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Trabalho 1964 - 1/3
A INTERAÇÃO FAMILIAR NO COMBATE À DROGADIÇÃO DO
ADOLESCENTE
SANTOS, ANTONÍA ALIZANDRA GOMES DOS ¹.
BISPO, GLÁUCIA MARGARIDA BEZERRA ².
COSTA, MILENA SILVA ³.
SILVA, RAIMUNDA MAGALHÃES DA 4.
A adolescência é uma fase complexa do ser humano em que há transformações
biopsicossociais¹. O adolescente quando está inserido em um universo de ganhos
e perdas, seu comportamento pode oscilar conduzindo-o a atitudes não aceitáveis
pela sociedade e a família. A inclusão da família no tratamento de dependentes
químicos tem sido bastante estudada, no entanto, nas várias propostas, não
existe um consenso sobre o tipo de abordagem a ser utilizada. Dentro deste
contexto, três modelos teóricos têm-se sobressaído com relação a intervenções
familiares em dependência química: o modelo da doença familiar, o sistêmico e o
comportamental2. As abordagens que envolvem a unidade familiar têm como
principal função a reconstrução do vínculo emocional entre pais e filhos,
restabelecendo o canal de comunicação entre ambos. A tríade adolescentes –
famílias – drogas é complexa e bastante relevante para o desenvolvimento de
políticas públicas. A família como toda instituição social, apesar dos conflitos é a
única que engloba o indivíduo em toda a sua história de vida pessoal³. Mediante o
exposto, questiona-se, qual o papel da família na vida do adolescente drogadito?
O interesse pelo questionamento abordado surgiu através da observância e
constatação da carência de intervenções que atendessem a fase da
adolescência, bem como seu núcleo familiar, em relação à área de prevenção,
promoção e educação em saúde voltada para o problema das drogas, e pelo
relevante aumento da drogadição dos adolescentes na cidade de Crato–CE.
Objetivou compreender o papel da família no combate as drogas sob a ótica do
adolescente drogadito, nos moldes de uma pesquisa descritiva com uma
¹Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
² Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional
do Cariri – URCA.
³Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Mestrado em Saúde Coletiva – Universidade de Fortaleza - Unifor
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Trabalho 1964 - 2/3
abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto e
setembro de 2008, através de uma entrevista semi-estruturada. Participaram 10
adolescentes atendidos na Associação Cristãos Esperança e Vida, no município
de Crato-Ce, após assinatura dos pais/responsáveis do termo de consentimento.
Abordou-se durante o processo de entrevista: características da estrutura familiar,
relação com pais e familiares, fatores desencadeantes para o mundo das drogas,
situação de vida atual, perspectivas e planos. Os dados foram analisados com
referência a literatura pertinente. Os resultados apresentaram que todos os
participantes eram do sexo masculino, solteiros, faixa etária de 10 a 18 anos;
alfabetizados, porém, apenas três freqüentavam a escola regularmente por
estarem em tratamento na instituição de apoio a adolescentes drogaditos. Sobre o
quesito renda familiar, a maioria não a possui. Há uma estreita relação entre a
drogadição e o poder aquisitivo, já que se percebe que quanto menor é o poder
aquisitivo maior será o grau de marginalização, pois a drogadição nestes casos
gera outros agravantes como violência e roubos. Quando questionados sobre a
importância da família em sua vida os adolescentes entrevistados verbalizaram
seus sentimentos com respostas curtas, de maneira monossilábica. Dois dos dez
entrevistados possuem uma família tradicional composta por pai, mãe, irmãos; os
demais não têm, ou nunca tiveram convivência com a figura paterna, residem
apenas com a mãe e/ou com a avó. Relataram conflitos constantes na família por
motivo de vícios, dificuldades de relacionamento desencadeando nesses jovens
um sentimento de revolta, repressão, canalizando-os para a drogadição.
Atualmente, os participantes se encontram em tratamento e recebendo apoio
familiar. Quanto às perspectivas e planos, os jovens entrevistados têm sonhos,
expectativas para a vida nova que os espera após o seu tratamento; esperam
uma vida melhor, livre dos vícios, dos conflitos; e esperam da família acolhimento,
proteção e apoio para retomarem os estudos. Considera-se que a estrutura da
família se modifica quando um membro se torna um drogadito. Nesse contexto, é
relevante que haja uma aliança entre os profissionais de saúde, a escola e a
família para que juntos possam transformar a realidade desses adolescentes.
¹Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
² Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional
do Cariri – URCA.
³Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Mestrado em Saúde Coletiva – Universidade de Fortaleza - Unifor
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Trabalho 1964 - 3/3
DESCRITORES: Família; Adolescente; Drogas
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CNDST/AIDS. Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de
Álcool e outras Drogas/Ministério da saúde. 2.ed. rev. ampl.– Brasília:Ministério da
Saúde, 2004.
2 . MINUCHIN, Salvador – Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1990. p. 25-69.
3. MATOS, M.T S, PINTO, F.J. M, JORGE, M.S.B. Grupo de Orientação Familiar
em dependência química: uma avaliação sob a percepção dos familiares
participantes. Revista Baiana de Saúde Pública, v.32, n. 01, p. 58-71,
jan/abr,2008.
¹Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
² Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional
do Cariri – URCA.
³Enfermeira. Mestranda em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Regional do
Cariri – URCA. [email protected]
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Mestrado em Saúde Coletiva – Universidade de Fortaleza - Unifor
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