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JORNAL DE BRASÍLIA
Brasília, quinta-feira,
14 de maio de 2015
Brasil.
EDUCAÇÃO
Mapa da Violência
Mortes por
armas de fogo
disparam
Brasil faz feio no
ranking mundial
País cai para a 60º lugar na lista da OCDE e fica atrás de nações como o Irã
OSWALDO REIS
O Brasil perdeu duas posições e
ficou em 60º no ranking mundial
de educação, divulgado ontem pela
Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico
(OCDE). Foram avaliados 76 países
através do desempenho de alunos
de 15 anos em testes de ciências e
matemática.
Na 60ª posição, o Brasil ficou entre os países com pior desempenho
na avaliação, atrás da Tailândia
(47º), Irã (51º), Malásia (52º) e dos
vizinhos Chile (48º) e Uruguai
(55º). Outros três sul-americanos
ficaram entre os 15 piores colocados: Argentina (62º), Colombia
(67º) e Peru (71º). No ranking de
2012, que avaliou 65 países, o Brasil
havia ficado em 58º.
As cinco melhores colocações ficaram para os países
asiáticos, Cingapura, Hong
Kong, Coreia do Sul, Japão e
Taiwan, na sequência. O último colocado foi Gana.
METAS
Segundo o diretor educacional da
OCDE, Andreas Schleicher, é a primeira vez que o ranking consegue
ter uma escala "verdadeiramente
global" sobre a qualidade da educação. "A ideia é dar a mais países, ricos e pobres, a possibilidade de
comparar a si mesmos com os líderes mundiais em educação para
descobrir seus pontos fracos e fortes
e ver o ganhos econômicos a longo
prazo gerados pela melhoria da
qualidade da educação", afirmou.
O ranking será apresentado oficialmente na próxima semana, durante o Fórum Mundial de Educação, na Coreia do Sul.
Na ocasião, líderes mundiais vão
traçar metas de educação para os
próximos 15 anos. Os últimos objetivos foram traçadas no ano 2000,
mas alguns deles, como fornecer ensino primário a todas as crianças, não
foram completamente alcançados.
Inscrição para o Enem fica mais cara
O Ministério da Educação (MEC) anuncia hoje um reajuste
que deve dobrar o valor da taxa de inscrição do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) além de novas medidas
para inibir o alto índice de faltosos no exame. A nova taxa de
inscrição deve ser de R$ 63, conforme a reportagem apurou,
contra os R$ 35 cobrados desde 2004. O valor acompanha a
inflação do período e os novos custos do exame. O reajuste
atinge basicamente os estudantes de escolas privadas, uma
vez que cerca de 75% dos inscritos no exame têm isenção por
ter estudado em escola pública ou por ser de baixa renda.
Ranking
Posição
1º
País
Cingapura
2º
Hong Kong
3º
Coreia do Sul
4º
Japão
5º
Taiwan
6º
Finlandia
7º
Estônia
8º
Suíça
9º
Holanda
10º
Canadá
60º
Brasil
62º
Argentina
67º
Colômbia
71º
Peru
76º
Gana
Obs.: Lista de 76 países
FONTE/OCDE
GRAFFO
Prejuízo com os faltosos
O Ministério da Educação deve
criar uma restrição para que candidatos que tenham faltado ao exame
só possam se inscrever novamente
mediante pagamento de inscrição,
mesmo que se encaixem nos perfis
de isenção. O alto índice de abstenção resulta em grande prejuízo para o
governo. No ano passado, 28,6% dos
inscritos faltaram, o que representou
mais de 2,4 milhões de pessoas.
Desde 2011 o MEC indica que
pretende criar mecanismos para
inibir faltosos. Mas com a preocu-
pação de manter o exame o mais
acessível possível, a ideia nunca
avançou.
No ano passado, o custo por aluno foi de R$ 52 - o que indica um
desperdício de mais de R$ 74 milhões com faltosos, atualizando estimativas do MEC em anos anteriores. Levantamento feito em 2012
mostrou que 86% dos faltosos no
Enem em 2010 eram de escola pública. O exame é usado como vestibular por praticamente todas as
universidades federais do País.
A cada dia, 116 pessoas morrem vítimas de armas de fogo no
Brasil. Em 2012, data dos últimos dados disponíveis, foram
42.416 mortos. A principal causa das mortes foram homicídios,
motivo apontado em 95% dos
casos.
Os dados, que fazem parte do
Mapa da Violência 2015, realizado por órgãos do Governo Federal e Unesco, são os mais altos
já registrados no País por este
motivo desde 1980, início da série histórica.
Nesse período, as mortes por
armas de fogo cresceram 387%,
segundo a pesquisa que será divulgada hoje. Em dez anos, porém, o aumento foi menor:
11,7%.
A pesquisa aponta os jovens
entre 15 e 29 anos como as principais vítimas. Ao todo, foram
24.882 mortes neste grupo, o
que leva a outro recorde negativo: são 59% do total de casos.
Para o sociólogo Julio Jacobo
Waiselfisz, autor do estudo, a dificuldade de acesso dos jovens a
políticas públicas eficientes, especialmente na educação, contribui para que esse grupo fique
mais vulnerável à violência. Hoje, para cada não jovem morto, há
quatro jovens assassinados, segundo o relatório. "É uma categoria que ainda não se consolidou
como prioritária para políticas
públicas. Há políticas, mas insuficientes", diz o pesquisador.
saiba
mais
» De acordo com o Mapa da
Violência 2015, a situação
mais crítica ocorre em
Alagoas, estado com a maior
taxa de mortalidade por
arma de fogo, com 55 mortes
a cada 100 mil habitantes.
Segundo o levantamento, o
Distrito Federal está no
oitavo lugar entre as 27
unidades da Federação: são
30,3 mortes por arma de
fogo a cada 100 mil
habitantes.
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14/05/2015 1a. Caderno A_20_Tb