Atividades Práticas em
Leitura e Escrita
Andréa Carla Machado
Elaine Cristina dos Santos
©2015 Andréa Carla Machado; Elaine Cristina dos Santos
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M1802 Machado, Andréa Carla; Santos, Elaine Cristina dos
Atividades Práticas em Leitura e Escrita/Andréa Carla Machado;
Elaine Cristina dos Santos. Jundiaí, Paco Editorial: 2015.
120 p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-462-0031-3
1. Alfabetização 2. Ensino e Aprendizagem 3. Leitura 4. Escrita.
I. Machado, Andréa Carla. II. Santos, Elaine Cristina dos
CDD: 370
Índices para catálogo sistemático:
Alfabetização
Ensino
Leitura
372.41
371.102
372.4
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
Sumário
Identificação das letras e reconhecimento do alfabeto
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Atividades de consciência fonológica
49
Rimas
51
Aliteração
67
Segmentação de sílaba
85
Referências bibliográficas
107
Figuras
109
Nomes das figuras em ordem alfabética
115
Apresentação
As dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita podem ser consideradas como formas do fracasso escolar. E, nas
últimas décadas, há uma demanda crescente relacionada ao
fracasso das crianças das séries inicias na aquisição da leitura
e da escrita.
Várias são as causas que interferem na aprendizagem
dos alunos: fatores extra e intraescolares. Mas não se pode
desconsiderar que o fracasso escolar pode ser entendido como
um fracasso da escola, quando ela não sabe lidar com a diversidade dos seus alunos; daí a importância do professor ou
do psicopedagogo atentar para as diferentes formas de ensinar,
para as muitas formas de aprender de seus alunos.
A escola brasileira vem percebendo a necessidade de se
aperfeiçoar na tarefa de alfabetizar, não sendo apenas tarefa
dos professores das primeiras séries, pois a alfabetização é um
processo de aprendizagem que dura e se aperfeiçoa ao longo
de toda a vida. Alfabetizar é um processo em que a pessoa se
torna capaz de decodificar uma mensagem escrita, sendo capaz também de codificar algo falado tornando-os numa escrita. Assim, a leitura parte da informação visual ao som (decodificação), já na escrita os segmentos fonológicos são associados
a letras (codificação).
Este livro focaliza o ensino e aprendizagem da leitura e da
escrita e adota como teoria de base a psicologia cognitiva. A
psicologia cognitiva é a vertente da psicologia que salienta a
importância das cognições como reguladoras do comportamento humano. As cognições são todas as formas de conhecimento, ou seja, englobam o pensamento, o raciocínio, a
compreensão, a imaginação e, por exemplo, o julgamento. É
um campo da psicologia que estuda como a pessoa constrói e
estrutura suas percepções, seus comportamentos, suas ações,
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Andréa Carla Machado | Elaine Cristina dos Santos
suas ações, suas visões de mundo a partir da realidade e das
influências do seu meio.
Ela abrange como principais objetos de estudo a percepção, o pensamento e a memória, procurando explicar como
o ser humano percebe o mundo e como se utiliza do conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas como:
falar, raciocinar, resolver situações-problema, memorizar,
ler, entre outras.
De acordo com Stenberg1 (2000, p. 22) a psicologia cognitiva “[...] trata do modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação”. A psicologia
cognitiva se relaciona ao estudo do conhecimento e, consequentemente, envolve a investigação de tópicos relevantes à
educação, tais como: aprendizagem, pensamento, raciocínio,
formação de conceitos, memória, inteligência etc.
O interesse da psicologia cognitiva recai sobre a natureza
do conhecimento, sobre as estruturas e processos pelos quais
este é adquirido e a maneira como se desenvolve. Tomando
como exemplo hipotético o caso de uma criança que apresenta
dificuldades de aprendizagem, na visão da psicologia cognitiva, estas dificuldades poderão ser atribuídas aprioristicamente
a problemas no âmbito do desenvolvimento cognitivo.
Um dos principais representantes desta linha é Jean Piaget que não elaborou uma teoria da aprendizagem, mas sim
uma teoria do desenvolvimento mental. O conceito de estrutura cognitiva é central para a teoria de Piaget. Estruturas
cognitivas são padrões de ação física e mental subjacentes a
atos específicos de inteligência e correspondem a estágios do
desenvolvimento infantil. As estruturas cognitivas mudam
através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em
1 Sternberg, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
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Atividades Práticas em Leitura e Escrita
termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a
acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para
compreender o meio. O desenvolvimento cognitivo consiste
de um esforço constante para se adaptar ao meio em termos
de assimilação e acomodação.
O desenvolvimento cognitivo tem como facilitador atividades ou situações que envolvam os aprendizes e que requeiram sua adaptação. Os materiais de aprendizado e atividades
devem envolver um nível apropriado de operações motoras ou
mentais para uma criança de uma dada idade. É preciso evitar
que os aprendizes realizem tarefas que estejam além de suas
capacidades cognitivas atuais.
Vale ressaltar que não se pode negar a inestimável contribuição e influência da teoria piagetiana na psicologia cognitiva, mas
nem todo psicólogo cognitivo é necessariamente piagetiano2.
Este livro é constituído de duas partes: uma primeira, formada por atividades relacionadas ao reconhecimento do alfabeto e identificação de letra; e uma segunda parte, constituída
de atividades vinculadas à consciência fonológica. A consciência fonológica é a habilidade de analisar, minuciosamente, os
elementos que compõem uma palavra, isto é, a capacidade de
segmentar de modo consciente as palavras em suas menores
unidades, em sílabas e em fonemas. A consciência fonológica decorre das diferentes formas linguísticas a que a criança é
exposta dentro de sua cultura, dentre elas, as músicas, as cantigas de roda, as poesias, as parlendas, os jogos orais, e a fala,
propriamente dita.
Para a maioria dos autores da área, a consciência fonológica é uma competência que, muitas vezes, necessita ser desenvolvida na criança. Para tal, o livro apresenta várias atividades
envolvendo rima, aliteração, segmentação silábica, manipula2 Spinillo, Alina Galvão; Roazzi, Antônio. A atuação do psicólogo na
área cognitiva: reflexões e questionamentos. Psicol. cienc. prof. [online].
1989, vol.9, n.3, pp. 20-25. ISSN 1414-9893.
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ção e transposição fonêmica e silábica. Neste sentido, a grande contribuição deste livro, “Atividades Práticas em leitura e
escrita”, é favorecer a busca de professores e de psicopedagogos por um material objetivo e aplicável ao desenvolvimento
e estruturação de atividades práticas em leitura e escrita pela
dificuldade que têm, atualmente, de terem acesso a este tipo
de material.
Prof.ª Maria Christina Justo
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
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Introdução
Este livro traz em seu cerne demandas importantes para
ensino da leitura e da escrita. Têm o intuito de apresentar
como aplicar de forma simples e clara, em sala de aula ou em
contexto clínico, importantes estratégias de leitura e escrita já
disseminadas em pesquisas científicas.
O conteúdo presente talvez não seja novo para o leitor, mas
a forma de apresentação com atividades práticas e sua relação
com áreas implicadas na aprendizagem, como por exemplo, a
neuropsicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia, configura
este livro como uma ferramenta a mais para auxiliar o profissional que lida com as questões do ensino e da aprendizagem,
especificamente, da leitura e da escrita.
A ideia de construir um material objetivo e aplicável no
contexto educacional partiu da necessidade prática vivenciada pelas autoras, pois ambas verificaram a pequena quantidade de materiais direcionados às crianças que apresentam
problemas no início da aprendizagem da leitura e da escrita,
e também conferiram uma demanda significativa que necessita de apoio quando o assunto é estruturar atividades práticas relacionadas a esses eventos, o profissional da educação,
esteja ele no contexto escolar ou clínico. Assim, surgiu: Atividades Práticas em Leitura e Escrita.
Portanto, com finalidade de apoio e direcionamento para
o ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, o livro cumpre
apresentar duas partes, as quais estão divididas em: I) atividades relacionadas ao reconhecimento do alfabeto e identificação de letra; e II) atividades vinculadas à consciência fonológicas, apresentando várias tarefas com rima, aliteração,
segmentação silábica, manipulação e transposição fonêmica
e silábica. Finalmente, também se apresenta no escopo dessa
obra o interesse de um segundo volume, pois outras tarefas
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Andréa Carla Machado | Elaine Cristina dos Santos
são igualmente importantes para o entendimento dos processos da leitura e, consequentemente, da escrita.
As divisões construídas não são aleatórias, mas seguem
uma linha de raciocínio desenhada pelas pesquisas científicas
já realizadas. Por conseguinte, serão apresentados alguns estudos que auxiliarão no entendimento da aplicação das atividades aqui propostas.
Nas últimas décadas há uma demanda crescente relacionada
ao fracasso das crianças das séries inicias frente à aquisição da
leitura e da escrita (Capovilla; Valle; Capovilla, 2011). Há algumas variáveis envolvidas nessas aquisições, mas singularmente
trataremos aqui o fator relacionado ao entendimento do sistema alfabético, ou seja, a compreensão tanto daquele que ensina,
bem como do que aprende, pois os eventos da leitura e da escrita
são mediados por relações grafononêmicas e fonografêmicas essenciais para que o leitor possa se tornar competente.
Nessa perspectiva, muitos estudos têm sido realizados
sobre a aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita,
como é o caso de Salles (2006), Picollo et. al. (2013), Fukuda
e Capellini (2011), Silva et. al, (2012), Andrade, Andrade e
Capellini (2013) os quais adotam como teoria de base da Psicologia Cognitiva.
Segundo Salles (2008), os processos envolvidos na compreensão (leitura) e na produção (escrita) da linguagem escrita são estudados separadamente na Psicologia Cognitiva, pois
envolvem processos cognitivos distintos. A leitura parte da informação visual ao som (decodificação), enquanto na escrita
os segmentos fonológicos são associados a letras (codificação).
Assim, esses eventos são complexos, compostos por múltiplos processos interdependentes, dos quais seriam: o reconhecimento de letras, palavras até a compreensão da mensagem escrita.
Os processos mentais que permitem ao leitor identificar,
compreender e pronunciar palavras escritas são explicados
por meio de modelos que enfatizam a estrutura cognitiva en10
Atividades Práticas em Leitura e Escrita
volvida no reconhecimento de palavras e as interconexões dessa
estrutura (Salles, 2002). Assim, a leitura em voz alta de um sistema de escrita alfabético pode ocorrer, pelo menos, de duas maneiras: por meio de um processo visual direto (Rota Lexical) ou
através de um processo envolvendo mediação fonológica (Rota
Fonológica). Esse é o modelo da dupla-rota (Ellis, 1995), ao qual
enfatiza que ambas rotas de leitura iniciam com o sistema de
análise visual, que tem as funções de identificar as letras do alfabeto, a posição de cada letra na palavra, e agrupá-las.
Para isso, a literatura sugere uma relação entre automatismo (precisão e rapidez) na identificação da letra, no reconhecimento de palavras e compreensão de leitura (Morais, 1996,
Capellini; Lanza, 2010). Quanto mais rápida for a identificação
de cada palavra, maior a capacidade da memória de trabalho
operacionalizar e fazer análise sintática, de integração semântica dos constituintes da frase e de integração das frases na organização textual, processos importantes para a etapa final, a
compreensão da leitura.
Nessa direção, conforme Vellutino et al. (2006), a leitura apresenta inter-relações com diversas habilidades, como
por exemplo, conhecimentos sublexicais, o quais abrangem a
consciência fonológica. A consciência fonológica é a habilidade de analisar, minuciosamente, os elementos que compõem
uma palavra, ou seja, prestar a atenção consciente aos sons
constituintes de uma palavra tendo a capacidade de manipular
segmentos fonológicos.
A consciência fonológica é uma competência que muitas
vezes necessita ser ensinada. Deve-se auxiliar o aprendiz a verificar esses possíveis pedaços que compõem a palavra. Essa
análise pode ser por meio de tarefas de rima, aliteração, segmentação de palavras, manipulação e transposição, as quais
significam perceber sons semelhantes no final, no início, conseguir separar e analisar uma palavra, ser capaz de adicionar,
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subtrair sons e sílabas e transpor componentes fonológicos e
silábicos de uma palavra, respectivamente.
Assim, partindo da premissa que a leitura e a escrita são
compostas por elementos que se inter-relacionam e necessitam
de análises auditivas e visuais, como exposto anteriormente, se
desenha a proposta desse livro, oferecer ao leitor, profissional
do contexto escolar e/ou clínico, atividades que possam iluminar a prática garantindo o entendimento dos processos que
envolvem os eventos aqui tratados.
Finalizando, como mencionado, o conteúdo aqui desenvolvido abarca a identificação de letra e reconhecimento do
alfabeto, bem como tarefas relacionadas à consciência fonológica, deixando para um segundo momento as outras habilidades envolvidas no desenvolvimento da leitura e da escrita,
como tarefas referentes a vocabulário, fluência e compreensão.
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Guia ao Leitor
Quando pensamos em estruturar um livro com atividades
práticas na área pedagógica um único intuito prevaleceu, facilitar o processo de ensino (por parte do profissional clínico ou
institucional) e da aprendizagem (que envolve a criança).
Diante desse olhar procuramos estruturar as atividades as
quais fossem organizadas visando não truncar o processo do
aprender, pois assim facilitaríamos a estruturação do conhecimento do mecanismos gerativos do sistema alfabético.
Assim, as atividades iniciais têm o objetivo de proporcionar o reconhecimento de cada uma das letras do alfabeto e
seus traçados (letra palito/bastão), bem como sequenciá-las de
acordo com a ordem.
Enfatizando a importância da consciência fonológica durante o aprendizado acadêmico da criança, não poderíamos
deixar de organizar atividades específicas. Sendo assim, as tarefas seguintes (atividades de consciência fonológica) foram
articuladas, intencionalmente, sobre a oportunidade que a
própria consciência fonológica oferece, ou seja, oportunizam
combinações como: segmentar, manipular, rimar, aliterar,
transpor, omitir e adicionar sílabas e letras. Este material poderá auxiliar o professor em sala de aula, bem como profissionais envolvidos com o ato do aprender, pois cada estratégia é
de fácil aplicação e foi elaborada de modo a intervir nas dificuldades que, por ventura, possam aparecer. Porém, crianças
nos anos iniciais do ensino fundamental que não apresentam
dificuldades escolares também poderão usufruir das atividades, pois elas favorecerão a aquisição e o desenvolvimento dos
mecanismos envolvidos no processo da leitura e escrita.
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IDENTIFICAÇÃO DAS LETRAS E
RECONHECIMENTO DO ALFABETO
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