AVALIAÇÃO E IDEAIS DOS DOCENTES ACERCA DO
PAPEL DO GESTOR ESCOLAR: UM ESTUDO TEÓRICOPRÁTICO REALIZADO EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE
FORTALEZA.
Ana Carine dos Santos de Sousa1
Nayara Maria do Carmo Carvalho2
RESUMO
Os últimos estudos e pesquisas na área da gestão escolar apontam para um novo perfil
desse profissional que deve gerir uma instituição tão complexa e dinâmica como é a
escola. O gestor (diretor) não pode mais apenas preocupar-se com a parte burocrática,
participar de reuniões extra-escolares, assinar cheques e ser a figura autoritária da
escola, que mantém contato com o aluno, apenas quando vai lhe dar uma punição.
A busca insistente em promover a harmonia, o respeito, a colaboração e a motivação, ou
seja, as relações interpessoais, dos que fazem parte do ambiente escolar, devem ser o
foco do gestor escolar da atualidade. Assim, assegurando o sucesso escolar de gerações
de alunos. Este artigo é baseado em uma pesquisa realizada em duas escolas da
Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), de duas regionais distintas (III e V), vem
mostrar uma pequena parcela das práticas exercidas pelos gestores e os desejos e
conhecimentos dos professores acerca do papel e atuação destes no cotidiano de suas
escolas.
Palavras-chave: relações interpessoais, novo perfil, professores, gestor.
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará, estudante do curso de
pós-graduação em Gestão e Coordenação Escolar na Faculdade Sete de Setembro –
FA7. [email protected] 2
Graduada em Pedagogia pela Faculdade 7 de setembro, estudante do curso de pósgraduação em Gestão e Coordenação Escola pela FA7. [email protected] 1 INTRODUÇÃO
O presente artigo versa sobre uma pesquisa realizada com professores de duas
escolas públicas do município de Fortaleza a respeito de suas concepções acerca da
conduta que observam nos gestores educacionais, que “lideram” a escola em que
lecionam. Assim como, que atitudes, habilidades e competências esperam de um gestor
que leve a uma escola de qualidade, com todas as suas nuances: relações interpessoais
com pais, alunos, professores, funcionários; burocracias administrativas e financeiras;
rendimento escolar; formação dos professores; entre outras atribuições.
Tendo como ponto de partida e reflexão crítica as considerações descritas por
estes docentes, através de questionários, analisamos algumas de suas respostas, de
forma embasada em teóricos da atualidade que lidam com o novo perfil de gestor
escolar e o papel deste na escola e na sociedade. Gestores que devem compreender a
importância de suas funções e assumir o papel de verdadeiros “coach”, ou seja, de
profissional que se compromete a apoiar alguém com vista em melhorar seu
desempenho e promover seu desenvolvimento profissional e pessoal. (BENTON, 2000,
p.282).
OBJETIVOS
Dois objetivos iniciais foram traçados com está pesquisa, a partir da
necessidade dessas autoras em compreender, o que os professores do nosso município,
que lidam diretamente com os prazeres e dificuldades da escola pública, primeiro,
percebem das posturas de seus “líderes” gestores e, segundo, que condutas idealizam e
esperam de fato destes.
Mas, outros dois objetivos ainda maiores apareceram com a escrita deste
artigo: a divulgação dos resultados colhidos na amostra através de questionário, com a
colaboração dos professores pesquisados e, além disso, o de fomentar a reflexão-crítica
que pode vir a nascer nos profissionais e estudantes da área da educação, que lerem este
trabalho, a fim de transformar através da ação, de alguma forma, a gestão da escola
púbica, e assim, a qualidade na educação.
2 METODOLOGIA
Para compreender como o gestor de uma escola pode mudar uma instituição
de ensino e também como os professores percebem a atuação dos gestores dentro da
escola, aplicamos um pequeno questionário3 (anexo 1), sendo oito questões de múltipla
escolha e duas dissertativas, totalizando dez perguntas.
As indagações para estes profissionais, basicamente, eram sobre:
- O cargo que ocupavam na escola;
- O período que trabalham nesta escola;
- Se conhecem quem faz parte do núcleo gestor;
- Se gostariam que o núcleo gestor atual fosse renovado;
- Se conheciam a forma como o diretor da escola foi empossado;
- Se a direção colabora para a harmonia das relações interpessoais dentro da
escola;
- Se a direção realiza reuniões e com que periodicidade;
- Que funções os professores atribuem aos gestores;
- Que nota de 0 a 10 os seus gestores merecem;
- Que atitudes desaprovam na conduta dos seus gestores.
É importante salientar que ao longo deste artigo, iremos discorrer,
principalmente, sobre as questões oito e dez citadas acima. As outras perguntas serviram
como informações para que o leitor compreenda o contexto, os ideais e os personagens
envolvidos nele.
A pesquisa foi realizada com onze professores (as) de duas escolas públicas:
uma de Educação Infantil (Infantil V) e Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) e outra
apenas de Ensino Fundamental I, situadas nas Regionais V e III, respectivamente, de
Fortaleza. Ambas as escolas estão localizadas em bairros da periferia da nossa cidade,
considerados violentos, pelas nossas observações e conversas informais.
Utilizamos o critério de aplicar o questionário apenas com os professores que
ocupam cargos efetivos, através de concurso público. Além disso, a maioria dos
professores (70%) está atuando em sala de aula a mais de cinco anos nas instituições
pesquisadas, ou seja, conhecem os profissionais que compõem o núcleo gestor, tendo
embasamento da realidade que vivenciam para responder às questões propostas.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Para entendermos, em síntese, sobre a gestão escolar, exploramos um pouco os
seus conceitos e sua história. O conceito de gestão escolar foi e é socialmente
construído a partir das ideologias e culturas vigentes de cada momento histórico-social.
Inicialmente, o primeiro trabalho publicado sobre a gestão escolar, foi em 1913
por Franklin Bobbit, que utilizou os princípios de Taylor, para definir a função do
diretor como um identificador e distribuidor das tarefas inerentes à organização escolar.
Nesse período o gestor é visto como alguém que comanda a escola e delega as funções
de cada profissional que fazem parte desta.
Posteriormente com a chegada da ditadura militar no Brasil, o diretor passou a
ter uma papel político, sendo designado pelas autoridades, tendo em vista que a escola
era um mero instrumento de manutenção do estado e tudo teria que ser supervisionado
de maneira que estivesse em ordem e conforme o planejado. Consequentemente os
gestores não eram escolhidos por competência, mas por afinidade política. Era na
verdade um fiscalizador, alguém que estava lá muito mais para punir do que para
contribuir. Foi dessa época, que até hoje trazemos marcas de uma gestão punitiva e
ameaçadora.
Em meados dos anos 90 a gestão escolar tornou-se um tema central na política
brasileira, tanto que é nesse período que ocorre a tramitação e aprovação da Lei das
Diretrizes e Bases Educacionais – LDB (9.394/96) que representa um grande avanço no
âmbito educacional.
A LDB artigo 3º aponta os princípios básicos para o ensino, destacandose os incisos VIII e IX:
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
No Brasil hoje, na maioria das escolas públicas, o cargo de diretor escolar é
considerado de confiança, ou seja, quase nenhum critério legalizado é estipulado. A
pessoa é escolhida por determinada autoridade, mas por questões políticas do que por
competência ou formação. Para termos uma idéia, a escolha desse profissional na
3
Questionário aplicado no mês de outubro de 2010. 4 Inglaterra, acontece da seguinte forma: o candidato precisa cursar um programa de
formação de cerca de um ano, passar por entrevista e provas oral e escrita. E
dependendo do perfil do gestor que se procura o mesmo também pode participar de
dinâmicas ou de análise de um projeto institucional.
Atualmente, no estado do Ceará os diretores são selecionados através de
processo seletivo e por análise de títulos. No município de Fortaleza, segundo nossas
pesquisas e relatos dos professores este cargo é ocupado, como na maioria dos outros
municípios cearenses, por indicação política.
Ou seja, as realidades pesquisadas nas escolas públicas da cidade de Fortaleza
demonstram uma enorme fragilidade e lacunas na formação, conduta e competência
técnica do profissional gestor escolas, que é o cargo base para o sucesso dos alunos, dos
docentes, da escola e da sociedade em geral. Uma das fragilidades segundo nossa
pesquisa é que a maioria dos gestores (diretores) que estão em efetivo exercício de suas
funções, ocupam este cargo através de “indicação” ou “apadrinhamento” político. Além
disso, alguns deles nunca tiveram a experiência de estar em sala de aula ou até mesmo
não tem uma capacitação acadêmica para essa função.
Carlos Roberto Cury, ex-dirigente do Conselho Nacional de Educação, em
entrevista a revista Nova Escola (2008: 51), discorre sobre a importância do gestor
escolar e a complexidade deste cargo na atualidade, principalmente o de escola pública:
O diretor tem que se qualificar. Não dá mais para usar só bom senso
ou lábia para chegar ao cargo. Hoje, espera-se que um gestor tenha
liderança para colocar em prática um projeto coletivo que leve bons
resultados por parte dos estudantes. Está é a primeira coisa: um
projeto pedagógico coletivo que ofereça qualidade ao ensino e à
aprendizagem. Ele precisa adquirir estratégias, habilidades e
competências para exercer a função.
A partir da pesquisa realizada, percebemos que a atuação de alguns gestores
nas escolas do município, é oposta ao que o cargo de gestão escolar moderno necessita.
Vejamos uma comparação bem lógica, é necessário refletir, o porquê do
sucesso dos alunos e das relações interpessoais existentes em algumas escolas. Esse
sucesso educacional, na maioria das vezes, deve-se a atuação e aos propósitos da gestão
dessas escolas. Pois, a partir das metas pedagógicas e sociais, das exigências, das
5 relações estabelecidas com a figura do diretor é que os professores, alunos, pais, têm o
direcionamento da postura que devem ter. E esses direcionamentos, ideais, intenções,
propostas, objetivos só podem ser feitos por alguém que tenha competência técnica,
pedagógica e gerencial para exercer essa posição na escola.
O ideal e necessário é que está função seja ocupada através de concurso ou
credenciamento de professores que já estejam na rede de ensino público, que tenham
formação no curso de Pedagogia e especialização nas áreas afins. Mesmo assim, só isso
não será garantia de sucesso, de um bom trabalho na escola com a comunidade de
alunos e pais e uma boa relação profissional com professores. Tem que haver,
primordialmente, engajamento social e vontade pedagógica e política para gerenciar as
relações humanas, para motivar professores e alunos, assim como, encorajar toda a
comunidade escolar a alcançar metas para alavancar a qualidade do ensino público.
Ter competência técnica é imprescindível ao gestor de uma instituição
escolar, mas isso só não basta. A competência para gerir o potencial
humano é o que vai, de fato, agregar valor e conferir diferencial à
organização escolar. Um grupo motivado, com a auto-estima em bom
estado é capaz de enfrentar situações difíceis, administrar conflitos
complexos e ainda encontrar soluções criativas para resolver
problemas do cotidiano, envidando os melhores e maiores esforços
4
para o alcance de metas. (SILVA, 2008) .
A capacidade de saber dialogar, conhecer, compreender e colaborar com os
diferentes indivíduos que atuam direta e indiretamente dentro da escola, é algo que deve
ser priorizado por qualquer gestor escolar da atualidade. Assim, as relações afetivas
estabelecidas dentro deste ambiente serão garantia do sucesso ou fracasso das ações
realizadas pelos diferentes personagens existentes neste meio.
Os gestores (diretor e vice-diretor) são os maestros dessa sinfonia pedagógica
que é a escola e das relações interpessoais que acontecem nela. Eles são os líderes e
acreditamos que os principais responsáveis pelos fracassos ou sucessos que
acontecerem neste âmbito.
4
Disponível em: http://sites.google.com/site/agestaoeducacional/papel. 6 Através de suas intenções sociais, pedagógicas e políticas, estes profissionais
atuam dentro da escola colaborando ou não para o desenvolvimento de professores,
alunos e outros funcionários, e, assim, com a comunidade e a sociedade.
Para que os profissionais atuantes na gestão da escola pública realizem uma
educação de qualidade para os seus educandos, é fundamental a autonomia escolar, que
nem sempre foi uma realidade brasileira. Essa praticamente não existiu durante, quase
todo, o século XX. Nesse período a escola ficou totalmente dependente e subordinada às
normas e deliberações do estado e do governo federal. Por exemplo, quando temos leis
federais para realidades específicas, isso compromete diretamente o processo
educacional e consequentemente os seus resultados.
Os primeiros passos para essa autonomia deu-se na aprovação da Lei das
Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) prevista na
constituição de 1988, onde o artigo 12, inciso I e II são claros: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do
seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
Nesse artigo notamos que à escola, e, por consequência a liderança do seu
gestor, é atribuída a função de elaborar a sua própria proposta pedagógica e colocá-la
em prática, de acordo com a especificidades dos seus alunos e da comunidade. Também
é delegada a ela, a administração funcional, material e financeira, o que possibilitou,
principalmente, a gestão escolar, condições de agir com eficiência e eficácia nas
adversidades cotidianas.
E ainda, a Lei de Diretrizes e Bases Educacionais, também nos trouxe outro
artigo que institui a autonomia da escola púbica, o artigo 15:
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de
educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as
normas gerais de direito financeiro público.
7 Nesse artigo notamos que a escola recebe a autonomia em três esferas, são elas:
administrativa para resolver desde os problemas corriqueiros até os mais complexos;
autonomia pedagógica para construir, adaptar e modificar, o projeto político pedagógico
à realidade local e as necessidades do aluno; autonomia financeira dispondo assim de
recursos para solucionar questões que precisam da aplicação imediata de verba, sem
passar por um processo burocrático e, que muitas vezes, acaba prejudicando o
andamento escolar.
Atualmente o gestor da escola municipal de Fortaleza tem diversos recursos
legais para administrar de forma autônoma e democrática a escola que dirigem, é claro
que com os limites impostos pela secretária municipal de educação e outros órgãos
vigentes. Esse “poder” foi concedido à gestão das escolas para que possam fazer o
melhor pela comunidade escolar.
Com seleção, formação adequada e contínua, competência, liderança, e,
principalmente, disposição para lhe dar com as dificuldades da rotina escolar e com o
contexto dos alunos, o gestor do nosso município pode e poderá alcançar avanços
significativos à tão sonhada e almejada qualidade educacional.
RESULTADOS
Só para relembrarmos os resultados aqui apresentados terão foco nas questões
oito e dez respondidas no questionário (anexo 1) aplicado com os professores
participantes da pesquisa. Além disso, devemos salientar que todas as falas que estão
presentes neste artigo destes docentes, foram oriundas de suas escritas e apenas
transcritas fielmente.

EXPECTATIVAS
DOS
PROFESSORES
QUANTO
AS
POSTURAS
E
COMPETÊNCIAS DE UM GESTOR ESCOLAR COMPETENTE.
Ao serem indagados sobre quais posturas um gestor escolar deve ter,
registrando pelo menos três destas atitudes, os professores revelaram que um gestor
líder deve:
8 - Realizar reuniões com certa frequência entre a comunidade escolar (pais,
alunos, funcionários) e o grupo docente (professores);
- Ter autonomia, ética e responsabilidade;
- Ter metas claras de trabalho;
- Preocupar-se com a estrutura humana e física da escola;
- Participar ativamente dos processos de aprendizagens dos alunos;
- Tentar dar um clima de harmonia e consenso entre os professores e a gestão;
- Estar o máximo possível presente na escola;
- Realizar avaliações do trabalho pedagógico;
- Saber dialogar com todos;
- Não relacionar questões profissionais com pessoais.
Acima listamos apenas as respostas mais frequentes dadas pelos educadores
para esta indagação. E a partir das escritas deles, algumas reflexões podem ser feitas por
nós. Compreendemos através das respostas dadas pelos professores pesquisados, o
mesmo desejo do mercado educacional e das teorias sobre gestão escolar da atualidade:
um novo perfil de gestor, que além de funções burocráticas e administrativas, preocupase principalmente com o desenvolvimento dos seus alunos no que se refere as suas
aprendizagens. Tendo como foco as relações interpessoais, afetivas, motivadoras,
estabelecidas dentro da escola, entre professores, núcleo gestor, funcionários, pais e
alunos.
 A CONDUTA DOS DIRETORES SEGUNDO A AVALIAÇÃO DOS DOCENTES:
Obtivemos as seguintes afirmações ao solicitarmos no mínimo três atitudes que
os professores desaprovam na prática e/ou conduta do(s) gestor (es) da sua escola:
- Atrasos diários e ausência da direção na escola (faltas constantes);
- Descompromisso com a aprendizagem dos alunos;
- Comunicação precária dos acontecimentos escolares;
- Falta de assistência e diálogo do grupo gestor com os professores;
- Falta de liderança e de autonomia;
- Desarmonia;
- Falta de planejamento e de metas;
- Fuga das responsabilidades;
9 - Conceder privilégios a alguns (que fingem não ver as posturas sem éticas) e
perseguir os que denunciam sua incompetência para o cargo ou que desejam dialogar;
Através das respostas dadas pelos pesquisados, observamos a desaprovação das
práticas adotadas pelos gestores ou parte deles no que se refere à liderança de um grupo
escolar. Em algumas citações percebemos o quanto alguns professores sentem-se
desvalorizados e sem o reconhecimento pelo trabalho que fazem por parte do núcleo
gestor. Sem nenhum acompanhamento pedagógico, inspirador, socializador e avaliativo
do seu papel dentro da escola. Dessa forma, em algumas escritas, percebemos um
sentimento de indignação e frustração como em: “Existe uma enorme falta de ética em
tudo”; “Eles (gestores) misturam conflitos profissionais com pessoais”; “Usam verbas
da escola para fazer festas pros profissionais dela”. Assim, a relação que deveria ser
gestor mais professor, torna-se gestor versus professor, em que o objetivo principal de
ambos, deveria ser a aprendizagem e o sucesso dos alunos, passa a ser apenas mais uma
reclamação dentre tantas outras já citadas.
Ao serem indagados se sabiam informar de que forma o diretor da escola que
trabalham foi emposado para o cargo que ocupa, tivemos as seguintes afirmações: 60%
afirmaram que foi através de indicação política e 40% que não sabem de que forma seus
diretores conseguiram este cargo. Ou seja, o professor que está em sala de aula
cotidianamente, na difícil e dinâmica rotina da escola, afirmou que não sabe como o seu
líder conquistou aquela função ou sabe, na maioria das vezes, que não foi através de
competência, credenciamento, votação ou concurso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concordamos que não será em um curto espaço de tempo que conseguiremos
mudar a realidade da gestão nas escolas públicas do nosso município.
Percebemos que mesmo com tantos cursos lançados no mercado para esse
público, tantas pesquisas e teorias, na prática, o gestor escolar (diretor) da rede
municipal de Fortaleza não ocupa o espaço pedagógico que lhe é destinado, o de gestor
de relações afetivas, profissionais, nem mesmo de um líder de um grupo de professores,
que unidos desejam obter uma mesma finalidade: melhorar o ensino, para garantir
aprendizagens aos seus educandos. O diretor é visto, na maioria das vezes, como um
“resolvedor” de problemas administrativos.
10 Dessa forma, para além de avaliar os gestores por meio da aprendizagem dos
alunos, dever-se-ia ter uma avaliação feita por seus pares, ou seja, pelos seus colegas
professores.
Não são todos os gestores que atuam desta forma equivocada. Há profissionais
que são éticos, comprometidos socialmente, competentes tecnicamente e que têm
inteligência emocional, autoconsciência e autodisciplina para desempenhar o papel de
líderes que lhes é confiado.
Para legitimar os gestores de nossas escolas, alguns caminhos podem ser
pensados como credenciamento, eleição ou através de uma seleção, que aconteça a
partir do perfil que se espera de um bom gestor. Além disso, para mudarmos a atual
forma de ingresso neste cargo, também se requer a consciência e a manifestação política
de toda a comunidade escolar, que é afetada diretamente pelo desempenho do
profissional gestor.
Nesse sentido, um grande passo vem sendo dado pelos professores da rede
municipal de fortaleza, que em sua última greve decretada em abril do presente ano,
exigiram em uma de suas reivindicações a eleição para diretor escolar. Com toda
certeza, essa não será a solução de todos os complexos problemas que envolvem a
educação pública brasileira, mas contribuirá para uma democratização concreta da
gestão nas escolas da nossa cidade.
REFERÊNCIAS
BENTON, Debra A. Faça o que eles fazem: técnicas de coaching para o
desenvolvimento profissional. São Paulo: Negócio, 2000.
CURY, C. R. J. Basta de papelório: entrevista. [agosto, 2008]. São Paulo: Revista
Nova Escola. Entrevista concedida à Thaís Gurgel.
SILVA, Maria Crivalero. A Construção da Auto-estima no Ambiente Escolar: o
papel
do
gestor.
2008.
Disponível
em: http://sites.google.com/site/agestaoeducacional/papel. Acesso em: 15 out. 2010.
FALSARELLA, Ana Maria. As origens da administração escolar. 2006. Disponível
em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=831. Acesso 14 de
maio. 2011.
11 PARO, Vitor Henrique. Diretor é um cargo de confiança, mas da comunidade.
Disponível
em:
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/diretor-cargo-
confianca-comunidade-423318.shtml. Acesso 14 de maio. 2011.
FREITAS, Dirce Nei Teixeira de. A gestão educacional na interseção das políticas
federal
e
municipal.
1998.
Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010225551998000200003.
Acesso
em
14
de
maio.2011.
12 ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
PARA A REALIZAÇÃO DE UM ARTIGO CIENTÍFICO DA DISCIPLINA:
GESTÃO DE PESSOAS E AS RELAÇÕES NA ESCOLA.
PÓS-GRADUAÇÃO – FACULDADE 7 DE SETEMBRO (FA7)
CURSO: GESTÃO E COORDENAÇÃO ESCOLAR
IMPORTANTE:
- NÃO É NECESSÁRIO COLOCAR O SEU NOME;
- POR FAVOR, NAS QUESTÕES DE MARCAR, COLOQUE APENAS UMA RESPOSTA;
- NAS QUESTÕES DISSERTATIVAS, TENTE NÃO DEIXÁ-LAS EM BRANCO;
- O NOME E O ENDEREÇO DESTA INSTITUIÇÃO PESQUISADA, NÃO SERÃO DIVULGADOS;
- OS NOMES DOS GESTORES TAMBÉM NÃO SERÃO CITADOS NO ARTIGO;
- APENAS A REGIONAL DA ESCOLA E QUE ELA FAZ PARTE DA PREFEITURA MUNICIPAL
DE FORTALEZA SERÃO INFORMADOS NO ARTIGO.
1.
QUAL O CARGO QUE VOCÊ EXERCE DENTRO DA ESCOLA?
PROFESSOR (A).
OUTROS.
2.
HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ TRABALHA NESSA FUNÇÃO?
1 A 2 ANOS.
2 A 5 ANOS.
ACIMA DE 5 ANOS.
3.
PARA VOCÊ, QUEM FAZ PARTE DO NÚCLEO GESTOR?
DIRETOR E PROFESSORES.
DIRETOR, VICE-DIRETOR E COORDENAÇÃO.
DIRETOR, SECRETÁRIA E VICE-DIRETOR.
4.
VOCÊ GOSTARIA QUE O NÚCLEO GESTOR DA SUA ESCOLA, OU PARTE DELE,
FOSSE RENOVADO?
SIM.
13 NÃO.
5.
VOCÊ SABE DE QUE FORMA O DIRETOR DA SUA ESCOLA FOI EMPOSADO PARA
ESTE CARGO?
SIM. COMO?__________________________________________________________
NÃO.
6.
A DIREÇÃO DESTA ESCOLA COLABORA PARA UM CLIMA DE HARMONIA E
RESPEITO ENTRE PAIS, FUNCIONÁRIOS, PROFESSORES E ALUNOS?
SIM.
NÃO.
7.
A DIREÇÃO REALIZA REUNIÕES ENTRE TODOS QUE FAZEM PARTE DA ESCOLA
PARA INCENTIVAR O DIÁLOGO E CONSEGUIR ESTRATÉGIAS, SOLUÇÕES E DESAFIOS,
VISANDO PRIORITARIAMENTE O SUCESSO ESCOLAR DOS ALUNOS?
SIM. QUANTAS POR ANO? ____________________________________.
NÃO.
8.
ESCREVA NO MÍNIMO 3 FUNÇÕES QUE VOCÊ ACHA QUE DEVAM SER
PRATICADAS PELOS GESTORES PARA UM BOM FUNCIONAMENTO DESTA COMUNUIDADE
ESCOLAR:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9.
QUE NOTAS VOCÊ DARIA PARA OS GESTORES DESTA ESCOLA?
0 A 4.
5 A 7.
8 A 10.
10.
ESCREVA NO MÍNIMO 3 ATITUDES QUE VOCÊ DESAPROVA NA PRÁTICA E
CONDUTA DO GESTOR ESCOLAR DESSA INSTITUIÇÃO:
14 ___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15 
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