Universidade Federal de São Carlos
Centro de Educação e Ciências Humanas
Curso de Pedagogia
Aryane Paula do Prado
ESTADO DA ARTE SOBRE A IMPRENSA E SEU DISCURSO
EDUCACIONAL NO SCIELO: 1997 - 2011
São Carlos/SP
Dezembro de 2011
Universidade Federal de São Carlos
Centro de Educação e Ciências Humanas
Curso de Pedagogia
Aryane Paula do Prado
ESTADO DA ARTE SOBRE A IMPRENSA E SEU DISCURSO
EDUCACIONAL NO SCIELO: 1997 - 2011
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pela
estudante Aryane Paula do Prado à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II, oferecida no curso
de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade
Federal de São Carlos.
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Rothen
São Carlos/SP
Dezembro de 2011
P896ea
Prado, Aryane Paula do.
Estado da arte sobre a imprensa e seu discurso
educacional: Scielo 1997 - 2011 / Aryane Paula do Prado. -São Carlos: UFSCar, 2011.
57 p.
Orientador: Prof.Dr. José Carlos Rothen
Trabalho de Conclusão de Curso -- Universidade Federal de
São Carlos, 2011.
1. Educação. 2. Pedagogia. 3. Concepção educacional. 4.
Meios de comunicação. 5. Discurso educacional. 6.
Bibliometria. I. Título.
CDD 370
ARYANE PAULA DO PRADO
ESTADO DA ARTE SOBRE A IMPRENSA E SEU DISCURSO
EDUCACIONAL: SCIELO 1997 - 2011
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Licenciatura Plena em Pedagogia, da
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, campus São Carlos, como requisito para
obtenção do título de Licenciatura Plena em Pedagogia.
São Carlos, 15 de dezembro de 2011.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Dr. José Carlos Rothen (Orientador)
Professor Adjunto, Departamento de Educação, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal
de São Carlos, campus de São Carlos.
____________________________________________________________________________________
Ms. Jaime Farias
Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
___________________________________________________________________________________
Ms. Egberto Pereira dos Reis
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus, que esteve comigo durante toda esta escrita.
Aos meus pais, verdadeiros amigos, que me ajudaram a secar muitas lágrimas, e me
ensinaram que eu deveria continuar lutando, pois eram necessárias para o meu crescimento.
Agradecimentos
Acredito que seria desleal com muitas pessoas tentar fazer agradecimentos em uma ou
duas páginas neste trabalho, vendo quantas pessoas passaram pela minha vida durante estes
quatro anos, e foram importantes para minha formação e crescimento, como profissional e
pessoa. Só posso dizer, que agradeço primeiramente a Deus, pela bela e importante
oportunidade que me deu, de sair da minha cidade (Bebedouro – SP), de malas nas mãos e
coração apertado, pensando em tudo que poderia me acontecer, com receio da nova vida que
teria. Agradeço Àquele que me dá o verdadeiro amor que preciso, todos os dias, e por todo
cuidado que teve comigo durante toda esta etapa da minha vida, me abrindo caminhos, me
ajudando a enxergar em muitas situações, o que era invisível aos meus olhos e me auxiliando
a crescer.
Não há como não agradecer a minha família, por todo apoio que me deram do início
ao fim desta caminhada, que está prestes a acabar. Nunca me esquecerei de dois momentos na
minha vida: quando soube que havia passado no vestibular e meus pais fizeram festa comigo,
me dizendo que me ajudariam em tudo, mesmo não tendo condições financeiras para isso; e
do momento em que me despedi de minha mãe, e fiquei sozinha em São Carlos, que esteve
presente, vivendo comigo todas as minhas primeiras experiências, mostrando que eu não
estaria sozinha, nunca. Tenho certeza que só cheguei ao fim, pelo amparo e carinho da família
maravilhosa que tenho, um belo presente do Senhor.
Desejo agradecer todas as meninas que moraram comigo, no nosso querido Bloco L,
agora 52, pois foram capazes da verdadeira amizade para comigo: se alegraram com minhas
vitórias, mas também suportaram minhas misérias, e cresceram comigo durante toda esta
trajetória da minha vida. Agradeço de forma especial, minhas queridas Hana e Ardala
(maridas!), moças mais do que especiais, colocadas por Deus na minha vida, que pudemos
dividir o eterno quarto três, nestes quatro anos. Foram tantos momentos de alegrias, tristezas,
nos quais ficamos nos nossos limites, mas todos ultrapassamos, com coragem e alegria!
Agora tenho problemas, pois chego aos meus amados amigos do GOU (Grupo de
Oração Universitário). São tantos! Muitos que estão comigo, outros que já se foram, que estão
guardados em meu coração, e me lembro em minhas orações. Mesmo falando em lealdade,
confesso não ter coragem de agradecer de forma especial a dois amigos que passaram na
minha vida, e que foram importantíssimos na minha formação e experiências de vida: A Grazi
e o Leandro. A minha amada Grazi, que foi minha amiga no curso e no GOU, crescemos tanto
juntas, desde o começinho! E o Lê... Quanta saudade sinto deste meu amigo – irmão, que
tomou outros caminhos! Ver-nos-emos logo, para matar a saudade, tenho certeza!
Todos os meus amigos do GOU são irmãos, que me ensinaram que eu não deveria ter
medo de ser aquilo que sou e assumir minha fé, mesmo em um meio em que é tão difícil
acreditar, crer sem ver, e ter certeza que além dos nossos olhos e do que conhecemos, há
muito além, um conhecimento que só pode ser experimentado à luz da fé. Agradeço, e me
sinto muito grata por todas as pessoas que conheci, logo no início da minha graduação, e
agora no fim. São todos especiais, e nessas folhas não conseguiria me lembrar do nome de
todos!
Desejo agradecer também a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), que foi a agência de fomento que financiou minha pesquisa de Iniciação
Científica, e assim, foi uma grande propulsora dos desejos de pesquisar mais profundamente o
tema, e auxílio, para que tudo pudesse sair da melhor forma possível.
Dedico especial agradecimento ao meu orientador, Prof.º Dr.º José Carlos Rothen, por
todo apoio, paciência e fé que teve em mim, durante toda este caminho e aprendizado na
Iniciação Científica e agora neste Trabalho de Conclusão de Curso. O projeto de Iniciação foi
o que me ajudou a continuar firme, mesmo em meio a muitas inseguranças e indecisões,
fazendo meu curso, e me sinto grata, pois na minha indisciplina pra estudar, o professor
sempre me ajudou e acreditou em mim. Reservo meus agradecimentos, enfim, a todos do
grupo de estudos que foi mudando e crescendo em todo este período que passei nele, e que
continue sempre assim!
“Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem
fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio
torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e
isso é caridade.”
(Santo Agostinho)
“As tribulações a que o Senhor o sujeitou e o sujeitará são todas indicações do amor divino e
são jóias para a alma. O inverno passará e a primavera eterna virá. Quanto mais fortes
forem as tempestades do inverno, tanto mais ricas serão as belezas da primavera.”
(Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face)
“Nesta vida, não podemos realizar grandes coisas. Podemos apenas fazer pequenas coisas,
com um grande amor". (Madre Teresa de Calcutá)
RESUMO
O tema escolhido fundamenta-se na pesquisa de Iniciação Científica que realizo, a qual tem
como objetivo analisar as concepções educacionais de um jornal de grande circulação, a Folha
de S. Paulo, no período de 1995 a 2011. Analisando a importância de aprofundar os estudos
sobre o discurso educacional dos meios de comunicação, neste Trabalho de Conclusão de
Curso se propõe um Estado da Arte sobre esta temática, tomando como recorte necessário,
dentre os diversos meios midiáticos, a mídia impressa. Os objetivos principais deste Estado da
Arte são: 1) Identificar os estudos já publicados sobre imprensa na Biblioteca Virtual Scielo;
2) Sintetizar/sistematizar os resultados já alcançados nestes estudos; 3) Apontar as lacunas
sobre a temática; 4) Explicitar as metodologias utilizadas no estudo da imprensa; 5) Discutir
sobre como estes estudos que foram encontrados nos ajudam a pensar sobre a influência do
discurso da imprensa na educação. Para a realização deste Estado da Arte sobre imprensa e
educação, o objeto de estudo escolhido para pesquisa foi a Biblioteca Virtual SciELO,
buscando os artigos publicados sobre este tema no período de 1997 a 2011. Os procedimentos
metodológicos utilizados tem como base a pesquisa bibliográfica/documental e foram
realizados por meio da base de dados SciELO, no período compreendido de 1997 a 2011. A
busca de artigos aconteceu por meio de palavras–chave relacionadas ao tema da pesquisa, que
foram colocadas na seção de busca da base de dados. O estudo bibliométrico realizado
contou, no seu resultado final, com o encontro de 11 artigos, que foram o suporte teórico para
a construção deste Estado da Arte sobre a influência do discurso educacional da mídia
impressa. Com este estudo, foi possível perceber que esta área do conhecimento ainda é
pouco explorada pelos pesquisadores, vendo o pequeno número de artigos escritos sobre a
temática. Os autores destes trabalhos ressaltaram em seus conteúdos a importância de um
olhar mais criterioso para o material jornalístico, pois eles tendem a fortalecer ideologias
dominantes e leituras de mundo. Com isso, reconhece-se com a redação deste trabalho, a
importância de haver mais pesquisas sobre o tema, para que assim, o possível discurso
ideológico da imprensa seja analisado de forma mais criteriosa pelos seus leitores.
Palavras-chave: educação; pedagogia; concepção educacional; meios de comunicação;
discurso educacional; bibliometria.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................8
1. DEFINIÇÃO DE BIBLIOMETRIA E ESTADO DA ARTE..................................10
1.1 Definição de Bibliometria.............................................................................................10
1.1.1
Leis e Indicadores Bibliométricos...........................................................................11
1.1.2
Bases de dados para estudos bibliométricos...........................................................14
1.2 Discussão sobre Estado da Arte....................................................................................16
1.2.1
Procedimentos do Estado da arte pretendido..........................................................19
1.2.2
Estado da arte já realizado sobre o tema.................................................................20
2. ESTUDO BIBLIOMÉTRICO....................................................................................23
2.1 Artigos encontrados e metodologias utilizadas.............................................................27
3. A RELAÇÃO IMPRENSA–EDUCAÇÃO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA......30
CONCLUSÕES.......................................................................................................................40
APÊNDICE..............................................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................54
8
INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi planejado e elaborado no curso de
Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade Federal de São Carlos, nas disciplinas de
Trabalho de Conclusão de Curso I e II. Nestas disciplinas, os estudantes são orientados na
elaboração de uma monografia, na qual há a possibilidade de realização de reflexões sobre as
aprendizagens teóricas e práticas assim como as experiências vividas no curso, para discutir
sobre como todas estas vivências foram importantes para a formação como pedagogos1.
O tema escolhido fundamenta-se na pesquisa de Iniciação Científica que realizo, a
qual tem como objetivo analisar as concepções educacionais de um jornal de grande
circulação, a Folha de S. Paulo, no período de 1995 a 2011. Esta pesquisa, que está no seu
segundo ano de execução, encontrou resultados interessantes e informações de relevância,
para se entender a influência dos meios de comunicação sobre as políticas educacionais
brasileiras. Esta pesquisa conta com a orientação do Prof. Dr. José Carlos Rothen, docente do
Departamento de Educação da UFSCar, que também participou na orientação deste TCC.
Considerando a importância de aprofundar os estudos sobre o discurso educacional
dos meios de comunicação, um dos focos da pesquisa de Iniciação Científica, justifica-se o
Estado da Arte pretendido neste TCC, tomando como recorte necessário, dentre as diversas
mídias, a imprensa. Os objetivos principais deste Estado da Arte são: 1) Identificar os estudos
já publicados sobre imprensa na Biblioteca Virtual Scielo; 2) Sintetizar/sistematizar os
resultados já alcançados nestes estudos; 3) Apontar as lacunas sobre a temática; 4) Explicitar
as metodologias utilizadas no estudo da imprensa; 5) Discutir sobre como estes estudos que
foram encontrados nos ajudam a pensar sobre a influência do discurso da imprensa na
educação.
Para a realização deste estado da arte sobre imprensa e educação, o objeto de estudo
escolhido para pesquisa foi a Biblioteca Virtual Scielo, buscando os artigos publicados sobre
este tema no período de 1997 a 2010. A escolha desta Biblioteca Virtual dá-se pelo grande
número de artigos publicados na mesma, e o período selecionado é o tempo de existência
desta biblioteca, que conta com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo), BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
1
Estas informações foram encontradas nas orientações dadas aos estudantes no início da disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso I.
9
Tecnológico). No site da Scielo, vemos uma pequena explicação das funções desta Biblioteca
para o público usuário.
SciELO - Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica Eletrônica em
Linha) é um modelo para a publicação eletrônica cooperativa de periódicos
científicos na Internet. Especialmente desenvolvido para responder às necessidades
da comunicação científica nos países em desenvolvimento e particularmente na
América Latina e Caribe, o modelo proporciona uma solução eficiente para
assegurar a visibilidade e o acesso universal a sua literatura científica, contribuindo
para a superação do fenômeno conhecido como 'ciência perdida'. O Modelo SciELO
contém ainda procedimentos integrados para medir o uso e o impacto dos periódicos
científicos. (SCIELO, 23/04/2011).
Para uma melhor compreensão do que foi possível estudar e empreender nesta
monografia, este trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro capítulo, foi realizada
uma discussão teórica com base nos textos estudados, sobre pesquisas de Estado da Arte e
estudos bibliométricos. Foram identificadas as teorias mais vistas sobre o assunto e possíveis
concepções a respeito destes tipos de pesquisa.
No segundo, apresentamos o estudo bibliométrico feito com base na coleta dos artigos
na Biblioteca Virtual Scielo, de 1997 a 2010 e na finalização do trabalho, as conclusões a que
este trabalho nos permitiu chegar, nas quais vemos uma discussão sobre os resultados
alcançados no estudo bibliométrico e suas relações com os objetivos propostos, juntamente
com os conhecimentos adquiridos com o estudo do tema escolhido e enriquecimento da sua
formação como pedagoga.
Acredita-se que esta pesquisa vem contribuir para que a reflexão sobre a influência da
mídia na educação continue sendo um foco importante de estudos que propicie pensar e
discutir sobre até que ponto esta influência dos meios de comunicação é positiva ou negativa.
Enfim, reflete-se também se esta discussão tem força para movimentar esforços políticos,
fazendo com que a qualidade do ensino seja pensada e melhorada, já que muitos pontos são
levantados pela imprensa, mas pouco é refletido e feito a respeito destes visíveis sinais de
desigualdade na educação oferecida em nosso país.
10
1. DEFINIÇÃO DE BIBLIOMETRIA E ESTADO DA ARTE
Este TCC constitui-se como um Estado da Arte sobre o discurso educacional da
imprensa, tendo como objeto de estudo a base de dados Scielo, no período compreendido de
1997 a 2010. Para isso, foi utilizado um estudo bibliométrico na sistematização dos artigos
relevantes para o tema, definindo suas categorias e assuntos e assim fazer a análise
pretendida, buscando encontrar o número de pesquisas, os dados recorrentes e autores que
publicaram sobre a relação imprensa–educação.
Para a realização deste Estado da Arte, muitos questionamentos precisaram ser feitos
para o início da pesquisa: O que é Bibliometria? Como ela é usada na quantificação e
categorização de trabalhos científicos? Estes estudos bibliométricos auxiliam verdadeiramente
na análise da produção científica de algum assunto específico? Quais são os entraves destes
estudos denominados Estados da Arte?
Para responder estes questionamentos, foi preciso um aprofundamento teórico sobre
Bibliometria e Estado da Arte, tentando por meio dos autores estudados, entender os
conceitos, leis bibliométricas e de que modo estes estudos podem auxiliar na elaboração do
Estado da Arte pretendido neste trabalho. A base teórica neste momento será explicitada,
mostrando todas as contribuições dos autores para o melhor entendimento sobre Bibliometria
e Estado da Arte.
1.1 Definição de Bibliometria
A Bibliometria, segundo Leandro Faria (2008) pode ser explicada como o ramo da
Ciência que busca quantificar “os processos de comunicação escrita, envolvendo o estudo
quantitativo da produção, disseminação e uso da informação registrada” (FARIA, 2008, p. 2).
O termo Bibliometria foi criado em 1969 por Alan Pritchard, mas já havia surgido no começo
do século XX para o acompanhamento do avanço das diversas áreas da Ciência. Neste
período, começou-se a entender que a quantidade do conhecimento científico estava
superando a capacidade de leitura e por isso, era necessário identificar novas maneiras de
quantificar e analisar este rápido desenvolvimento das áreas científicas.
Existem muitas formas de definir Bibliometria, e muitos autores se dedicaram a isto.
Podemos ver como nos mostra Kobashi e Santos (2008) que a Bibliometria pode ser
entendida como
11
Uma metodologia de recenseamento das atividades científicas e correlatas, por meio
de análise de dados que apresentem as mesmas particularidades. Por meio dessa
metodologia, pode-se, por exemplo, identificar a quantidade de trabalhos sobre um
determinado assunto; publicados em uma data precisa; publicados por um autor ou
por uma instituição ou difundidos por um periódico científico, o grau de
desenvolvimento de P&D e de inovação, entre outros. Por meios bibliométricos
pode-se, por exemplo, computar dados para comparar e confrontar os elementos
presentes em referências bibliográficas de documentos representativos das
publicações (KOBASHI e SANTOS, 2008).
Juntamente com a Bibliometria, existem outras áreas que buscam quantificar
informações de produções científicas: a cientometria e a informetria.
A cientometria consiste na aplicação das mesmas técnicas da bibliometria, mas
estritamente a documentos científicos e com o objetivo de estudar a ciência e seus
processos de comunicação. Existe também o termo informetria, empregado para o
estudo dos aspectos quantitativos da informação em qualquer formato (e não apenas
registros referenciais e textos completos, como na bibliometria) e a qualquer grupo
social (e não apenas cientistas, como a cientometria). (FARIA, 2008, p. 2)
Os estudos bibliométricos se fundamentam na contagem de artigos científicos,
patentes e citações. As informações que serão buscadas nestes estudos dependerão das
finalidades da busca por determinada produção científica, sendo possível considerar os textos
das publicações, nomes de autores, títulos dos trabalhos, palavras-chave, idiomas, citações
etc. Para que a Bibliometria seja eficientemente usada na quantificação de produções, foram
criadas leis e indicadores bibliométricos, a partir de experiências já realizadas de
quantificação e classificação de informações.
1.1.1 Leis e Indicadores Bibliométricos
Analisando que a constância e distribuição de dados em publicações seguem certos
padrões que poderiam ser mais bem analisados e padronizados, foi dada origem às leis de
Lotka, Bradford e Zipf. Estas leis servem de fundamentação para muitas análises
bibliométricas que surgiram e são usadas para pensar e categorizar informações atualmente. A
partir desta abordagem psicossocial, descrita por Guedes e Borschiver (2005) podemos
entender e refletir sobre estas três leis.
O padrão de distribuição das leis e princípios bibliométricos segue a máxima:
“poucos com muito e muito com poucos”. Essa máxima é conhecida como o Efeito
Mateus na Ciência, que diz: “aos que mais têm será dado em abundância e, aos que
menos têm, até o que têm lhes será tirado” (MERTON, 1968). Trata-se de uma
abordagem ao efeito Mateus mediante a análise de processos psicossociais, que
afetam o sistema de avaliação e distribuição de recompensas científicas. Por
exemplo: cientistas altamente produtivos, de universidades mais conceituadas,
12
obtêm freqüentemente mais reconhecimento que cientistas igualmente produtivos,
de outras universidades. (GUEDES e BORSCHIVER, 2005, p. 3)
A Lei de Lotka, que recebe este nome por causa de seu autor, foi inicialmente proposta
em 1926, como um “modelo que relacionava o número de publicações ao número de autores
em um determinado tema científico” (FARIA, 2008, p. 3). Lotka percebeu que independente
do assunto analisado, o número elevado de publicações é reservado a poucos autores e que
muitos autores apresentam um número baixo de publicações. É a idéia básica de que “alguns
pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco” (VOOS, 1974, apud GUEDES;
BORSCHIVER, 2005). Esta idéia está mais bem apresentada na tabela usada como exemplo
por Faria (2008).
Tabela 1: Relação Número de autores – número de publicações
Nº de Autores
1000
250
111
62
40
28
20
Nº
de
Publicações
1
2
3
4
5
6
7
Bradford se fundamenta na busca por um método para escolha dos periódicos mais
importantes para áreas da Ciência. A Lei de Bradford indica que quando os primeiros artigos
sobre algum tema específico são escritos e publicados, vão atraindo cada vez mais artigos, à
medida que vai se desenvolvendo a área do assunto. Brookes (1969) define este fato como o
“mecanismo do sucesso gerando sucesso”. Esta lei é usada em bibliotecas, para aquisição e
descarte de periódicos, e assim unir a otimização do espaço aos recursos à disposição.
A Lei de Zipf, por sua vez, está centrada na freqüência de palavras em um
determinado texto, como vemos em Faria (2008):
Em 1949, ele propôs uma lei segundo a qual o número de vezes que uma palavra
aparece em um texto multiplicada pela sua posição no ranking de freqüência das
palavras do texto é uma constante. (...) Zipf chegou a essa conclusão após listar
todas as 29.899 palavras presentes no livro Ulysses e verificar a freqüência de cada
uma delas. Ele arranjou as palavras em ordem decrescente de freqüência de aparição
e multiplicou, para todas as palavras, o seu posicionamento no ranking pela sua
freqüência. (FARIA, 2008, p. 7)
13
Com esta experimentação, Zipf pôde perceber a constância na freqüência das palavras
de um texto, como podemos ver na tabela abaixo, exposta em Faria (2008).
Tabela 2: Lei de Zipf aplicada no livro Ulysses.
Posição da palavra no Ranking
Freqüência
Fxr
10
2.653
26.530
30
926
27.780
50
556
27.800
100
265
26.500
300
84
25.200
20.000
1
20.000
29.899
1
29.899
(r)
(f)
O autor desta lei, não elaborou nenhuma representação gráfica para o seu trabalho,
mas segundo pesquisadores da Bibliometria, é possível a sua representação em um gráfico,
que sugere uma curva, chamada “Núcleo e Dispersão”. Este gráfico é apresentado “por duas
regiões, uma de elementos de alta freqüência e outra de elementos de baixa freqüência”
(FARIA, 2008, p. 7).
Estas leis bibliométricas são usadas das mais diversas formas pelos pesquisadores e
ajudam a analisar como estão acontecendo o processo e o desenvolvimento da Ciência, em
suas diferentes áreas. Elas podem ser aplicadas, segundo Spinak, (1998) e Rostaing, (1996)
apud Faria (2008) em centros de informação para identificação dos periódicos de cada área do
conhecimento e como método avaliativo de impacto dos mesmos; para formular políticas de
obtenção e descarte de artigos e publicações; para classificar e confeccionar resumos e
também para estudos específicos da literatura científica, como o Estado da Arte aqui
formulado.
Dentre as aplicações mais usuais da Bibliometria, deve-se citar como uma das
principais a “elaboração de indicadores de ciência e tecnologia” (FARIA, 2008, p. 10). Estes
indicadores, que são baseados na contagem da produção científica e tecnológica, indicam
resultados que são importantes para análises dos posicionamentos dos pesquisadores das áreas
científicas, para comparação de produções em determinado período, em diferentes instituições
e países etc.
Estes indicadores bibliométricos seguem duas medidas: a frequência, que é a
quantidade de registros que algum elemento possui e a coocorrência, que se refere à
quantidade de registros de dois elementos que acontecem simultaneamente. A partir destas
14
duas medidas, são feitas listas e referenciais, que podem ser usadas nas mais diversas análises
bibliométricas.
Segundo Tijssen e Van Raan (1994) apud Faria (2008), estes indicadores podem ser
ordenados em uma dimensão, sendo baseados em frequências e de duas dimensões, baseados
em coocorrências. Já segundo Narin, Olivastro e Stevens (1994) apud Faria (2008) sugerem a
divisão em indicadores de ligação (duas dimensões), indicadores de atividade e de impacto
(duas dimensões).
Indicadores de atividade: Estes indicadores são produzidos por meio de contagem de
publicações e a partir deles, são elaboradas “listas de frequência ou rankings de
pesquisadores, instituições, empresas e países” (FARIA, 2008, p. 11). Eles são importantes
para quantificar o esforço, autores e desenvolvimento de pesquisas em determinado assunto.
Indicadores de impacto: São constituídos por meio de dados de citações e medem a
relevância de artigos, pesquisadores, instituições etc. sobre algum assunto científico. Com este
indicador, afirma-se que “quanto maior o número de citações recebidas por um pesquisador,
maior o impacto da produção científica dele para o progresso da ciência” (FARIA, 2008, p.
13).
Indicadores de ligação (ou relacionais): baseiam-se em coocorrências de artigos,
citações e palavras e são utilizados para comprovar a colaboração científica entre autores de
publicações, instituições de ensino e países. Com estes dados, é possível elaborar mapas de
descrição do conhecimento e redes de relação–ligação.
1.1.2 Bases de dados para estudos bibliométricos
Com a disseminação das bases de dados eletrônicas, que são grandes arquivos
armazenados em computadores, aumentaram-se as formas de aplicação de pesquisas e
análises bibliométricas. Estas bases de dados são uma importante ajuda na recuperação de
arquivos, dados bibliográficos, artigos científicos e patentes.
Segundo Faria (2008), muitas universidades e agências de fomento à pesquisa têm
buscado expandir o acesso de toda comunidade acadêmica a estas bases de dados científicas.
Pensando em nível mundial, pode-se citar a Web of Science, que é uma base de dados
multidisciplinar e serve como referência para análises bibliométricas.
Devido a seu conjunto de características (multidisciplinares, com dados de afiliação
de todos os autores, informação sobre as citações e 40 milhões de registros) a Web
of Science e seus componentes SCI, SSCI e AHCI são tradicionalmente utilizadas
15
no mundo todo para a elaboração de indicadores em grande parte dos estudos de
avaliação científica. No Brasil tanto o Ministério da Ciência e Tecnologia como a
FAPESP utilizam dados do ISI para a elaboração de seus indicadores de ciência e
tecnologia (MCT, 2001; FAPESP, 1998 apud FARIA, 2008).
Em nosso país, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), diversas
empresas e instituições proporcionam o acesso ao Portal de Periódicos2, no qual “estão
disponíveis bases de dados bibliográficas e mais de 12000 periódicos com artigos em texto
integral, entre outros serviços” (FARIA, 2008, p. 24)
O Portal de Periódicos foi oficialmente lançado em 11 de novembro de 2000, na
mesma época em que começavam a ser criadas as bibliotecas virtuais e quando as
editoras iniciavam o processo de digitalização dos seus acervos. Com o Portal, a
Capes passou a centralizar e otimizar a aquisição desse tipo de conteúdo, por meio
da negociação direta com editores internacionais. O conteúdo inicial do Portal
contava com um acervo de 1.419 periódicos e mais nove bases referenciais em todas
as áreas do conhecimento. (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE
PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, 2011).
A base de dados Scielo3 (Scientific Electronic Library Online), usada como objeto de
estudo neste Trabalho de Conclusão de Curso, foi criada em 1997, com cooperação entre a
FAPESP e BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde). Esta base de dados contém por volta de 208 periódicos brasileiros, armazenando e
disponibilizando artigos integralmente, tanto em português como em inglês.
A Plataforma Lattes4 também pode ser considerada uma importante base de dados
brasileira, segundo Faria (2008). É um modelo criado pelo CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que visa agregar e disponibilizar informação
para toda a comunidade acadêmica, sendo currículos de professores, pesquisadores e
estudantes de graduação e pós-graduação.
A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de
dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema
de Informações. Sua dimensão atual se estende não só às ações de planejamento,
gestão e operacionalização do fomento do CNPq, mas também de outras agências de
fomento federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e
tecnologia, das instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa. Além
disso, se tornou estratégica não só para as atividades de planejamento e gestão, mas
também para a formulação das políticas do Ministério de Ciência e Tecnologia e de
2
O Portal de Periódicos da Capes está disponível no link http://www.periodicos.capes.gov.br
A base de dados Scielo pode ser encontrada no site http://www.scielo.br, e já foi mais bem explicitada em um
citação na Introdução deste trabalho.
4
A Plataforma Lattes está disponível em http://lattes.cnpq.br
3
16
outros órgãos governamentais da área de ciência, tecnologia e inovação. (CNPQ,
2011)
Finalizando esta apresentação dos conceitos e indicadores bibliométricos, perpassando
as bases de dados eletrônicas, que são o foco/fonte da pesquisa bibliográfica realizada neste
Trabalho de Conclusão de Curso, vale ressaltar que toda pesquisa bibliométrica e cada base de
dados apresentam visões de mundo e refletem a produção científica sobre determinado
assunto de forma singular. Por isso, como indica Faria (2008), é importante buscar conhecer
todos estes indicadores e bases de dados disponíveis para poder fazer um trabalho de seleção,
adequando as fontes “à natureza do estudo que se pretende realizar” (2008, p. 31).
1.2 Discussão sobre Estado da Arte
Na busca por um aprofundamento teórico sobre a descrição e significação para o
campo científico das pesquisas chamadas “Estado da Arte”, pouco pôde ser encontrado com
explicações objetivas e específicas sobre este tema. O que pudemos localizar, de grande
relevância para este TCC, foi a discussão de Ferreira (2002) feita no artigo As pesquisas
denominadas “Estado da Arte”, no qual autora faz uma série de questionamentos norteadores
sobre a importância destas pesquisas para a história da produção acadêmica e questiona o uso
de apenas resumos de trabalhos na elaboração destas pesquisas bibliográficas.
Neste artigo levanto e tento responder as seguintes questões: seria possível fazer um
esforço de interrogar a história a produção acadêmica sobre determinada área do
conhecimento, optando por ler apenas dados bibliográficos e resumos dos trabalhos?
O que significa ler esse lugar (catálogos), instituição de divulgação dos trabalhos,
tomando-o como fonte documental para um mapeamento da produção acadêmica,
em pesquisas denominadas “estado da arte”? (FERREIRA, 2002, p. 257)
A autora mostra que nas últimas décadas tem-se produzido um grande número de
pesquisas denominadas “Estados da Arte”, que são bibliográficas e apresentam como
objetivos fazer um mapeamento e “discutir uma certa produção acadêmica em diferentes
campos do conhecimento” (FERREIRA, 2002, p. 258). As finalidades dos Estados da Arte
podem ser comparadas com os objetivos da Bibliometria, mas os dois termos são diferentes,
sendo o Estado da Arte, um indicador da Bibliometria, que apresenta metodologias e objetos
de estudo mais amplos.
Estas pesquisas tentam auxiliar na busca por quais aspectos vem sendo privilegiados
ou ocultados nas produções acadêmicas (dissertações de mestrado, teses de doutorado,
publicações de periódicos etc.), que foram produzidas e publicadas nos mais diferentes
17
tempos e lugares. Ferreira (2002) aponta que os pesquisadores que escolhem este tipo de
trabalho utilizam “uma metodologia de caráter inventariante e descritivo” (FERREIRA, 2002,
p. 258) recorrendo ao uso de categorias e facetas adequadas para cada trabalho e fenômeno
analisado.
Para mostrar a relevância e o que move estes pesquisadores a fazerem Estados da Arte,
Ferreira (2002) usa duas pesquisadoras, Soares (1982) e Chauí (1999), que mostram os
anseios tanto destes autores, como também da sociedade, indicando a urgência e relevância
para que pesquisas bibliográficas sejam elaboradas, com cada vez mais freqüência. Soares
(1982), que buscou organizar pesquisas produzidas com o tema Alfabetização, explicita a
relevância de trabalhos neste sentido, mostrando a variedade de visões e posicionamentos
sobre Alfabetização e também como estes trabalhos são importantes para a evolução da
ciência.
a multiplicidade de perspectivas e pluralidades de enfoques sobre Alfabetização não
trarão colaboração realmente efetiva enquanto não se tentar uma articulação das
análises provenientes de outras áreas de conhecimento, articulação que busque ou
integrar estruturalmente estudos e resultados de pesquisas, ou evidenciar e explicar
incoerências e resultados incompatíveis. (...) Essa compreensão do estado de
conhecimento sobre um tema, em determinado momento, é necessária no processo
de evolução da ciência, afim de que se ordene periodicamente o conjunto de
informações e resultados já obtidos, ordenação que permita indicação das
possibilidades de integração de diferentes perspectivas, aparentemente autônomas, a
identificação de duplicações ou contradições, e a determinação de lacunas e vieses.
(SOARES, 1982 apud FERREIRA, 2002, p. 259).
Estes tipos de trabalho, que tem sua metodologia constituída em pesquisas de
levantamento e avaliação do conhecimento, cresceram em produção também pelo fato da
disseminação do conhecimento, como visto na discussão sobre Bibliometria e na necessidade
de expandir o acesso à informação tanto à comunidade acadêmica e também a sociedade. Esta
necessidade é exposta por Chauí5 (1999), autora citada por Ferreira (2002).
Chauí (1999) discute sobre a definição de qualidade, que muitas vezes é confundida
com quantidade. Com base nesta afirmação, é importante ressaltar que nestas pesquisas
bibliográficas tem-se o risco de analisar os dados a partir desta perspectiva, quantificando
produções e não se pensando na qualidade das mesmas. Chauí aponta que “observa-se que a
pergunta pela produtividade não indaga o que se produz, como se produz, para quem ou para
que se produz, mas opera uma inversão tipicamente ideológica da qualidade em quantidade.”
(CHAUÍ, 1999 apud FERREIRA, 2002, p. 260)
5
CHAUÍ, M. A universidade operacional. Revista da ADUNICAMP, Campinas, ano 1, nº 1, jun. 1999.
18
Pensando na complexidade de fatores que envolvem a escrita destes resumos, pois são
materiais que podem ter sofrido cortes ou acréscimos pelo autor, são organizados e
selecionados por implicações que os leitores desconhecem, com base em Ferreira (2002), é
possível a questão: É válido e possível elaborar Estados da Arte, como este pretendido neste
Trabalho de Conclusão de Curso, se pautando apenas no uso de resumos?
Este texto de Ferreira (2002) nos auxilia na reflexão e discussão sobre esta
problemática, pois muito do que podemos analisar neste Estado da Arte pode ser com base em
resumos ou recortes dos artigos. É possível se identificar muitos entraves quando se pensa em
pesquisas pautadas na leitura de recortes ou resumos, por isso, como pôde ser visto na
discussão sobre Bibliometria feita por Faria (2008), que tem relação com o questionamento de
Ferreira (2002), estas análises têm algumas limitações.
A análise bibliométrica não leva em conta a qualidade da pesquisa. A indicação da
qualidade da pesquisa obtida através da Bibliometria provém da análise de citações e
esta indicação não é precisa. As práticas de publicação e citação variam bastante de
acordo com a área da ciência e da tecnologia e a instituição. Esse fato limita as
possibilidades de comparação de resultados obtidos para áreas diferentes. (FARIA,
2008, p. 40)
Pensando respostas para estes possíveis entraves e limitações na elaboração destes
Estados da Arte, Ferreira (2002) se baseia em dois autores, que muito enriquecem esta
reflexão sobre possíveis análises mais críticas de resumos e outros materiais para estas
pesquisas: Bakhtin (1997) com sua noção de gênero de discurso e Chartier (1990, 1996).
Usando a noção de gênero de discurso de Bakhtin (1997), a autora defende que a
leitura de cada resumo deve ser pensada como um gênero discursivo, que se refere à esfera
acadêmica.
Enquanto gênero do discurso, cada resumo é lido pelos elementos que o constituem
(conteúdo temático, estilo verbal e estrutura composicional), fundidos no todo que é
o enunciado. Por outro lado, assumindo o princípio de dialogismo de Bakhtin, cada
resumo é lido como participante de uma cadeia de comunicação verbal, onde suscita
respostas e responde a outros resumos. (FERREIRA, 2002, p. 267)
Chartier (1990, 1996) teórico usado por Ferreira (2002), apresenta a noção de suporte
material, no qual se pensam os escritos (resumos nesta situação) não somente como textos,
mas pensando-os como objetos culturais.
Um objeto cultural criado para satisfazer uma finalidade específica, para ser usado
por certa comunidade de leitores; que propõe maneiras diferentes de lê-lo; que
obedece a certas convenções, normas relativas ao gênero do discurso, ao suporte
material em que se encontra inscrito e às condições específicas de produção.
(FERREIRA, 2002, p. 267)
19
A leitura destes textos que visaram uma maior compreensão teórica da Bibliometria e
e suas implicações no Estado da Arte aqui exposto foi um auxílio importante na reflexão
sobre o trabalho de investigação e na forma como deve ser a aproximação com os resumos e
textos integrais.
Cada resumo deve ser lido e analisado numa relação de dependência com o trabalho
na íntegra, mas também enquanto realidade relativamente independente, produto de
uma tensão construída na continuidade e na ruptura com o trabalho que lhe dá
origem, numa relação dialética entre os gêneros, entre as condições de sua produção
e práticas discursivas. (FERREIRA, 2002, p. 270)
O texto de Ferreira (2002) que contesta estas pesquisas com base somente em
resumos. A autora defende as leituras reflexivas, seja somente com base em recortes ou não
dos artigos e publicações, reafirmando a questão de existirem poucos trabalhos relacionados
a esta temática e mostrando a importância de se estudar mais sobre o assunto e as implicações
destas pesquisas na evolução e avaliação do conhecimento.
A autora mostra como muitas vezes estes trabalhos bibliográficos podem dar margem
para confusões e deturpações dos objetivos das produções avaliadas, problemática relevante
para a continuação dos trabalhos, pois se deve levar em consideração estas possíveis situações
de equívoco, para assim, construir uma linha de divulgação e evolução do conhecimento de
forma concisa e verdadeira.
Com o aprofundamento teórico destes termos e das pesquisas bibliométricas, é
possível se aproximar dos próximos passos deste Trabalho de Conclusão de Curso com mais
segurança e base para reflexões. Vendo a relação deste conteúdo abordado com os
procedimentos desta pesquisa, eles serão agora apresentados, com base no que foi estudado
sobre Bibliometria e as implicações para o Estado da Arte proposto.
1.2.1 Procedimentos do Estado da Arte pretendido
Resgatando a necessidade de identificar nos artigos publicados no Scielo, no período
compreendido de 1997 a 2010, as possíveis publicações sobre a relação da imprensa com a
educação, os procedimentos deste trabalho visam um clara busca pelos dados relevantes para
a pesquisa. Neste momento, então, serão expostos os passos que foram dados para a execução
deste trabalho, buscando explicitá-los com base nos conteúdos já estudados sobre
Bibliometria e Estado da Arte.
Os procedimentos escolhidos tem como base a pesquisa bibliográfica/documental e
foram realizados por meio da base de dados acima citada. A busca de artigos publicados de
20
relevância para o estado da arte aqui exposto aconteceu por meio de palavras–chave
relacionadas ao tema da pesquisa, que foram colocadas na seção de busca do site da
Biblioteca Virtual.
As palavras–chave escolhidas a fim de serem usadas na pesquisa foram: imprensa;
estado da arte; jornal; mídia; imprensa e educação; mídia e educação; educação e
comunicação. Outras palavras–chave puderam ser escolhidas no decorrer das buscas, pois foi
analisada durante as primeiras buscas a necessidade e também os assuntos e temáticas que
surgiram na pesquisa dentro da Biblioteca Virtual. Com estas novas buscas, pôde-se perceber
que a filtragem da busca dos artigos pode ser facilitada6.
Após o levantamento dos artigos relevantes para análise, eles foram classificados por
suas palavras-chaves, sendo estas informações armazenadas em uma planilha do Google
Docs7. Já que neste trabalho propõe-se um Estado da Arte sobre o discurso educacional da
imprensa, o próximo passo foi o estudo bibliométrico (descrito a seguir), no qual buscou-se
sistematizar os resultados encontrados e fazer as primeiras reflexões sobre o que vem sendo
escrito sobre a temática escolhida para este trabalho.
Após este estudo bibliométrico e separados a partir de suas palavras-chave, os artigos
foram lidos e analisados e assim, foram agregados subsídios e materiais suficientes para
realização da discussão sobre a influência do discurso educacional da imprensa na educação.
O principal instrumento de trabalho para coleta de dados utilizado para pesquisa foi a internet,
para busca na Biblioteca Virtual Scielo.
1.2.2 Estado da arte já realizado sobre o tema
O único artigo encontrado que se referencia ao tema escolhido para este Trabalho de
Conclusão de Curso, que foi exposto no projeto inicial, neste momento será colocado na
discussão sobre estas pesquisas denominadas Estados da Arte. Na busca por trabalhos com
objetivos semelhantes, pôde-se encontrar uma pesquisa bibliográfica intitulada “Estado da
arte da área de educação & comunicação em periódicos brasileiros” que discute a relação
Educação–Comunicação.
Nesta pesquisa tomou-se para análise 58 periódicos brasileiros, no período de 1982 a
2002, trazendo para análise, textos relacionados a esta temática, totalizando 1599 artigos
6
Estas outras palavras-chave serão melhor explicitadas no próximo capítulo.
“O aplicativo Google Docs é um editor de textos, planilhas e apresentações, com compartilhamento de
arquivos. Armazena documentos e possibilita disponibilizar tudo on-line (com senha) para ser alterado por outras
pessoas.” (GOOGLE, 2011)
7
21
lidos. As autoras são Sônia Cristina Vermelho, Doutora em Educação e professora do
Mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Graciela Inês Presas
Areu, Doutora em Comunicação Social e professora do setor de Comunicação da PUC-PR.
As autoras relatam que
O objetivo central foi traçar um perfil da produção brasileira sobre a
problemática envolvendo Educação e Comunicação e, a partir deste,
identificar alguns aspectos relevantes ou lacunas na produção. Quanto ao
método utilizado buscamos identificar a forma, o conteúdo e o universo
geográfico que essa produção apresentava, a partir de dados quantitativos e
qualitativos coletados por meio de instrumentos de pesquisa desenvolvidos
especificamente para esta pesquisa – em forma de questionário com questões
abertas e fechadas. Os resultados apresentados neste texto se circunscrevem
às análises de algumas variáveis fechadas do instrumento de pesquisa.
(VERMELHO e AREU, 2005, p. 1413)
O interessante neste artigo que descreve um estado da arte sobre educação e
comunicação é que suas autoras conciliam os conhecimentos específicos de suas áreas, pois a
primeira é Doutora em Educação e a segunda é Doutora em Comunicação. No decorrer do
artigo vê–se que foram encontradas muitas dificuldades para escolher a metodologia utilizada,
sendo que ao fim, decidiu-se optar por uma metodologia própria de classificação dos artigos
lidos.
Elas apontam que esta dificuldade na pesquisa deve-se também a um descaso das
instituições com os acervos dos periódicos, o que para as mesmas, mostra “uma contradição
com as políticas para a pesquisa científica, já que os periódicos são considerados um dos
espaços reivindicados para divulgação dos resultados de pesquisa” (VERMELHO; AREU,
2005, p. 1432).
Quanto aos resultados importantes obtidos no artigo, pode-se apontar que houve um
crescimento de publicações envolvendo a temática Educação–Comunicação sendo o Sudeste a
região que mais produziu artigos referentes ao tema. A televisão e a mídia impressa foram os
objetos de estudo mais utilizados nos artigos pesquisados.
A relação do sujeito com a mídia, conteúdos da mídia e metodologia foram pontos
centrais da produção brasileira no período escolhido para pesquisa; o ensino fundamental e
superior foram os níveis de formação mais estudados, mostrando lacunas, pois pouco foi
encontrado sobre educação infantil e ensino médio. Por fim, os artigos mostraram
metodologias de pesquisas empíricas, isto é, “buscando na realidade respostas ou novas
inquietações para os pesquisadores” (VERMELHO; AREU, 2005, p. 1433).
22
Com base nesta primeira aproximação que tivemos com os conceitos de Bibliometria,
Estado da Arte e também com os procedimentos utilizados neste Trabalho de Conclusão de
Curso, será apresentado no próximo capítulo o estudo bibliométrico realizado a partir da
Biblioteca Virtual Scielo, no período de 1997 a 2010, no qual buscamos entender um pouco
melhor a relação da imprensa com a educação e sistematizar os estudos já realizados sobre o
tema, presentes nesta Biblioteca Virtual.
23
2. ESTUDO BIBLIOMÉTRICO
Depois da reflexão sobre o que vem ser a Bibliometria, de acordo com as concepções
de alguns autores na área, parte-se para o estudo bibliométrico proposto neste Trabalho de
Conclusão de Curso. Para uma melhor exposição dos resultados encontrados, vê-se necessária
a exposição dos primeiros objetivos já descritos no início deste trabalho, que podem ser
atingidos com a Bibliometria e assim, escrever as análises com base nos mesmos.
 Identificar os estudos já realizados sobre imprensa;
 Explicitar as metodologias utilizadas no estudo da imprensa.
Retomando o conceito de indicador bibliométrico de Faria (2008), vê-se que neste
trabalho toma-se como referência os indicadores de atividade, pois foi produzido por meio da
contagem e análise de publicações de artigos relacionados ao tema, para assim, elaborar a
discussão com base nas idéias trazidas pelos autores. Com isso, busca-se constituir o Estado
da Arte, ou seja, descrever, com base nos dados encontrados na Biblioteca Virtual Scielo,
como está a produção científica sobre a relação imprensa–educação, identificar as possíveis
lacunas sobre a temática, e apontar também quais são as metodologias utilizadas para estes
tipos de estudo.
A primeira pesquisa foi realizada com base nos artigos publicados na Biblioteca
Virtual Scielo, no período de 1997 a 2010, tendo como resultado o conjunto de 870 artigos,
que foram localizados com as seguintes palavras-chave: imprensa; estado da arte; jornal;
mídia; jornal e educação; mídia e educação; educação e comunicação. O Gráfico 1
sistematiza de forma mais clara o número de artigos encontrados com cada palavra - chave.
24
Gráfico 1: Número (870) de artigos encontrados na Biblioteca Virtual Scielo
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
459
195
191
8
14
1
2
Após a primeira observação destes artigos, foi preciso dentre este grande número de
trabalhos encontrados, identificar quais deles seriam importantes para a construção deste
estudo bibliométrico. Com isso, iniciou-se a leitura dos resumos destes textos, para que assim,
encontrássemos os trabalhos relevantes. As leituras resultaram em um total de 38 artigos que
falavam de forma mais direta sobre a relação educação–meios de comunicação. Observa-se
com este processo de leitura, que o número de artigos consideravelmente, pois muitos
tratavam dos meios midiáticos de forma mais ampla, ou com o viés em outras áreas, como por
exemplo, a medicina ou jornalismo.
25
Gráfico 2: Artigos relevantes após leitura dos resumos
Fazendo uma comparação entre os dois gráficos, é possível analisar que os estudos
com relação ao tema escolhido para este Trabalho de Conclusão de Curso é ainda pouco
explorado pelos pesquisadores que publicaram seus artigos nos periódicos da Biblioteca
Virtual Scielo. Se observarmos o número de artigos encontrados com as palavras-chave mídia
ou jornal, que seriam os trabalhos pensados em outras perspectivas mais amplas e não
relacionados à educação, é bem maior, do que quando vemos o número de artigos que
relacionam os meios de comunicação com a escola ou vice-versa.
Retomando as considerações feitas por Ferreira (2002), que trabalha em seu texto “As
pesquisas denominadas “Estado da Arte”, os problemas e limitações advindos de uma leitura
superficial ou apenas dos resumos dos artigos para a elaboração de Estados da Arte, buscouse, então, uma compreensão mais aprofundada destes 38 artigos. Esta ação trouxe uma
diminuição considerável no número de artigos relevantes para uma possível discussão neste
trabalho: 11 artigos, que agora servirão como base para a discussão aqui desenvolvida. Esta
redução aconteceu pelo recorte que foi necessário para este estudo, pois nele colocamos como
foco a mídia impressa e seu discurso educacional.
O Gráfico 3 mostra o resultado final, após leituras mais aprofundadas, distribuído
pelas palavras-chave: imprensa, educação e comunicação, jornal, jornal e educação e mídia.
26
Gráfico 3: Número de artigos encontrados na finalização da pesquisa
5
5
4,5
4
3,5
3
3
2,5
2
1,5
1
1
1
1
0,5
0
Educação e
Comunicação
Imprensa
Jornal e
Educação
Jornal
Mídia
Tomando como base Ferreira (2002), que faz uma discussão sobre a veracidade dos
dados mostrados nas pesquisas denominadas Estados da Arte, e também a superficialidade
apontada pela autora com relação ao uso dos resumos para constituição destas pesquisas
bibliográficas, é possível afirmar depois desta sucessão de pesquisas e aprofundamentos de
leitura, o quanto é importante uma atenção especial para os artigos, para que não sejam
cometidos equívocos, e nem sejam reduzidos os estados de conhecimento de alguma
determinada área a uma simples apresentação de dados e numéricos. Como a autora aponta
Ainda, podemos dizer que a História de certa produção, a partir dos resumos das
pesquisas, não oferece uma compreensão linear, uma organização lógica, seqüencial
do conjunto de resumos. Entre os textos há lacunas, ambigüidades, singularidades,
que são preenchidas pela leitura que o pesquisador faz deles. (...) A possibilidade de
leitura de uma História pelos resumos que sabemos não poder ser considerada a
única, tampouco a mais verdadeira e correta. (FERREIRA, 2002, p. 269–270)
Esta afirmação da autora se mostra muito consistente, e também é alarmante, pois
como visto no texto, as pesquisas de Estado da Arte vem aumentando muito, e são
importantes para o avanço e conhecimento da evolução das mais variadas áreas da Ciência.
Ressalta-se, no entanto, que estas pesquisas devem ser feitas com cuidado para não
transmitirem “falsas verdades”, quando não se busca um maior aprofundamento sobre os
temas pesquisados. Pensando nisto, e considerando que o recorte realizado neste Trabalho de
Conclusão de Curso é bem delineado, procurou-se ter o máximo de cautela com os dados a
serem apresentados.
27
2.1 Artigos encontrados e metodologias utilizadas
Tomando como base os 11 artigos encontrados na Biblioteca Virtual Scielo,
apresentam-se aqui os estudos que já foram realizados, e quais eram as intenções dos autores
na redação destes artigos, que discutem de diferentes formas e com diferentes focos de estudo,
a relação imprensa-educação. Aqui serão expostos os títulos dos artigos publicados, com seus
respectivos autores e ano de publicação.
1)
Imprensa e Escola Normal: representações de progresso e civilização na
produção de um imaginário social - 1918-1938 - Geisa Magela Veloso (2009).
2)
A imprensa de educação e de ensino: repertórios analíticos. O exemplo da
França - Maria Helena Camara Bastos (2007).
3)
Mídia, escola e leitura crítica do mundo - Graça Caldas (2006).
4)
Desafios para a abordagem da imprensa na escola – Juvenal Zanchetta Júnior
(2005).
5)
Criação da escola de formação de professores: imprensa e afirmação de uma
cultura escolar (Campinas, 1901-1903) – Leny C. Azevedo e Ana R. Pinheiro (2011).
6)
Vozes em embate na mídia de informação e produção da objetividade:
polêmicas em torno da precarização do trabalho na escola - Bruno Deusdará e Décio
Rocha (2011).
7)
Circulação de textos midiáticos entre alunos de escola pública básica - Juvenal
Zanchetta Júnior (2010).
8)
Avaliação da educação superior no segundo governo Lula: "provão II" ou a
reedição de velhas práticas? - José Carlos Rothen e Gladys Beatriz Barreyro (2011).
9)
Mídia impressa e educação científica: uma análise das marcas do
funcionamento discursivo em três publicações - Sheila Vieira de Camargo Grillo, Enid
Abreu Dobranszky, e Adriana Lia Friszman Laplane (2004).
Comunicação e educação: entre meios e mediações – Mauro Wilton de Souza
10)
(1999).
11)
A escola na mídia: sobre "populares" e "nerds" – Roseli Fernandes Lins Caldas
(2006).
28
Em dois artigos, “Imprensa e Escola Normal: representações de progresso e
civilização na produção de um imaginário social” de Veloso (2009) e “Criação da escola de
formação de professores: imprensa e afirmação de uma cultura escolar (Campinas, 19011903)” de Azevedo e Pinheiro (2011) vê-se a análise de discursos de jornais das cidades
escolhidas como objeto de pesquisa, nos quais é aponta-se que estas mídias impressas
poderiam ter influenciado as concepções de educação das respectivas cidades. Então, nestes
dois artigos, o que se buscou foi esta tentativa de enxergar com clareza até que ponto houve
esta influência.
A imprensa como formadora de opinião e também como um ator social de grande
visibilidade, influenciadora na forma como a sociedade e a escola agem e também como
importante para se pensar na história da educação também foram focos de alguns artigos. São
eles “A imprensa de educação e de ensino: repertórios analíticos. O exemplo da França”, de
Bastos (2007); “Vozes em embate na mídia de informação e produção da objetividade:
polêmicas em torno da precarização do trabalho na escola” de Deusdará e Rocha (2011);
“Avaliação da educação superior no segundo governo Lula: "provão II" ou a reedição de
velhas práticas?”, de Rothen e Barreyro (2011); “ Comunicação e educação: entre meios e
mediações”, de Souza (1999) e “A escola na mídia: sobre "populares" e "nerds"” de Caldas
(2006).
O discurso da mídia impressa e suas técnicas de atração do público leitor, focando
mais especificamente a imprensa educativa foi um dos pontos da discussão do artigo “Mídia
impressa e educação científica: uma análise das marcas do funcionamento discursivo em três
publicações” de Grillo, Dobranszky, e Laplane (2004), no qual busca-se discutir “as relações
e os diferentes valores sociais atribuídos a textos da esfera científica e da jornalística;
compara a difusão de saberes na mídia e na escola e identifica as marcas do funcionamento
discursivo
em
textos
de
divulgação
científica
na
mídia
impressa.”
(GRILLO;
DOBRANSZKY; LAPLANE, 2004, p. 215)
Por fim, em três artigos observa-se a proposta de estudo do uso da mídia dentro da sala
de aula, sobre quais seriam as limitações e auxílios que estas publicações poderiam trazer para
a aprendizagem dos alunos e para a prática pedagógica do professor. Esta reflexão foi feita
nos artigos “Mídia, escola e leitura crítica do mundo”, de Caldas (2006); “Desafios para a
abordagem da imprensa na escola”, de Zanchetta (2005) e “Circulação de textos midiáticos
entre alunos de escola pública básica”, também de Zanchetta (2010).
Na análise mais minuciosa destes 11 artigos, pode-se observar que na maioria dos
textos a metodologia de trabalho foi semelhante, pois os autores se detiveram em análises
29
documentais/bibliográficas, se utilizando de materiais jornalísticos, como por exemplo,
jornais, usados por Veloso (2009) e Azevedo e Pinheiro (2011) e revistas e periódicos, usados
por Bastos (2007) e Caldas (2006). Livros Didáticos também foram usados como fonte de
pesquisa, nos textos de Zanchetta (2010) e Caldas (2006).
Um fato relevante observado neste estudo bibliométrico é que os artigos encontrados
sobre a temática deste trabalho são consideravelmente recentes, visto que na sua maioria, são
publicados no período de 2004 a 2011. Somente o artigo Comunicação e educação: entre
meios e mediações de Souza foi redigido em 1999.
Estes onze artigos, que foram considerados de relevância para se pensar a produção
acadêmica sobre a influência do discurso da imprensa na educação, são o suporte teórico para
a construção do estado do conhecimento da temática escolhida. Com base na discussão
realizada pelos autores, buscou-se refletir como estes textos contribuem para o
aprofundamento dos conhecimentos sobre o tema e a constituição do Estado da Arte sobre a
relação Imprensa-Educação, apresentado no próximo capítulo.
30
3. A
RELAÇÃO
IMPRENSA–EDUCAÇÃO
NA
PRODUÇÃO
ACADÊMICA
Depois de explicitados o conteúdo dos artigos encontrados na pesquisa realizada para
este Trabalho de Conclusão de Curso, vê-se a importância de apresentar os principais
resultados que estes autores puderam encontrar com relação o discurso educacional da
imprensa e a influência desta mídia na educação brasileira, refletindo como estas discussões
ajudam a pensar a temática escolhida e na elaboração deste Estado da Arte. Com a redação
destas reflexões, busca-se cumprir os seguintes objetivos, que foram propostos para este
Trabalho de Conclusão de Curso.
 Sintetizar/sistematizar os resultados já alcançados;
 Apontar as lacunas sobre a temática;
 Discutir sobre como estes estudos já realizados nos ajudam a pensar sobre a influência
do discurso da imprensa na educação.
Com relação ao discurso da imprensa sobre educação, pouco foi encontrado com
relação direta a este tema, fato que aponta uma lacuna sobre a temática. Na maioria dos
artigos, vê-se que a discussão se faz com outros enfoques, como a falta de criticidade da mídia
impressa e das pessoas que tem acesso a ela, como também os aspectos sociais da influência
deste meio de comunicação na escola, visto que, de acordo com os autores, a mídia forma
opiniões e favorece determinadas ideologias e conceitos.
Um artigo que trata especificamente dos discursos vistos na imprensa sobre educação
é “Mídia impressa e educação científica: uma análise das marcas do funcionamento
discursivo em três publicações” de Grillo, Dobranszky e Laplane (2004). Os autores se
utilizam de fontes que se consolidaram na transmissão de conhecimentos (Revista FAPESP,
Super Interessante e livro didático), para mostrar que podem ser meios influenciáveis, que se
modificam de acordo com o público alvo. Com relação à mídia impressa, mais
especificamente os jornais, vemos que
A transmissão do conhecimento pela mídia (jornais, revistas especializadas em
divulgação do saber) caracteriza-se pela indeterminação de seus receptores (público
leigo), pela não-explicitação de suas condições de produção (diversidade de seus
produtores: quem fala, de onde fala, a que grupo pertence), pela variedade dos
gêneros do discurso a propósito de um mesmo conhecimento (discurso científico,
31
discurso didático, discurso jornalístico etc.) (Cicurel, Lebre & Petiot, 1994 apud
GRILLO; DOBRANSZKY; LAPLANE, 2004, p. 226)
Depois de analisar os conteúdos das Revistas FAPESP e Super Interessante, que
apresentam diferentes instituições responsáveis pelas suas publicações (FAPESP e Editora
Abril), e assim, ocupam espaços diferentes na sociedade brasileira, os autores afirmam que a
qualidade da informação e também do discurso é diferente. Para se aproximar do público
leitor, cada uma o faz de determinada forma, sendo a FAPESP com linguagem mais formal e
a Super Interessante se utilizando de uma linguagem mais informal.
Com isso, verifica-se que em muitas situações, a mídia impressa se molda às
necessidades de divulgação do seu público alvo, fato que muitas vezes pode acarretar em uma
imagem do conhecimento como mercadoria.
Na análise da "Carta ao leitor" e do "Editorial" dos textos de divulgação científica,
mostramos que as publicações mobilizam diferentes recursos retóricos,
condicionados pelo quadro institucional e pelo leitor-alvo. A revista Pesquisa
FAPESP mobiliza recursos apoiados em argumentos científicos e na relevância
social dos temas das reportagens. Já a Superinteressante é modulada pela captação e
pela sedução do público leitor, que regula todo o processo de produção das matérias,
ao utilizar insistentemente argumentos de autoridade científica sob uma aura de
mistificação. A divulgação do saber ganha diferentes feições em razão, na primeira
publicação, da busca de legitimação da comunidade científica junto do leitor-alvo e,
na segunda, da necessidade de venda de um texto-mercadoria a um público externo à
instância de produção do saber, interessado na utilidade da ciência para sua vida e
suscetível à reprodução de uma mistificação da atividade científica. (GRILLO;
DOBRANSZKY; LAPLANE, 2004, p. 229)
Em dois textos, o de Veloso (2009) e o de Azevedo e Pinheiro (2011), é possível
observar o jornal sendo usado para análise da sua influência em suas cidades, com relação à
concepção de educação de cada uma delas. Em muitas situações, os autores puderam ver
relações de poder que aconteciam entre estes jornais e as escolas, definindo concepções, que
eram transmitidas aos habitantes destas cidades. Como visto em Veloso,
Dessa forma, com a produção de representações positivas, a Gazeta do Norte
marcou presença, demarcou seu espaço e definiu seu lugar de poder. Sempre
apoiando as iniciativas da Escola Normal, divulgando suas realizações e
estimulando a adesão da comunidade, o jornal trabalhou pelo projeto de civilização
e progresso. Na esteira de suas publicações, foi possível perceber o aspecto
noticioso, mas sobretudo a faceta educativa e formadora do jornal. As notícias não
pretendiam meramente dar a ver os fatos, mas legitimar determinadas práticas,
modelar comportamentos, formar a opinião pública, consolidar a Escola Normal.
(VELOSO, 2009, p. 491)
O que se pode ver de semelhança nos dois textos, é a afirmação da imprensa como
uma legitimadora de discursos, que nas duas situações, afirmavam as Escolas Normais das
32
duas cidades. Apontam os jornais como produtores de discursos que não são neutros, pois
estão condicionados a intenções e valores de sujeitos de poder na sociedade.
Com Chartier (1990), entendo que a produção de representações não é um processo
neutro e desinteressado, mas marcado pelas posições e intenções daqueles que as
produzem; que as percepções do mundo social não são discursos neutros, pois delas
são originadas estratégias e práticas que tendem a impor uma autoridade, legitimar
um projeto reformador, justificar escolhas e condutas. Dessa forma, por sua nãoneutralidade, a Gazeta do Norte disseminava representações visando a impressionar
a imaginação e a mobilizar as ações em favor da manutenção da Escola Normal,
compreendida como fator de desenvolvimento e civilização. (VELOSO, 2009, p.
491)
A imprensa legitimava a necessidade de conferir prioridade ao ensino, divulgando,
em 1902, as iniciativas que aconteceram com as eleições para vereadores, visando
acelerar a autorização do governo do Estado para viabilizar a formação profissional
dos jovens candidatos à docência. Uma dessas iniciativas foi a liberação de verba
para ser locado o prédio que iria comportar os primeiros alunos do curso.
(AZEVEDO; PINHEIRO, 2011, p. 28)
Caminhando neste sentido de perceber a mídia impressa como um meio de
comunicação de grande influência na sociedade, que não tem uma postura neutra e
desinteressada, vê-se os textos de Souza (1999) e Caldas (2006). O primeiro autor aponta os
meios de comunicação, de uma forma geral, como agentes de controle social, que geraram e
ajudaram a fortalecer o sistema de poder da minoria que a sociedade está inserida.
No contexto de uma sociedade urbano-industrial emergente, o fenômeno social,
então denominado massas urbanas, era novo e intrigante. Acreditou-se que os meios
de comunicação poderiam ser instrumentos de controle social dessas massas através
do rádio e da imprensa escrita e, mais tarde, da TV. A publicidade e os institutos de
pesquisa de opinião desenvolveram-se nesse contexto, procurando indicar as
condições e as estratégias pelas quais os meios de comunicação poderiam gerar
efeitos no comportamento em relação às eleições, ao consumo; enfim, o objetivo era
obter o controle social planejado. (SOUZA, 1999, p. 15)
Afirmações semelhantes a este trecho do texto de Souza (1999), que expõe a mídia
como formadora de opiniões são vistas no artigo de Caldas (2006), que busca fazer uma
análise “atentando-se à realidade da submissão da mídia à ideologia dominante” (CALDAS,
2006, p. 75). A autora, que tem formação na Psicologia, e faz uma reflexão com base em um
artigo escrito na Revista Veja, aponta algumas questões com relação ao impacto de artigos
sobre as relações entre os estudantes na vida dos mesmos.
As discussões desenvolvidas no presente artigo têm como objetivo trazer à tona a
necessidade constante de um olhar crítico às matérias divulgadas pela mídia, a
respeito da escola. (...) Cada vez que um artigo como este é publicado em veículos
de comunicação de massa, parecendo harmonizar diferentes tipos de adolescentes
33
escolares, o embuste ideológico se configura e, sem dúvida, tem efeito sobre seus
leitores. Cabem muitas indagações: Quais os efeitos sobre jovens leitores ou sobre
os protagonistas da matéria com nomes e fotos na revista - deslumbrados com a
posição de populares? Em que medida esta divulgação da ideologia torna-se
elemento fortalecedor das relações de poder na escola? Qual o papel da Educação
diante disto? Para onde a Educação conduz? (CALDAS, 2006, p. 82-83)
Esta visão da imprensa como influenciadora na forma como a escola é vista pela
sociedade, como observado neste trecho do artigo de Caldas (2006), são pontos discutidos nos
textos de Deusdará e Rocha (2011) e Rothen e Barreyro (2011). Os dois textos que foram
escritos neste ano, mostram uma realidade de ligação da escola com a mídia muito intensa
atualmente, que é a relação imprensa-políticas educacionais. Deusdará e Rocha (2011)
afirmam que
No entanto, não é difícil perceber, no contexto atual, através de seu impacto
midiático, o destaque conferido às propostas de políticas públicas elaboradas na
esfera governamental, em seus diferentes níveis (federal, estaduais e municipais). A
esse respeito, é importante ressaltar que as análises oferecidas por essas propostas
para as "causas" da crise e as possíveis alternativas apontadas remetem à lógica
neoliberal hegemônica, segundo a qual as verbas destinadas à área social, incluindo
a Educação, são compreendidas não como investimento social urgente e necessário,
mas como "gasto público" a interferir negativamente nas metas de superavit da
política econômica ortodoxa. A partir dessa lógica, as saídas apontadas são medidas
em percentuais a serem atingidos. Fala-se, então, em índices de qualidade, taxas de
evasão e reprovação, percentuais de eficiência, etc., definidos burocraticamente.
(DEUSDARA; ROCHA, 2011, p. 130)
Nos dois artigos analisa-se os meios de comunicação, com uma possível intenção de
serem “porta-vozes” da realidade educacional, e também como auxiliadores para regular a
avaliação educacional, fato muito incentivado com as políticas educacionais de avaliação
implantadas no governo Fernando Henrique Cardoso e que também foi mantida durante o
mandato de Luis Ignácio Lula da Silva. Esta discussão pôde ser vista no texto de Rothen e
Barreyro (2011), no qual se vê mudanças e também semelhanças vistas na implantação das
avaliações educacionais externas durante o governo Lula.
O uso intensivo da mídia e a criação de um instrumento simplificado de avaliação
para a regulação resgatam prática central da política da educação superior do
governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Tendo como norte a identificação das
continuidades e rupturas entre os dois governos, será discutida, neste artigo, a
hipótese de trabalho de que a adoção dos índices tem por objetivo o desempenho da
obrigação herdada de regular o sistema, por meio da avaliação. Para tanto, utilizamse os mesmos mecanismos do governo anterior: ranque e mídia. (ROTHEN;
BARREYRO, 2011, p. 22)
De todos os textos que serviram como base teórica para este Estado da Arte, o que
pôde ser percebido é a intenção dos autores, com seus focos de estudo e percepção diferentes,
em mostrar que a imprensa tem seus discursos tendenciosos, favorecendo e desfavorecendo
34
pessoas e situações. É nesta perspectiva, que foi possível analisar a discussão dos últimos
textos encontrados neste estudo, que têm como objetivo discutir a influência e como vem
sendo usada a imprensa dentro da sala de aula.
Nos textos de Caldas (2006) e nos dois textos de Zanchetta (2005 e 2010), vê-se a
preocupação em pensar como os textos midiáticos estão sendo usados pelos professores nas
escolas, prática muito presente e que vem aumentando muito, visto que em muitas situações
estes textos também são usados nas avaliações governamentais. As questões vistas em Caldas
(2006) permeiam a discussão vista nestes artigos.
Como se dá o processo de compreensão de conteúdos programáticos nas salas de
aula em face da utilização cada vez mais freqüente dos recursos midiáticos? Como
lidar com o conhecimento formal, necessário e indispensável à formação dos alunos,
quando são permeados/atravessados pela velocidade do mundo da notícia, pela
transformação do real em virtual e pela dificuldade crescente de compreensão na
leitura dos textos e, conseqüentemente, na leitura do mundo? Em que medida a
crescente utilização da mídia na escola pode melhorar ou servir como estímulo ao
processo de cognição dos alunos? A sacralização da mídia como ferramenta didática
contribui, de fato, para uma leitura crítica do mundo real? (CALDAS, 2006, p. 118)
A preocupação com uma leitura crítica dos textos que circulam na imprensa é um fato
visto em Caldas (2006) e Zanchetta (2010), pois estes meios estão passíveis de influências
externas, como pressão política e a própria tendência sensacionalista das notícias, na intenção
de serem utilizadas como mercadoria, que precisa ser vendida. Zanchetta (2010) afirma
Veículos de imprensa são empresas sensíveis às pressões políticas e econômicas,
disputam espaço no terreno da comunicação midiática (portanto, utilizam-se das
regras de mercado) e revelam tendências ideológicas determinadas, elaborando suas
versões e objetivando conferir a elas efeito de verdade. Essas razões, entre outras,
levam às ideias de que tais veículos são manipuladores, “vendidos”, superficiais,
tendenciosos, poderosos demais, invasivos, desmedidos etc. Tais elementos fazem
parte do conjunto de tensões que pautam as disputas na arena política pública.
(ZANCHETTA, 2010, p. 300)
Percebendo isto, o autor aponta também a necessidade de se repensar o uso destes
textos nos livros didáticos, pois são, em muitas situações, textos cortados e que trazem
consigo ideologias e com isso, uma possível manipulação de fatos.
Depois de décadas de crítica acadêmica, a literatura deixou o papel de repositório de
construções lingüísticas e tal serviço foi, em boa parte, assumido pelos gêneros
jornalísticos, por sua vez, menos “vigiados” pela academia. A significativa presença
de textos cortados, a desatenção para com as legendas das fotos, as supressões
diversas, recorrentes mesmo nos LDs8 mais recentes, devem-se, em parte, ao fato de
a avaliação do PNLD9 estar atenta à unidade de sentido e não à integridade da
informação original. Assim, desde que se focalizando um determinado aspecto com
8
Quando vemos escrita a sigla LDs, leia-se Livro Didático.
9
PNLD - sigla de Plano Nacional do Livro Didático.
35
certo nível de coerência e coesão, a reprodução de uma fração de reportagem (com
várias páginas no suporte original) é percebida como um texto autônomo no LD)
(ZANCHETTA, 2005, p. 1505)
Caldas (2006), enfim, defende uma capacitação dos professores para uma leitura mais
crítica da imprensa, para que assim as lacunas encontradas na crítica destes meios de
comunicação possam ser preenchidas dentro da sala de aula, com um trabalho mais reflexivo
destes materiais pelos professores e estudantes, fazendo com que todos possam conhecer
como estas notícias são editadas e trazidas para o público leitor. Este trabalho não viria a
beneficiar somente a aprendizagem na escola, mas também a leitura de mundo que os
educadores e educandos teriam, auxiliando em uma melhor compreensão da sociedade.
Ao capacitar professores para a utilização da mídia na escola, é necessário
compreender as armadilhas da linguagem com suas múltiplas potencialidades e
limites; identificar as marcas discursivas pelos diferentes modos de dizer para uma
leitura dialógica do mundo; examinar a escolha intencional ou não dos verbos
introdutórios de opinião, da utilização dos operadores argumentativos e do dito e do
não-dito; saber reconhecer que dizer não é sinônimo de afirmar, enfatizar ou
garantir; compreender quando se utiliza ainda, já, mas ou só; entender o porquê do
processo de edição da notícia e como este se opera. (CALDAS, 2006, p. 124)
Finalizando a apresentação dos resultados e discussões feitas pelos autores que
escrevem sobre a relação imprensa–educação, apresenta-se o conceito de imprensa de
educação, utilizado por Bastos (2007). Aqui, a autora se volta principalmente para a imprensa
criada para fins educativos, mostrando sua importância para um melhor entendimento da
história da educação.
Jornais, boletins, revistas, magazines – feitas por professores para professores, feitas
para alunos por seus pares ou professores, feitas pelo Estado ou outras instituições
como sindicatos, partidos políticos, associações de classe, Igrejas – contêm e
oferecem muitas perspectivas para a compreensão da história da educação e do
ensino. Sua análise possibilita avaliar a política das organizações, as preocupações
sociais, os antagonismos e as filiações ideológicas, além das práticas educativas e
escolares. A imprensa é um corpus documental de vastas dimensões, pois se
constituem em um testemunho vivo dos métodos e concepções pedagógicas de uma
época e da ideologia moral, política e social de um grupo profissional. (BASTOS,
2007, p. 167)
Bastos (2007) termina seu texto mostrando que estudar a imprensa é de grande
utilidade para o pesquisador que deseja entender como os discursos educacionais foram sendo
criados e legitimados no decorrer da história.
O estudo do lugar da imprensa pedagógica no discurso social, as estratégias
editoriais ante os fenômenos educacionais e sociais revelam-se, assim, ricos de
informações ao pesquisador para o resgate do discurso pedagógico, das práticas
educacionais, do cotidiano escolar, do grau de submissão dos professores aos
programas e às instruções oficiais, da ideologia oficial e do corpo docente, da força
36
de inovação e continuidade que representa, das contradições do discurso. (BASTOS,
2007, p. 168)
Todos os resultados apontados por estes autores são relevantes para a aquisição de um
melhor entendimento da produção acadêmica sobre o tema escolhido para este Trabalho de
Conclusão de Curso. Um dos pontos mais importantes, mostrado nos artigos, é a defesa de
que o discurso da imprensa é ideológico, carregado de valores e leituras de mundo sobre
conhecimento, ensino, aprendizagem etc. Tomando como base a discussão vista em Veloso
(2009), é possível entender esta concepção de discurso da imprensa como validador do
conhecimento reconhecido pela sociedade e quem o possui.
Por meio de diferentes discursos que circularam em editoriais, crônicas, cartas,
termos de visita e inspeção, notícias etc., foram produzidas representações que
estabeleceram uma antinomia entre analfabeto-leitor, atrasado-desenvolvido,
ignorante-civilizado, visando a mobilizar ações para superação dos problemas e
construir um adequado grau de civilização e progresso. (VELOSO, 2009, p. 489)
As intenções na redação das notícias vistas na imprensa, pensando especificamente
nos discursos elaborados sobre educação foram assuntos debatidos com frequência nos textos.
Na sua maioria, são concepções de educação que trazem consigo valores e tendências e estão
voltadas, em muitas situações, para o fortalecimento de ideologias dominantes, como
afirmado em Caldas (2006). Algumas questões podem ser feitas: qual é o verdadeiro
comprometimento da imprensa com a veracidade das informações transmitidas a sociedade
sobre educação? É possível tomar como verdade estes discursos?
Durante a elaboração deste Estado da Arte estas questões foram perpassando a leitura
de muitos textos, tomando como referência também a importância de estudos mais
aprofundados sobre o assunto, já que a mídia impressa se apresentou e se apresenta
atualmente, com o papel de formadora de opiniões, principalmente com relação à qualidade
da educação oferecida pelas escolas, expondo rankings de avaliações, que segundo a lógica
neoliberal da nossa sociedade, definem perfis de escolas e de alunos.
A discussão feita por Darnton (1990), sobre os meios de comunicação, mais
especificamente sobre a mídia impressa, local onde trabalhou e teve acesso a muitas “regras
de conduta” entre jornalistas, auxilia na reflexão sobre a influência da lógica da sociedade em
que vivemos, na qual pessoas, situações e notícias se tornam mercadorias. A imprensa faz
parte desta realidade, e tomando como base as questões acima discutidas, é imprescindível o
entendimento de que no “mundo da notícia” coexiste com a verdade também o
sensacionalismo, que movimenta discursos, para que polêmicas sejam colocadas em
evidência. Vê-se esta afirmação em Zanchetta (2010).
37
Veículos de imprensa são empresas sensíveis às pressões políticas e econômicas,
disputam espaço no terreno da comunicação midiática (portanto, utilizam-se das
regras de mercado) e revelam tendências ideológicas determinadas, elaborando suas
versões e objetivando conferir a elas efeito de verdade. Essas razões, entre outras,
levam às ideias de que tais veículos são manipuladores, “vendidos”, superficiais,
tendenciosos, poderosos demais, invasivos, desmedidos etc. Tais elementos fazem
parte do conjunto de tensões que pautam as disputas na arena política pública.
(ZANCHETTA, 2010, p. 300)
Como visto na realidade exposta por Darnton (1990), que trabalhou no jornal
americano The New York Times, em muitas situações, os jornalistas não têm acesso ou
retorno de seu público leitor sobre as notícias publicadas, fato que traz reflexões sobre os
discursos expostos diariamente nos jornais e outros meios midiáticos sobre educação; na sua
verdadeira ligação com a realidade das escolas e também em como são os posicionamentos
dos leitores com relação a estas concepções educativas vistas na imprensa.
Quaisquer que sejam suas “imagens” e “fantasias” subliminares, os jornalistas têm
pouco contato com o público em geral e não recebem quase nenhum retorno dele. A
comunicação pelos jornais é muito menos íntima do que pelos periódicos
especializados, cujos redatores e leitores pertencem ao mesmo grupo profissional.
Recebi uma quantidade muito maior de respostas a artigos em revistas acadêmicas,
com um pequeno número de leitores, do que as reportagens de primeira página do
The Times, que devem ser lidas por meio milhão de pessoas. Mesmo os jornalistas
conhecidos não recebem mais do que uma ou duas cartas por semana de seus
leitores, e pouquíssimos jornalistas são realmente conhecidos. O público raramente
lê o nome de quem escreveu a matéria, e não tem como saber que Smith tirou de
Jones a área da Prefeitura. (DARNTON, 1990, p. 90)
Mesmo que a experiência de Darnton (1990) seja em outro país, pode-se analisar a sua
afirmação e trazer o que foi exposto neste trecho para a realidade brasileira, e também para o
tema deste Estado da Arte: a relação imprensa–educação. A importância de uma maior
atenção para a veracidade das informações dadas pela mídia foi uma preocupação vista na
discussão feita por Caldas (2006), no texto “A escola na mídia: sobre "populares" e "nerds"”.
A autora resgata um texto publicado na revista Veja, no qual são comparadas concepções de
alunos populares e os considerados “nerds”.
As questões colocadas no texto, como por exemplo: “Em que medida esta divulgação
da ideologia torna-se elemento fortalecedor das relações de poder na escola? Qual o papel da
Educação diante disto?” (CALDAS, 2006, p. 83) ressaltam a importância de um olhar mais
criterioso na leitura das reportagens ou notícias, para que se possa enxergar valores e
concepções de mundo.
Este Estado da Arte trouxe outro enfoque para a pesquisa, que não havia sido
planejado anteriormente e que pôde ser desenvolvido na coleta de notícias. É a reflexão sobre
38
a influência da mídia impressa dentro da sala de aula, pensando no uso frequente de materiais
jornalísticos nas escolas, como recurso didático. A discussão vista em Caldas (2006)
10
no
texto “Mídia, escola e leitura crítica do mundo”, se assemelha com a reflexão feita até este
momento, na qual se afirma a necessidade de um olhar mais crítico para a mídia e para seu
uso no cotidiano da escola.
Qual seria, então, o papel da escola na formação do leitor? O hábito da leitura pode
ser melhorado com a inserção da mídia na escola? Leitura crítica da mídia se
aprende na sala de aula? O que é necessário para o exercício cidadão da leitura do
mundo? (CALDAS, 2006, p. 120)
Outra reflexão de relevância feita por Caldas (2006) é sobre a crescente utilização da
escola pela mídia impressa como um nicho de mercado. Esta é uma situação cada vez mais
frequente, pois como visto no artigo, a imprensa vem se apropriando de mecanismos que a
tornem “educativa”, e assim, ser usada pelos professores como material didático.
Simultaneamente à perda sucessiva de leitores, os jornais descobriram um
importante nicho no mercado editorial: a escola. Os grupos de mídia, principalmente
os impressos: jornais e revistas começaram a distribuir os encalhes de seus
exemplares e a produzir versões direcionadas à sala de aula. Este movimento pela
inserção do jornal e da revista na sala de aula, como prática pedagógica, ganhou
força no início da década de 1990 e ainda hoje continua conquistando novos
adeptos, como é o caso da revista Carta Capital, que lançou em outubro de 2005 sua
versão pedagógica. Ao anunciar sua inserção no mundo da escola, essa versão da
revista passa a disputar um importante espaço atuando diretamente no processo
educativo na formação de professores e alunos sobre os acontecimentos da
realidade. (CALDAS, 2006, p. 120)
Este artigo de Caldas (2006) mostra que a relação da imprensa fora da escola (como a
imprensa vê e transmite informações sobre a escola) também pode ser vista no seu “verso”,
que seria a imprensa dentro da escola (uso dos textos midiáticos nas salas de aula). Nestas
duas situações, são construídos discursos sobre o que é a escola e qual sua função na
sociedade, assim como conceitos de qualidade de ensino e de aprendizagem. É a natureza
ideológica do discurso jornalístico, exposto em Caldas (2006).
Aprender sobre o mundo editado pela mídia, a ler além das aparências, a
compreender a polifonia presente nos enunciados da narrativa jornalística,
não é tarefa fácil, mas desejável para uma leitura crítica da mídia. Discutir a
responsabilidade social da imprensa, do jornalista, compreender as
intrincadas relações de poder que estão por trás da composição dos veículos;
capacitar professores e alunos para entender os sentidos, o significado
implícito no discurso da imprensa não são tarefas fáceis. Exigem muito mais
que a competência do fazer jornalístico e o entendimento claro de que a
10
As duas referências denominadas Caldas (2006) são pesquisadoras diferentes: A escola na mídia:
sobre “populares” e “nerds” - Roseli Lins Caldas e Mídia, escola e leitura crítica do mundo – Graça
Caldas.
39
linguagem utilizada pela mídia encerra múltiplas interpretações, razão pela
qual a leitura da mídia na escola não deve restringir-se à leitura de um
veículo, mas à pluralidade dos meios. É necessário reconhecer, portanto, que
a linguagem é, por natureza, ideológica. (CALDAS, 2006, p. 122)
Entender e poder aprofundar estes conhecimentos sobre a natureza ideológica do
discurso da imprensa, pode ser afirmado como um dos pontos mais importantes para o
enriquecimento da formação profissional, que passou por inúmeros processos de
aprendizagem, teórico/práticos, para que pudéssemos chegar à elaboração deste Trabalho de
Conclusão de Curso. Estes resultados encontrados na pesquisa, de relevância para o
aprofundamento do Estado da Arte pretendido, foram importantes para uma melhor
compreensão da educação brasileira, inserida em um contexto social onde os meios midiáticos
ganham espaço e voz para definir concepções e formar opiniões.
Com base em tudo que pode ser observado com os resultados e discussão dos artigos
aqui apresentados, finaliza-se esta reflexão sobre a produção acadêmica relacionada ao
discurso educacional da imprensa, e parte-se para as considerações finais, no qual são
expostas as conclusões feitas com base neste trabalho realizado.
40
CONCLUSÕES
Analisando os resultados alcançados no estudo bibliométrico, a discussão realizada e
possibilitada pelos artigos encontrados para a elaboração do Estado da Arte, parte-se para as
conclusões com relação ao que pode ser pensado sobre o tema escolhido para este Trabalho de
Conclusão de Curso. Fazendo uma retomada do que pode ser visto com relação ao discurso da
imprensa sobre educação na produção acadêmica, busca-se refletir sobre as contribuições para
aquisição de conhecimentos para a formação profissional.
Na primeira parte deste trabalho, buscou-se um aprofundamento dos conhecimentos
sobre Bibliometria, ciência que era pouco conhecida até o início desta pesquisa pela autora.
Pode-se perceber que é um campo científico em crescimento, mas também que aparenta ser
pouco explorado pelos pesquisadores, visto o pouco número de artigos e textos nos quais se
dedicam estudos sobre o impacto destes estudos bibliométricos na produção acadêmica, nas
suas diversas áreas.
Esta consideração também pode ser feita com relação ao que foi proposto neste
Trabalho de Conclusão de Curso, que foi a elaboração de um Estado da Arte sobre o discurso
educacional da imprensa. Somente encontramos um artigo11 em que vimos uma discussão
sobre o impacto destas pesquisas bibliográficas na produção e disseminação do conhecimento.
Ferreira (2002) pode ser considerada uma autora importante para a constituição deste
estudo bibliométrico, pois a preocupação apontada no artigo As pesquisas denominadas
“Estado da Arte”, da quantificação em detrimento da qualidade, fato observado em muitas
pesquisas bibliográficas, segundo a autora, foi de grande relevância para que neste estudo
fosse feita uma análise mais minuciosa dos artigos, e não houvesse um foco somente na
leitura de resumos.
Pensando na temática escolhida, que foi uma análise do discurso da imprensa sobre
educação e a possível influência deste dentro e fora da escola, o Estado da Arte auxiliou na
percepção de muitas lacunas na produção acadêmica com relação a este tema, visto o pequeno
número de artigos encontrados na Biblioteca Virtual SciELO. Depois de algumas leituras
mais aprofundadas, pôde-se encontrar 11 artigos relacionados à temática pesquisada, contra os
870 artigos localizados no início da pesquisa.
Pode-se observar que as pesquisas sobre a influência dos meios de comunicação
tratam em sua maioria, de outros objetos de estudo, outras mídias, como a televisão e a
11
Ferreira (2002).
41
internet, sendo a imprensa mais usada para pesquisas relacionadas ao uso de materiais da
mídia impressa dentro da sala de aula, e também para análises dos discursos de jornais que
legitimaram opiniões e concepções educativas, como visto em Veloso (2009) e Azevedo e
Pinheiro (2011).
Este Trabalho de Conclusão de Curso ajudou no entendimento da sociedade, na qual
há um grande estímulo pelo experienciar, ver, explorar e também dominar conhecimentos, das
mais diversas áreas científicas e culturais. A crescente disseminação da informação,
favorecida pelos meios de comunicação, só acelerou estes processos: pode-se ter acesso a
informações do mundo inteiro, em segundos. Existe um costume ao “imediatismo da notícia”,
e em muitas situações, faltam reflexões sobre a veracidade das informações veiculadas nos
meios de comunicação.
Uma preocupação foi muito presente no decorrer do curso de Pedagogia: garantir um
olhar mais reflexivo aos estudantes, para que eles possam fazer uma correta leitura do mundo,
da escola e dos locais onde estão inseridos. Os autores lidos nas disciplinas, leituras estas
orientadas pelos professores, ajudaram a ter contato com conhecimentos novos, e a enxergar o
mundo e as antigas leituras, como por exemplo, o jornal, de outra forma, tendo consciência de
que nelas existem concepções e ideologias sobre o homem e a sociedade.
Durante toda a realização deste estudo, que finaliza esta formação inicial e dá outras
perspectivas de pesquisa fundamentadas nesta temática, foi possível refletir sobre a futura
prática profissional, na qual constantemente se terá contato com estes materiais jornalísticos, e
ter uma ideia de como deve ser a postura diante destas notícias e dos discursos vistos na
imprensa, sobre a escola e seus atores sociais: postura e olhar criterioso, que enxerga além das
intenções aparentes, para assim poder auxiliar os alunos nesta interpretação mais minuciosa
da realidade.
O Estado da Arte aqui proposto auxiliou, de maneira geral, em uma compreensão mais
aprofundada da real relação escola–imprensa, que já era uma questão debatida em outros
momentos no andamento do curso. Como explicitado na introdução, este trabalho se relaciona
com trabalhos anteriores já realizados pela autora, no Projeto de Iniciação Científica
financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e
intitulado “Avaliação da Educação Brasileira segundo a Folha de S. Paulo: 1999-2010”, no
qual se busca entender a influência deste jornal de grande circulação nas políticas
educacionais de avaliação da educação, como ele se posiciona frente às avaliações e como
transmite as informações para sociedade.
42
Desde o primeiro contato com o objeto de estudo do projeto de Iniciação Científica
(Jornal Folha de S. Paulo), foi possível observar esta característica tendenciosa do discurso da
imprensa, mas, com relação às discussões teóricas sobre o assunto, ainda era uma lacuna que
precisa ser preenchida para que a pesquisa pudesse prosseguir com mais consistência e
suporte teórico. Este Estado da Arte constitui-se como uma importante ferramenta para este
aprofundamento do estudo sobre a mídia impressa.
Com toda discussão feita na Iniciação Científica e neste TCC, fica clara a importância
de se pensar com mais atenção esta influência dos meios de comunicação na educação, já que
existe uma lógica de mundo totalmente voltada para valorização da informação e da
disseminação do conhecimento. Garantir que haja reflexão sobre a veracidade destas
informações, e assim, fazer com que se considere a natureza ideológica dos discursos
educacionais da imprensa, deve ser um dos objetivos dos educadores, e também da sociedade
como um todo, considerando o contato constante com estes materiais midiáticos.
Refletindo sobre os conhecimentos adquiridos neste estudo bibliométrico, pode-se
observar que é uma pesquisa que contribui para ampliar os estudos sobre o assunto, dado o
pequeno número de artigos encontrados para a elaboração deste Estado da Arte. Como
trabalho acadêmico, auxiliou em avanços intelectuais sobre um assunto que sempre estará em
debate no cotidiano dos professores, e que levantará outras questões para reflexão, seja na
continuação dos estudos, como também na prática docente e na vida pessoal.
Este Estado da Arte tentou possibilitar, portanto, uma visão da atual realidade da
produção acadêmica da relação imprensa–educação, com base nos artigos publicados na
SciELO, no período de 1997 a 2010. Um ponto importante para o entendimento da produção
científica desta temática foi o fato de ser um campo de pesquisa novo, com trabalhos
consideravelmente recentes, já que os artigos encontrados são, em sua maioria, redigidos e
publicados a partir dos anos 2000.
Pode-se observar que este trabalho apresenta como limite a utilização de apenas uma
fonte para pesquisa (Biblioteca Virtual SciELO), fato que poderia trazer resultados diferentes,
caso fossem usadas outras Bibliotecas ou Bases de Dados 12 para estudos bibliométricos.
Ressalta-se, com esta observação, a importância de que possam ser feitas mais pesquisas neste
sentido e enfoque, utilizando-se também outras mídias e bases de dados, pois o
enriquecimento do conhecimento poderá ser desenvolvido e aprofundado.
Como apontado por Bastos (2007) vemos e ressaltamos a importância do incentivo na
realização de pesquisas de análise de produções acadêmicas, pois são ferramentas importantes
12
O conceito de Bases de Dados para estudos bibliométricos foi descrito no capítulo 1.
43
para enxergar com mais clareza os pontos que necessitam de mudanças, a construção da
história da educação, assim como enfoques de estudo que precisam ser mais bem explorados.
Reconhecemos, enfim, a urgente necessidade de mais estudos com relação ao discurso
educacional da imprensa, sendo este Estado da Arte, aqui apresentado, um dos primeiros
esforços para que mais pesquisas sejam realizadas com base nesta temática.
Acredita-se que com um maior conhecimento do discurso ideológico da imprensa,
visto e refletido neste Trabalho de Conclusão de Curso, pode-se movimentar esforços
políticos para que a qualidade do ensino seja pensada e melhorada, pois muitos pontos são
levantados pela mídia impressa, mas, como em muitas situações são permeados de valores,
não condizem com as necessidades da maioria da população que carece de recursos para
melhora do ensino. Refletir sobre como a imprensa formula discursos sobre a educação
brasileira, pode ser um auxílio para que as informações disseminadas sejam mais
comprometidas com a realidade e com as transformações que urgentemente precisam
acontecer.
44
APÊNDICE
Fichas de leitura dos artigos encontrados
Artigos relevantes:
Analisá-los segundo estes objetivos:

Explicitar as metodologias utilizadas no estudo da imprensa;

Discutir sobre como estes estudos já realizados nos ajudam a pensar sobre a
influência do discurso da imprensa na educação.
1) Imprensa e Escola Normal: representações de progresso e civilização na
produção de um imaginário social - 1918-1938
VELOSO, Geisa Magela. Imprensa e Escola Normal: representações de progresso e
civilização na produção de um imaginário social - 1918-1938. Rev. Bras. Educ. [online].
2009, vol.14, n.42, pp. 488-504. ISSN 1413-2478.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Neste artigo discutimos processos pelos quais, em situações cotidianas, sujeitos
sociais realizam apropriações de conteúdos em circulação e se inscrevem entre
práticas e representações. Representações que não são a realidade, mas encontram-se
imbuídas de interesses e significações que integram o processo de informar e formar
a opinião pública e têm papel ativo na produção de um ideal de sociedade e na
mobilização das ações. (VELOSO, 2009, p. 488)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Análise documental dos artigos publicados no jornal Gazeta do Norte.
Visando atender a esse objetivo, discuto e analiso publicações da Gazeta do Norte,
semanário “independente, literário e noticioso” que circulou entre 1918 e 1962 e
assumiu missão educativa e civilizatória em relação à população montes-clarense.
(VELOSO, 2009, p. 488)
Influência da imprensa na educação:
a) Jornal analisado apresentou influência educativa e civilizatória na cidade:
Em seu empreendimento educativo, o jornal visava a promover o desenvolvimento
individual e o progresso da cidade, elegendo a Escola Normal de Montes Claros
como referência e inspiração. Por mediações discursivas diferenciadas, identifico as
finalidades educativas pretendidas por essas instâncias educativas – jornal e escola –
, mas, sobretudo, as representações acerca da educação, da instrução e da
alfabetização produzidas pelos sujeitos envolvidos e as apropriações que fizeram dos
discursos que circularam nas primeiras décadas do século XX. (VELOSO, 2009, p.
488)
45
Dessa forma, com a produção de representações positivas, a Gazeta do Norte
marcou presença, demarcou seu espaço e definiu seu lugar de poder. Sempre
apoiando as iniciativas da Escola Normal, divulgando suas realizações e
estimulando a adesão da comunidade, o jornal trabalhou pelo projeto de civilização
e progresso. Na esteira de suas publicações, foi possível perceber o aspecto
noticioso, mas sobretudo a faceta educativa e formadora do jornal. As notícias não
pretendiam meramente dar a ver os fatos, mas legitimar determinadas práticas,
modelar comportamentos, formar a opinião pública, consolidar a Escola Normal.
(VELOSO, 2009, p. 491)
b) Jornal mostra onde está o conhecimento e quem o possui:
Por meio de diferentes discursos que circularam em editoriais, crônicas, cartas,
termos de visita e inspeção, notícias etc., foram produzidas representações que
estabeleceram uma antinomia entre analfabeto-leitor, atrasado-desenvolvido,
ignorante-civilizado, visando a mobilizar ações para superação dos problemas e
construir um adequado grau de civilização e progresso. (VELOSO, 2009, p. 489)
c) Imprensa e escola como educadoras da sociedade:
Por isso, procuramos entender o encontro de interesses da Gazeta do Norte e da
Escola Normal, instituições que assumiram a missão de educar os cidadãos e
modernizar a cidade e encontravam-se imbricadas: comungavam ideal civilizatório e
compartilhavam quadro militante – intelectuais com funções dirigentes e docentes
na Escola eram também redatores, diretores e colaboradores do jornal. (VELOSO,
2009, p. 490)
d) O jornal não tem objetivos desinteressados:
Com Chartier (1990), entendo que a produção de representações não é um processo
neutro e desinteressado, mas marcado pelas posições e intenções daqueles que as
produzem; que as percepções do mundo social não são discursos neutros, pois delas
são originadas estratégias e práticas que tendem a impor uma autoridade, legitimar
um projeto reformador, justificar escolhas e condutas. Dessa forma, por sua nãoneutralidade, a Gazeta do Norte disseminava representações visando a impressionar
a imaginação e a mobilizar as ações em favor da manutenção da Escola Normal,
compreendida como fator de desenvolvimento e civilização. (VELOSO, 2009, p.
491)
2) A imprensa de educação e de ensino: repertórios analíticos. O exemplo da
França.
BASTOS, Maria Helena Camara. A imprensa de educação e de ensino: repertórios
analíticos. O exemplo da França. Rev. Bras. Educ. [online]. 2007, vol.12, n.34, pp. 166-168.
ISSN 1413-2478.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Pensa a imprensa como importante para análise da histórica da educação.
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Estudo de volumes de periódicos sobre o tema.
Influência da imprensa na educação:
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a) Imprensa pensada como fonte de estudo para história da educação:
Jornais, boletins, revistas, magazines – feitas por professores para professores, feitas
para alunos por seus pares ou professores, feitas pelo Estado ou outras instituições
como sindicatos, partidos políticos, associações de classe, Igrejas – contêm e
oferecem muitas perspectivas para a compreensão da história da educação e do
ensino. Sua análise possibilita avaliar a política das organizações, as preocupações
sociais, os antagonismos e as filiações ideológicas, além das práticas educativas e
escolares. A imprensa é um corpus documental de vastas dimensões, pois se
constituem em um testemunho vivo dos métodos e concepções pedagógicas de uma
época e da ideologia moral, política e social de um grupo profissional. (BASTOS,
2007, p. 167)
Além disso, acompanhar o aparecimento e o ciclo de vida da imprensa periódica de
educação e de ensino permite conhecer as lutas por legitimidade que se travam
dentro do campo, e também analisar a participação dos agentes produtores do
periódico na organização do sistema de ensino e na elaboração dos discursos que
visam instaurar as práticas exemplares. É nesse sentido que se pode afirmar a dupla
alternativa que os periódicos pedagógicos oferecem, simultaneamente, como fontes
ou núcleos informativos para a compreensão dos discursos, das relações e das
práticas, que permitem explicar modalidades de funcionamento do campo
educacional. (BASTOS, 2007, p.167)
b) A imprensa é útil ao pesquisador:
O estudo do lugar da imprensa pedagógica no discurso social, as estratégias
editoriais ante os fenômenos educacionais e sociais revelam-se, assim, ricos de
informações ao pesquisador para o resgate do discurso pedagógico, das práticas
educacionais, do cotidiano escolar, do grau de submissão dos professores aos
programas e às instruções oficiais, da ideologia oficial e do corpo docente, da força
de inovação e continuidade que representa, das contradições do discurso. (BASTOS,
2009, p. 168)
3) Mídia, escola e leitura crítica do mundo.
CALDAS, Graça. Mídia, escola e leitura crítica do mundo. Educ. Soc. [online]. 2006,
vol.27, n.94, pp. 117-130. ISSN 0101-7330.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Faz questionamentos sobre o uso dos meios de comunicação na sala de aula.
Como se dá o processo de compreensão de conteúdos programáticos nas salas de
aula em face da utilização cada vez mais freqüente dos recursos midiáticos? Como
lidar com o conhecimento formal, necessário e indispensável à formação dos alunos,
quando são permeados/atravessados pela velocidade do mundo da notícia, pela
transformação do real em virtual e pela dificuldade crescente de compreensão na
leitura dos textos e, conseqüentemente, na leitura do mundo? Em que medida a
crescente utilização da mídia na escola pode melhorar ou servir como estímulo ao
processo de cognição dos alunos? A sacralização da mídia como ferramenta didática
contribui, de fato, para uma leitura crítica do mundo real? (CALDAS, 2006, p. 118)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Uso de pesquisas e textos sobre o grau de interpretação dos alunos.
47
Recentes pesquisas nacionais e internacionais, como do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA), revelam
o baixíssimo nível de compreensão, interpretação e reflexão dos alunos do Ensino
Fundamental e Médio. Nos exames de acesso à universidade a situação não é muito
diferente. (CALDAS, 2006, p. 118)
Influência da imprensa na educação:
a) Jornais veem a escola como nicho de leitura:
Qual seria, então, o papel da escola na formação do leitor? O hábito da leitura pode
ser melhorado com a inserção da mídia na escola? Leitura crítica da mídia se
aprende na sala de aula? O que é necessário para o exercício cidadão da leitura do
mundo? Simultaneamente à perda sucessiva de leitores, os jornais descobriram um
importante nicho no mercado editorial: a escola. Os grupos de mídia, principalmente
os impressos: jornais e revistas começaram a distribuir os encalhes de seus
exemplares e a produzir versões direcionadas à sala de aula. Este movimento pela
inserção do jornal e da revista na sala de aula, como prática pedagógica, ganhou
força no início da década de 1990 e ainda hoje continua conquistando novos
adeptos, como é o caso da revista Carta Capital, que lançou em outubro de 2005 sua
versão pedagógica. Ao anunciar sua inserção no mundo da escola, essa versão da
revista passa a disputar um importante espaço atuando diretamente no processo
educativo na formação de professores e alunos sobre os acontecimentos da
realidade. (CALDAS, 2006, p. 120)
b) É necessário entender, no uso da imprensa na escola, que seus discursos são de
natureza ideológica.
Aprender sobre o mundo editado pela mídia, a ler além das aparências, a
compreender a polifonia presente nos enunciados da narrativa jornalística, não é
tarefa fácil, mas desejável para uma leitura crítica da mídia. Discutir a
responsabilidade social da imprensa, do jornalista, compreender as intrincadas
relações de poder que estão por trás da composição dos veículos; capacitar
professores e alunos para entender os sentidos, o significado implícito no discurso
da imprensa não são tarefas fáceis. Exigem muito mais que a competência do fazer
jornalístico e o entendimento claro de que a linguagem utilizada pela mídia encerra
múltiplas interpretações, razão pela qual a leitura da mídia na escola não deve
restringir-se à leitura de um veículo, mas à pluralidade dos meios. É necessário
reconhecer, portanto, que a linguagem é, por natureza, ideológica. (CALDAS, 2006,
p. 122)
Toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a
refrata. Há sempre, queira-se ou não, uma transfiguração, uma obliqüidade da
linguagem em relação àquilo a que ela se refere. Por usa própria natureza, de
mediadora entre nós e o mundo, a linguagem apresenta sempre, inelutavelmente, um
descompasso em relação à realidade. Ela não é, nem pode ser a realidade. A essa
diferença substantiva entre a linguagem e o real acrescentam-se as diferenças
adjetivas, quer dizer, as variações próprias às posições históricas e sociais dos
agentes que a produzem e consomem. (SANTAELLA apud CALDAS, 2006, p. 330331)
c) Como os professores devem olhar os materiais midiáticos.
Certamente, não se trata, apenas, de ensinar os professores a “lerem” os jornais, mas,
sobretudo de possibilitar a eles, num primeiro momento, uma leitura do mundo para
melhor compreenderem, eles próprios, o poder da mídia e o papel ocupado pelos
diferentes veículos no espaço público. Só então poderão fazer a leitura crítica da
mídia e, conseqüentemente, ensinar os alunos a pensarem, refletirem sobre os
48
conteúdos noticiosos e, então, desenvolverem formas autônomas de pensar o mundo.
Para isso, no entanto, é necessário, adquirir, também, o domínio da linguagem como
ferramenta discursiva, e discernimento sobre a construção da narrativa jornalística e
seus múltiplos sentidos atribuídos pelos seus diferentes agentes. (CALDAS, 2006, p.
123)
Ao capacitar professores para a utilização da mídia na escola, é necessário
compreender as armadilhas da linguagem com suas múltiplas potencialidades e
limites; identificar as marcas discursivas pelos diferentes modos de dizer para uma
leitura dialógica do mundo; examinar a escolha intencional ou não dos verbos
introdutórios de opinião, da utilização dos operadores argumentativos e do dito e do
não-dito; saber reconhecer que dizer não é sinônimo de afirmar, enfatizar ou
garantir; compreender quando se utiliza ainda, já, mas ou só; entender o porquê do
processo de edição da notícia e como este se opera. (CALDAS, 2006, p. 124)
d) É necessária uma leitura crítica da imprensa.
Reconhecer esta realidade não significa, porém, abrir mão de utilizar a mídia como
fonte motivadora porque conectada com a realidade vivida por alunos e professores.
Trata-se, na verdade, de fornecer os elementos necessários a alunos e professores
para fazerem a leitura crítica da mídia a partir da leitura do mundo, tarefa ímpar da
escola, que tem ou deveria ter os instrumentos necessários para estabelecer a
necessária relação e conexão entre os fragmentos dos fatos e sua historicidade.
(CALDAS, 2006, p. 126)
A apreensão da informação para sua transformação em conhecimento crítico e
transformador passa, necessariamente, pela leitura do mundo, sem o que a leitura da
palavra não levará a nada. “Sei tudo e não compreendo nada.” Esta frase sintetiza a
sociedade moderna, em que o simples acesso à informação em seus múltiplos
formatos e vozes não é suficiente para a interpretação do mundo. (CALDAS, 2006,
p. 128)
Utilizar a mídia na escola é o primeiro passo para a leitura do mundo. Em
contrapartida, é essencial que o exercício cotidiano no uso da mídia na sala de aula
não se limite à leitura de jornais, revistas ou dos veículos eletrônicos. Para se ler o
mundo a partir dos olhares dos outros, é fundamental que seus leitores aprendam
antes a ler o mundo em que vivem, por meio da construção de suas próprias
narrativas. Só assim será possível a construção do conhecimento, a transformação do
educando em sujeito de sua própria história. A aquisição do pensamento crítico é
resultado da inserção e percepção direta do aluno como agente mobilizador na sua
realidade. (CALDAS, 2006, p. 129)
4) Desafios para a abordagem da imprensa na escola.
ZANCHETTA JR., Juvenal. Desafios para a abordagem da imprensa na escola. Educ.
Soc. [online]. 2005, vol.26, n.93, pp. 1497-1510. ISSN 0101-7330.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Parecido com o artigo anterior, autor discute o uso da imprensa na escola.
Metodologia usada no estudo da imprensa:
A partir de características de três campos complementares: as tendências políticas e
teóricas relativas à formação de professores; os livros didáticos de Língua
Portuguesa; e a experiência em sala de aula. (ZANCHETTA, 2005, p. 1497)
49
Influência da imprensa na educação:
a) Pouca crítica com relação aos textos midiáticos:
Privilégio da componente escrita: a escola brasileira sempre privilegiou a escrita e
apenas nos últimos anos começa a tratar da oralidade, traço fundamental da cultura
do país. O jornal tende a ser aceito como texto escrito. Depois de décadas de crítica
acadêmica, a literatura deixou o papel de repositório de construções lingüísticas e tal
serviço foi, em boa parte, assumido pelos gêneros jornalísticos, por sua vez, menos
“vigiados” pela academia. A significativa presença de textos cortados, a desatenção
para com as legendas das fotos, as supressões diversas, recorrentes mesmo nos LDs
mais recentes, devem-se, em parte, ao fato de a avaliação do PNLD estar atenta à
unidade de sentido e não à integridade da informação original. Assim, desde que se
focalizando um determinado aspecto com certo nível de coerência e coesão, a
reprodução de uma fração de reportagem (com várias páginas no suporte original) é
percebida como um texto autônomo no LD) (ZANCHETTA, 2005, p. 1505)
5) Criação da escola de formação de professores: imprensa e afirmação de uma
cultura escolar (Campinas, 1901-1903)
AZEVEDO, Leny Cristina S. S. e PINHEIRO, Ana Regina. Criação da escola de formação
de professores: imprensa e afirmação de uma cultura escolar (Campinas, 19011903). Cad. CEDES [online]. 2011, vol.31, n.83, pp. 17-33. ISSN 0101-3262.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
buscou compreender a história da Escola Normal “Carlos Gomes” de Campinas
(SP), pela via das memórias dos documentos publicados pela imprensa campineira
acerca da importância da criação da primeira instituição pública para formar
professores para as séries iniciais do ensino. (AZEVEDO; PINHEIRO, 2011, p. 17)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
“pela via das memórias dos documentos publicados pela imprensa campineira acerca
da importância da criação da primeira instituição pública para formar professores
para as séries iniciais do ensino.” (AZEVEDO; PINHEIRO, 2011, p. 17)
Influência da imprensa na educação:
a) A imprensa como legitimadora de discursos
A imprensa legitimava a necessidade de conferir prioridade ao ensino, divulgando,
em 1902, as iniciativas que aconteceram com as eleições para vereadores, visando
acelerar a autorização do governo do Estado para viabilizar a formação profissional
dos jovens candidatos à docência. Uma dessas iniciativas foi a liberação de verba
para ser locado o prédio que iria comportar os primeiros alunos do curso.
(AZEVEDO; PINHEIRO, 2011, p. 28)
6) Vozes em embate na mídia de informação e produção da objetividade: polêmicas
em torno da precarização do trabalho na escola
50
DEUSDARA, Bruno e ROCHA, Décio. Vozes em embate na mídia de informação e
produção da objetividade: polêmicas em torno da precarização do trabalho na
escola. DELTA [online]. 2011, vol.27, n.1, pp. 121-145. ISSN 0102-4450.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
“procedemos à análise de modos de produção de sentidos sobre o trabalho dos
profissionais de Educação do ensino médio na mídia impressa, a partir de uma
perspectiva enunciativa.” (DEUSDARA, ROCHA, 2011, p. 121)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
“Para fins de análise, selecionamos, como corpus, notícias de jornal tematizando o
Programa de gratificação Nova Escola, instituído na rede pública estadual do Rio de
Janeiro desde 2000.” (DEUSDARA, ROCHA, 2011, p.121)
Influência da imprensa na educação:
a) O discurso da imprensa de acordo com cada ator social presente nele.
Para as discussões desenvolvidas neste artigo, interessa-nos propor um exercício de
análise, confrontando, a partir da variedade dos modos de atribuição de um relato a
outro, o modo como diferentes atores sociais são autorizados a se posicionar frente a
determinada temática em texto da mídia impressa. Para tanto, inspiram-nos alguns
encaminhamentos que têm sido propostos por diferentes autores no que tange aos
processos envolvidos na atribuição do relato e seus efeitos de sentido.
(DEUSDARA, ROCHA, 2011, p. 123)
b) Imprensa e educação
No entanto, não é difícil perceber, no contexto atual, através de seu impacto
midiático, o destaque conferido às propostas de políticas públicas elaboradas na
esfera governamental, em seus diferentes níveis (federal, estaduais e municipais). A
esse respeito, é importante ressaltar que as análises oferecidas por essas propostas
para as "causas" da crise e as possíveis alternativas apontadas remetem à lógica
neoliberal hegemônica, segundo a qual as verbas destinadas à área social, incluindo
a Educação, são compreendidas não como investimento social urgente e necessário,
mas como "gasto público" a interferir negativamente nas metas de superavit da
política econômica ortodoxa. A partir dessa lógica, as saídas apontadas são medidas
em percentuais a serem atingidos. Fala-se, então, em índices de qualidade, taxas de
evasão e reprovação, percentuais de eficiência, etc., definidos burocraticamente.
(DEUSDARA, ROCHA, 2011, p. 130)
7) Circulação de textos midiáticos entre alunos de escola pública básica
ZANCHETTA JUNIOR, Juvenal. Circulação de textos midiáticos entre alunos de escola
pública básica. Educ. Pesqui. [online]. 2010, vol.36, n.1, pp. 297-310. ISSN 1517-9702.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Analisa o uso da imprensa na sala de aula.
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Ao longo de dois anos letivos, em trabalho realizado com grupos de alunos do
ensino fundamental e médio de duas escolas periféricas de município localizado no
51
interior do estado, foram acompanhados os relatos dos estudantes acerca da
apropriação feita por eles de informações midiáticas, obtidas em meios de
comunicação diversos, com destaque para o jornal impresso. (ZANCHETTA, 2010,
p. 297)
Influência da imprensa na educação:
a) Imprensa como meio fortemente influenciável
Veículos de imprensa são empresas sensíveis às pressões políticas e econômicas,
disputam espaço no terreno da comunicação midiática (portanto, utilizam-se das
regras de mercado) e revelam tendências ideológicas determinadas, elaborando suas
versões e objetivando conferir a elas efeito de verdade. Essas razões, entre outras,
levam às ideias de que tais veículos são manipuladores, “vendidos”, superficiais,
tendenciosos, poderosos demais, invasivos, desmedidos etc. Tais elementos fazem
parte do conjunto de tensões que pautam as disputas na arena política pública.
(ZANCHETTA, 2010, p. 300)
8) Avaliação da educação superior no segundo governo Lula: "provão II" ou a
reedição de velhas práticas?
ROTHEN, José Carlos e BARREYRO, Gladys Beatriz. Avaliação da educação superior
no segundo governo Lula: "provão II" ou a reedição de velhas práticas?. Educ.
Soc. [online]. 2011, vol.32, n.114, pp. 21-38. ISSN 0101-7330.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Analisa relação entre a mídia e ensino superior.
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Pesquisa de artigos relacionados ao tema.
Influência da imprensa na educação:
O uso intensivo da mídia e a criação de um instrumento simplificado de avaliação
para a regulação resgatam prática central da política da educação superior do
governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Tendo como norte a identificação das
continuidades e rupturas entre os dois governos, será discutida, neste artigo, a
hipótese de trabalho de que a adoção dos índices tem por objetivo o desempenho da
obrigação herdada de regular o sistema, por meio da avaliação. Para tanto, utilizamse os mesmos mecanismos do governo anterior: ranque e mídia. (ROTHEN;
BARREYRO, 2011, p. 22)
9) Mídia impressa e educação científica: uma análise das marcas do funcionamento
discursivo em três publicações
GRILLO, Sheila Vieira de Camargo; DOBRANSZKY, Enid Abreu e LAPLANE, Adriana
Lia Friszman. Mídia impressa e educação científica: uma análise das marcas do
funcionamento discursivo em três publicações. Cad. CEDES [online]. 2004, vol.24, n.63,
pp. 215-236. ISSN 0101-3262.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
52
Este artigo discute as relações e os diferentes valores sociais atribuídos a textos da
esfera científica e da jornalística; compara a difusão de saberes na mídia e na escola
e identifica as marcas do funcionamento discursivo em textos de divulgação
científica na mídia impressa. (GRILLO, DOBRANSZKY, LAPLANE, 2004, p. 215)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Pesquisa documental; foram utilizados trechos de materiais da imprensa e livros didáticos.
Influência da imprensa na educação:
a) A qualidade da informação educacional e midiática é diferente:
Análises da relação entre transmissão de saberes na educação e na mídia têm
apontado diferenças qualitativas entre ambas, quanto à legitimidade inerente às
instituições de ensino e à necessidade de respaldo externo para os veículos de
comunicação de massa, na atividade de divulgação científica. Em ambos os casos,
porém, parece haver certo consenso na concepção da instauração de uma relação
assimétrica entre educador/jornalista – detentores de um saber – e
educandos/público consumidor – destituídos de conhecimento. Essa assimetria é
suturada de formas diversas nos textos analisados neste artigo. (GRILLO,
DOBRANSZKY, LAPLANE, 2004, p. 229)
10) Comunicação e educação: entre meios e mediações.
SOUZA, Mauro Wilton de. Comunicação e educação: entre meios e mediações. Cad.
Pesqui. [online]. 1999, n.106, pp. 9-25. ISSN 0100-1574.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
Tentativa de compreensão da relação entre comunicação e educação, escola e mídia.
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Pesquisa documental, com base em autores que escrevem sobre o tema.
Influência da imprensa na educação:
a) A imprensa dentro da sala de aula:
O conhecimento da gramática de produção técnica da imprensa, dos jornais e textos,
e, igualmente, da gramática de uso de tecnologias voltadas ao som, facilitaram sua
utilização na atividade escolar, ainda que como instrumentos complementares da
ação pedagógica. (SOUZA, 1999, p. 17)
b) Imprensa e educação como agentes de controle social:
No contexto de uma sociedade urbano-industrial emergente, o fenômeno social,
então denominado massas urbanas, era novo e intrigante. Acreditou-se que os meios
de comunicação poderiam ser instrumentos de controle social dessas massas através
do rádio e da imprensa escrita e, mais tarde, da TV. A publicidade e os institutos de
53
pesquisa de opinião desenvolveram-se nesse contexto, procurando indicar as
condições e as estratégias pelas quais os meios de comunicação poderiam gerar
efeitos no comportamento em relação às eleições, ao consumo; enfim, o objetivo era
obter o controle social planejado. (SOUZA, 1999, p. 15)
11) A escola na mídia: sobre "populares" e "nerds"
CALDAS, Roseli Fernandes Lins. A escola na mídia: sobre "populares" e "nerds". Psicol.
USP [online]. 2006, vol.17, n.1, pp. 75-85. ISSN 0103-6564.
Processos da relação imprensa/sociedade analisados no artigo:
“É feita uma análise atentando-se à realidade da submissão da mídia à ideologia dominante.”
(CALDAS, 2006, p. 75)
Metodologia usada no estudo da imprensa:
Pesquisa documental, tomando como base um artigo da revista Veja.
Influência da imprensa na educação:
a) É preciso tomar cuidado com o que é divulgado na mídia, com relação à escola.
As discussões desenvolvidas no presente artigo têm como objetivo trazer à tona a
necessidade constante de um olhar crítico às matérias divulgadas pela mídia, a
respeito da escola. (CALDAS, 2006, p. 76)
Cada vez que um artigo como este é publicado em veículos de comunicação de
massa, parecendo harmonizar diferentes tipos de adolescentes escolares, o embuste
ideológico se configura e, sem dúvida, tem efeito sobre seus leitores. Cabem muitas
indagações: Quais os efeitos sobre jovens leitores ou sobre os protagonistas da
matéria com nomes e fotos na revista - deslumbrados com a posição de populares?
Em que medida esta divulgação da ideologia torna-se elemento fortalecedor das
relações de poder na escola? Qual o papel da Educação diante disto? Para onde a
Educação conduz? (CALDAS, 2006, p. 82-83)
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABICAIL, Carlos Augusto. Direitos humanos e cidadania: a educação como campo de
conflito. Rev. Bras. Educ. [online]. 2002, n.19, pp. 138-147. ISSN 1413-2478
AZEVEDO, Leny Cristina S. S. e PINHEIRO, Ana Regina. Criação da escola de formação
de professores: imprensa e afirmação de uma cultura escolar (Campinas, 19011903). Cad. CEDES [online]. 2011, vol.31, n.83, pp. 17-33. ISSN 0101-3262.
BASTOS, Maria Helena Camara. A imprensa de educação e de ensino: repertórios
analíticos. O exemplo da França. Rev. Bras. Educ. [online]. 2007, vol.12, n.34, pp. 166-168.
ISSN 1413-2478.
BARREYRO, Gladys Beatriz. De exames, rankings e mídia. Avaliação (Campinas) [online].
2008, vol.13, n.3, pp. 863-868. ISSN 1414-4077
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