Saúde da Família no município de São Luís (MA).
Método
Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem
quantitativa desenvolvido nas Unidades Básicas de
102
Saúde que desenvolvem a estratégia Saúde da Família
no município de São Luís (MA).
Segundo os dados da Secretaria Municipal de
Saúde (SEMUS), o município de São Luís possui 37 Unidades de Saúde da Família distribuídas em 7 distritos:
Distrito Itaqui-Bacanga, Centro, Cohab, Bequimão,
Coroadinho, Vila Esperança e Tirirical. O horário de
funcionamento das unidades é das 08:00h às 17:30h,
sendo nessas unidades oferecido serviços como consultas médicas, consultas de enfermagem, imunização, serviço de odontologia, entre outros serviços
destinados a comunidade.
Das 37 unidades do município de São Luís (MA),
este estudo foi realizado em 28 Unidades Básicas de
Saúde, no período de outubro de 2011 a agosto de 2012.
As nove unidades restantes não foram incluídas na pesquisa por não oferecerem serviços que necessitem de
processamento de artigos, inclusive de nebulizadores.
A coleta de dados foi realizada a partir de visitas
nas Unidades Básicas de Saúde. Num primeiro momento, foi apresentado o projeto de pesquisa aos diretores
das unidades, sendo em seguida agendada a realização da coleta de dados. No dia agendado, foi iniciada a
observação, com a utilização do instrumento de pesquisa, um formulário, que possibilitou verificar todo o
processo de limpeza, desinfecção, empacotamento,
esterilização e acondicionamento dos artigos, incluindo a desinfecção dos nebulizadores.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa do Hospital Universitário CEP/HUUFMA,
com parecer consubstancial n° 02521/2011-60.
Resultados
Das 28 unidades visitadas observou-se que
89,2% realizam desinfecção, sendo que em 3,5% das
unidades a desinfecção é de alto nível e 78,5% ocorre
uma desinfecção de nível intermediário (Figura 1).
Figura 1 - Nível de desinfecção realizado nos nebulizadores.
Unidades Básicas de Saúde. São Luís - MA, 2012.,
Quanto aos produtos utilizados na desinfecção
observou-se que 78,5% utilizavam hipoclorito de
sódio; 3,5% utilizavam glutaraldeido; 3,5 utilizavam
Iodopovidona (PVPI); 3,5% utilizavam sabão em pó e
10,7% utilizavam sabão neutro para a limpeza dos
nebulizadores (Figura 2).
Foi possível observar também, que nas unidades que realizam desinfecção não é realizada a limpeza previa dos nebulizadores e que estes são colocados
diretamente na solução de desinfecção após o uso.
Não foi identificada a concentração e nem a diluição
das soluções utilizadas.
Rev Pesq Saúde, 14(2): 101-104, maio-agost, 2013
MartinsRJS, BogéaRLN, SilvaEL, Viana SCSL, AzevedoPR
Figura 2 - Produtos utilizados para desinfecção dos nebulizadores.
Unidades Básicas de Saúde. São Luís - MA, 2012.
No que se refere ao local de processamento,
observou-se que este é realizado na sala destinada a
procedimentos como curativos, retirada de pontos e
administração de medicamentos.
Para a desinfecção os nebulizadores são colocados num recipiente com tampa e ficam imersos por um
período não padronizado e ao final do plantão (matutino ou vespertino) são enxaguados com água corrente
e em seguida enxutos com papel toalha ou deixados
em cima da tampa do recipiente.
Após o procedimento da secagem são guardados em outro recipiente com tampa, localizado em um
balcão ao lado da pia, estando assim e prontos para
serem utilizados.
Discussão
Nas unidades pesquisadas foi observado que o
processo de desinfecção é realizado, porém foi possível verificar que não existe uma limpeza prévia dos
artigos antes da imersão na solução desinfectante,
sendo lavados ao final da manhã e/ou tarde com o
sabão neutro.
Esta prática resulta na diluição do desinfetante e
na consequente perda de sua efetividade. No estudo
de Balthazar13 pôde-se detectar que algumas vezes os
nebulizadores foram mergulhados diretamente no
desinfetante, ainda contendo restos de medicação
(soro fisiológico, broncodilatadores). Segundo a
UFTM9 a limpeza é de fundamental importância para
qualquer processo de desinfecção. É uma forma de
descontaminação que remove materiais orgânicos,
que interferem na inativação microbiana, deixando a
superfície livre para o uso ou o manuseio.
A solução mais utilizada para o processo de desinfecção dos nebulizadores foi o hipoclorito de sódio, desinfectante recomendado para artigos que não possuem
componentes metálicos, devido a seu alto poder germicida, custo reduzido e baixa toxicidade³.
De acordo com Balthazar13 o hipoclorito de sódio
é a segunda solução mais utilizada para a desinfecção
dos nebulizadores, por apresentar vantagens relacionadas com o menor custo, baixa toxicidade, fácil manuseio e ampla ação antimicrobiana. A concentração
indicada para nebulizadores tem sido de 0,5% (5000
ppm) de cloro ativo, por 30 minutos.
Apesar de o hipoclorito ser o desinfetante ideal
para este processo e o mais utilizado pelas unidades,
Rev Pesq Saúde, 14(2): 101-104, maio-agost, 2013
este não é usado de forma adequada, uma vez que os
profissionais responsáveis por esse processo não
determinam a diluição e nem a concentração do produto. Assim, não é possível verificar o nível de desinfecção utilizada, uma vez que esse produto necessita de
diluição e da concentração adequada para determinar
seu nível de desinfecção.
Segundo a SOBECC³ para desinfecção de artigos
semicríticos com hipoclorito de sódio é necessário
uma concentração de 10.000ppm (1%), para 30 minutos de exposição ou 200 ppm (0,02%) para 60 minutos
de exposição.
O glutaraldeído, produto também utilizado no
processo de desinfecção, possui a vantagem de ter um
amplo espectro, em contrapartida é relacionado à toxicidade para os profissionais que manipulam, exigindo,
então o uso de equipamento de proteção individual. Os
resíduos destes produtos podem ficar nos materiais
tratados, devendo estes ser bem enxaguados7.
Balthazar13 em seu estudo observou que o glutaraldeido é o produto mais utilizado pelas unidades
básicas de saúde. Atualmente o glutaraldeido está em
desuso, pois este oferece risco à saúde dos profissionais que o manipulam.
Uma vez manipulado, este produto requer que
o profissional faça uso de Equipamentos de Proteção
Individual adequado. Porém nas unidades pesquisadas, os profissionais não utilizam EPIs adequados,
fazendo uso apenas de luva de procedimentos e jaleco,
onde deveriam utilizar luvas de borrachas, avental
impermeável, botas e óculos.
O sabão neutro, outro produto utilizado pelas
unidades de saúde, foi uma solução utilizada para a
limpeza dos nebulizadores. Foi observado que e os
nebulizadores a serem processados eram colocados
na solução desinfectante sem tratamento prévio e
muitas vezes com restos de medicação, o que poderia
contribuir para a alteração da composição do produto.
A limpeza é a remoção de sujidades orgânicas e
inorgânicas que tem como objetivo a redução da carga
microbiana presente nos produtos para a saúde, utilizando água, detergente, produtos e acessórios de limpeza,
por meio de ação mecânica (manual ou automatizada)8.
Os artigos devem ser limpos individualmente,
não utilizando artefatos abrasivos, ou seja, utilizar
escovas de cerdas macias e esponjas e após a limpeza
enxaguar abundantemente, para a retirada de toda a
matéria orgânica e o detergente utilizado7. A limpeza é
pré-requisito para uma desinfecção eficaz, principalmente para a desinfecção química9.
A PVPI (Iodopovidona), solução também utilizada por algumas unidades de saúde para a imersão dos
nebulizadores, é um agente usado em preparações
para procedimentos cirúrgicos e em tecidos. Composto orgânico e neutro que permite a liberação de iodo
livre, com aumento da dispersibilidade e de seu poder
de penetração causando desnaturação de proteínas e
impedindo o metabolismo do oxigênio por oxidação
de enzimas essenciais, além de possuir outras características como ação bactericida e persistência de ação
durante 2 a 4 horas10.
O uso de sabão em pó, produto utilizado para a
limpeza dos nebulizadores em é um produto que não
deve ser utilizado para a limpeza de artigos para a
103
DESINFECÇÃO DE NEBULIZADORES NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
saúde, uma vez que a utilização desse produto destina-se a limpeza de superfícies e atividades domésticas.
Segundo a ANVISA11, os saneantes (entre eles o sabão
em pó) são importantes na limpeza de residências e de
outros locais, pois acabam com as sujeiras, germes e
bactérias, evitando, assim, o aparecimento de doenças
causadas pela falta de limpeza dos ambientes.
Os achados deste estudo constataram que não
há um tempo definido para que os nebulizadores
fiquem imersos a solução, uma vez que a cada procedimento realizado os nebulizadores são imersos e enxaguados ao final do plantão dos profissionais.
Em conformidade com o estudo de Balthazar13,
as unidades não possuíam registro de controle dos
horários de início e término do processo de desinfecção, foi observado que os nebulizadores eram mergulhados na solução à medida que cada nebulização
acabava não sendo possível distinguir aquele que era
imerso primeiro daquele que era imerso por último.
A nebulização pode ser utilizada para pacientes
com dificuldade de eliminar secreções respiratórias,
capacidade vital reduzida com respiração profunda,
tosse seca, além de ser frequentemente usado para
pacientes com DPOC12. Limpar e/ou desinfetar o nebulizador, segundo algumas normas ou aquelas descritas
pelo próprio fabricante, é importante entre os tratamentos para evitar o crescimento de bactérias que
podem levar a infecções pulmonares.
Nas unidades de saúde pesquisadas foram
detectadas não conformidades no processo de desinfecção dos nebulizadores. Entre essas não conformidades destaca-se a realização apenas de limpeza dos
nebulizadores, a não definição da concentração adequada da solução, além do tempo de exposição dos
nebulizadores a solução utilizada. Essas não conformidades acarretam pouca confiabilidade na desinfecção,
não oferecendo segurança ao usuário, além de fragilidade do processo de desinfecção.
Enfatiza-se a necessidade de protocolos para a
realização da desinfecção de nebulizadores, estabelecendo dessa maneira, boas práticas no que se refere ao
processamento de nebulizadores.
Referências
1.
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esterilização de artigos em serviços de saúde. 1ª Ed. São
Paulo: Associação Paulista de Estudos e Controle de
Infecção Hospitalar, 2010.
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2008. 51p
Rev Pesq Saúde, 14(2): 101-104, maio-agost, 2013
104
Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
DISPONIBILIDADE REGIONAL DE APARELHOS DE RAIO-X ODONTOLÓGICO EM
UNIDADES DE SAÚDE PÚBLICAS NO BRASIL, 2006-2011
REGIONAL AVAILABILITY OF DENTAL X-RAY EQUIPMENTS IN BRAZILIAN PUBLIC HEALTH CARE SERVICES, 2006-2011
Luana Martins Cantanhede1, Halinna Larissa Cruz Correia de Carvalho1, Vandilson Pinheiro Rodrigues2, Ana Emília Figueiredo de Oliveira3, Fernanda
Ferreira Lopes3, Carmen Fontoura Nogueira da Cruz3
Resumo
Introdução: A ampliação da disponibilidade do serviço de radiodiagnóstico odontológico no Sistema Único de Saúde (SUS) é um
pré-requisito básico para a consolidação da assistência prestada pelas Equipes de Saúde Bucal (ESB) e Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO). Objetivo: Investigar as características de disponibilidade e tendências de crescimento de equipamento
de raio-X odontológico em unidades de saúde pública no Brasil, a nível regional (2006 a 2011). Métodos: Realizou-se um estudo
observacional de série temporal, com base em dados secundários do Sistema de Informação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/DATA-SUS). A unidade amostral foi Macrorregião Brasileira. Os dados foram sumarizados através de
medidas de tendência central e de crescimento anual das variáveis: proporção entre aparelho de raio-X e equipo odontológico,
taxa por 25.000 habitantes, percentual do equipamento existente nas capitais federativas. Adotou-se um nível de significância
de 5%. Resultados: Observou-se que as regiões Sudeste e Nordeste concentraram maior número de aparelhos de raio-X odontológico (74,3%) e equipos (69,4%). O maior percentual de aparelhos de raio-X nas capitais foi encontrado no Norte (44,09%), além
disso, nota-se que a disponibilidade de aparelho de raio-X apresentou tendência ascendente em todas as macrorregiões no
período (p<0,05), com crescimento mais expressivo no Nordeste (+11,4). Conclusão: A disponibilidade de aparelhos de raio-X
apresentou crescimento positivo, apesar de desigualmente distribuída entre as regiões brasileiras.
Palavras-chave: Equipamentos Odontológicos. Radiologia. Saúde Pública.
Abstract
Introduction: The increase of the availability of oral radiology service in the Unified Health System (SUS) is a basic prerequisite
for the consolidation of the assistance provided by the Oral Health Teams (ESB) and Center of Dental Specialties (CEO). Objective: To investigate the characteristics of availability and increase trends of dental X-ray equipment in public health facilities in
Brazil, at regional level (2006-2011). Methods: A time-series observational study was conducted based on secondary data of the
Brazilian Registry of Health Establishments (CNES/DATA-SUS). The sampling unit was the Brazilian Macro-region. Data were
summarized by measures of central tendency and annual growth of variables: proportion between dental X-ray equipment and
oral equipments dental unit, rate per 25,000 inhabitants and percentage of existing equipment in Brazilian state capitals. The
level of significance was 5%. Results: the Southeast and Northeast regions had the highest proportions of dental X-ray
equipments (74.3%) and equipment (69.4%). The highest percentage of X-ray machines in the capital was found in the North
region (44.09%), in addition, we noticed that the availability of X-ray machines showed upward trend in all macro-regions during the period (p <0 . 05), with more significant growth in the Northeast (+11.4). Conclusion: The availability of X-ray devices
showed positive growth although being unevenly distributed among regions.
Keywords: Dental Equipment. Radiology. Public Health.
Introdução
A atual Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB),
intitulada Brasil Sorridente, tem promovido a ampliação do acesso aos serviços da Atenção Básica, por meio
das Equipes de Saúde Bucal (ESB) inseridas na Estratégia Saúde da Família (ESF), e também da Atenção
Secundária, a partir da implantação dos Centros de
Especialidades Odontológicas (CEO)1, que atualmente
é regida pela Portaria nº 1.5702.
Os CEOs são unidades especializadas que
devem oferecer à população, no mínimo, os serviços de
diagnóstico bucal, com ênfase na detecção do câncer
de boca, periodontia especializada, cirurgia oral menor
dos tecidos moles e duro, endodontia e atendimento a
pacientes com necessidades especiais, objetivando a
efetivação da integralidade na atenção à saúde bucal1.
1.
2.
3.
A ampliação e qualificação destes serviços odontológicos especializados requerem condições básicas
para o diagnóstico e tratamento adequados, dentre
elas os equipamentos de radiodiagnóstico odontológico. A Portaria 1.101 GM/MS3 estabelece o número mínimo deste tipo de equipamento por habitante
(1/25.000) e especifica ainda o número de procedimentos odontológicos na Atenção Básica por habitante ao ano (0,4 a 1,6). Assim, entende-se que o radiodiagnóstico odontológico deve contemplar as diretrizes
da Política Nacional de Saúde Bucal do Ministério da
Saúde (MS), e consequentemente, ser disponibilizado a
toda população como parte do tratamento4.
A avaliação em Saúde Pública é de extrema relevância, já que viabiliza o planejamento estratégico,
possibilita um controle técnico e social, propõe ações e
programas de intervenção culturalmente sensíveis e
Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
Docentes da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
Contato: Luana Martins Cantanhede. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 105-108, maio-agost, 2013
105
DISPONIBILIDADE REGIONAL DE APARELHOS DE RAIO-X ODONTOLÓGICO EM UNIDADES DE SAÚDE PÚBLICAS NO BRASIL, 2006-2011
adaptados, além de detectar deficiências, no intuito de
reordenar os serviços e promover melhorias ao setor5-7.
Neste contexto, os Sistemas de Informação em Saúde,
como Cadastro Nacional de Estabelecimentos em
Saúde (Cnes)8, que armazena dados referentes às Unidades de Saúde, Equipamentos e Recursos Humanos,
configura-se como uma importante ferramenta nacional de monitoramento, avaliação e gestão.
Considerando a informação como base para o
processo de planejamento estratégico em saúde, torna-se importante a realização de estudos sobre a
necessidade de uso e da disponibilidade de tecnologias em saúde como ferramentas de avaliação dos serviços nos mais diversos níveis de atenção. O objetivo
deste estudo foi avaliar a distribuição dos equipamentos de raios-X odontológico em Unidades de Saúde
Públicas Brasileiras, por esfera de administração,
região brasileira e capital nacional, bem como verificar
a tendência de mudança entre os anos 2006 a 2011.
Método
Realizou-se um estudo observacional de série
temporal, no qual foram analisados dados secundários
do Sistema de Informação do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES)8, por meio da plataforma referente aos itens recursos físicos e equipamentos, seguido pelo subitem equipamentos. As unidades amostrais foram macrorregiões brasileiras e o
período considerado foi 2006 a 2011.
As variáveis coletadas incluíram o número de
aparelhos de raio-X dentário e equipos odontológicos
completos, considerando apenas equipamentos existentes de uso público. O mês de Dezembro foi selecionado para representar os dados consolidados de cada
ano. Os dados foram sumarizados utilizando medidas
de tendência central e de variação média do crescimento anual das variáveis: proporção entre aparelho de
raio-X e equipo odontológico, percentual do equipamento existente nas capitais federativas e percentual
por esfera de poder (Federal, Estadual ou Municipal).
Além disso, foram calculadas a tendência e médias das taxas de aparelho de raio-X dentário por 25.000
habitantes. As populações por região, utilizadas como
denominador para os cálculos das taxas, foram obtidas
dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponibilizadas pelo Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Para
os anos de 2000 e 2010, usaram-se os dados derivados
dos censos demográficos. Para os demais, produziramse estimativas com projeções intercensitárias9,10.
Os dados foram tabulados na planilha eletrônica
Excel (versão 2010) e posteriormente analisados através do software estatístico BioEstat versão 5.3 (Optical
Digital Technology, Belém, PA, Brasil)11. Um modelo de
regressão linear foi utilizado para analisar as tendências de crescimento na série temporal. Este procedimento permitiu avaliar as variações como crescente,
decrescente ou estável, a partir da análise da medida
de crescimento e valor de p. O nível de significância
adotado foi de 5% (p<0,05).
106
Resultados
Observou-se que as regiões Sudeste e Nordeste
concentram a maior frequência de aparelhos de raio-x
dentário (74,3%) e equipos (69,4%). O maior percentual
da disponibilidade dos equipamentos de raio-X e equipo odontológico nas capitais federativas encontram-se
nas regiões Norte (44%; 45,7%) e Centro-Oeste (32,7%;
58,4%). Além disso, observou-se que a Região Sul apresentava a maior discrepância na relação estabelecida
entre as variáveis (1/11,7) (Tabela 1).
Tabela 1 - Média do número de equipamentos de raio-X odontológico e equipos odontológicos em Unidades de Saúde Públicas acordo com a região brasileira no período de 2006 a 2011.
Médias no período de 2006 a 20111
Raio-X nas
Equipos nas RaioRaio-X2
Equipo4
Capitais (%)3
Capitais (%)3 X/Equipo5
Norte
381
44,09
2.508
45,71
1/6,6
Nordeste 1.256
24,83
13.094
30,07
1/10,4
Sudeste 2.862
13,73
18.087
23,36
1/6,4
Sul
678
13,42
7.847
21,54
1/11,7
C-Oeste 360
32,79
3.389
58,45
1/9,5
Brasil
5537
19,40
44.925
28,99
1/8,1
Região
1
Média das variáveis no período de 2006 a 2011 (Mês de referência:
Dezembro). 2Número de aparelhos de raio-X odontológico. 3Percentual dos
aparelhos de raio-X e equipos odontológicos públicos instalados nas capitais
das unidades federativas. 4Número de equipos odontológicos. 5Proporção
entre o número de aparelhos de raio-X e equipos odontológicos.
O número de aparelho de raio-X apresentou
tendência ascendente para todas as macrorregiões
(p<0,001). Com relação ao equipo odontológico destaca-se a região Nordeste com a maior média de crescimento anual (+21,84; p<0,001). Nota-se também, que
houve uma redução na proporção entre os dois equipamentos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, apresentando tendência negativa de -2,2%, -3,5% e -3,4%
respectivamente (Tabela 2).
Tabela 2 - Média da variação anual (%) do número de equipamentos
de raios-X odontológico, equipos odontológico em Unidades de Saúde
Públicas acordo com a região brasileira no período de 2006 a 201.
Região
2
Raio-X
Norte
+10,25
Nordeste +10,65
Sudeste +6,73
Sul
+8,04
C-Oeste +10,89
Brasil
+8,26
Tendências (2006-2011)1
p
Equipo3 p5 Raios-X/Equipo4
<0,001 +14,45 <0,001
+3,82
<0,001 +21,84 0,04
+9,97
<0,001 +4,22
0,01
-2,27
<0,001 +4,00 0,002
-3,52
<0,001 +6,95 0,009
-3,45
<0,001 +8,61
0,01
+0,36
5
p5
0,54
0,73
0,01
0,01
0,02
0,42
1
Média do crescimento anual em percentual no período de 2006 a 2011 (Mês
de referência: Dezembro). 2Número de aparelhos de raio-X odontológico.
3
Número de equipos odontológicos. 4Proporção entre equipamento de raio-X
e equipo odontológico. 5Determinado pelo modelo de regressão linear.
Os dados referentes as médias dos percentuais
de aparelho de raio-X odontológico por esfera administrativa no período de 2006 a 2011, mostraram que a
administração pública municipal detém o maior percentual dos aparelhos. Observa-se, também, que mais
de ¼ dos equipamentos de raio-X odontológico encontravam-se em Unidades de Saúde administradas pelo
poder estadual na região Norte (Tabela 3).
Rev Pesq Saúde, 14(2): 105-108, maio-agost, 2013
CantanhedeLM, CarvalhoHLCC, RodriguesVP, Oliveira AEF, Lopes FF, CruzCFN
Tabela 3 - Percentual médio dos aparelhos de raio-X odontológicos públicos por esfera administrativa nas regiões no período de
2006 a 2011.
Percentual médio por esfera (2006 a 2011)
Esfera
Administrativa Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Federal
08,98 07,22
04,79 15,87
13,11
Estadual
26,18 09,46
14,76 08,15
11,21
Municipal
64,85 83,32
80,45 75,98
75,68
De modo geral, as tendências identificadas para
cada região foram crescentes (p<0,05), com destaque
para Nordeste que apresentou um coeficiente de crescimento de +11,4% no período. Além disso, verificouse que a região Sudeste apresentou maiores valores
durante todo o período analisado, e no ano de 2011
atingiu a taxa de 1 aparelho radiográfico para cada
25.000 habitantes (Tabela 4).
Tabela 4 - Taxa de aparelhos de raio-X odontológico por 25.000
habitantes e tendência de crescimento nas regiões brasileiras no
período 2006-2011.
Região
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
C-Oeste
Brasil
Aparelho de raio-X odontológico Cresci
público por 25.000 habitantes mento Valor2 de
médio
p
1
2006 2007 2008 2009 2010 2011 anual
0,44 0,46 0,53 0,58 0,70 0,72 +10,4 <0,001
0,42 0,44 0,50 0,56 0,69 0,72 +11,4 <0,001
0,68 0,72 0,79 0,86 0,98 1,00 +07,9 <0,001
0,48 0,49 0,54 0,60 0,68 0,73 +08,7 <0,001
0,48 0,51 0,57 0,63 0,74 0,78 +10,3 <0,001
0,55 0,58 0,64 0,70 0,82 0,84 +09,0 <0,001
1
2
Média das variações de crescimento anuais no período de 2006 a 2011.
Determinado pelo modelo de regressão linear.
Discussão
Os resultados deste estudo mostraram que há
diferenças na distribuição e disponibilidade de aparelhos de raio-X odontológico entre as regiões brasileiras, embora todas apresentem consideráveis tendências de crescimento no período entre 2006 e 2011.
Em números absolutos, observou-se que a
região Sudeste concentra o maior percentual de equipamentos de raio-X e equipos odontológicos, seguido
pela região Nordeste, coincidindo com as regiões mais
populosas do Brasil9. Estes resultados corroboram com
os achados de Manfredinni12, que verificaram que estas
regiões apresentaram os maiores valores percentuais
deste tipo de equipamento disponíveis no Sistema
Único de Saúde, a partir de dados referentes ao ano de
2001. Esta elevada concentração no Sudeste e Nordeste também é observada em estudo que analisou a distribuição macrorregional de Centros de Especialidades
Odontológicas (CEOs)7, indicando que a oferta de serviços odontológicos especializados no setor público
ocorre em maior volume nestas macrorregiões, ocasionando o aumento da necessidade de exames radiográficos complementares.
Em relação à proporção estabelecida entre as
duas variáveis, constatou-se que na região Sudeste são
oferecidos 6,4 equipos para cada aparelho de raio-X,
enquanto que na região Nordeste essa razão é de 10,4.
Rev Pesq Saúde, 14(2): 105-108, maio-agost, 2013
Tais dados são condizentes com os resultados de Manfredinni12, que estabelece na região Sudeste uma relação de 6,6 equipos para cada aparelho de raio-X, entretanto, na região Nordeste, esta razão mostrou-se consideravelmente superior, em torno de 15,4. Esta redução reflete um aumento na disponibilidade de aparelhos de raio-X no serviço público do Nordeste.
É necessário ressaltar que na região Norte, 44%
dos aparelhos radiográficos localizavam-se nas capitais, o que pode estar relacionado a uma oferta maior de
atendimentos odontológicos nestes centros urbanos
administrativos, já que 45,7% dos equipos também se
concentram nestas localidades. Essa convergência
pode, consequentemente, dificultar o acesso a este
tipo de serviço a população residente em áreas geograficamente afastadas das capitais. Travassos et al.,13 em
estudo sobre desigualdade regionais e sociais no acesso à serviços de saúde, observaram iniquidades na
utilização dos serviços, apresentando a região Norte
menores taxas de acessibilidade.
Já no Centro-Oeste, a concentração de equipos
nas capitais se mostrou elevada quando comparada a
quantidade de equipamentos radiográficos. Diferenças como estas sugerem que uma elevada parcela dos
procedimentos odontológicos que podem necessitar
de exames radiográficos complementares, como exodontias, são realizados na ausência dos mesmos, o
que pode vir a caracterizar um risco para a ocorrência
de iatrogênias.
A região Nordeste apresentou um crescimento
médio positivo de no número de aparelhos de raio-X e
tendência ainda maior em equipos odontológicos no
período, gerando um aumento na diferença da relação
entre os dois equipamentos. Em contraste, a região
Sudeste, apresentou tendência de redução na diferença proporcional entre os dois equipamentos, devido a
um crescimento maior no número de aparelhos de
raio-X que de equipos, que pode estar relacionado a
busca dos gestores dessas localidades por uma disponibilidade mais equilibrada dos equipamentos.
A região Nordeste também se destaca por apresentar os maiores percentuais de aparelhos de raio-X
pertencentes à esfera municipal. Este percentual elevado condiz com as diretrizes do Ministério da Saúde que
enfatiza a necessidade de descentralização dos serviços de saúde por meio da municipalização, como um
das estratégias de aproximar a gestão da população
usuária do sistema de saúde14. Vale ressaltar que a
Política Nacional de Saúde Bucal, em suas diretrizes,
afirma que as ações e serviços devem resultar de um
adequado diagnóstico da realidade de saúde de cada
localidade para, a partir disso, construir uma prática de
caráter resolutivo e adaptado15.
Quanto à taxa de aparelhos de raio-x odontológico por 25.000 habitantes, todas as macrorregiões apresentaram tendências de crescimento positivas
(p<0,05), com destaque para o Sudeste, que apesar do
crescimento menor no período, apresentou, no ano de
2011, uma disponibilidade compatível como as exigências da Portaria 1.101 GM/MS3. Contudo, a interpretação das médias de variação de crescimento sugere que
as demais regiões, apesar de não cumprirem a exigência de 1 aparelho radiográfico para 25.000 habitantes,
tendem a se aproximar deste valor. Estes resultados
107
DISPONIBILIDADE REGIONAL DE APARELHOS DE RAIO-X ODONTOLÓGICO EM UNIDADES DE SAÚDE PÚBLICAS NO BRASIL, 2006-2011
podem sugerir uma melhora gradual da disponibilidade
do equipamento no serviço público de saúde no Brasil.
Desde a implantação da odontologia na ESF em
2000, muitos avanços têm sido observados na organização dos serviços odontológicos no Brasil, principalmente depois de 2004, com a instituição da Política Nacional
de Saúde Bucal16. Os impactos desta mudança no modelo de atenção foram variados, ressaltando-se o aumento
na taxa total de procedimentos odontológicos, aumento
dos procedimentos coletivos e redução das exodontias17. Apesar deste avanço, Barbato et al.,18 reiteram que a
redução da taxa de exodontias depende da resolutividade do serviço público, com a incorporação de novas
opções de tratamento, especialmente envolvendo as
especialidades de endodontia e prótese, ações determinantes na terapêutica de dentes gravemente lesionados
por cárie e na reabilitação dos danos severos aos tecidos
dentários. Neste contexto, a disponibilidade do exame
radiográfico no serviço odontológico público deve ser
incentivada, pois possibilita a ampliação da oferta de
tratamentos conservadores, tanto na atenção básica
quanto em serviços especializados, objetivando o planejamento clínico mais eficiente e seguro, além da redução
de procedimentos mutiladores.
O presente estudo revela resultados sobre a
disponibilidade regional do equipamento de raio-X, no
entanto, o uso do serviço não foi avaliado, caracterizando uma limitação da pesquisa. Outra característica,
foi a análise realizada a partir de dados secundários,
provenientes do Sistema de Informação do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes)8, impossibilitando o controle e garantia da qualidade dos
dados coletados, podendo haver comprometimento
nos registros. Entretanto, ressalta-se que o acesso
público a esses dados é extremamente importante
para o planejamento e a avaliação das ações e serviços
de saúde, confirmando-se a relevância da análise dos
dados disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), como
apresentados nesse estudo.
Conclui-se que a disponibilidade de aparelhos
radiográficos mostra-se desigualmente distribuída
entre as regiões brasileiras, apesar de serem percebidas notáveis tendências de crescimento. Estas diferenças devem ser conhecidas pelos gestores de saúde nas
tomadas de decisão, a fim de proporcionar uma oferta
do serviço radiográfico odontológico mais condizente
com as necessidades da população.
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Rev Pesq Saúde, 14(2): 105-108, maio-agost, 2013
Artigo Original / Original Article
ISSN-2179-6238
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM PANCREATITE AGUDA EM
UM HOSPITAL PÚBLICO DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
CLINICAL AND EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS WITH ACUTE PANCREATITIS IN A PUBLIC HOSPITAL OF
SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRAZIL
Lívia Goreth Galvão Serejo Álvares1, Aldifran Ferreira da Silva2, Anna Lívia Serejo da Silva3
Resumo
Introdução: A pancreatite aguda é considerada uma doença inflamatória, que pode se apresentar de forma leve, sendo autolimitada, na maioria das vezes, ou evoluir para forma grave com alta taxa de mortalidade. Objetivo: Descrever as características
clínicas e epidemiológicas dos pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda, que foram assistidos no serviço de urgência e
emergência da rede municipal de São Luís (MA). Métodos: Estudo observacional, retrospectivo e transversal, realizado em um
serviço de urgência e emergência. Os dados foram coletados por meio dos prontuários de pacientes internados com pancreatite, no período de julho de 2009 a julho de 2011, onde foram analisados fatores como: sexo, idade, etiologia, comorbidades,
exames de imagem e de laboratório, tempo de permanência e taxa de mortalidade. Resultados: Nos 40 prontuários, foram
identificados 28 pacientes do sexo masculino e 12 pacientes do sexo feminino. A etiologia por abuso de álcool foi a mais
comum com 35% dos casos, seguida de colelitíase (27,5%). A média de idade foi de 46,7 anos, e a mortalidade foi de 20%. Conclusão: A maioria dos pacientes foi procedente do interior do estado, com idade de 46,7 anos e do sexo masculino. O principal
hábito de vida foi o etilismo, sendo a pancreatite aguda moderada mais frequente mesmo não sendo realizados critérios de
classificação e/ou prognóstico.
Palavras-chave: Pancreatite aguda. Epidemiologia. Etilismo.
Abstract
Introduction: Acute pancreatitis is considered an inflammatory disease. Patients may present mild disease, being self-limiting
most of the time, or evolve to severe form with high mortality rate. Objective: To describe the clinical and epidemiological characteristics of patients with a diagnosis of acute pancreatitis, who were assisted in the municipal emergency and urgency service
of São Luís, Maranhão, Brasil. Methods: An observational, retrospective and cross-sectional study performed in a municipal
service of urgency and emergency. The data were collected by using the medical records of patients admitted with acute pancreatitis during July 2009 to July 2011. We analyzed factors such as sex, age, etiology, comorbidity, laboratory and imaging tests,
time of hospital stay and mortality rate. Results: We analyzed 40 medical records where we identified 28 male patients and 12
female patients. The most common etiology was the alcohol abuse with 35% of the cases followed by cholelithiasis (27.5%). The
average age was 46.7 years, and the mortality rate was 20%. Conclusion: Most of patients came from the countryside of the
state, being about 46.7 years old and male. The main habit of life was the alcoholism, being the moderate acute pancreatitis
most frequent even not being performed classification criteria and/or prognosis.
Keywords: Acute Pancreatitis. Epidemiology. Alcoholism.
Introdução
A pancreatite aguda (PA) é considerada uma
doença inflamatória em que se desenvolve uma cascata de eventos imunológicos, afetando não somente a
patogênese, como todo o seu curso. Nos casos leves,
pode ser autolimitada e medidas suportivas simples
são usualmente suficientes para reverter o quadro.
Mas, 25% dos pacientes podem evoluir para uma pancreatite grave, sendo associada a taxas de mortalidade
de 30% a 50%1.
A incidência de PA varia geograficamente e
depende, sobretudo, da causa oscilando entre 4,8 e
24,2 pacientes por 100.000 habitantes. Excluindo-se
os países asiáticos, onde os parasitas da árvore biliar
constituem causa importante, cerca de 80% dos pacientes de pancreatite têm como causa a litíase biliar e o
consumo de álcool, 10% resultam de causas variadas e
1.
2.
3.
cerca de 10% permanecem de causa desconhecida2.
Contudo, os mecanismos pelos quais esses
fatores iniciam o processo ainda não estão completamente elucidados3. A magnitude das lesões pancreáticas geralmente correlaciona-se com a gravidade da
doença, e é possível, nos dois primeiros dias da admissão, com base na apresentação clínica, na avaliação
laboratorial de rotina e no exame tomográfico, classificar a doença em branda ou grave4.
Na forma branda (a grande maioria dos casos),
as manifestações cursam com mínima repercussão
sistêmica, que melhora com a reposição de líquidos e
eletrólitos. O tratamento pode ser feito em enfermarias e pode ocorrer resolutividade da patologia em, aproximadamente, uma semana. Por outro lado, na forma
grave, além das complicações locais, há falência de
órgãos e sistemas distantes, o que, geralmente, não
responde às medidas iniciais5.
Docente do Departamento de Ciências Fisiológicas. Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
Docente do Departamento de Morfologia. Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
Graduanda do Curso de Medicina – Universidade CEUMA.
Contato: Livia Goreth Galvão Serejo Álvares. E-mail: [email protected]
Rev Pesq Saúde, 14(2): 109-112, maio-agost, 2013
109
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM PANCREATITE AGUDA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Não há um quadro clássico de pancreatite aguda,
mas, no geral, acomete a faixa etária de 30 a 60 anos.
Inicia com dor abdominal repentina, de localização
epigástrica, distensão abdominal e outros sinais e/ou
sintomas, acompanhada ou não de náuseas e vômitos6.
O diagnóstico de pancreatite aguda é baseado na
apresentação clínica que pode ser muito variada, em
exames laboratoriais e radiológicos específicos. Conforme a classificação de Atlanta, revisada, em 2008, o
diagnóstico é feito na presença de, pelo menos, dois
dos três itens a seguir: dor abdominal característica;
amilase e/ou lipase sérica maior ou igual a três vezes o
limite de referência; e achados característicos de pancreatite à tomografia computadorizada7.
Em termos terapêuticos, é necessário atuar em
duas vertentes: a correção de fatores precipitantes e a
intervenção sobre o processo inflamatório. A primeira
vertente inclui procedimentos para retirada de cálculos,
em alguns casos de pancreatite litiásica, a suspensão
da ingestão de álcool e/ou fármacos e a correção da
hipertrigliceridemia8.
Em relação à pancreatite, propriamente dita, o
tratamento é, sobretudo, de suporte. A reposição de
fluidos por via endovenosa, o controle da dor e a suspensão da ingestão oral são, na maioria dos casos,
suficientes8.
Os estudos epidemiológicos trazem informações sobre as características básicas da doença, que
por sua vez, conduzem ao avanço da prática médica.
Com o conhecimento da população atendida e comparação dos números locais, com dados de outros serviços, é possível se estabelecer protocolos de avaliação e
tratamento para melhoria do atendimento.
O presente estudo tem por objetivo descrever as
características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda, que foram
assistidos em um serviço de urgência e emergência em
São Luís (MA).
Métodos
Estudo observacional, retrospectivo e transversal, realizado em um serviço de urgência e emergência,
da rede municipal de São Luís (MA). A coleta de dados
foi realizada por meio dos prontuários de pacientes
internados com pancreatite, no período de julho de
2009 a julho de 2011.
Foram analisados 40 prontuários de pacientes
internados por pancreatite aguda, para tratamento
clínico ou cirúrgico. As variáveis estudadas foram:
idade, sexo, procedência (capital ou interior do estado),
hábitos de vida (tabagismo e etilismo), comorbidades
(diabetes mellitus - DM, hipertensão arterial sistêmica HAS, dislipidemia e colelitíase), tempo de seguimento,
exames laboratoriais e exames de imagem (ultrassonografia e tomografia computadorizada), formas de tratamento (clínico ou cirúrgico) e desfecho (alta ou óbito).
O programa estatístico utilizado foi SPSS 16.0,
para posterior tratamento estatístico descritivo. As
variáveis quantitativas foram apresentadas através de
média, mediana e desvio-padrão (frequência e medidas de tendência central e de dispersão). Foram adotados um intervalo de confiança de 95% e nível de significância de p ≤ 0,05.
110
Este foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Maranhão - CEUMA,
com Protocolo Nº 00649/11.
Resultados
Foram analisados 40 prontuários, onde foram
identificados 28 pacientes do sexo masculino e 12 pacientes do sexo feminino. Em relação à idade, o mais
jovem tinha 16 anos e o mais velho 82 anos, sendo a
média de idade de 46,7± 19,4 anos. Quanto à procedência, 16 pacientes residiam na capital e 24 eram provenientes do interior do estado. A etiologia por abuso de
álcool foi a mais comum (35%), seguida de colelitíase
(27,5%). As comorbidades mais prevalentes foram a
Hipertensão Arterial Sistêmica (22,5%), Diabetes melittus tipo II (20%) e dislipidemia (7,5%), havendo registros
de um mesmo paciente apresentar duas ou mais destas
comorbidades associadas (Tabela 1).
Tabela 1 - Características sociodemográficas dos pacientes com
pancreatite aguda. Hospital de Urgência e Emergência. São Luís MA. 2011.
Características demográficas
n
%
46,70 (± 19,40)
-
Masculino
28
70,0
Feminino
12
30,0
São Luís (capital)
16
40,0
Interior do estado
24
60,0
Tabagista
07
17,5
Etilista
14
35,0
Diabetes
08
20,0
Hipertensão
09
22,5
Dislipidemia
03
07,5
Colelitíase
11
27,5
Idade (anos)
Sexo
Procedência
Hábitos de vida
Comorbidades
Os exames laboratoriais mostraram que em 31
pacientes (77,5%) foi realizada a dosagem de amilase,
com média de 362,71±280,25 e dosagem da lipase em
25 (62,5%) dos pacientes, com a média de 739,36 ±
14,4 (Tabela 2).
Tabela 2 - Características laboratoriais dos pacientes com pancreatite aguda. Hospital de Urgência e Emergência. São Luís - MA. 2011.
Características laboratoriais
n (±)
Variação
Amilase
362,71 (±280,25)
(38-1063)
Lipase
739,36 (±14,4?)
(17-4890)
Rev Pesq Saúde, 14(2): 109-112, maio-agost, 2013
ÁlvaresLGGS, Silva AF, Silva ALS
Quanto aos exames de imagens, observou-se
que a ultrassonografia foi realizada em 65% dos pacientes no momento da internação. Destes, 53,9% apresentaram exame normal, 41,7% apresentaram aumento de
volume de pâncreas e 58,3% tinham líquido livre na
cavidade abdominal. Com relação à tomografia computadorizada 72,5% pacientes a realizaram no momento
da internação. Os achados tomográficos mais frequentemente encontrados foram: pâncreas focalmente
aumentado (38%), pâncreas com borramento peripancreático (17,2%), pâncreas difusamente aumentado
(24,1%) e pâncreas difusamente aumentado com necrose (20,7%) (Tabela 3).
Tabela 3 - Exames de imagem dos pacientes com pancreatite
aguda. Hospital de Urgência e Emergência. São Luís - MA. 2011.
Ultrassonografia abdominal
n
%
Normal
14
53,9
Alterado
12
46,1
Ascite moderada
07
58,3
Aumento de volume do pâncreas + contorno irregular
05
41,7
Pâncreas focalmente aumentado
11
38,0
Pâncreas com borramento peripancreático
05
17,2
Pâncreas difusamente aumentado
07
24,1
Pâncreas difusamente aumentado com necrose
06
20,7
Tomografia abdominal
A média de internação foi de 13,90±0,35 dias. O
tratamento clínico foi indicado em 32 (80%) dos pacientes e procedimentos cirúrgicos foram feitos em 8
(20%) pacientes. Trinta e dois (80%) pacientes receberam alta hospitalar após resolução do quadro de pancreatite, enquanto oito pacientes evoluíram para óbito
(20%) (Tabela 4).
Tabela 4 - Tratamento e evolução dos pacientes com pancreatite
aguda. Hospital de Urgência e Emergência, São Luís - MA, 2011.
Tratamento
n
%
Clínico
32
80,0
Cirúrgico
08
20,0
Alta hospitalar
32
80,0
Óbito
08
20,0
Evolução
Discussão
No presente estudo, a média de idade dos pacientes foi de 46,7 anos, sendo os homens mais frequentes. Estudo realizado por Toouli et al.,9 relataram que os
homens eram mais acometidos que as mulheres, com
idade entre 40 e 60 anos.
Apesar de homens e mulheres serem suscetíveis
à pancreatite aguda, a incidência maior encontrada é
no sexo masculino. Algumas diferenças entre os gêne-
Rev Pesq Saúde, 14(2): 109-112, maio-agost, 2013
ros são fortemente determinadas por exposições a
fatores de risco10.
A proporção de pancreatite atribuída ao álcool e
colecistite em todos os casos de pancreatite aguda
varia consideravelmente nas diferentes regiões e países11,12. Neste estudo, o consumo de álcool foi a causa
mais importante de pancreatite aguda, seguida da colelitíase. Resultado semelhante foi encontrado na Hungria, onde a incidência de pancreatite alcoólica é maior
que a colelitíase13. Entretanto a incidência de pancreatite por litíase biliar é a causa mais importante de PA na
Grécia, Itália e Noruega13,14.
A presença de hipertrigliceridemia foi encontrada para 7,5% dos pacientes. Uma grande coorte mostrou que a hipertrigliceridemia estava presente em 12%
a 38% de todos os casos de pancreatite aguda, enquanto outro estudo mostrou uma prevalência menor, de
apenas 1,3% a 3,8%15,16.
Em 40 pacientes o valor médio da amilase e
lipase foi de 362 UI e 739 UI, respectivamente. A dosagem da lipase sérica, tem sido destacada por sua maior
sensibilidade e especificidade no diagnóstico de pancreatite aguda em comparação à amilase sérica17,18. Em
um estudo prospectivo com 253 pacientes, um dia
após o início da dor, o nível de lipase sérica foi superior
a duas vezes o limite de referência, com 94% de sensibilidade e 95% de especificidade para o diagnóstico de
pancreatite aguda19.
A ultrassonografia transabdominal tem grande
valor no exame das vias biliares, para diagnóstico de
cálculos, dilatação das vias biliares e espessamento da
vesícula biliar11. Gases no intestino podem limitar a
acurácia da imagem pancreática. Mas, se o pâncreas é
visualizado, a imagem pode revelar aumento pancreático, alterações texturais e líquido peripancreático20.
A tomografia computadorizada é o procedimento de imagem útil na diferenciação de pancreatite
aguda grave, de outras condições abdominais que
podem cursar com dor abdominal e elevação das enzimas pancreáticas, além de ajudar no diagnóstico das
complicações da pancreatite aguda, bem como na
presença e na quantificação da necrose pancreática e
peripancreática21.
A tomografia computadorizada pode ser usada,
ainda, como um marcador inicial da gravidade da doença e também de morbidade e mortalidade22.
No presente estudo, não se pôde estabelecer se
os achados de tomografia computadorizada se correlacionavam com a classificação da pancreatite em leve,
moderada ou grave, já que não foi possível classificar os
pacientes em nenhum dos critérios reconhecidos devido à falta de informações nos prontuários pesquisados.
Mesmo assim, havia a classificação nos prontuários
sobre as diferentes formas, sendo a forma moderada, a
mais frequente.
A maioria dos pacientes foi procedente do interior
do estado do Maranhão. Habitualmente estes pacientes
oriundos do interior do estado levam algumas horas
para se deslocar de suas cidades até a capital, além de
serem transportados em ambulâncias simples que não
oferecem uma estrutura mínima para suporte clínico
adequado. A previsão precoce da gravidade desta patologia tem implicações importantes para uma intervenção
terapêutica adequada e correta gestão destes doentes23.
111
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM PANCREATITE AGUDA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Neste estudo a média de permanência foi semelhante aos resultados encontrados por Rockenbach et al.,24
que observaram a média de internação de 12 a 93 dias.
Cambréa et al.,25 constataram uma média de 9,1 dias, variando de 1 a 31 dias o tempo de permanência hospitalar.
A taxa de mortalidade encontrada no grupo de
pacientes graves foi semelhante aos resultados encontrados por Goldacre e Roberts26 e Makela et al.,27 que
mostraram uma prevalência em torno de 10% a 20% dos
casos severos 10% a 30% e mortalidade alta em casos de
internação mais prolongada mesmo em tratamento
intensivo. Embora a taxa de mortalidade da pancreatite
aguda tenha diminuído nas últimas décadas, ela ainda
se mantém elevada no subgrupo dos doentes que
desenvolvem a doença grave13.
A maioria dos pacientes foi procedente do interior
do estado, com idade de 46,7 anos e do sexo masculino.
O principal hábito de vida foi o etilismo, sendo a pancreatite aguda moderada mais frequente, mesmo não sendo
realizados critérios de classificação e/ou prognóstico.
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ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL MATERNA E BAIXO PESO AO NASCER
ASSOCIATION BETWEEN MATERNAL PERIODONTAL DISEASE AND LOW BIRTH WEIGHT
Caio Brandão e Vasconcelos1, Luciane Maria Oliveira Brito2, Tamara Santiago Mascarenhas3, Ana Emília Figueiredo de Oliveira4, Fernanda Ferreira Lopes4,
Leonardo Victor Galvão Moreira5, Maria Bethânia da Costa Chein2
Resumo
Introdução: A saúde periodontal deficiente durante a gestação pode representar fator de risco em potencial para o desenvolvimento de baixo peso ao nascer. Objetivo: Avaliar os fatores de risco para os recém-nascidos de baixo peso, correlacionando-os
com a condição periodontal materna. Métodos: Estudo observacional do tipo caso-controle, realizado em São Luís (MA). Investigou-se 226 puérperas atendidas no período de um ano em três maternidades públicas da cidade, restando 58 pacientes após
aplicados os critérios de exclusão. O grupo caso foi composto por oito (13,8%) puérperas que tiveram recém-nascido baixo
peso, enquanto que o grupo controle incluiu 50 (86,2%) puérperas cujos filhos nasceram com peso normal. O método utilizado
para o diagnóstico periodontal foi o PSR® (Periodontal Screening & Recording). Resultados: A média de peso dos recém-nascido
baixo peso foi de 1596,9 g, enquanto que nos recém-nascidos do grupo controle a média foi de 3320,7g. Para o PSR = 2 a média
de peso foi igual a 3295g, para o PSR = 3 foi de 3235g e para o PSR = 4 a média de peso foi 2975g. Para determinar a associação
entre as variáveis foi aplicado o teste qui-quadrado não tendo sido encontrada diferença estatisticamente significante entre os
dois grupos (p > 0,05). Conclusão: Não foi possível afirmar que o grau de acometimento periodontal materno foi responsável
pela diminuição da média de peso ou que este se constitui um fator de risco para o baixo peso ao nascer.
Palavras-chave: Periodonto. Recém-nascido de Baixo Peso. Saúde Materno-Infantil.
Abstract
Introduction: The poor periodontal health during pregnancy may be a potential risk factor for the development of low birth
weight. Objective: To evaluate the risk factors for newborns with low birth weight, correlating them with maternal periodontal
condition. Methods: An observational case-control study in São Luís, Maranhão, Brasil. The sample consisted of 226 patients
that have recently given birth assisted during one year in three public hospitals. 58 patients were chosen after application of the
exclusion criteria. The group was comprised of eight (13.8%) patients who had low birth weight infants whereas the control
group included 50 (86.2%) patients whose children were born with normal weight. The method used to periodontal diagnose was
the PSR® (Periodontal Screening & Recording). Results: The average weight of low birth weight infants was 1596.9 g while in
newborns of the control group the average was 3320.7 g. For the PSR = 2, the average weight was equal to 3295 g, for the PSR =
3 was 3235 g, and for the PSR = 4 the average weight was 2975 g. To determine the association between variables we used the
chi-square test. It was not found statistically significant differences between the two groups (p> 0.05). Conclusion: It was not
possible to say that the degree of maternal periodontal disease was responsible for a decrease in the average weight or that this
constitutes a risk factor for low birth weight.
Keywords: Periodontal. Newborn with low birth weight. Maternal and Child Health.
Introdução
Estudos têm elucidado o desenvolvimento do
processo de inflamação dos tecidos periodontais que,
consequentemente, desencadeia a doença periodontal1,2. As doenças periodontais são altamente prevalentes, podendo afetar até 90% da população mundial3.
A gengivite, sua forma menos severa, é causada
pelo biofilme (placa bacteriana) que se acumula sobre a
superfície dentária adjacente à gengiva, não afetando
as estruturas de suporte subjacentes aos dentes e sendo, portanto, reversível. No entanto, a periodontite,
forma mais severa da doença, resulta na perda de tecido conjuntivo e do suporte ósseo, sendo a maior causa
da perda dentária em adultos1, 3. Embora a má higiene
1.
2.
3.
4.
5.
oral seja o principal fator de risco para o desenvolvimento e agravamento da doença periodontal, a gravidade desta condição será determinada por outros fatores
além da presença de biofilme na superfície dentária,
especialmente a existência de uma microflora bacteriana específica e a resposta imune do hospedeiro1. Ademais, fatores genéticos, ambientais e doenças sistêmicas são considerados de risco para o periodonto3.
Manifestações periodontais também têm sido
associadas com a gestação, embora essa relação não
tenha sido completamente estabelecida. Prevenção e
tratamento são destinados a controlar o biofilme e
outros fatores de risco, evitando a progressão da doença e restaurando o tecido de suporte perdido3.
Em todos os grupos populacionais, peso ao nas-
Médico do Programa de valorização da Atenção Básica - PROVAB. Pós-graduando em Saúde da Família pela Universidade Aberta do SUS - UnA-SUS.
Docente do Departamento de Medicina. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Graduanda do curso de Medicina. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente do Departamento de Odontologia. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Graduando do curso de Odontologia. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Contato: Luciane Maria Oliveira Brito. E-mail: [email protected]
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ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL MATERNA E BAIXO PESO AO NASCER
cer é o principal determinante das chances que um
recém-nascido tem de sobreviver, crescer e desenvolver-se de forma saudável4. O baixo peso ao nascer
(BPN), definido pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) como peso ao nascer menor que 2.500 g é resultado de um complexo multifatorial, sendo eleito como
um importante indicador de saúde de uma população4,5.
Em se tratando das infecções, os mecanismos biológicos envolvem a ativação da imunidade celular induzida
por bactérias, o que leva à produção de citocinas, tais
como as interleucinas (IL-1 e IL-6) e do fator de necrose
tumoral alfa (TNF-α) e à síntese e subsequente liberação de prostaglandinas, especialmente a prostaglandina E2 (PGE2). Durante a gravidez normal, os níveis intraamnióticos destes mediadores podem subir fisiologicamente até que um limiar é atingido, ponto no qual a
dilatação do colo do útero e o parto são induzidos. A
produção anormal destes mediadores no cenário da
infecção pode provocar parto prematuro e baixo peso
do recém-nascido5,6.
A periodontite, embora uma doença local, pode
acarretar alterações inflamatórias em níveis sistêmicos, considerando a presença de bolsas periodontais,
que permitem que bactérias e seus compostos possam
atingir outras partes do organismo, dentre essa a
Porphyromona gingivalis e Aggregatibacter actinomycetemcomitans. Esta exposição à bactérias Gramnegativas e seus produtos pode gerar uma resposta
imuno-inflamatória com potenciais danos para diferentes órgãos e sistemas7-9. Assim, as infecções periodontais têm sido associadas com diferentes condições
sistêmicas, incluindo doenças da gestação como préeclâmpsia, parto prematuro e baixo peso ao nascer7,10.
Estudos realizados por Offenbacher et al.,11
Khader et al.,12 e Marin et al.,13 do tipo caso-controle na
última década têm discutido a relação entre doença
periodontal e RNBP. Dentre os achados, os autores
concordam que a doença periodontal demonstrou ser
um importante fator de risco para o BPN, embora os
mecanismos responsáveis por tais circunstâncias não
estejam completamente elucidados.
Em se tratando dos efeitos benéficos da terapia
periodontal na prevenção do RNBP, Vergnes e Sixou14 e
Polyzos et al.,15 concordam que o tratamento periodontal e cuidados de saúde bucal na gestante podem trazer
benefícios no sentido de evitar a exposição do organismo a microrganismos patogênicos, mediadores da
inflamação e à resposta imune, os quais podem vir a
prejudicar a saúde do bebê, aumentando o risco de BPN.
Diante do exposto e, considerando que não há
consenso na literatura sobre a possível influência das
doenças periodontais sobre o BPN, desenvolveu-se o
presente estudo, com o objetivo de avaliar fatores de
risco para os RNBP, correlacionando-os com a condição
periodontal materna em três Maternidades de referência do município de São Luís (MA).
Métodos
Estudo observacional do tipo transversal, analítico,
realizado no município de São Luís (MA). Investigou-se 226
puérperas, na faixa etária de 13 a 40 anos, de parto vaginal, atendidas em três maternidades públicas do município de São Luís (MA) que oferecem atendimento pelo SUS.
114
Após a apresentação e explicação do desenvolvimento da pesquisa e leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), devidamente assinado pelas 226 puérperas entrevistadas, estas responderam uma Ficha-Protocolo contendo: identificação pessoal; fatores sociodemográficos; história obstétrica
(pré-natal anterior, partos, espaço interpartal, infecção, anemia, anomalia fetal, descolamento prematuro
de placenta, placenta prévia, pré-eclampsia, desnutrição); cuidados com a saúde durante o pré-natal como
tratamento odontológico, escovação e uso de fiodental; condições anteriores à gestação como peso
corpóreo, estatura, doenças maternas e hábitos de
vida (uso de drogas, tabagismo, uso excessivo de
café). Nos casos em que foi necessário, o pesquisador
consultou o prontuário a fim de obter dados que as
puérperas não souberam responder.
Os critérios de exclusão foram: mulheres com
alterações sistêmicas que necessitassem de profilaxia
antibiótica; aquelas submetidas a tratamento periodontal durante a gestação; mulheres com gravidez
múltiplas; período de internação pós-parto superior a
três dias; histórico de morbidade pré-natal (hipertensão, cardiopatia, nefropatia, hepatopatia ou outra
doença de base); espaço interpartal curto (menor que
dois anos); aquelas cujos bebês nasceram com alguma
anomalia; complicação durante a gravidez; as que
fizeram consumo de álcool, tabaco ou drogas e as sem
registro de peso do recém-nascido. Estes critérios de
exclusão se basearam em fatores sabidamente responsáveis pelo RNBP ou por alterarem a flora bacteriana da
cavidade oral.
A amostra foi constituída de 58 mulheres, sendo
que 8 (13,8%) tiveram RNBP, formando o grupo caso, e
50 (86,2%) tiveram filhos nascidos com peso igual ou
superior a 2500g o grupo controle. A medida do peso
dos recém-nascidos foi coletada do cartão do recémnascido ou da declaração de nascidos vivos.
A avaliação odontológica foi realizada por meio
do exame bucal e avaliação periodontal simplificada
(PSR). Os exames intrabucais foram realizados por dois
avaliadores com a puérpera no leito e utilizando foco
de luz portátil, de acordo com os critérios preconizados pela OMS.
O método utilizado para o diagnóstico periodontal foi o PSR® (Periodontal Screening & Recording),
que consiste em exame de triagem para doenças periodontais, avaliando sua presença e severidade sendo
utilizada uma ficha simplificada, que consiste em uma
grade com seis espaços, cada um correspondendo a
um sextante, a sonda periodontal WHO-621 e espelho
bucal plano nº 05. Esta sonda possui em sua extremidade uma esfera de 0,5 mm de diâmetro sendo demarcada em duas medidas chaves 3,2 mm e 5,5 mm que
delimitam uma faixa colorida. Para a execução do
exame dividiu-se a boca em sextantes, iniciando sempre pelo superior posterior direito, seguido do superior anterior e assim por diante até chegar ao posterior
inferior esquerdo.
A sonda foi introduzida no sulco gengival, com
pressão suave, paralelamente ao longo do eixo do
dente percorrendo toda a volta de cada dente do sextante sob avaliação. Para o registro do escore individual considerou-se o mais elevado, independente do
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VasconcelosCB, BritoLMO, Mascarenhas TS, OliveiraAEF, LopesFF, Moreira LVG, CheinMBC
sextante afetado, sendo que se considerou que a puérpera possuía doença periodontal quando o escore
individual foi igual ou maior que 316. Na ficha somente
foi anotado o escore mais alto observado em cada sextante. Para nortear o tratamento para cada sextante
observou-se a classificação:
Zero – Saúde periodontal: a faixa colorida da sonda
encontra-se totalmente visível. Não há sangramento à
sondagem, não se observa a presença de cálculo ou
margens de restaurações irregulares. A conduta neste
caso será a adoção de medidas preventivas, ou seja,
polimento coronário, fluoretação tópica e orientações
de técnicas de higiene bucal.
1 – Gengivite: a faixa colorida da sonda encontra-se
totalmente visível. Há sangramento à sondagem. Não
há cálculo ou margens de restaurações mal adaptadas.
Nessa situação é indicada a adoção de medidas de
higiene bucal, remoção de placa bacteriana (supra e
subgengival) e fluoretação.
2 – Gengivite ou periodontite leve: faixa colorida da
sonda totalmente visível. Presença de cálculo e/ou
margens de restaurações mal adaptadas ao nível intrasulcular. Pode ou não ocorrer sangramento à sondagem. As medidas de higiene oral, remoção de placa
bacteriana e cálculo, correção das margens da restauração e fluoretação tópica devem ser adotadas.
3 – Periodontite moderada: faixa colorida da sonda
parcialmente intrasulcular. Deve ser instituído o mapeamento periodontal completo, incluindo mensuração
de profundidade de bolsa e perda de inserção, mobilidade dental, envolvimento de furca, discrepâncias
oclusais, alterações mucogengivais e exame radiográfico do sextante em questão.
4 – Periodontite severa: faixa colorida da sonda totalmente no interior da bolsa, nestes casos o mapeamento periodontal completo e exame radiográfico de
todos os sextantes devem ser realizados.
Os questionários foram tabulados no banco de
dados Epi-Info® v3.2.2 e analisados estatisticamente
pelo pacote epidemiológico Stata® v6.0, sendo adotado um nível de significância de 5%, com intervalo de
confiança de 95%.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal
do Maranhão - CEP/HUUFMA, com protocolo Nº 014/2008.
Resultados
A média de peso dos RNBP foi de 1.596,9g,
enquanto que nos recém-nascidos do grupo controle a
média foi de 3320,7 g (Tabela 1).
Tabela 1 - Média de peso de recém nascido de baixo peso e de
recém-nascido com peso igual ou superior a 2500g.
n
%
Média de peso
Grupo caso
08
13,8
1596,9g
Grupo controle
50
86,2
3320,7g
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Comparando o peso dos bebês com o grau de
inflamação e acometimento gengival, observou-se que
entre as mães com RNBP, 62,5% tiveram escore PSR=3 e
37,5% tiveram escore PSR=4. No grupo controle com
peso igual ou superior a 2500g, 4% tiveram escore
PSR=2, 68% tiveram escore PSR=3 e 28% tiveram escore
PSR=4. Quando comparadas as médias de peso dos
bebês dos dois grupos por grau de acometimento gengival, foi detectado que a média de peso diminuiu à
medida que aumentava o grau. Dessa forma, para os
escores PSR=2, a média de peso foi igual a 3295g, para
o PSR=3, a média de peso foi igual a 3235g e para o
PSR=4 a média de peso foi igual a 2975g. Para determinar a associação entre estas variáveis (p< 0,05), foi
aplicado o teste do qui-quadrado (p=0,5334), não
tendo sido verificada diferença estatisticamente significante entre os dois grupos (Tabela 2).
Tabela 2 - Escores do grau de acometimento periodontal em recémnascido de baixo peso e em recém-nascido com peso igual ou
superior a 2500g.
Grupo caso
Grupo controle
Amostra total
PSR* = 2
%
n
02
4,0
02
3,5
PSR* = 3
n
%
05 62,5
34 68,0
39 67,2
PSR* = 4
n
%
03 37,5
14 28,0
17 29,3
p**
0,5334
-
*PSR = Periodontal Screening & Recording. **Teste qui-quadrado (α=0.05).
Discussão
Processos infecciosos e inflamatórios sistêmicos têm sido associados com resultados adversos da
gravidez, como baixo peso ao nascer17,18. Considerando-se a possibilidade de que as infecções periodontais
sejam mais prevalentes nas populações em maior risco
de resultados adversos da gravidez, estudos têm sido
conduzidos há vários anos em busca dessa associação18. No presente estudo não foi possível afirmar que
o grau de acometimento e inflamação gengival materna representasse fator de risco para o RNBP.
A maior prevalência dos escores 3 e 4 nas puérperas em ambos os grupos estudados pode ser justificada por vários fatores. De acordo com Machion et al.,19
para a avaliação da condição periodontal deve-se considerar a presença de bolsas falsas, sulcos profundos,
presença de cálculos subgengival, além da dificuldade
de sondagem nos sextantes posteriores.
As alterações periodontais na gravidez envolvem primariamente o tecido gengival e manifestam-se
na forma de hiperemia, edema e tendência acentuada a
sangramento, manifestações consistentes com a descrição clínica da gengivite. A etiologia desta gengivite
tem sido atribuída a vários fatores como: alterações
fisiológicas nas concentrações séricas hormonais, na
composição da placa bacteriana e na resposta imune
da gestante20. A severidade da inflamação gengival é
maior durante a gravidez, porém é importante ressaltar que a gravidez por si só não provoca gengivite, pois
a placa dental é um fator etiológico primordial21.
Vários estudos mostraram resultados positivos
para a associação entre doença periodontal e resultados adversos da gravidez. Dentre aqueles realizados
nos Estados Unidos, por exemplo, houve grandes pro-
115
ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL MATERNA E BAIXO PESO AO NASCER
porções de pacientes afro-americanos11,13,22-24. Em contraste, os estudos que falharam em demonstrar uma
associação entre a doença periodontal e estes mesmos
resultados da gravidez são maiores e relativamente
mais representativos no meio internacional10,25-29.
Agueda et al.,7 referem que provavelmente esta
associação não implica em causalidade, mas sim em
mecanismos subjacentes que podem causar predisposição para ambas as condições.
Essa contradição entre os diversos estudos pode
ser explicada por alguns fatores: ausência da padronização internacional dos critérios de definição da doença periodontal, que dificulta sobremaneira a comparação dos resultados de diferentes populações e contribuem para justificar a discrepância, em geral observada entre os dados prevalentes27; o tempo em que a exposição é avaliada. Em muitos estudos caso-controle e de
coorte retrospectivo não se pode estabelecer uma relação de causalidade quando o estado da doença periodontal de fato não é conhecido anteriormente. Além
disso, a gravidez pode afetar o curso da doença periodontal, e uma associação demonstrada com base na
avaliação pós-parto pode não está presente, se o estado da doença periodontal for avaliado antes da concepção ou muito cedo na gravidez. Em estudo realizado no
Reino Unido, cerca de 4.000 mulheres foram inscritas,
e a doença periodontal foi avaliada no primeiro trimestre, não sendo encontrada associação entre doença
periodontal e parto prematuro26.
Os resultados positivos em outros estudos
podem ainda ser explicados pela amostra constituir-se
de uma população socioeconomicamente mais heterogênea, sugerindo que a doença periodontal pode ser
um marcador de baixo nível socioeconômico e outros
fatores não-mensuráveis associados com o nascimento prematuro e resultados adversos da gravidez18. Em
estudo multi-cêntrico (PIPS) realizado na Filadélfia,
Pennsylvania30 com 800 pacientes, não foi encontrado
nenhum benefício no tratamento da doença periodontal materna quanto ao baixo peso ao nascimento, dentre outras adversidades da gravidez.
Com o presente estudo não foi possível afirmar
que o grau de acometimento gengival é o responsável
pela diminuição da média de peso. A associação causal
entre a doença periodontal materna e o baixo peso ao
nascer é biologicamente plausível, contudo não há
evidências significativas de que a doença periodontal
está associada com o baixo peso ao nascer e outros
resultados da gravidez.
Neste sentido, faz-se necessário a continuidade
de pesquisas para evidências da real importância da
higiene bucal materna como fator positivo para que o
recém-nascido tenha o peso mínimo ideal.
Destaca-se como limitação do estudo o tamanho do grupo caso, onde o acaso poderia explicar a
variação nas médias de peso dos RNs.
Fontes de Financiamento: CNPq e FAPEMA
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Artigo de Revisão / Review Article
GERONTOLOGIA E A ARTE DO CUIDAR EM ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA
LITERATURA
GERONTOLOGY AND THE ART OF NURSING CARE: INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
Rebeca Aranha Arrais e Silva Santos1, Dorlene Maria Cardoso de Aquino2, Nair Portela Silva Coutinho2, Joyce Santos Lages3, Rita da Graça Carvalhal Frazão
Corrêa2
Resumo
Introdução: Estima-se que em 2020, o Brasil terá a sexta maior população idosa do mundo com cerca de 32 milhões de pessoas.
É consenso que nenhum profissional da área da saúde é capaz de atender isoladamente às diferentes necessidades de um idoso. A Enfermagem Gerontológica desenvolve sua atuação em diferentes campos, como na educação, na assistência, na assessoria e/ou consultoria, no planejamento e coordenação de serviços de enfermagem. Objetivo: Realizar uma revisão acerca da
atuação do enfermeiro no processo de cuidar em gerontologia. Métodos: Estudo descritivo, do tipo revisão integrativa, norteado por esta questão: “qual a atuação do enfermeiro e sua contribuição no contexto da interdisciplinaridade na saúde do idoso”?
O levantamento bibliográfico foi realizado nas base de dados Medline, SciELO, PubMed, LILACS, utilizando os seguintes descritores: gerontologia, idoso, enfermagem e envelhecimento. Resultados: Dentre os dezoito artigos investigados os campos de
atuação destacados foram: os assistenciais (consulta de enfermagem ao idoso, os diagnósticos de enfermagem, a atuação no
manejo de incontinências, a estimulação cognitiva, o cuidado em terapia renal), atuação em instituições de longa permanência
(com atividades de promoção de envelhecimento saudável) e docência voltada ao ensino sobre gerontologia em cursos de graduação e pós-graduação. Conclusão: O campo de atuação para enfermeiro em gerontologia possibilita o exercício profissional
em vários cenários, com desenvolvimento de ações voltadas para o cuidado junto ao idoso nas áreas da educação, cuidado e
gerenciamento de serviços.
Palavras- chave: Gerontologia. Idoso. Interdisciplinaridade. Envelhecimento.
Abstract
Introduction: It is estimated that Brazil will have the sixth largest elderly population in the world by 2020 with about 32 million
people. It is a consensus that no health professional is able separately to meet the different needs of an elderly person. The
Gerontological Nursing develops its activities in different fields such as education, assistance and/or consulting, in the planning
and coordination of nursing services. Objective: To perform a review of the nurse's field of work in the care process in gerontology. Methods: a descriptive study of integrative review guided by this question: "What is the nurse's field of work and contribution in the context of interdisciplinary in the health of the elderly"? The literature review was performed in Medline, SciELO,
PubMed and LILACS database using the following descriptors: gerontology, elderly, nursing and aging. Results: Among the
eighteen articles selected for analysis, the fields of work used were the assistance (nursing consultation for the elderly, nursing
diagnoses, the performance in the management of incontinence, cognitive stimulation, elderly care in renal therapy), participation in long-stay institutions (educational activities to promote healthy aging) and teaching focused on gerontology education in
undergraduate and graduate courses. Conclusion: The field of work for nurses in gerontology enables the development of professional practice in many scenarios, with the development of actions towards the care of the elderly in the fields of education,
care and services management.
Keywords: Gerontology. Elderly. Interdisciplinary. Aging.
Introdução
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
estimam que em 2050, existirão cerca de 2 bilhões de
pessoas com 60 anos ou mais, no mundo, a maioria
delas vivendo em países em desenvolvimento. Segundo as perspectivas epidemiológicas atuais, o Brasil
deverá passar, entre 1960 e 2025, da 16ª para a 6ª
posição mundial em termos de número absoluto de
indivíduos com 60 anos ou mais, algo que está intrinsecamente relacionado às modificações sanitárias,
sociais e políticas1,2.
A OMS definiu como idoso aquele com 65 anos
ou mais de idade para os indivíduos de países desen-
1.
2.
3.
volvidos e 60 anos ou mais de idade para indivíduos
de países subdesenvolvidos3. Esta diferença etária
está relacionada à maior expectativa de vida nos países desenvolvidos, pois nestes, há maior acesso da
população aos serviços de saúde e a melhores condições de vida4.
Esta transição epidemiológica caracteriza-se
por modificações, em longo prazo, dos padrões de
morbidade, invalidez e morte que marcam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto
com outras mudanças demográficas, sociais e econômicas. O processo engloba três alterações básicas: 1)
substituição, entre as primeiras causas de morte, das
Enfermeira. Curso de Especialização em Gerontologia Social e Saúde do Idoso. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeira. Docente do Departamento de Enfermagem - UFMA.
Enfermeira. Hospital Universitário de Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA.
Contato: Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa. E-mail: [email protected]
118
Rev Pesq Saúde, 14(2): 118-123, maio-agost, 2013
SantosRAAS, AquinoDMC, CoutinhoNPS, Lages JS, CorrêaRGCF
doenças transmissíveis por doenças não transmissíve-
do ao idoso, à família e à comunidade. Este estudo tem
is e causas externas; 2) deslocamento da maior carga
o objetivo de realizar revisão acerca da atuação do
de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos gru-
enfermeiro no processo de cuidar em gerontologia e
pos mais idosos; e 3) alteração de uma circunstância
sua contribuição no contexto da interdisciplinaridade
em que predomina a mortalidade para outra em que a
na saúde do idoso.
morbidade é dominante5.
A gerontologia é definida pela OMS como a área
Métodos
de conhecimento científico voltada para o estudo do
Estudo descritivo, do tipo revisão integrativa,
envelhecimento em sua perspectiva mais ampla, leva-
que proporciona uma síntese de conhecimentos a
dos em conta os aspectos clínicos, biológicos, condi-
partir da sistematização e análise dos resultados. Esta
ções psicológicas, sociais, econômicas e históricas.
modalidade tem por finalidade reunir e sintetizar os
Enquanto a geriatria é definida, pela mesma organiza-
resultados de pesquisas sobre um determinado tema,
ção, como o ramo da ciência médica voltado à promo-
de maneira sistemática e ordenada, contribuindo
ção da saúde e ao tratamento de doenças e incapacida-
assim para o aprofundamento do conhecimento do
des na velhice4.
Na atenção ao idoso, a importância do cuidado
interdisciplinar se dá pelo fato de que a população
idosa apresenta grande diversidade, entre si e em relação aos demais grupos etários, então, para sua compreensão, torna-se necessário empregar diversos pontos de vista, que não se restringem a uma área do
conhecimento, mas requer a integração dos profissionais de diversas áreas no estudo do envelhecimento6. A
interdisciplinaridade contribui para eliminar barreiras
profissionais entre as disciplinas, o que facilita o
desenvolvimento de pesquisas, e provoca reflexões
entre os profissionais, impulsionando a buscar caminhos para se conhecer mais e melhor o cliente idoso,
valorizando sempre a pluralidade das relações sociais
(vida familiar, cultural, biológica, entre outras)7.
Nesse contexto, o processo do cuidar praticado
tema pesquisado11. A revisão integrativa teve como
questão norteadora “qual a atuação do enfermeiro no
processo de cuidar em gerontologia e sua contribuição
na saúde do idoso”. Os descritores utilizados foram:
idoso, enfermagem, gerontologia e envelhecimento.
Os critérios de inclusão foram estudos relacionados à
prática do enfermeiro no
processo de cuidar em
gerontologia nas diversas áreas de atuação e a contribuição para a saúde do idoso. Alguns estudos foram
excluídos, por não atenderem ao objetivo.
A seleção foi baseada entre cruzamentos dos
descritores nas bases de dados online de artigos indexados no National Library of Medicine (MEDLINE), na
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS), no Scientific Electronic Library
Online (SCIELO) publicados no período de 2000 a
pela enfermagem diz respeito a atenção à saúde do
2013, com abordagem sobre a atuação do enfermeiro
ser humano, enquanto bem-estar físico, psíquico e
no processo de cuidar em gerontologia.
Para a coleta foi elaborado por um instrumento
social, o que consiste não apenas a busca da cura das
doenças, mas apoio e a paliação quando a cura já não é
provável, e, por fim, o apoio para um fim de vida, sem
dores e sem sofrimentos desnecessários, preservando
a dignidade do cliente. O cuidar pelo enfermeiro deve
valorizar o ser humano em sua existência não obstante
a expectativa de recuperação ou possibilidade de viver
e sim pelas necessidades de cuidados8,9.
Para o cuidar de enfermagem em gerontologia, é necessário conhecer o processo de envelhecimento para produzir ações que possam atender
totalmente as necessidades expressas e não expressas do idoso, mantendo ao máximo possível a autonomia e independência; e para habilitar a equipe de
enfermagem a fim de capacitá-los a realizar as ações
de cuidado com sensibilidade, segurança, maturidade e responsabilidade10.
Justifica-se a realização deste estudo pela
com os seguintes conteúdos: título do artigo, autor,
ano, periódico, objetivos, metodologia, resultados e
conclusão. Dos 24 trabalhos encontrados foram analisados 18 que atendiam aos critérios de inclusão.
Foram adotadas as seguintes etapas: busca em base de
dados, leitura criteriosa e coleta das informações.
Os aspectos éticos foram respeitados, uma vez
que todos os autores consultados são mencionados
no texto.
Resultados
Foram analisados dezoitos artigos e os achados
organizados considerando: título do artigo, autor, ano,
periódico, objetivos, método, resultados e conclusão.
Na avaliação das publicações, destacaram-se: oito artigos de revisão, quatro artigos com abordagem qualitativa, quatro pesquisas quantitativas, uma quantiquali-
importância da enfermagem no campo da gerontolo-
tativa e uma pesquisa documental. Os resultados
gia, considerando que a assistência de enfermagem
foram descritos de acordo com a temática relacionada à
está centrada em diversos cenários, voltados ao cuida-
atuação da enfermagem em gerontologia (Quadro 1).
Rev Pesq Saúde, 14(2): 118-123, maio-agost, 2013
119
GERONTOLOGIA E A ARTE DO CUIDAR EM ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Quadro 1 - Síntese de estudos sobre a atuação do enfermeiro no processo de cuidar em gerontologia e sua contribuição no contexto da
saúde do idoso. São Luís - MA. 2013.
AUTOR
TÍTULO
TIPO DE
ESTUDO
PRINCIPAIS RESULTADOS
Pesquisa
qualitativa
Abordagem sócio-histórica sobre o processo de construção da
especialidade em Enfermagem Gerontológica no Brasil no período de
1970 a 1996.
Revisão
Sugere modelo de cuidado de enfermagem ao idoso à luz desta teoria.
Ao ser cuidado de forma incongruente em relação aos seus padrões e
crenças o idoso, poderá apresentar sinais de conflitos culturais,
frustração, estresse e outras preocupações.
Revisão
Descreve a história das políticas de saúde voltadas às pessoas idosas,
e a perda de poder atribuída ao idoso. O enfermeiro deve ficar atento
às questões de promoção/educação para saúde e às políticas públicas
voltadas às pessoas idosas.
A consulta de enfermagem ao idosouma contribuição
Para o ensino.
Pesquisa
qualitativa
Demonstra a importância do ensino teórico para a contribuição com a
formação do aluno da graduação, voltados para o cuidado na qualidade
de vida do idoso.
Adulto de meia-idade e o
Lucas RCR, Machado PRF,
envelhecimento saudável: a atuação
201330
do enfermeiro
Pesquisa
quantiqualitativa
Compara ações de autocuidado e perspectivas de envelhecimento
saudável de funcionários de meia-idade. Cabe a enfermagem
desenvolver atividades de promoção e prevenção de saúde e o
autocuidado.
Kletemberg DF, 201027
A construção da enfermagem
gerontológica no Brasil: 1970-1996
Souza JR,
Zagonel IPS,
Maftum MA,
200716
O cuidado de enfermagem ao idoso:
uma reflexão segundo a teoria
Transcultural de Leininger
Santos SSC, Barlem ELD, Promoção da saúde da pessoa idosa:
Silva BT, Cestari ME, Lunardi compromisso da Enfermagem
VL, 200809
gerontogeriátrica
Lindolpho MC, Sá SPC,
Chrisóstimo M, Valente G,
Robers LMV. 200818
Aguiar RS, 201325
Bassoli S,
PORTELLA MR,
200429
O enfermeiro na promoção da
qualidade de vida dos idosos
Estratégias de atenção ao idoso:
Avaliação das oficinas de saúde
desenvolvida em grupos de terceira
Idade no município de passo fundo RS.
Revisão
Pesquisa
qualitativa
O enfermeiro deve promover a autoestima, o autocuidado, a interação
social, o suporte familiar, a atividade intelectual e o bem-estar aos
idosos, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades
importantes para a qualidade de vida.
Apresenta os resultados de avaliação de Oficinas de Saúde voltadas
para as ações junto ao idoso. Indicam que as oficinas se constituem em
espaço: educativo, de possibilidades, da cidadania e de visibilidade da
atuação da enfermagem.
Descreve a importância da sistematização da assistência de
Popim RC, Dell´Acqua MCQ, Diagnósticos de enfermagem
Pesquisa enfermagem, atentando para o grau de dependência dos idosos com
Antonio TA, Braz ACG,
prevalentes em geriatria segundo grau
quantitativa relação às atividades básicas da vida diária, com enfoque no cuidado
2010 17
de dependência
integral, individualizado, preservando a autonomia.
SILVA VA, D'ELBOUX MJ;
201220
Atuação do enfermeiro no manejo da
incontinência urinária no idoso: uma
revisão integrativa
Freitas R, Santos SSC,
Cuidado de enfermagem para
Hammerschmidt KSA, Silva prevenção de quedas em idosos:
ME. Pelzer MT, 201119
Proposta para ação
Souza PA, Bastos RCS,
Santana RF, Sá SPC,
Cassiano KM, 200822
Revisão
Descreve as estratégias utilizadas pelos enfermeiros para o manejo da
incontinência urinária em idosos.
Mostra a importância do enfermeiro conhecer os parâmetros de
Pesquisa
normalidade dos movimentos das funções orgânicas do idoso para a
documental
construção de proposta de ação voltadas para a prevenção de quedas.
Oficinas de estimulação cognitiva para
Descreve e analisa a eficácia das oficinas de estimulação cognitiva
idosos com demência: Uma
Pesquisa
para idosos com demência. São importantes pelas questões voltadas
estratégia de cuidado na enfermagem quantitativa
para o autocuidado e independência.
gerontológica
Lindolpho MC, Sá SPC, Cruz Estimulação cognitiva em idosos com
TJP,
demência: uma
201023
Contribuição da enfermagem
Pesquisa
qualitativa
Demonstra os benefícios que a estimulação cognitiva proporciona, o
perfil da clientela atendida e sua resposta ao desenvolvimento das
oficinas terapêuticas, apontando a enfermagem como grande
contribuinte à reabilitação.
Souza MA,
Torturella M,
Miranda M,
201124
A importância da Família Participante
para acompanhantes e idosos
hospitalizados: a atuação do
enfermeiro
FortesVLF, Greggianin BO,
Leal SC, 200621
O cuidado de enfermagem ao idoso
em terapia renal substitutiva
Revisão
Destaca que o modelo de cuidado a ser oferecido ao idoso em diálise é
guiado pela sistematização da assistência de enfermagem, pois se
caracterizar por um mapa individual que norteia o processo
assistencial.
Santos SSC, Silva BT da,
Barlem ELD, Lopes RS,
200810
O papel do enfermeiro na instituição
de longa permanência para idosos
Revisão
Identifica o papel do enfermeiro na Instituição de Longa Permanência
para Idosos é de suma importância para a execução de ações
centradas na promoção da qualidade de vida e em educação em
saúde.
Santos SSC, 200026
Enfermagem gerontológica: reflexão
sobre o processo de trabalho
Revisão
Enfoca a enfermagem Gerontológica subsidiada na abordagem sobre
processo de trabalho, segundo Marx. Apresenta o conceito, as
fundamentações teóricas, os objetivos e o processo de trabalho da
Enfermagem Gerontológica.
Cachioni M,
Neri AL, 200431
Educação e gerontologia:
Desafios e oportunidades
Revisão
Discute princípios para uma educação gerontológica participativa e
transformadora. Mostra a necessidade de investimentos na criação e
no aprimoramento de metodologias que valorizem as experiências
acumuladas e que tornem o aluno idoso um agente de seu próprio
aprendizado.
FreitasMC, Mendes MMR,
200328
O ensino sobre o processo de
envelhecimento e velhice nos cursos
de graduação em enfermagem
120
Tanto as equipes interdisciplinares quanto a equipe de enfermagem
Pesquisa
devem ter uma ótica mais ampla, abrangendo, além do paciente, o
quantitativa
familiar, adequando-se à nova realidade da saúde pública no Brasil.
Destaca o ensino acerca do envelhecimento e velhice nos cursos de
Pesquisa graduação em enfermagem. Os cursos buscam despertar interesses
quantitativa articulando diferentes oportunidades de estudo e prática, propiciando
nova forma de integrar olhares sobre estes temas.
Rev Pesq Saúde, 14(2): 118-123, maio-agost, 2013
SantosRAAS, AquinoDMC, CoutinhoNPS, Lages JS, CorrêaRGCF
Discussão
De acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística12, atualmente existem
no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira. Ainda
segundo o IBGE, no Brasil observa-se um aumento
continuado da população com idade igual ou superior
a 65 anos, na totalidade dos Estados, que correspondia
a 4,8% em 1991, alcançando 7,4% em 2010. Na região
Nordeste, por exemplo, a proporção de idosos passou
de 5,1% em 1991 a 7,2% em 201013. Estima-se que, em
2020, o Brasil terá a sexta maior população idosa do
mundo, com cerca de 32 milhões de pessoas, similar à
encontrada hoje em países desenvolvidos14.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2006, existiam cerca de 17,6 milhões de idosos no Brasil. A expectativa para o ano de 2050, é que no mundo inteiro,
existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos1.
No Brasil, o aumento da expectativa de vida tem
sido promovido, principalmente pelos avanços tecnológicos relacionados à área de saúde nos últimos 60 anos,
vacinas, uso de antibióticos e quimioterápicos que têm
tornado possível a prevenção e/ou cura de muitas doenças. Juntamente com estes fatores a queda de fecundidade, iniciada na década de 60, permitiu uma significativa mudança em nossa pirâmide demográfica3.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção à
saúde da população idosa tem como porta de entrada a
Atenção Básica/Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviços especializada, de média e alta
complexidade, segundo determinação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria GM nº
2.528, de 19 de outubro de 2006 que tem como alicerces: (a) participação ativa dos idosos na sociedade, no
desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; (c) criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento; (d) fomento a
recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao
atendimento ao idoso1.
Diante do cenário atual referente ao envelhecimento populacional, ações de sensibilização, educação e cuidado primário em saúde devem ser fortalecidas para atender com qualidade as necessidades específicas dessa população.
Um dos maiores desafios na atenção à pessoa
idosa é ir além da abordagem de patologias, é ajudá-la
a ver além das suas limitações e abrir os olhos para as
possibilidades de investimento na sua auto-estima,
autonomia e possibilidades, inclusive de aperfeiçoar
sua própria qualidade de vida. Na sociedade atual,
capitalista e ocidental, parte das dificuldades das pessoas idosas está mais relacionada a esta cultura capitalista em que vivemos, na qual qualquer valoração fundamenta-se na idéia básica de produtividade, e, portanto desvaloriza e limita nossos idosos. Este modelo
capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um
lugar marginalizado na existência humana3.
Portanto, atualmente, o principal fator determinante de uma boa assistência de enfermagem à saúde
do idoso é mudar do conceito de saúde para o de bem
estar. Essa mudança implica diretamente em melhor
Rev Pesq Saúde, 14(2): 118-123, maio-agost, 2013
qualidade de vida para os idosos, pois o bem-estar
consiste em uma atitude quanto à saúde, e advém de
uma relação entre as várias dimensões humanas. De
forma que este entendimento de bem-estar pode provocar a transição da enfermagem para um modelo de
assistência mais humanístico e, conseguintemente, a
sua saída do radical modelo biomédico de classificação de doença e saúde15.
Infere-se que quando inserida em uma equipe
interdisciplinar, a enfermagem, assim como cada membro, deve assistir ao idoso de maneira individualizada,
levando em consideração as limitações físicas, psíquicas e ambientais. Inclusive, a avaliação funcional do
idoso faz parte do cuidado de enfermagem, e deve ter
ênfase na própria pessoa e na rede de apoio com a qual
ela pode contar7.
O cuidado deve respeitar os aspectos culturais
do idoso que são influenciados pela visão de mundo,
linguagem, religião, contexto social e político, educacional, econômico, teológico, etno-histórico e ambiental de cada cultura em particular. Por isso, é preciso
fundamentar as ações em conhecimentos e habilidades promovidas por meio do cuidado transcultural
para que o cuidado de enfermagem possa atingir a
eficiência almejada, promovendo uma assistência que
valorize a diversidade16.
A consulta de enfermagem em geriatria é, portanto, um importante instrumento metodológico,
constituindo-se de um processo com etapas dinâmicas, sistematizadas e interrelacionadas. Através deste
processo é possível estabelecer propostas que ajudarão no tratamento e cuidado do idoso, com condutas
direcionadas às demandas apresentadas por cada
indivíduo de acordo com seu grau de dependência e
diagnósticos 17,18.
A autonomia e a capacidade de decisão referemse a quando o idoso tem condições de fazer suas próprias escolhas e quanto o idoso tem capacidade de
realizar determinadas tarefas com seus próprios meios. Pelo risco que constitui à qualidade de vida do idoso, torna-se importante que o enfermeiro e a equipe de
enfermagem estabeleçam ações/estratégias voltadas
à prevenção de agravos de saúde, como as quedas19.
Dentre as áreas de atuação do enfermeiro destaca-se também a avaliação e manejo da incontinência urinária que é considerada uma das mais importantes e recorrentes síndromes geriátricas. Estima-se
que a incontinência urinária acometa cerca de 30%
dos idosos que vivem na comunidade, de 40% a 70%
dos idosos hospitalizados e 50% dos idosos que
vivem em instituições de longa permanência. Estratégias para o tratamento de incontinência urinária
efetuadas por enfermeiros apontam o tratamento
conservador com exercícios físicos, terapia comportamental, modificações no estilo de vida, ajustadas
de acordo com o comportamento individual, buscando reduzir os fatores de risco20.
Além disso, o aumento de pessoas com diabetes
e hipertensão, somado à melhoria da tecnologia, trouxe um crescimento na prevalência de pacientes com
idade superior a 60 anos, em terapia renal substitutiva.
A esses clientes, o enfermeiro pode proporcionar
meios necessários para o enfrentamento e tratamento
da doença, identificar os sinais e sintomas da infecção
121
GERONTOLOGIA E A ARTE DO CUIDAR EM ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
renal crônica e desenvolver ações voltadas à prevenção
da terapia renal substitutiva21.
Outra afecção comum ao idoso é a demência,
uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas característicos decorrentes de uma doença cerebral, apresentando como padrão cognitivo central o
prejuízo à memória. O enfermeiro integrante da equipe multidisciplinar pode contribuir para a otimização
das funções cognitivas, minimização dos problemas
de comportamento e melhoria do funcionamento global, além de possibilitar uma redução do estresse dos
cuidadores e, consequentemente, a prevenção de uma
possível institucionalização dessas pessoas por meio
da realização de oficinas terapêuticas 22,23.
A atenção da enfermagem não deve ser apenas
para o idoso, mas também para o familiar. Assim, oficinas com foco nos acompanhantes, com o objetivo de
melhorar sua comunicação e seu relacionamento com
a equipe de enfermagem, além de fornecer orientação,
acolhimento e o envolvimento destes no processo de
cuidar também têm se mostrado um instrumento válido na enfermagem gerontológica24.
A qualidade de vida está relacionada a aspectos
como a autoestima e o bem-estar pessoal, capacidade
funcional, o estado emocional, o nível socioeconômico, a atividade intelectual, a interação social, o suporte
familiar, o autocuidado, o próprio estado de saúde, os
valores culturais, éticos e religiosos. Diante disso, o
enfermeiro deve promover ações que contribuam para
a qualidade de vida de modo a possibilitar um envelhecimento digno25.
Portanto, a enfermagem Gerontológica desenvolve sua atuação em diferentes campos, como na edu-
cação, assistência, assessoria e/ou consultoria, no
planejamento e coordenação de serviços assistenciais
sempre com enfoque na ação de cuidar do outro, por
meio do cuidado individualizado e holístico 26,27.
Então, cabe à enfermagem gerontológica, iniciar a compreensão do processo de envelhecimento e da
velhice na graduação e assim favorecer a eliminação de
preconceitos e estereótipos comuns às pessoas em
relação a esse processo, além de preparar profissionais para atender uma demanda específica, com competência e autonomia nas ações educativas, como o
desenvolvimento de oficinas de saúde, atividades de
promoção de envelhecimento saudável, além da própria educação em gerontologia voltada ao ensino
sobre o envelhecimento e velhice 28-31.
Em qualquer âmbito de atuação, o cuidado de
enfermagem gerontológica se faz importante pelo
cuidado específico e pela contribuição para mudanças
de comportamento individuais, coletivas e organizacionais, no que diz respeito à saúde da pessoa idosa, por
meio da educação em saúde e ações de promoção da
saúde voltadas para pessoas idosas.
Dentre os campos de atuação destacam-se os
assistenciais, como a consulta de enfermagem ao
idoso, os diagnósticos de enfermagem, a atuação no
manejo de incontinências, estimulação cognitiva, o
cuidado ao idoso em terapia renal e a atuação em instituições de longa permanência. Além disso, é importante destacar que para a conquista de melhores
resultados no cuidado em gerontologia é imprescindível a atuação interdisciplinar, através da qual os
conhecimentos se complementam trazendo benefícios para o idoso.
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123
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research,
órgão oficial do Hospital Universitário da Universidade Federal
do Maranhão - UFMA é publicada quadrimestralmente,
com o objetivo de promover e disseminar a produção de
conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas
na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio
científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de
pesquisas nacionais e internacionais.
The Journal of Health Research is an official organ of the
University Hospital of the Federal University of Maranhão UFMA. Our Journal publishes every four months and has as
an aim to promote and disseminate the development of
knowledge and the socialization of academic experiences
concerning to health, as well as the possibility of creating the
scientific exchange among postgraduate programs and
national and international research institutions.
Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções
abaixo antes de submeterem seus artigos à Revista de
Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research:
We strongly advise all authors to read the instructions below
carefully before submitting manuscripts to the Journal of
Health Research.
a. Os trabalhos deverão vir acompanhados de carta de
apresentação assinada por seu(s) autor(es), autorizando
publicação do artigo e transferindo os direitos autorais à
Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research.
a. The manuscripts must be accompanied by a cover letter
that must be signed by each author(s) authorizing the article
to be published and transferring the copyright to the Journal
of Health Research.
b. Na seleção de artigos para publicação, avaliar-se-á o mérito
científico do trabalho, sua adequação às normas e à política
editorial adotada pela revista. Nos trabalhos de pesquisa
envolvendo seres humanos deverá ser informado o nº do
parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição onde o mesmo foi aprovado.
b. In the selection of articles for publication, the scientific
merit of the research, adaptation to the standards and
editorial policy adopted by the Journal will be evaluated.
When reporting experiments on human subjects, the protocol
number of the Institution’s Research Ethics Committee where
the research was approved must be informed.
c. Os manuscritos, submetidos com vistas à publicação na
Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, são
avaliados inicialmente pela secretaria quanto à adequação das
normas. Em seguida, serão encaminhados no mínimo para 02
(dois) revisores (membro do Conselho Editorial ou consultor
ad hoc) para avaliação e emissão de parecer fundamentado,
os quais serão utilizados pelos editores para decidir sobre
a aceitação, ou não, do mesmo. Em caso de divergência de
opinião entre os avaliadores, o manuscrito será enviado a
um terceiro relator para fundamentar a decisão final. Será
assegurado o anonimato do(s) autor (es) nesse processo.
O Conselho Editorial se reserva o direito de recusar o texto
recebido e/ou sugerir modificações na estrutura e conteúdo
a fim de adequar aos padrões da revista. Os autores dos
manuscritos não aceitos para publicação serão notificados por
carta e/ou e-mail. Somente após aprovação final, os trabalhos
serão encaminhados para publicação.
c. The manuscripts submitted for publication in the Journal of
Health Research are firstly assessed by the editorial office for
adaptation to the standards. Afterwards, the manuscripts will
be addressed to a minimum of two reviewers (Member of the
Editorial Board or ad hoc consultant) that will evaluate and
issue a reasoned opinion to be used by the editor for deciding
whether the article is accepted or not. In case of opinion
divergence between the reviewers, the manuscript will be sent
to a third reviewer for reasoning the final decision. The
author(s) anonymity will be guaranteed in this process. The
editorial board reserves the rights of refusing the received text
and/or suggesting changes in the style and content in order to
follow the journal standards. The authors of manuscripts not
accepted for publication will be informed through letter
and/or email. Only after acceptance the articles will be
published.
d. A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research
não remunera o(s) autor(es) que tenham seus artigos nela
editados, porém lhes enviará 02 (dois) exemplares da edição
onde seu(s) texto(s) for(em) publicado(s).
d. The Journal of Health Research does not pay theauthor(s)
of article(s) edited by it, however, the journal will send two
issues where his/her/their text(s) was/were published.
e. Não serão publicados artigos que atentem contra a ética
profissional, que contenham termos ou idéias preconceituosas
ou que exprimam pontos de vista incompatíveis com a filosofia
de trabalho do Conselho Editorial e da política da revista.
f. Os conceitos, opiniões e demais informações contidos
nos textos, e publicados na Revista de Pesquisa em Saúde/
Journal of Health Research, são de inteira responsabilidade
do(s) autor (es).
1. Categorias das seções
Para fins de publicação, a Revista de Pesquisa em Saúde/
Journal of Health Research, publica nas seguintes seções:
editorial, artigos originais, artigos de revisão e atualização,
relatos de caso, relatos de experiência, comunicações breves
e relatórios técnicos elaborados por profissionais da área
da saúde e afins, redigidos em português ou inglês. Em
cada número, se aceitará a submissão de, no máximo, dois
manuscritos por autor.
1.1 Editorial: de responsabilidade do corpo editorial da revista,
que poderá convidar autoridade para redigi-lo.
1.2 Artigos originais: devem relatar pesquisas originais que
não tenham sido publicadas ou consideradas para publicação
em outros periódicos. Produção resultante de pesquisa de
natureza empírica, experimental, documental ou conceitual
e. The articles that do not follow the professional ethics, as
well as those that show prejudice ideas or express
incompatible viewpoints with the journal’s policy and editorial
board philosophy towards work, will not be published.
f. The concepts, opinions and other information within the
texts, and published in the Journal of Heath Research are of
entire responsibility of author(s).
1.Categories of sections
For publication purposes, the Journal of Health Research
publishes in the following sections: original, review and
update articles, case and experience reports, editorial, short
communications and technical reports. The manuscripts must
be written in portuguese or english and elaborated by
professionals of health or related areas. In each issue number
the Journal will accept up to two manuscripts for submission
by each author.
1.1 Editorial: the Journal editorial body is responsible by
this type of submission. The Journal may invite an expert to
prepare it.
1.2 Original article: should report original research that has
not been previously published or considered for publication
in other journals. It is a manuscript that was resulted of
empirical, experimental, documental or conceptual research
and which may add values to the science field and practice of
125
com resultados que agreguem valores ao campo científico e
prático das diversas áreas da saúde. Deve conter na estrutura:
resumo, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão
e referências (máximo de 6.000 palavras e cinco ilustrações).
1.3 Artigos de Revisão e Atualização: destinados a
apresentação de conhecimentos disponíveis baseados numa
avaliação crítica, científica, sistemática e pertinente de um
determinado tema (resumo estruturado de até 250 palavras,
máximo de 5.000 palavras, cinco ilustrações), e não apenas
revisão de literatura, e até três autores. Mesma formatação do
artigo original.
1.4 Relatos de Casos: devem ser relatos breves de casos
relevantes para divulgação científica com extensão máxima
de 1.500 palavras, com máximo de 3 ilustrações (tabelas
e figuras), até quinze referências. Colocar no corpo do
manuscrito os tópicos: introdução, relato de caso, discussão
e referências. Permitido-se máximo três autores.
many health areas. It should contain in its structure: resumo,
abstract, introduction, methods, results, discussion, conclusion
and references (up to 6,000 words and five illustrations).
1.3 Review and update articles: have as an aim the presentation of available knowledge based on critical, scientific, systematic and relevant assessment of a particular subject (abstract of up to 250 words, maximum of 5,000 words, five illustrations), they should not only be a literature review and
should be conducted of up to three authors. Same format of
the original article.
1.4 Case reports: relevant brief reports that should be
important to scientific publishing, with maximum of 1,500
words and three illustrations (tables and figures), up to ten
references. Devide your manuscript into sections: introduction,
case report, discussion and references. It is allowed up to
three authors.
1.5 Comunicações Breves: devem ser relatos sobre novos
resultados, interessante dentro da área de abrangência da
revista. Observação clínica original, ou descrição de inovações
técnicas, apresentadas de maneira breve, não excedendo a
1.700 palavras. Não colocar no corpo do manuscrito os tópicos:
introdução, métodos, resultados, discussão e conclusões.
Máximo três ilustrações e até quinze referências.
1.5 Short communications: should be reports about new results and interesting for the knowledge area of the journal.
Original clinical observation or description of technical innovations which should be presented briefly without exceeding
1,700 words. Do not include in the body of the manuscript the
items: introduction, methods, results, discussion and conclusions. Maximum of three illustrations and up to fifteen references.
1.6 Relato de Experiência: descrição de experiências
acadêmicas, assistenciais e de extensão. A relevância de
um relato de experiência está na pertinência e importância
dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de
generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados
da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve
como uma colaboração à práxis metodológica. Formato de
artigos originais.
1.6 Experience Report: description of academic, assistance,
and extension experiences. The relevance of an experience
report is the relation and importance of problems that are
shown by it, as well as the level of generalization in the
procedures application and results of interventions in other
similar situations, in other words, it serves as collaboration to
the methodological praxis. Format of original articles.
1.7 Relatórios Técnicos: devem ser precisos e relatar os
resultados e recomendações de uma reunião de experts. Será
considerado no formato de um editorial.
2. Forma e Estilo
1.7 Technical Reports: should be accurate and report results
and recommendations of an assembly of experts. It will be
considered in an editorial format.
2 Format and Style
2.1 Os artigos devem ser concisos e redigidos em português
ou Inglês. As abreviações devem ser limitadas aos termos
mencionados repetitivamente, desde que não alterem o
entendimento do texto, e devem ser definidas a partir da sua
primeira utilização. Cada parte do artigo deve ser impressa em
páginas separadas na seguinte ordem: 1) Página de Títulos; 2)
Resumo e Palavras-chave; 3) Abstract e Keywords; 4) Texto; 5)
Referências; 6) E-mail, para a correspondência; 7) Ilustrações
e legendas; 8) Tabelas; 9) Outras informações.
2.1 The articles should be concise and written in Portuguese
or English. Abbreviations should be limited to the terms
mentioned repeatedly. The spelled-out abbreviation followed
by the abbreviation in parenthesis should be used on first
mention. The abbreviation should be used unless it will not
alter the text comprehension. Each part of the article should
be printed on separate pages in the following order: 1) Titles
Page, 2) Resumo and Descritores, 3) Abstract and Keywords;
4) Text, 5) References, 6) e-mail for correspondence, 7)
Illustrations and captions, 8) Tables, 9) Other information.
2.2 Os manuscritos dever ter as referências elaboradas de
acordo com as orientações do International Committee of
Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org), e
do International Committee of Medical Journal Editors Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical
Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/
uniform_requirements.html.
2.2 The references of manuscripts should follow the norms
established by the International Committee of Medical
Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org) and the
International Committee of Medical Journal Editors Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical
Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/
uniform_requirements.html).
2.3 O manuscrito deve ser preparado usando software padrão
de processamento de texto e deve ser impresso (fonte arial,
tamanho 12) com espaço duplo em todo o texto, legendas
para as figuras e referências, margens com pelo menos três
cm. Abreviações devem ser usadas com moderação.
2.3 The manuscript should be prepared using standard word
processing software and should be printed (arial, font size
12) double-spaced throughout the text, figures captions, and
references, with margins of at least 3cm. Abbreviations should
be used sparingly.
3. Organização dos manuscritos
3.1 Página de Título: página não numerada, contendo o título do
artigo em português (digitada em caixa alta e em negrito com no
máximo 15 palavras), inglês (somente em caixa alta). Nome
completo dos autores digitados em espaço duplo na margem
direita da página indicando em nota de rodapé a titulação do (s)
autor (es) e instituição (es) de vinculo (s) e endereço para
correspondência: nome do autor responsável e e-mail.
126
3. Manuscripts structure
3.1 Title Page: not numbered, containing the title of the article
in Portuguese (typed in capital letters and boldface with a
maximum of 15 words), English (only with capital letters),
authors’ full name typed in double-spaced on the right margin
of the page, and a footnote indicating the title of author (s)
and institution(s) to which they are affiliated and his/her/their
correspondence address (es): name of the corresponding
author and email.
3.2 Resumo: deve conter no máximo 250 palavras, em caso
de Artigo Original e Atualização, e 100 para Relatos de Casos,
Comunicações Breves e Relato de Experiência. Devem ser
estruturados, contendo introdução, objetivo(s), métodos,
resultado(s) e conclusão (es).
3.3 As palavras-chaves: e seus respectivos Key Words
devem ser descritores existentes no DeCS-Bireme (http://
decs.bvs.br).
3.4 Introdução: deve indicar o objetivo do trabalho e a hipótese
formulada. Informações que situem o problema na literatura
e suscitem o interesse do leitor podem ser mencionadas.
Devem-se evitar extensas revisões bibliográficas, histórico,
bases anatômicas e excesso de nomes de autores.
3.5 Ética: toda pesquisa que envolve seres humanos e
animais deve ter aprovação prévia da Comissão de Ética em
Pesquisa, de acordo com as recomendações da Declaração
de Helsinki e as Normas Internacionais de Proteção aos
Animais e a resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde
sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O artigo deve
ser encaminhado juntamente com o parecer do Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP).
3.2 Abstract: should not exceed two hundred words for
original or update article, and a hundred for Case reports,
Short communications and Experience report. It should be
structured with the objective, material and methods, results
and the conclusions. Note: when the article is written in
English the abstract must come before the resumo.
3.3 Keywords: should be used descriptors from the DeCSBIREME (http://decs.bvs.br).
3.4 Introduction: should provide the objective of the study
and a formatted hypothesis. Information which indentifies
the problem in the literature and draws the reader's interest
may be mentioned. Detailed literature reviews, natural history,
anatomical basis and excessive number of authors should
be avoided.
3.5 Ethics: any research involving experiments on humans
and animals must have a prior approval from the Research
Ethics Committee, according to the Helsinki Declaration,
International Animal Protection and Resolution
n°196/96
of the Ministry of Health about research involving humans.
The article should be addressed along with the opinion of the
Committee of Ethics in Research (CEP).
3.6 Métodos: o texto deve ser preciso, mas breve, evitando-se
extensas descrições de procedimentos usuais. É necessário
identificar precisamente todas as drogas, aparelhos, fios,
substâncias químicas, métodos de dosagem, etc., mas
não se deve utilizar nomes comerciais, nomes ou iniciais
de pacientes, nem seus números de registro no Hospital.
A descrição do método deve possibilitar a reprodução dos
mesmos por outros autores. Técnicas-padrões precisam
apenas ser citadas.
3.6 Methods: the text should be accurate although brief,
avoiding extensive descriptions of usual procedures. It is
necessary to precisely identify all drugs, devices, wires,
chemicals, methods of measurement and so on. Do not use
trade names, patient initials or names, or their hospital
registration numbers. The method description should enable
its reproduction by others. Standard techniques need only
be cited.
3.7 Resultados: devem ser apresentados em sequência lógica
no texto, e exclusivamente neste item, de maneira concisa,
fazendo, quando necessário, referências apropriadas a tabelas
que sintetizem achados experimentais ou figuras que ilustrem
pontos importantes. O relato da informação deve ser conciso
e impessoal. Não fazer comentários nesta sessão, reservandoos para o capitulo Discussão.
3.7 Results: should be presented in logical sequence in the
text. Only in this item, when necessary, and in a concise
manner, appropriate references should be done to tables that
summarize experimental findings or figures that illustrate
important points. The information report must be concise
and impersonal. Do not make comments on this section. All
comments must be reserved for the Discussion chapter.
3.8 Discussão: deve incluir os principais achados, a validade
e o significado do trabalho, correlacionando-o com outras
publicações sobre o assunto. Deve ser clara e sucinta evitandose extensa revisão da literatura, bem como hipóteses e
generalizações sem suporte nos dados obtidos no trabalho.
Neste item devem ser incluída(s) a(s) conclusão(es) do trabalho.
3.8 Discussion: should include main findings, the validity and
meaning of the work, correlating it with other publications
about the subject. It should be clear and concise by avoiding
detailed literature review as well as hypothesis and
generalizations without support from data obtained in the
study. In this item should be included the conclusions.
3.9 Referências: devem ser numeradas consecutivamente, na
medida em que aparecem no texto. Listar todos os autores
quando houver até seis. Para sete ou mais, listar os seis
primeiros, seguido por “et al”. Digitar a lista de referência
com espaçamento duplo em folha separada. Citações no texto
devem ser feitas pelo respectivo número das referências,
acima da palavra correspondente, separado por vírgula (Ex.:
inteligência 2, 3, 4,.). As referências citadas deverão ser
listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as
normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos
Apresentados a Periódicos Biomédicos (http://www.hlm.nih.
gov/citingmedicine/). Os títulos dos periódicos devem ser
abreviados de acordo com o estilo usado no “Index medicus”
(Consulte:
http://ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journal&
TabCmd=limits).
3.9 References: should be numbered consecutively according
to the order in which they are mentioned in the text. All authors should be mentioned when up to six. When there are
more than six authors, you should list all the six authors followed by “et al”. The list of references should be typed doublespaced and on a separate page. Citations in the text should be
made by the respective number of references, above the corresponding word and separated by comma (e.g.: Knowledge 2,
3, 4,). All cited references should be listed at the end of the article in numerical order, following the general rules of the
Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to
Biomedical Journals (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine /).
The titles of journals should be abbreviated according to the
style used in "Index medicus" (http://ncbi.nlm.nih.gov/
sites/entrez?= journal&db=TabCmd=limits).
- Todas as referências devem ser apresentadas de modo
correto e completo. A veracidade das informações contidas na
lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es).
- All references must be presented in a correct and complete
manner. The veracity of the information contained in the list
of references is of author(s)’s responsibility.
- No caso de usar algum software de gerenciamento
de referências bibliográficas (Ex. EndNote®), o(s) autor(es)
deverá(ão) converter as referências para texto.
- When using a reference management software (e. g.
EndNote®), the author(s) must convert the references to text.
4. Fontes de financiamento
4. Funding sources
127
4.1 Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a realização
do estudo.
4.2 Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos
ou com descontos também devem ser descritos como fontes
de financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país).
4.3 No caso de estudos realizados sem recursos financeiros
institucionais e/ou privados, os autores devem declarar que a
pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização.
5. Conflito de interesses
5.1 Os autores devem informar qualquer potencial conflito
de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros
associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais
e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos
fabricantes.
6.Colaboradores
6.1 Devem ser especificadas quais foram as contribuições
individuais de cada autor na elaboração do artigo.
6.2 Lembramos que os critérios de autoria devem basearse nas deliberações do Internacional Commitee of Medical
Journal Editors, que determina o seguinte: o reconhecimento
da autoria deve estar baseado em contribuição substancial
relacionada aos seguintes aspectos: 1.Concepção e projeto
ou análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou
revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação
final da versão a ser publicada. Essas três condições devem
ser integralmente atendidas.
7.Agradecimentos
7.1 Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições
que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa
e/ou pessoas que colaboraram com o estudo, mas que não
preencheram os critérios para serem co-autores.
4.1 The authors must declare all sources of funding or support, institutional or private, used to perform the study.
4.2 Suppliers of materials or equipments free or with discount,
must also be described as sources of funding, including the
origin (city, state and country).
4.3 Authors with studies without institutional or private
financial resources must state that the research did not receive funding for its implementation.
5. Conflict of interest
5.1 Authors are requested to disclose any potential conflict
of interest, including political and/or financial interests
associated with patents or property, materials and / or
supplies provision and equipments used in the study by manufacturers.
6. Collaborators
6.1 It should be specified the individual contributions of each
author in the preparation of the article.
6.2 We remind you that the criteria for authorship should be
based on the deliberations of the International Committee of
Medical Journal Editors that states the following: recognition
of authorship should be based on substantial contributions
to: 1. Conception and design or analysis and interpretation
of data, 2. Article preparation or critical review of intellectual
content; 3. Final approval of the version to be published. These
three conditions must be fully met.
7. Acknowledgments
7.1 Possible acknowledgments include institutions that
somehow provided help for the research and / or people who
collaborated with the study, but that did not meet the criteria
for co-authors.
8. Sending the submission
8. Envio e submissão
Os artigos deverão ser entregues em cópia impressa e um CD
na Diretoria Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão, localizada
no 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - Rua Barão
de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020-070, São Luís-MA. Brasil.
Telefone para contato: (98) 2109-1242, ou encaminhados por
meio do e-mail: [email protected].
Articles should be delivered as an impressed copy and on a
CD in the Adjunct Directory of Teaching, Research and
Extention, located on the 4th floor of the President Dutra Unit
(HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020070, São Luís, MA. Brazil. Phone: +55 (98) 2109-1242, or it
may be sent via e-mail: [email protected].
9. Examples of reference styles:
9. Exemplos de formas de referências:
9.1 Em Revista: Autor. Título do artigo. Título da Revista
(itálico). Ano; volume (número): páginas. Jordan PH, Thonrby
J. Twenty years after parietall cell vagotomy antrectomy for
treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220(3): 283-296.
9.2 Em Livro: Autor. Título (itálico). Edição. Local de Publicação:
Editora; ano da publicação. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de
Janeiro: Atheneu; 1992.
9.1 Journal: Author. Article title. Journal title (italics). year;
volume (number): pages. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years
after vagotomy antrectomy parietall cell for treatment of
duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220 (3): 283-296.
9.2 Book: Author. Title (italics). Edition. Place of Publication:
Publisher; year of publication. Bogossian L. Choque séptico:
recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio
de Janeiro: Atheneu; 1992.
9.3 Em Capitulo de Livro: Autor do capítulo. Título do capítulo
(Itálico). In: Autor do livro. Título do livro. Edição. Local de
publicação: Editora; ano de publicação; páginas. Barroso
FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais.
In Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não
traumático: Novas propostas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Robe;
1995. p. 201- 220.
9.3 Chapter in Book: Author of the chapter. Chapter title
(italics). In: Author of the book. Title of book. Edition. Place
of publication: Publisher; year of publication; pages. Barroso
FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In
Barroso FL, Vieira OM, editors. Abdome agudo não
traumático: Novas propostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Robe;
1995. p. 201-220.
9.4 Em Monografia/Dissertação/Tese. Autor. Título (Itálico)
[Dissertação]. Local (Estado): Universidade; Ano; Páginas.
Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos.
[Dissertação]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense;
1992. 71 p.
9.4 Monograph/Dissertation/Thesis. Author. Title (italic)
[Dissertation]. Place (State): University; Year; pages. Chinelli
A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos. [Dissertation]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense;
1992. 71 p.
128
9.5 Em Material eletrônico:
9.5 Electronic Material:
I. Artigo: Autor. Título do artigo. Título do periódico [Tipo de
material] Ano Mês [capturado ano mês dia]; volume (número);
[número de telas] Disponível em: endereço eletrônico. Morse
SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. Emerg I
infect diseases [serial online] 1995 Jan/mar [capturado 1996
jun 5]; 2 (2): [24 telas] Disponível em: http://www.cdc.gov/
ncidod/EID/eid.htm.
I. Article: Author. Article title. Journal Title [Type of material]
year month [cited year month day]; volume (number); [number
of screens] Available from: electronic address. Morse SS.
Factors in the emergence of Infectious Diseases. I Emerg infect
diseases [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]; 2
(2): [24 screens] Available at: http://www.cdc.gov/ncidod/
EID/eid.htm.
II. Arquivo de Computador: Título [tipo de arquivo]. Versão.
Local (Estado) Editora; ano. Descrição Física da mídia.
Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics
[computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid
Educational Systems; 1993.
II. Computer File: Title [File Type]. Version. Place (State)
Publisher; year. Descrição Física da mídia. Hemodynamics
III: The ups and downs of hemodynamics [computer
program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid
Educational Systems; 1993.
III. Monografia em formato eletrônico: Título [tipo de material],
Responsável. Editor. Edição. Versão. Local: Editora; ano: CDI,
Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM].
Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers.
2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. Notas: Todas
as notas do título, dos autores ou do texto devem ser
indicadas por algarismos arábicos, e ser impressas em páginas
separadas, espaço simples.
III. Monograph in electronic format: Title [type of material],
Responsible. Editor. Edition. Version. Place: Publisher; year:
CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM].
Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers.
2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965.
IV. CD-Rom, DVD: Autor(es). Título [tipo do material].
Cidade de publicação: produtora; ano. Anderson SC, Poulsen
KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM].
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002.
9.6 Em Anais de Congresso: Autor(es) do trabalho. Título
do trabalho (itálico). Título do evento; data do evento; local
e cidade do evento; editora; ano de publicação. Christensen
S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort
statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller
J, Ryan C, Tettamanzi AG, editores. Genetic programming.
EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference
on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland.
Berlin: Springer; 2002. p. 182-91.
9.7 Em Artigo de Jornal: Autor do artigo. Título do
artigo (itálico). Nome do jornal. Data; Seção: página (coluna).
Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study
sees drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug
12; Sect. A: 2 (col. 4).
10 Tabelas
Devem ser numeradas com algarismos arábicos encabeçadas
por suas legendas e explicações dos símbolos no rodapé e
digitadas separadamente, uma por página. Cite as tabelas no
texto em ordem numérica incluindo apenas dados necessários
à compreensão de pontos importantes do texto. Os dados
apresentados em tabelas não devem ser repetidos em
gráficos. A montagem das tabelas deve seguir as Normas de
Apresentação Tabular, estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Estatísticas (Rev Bras Est, 24: 42-60, 1963. As tabelas
deverão ser elaboradas no programa Microsoft® Word®).
11 Ilustrações
São fotografias (boa resolução mínimo de 300 dpi, no formato
TIFF), mapas e ilustrações (devem ser vetorizadas ou seja
desenhada utilizando os sotwares CorelDraw® ou Ilustrator®
em alta resolução, e suas dimensões não devem ter mais
que 21,5x28,0cm) gráficos, desenhos, etc., que não devem
ser escaneadas e de preferência em preto e branco, medindo
127mm x 178mm. As ilustrações, em branco e preto serão
reproduzidas sem ônus para o(s) autor(es), mas lembramos
que devido o seu alto custo para a Revista, devem ser limitadas
a 5 (cinco) entre tabelas e figuras para artigos originais e
3 (três) para relatos de casos, e utilizadas quando estritamente
necessárias. Todas as figuras devem ser referidas no texto,
sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico.
IV. CD-Rom, DVD: Author (s). Title [type of material]. City
of publication: producer; year. Anderson SC, Poulsen
KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM].
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002.
9.6 Proceedings of Congresses: Author (s) of the work. Title of
the work (italics). Title of event; event date; venue and city of
event; publisher; year of publication. Christensen S, Oppacher
F. An analysis of Koza's computational effort statistic for
genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan
C, Tettamanzi AG, editors. Genetic programming. EuroGP
2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic
Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin:
Springer; 2002. p. 182-91.
9.7 Journal article: Author of the article. Article title (italics).
Name of the newspaper. Date; Section: Page (column). Tynan
T. Medical improvements lower homicide rate: study sections
drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12;
Sect. A: 2 (col. 4).
10 Tables
They should be numbered with Arabic numerals, explained
by captions, with explanations of symbols in the footnote and
prepared separately, one per page. Cite the tables in the text
in numerical order including only data needed to understand
important points. The data presented in tables should not be
repeated in graphs. The preparation of tables should follow
the Tabular Presentation Guidelines established by the
National Statistics Council (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963.
The tables should be prepared in Microsoft Word software).
11 Illustrations
They are photographs (good minimum resolution of 300 dpi,
in TIFF format), maps and illustrations (vector illustrations,
in other words, to be drawn using Illustrator® or CorelDraw®
sotwares at high resolution, in black and white, and the
dimensions must be no more than 21.5 x28. 0cm), graphics,
drawings, and so on. They should not be scanned and should
be preferably in black and white, measuring 127mm x
178mm. The illustrations in black and white will be reproduced at no charge for the author (s). Remember that because
of the high cost for the Journal it should be provided up to five
(5) illustrations between tables and figures for original articles
and 3 (three) for case reports, using only when strictly necessary. All figures must be mentioned in the text, numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure must be accompanied by a caption that makes it clear without reference to the
text. The illustrations must be identified on the back using a la-
129
Cada figura deve ser acompanhada de uma legenda que a
torne inteligível sem referencia ao texto. Deve ser identificada
no verso, por meio de uma etiqueta, com o nome do autor e
numeração para orientação. Os desenhos e gráficos podem
ser feitos em papel vegetal com tinta nanquim, sendo as
letras desenhadas com normógrafo ou sob forma de letra
“set” montadas, ou ainda, utilizando impressora jato de tinta
ou laser, com boa qualidade, e nunca manuscritas.
Obs: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem
ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressa em
páginas separadas.
130
bel, with the author's name, and numbered for better identification. The drawings and graphs may be made on tracing paper with nankeen ink, with the letters being drawn with a stencil or letter template set, or still, using inkjet or laser printer,
with good quality, and not handwritten.
Please Note: All notes of the title, author or text should be
indicated by Arabic numerals, and printed on separate pages.
© 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
v.14 n.2 maio-agost/2013
ISSN 2179-6238
EDITORIAL
75
Editorial
Revista pesquisa em saúde: contínua evolução
Arlene de Jesus Mendes Caldas
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
77
Prevalência de enteroparasitos e aspectos epidemiológicos de crianças e jovens do município de Altamira - PA
Prevalence of intestinal parasites and epidemiological aspects of children and youth in the municipality of Altamira, Pará, Brazil
Anderson Barbosa Baptista, Luciana da Silva Ramos, Haren Aléxias Gomes Santos
81
Características clínicas e epidemiológicas da hanseníase no estado do maranhão, 2001 a 2009
Clinical and epidemiological characteristics of leprosy in Maranhão State, 2001 to 2009
Valéria da Silva Ribeiro, Dorlene Maria Cardosos de Aquino, Carlos Henrique Morais de Alencar, Arlene de Jesus Mendes Caldas
87
Humanização das relações assistenciais nos serviços de saúde em São Luís, Maranhão
Humanization of assistance within healthcare services in São Luís, Maranhão
Maria José Sansão da Silva, Lorena Lúcia Costa Ladeira, Karyne Martins Lima, Matheus Pinto Santos, José Ferreira Costa,
Elizabeth Lima Costa
91
Perfil das crianças com leishmaniose visceral que evoluíram para óbito, falha terapêutica e recidiva em
hospital de São Luís, Maranhão
Profile of children with visceral leishmaniasis who died, therapeutic failure and relapse in a hospital in São Luís, Maranhão
Arlene de Jesus Mendes Caldas, Luciana Léda Carvalho Lisbôa, Pollyanna da Fonseca Silva, Nair Portela Silva Coutinho, Tereza
Cristina Silva
96
Mortalidade por causas externas no estado do Maranhão: tendências de 2001 a 2010
External causes of mortality in the state of Maranhão, Brazil: trends from 2001 to 2010
Rômulo Henrique da Silva Lima, Rayane Trindade Amorim, Vicenilma de Andrade Martins, Lívia dos Santos Rodrigues,
Rosângela Fernandes Lucena Batista
101
Desinfecção de nebulizadores nas unidades básicas de saúde de São Luís, Maranhão
Disinfection of nebulizers in health basic units of São Luís, Maranhão, Brazil
Rosana de Jesus Santos Martins, Romulo Luiz Neves Bogéa, Elza Lima da Silva, Silvia Cristina Silva Lima Viana, Patrícia
Ribeiro de Azevedo
105
Disponibilidade regional de aparelhos de raio-X odontológico em unidades de saúde públicas no Brasil,
2006-2011
Regional availability of dental x-ray equipments in Brazilian public health care services, 2006-2011
Luana Martins Cantanhede, Halinna Larissa Cruz Correia de Carvalho, Vandilson Pinheiro Rodrigues, Ana Emília Figueiredo
de Oliveira, Fernanda Ferreira Lopes, Carmen Fontoura Nogueira da Cruz
109
Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com pancreatite aguda em um hospital público de São Luís,
Maranhão
Clinical and epidemiological profile of patients with acute pancreatitis in a public hospital of São Luís, Maranhão
Lívia Goreth Galvão Serejo Álvares, Aldifran Ferreira da Silva, Anna Lívia Serejo da Silva
113
Associação entre doença periodontal materna e baixo peso ao nascer
Association between maternal periodontal disease and low birth weight
Caio Brandão e Vasconcelos, Luciane Maria Oliveira Brito, Tamara Santiago Mascarenhas, Ana Emília Figueiredo de
Oliveira, Fernanda Ferreira Lopes, Leonardo Victor Galvão Moreira, Maria Bethânia da Costa Chein
ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE
118
Gerontologia e a arte do cuidar em enfermagem: revisão integrativa da literatura
Gerontology and the art of nursing care: integrative literature review
Rebeca Aranha Arrais e Silva Santos, Dorlene Maria Cardoso de Aquino, Nair Portela Silva Coutinho, Joyce Santos Lages,
Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
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Revista de Pesquisa em Saúde