Projeto “Porta de Sabores”
“ Toda pessoa tem direito a um nível de vida adequada, que lhe
assegure, assim como à sua família, a saúde e o bem-estar ,e, de
modo especial a alimentação, o vestuário, a habitação, a assistência
médica e os serviços sociais necessários”. (Declaração Universal
dos Direitos Humanos – Artigo 25).
A Cruz Vermelha Portuguesa, é uma instituição humanitária não governamental, de
carácter voluntário e de interesse público, que goza dos benefícios inerentes às instituições de
utilidade pública e instituições particulares de solidariedade social.
A CVP Trofa tem como missão actual, devidamente descrita no seu estatuto
patenteado no Decreto-Lei 281/2007, mais concretamente no artigo 5º “prestar assistência
humanitária e social, em especial aos mais vulneráveis, prevenindo e reparando o sofrimento e
contribuindo em defesa da vida, da saúde e da dignidade humana”. Almeja erradicar as
situações de exclusão social do concelho da Trofa, potenciando a equidade, igualdade de
oportunidades e o bem-estar comum.
De uma forma muito genérica as actividades que constituem o trabalho diário da CVP
Delegação da Trofa, são fundamentalmente:
Atendimento integrado “Loja Social”
Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC) e apoio alimentar de
emergência a agregados carenciados, devidamente identificados e encaminhados pela “Loja
Social”;
Projeto TER Prevenção para promoção de hábitos de vida saudáveis e prevenção das
toxicodependências;
Apoio em vestuário e calçado às famílias mais carenciadas, que angariamos através de
donativos da comunidade;
Ajudas técnicas;
Cursos EFA e de formação direcionada para públicos vulneráveis;
Toda a atuação é pautada para a diminuição das situações de fragilidade da
população trofense.
A CVP Delegação da Trofa não possui apoio da segurança social, mantendo a sua
atividade com o apoio dos sócios, mecenas, elementos da comunidade e empresas. Sendo por
isso muito difícil e uma aventura manter esta resposta.
Principais Objetivos do Projeto Porta de Sabores
A problemática de pessoas sem-abrigo, pessoas isoladas e em situação de exclusão
extrema no concelho da Trofa tem vindo aumentar, existindo uma ausência de respostas no
que concerne ao fornecimento de uma refeição quente. Esta afirmação encontra-se
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devidamente comprovada no Diagnóstico Social de 2007 e nas opiniões das
Técnicas de Intervenção Social, sendo esta necessidade cada vez mais notória.
Assim, com esta resposta desejamos diminuir as situações de carência e exclusão.
Este projeto já começa a ser uma resposta para diminuir as situações de exclusão que
actualmente verificamos estar em crescendo.
Visa colmatar as necessidades das pessoas em situação de exclusão extrema
garantindo:
- a alimentação à população carenciada através de uma refeição quente, 5 dias por
semana;
- assegurar uma dieta alimentar equilibrada, através de refeições com valor nutritivo
correcto;
- a promoção do empowerment dos utilizadores pela melhoria da sua alimentação e
consequentemente da sua qualidade de vida.
As acções propostas, além do seu carácter essencial de suprir as carências alimentares
e nutricionais apresentam ainda três princípios que o tornam inovador:
· educativo , em relação aos hábitos e práticas alimentares;
· organizativo, porque defende os direitos da cidadania;
·emancipativo, porque visa promover a autonomia e não a dependência dos
beneficiários.
Necessidades Identificadas
O distrito do Porto, e principalmente a região do Vale do Ave, onde o Concelho da
Trofa se insere, vive actualmente com graves problemas a nível social, uma vez que a taxa de
desemprego tem aumentado nos últimos anos, sendo das mais elevadas a nível nacional.
Estes constrangimentos originam a que os rendimentos e consequentemente o poder
de compra diminuam na sua generalidade, levando a que os níveis de exclusão se acentuem,
agravando os problemas de pobreza.
As principais problemáticas do distrito passam pela falta de rendimentos (comprovada
pelos elevados números de beneficiários de RSI); problemas de alcoolismo; problemas de
isolamento social graves; diminuição dos laços de vizinhança; falta de estruturas de apoio para
as problemáticas enunciadas.
Todos estes handicaps são agravados pela baixa escolaridade da população residente,
que na sua maioria tem o 1º ciclo de escolaridade.
Assim, e principalmente no nosso Concelho, esta resposta é fundamental, porque
permitirá atenuar muitos destes problemas, mas principalmente o da sobrevivência condigna.
A cozinha Comunitária prevê um atendimento diário com actividades voltadas para
resposta alimentar (almoço) a grupos vulneráveis à fome e sob carência nutricional onde, a
partir de uma ementa devidamente orientada por um nutricionista. Junto a esta acção, outras
políticas sociais serão articuladas, no sentido de garantir a atenção básica aos grupos
assistidos.
No Refeitório Social “Porta de Sabores” são desenvolvidas, periodicamente,
actividades formativas (palestras, capacitações, oficinas e cursos) sobre temas relacionados a
processamento, manipulação, aproveitamento de alimentos, assim como saúde, nutrição e
higiene pessoal de todos os utilizadores.
Esta estratégia, prevê ainda uma articulação com os sectores organizados das
comunidades envolvidas, até mesmo, no sentido de fortalecer as acções locais, garantindo a
sua legitimidade.
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Quantas Pessoas Serão Beneficiárias
Este projeto tem dois tipos de beneficiários, os beneficiários da alimentação
de forma directa, que se estima serem cerca de 40 diários, ou seja, cerca de 800 mensais.
Em 9 meses de funcionamento servimos 5061 refeições.
É de referir que este serviço fornece apenas o almoço, e complementa em regime de
take-away a refeição noturna.
Área Geográfica do Projecto
O projeto tem como área de intervenção o concelho da Trofa, mas poderá dar resposta
em situações pontuais e devidamente justificadas, aos concelhos limítrofes, nomeadamente
Sto. Tirso, VN Famalicão, Maia e Vila do Conde. Esta é uma resposta inovadora a nível
concelhio, que através do suprimento de uma necessidade básica almeja melhorar as
condições de cidadania da população.
É uma resposta de emergência para situações de ruptura aos mais diversos níveis para
a população.
Parcerias
O aproveitamento de todas as potencialidades que a comunidade possui, é em si
mesmo uma forma de planeamento e trabalho de parceria, dai a referência da necessidade
desta resposta no Plano de Desenvolvimento Social da Trofa.
Com a actual conjuntura económica tem vindo a notar-se um agravamento das
situações de pobreza e vulnerabilidade e foi por esse motivo que os parceiros sociais
diligenciaram no sentido de proporcionar à população alguma qualidade de vida, satisfazendo
as necessidades básicas.
Tentamos com este projeto potenciar os recursos existentes, criando uma estreita
ligação com todos aqueles que possam ser úteis para a promoção da melhoria das condições
comunitárias aos mais diversos níveis.
Assim, criaram-se sinergias espontâneas para que a mudança se concretize,
nomeadamente: com os serviços de acção social, saúde da Câmara Municipal da Trofa; Banco
Local de Voluntariado, com a “Loja Social”; empresas; Centro Saúde (…) conseguindo
aproveitar ao máximo tudo aquilo que a comunidade possui e que permitirá anular a
acumulação de handicaps dos utilizadores desta resposta.
Ao valorizarmos o aproveitamento pleno dos recursos e potencialidades locais
promovemos a capacidade local para o auto-desenvolvimento, colocando seus integrantes
como protagonistas, construindo o desenvolvimento de dentro para fora.
Resultados Previstos
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Como principais resultados tencionamos alcançar o fornecimento de uma
alimentação adequada aos grupos de desfavorecidos da comunidade que
actualmente estão desprotegidos e afastados destas respostas.
Formar a população trofense no que concerne a hábitos alimentares saudáveis.
Almejamos ainda, garantir, por um lado, a segurança alimentar da população e, por outro,
favorecer a criação de empregos e o escoamento da produção local.
Formação dos utilizadores a diversos níveis.
Criação de uma rede de apoio sustentável a nível alimentar.
Sistema de Monitorização / Avaliação do Projeto
O processo de avaliação do projeto é realizado de forma sistemática tendo como princípio a
melhoria da qualidade do atendimento.
A avaliação é realizada mensalmente, através dos seguintes procedimentos: encontros,
reuniões técnicas e entrevistas, inquéritos a utentes e colaboradores, ampliando-se deste
modo a participação das pessoas directas ou indirectamente envolvidas nas acções.
Os dados recolhidos e analisados servirão para a correcção de rumos e aperfeiçoamento das
acções propostas.
O acompanhamento será feito através de observação participante com a utilização de visitas,
reuniões técnicas, encontros de integração para relatos, troca de experiências e construção de
novos caminhos de auto-gestão. A observação participante constitui-se numa forma mais
efectiva de revisão e correcção imediata de possíveis desvios de rota de planeamento do
Projeto. Desta avaliação constante já surgiram novas parcerias e novas formas de actuação,
dado que a comunidade se encontra em constante mutação.
Realizaremos, também, uma avaliação de impacto como forma de avaliar as mudanças
decorrentes da nossa actuação, nomeadamente no que se refere ao público-alvo com base nos
seguintes indicadores:
· até que ponto o público beneficiário está a ser atingido pelo projecto e até que ponto a área
de actuação está a ser coberta;
· se os instrumentos planeados para a implementação são necessários, suficientes, idóneos e
eficazes;
· se a organização, nos seus aspectos internos, favorece ou dificulta o andamento do projecto;
· se os profissionais envolvidos na implementação possuem capacidades e atitudes que
favoreçam o desempenho das tarefas; se são capazes de aplicar seus conhecimentos e de
sistematizar a própria experiência, assim como de organizar o trabalho e solucionar problemas
concretos;
· até que ponto os resultados previstos estão sendo alcançados e se estes são pertinentes.
Da avaliação já realizada constatamos que não conseguimos cobrir uma área do concelho,
nomeadamente 6 das 8 freguesias existentes, e que a manutenção da resposta apenas com
voluntários para confeção das refeições não se torna sustentável, necessitando de uma pessoa
em part-time para preparar as mesmas e realizar planeamento adequado.
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