DIVuLGANDO A PESQuISA
CALIBRAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISE DE FÓSFORO E RESPOSTA DA SOJA À
ADUBAÇÃO FOSFATADA NA REGIÃO CENTRO-SUL DO MATO GROSSO DO SUL1
Sidnei Kuster Ranno2; Marlene Estevão Marchetti3; Leandro Souza da Silva4; Dirceu Luiz Broch5
E
ste trabalho objetivou calibrar os teores de fósforo (P)
disponível por Mehlich-1 e Resina, estimar as doses
de P para a máxima eficiência técnica e econômica e
avaliar, técnica e economicamente, a adubação fosfatada corretiva
total e gradual.
Instalou-se um experimento a campo durante as safras
2007/2008 a 2010/2011 na Fazenda Salgador (21o 38' S; 55o 05' O),
em Maracaju, MS, em um Latossolo Vermelho Distroférrico típico
de textura argilosa. O experimento foi instalado no delineamento
experimental de blocos casualisados com parcelas subdivididas. Os
tratamentos foram constituídos de quatro doses de P via fosfatagem
– Fator A (0, 100, 200 e 300 kg ha-1 P2O5), aplicadas na parcela,
previamente à primeira safra e, cinco doses de P de manutenção –
Fator B (0, 45, 90, 135 e 180 kg ha-1 P2O5), aplicadas em subparcela
no sulco de plantio da soja, anualmente, utilizando-se como fonte
de P o superfostato triplo. Anualmente, avaliou-se o teor foliar de
P no estádio fenológico R2 e a produtividade da soja e, além disso,
após a colheita da primeira safra (2007/2008) e da quarta safra
(2010/2011), avaliaram-se os teores de P-disponível pelos extratores
Mehlich-1 e Resina na camada de 0-0,2 m.
Os níveis críticos de P-Mehlich-1 e P-Resina para este solo sob
sistema de plantio convencional foram de 8 mg dm-3 e 16 mg dm-3,
respectivamente. Sob sistema plantio direto, os níveis críticos de
P-Mehlich-1 e P-Resina ficaram em 12 mg dm-3 e 20 mg dm-3,
respectivamente, como pode ser visto na Tabela 1.
Quando o resultado da análise dos teores de fósforo extraídos
por Mehlich-1 e/ou Resina em solos argilosos (500-600 g kg-1 argila)
deficientes em fósforo da Região Centro-Sul de Mato Grosso do Sul
indicar teores classificados como “Muito Baixo”, “Baixo” ou “Médio”
de P-disponível, sugere-se realizar a adubação fosfatada corretiva,
que pode ser feita de duas formas, conforme descrito na Tabela 2.
Tabela 1. Interpretação da análise de solo para fósforo extraído por
Mehlich-1 e Resina visando a recomendação de adubação
fosfatada no sistema plantio direto, classes de teores de fósforo
no solo e níveis críticos de fósforo por Mehlich-1 e Resina.
Dourados, UFGD, 2012.
Classes de teores de P no solo
Extrator
Muito baixo Baixo
Médio
0-60%
61-80% 81-90%
Adequado
91-100%
Alto
≥ 100%
- - - - - - - - - - - - - - - - - (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - Mehlich-11
Resina2
0–4
0–8
4,1 – 8 8,1 – 12
8,1 – 14 14,1 – 20
≥ 16
≥ 26
12,1 – 16
20,1 – 26
1
A interpretação para Mehlich-1 obtida por meio desse experimento pode ser
expandida para solos com características semelhantes, cuja camada superficial
(0-0,2 m de profundidade) apresente um teor de argila entre 500 e 600 g kg-1.
2
A interpretação para Resina obtida através deste experimento pode ser
expandida para solos com características semelhantes, especialmente
aqueles com textura superficial argilosa.
NC = Nível crítico = 90% da produção relativa.
Tabela 2. Indicação de doses de PCORREÇÃO e PSULCO para recomendação de adubação fosfatada no sistema plantio direto, em solos argilosos (500-600 g kg-1
argila) da Região Centro-Sul de Mato Grosso do Sul, com teores iniciais muito baixos de P-disponível. Dourados, UFGD, 2012.
Adubação fosfatada1
Teor de argila
(g kg-1)
Corretiva total2
P Muito baixo
P Baixo
Corretiva gradual3
P Médio
P Muito baixo
P Baixo
P Médio
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg ha-1 P2O5) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 500-600
300
200
100
120
100
80
1
Adubação fosfatada: as indicações de adubação fosfatada corretiva total e gradual para a cultura da soja foram calculadas com base na Capacidade
Tampão de Fósforo (CT) e foram elaboradas para uma expectativa de produção de grãos de 3.000 kg ha-1.
2
Corretiva total: a adubação fosfatada corretiva total do solo é realizada de uma só vez (à lanço e incorporada), com posterior adubação fosfatada de
manutenção do nível de fertilidade atingido.
3
Corretiva gradual: a adubação fosfatada corretiva gradual do solo é feita no sulco de semeadura, em substituição à adubação de manutenção. Pode ser
utilizada quando não há possibilidade de realização da adubação fosfatada corretiva total do solo.
1
Parte do trabalho de Tese de Doutorado do primeiro autor, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal da Grande Dourados,
como um dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Agronomia.
2
Engenheiro Agrônomo, Dr. em Agronomia; e-mail: [email protected].
3
Dra., Professora Associada, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS.
4
Dr., Professor Associado, Departamento de Solos, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS.
5
Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Diretor Executivo da MS Integração Planejamento e Desenvolvimento Agropecuário Ltda.
18
INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 145 – MARÇO/2014
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