O conceito de
Dispositivo
Práticas sociais


Os dispositivos midiáticos agem sobre
práticas sociais estruturando-as e
engendrando-as por meio de operações
técnicas e simbólicas.
A mídia tem um papel central na
constituição das relações sociais e é cada
vez mais, o campo que opera com mais
ênfase sobre os outros a partir de suas
simbólicas.
Além de um suporte


O conceito de dispositivo como suporte
técnico e apenas como meio de ligação
não dá conta de explicar os complexos
processos de produção de sentidos.
Dispositivo é um conceito chave para
compreender o processo de
midiatização da sociedade.
Dispositivo (Mouillaud)

O dispositivo deve ser pensado como
uma matriz, em que ele “não comanda
apenas a ordem dos enunciados, mas a
própria postura do leitor” (Mouillaud,
1997, p.32).
Dispositivo (Mouillaud)

O dispositivo não é só o suporte
técnico onde os discursos são
enunciados, mas também uma matriz
que orienta e que co-determina os
vínculos que os receptores
estabelecem com essa oferta
discursiva.
Dispositivo (Mouillaud)


O dispositivo pode ser também entendido
como um lugar de inscrição do texto que
“tem uma forma que é sua especificidade,
em particular, um modo de estruturação do
espaço e do tempo” (p.35) assinala o autor.
O jornal está inscrito no dispositivo geral da
informação, contendo outros elementos que
lhe devem subordinação, como o sistema
de titulação.
Dispositivo (Mouillaud)

Mesmo que dê ênfase à questão da
materialidade e ao suporte, Mouillaud
(1997) destaca que o dispositivo é uma
matriz orientadora dos modos de
interpretação, perspectiva que pode ser
projetada para a televisão como lugar de
produção de sentidos.
Dispositivo (Mouillaud)

O processo produtivo por meio do qual
opera mecanismos de significação
acaba incidindo sobre a forma com que
os receptores vão se relacionar com a
oferta discursiva.
Dispositivo (Mouillaud)

No jornal, a seleção, a edição, a
hierarquização, o ângulo, o ponto de
vista, a abordagem, o enquadramento
são ações empreendidas por aqueles que
realizam o processo de produção de
sentidos e acabam co-determinando as
relações que os receptores vão
estabelecer com essa matriz material e
simbólica.
Dispositivo (Aumont)

Um conjunto de elementos, dados e
materiais que compreende “os meios e
técnicas de produção de imagens, seu
modo de circulação e eventualmente de
reprodução, os lugares onde elas estão
acessíveis e os suportes que servem para
difundi-las” (1995,p.135).
Dispositivo (Aumont)


O dispositivo é o que “regula a relação do
espectador e suas imagens em determinado
contexto simbólico” (1995, p.192) e é
compreendido em sua dimensão técnica e sóciosimbólica.
A dimensão técnica está vinculada à questão de
haver melhor apresentação da imagem e a
sócio-simbólica se refere ao fato de que o
dispositivo “legitima o próprio fato de ir ver
imagens mutáveis na tela” (p.173).
Dispositivo (Aumont)


O dispositivo regula as relações entre o
acontecimento e o telespectador e há
fatores de ordem simbólica que incidem
sobre as lógicas de produção e os
modos de recepção.
É a partir da construção de vínculos
sociais que os sentidos se constroem.
Dispositivo (Aumont)

As ações efetivadas pelo dispositivo técnico
e os especialistas do campo midiático inclui
estratégias para mostrar ao telespectador
fragmentos do que não pode ser visto
presencialmente: o ângulo, o
enquadramento, o ponto de vista, o corte,
a edição.
Dispositivo (Aumont)

A câmera é uma espécie de olho que
cumpre papel central para que o dispositivo
funcione. Isso se refere, segundo Aumont
(1995), ao que não é visível, “mas que
permite ver” (p.153).
Dispositivo (Aumont)

O enquadramento pressupõe relações
entre um olho fictício – o da câmera,
por exemplo, e o conjunto de ações e
de objetos que compõem a cena e que
podem ser captados.
Dispositivo televisivo
(Carlón)

A “diversidade das operações e
mecanismos que entram em jogo no
seu televisionamento (...) e os distintos
dispositivos com os quais o
televisionamento direto aparece
articulado em cada ocasião: em outros
termos, seu caráter de hiperdispositivo”
(CARLÓN, 2004, p.80).
Dispositivo televisivo
(Carlón)



A especificidade da transmissão
televisiva repousa sobre a variedade de
acontecimentos;
Gravado é diferente do “ao vivo”;
Diferentes formatos= diferentes
estratégias;
Dispositivo de enunciação

Como os dispositivos fazem funcionar
seu aparato técnico-significante por
meio de operações enunciativas através
das quais os processos midiáticos dão
inteligibilidade aos fenômenos, faz-se
necessário compreender também o
dispositivo como mecanismo de
enunciação.
Dispositivo (Verón)

O que caracteriza a comunicação
midiática é o que resulta da articulação
entre “dispositivos tecnológicos e
condições específicas de produção e de
recepção, configuração que estrutura o
mercado discursivo das sociedades
industriais”, como conceitua Verón
(1997, p.14).
Dispositivo (Verón)


As modalidades do dizer constroem,
dão forma, ao dispositivo de
enunciação.
Não há produção de sentidos sem a
enunciação, compreendida pelo autor
como “os modos de dizer” (2004,
p.216).
Dispositivo (Verón)


Os vínculos entre o campo midiático e
os demais campos sociais só se
realizam por meio do trabalho dos
dispositivos que enunciam distintos
discursos em busca de seus receptores.
Todo o suporte midiático possui o seu
dispositivo de enunciação.
Dispositivo (Verón)


Os dispositivos tecno-simbólicos
apreendem os contratos dos outros
campos e através de um complexo
processo de produção de sentidos
constroem e estabelecem um contrato de
leitura.
“É o contrato de leitura que cria o vínculo
entre o suporte e seu leitor” (2004, p.219).
Contrato de leitura
(Verón e Fausto Neto)


Todo produto midiático pressupõe um
contrato mesmo que implícito e não
formalizado.
Esse contrato, define Verón (2004) repousa
sobre um espaço imaginário onde são
propostos múltiplos caminhos. Cabe à
instância da recepção compor o seu próprio
caminho de leitura.
Contrato de leitura
(Verón e Fausto Neto)


Contratos de leitura são “regras,
estratégias e ‘políticas’ de sentidos que
organizam os modos de vinculação
entre as ofertas e a recepção dos
discursos midiáticos” (Fausto Neto
(2007, p.4).
Quem dá forma aos contratos são os
distintos dispositivos midiáticos.
Dispositivo de enunciação

O dispositivo de enunciação comporta
um enunciador (a imagem de quem fala
que contém a “relação daquele que fala
ao que ele diz”, VERÓN, 2004, p.217),
um destinatário (a “imagem daquele a
quem o discurso é endereçado”, p. 218)
e a relação entre o enunciador o seu
destinatário (“proposta no e pelo
discurso”, p.218).
Dispositivo de enunciação

O dispositivo de enunciação propõe
discursos para os receptores que
empreendem, a sua maneira, valores,
atributos e vínculos num dado contexto
cultural e social. A atividade de
produção de sentido não pode ser
descolada desse contexto sócio-cultural,
pois ele co-determina os sentidos.
Dispositivo de enunciação

“O dispositivo da enunciação, processo
que fixa o sentido daquilo que é
enunciado, embora seja imanente ao
conjunto daquilo que é dito e do seu
sentido, é portanto autônomo em
relação ao processo da significação
codificada” (Rodrigues, 1994, p. 146).
Dispositivo de enunciação

O dispositivo midiático opera e põe em
funcionamento as enunciações e delas
resultam contratos de leitura, que são
proposições que cada mídia faz com
seus públicos receptores através desses
processos enunciativos.
Dispositivo complexo



Dispositivo para além de sua
característica simbólica;
Dispositivo mais que um aparato
técnico;
Dispositivo é social, semiológico e
técnico;
Dispositivo (Ferreira)

O conceito de dispositivo está também
atrelado à compreensão da produção de
sentido “não mais a partir do suporte
tecnologia ou linguagem, mas de um
conjunto de relações práticas,
discursivas e tecnológicas” assinala
Ferreira (2003, p.91).
Dispositivo (Ferreira)


“Uma fábrica de autopilotagem, de
autoconstrução da individualidade nas
interações com os outros e com os
objetos heterogêneos nela colocados”
(2003, p.102).
O dispositivo abrange aspectos relativos
à produção, à recepção, aos temas, às
estratégias, às linguagens e às trocas.
Dispositivo (Ferreira)




Três dimensões: socioantropológica, a
tecnotecnológica e semiolinguística;
Tríade: sociedade, tecnologia e
linguagem;
Polos dominantes e polos dominados;
Reflexões partem de um enfoque
predominante e se complexificam com
as abordagens diádicas;
Dispositivo (Ferreira)


Nenhuma perspectiva de análise dá
conta da complexidade das
interrelações;
Para o autor, sempre falta a terceira
dimensão que aparece como sintoma e
não como elemento central;
Discursividades


Os
dispositivos
constituem-se
por
estruturas, agenciamentos e pontos de
vinculação em que há um modo próprio de
significar: as discursividades.
Os dispositivos têm autonomia para
produzir suas tessituras, mas que seguem
também prescrições que vêm de outros
campos.
Técnico e simbólico




O dispositivo é técnico e simbólico.
Pressupõe-se que a atividade simbólica
englobe a linguagem e a atividade social.
É o trabalho do dispositivo que confere uma
forma à realidade social.
Análise do dispositivo é estratégica para
pensar as relações entre produção e
recepção.
Produção de sentidos

O dispositivo midiático impõe os seus
protocolos de funcionamento e as regras dos
seus cerimoniais aos receptores através de
contratos de leitura.

Os processos midiáticos realizam-se através
do trabalho dos dispositivos, que possuem
os seus próprios códigos reguladores de
observação, de avaliação e de interpretação.
Produção de sentidos

É a partir de operações sócio-técnicas
que os dispositivos midiáticos elaboram
e colocam em funcionamento
estratégias de produção de sentidos,
fazendo com que os receptores
mobilizem suas próprias culturas
quando se relacionam com a oferta
discursiva.
Referências Bibliográficas
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CARLÓN, Mario. Sobre lo televisivo: dispositivos, discursos y
sujetos. Buenos Aires: La Crujia, 2004. MOUILLAUD, Maurice;
Porto, Sérgio Dayrell (org.). O Jornal: da forma ao sentido.
Brasília: Paralelo 15, 1997.
FAUSTO NETO, Antonio. ____. Contratos de leitura: entre
regulações e deslocamentos. In:Diálogos Possíveis - Revista da
Faculdade Social da Bahia. Ano 6, n.2 (jul/dez) Salvador: FSBA,
2007b. ISSN 1677-7603.
FERREIRA, Jairo. Uma abordagem triádica dos dispositivos
midiáticos. Líbero, Ano IX, nº 17. Junho de 2006.
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RODRIGUES, A. D. Comunicação e Cultura, a experiência
cultural na era da informação. Editora Presença; 1994.
VERÓN, Eliseo. Esquema para el análisis de la
mediatización. In Revista Diálogos de la Comunicación, n.48,
Lima: Felafacs,1997.
___. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo, RS: Editora
Unisinos, 2004.
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Dispositivo (Mouillaud)