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Opinião
Gerardo Saraiva de Menezes
Presidente do Conselho
Directivo da Região Norte
Parecer
Notícias
Destaque
A publicação desta edição da INFO coincide com a realização em
Bragança do Dia Nacional do Engenheiro 2005. É, pois, com muita
satisfação que, em nome da Região Norte da Ordem dos
Engenheiros, saúdo todos os participantes, em especial os Colegas
a quem são outorgados novos níveis de qualificação profissional.
Desejo que esta jornada seja um êxito e proporcione um bom
momento de convívio.
Vence-se por esta altura a primeira metade do mandato que
recebemos no início de Abril do ano passado, pelo que este Dia
Nacional surge num momento em que à OE se impõe uma reflexão
séria sobre:
– a necessidade de melhorar a sua intervenção pública, tornando-a
mais consistente e eficiente, promovendo e batendo-se pelas
propostas que estuda e apresenta;
– si própria, sobre a sua estrutura e (principalmente) sobre a forma
como se organiza e funciona, de forma a garantir a qualidade,
profundidade e oportunidade da intervenção reclamada no ponto
anterior.
Perante a profusão da oferta de licenciaturas em Engenharia,
perante a existência de um enquadramento legal e regulamentar
disperso e não raras vezes contraditório ou, pelo menos,
incoerente, e perante a necessidade de satisfação de padrões de
qualidade mais elevados, é essencial a existência de uma Ordem
esclarecida, interventiva e coerente, capaz de mobilizar o que de
melhor tem entre os seus membros, para oferecer à sociedade
soluções qualificadas, ponderadas e eficientes.
Em Março deste ano a Assembleia de Representantes deliberou
abrir o processo de revisão de estatutos. Não sendo líquido que o
problema da OE seja só ou sequer fundamentalmente de natureza
estatutária, este será, porém, o momento apropriado para que
todos nos envolvamos na reflexão sobre o presente para melhor
projectar o futuro.
Da participação interessada de todos vai depender a qualidade da
solução final. Todos somos chamados a contribuir para um debate
que se quer profícuo e esclarecedor.
Vida Associativa
Engenharia no mundo
Lazer
Agenda
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Ficha Técnica
Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.
Director: Luís Ramos ([email protected].).
Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, Fernando
Almeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, Joaquim
Ferreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Campos
de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António Fontainhas
Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins,
Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, António
Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.
Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques, Natércia Ribeiro e Sónia Resende.
Paginação: Paulo Raimundo.
Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi.
Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.
www.quidnovi.pt. [email protected]
Publicação trimestral: Out/Nov/Dez – n.º 6/2005. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12
500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.
Contactos Ordem dos Engenheiros – Região Norte
Jorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região Norte
Sede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto.
Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.pt
Delegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga.
Tel. 253269080. Fax. 253269114.
Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas
– 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.
Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1
– 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.
Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir.
– 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.
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OPINIÃO
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Teresa Ponce de Leão, vice-presidente do INETI
e tesoureira do Conselho Directivo Regional da Ordem dos Engenheiros – Região Norte
O Mercado Ibérico
da Electricidade
Com tantos avanços e recuos por parte dos governos dos
países que ocupam a Península Ibérica e numa altura em
que esta não é a discussão do momento será a altura para
fazermos uma revisão do estado onde nos encontramos
relativamente ao tão falado Mercado Ibérico da Electricidade
(MIBEL).
Neste momento ainda não é conhecido o modelo que vai
estabelecer as regras do MIBEL. Regras relativamente às
quais há definições gerais não sendo ainda possível uma
descrição detalhada para o que faltam definições políticas.
Tecnicamente falando, o modelo de gestão definido para o
MIBEL assenta na existência em dois pólos:
O Operador de Mercado Ibérico (OMI) destinado a fazer a
gestão do mercado diário, a funcionar em Madrid;
O Operador de Mercado Ibérico a Prazo (OMIP) para gestão
do mercado de produtos a prazo, a funcionar em Lisboa.
Neste modelo irão coexistir vários agentes a maioria dos
quais já realidade nos dois países: os produtores, os
comercializadores, os distribuidores regulados (que irão
assegurar o fornecimento de energia aos consumidores que
não optem por adquirir a energia no mercado livre). Os
consumidores que optem por adquirir a energia no mercado
livre terão que o fazer através dos agentes
comercializadores.
Para este efeito a Rede Eléctrica Nacional (REN) irá
renunciar à sua posição monopolista de comprador único e
de intermediário de toda a produção eléctrica de Portugal
para que os produtores de electricidade independentes
possam oferecer o seu produto no mercado livre. Os
produtores deverão fazer ofertas de produção para as 24
horas seguintes e os distribuidores regulados e os
comercializadores ofertas de aquisição para o mesmo
período. O ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura
corresponde ao preço de fecho do mercado diário.
Os consumidores que optem pela aquisição da energia no
mercado livre podem beneficiar de preços mais baixos do
que aqueles praticados pelo distribuidor regulado, em
função das condições contratuais que vierem a estabelecer
com o comercializador. Haverá assim uma maior pressão
sobre a formação dos preços de energia, devido à
concorrência entre as diversas empresas de distribuição de
energia livres.
A partir do momento em que são publicadas as quantidades
de energia atribuídas pelo OMI a cada produtor, para cada
posto horário do dia seguinte, este procede à optimização
do seu portefólio de produção para este período.
Os comercializadores e os distribuidores regulados podem
ainda vir a adquirir energia associada a produtos a prazo
através do OMIP. Não estão, contudo, ainda definidos os
produtos que estarão disponíveis nesta plataforma de
negociação.
Actualmente, apenas os clientes de baixa tensão não são
ainda livres de escolher o seu fornecedor.
Para a concretização do MIBEL os Contratos de Aquisição de
Energia (CAE), que garantem o preço de compra da energia
aos produtores, devem ser extintos. Este processo, em
curso, ainda não foi concluído. A extinção destes contratos
exige mecanismos de compensação que assegurem às
empresas de produção que não haverá quebras nas
expectativas de ganhos, relativamente ao definido nos CAE.
Os mecanismos de compensação semelhantes aos
adoptados em Espanha necessitam de aprovação
Comunitária.
Competirá aos gestores do sistema, REN e REE, verificar da
viabilidade técnica do programa de produção para assegurar
o mercado diário, gerir os mercados de serviços auxiliares de
sistema em cada área de controlo e gerir eventuais
congestionamentos das interligações, cujos mecanismos de
gestão ainda não estão definidos. Compete-lhes ainda o
reforço da capacidade de interligação, que se espera venha a
ocorrer nos próximos anos.
O acompanhamento do funcionamento do MIBEL será
assegurado por um Conselho Ibérico de Regulação, que
integra representantes das autoridades de regulação dos
dois países.
A grande maioria das empresas de produção de energia
eléctrica actualmente instaladas na Península Ibérica goza de
uma protecção das suas receitas. Em Espanha, a protecção é
dada, nomeadamente pelos “Costes de Transición a la
Competencia (CTC)”, a recuperar em 2010. Em Portugal,
cada central eléctrica vinculada dispõe de um contrato de
venda exclusiva para abastecimento do Sistema Eléctrico de
Serviço Público, variando a duração do contrato tempo de
vida da central.
A rede de transporte espanhola engloba os equipamentos de
400 kV e 220 kV, pertencendo a várias empresas mas sendo
maioritariamente propriedade da REE, que é o único
operador de sistema. A de transporte portuguesa engloba os
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OPINIÃO
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OPINIÃO
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equipamentos de 400 kV, 220 kV e 150 kV, pertencendo à
REN que é também o único operador de sistema. REE e REN
têm estruturas accionistas diversificadas, ambas no entanto
com participação pública (maioritária no caso da REN).
A interligação entre Espanha e Portugal realiza-se através de
duas linhas de 400 kV e três linhas 220 kV, a que
corresponde uma capacidade térmica máxima de cerca de
3300 MW. O valor indicativo da capacidade disponível para
fins comerciais varia, de acordo com os operadores de
sistema, 550 MW (Verão, de Portugal para Espanha) e 850
MW (Inverno, de Espanha para Portugal). Os valores
registados durante o ano 2001 situaram-se entre 50 MW e
1500 MW.
A interligação entre Espanha e França realiza-se através de
duas linhas de 400 kV, duas linhas 220 kV, uma linha de 132
kV e uma de 110 kV.
O enquadramento legal e regulamentar do sector eléctrico
prevê, tanto em Espanha como em Portugal, a coexistência
de um regime de contratação bilateral livre com um mercado
organizado gerido em regime de exclusividade (pelo OMEL
em Espanha, pela REN – Gestor de Ofertas em Portugal).
No entanto, disposições legais e/ou regulamentares
acabaram por condicionar o desenvolvimento concreto do
mercado, privilegiando um regime em detrimento do outro:
em Espanha foi favorecido o mercado organizado, enquanto
em Portugal foi favorecida a contratação bilateral. É cada vez
mais evidente a necessidade de uma efectiva coexistência
das formas de contratação: organizada e bilateral.
Da análise sumária do sector eléctrico em Espanha e em
Portugal podem-se retirar as seguintes conclusões:
– Não há desequilíbrios estruturais, quer a nível individual
quer no conjunto dos dois sistemas. Apesar da diferença de
dimensão (cerca de 5 para 1), os dois sistemas apresentam
estruturas e trajectórias análogas, o que facilita a construção
do MIBEL.
– Verifica-se um crescimento muito elevado do consumo de
energia eléctrica e da ponta (potência máxima), o que obriga
a proceder a investimentos avultados em nova capacidade
de produção.
– Verifica-se um crescimento muito elevado do investimento
subsidiado – directa ou indirectamente – em nova
capacidade de produção de energia eléctrica a partir de
fontes de energia renováveis e de instalações de cogeração
(produção em regime especial).
– Verifica-se a necessidade de harmonizar as regras de
recuperação dos investimentos dos produtores em regime
ordinário (contratualizados através dos CAE), garantindo
que a recuperação dos custos de transição para o ambiente
de mercado não distorce a concorrência entre produtores
nem a formação dos preços de energia eléctrica no
mercado.
– Verifica-se uma praxis do sector empresarial na direcção da
liberização, antes mesmo da assinatura do protocolo,
através da aquisição de activos, do investimento em novas
centrais eléctricas, do comércio grossista transfronteiriço e
da venda a clientes finais em ambos os países.
– Há necessidade de acelerar a construção de novas linhas
de interligação e de reforçar as existentes, quer na fronteira
Espanha – Portugal, quer na fronteira Espanha – França. As
actuais capacidades de interligação são manifestamente
insuficientes ao desenvolvimento do MIBEL e ao mercado
interno de energia.
Pode-se afirmar que Espanha e Portugal anteciparam em
alguns anos a data prevista para a aplicação da directiva
96/92/CE, tendo igualmente aberto os respectivos mercados
eléctricos para além do limiar mínimo exigido. Espanha e
Portugal têm apoiado as propostas da Comissão Europeia
de Março de 2001, elaboradas na sequência do Conselho
Europeu de Lisboa 2000 e aprovadas no essencial pelo
Conselho Europeu de Barcelona de 2002, visando acelerar a
liberalização e a integração do mercado interno de
electricidade. Essas propostas contemplam os seguintes
pontos:
– Progressiva elegibilidade de todos os consumidores de
energia;
– Separação jurídica das actividades de transporte e de
distribuição das actividades de comercialização e de
produção de energia eléctrica;
– Transparência das tarifas de acesso e de uso de rede
aprovadas por entidades reguladoras independentes;
– Existência de capacidade de interligação correspondente a
pelo menos 10% da capacidade de produção instalada, até
2005.
Espanha e Portugal têm objectivos ambiciosos de promoção
da produção de energia eléctrica a partir de fontes
renováveis e de instalações de cogeração, assim como de
promoção da utilização eficiente da energia e da gestão da
procura. Tal como estabelecido no protocolo, importa que o
MIBEL seja plenamente compatível com a concretização
destes objectivos.
No âmbito das missões de interesse geral atribuídas ao
sector eléctrico em Espanha e em Portugal, a salvaguardar
no MIBEL, contam-se ainda a universalidade do serviço, a
uniformidade tarifária e a protecção de consumidores
vulneráveis.
A partir de 1 de Janeiro de 2003 a Península Ibérica passou a
constituir um mercado integrado de electricidade, integrada
no restante espaço da União Europeia através das
interligações entre Espanha e França. Esta realidade deverá
ser tida em conta, nomeadamente, no âmbito
dos mecanismos de comércio transfronteiriço de
electricidade e de tratamento de congestionamentos nas
interligações.
Tecnicamente pode-se afirmar que o grosso do trabalho está
feito, resta-nos aguardar por um entendimento ao nível das
políticas para que o MIBEL seja uma realidade.
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PARECER
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Conceito de pé-direito
Na sequência da interpelação de um município, o Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros – Região Norte
homologou o seguinte parecer sobre o conceito de pé-direito, preparado conjuntamente pelo Conselho Regional do
Colégio de Engenharia Civil e pela Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos
Em concreto as questões colocadas foram as seguintes:
“No licenciamento de estabelecimentos comerciais, escritórios e serviços, os técnicos deparam-se com diversas
interpretações dadas nos pareceres emitidos pelas entidades intervenientes no processo (…), referenciando algumas das
condições de edificabilidade, nomeadamente o “pé-direito”. Advém daí a necessidade premente de um esclarecimento
ou parecer das Ordens Profissionais sobre o que significa “pé-direito” e as suas relações com a actual legislação”:
1ª “se [pé-direito] é a distância entre elementos estruturais resistentes (lajes) desde a cota do pavimento até à parte
inferior da laje superior (tecto)”?;
2ª “se [pé-direito] é a distância entre os elementos resistentes (lajes) desde a cota do pavimento inferior até à cota do
pavimento superior”?;
3ª “como considerar pé-direito para efeito de cércea”?;
4ª “o que se entende por pé-direito quando existe um tecto falso intermédio, será que se aplica a alínea c) do art. 4º do
D.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto, ou será necessário que o referido tecto intermédio seja perfurado e não opaco”?;
5ª “dada a obrigatoriedade de aplicação de isolamento acústico de acordo com a Portaria n.º 1110/01, de 19 de Setembro
e legislação aplicável D.L. n.º 292/00, de 14 de Novembro, D.L. n.º 76/02, de 26 de Março , e D.L. n.º 129/02, de 11 de
Maio, quando os edifícios existentes foram construídos com cotas de projecto de 3,00 m de pé-direito qual a solução a
adoptar para dar cumprimento ao D.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto”?;
6ª “qual a relação entre o pé-direito livre e o caudal de ar fresco e puro, ou seja a qualidade do ar”?;
7ª “de acordo com a alínea c) do art. 4º do D.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto, o que se entende por edifício adaptado”?;
8ª “de acordo com o n.º 3 do art. 49º do D.L. n.º 168/97 de 4 de Julho, alterado pelo D.L. n.º 57/02 de 11 de Março, o que
pretende o legislador quando se refere «a quando por razões de ordem arquitectónica ou técnica, não possam ser
integralmente cumpridos os requisitos exigíveis para o tipo de estabelecimento em causa, deve o seu titular propor
soluções alternativas, as quais serão apreciadas pela Câmara Municipal...»”?;
9ª “será que existem acórdãos sobre esta matéria e, se existirem, qual será a sua validade?”
Parecer
Nos últimos anos, a legislação aplicável à construção tem vindo a crescer exponencialmente em número e diversidade, o
que obriga a um grande esforço de harmonização para assegurar a sua completa integração. Infelizmente a
descoordenação é grande, começando pelo próprio léxico que é com frequência variável entre diplomas. Efectivamente
na legislação nacional só encontramos uma definição taxativa de pé-direito no Decreto-Lei n. º 40/90, de 6 de Fevereiro
(Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios). Aí vem estabelecido que pé-direito “é a
altura média entre o pavimento e o tecto de uma zona independente de um edifício, medida pelo interior”; sendo que no
RGEU, que deveria ser a legislação de referência para a construção, tal definição é omissa, estando referidos apenas dois
conceitos subjacentes:
• altura piso a piso – dimensão associada ao desnível existente entre dois pavimentos sucessivos, relativamente à qual é
estabelecido um mínimo para habitações e que inclui o pé-direito livre e a espessura do complexo que constitui o
pavimento;
• pé-direito livre – dimensão associada ao espaço livre entre o nível superior do pavimento e o nível inferior do tecto,
relativamente à qual são estabelecidos mínimos para algumas utilizações dos edifícios.
Salientamos que o valor da dimensão assumida pelo pé-direito tem sido evolutivo ao longo do tempo, quer por questões
ergonómicas, quer por alteração da noção de conforto dos espaços.
No que respeita ao conceito de pavimento ou tecto e em que medida a dimensão usada na definição de pé-direito é
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PARECER
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avaliada relativamente a elementos inamovíveis ou vazados, é nosso entendimento que, na perspectiva de
habitabilidade, o entendimento do RGEU é que o pé-direito livre corrente é entendido de facto como livre, ou seja,
medido do nível superior do pavimento (mesmo que este seja amovível ou falso no sentido estrutural), ao nível inferior
do tecto (seja este falso opaco, microperfurado ou grelhado). Esta interpretação parece-nos reforçada pelo facto de
frequentemente os tectos falsos servirem também para ocultar instalações, encontrando-se esse espaço entre o tecto
falso e o fundo do pavimento atravancado com “facilidades”, não parecendo verosímil que esse espaço possa ser
considerado em termos de pé-direito.
O RGEU define posteriormente as situações em que este limite pode ser desrespeitado, qual o mínimo absoluto
permitido nas tais zonas de pontos singulares e qual o peso relativo dessas zonas na área total de tecto.
Já no que respeita aos aspectos associados à renovação de ar e ventilação, é nosso entendimento que o espaço
compreendido entre o tecto falso e a face inferior da laje possa ser considerado em termos de volume de ar caso o tecto
falso seja vazado, permita a circulação de ar e não seja sobre-ocupado com equipamentos. Este princípio será
naturalmente generalizável às situações, menos vulgares, de pavimento falso grelhado.
O RGEU não estabelece tolerâncias associadas às dimensões mínimas, o que é coerente com a definição destas como
mínimas. É no entanto nosso entendimento que sendo a construção um processo industrializado está, como outras
actividades, sujeita a variações dimensionais relativamente às dimensões teóricas de fabrico, decorrentes quer dos erros
e da precisão possível de execução, quer das próprias variações dimensionais dos materiais constituintes.
Para além disso ao longo da vida dos edifícios, que se presume longa, há mudanças de materiais de acabamento,
deformações das estruturas e mesmo a necessidade de aplicar novos componentes para satisfazer de forma mais
adequada as novas funções e exigências aplicáveis à construção, como pode ser o caso do reforço do isolamento
acústico ou térmico, ou a inclusão de novas facilidades tecnológicas (redes, fluidos, etc.). Estes factos podem justificar
alguma tolerância na apreciação desses mínimos. Face ao que é o nosso conhecimento do processo construtivo parecenos que em obras novas se justificam tolerâncias mais ou menos generalizadas de cerca de 1% da dimensão em análise,
podendo muito pontualmente atingir cerca de 1,5%. Em trabalhos de adaptação ou reabilitação de construções existentes
esta tolerância deverá ser um pouco maior. O Decreto-Lei n. º 243/86 de 20 de Agosto (Regulamento de Higiene e
Segurança em Espaços de Trabalho) fixa uma tolerância de 10%, correspondendo esta, no nosso entendimento, a um
limite superior.
Por último, parece-nos dever ser sublinhado que um edifício, quando é concebido e construído, tem sempre subjacente
um programa que presume uma certa utilização, a qual condiciona as opções de projecto. Neste sentido, embora seja
aceitável que um edifício possa ser adaptável a outras utilizações, entendemos que mudanças importantes carecem
sempre de uma avaliação profunda e alargada da capacidade do edifício se adaptar às novas funções, numa perspectiva
do que são as exigências essenciais das construções.
Nesta conformidade, as respostas às questões colocadas são as seguintes:
Resposta à 1. ª e 2. ª questão:
Conforme mencionado nas definições acima referidas, o pé-direito deverá ser entendido não na óptica dos elementos
estruturais, mas sim na óptica dos elementos de revestimento finais. Entendendo-se, deste modo, que deverá ser
medido do nível superior do pavimento (mesmo que este seja amovível ou falso no sentido estrutural) ao nível inferior
do tecto (seja este falso opaco, microperfurado ou grelhado).
Esta interpretação parece-nos reforçada pelo facto de frequentemente os tectos falsos servirem também para ocultar
instalações, encontrando-se esse espaço entre o tecto falso e o fundo do pavimento atravancado com “facilidades”, não
parecendo verosímil que esse espaço possa ser considerado em termos de pé-direito.
Resposta à 3.ª questão:
Segundo o Glossário de Termos publicado pela CCRN, em 1998, a cércea volumétrica “é o espaço contido pelos planos
que não podem ser interceptados pela construção e que são definidos em estudo volumétrico.”, como tal, a definição de
cércea não tem qualquer ligação directa com definição de pé-direito.
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Resposta à 4.ª questão:
O mesmo que a resposta à 1. ª e 2. ª questão. Reforça-se a definição de pé-direito como sendo a medida livre do
revestimento do pavimento ao revestimento do tecto.
Resposta à 5.ª questão:
A resposta a esta questão não pode ser dada de forma descontextualizada, no entanto realça-se o disposto na alínea c),
do n. º 2, do art. º 4. º, do Decreto-Lei n. º 243/86 de 20 de Agosto, que admite “... nos edifícios adaptados, uma
tolerância até 2,70m”.
Resposta à 6. ª questão:
Antes de mais, destacamos que o Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto visa garantir condições de saúde aos
trabalhadores dos estabelecimentos comerciais, de escritório e serviços, fazendo cumprir o estabelecido nas convenções
da Organização Internacional do Trabalho, pelo que poderá não estar completamente articulado com a regulamentação
associada à construção.
No que respeita aos aspectos associados à renovação de ar e ventilação, é nosso entendimento, caso o tecto falso seja
vazado e permita a circulação de ar, que o espaço compreendido entre o tecto falso e a face inferior da laje estrutural
deve poder ser considerado em termos de volume de ar. Este princípio será naturalmente generalizável às situações,
menos vulgares, de pavimento falso grelhado.
Resposta à 7. ª questão:
Da análise do Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto, entendemos por edifício adaptado aquele que foi sujeito a
transformações de determinadas características e funções, visando a sua adequação a novos requisitos.
Resposta à 8. ª questão:
Embora desconheçamos a intenção do legislador, da leitura do Decreto-Lei n.º 168/97 de 4 de Julho, com as alterações
do Decreto-Lei n.º 57/2002 de 11 de Março, admitimos que o artigo tenha sido introduzido de modo a criar abertura a
situações excepcionais que possam surgir, às quais o regulamento não dê resposta, sendo que as soluções para essas
situações excepcionais devem ser propostas e devidamente fundamentadas pelos técnicos autores dos projectos e
apreciadas e aprovadas pela Câmara Municipal. Considera-se não caber num parecer desta natureza o elencar de
quaisquer situações onde estas questões possam ocorrer.
Resposta à 9. ª questão:
Não temos conhecimento de qualquer acórdão sobre esta matéria.
O Conselho Regional Norte do Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros, em Junho de 2005.
Homologado pelo Conselho Directivo da Região Norte em 16 de Junho de 2005.
Engenheiros sentados
com Arquitectos
Desde o início de 2005 que a Ordem dos Engenheiros – Região
Norte (OE) e a Secção Regional do Norte da Ordem dos
Arquitectos(OA) têm vindo a promover reuniões mensais para
debater questões profissionais e estratégicas de interesse
comum.
Conscientes de que o planeamento do território e a construção
requerem o empenhamento simultâneo dos profissionais da
Engenharia e da Arquitectura, ainda que com respeito pela
especificidade de cada uma das profissões, os dirigentes
regionais da OE e da OA pretendem contribuir, de forma
concertada, para a identificação e caracterização dos problemas
destes sectores de actividade e para a procura das melhores
soluções. Neste sentido, estão em preparação algumas
iniciativas conjuntas que a seu tempo serão devidamente
anunciadas.
Estes encontros têm-se mantido com regularidade, sendo o
parecer de que agora se dá público conhecimento o primeiro
dos resultados concretos desta parceria
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NOTÍCIAS
Engenheiros
comemoram inovação
e desenvolvimento
As comemorações do 30º aniversário
da Escola de Engenharia da
Universidade do Minho
estenderam-se pelos dias 6, 7 e 8 de
Outubro e tiveram como tema
“Inovação e Tecnologia para o
Desenvolvimento Económico
Sustentável”. O encontro, para além
contar com a presença de profissionais
do sector, foi assistido por estudantes,
arquitectos e jornalistas.
A Ordem dos Engenheiros – Região
Norte (OERN) também se associou
às comemorações, fazendo-se
representar pelo presidente do
Conselho Directivo da OERN, Gerardo
Saraiva de Menezes.
A celebração do aniversário da Escola
de Engenharia começou com uma
invocação à memória do professor
info
Joaquim José Barbosa Romero,
falecido recentemente, que foi
responsável pela fundação dessa
instituição de ensino e pela
introdução da oferta de formação
interdisciplinar em Engenharia.
Para assinalar esta data foram
desenvolvidas diversas actividades
integradas na “Semana da
Engenharia”, entre as quais a
apresentação de projectos IN2TEC –
projectos internos de investigação
tecnológica – que demonstraram as
capacidades da escola ao nível de
desenvolvimento de produtos.
Destaque para a conferência/debate
intitulada “Investigação e
Desenvolvimento Económico”, onde foi
usado o sistema de vídeo-conferência
através do qual Paulo Ferreira, da
Universidade do Texas (Unidade de
Missão para o Plano Tecnológico),
participou na sessão juntamente com
Jan Arnnersted, da Copenhagen
Business School, e Manuel Mota,
vice-reitor da universidade.
As comemorações prosseguiram no dia
7 de Outubro com visitas de escolas
secundárias aos
departamentos/laboratórios, com a
apresentação do site
Eng-Link e do Prémio Eng-Link, que
distinguiu trabalhos de alunos das
escolas secundárias. O último dia foi
reservado à promoção e interacção com
a envolvente económica e sociedade em
geral. Para tal foram apresentados
interfaces em construção e organizada
uma visita aos stands dos projectos
IN2TEC, bem como um jogo de futebol
disputado por robôs.
O 30º aniversário
da Escola
de Engenharia
da Universidade
do Minho
A celebração
do 30º
aniversário
da Escola
de Engenharia
da Universidade
do Minho
invocou a
memória do
professor
Joaquim José
Barbosa Romero e homenageou o
engenheiro Renato Morgado,
professor convidado equiparado a
professor catedrático do
Departamento de Electrónica
Industrial da Escola.
O professor Joaquim Romero foi
responsável pela fundação da Escola
de Engenharia e foi o conceptualizador
da introdução da oferta de formação
info
interdisciplinar em Engenharia,
original no país em 1976. Esta oferta
foi suportada pelo modelo singular da
universidade – o modelo matricial –
de que foi principal obreiro, e que
garante para a universidade na
actualidade uma acentuada economia
de recursos e a flexibilidade para
configurar, em tempo muito curto,
diferentes ofertas de formação,
agregando os recursos e
competências aos respectivos
projectos de ensino. Esta capacidade,
alicerçada por 30 anos de experiência,
é considerada natural na instituição,
mas é percebida como uma grande
vantagem quando se tem consciência
das dificuldades que a estrutura mais
ou menos estanque da organização
por faculdades tem que vencer para
atingir idêntico objectivo.
O engenheiro Renato Morgado constitui
referência para gerações de estudantes,
pela sua exigência no “aprender a
aprender”, pela sua atitude e exemplo. A
sua abertura de espírito e a sua filosofia
inquisitiva acompanhada do
pragmatismo de engenheiro, distinguemno, pelo que a escola o apontou como
referência de um engenheiro sempre
actual e inovador.
A Escola de Engenharia sublinhou desta
forma o “fio condutor” do seu percurso,
no qual sobressai a permanente
preocupação da qualidade em todas as
áreas de intervenção e a sua capacidade
de inovação, que lhe dão o estatuto de
Escola de Engenharia de referência.
As comemorações destacaram-se
também pelos temas tratados,
associados à investigação e
desenvolvimento tecnológico e
económico e às tecnologias emergentes,
bem como pela participação massiva de
alunos do ensino secundário,
assinalando o arranque do projecto EngLink.
Pela sua dimensão, pelo papel que
desenvolve junto do tecido empresarial
da região do Minho, e pelo grau da sua
internacionalização, a Escola de
Engenharia é um pilar fundamental para
a prossecução dos objectivos
estratégicos definidos pela universidade,
nomeadamente o da construção no
Minho de uma ‘região do conhecimento’.
A. Guimarães Rodrigues, reitor
da Universidade do Minho
30 anos de engenharia
do Minho… para um
mundo melhor!
A Escola de
Engenharia da
Universidade
do Minho
celebra 30
anos. De facto
foi no
conturbado
ano de 1975
que foi criada a
Unidade
Científico-Pedagógica de Engenharia
que com os primeiros estatutos da
Universidade do Minho (1989) passou
a designar-se Escola de Engenharia.
Foi um percurso complexo e difícil
que nos trouxe até à realidade de hoje
que, de uma forma simplista, se pode
dividir em três décadas: a) uma
primeira de definição do modelo,
formação do pessoal inicial e
arranque das primeiras instalações; b)
uma segunda fase de grande
crescimento em número de alunos e
de pessoal docente; e c) um período
de consolidação (dos principais
projectos de ensino, da estrutura de
investigação e dos mecanismos de
interacção com o tecido
económico-produtivo).
NOTÍCIAS
Página 11
Foi um percurso sempre marcado por
propostas inovadoras, muitas das
quais se tornaram referências no
contexto da Engenharia Nacional,
nomeadamente: o modelo de escola
interdisciplinar, a leccionação de
licenciaturas de Engenharia com
estágio curricular integrado, o
conceito de prestação de serviços à
comunidade e o carácter pioneiro no
ensino e na investigação de, à época,
novas áreas da Engenharia em
Portugal (nomeadamente, as
Engenharias de sistemas e
informática, têxtil, engenharia
industrial, polímeros e, mais
recentemente, biológica e biomédica).
Actualmente, a Escola de Engenharia
da Universidade do Minho é uma das
mais importantes instituições
nacionais de ensino e investigação no
domínio da engenharia com 6 000
alunos (incluindo 800 alunos de
cursos de pós-graduação – cursos de
especialização e mestrado – e 300 de
doutoramento, de 15 nacionalidades
diferentes), 350 docentes de carreira
(260 dos quais doutorados) e 100
funcionários.
Está organizada em nove
departamentos e associada a dez
centros de investigação (quatro dos
quais classificados como excelentes).
A sua actividade divide-se pelos
Campus de Azurém (Guimarães) e de
Gualtar (Braga), embora com
predominância do primeiro. No
entanto, a escola tem actividade
lectiva regular na Marinha Grande,
Oliveira de Azeméis e Maputo. Em
termos de formação de 1º ciclo, a
escola está fortemente envolvida em
13 projectos de licenciatura
(Engenharia Biológica, Engenharia
Biomédica, Engenharia Civil,
Engenharia de Comunicações,
Engenharia Electrónica Industrial e de
Computadores, Engenharia de Gestão
Página 12
NOTÍCIAS
Industrial, Engenharia de Materiais,
Engenharia Mecânica, Engenharia de
Polímeros, Engenharia de Sistemas e
Informática, Engenharia Têxtil,
Informática de Gestão e Design e
Marketing da Moda).
Ao longo destas três décadas, a
Universidade do Minho formou 5 800
licenciados em Engenharia e a escola
contribuiu decisivamente para o
desenvolvimento regional e da
competitividade nacional em diversos
domínios, citando-se, a título de
exemplo:
– o pólo de software do Minho;
– o desenvolvimento de
conhecimento nacional estruturado
no domínio da têxtil e do vestuário;
– a interacção com as indústrias
nacionais de moldes e de plásticos;
– as soluções inovadoras na
electrónica para bens de equipamento
e na robótica;
– o trabalho pioneiro na biotecnologia
em termos de indústrias alimentares
e de protecção ambiental;
– a utilização da madeira como
material estrutural;
– a avaliação da qualidade de vida
urbana e as soluções de recuperação
estrutural de edifícios históricos,
– as contribuições para o
desenvolvimento das indústrias
automóvel e aeronáutica.
Esta interacção com a envolvente tem
sido realizada em paralelo com uma
actividade de investigação
reconhecida e valorizada
internacionalmente, com importantes
prémios científicos nos domínios da
investigação operacional, estruturas,
biotecnologia, biomaterais e
polímeros.
De facto, somos a Escola de Engenharia
nacional com maior participação no 6º
Programa Quadro da EU e a única
instituição nacional a liderar uma rede
de excelência europeia (NoE).
info
No actual contexto de mudança e de
reorganização do sistema de ensino
superior nacional e europeu, a escola
está preparada para novos e
importantes desafios que, na sua
tradição, assumirá com base em
propostas inovadoras e
diferenciadoras. Estas propostas
serão o resultado natural da sua
capacidade científica e do seu
conhecimento acumulado em termos
de novas metodologias do ensino da
Engenharia e da relação proactiva e
profícua com a comunidade
empresarial.
A construção desse futuro passa
também pelo desenvolvimento de
novas áreas multidisciplinares, sendo
conhecidas as apostas da escola nos
domínios das energias alternativas,
do eco-design, da química verde, das
micro e nanotecnologias e das
tecnologias de informação, que
ajudarão a consubstanciar um perfil
de engenheiro capaz de ser um
efectivo protagonista de mudança e
de atitude no nosso tecido produtivo.
De facto, os profissionais de
Engenharia formados pela
Universidade do Minho têm como
características distintivas e
diferenciadoras a combinação de uma
sólida formação nas respectivas áreas
de actividade, com uma forte
consciência e atitude eco-sustentável e
a uma capacidade intrínseca de
resolução de problemas.
No entanto, a escola é cada vez mais,
também, a escola dos profissionais de
engenharia que através de cursos
e pós-graduação e de esquemas de
formação contínua poderão
complementar a sua formação de base.
Esta aposta alargada na formação
avançada, alicerçada numa investigação
capaz de gerar conhecimento relevante
para o desenvolvimento económico
sustentável, é um dos pilares do
grande projecto da Universidade do
Minho e, certamente, da Escola de
Engenharia - Minho ‘região do
conhecimento’.
António M. Cunha, presidente da Escola
de Engenharia
info
Averiguações
sobre atrasos
nos resultados eleitorais
Um dia após as eleições autárquicas
realizadas a 9 de Outubro, o
Ministério da Justiça informou,
através de um comunicado, que os
problemas informáticos no site do
Secretariado Técnico dos Assuntos
para o Processo Eleitoral (STAPE)
serão alvo de uma “rigorosa e
exaustiva averiguação”.
De acordo com o Ministério, o
objectivo desta averiguação é "apurar
responsabilidades e apontar as
medidas necessárias para evitar
problemas técnicos desta natureza no
futuro".
O documento acrescenta, no entanto,
que apesar das interrupções que
impediram a divulgação da
informação ao público na noite das
eleições, "nunca esteve em causa e
nunca esteve prejudicado o processo
eleitoral, a recolha, o apuramento dos
resultados e os dados eleitorais
resultantes do voto dos eleitores”.
O comunicado sublinha ainda que a
investigação será conduzida pela
Universidade do Minho, entidade "de
reconhecida credibilidade e
competência em matéria de
tecnologias de informação e
informática".
Na noite eleitoral, o
Instituto de Tecnologias da
Informação da Justiça, organismo
responsável pelo processamento
dos resultados para o STAPE,
justificou a interrupção na
disponibilização dos dados com
o elevado número de acessos à
página das eleições autárquicas, o
que terá gerado uma sobrecarga nos
sistemas informáticos e uma
anomalia técnica.
Energia eólica
João Peças Lopes, professor associado
com agregação da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP), através de um despacho do
Ministério da Economia, foi nomeado,
pelo Governo, presidente do júri do
concurso internacional para a
atribuição de 1500 megawatts (MW) de
potencia eólica.
Para além da nomeação do presidente
foram constituídos vogais os
professores catedráticos Vítor Martins
e Vítor Santos, do Instituto Superior
de Economia e Gestão da
Universidade de Lisboa, bem como
Vítor Baptista, administrador da Rede
Eléctrica Nacional, e Ana Isabel
Estanqueiro, professora do Instituto
Nacional de Engenharia, Tecnologia e
Inovação.
Até ao final do presente ano será
lançado o concurso para atribuição de
mais de 200 MW de potência eólica,
dirigida a pequenos promotores para
que seja garantida a equidade regional.
Até 2010 está previsto que o
investimento em energia eólica
ultrapasse o 3,8 milhões de euros.
Este montante refere-se à instalação
dos 1700 MW e dos 2700 que se
encontram licenciados, mas ainda
não foram instalados.
NOTÍCIAS
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Professor Joaquim
Sampaio – um ano
de saudade
O dia 14 de Outubro ficou assinalado
pelo primeiro aniversário do
falecimento do professor doutor
Joaquim da Conceição Sampaio.
Insigne engenheiro, mestre dedicado e
amigo por todos enaltecido, Joaquim
Sampaio será sempre recordado com
grande saudade por todos quantos
tiveram o privilégio de ser seus alunos,
colaboradores ou colegas.
Como escreveu o reitor da
Universidade do Porto, José Novais
Barbosa, por ocasião da homenagem
promovida pela Ordem dos
Engenheiros – Região Norte e pelo
DEC-FEUP: “Que a qualidade como
professor, como investigador e como
profissional de engenharia, associada à
disponibilidade, afabilidade e simpatia
para atender aos que ao apoio do
engenheiro Sampaio recorriam, bem
como os princípios que nortearam o
seu trabalho e o amor à sua faculdade,
constituam exemplos para o
desenvolvimento (…)” da universidade,
da Engenharia e dos engenheiros.
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NOTÍCIAS
Edifícios licenciados
diminuem
De acordo com dados inscritos num
boletim do Instituto Nacional de
Estatística, o número de edifícios
licenciados por ano tem vindo a
diminuir.
Enquanto o número total de edifícios
licenciados teve uma variação média
do último ano e face ao mesmo
período em análise de 2004, de 6,6
por cento, o número de fogos
licenciados em construções novas
para habitação familiar registou uma
variação média de 8,4 por cento no
último ano face ao memso período de
2004.
Quebra de produção
no sector
da construção
Portugal apresentou, no segundo
trimestre de 2005, um decréscimo
nos índices de produção no sector da
construção. Desta forma é o único
país da União Europeia com
resultados negativos. O relatório do
info
Eurostat, analisando 17 países, atesta
que Portugal teve uma queda de 0,6
por cento, após a quebra de 0,2 por
cento correspondente ao primeiro
trimestre.
Durante os primeiros três meses do ano,
a produção sofreu um aumento na
ordem dos 1,6 por cento na Zona Euro e
1,7 por cento em toda a União Europeia.
Jovens investigadores
premiados
Com o objectivo de premiar
estudantes e jovens investigadores da
área das ciências e engenharia
ambientais, que apresentam projectos
na área da gestão dos resíduos, a
Dispar – Distribuição e Participações,
uma sociedade que representa o
sector da distribuição/comércio na
Sociedade Ponto Verde, criou o
Prémio Inovação Ambiente.
De acordo com o comunicado emitido
pela sociedade, “os trabalhos deverão
apresentar soluções inovadoras
aplicáveis ao sector da distribuição
para resolução dos problemas
ambientais gerados pelos resíduos”.
Neste primeiro ano em que a Dispar
organiza a iniciativa, os trabalhos
terão que ser entregues até 15 de
Dezembro. O valor do prémio para o
melhor trabalho apresentado será de
10 mil euros, estando previstas ainda
a atribuição de duas menções
honrosas no valor de 5 mil euros.
Programa
de reabilitação da Sé
Rui Rio, presidente da Câmara
Municipal do Porto, apresentou em
conferência de imprensa, organizada
pela Porto Vivo, SRU (Sociedade de
Reabilitação Urbana da Baixa
Portuense SA), o Programa de
Reabilitação da Sé, cujo plano de
actuação se desenvolverá até 2011.
“Estamos a desenvolver um programa
especial para o núcleo central da zona
onde a cidade do Porto nasceu, ou
seja, o seu Centro Histórico. Se já
tínhamos um programa global de
intervenção para a Baixa, é de louvar,
agora, a atitude da Porto Vivo, SRU
em preocupar-se especificamente
com o que é de mais nosso”,
salientou o autarca.
A implementação da Gestão da Área
Urbana em parceria com a Fundação
para o Desenvolvimento da Zona
Histórica do Porto e a
disponibilização de mecanismos de
apoio à reabilitação do edificado, tais
como os programas Viv’A Baixa
(Porto Vivo, SRU), RECRIA/
REHABITA (CMP/INH) e Amar a Sé –
Apoio Municipal para Acções de
Reabilitação (CMP) são os grandes
pilares das acções a executar.
Entre os objectivos estratégicos do
info
programa está a integração espacial
da Sé no contexto da Baixa, a
reabilitação física do edificado, a
valorização dos padrões de cidadania,
a atracção de novos residentes e a
dinamização do eixo estruturante
Terreiro da Sé/Rua Escura/Rua da
Bainharia/Rua dos Mercadores.
Durante a sessão Rui Rio mostrou
ainda a pretensão de transferir verbas,
na ordem dos 300 a 400 mil euros,
inscritas no programa RECRIA para o
Amar a Sé.
Desrespeito
do Protocolo
de Quioto pode sair
caro a Portugal
A Quercus efectuou um conjunto de
cálculos que permitem afirmar que
Portugal deverá gastar entre 1,5 e 2
mil milhões de euros – custos
equivalentes a metade da construção
do aeroporto da Ota – pela
derrapagem nas emissões de gases
com efeito estufa.
Segundo o Protocolo de Cooperação
Internacional e da Directiva Europeia
que assumiu o seu cumprimento por
parte de cada um dos países da União
Europeia, Portugal, entre 2008 e 2012,
não poderá ultrapassar em mais de
27% as suas emissões verificadas no
ano de 1990.
Assim sendo, todas as emissões acima
deste patamar durante os anos
referidos terão de ser adquiridas em
termos de direitos de emissão junto de
outros países do quadro do Protocolo
de Quioto que conseguiram reduzir as
suas emissões poluentes.
Segundo o jornal Público, com a
tonelada de carbono a 20 euros – que
poderá ser muito superior em 2008 –,
o custo para o país de adquirir o que
não conseguiu poupar é equivalente a
metade ou dois terços do investimento
anunciado para a Ota e entre um terço
metade do que poderá ser gasto para
se construir o TGV.
Para os ambientalistas não restam
dúvidas. “Para Portugal a necessidade
de comprar é consequência da
incapacidade de não termos alterado
a nossa economia, tornando-a menos
dependente dos combustíveis fósseis
e, logo, mais descarbonizada. O
importante era ter utilizado este valor
como investimento, no sentido de
promover a conservação de energia e
uma maior componente de energias
rentáveis, mudando comportamentos
e percebendo que é possível melhorar
a qualidade de vida com menos
custos e menores emissões”.
Contudo, existem outras alternativas.
NOTÍCIAS
Página 15
Além de poder comprar direitos de
emissão aos países desenvolvidos,
Portugal pode ainda conseguir créditos
se investir em projectos que apostem em
tecnologias limpas em outros países.
Perante este cenário, a Quercus não se
inibe de apontar críticas ao Programa
Nacional para as Alterações Climatéricas
(PNAC). “O PNAC está neste momento
obsoleto e passa a vida a ser revisto.
Sem as medidas estarem a ser aplicadas,
Portugal ainda não percebeu que as
alterações climáticas deveriam ser uma
prioridade horizontal de todo o Governo,
desde o ambiente à economia e às
finanças”, afirma convicta.
“Infelizmente, o Governo português
não considera as alterações climáticas
como prioridade e não percebeu que
está a perder oportunidades e a
transferir custos para mais tarde”,
assegura a mesma fonte.
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NOTÍCIAS
Medidas contra
incêndios florestais
Em entrevista ao jornal Público, o
director-geral dos Recursos Florestais,
Francisco Castro Rego, falou das bases
que pretende lançar para tornar a
floresta portuguesa mais resistente aos
incêndios.
Neste sentido, considera que "os
cidadãos terão de participar neste
esforço" e defende ao mesmo tempo
"mão pesada para os negligentes".
Fazendo uma referência ao ano 2003,
onde todas as causas e soluções para
os incêndios foram equacionadas,
Francisco Rego considera que podiam
ter feito melhor. "Houve um embrião
info
de algumas soluções interessantes.
Mas não se foi ao fundo, até à
aplicação suficiente dessas medidas",
justifica.
A cultura da responsabilidade, através
de campanhas de sensibilização e da
repreensão dos comportamentos
negligentes, é, nas palavras do
director-geral dos Recursos Florestais,
fundamental para resolver o problema
dos incêndios e deve ser feita através
de campanhas de sensibilização e da
repressão. "Temos que ter uma política
mais forte de repressão dos
comportamentos negligentes, porque,
a bem ou a mal, temos que resolver
este problema", adianta.
A questão exige ainda a
profissionalização e uma maior
eficácia de quem enfrenta as chamas,
pelo que considera que os sapadores
florestais "podem actuar na área da
prevenção, na limpeza da floresta, na
primeira intervenção, no apoio das
acções de combate em geral e no
rescaldo". Esta é uma das medidas
para o próximo ano, fruto da
formatação do programa nacional de
sapadores florestais.
Quando às mudanças, Francisco Castro
Rego diz que "foi anunciado que haverá
um reforço da autoridade para diminuir
o número de ocorrências. Do lado do
Ministério da Agricultura, está-se a
preparar o Plano Nacional de Defesa das
Florestas Contra Incêndios, cuja
preocupação é diminuir a probabilidade
da floresta arder".
Com a prática destas medidas, o
importante é existir um "quadro geral
em que todas as intervenções sejam
coerentes, desde a detecção à primeira
intervenção, ao combate, ao rescaldo,
à sensibilização, à recuperação das
áreas ardidas".
Neste âmbito o director-geral dos
Recursos Florestais acrescenta que o
Plano Nacional para as Florestas vai
integrar as recomendações do Plano
de Defesa num conjunto mais vasto.
"Esse plano não vai ser só um
conjunto de ideias, objectivos e metas,
vai também incorporar os recursos
disponíveis para que os objectivos
sejam atingidos", explica Francisco
Rego, considerando que terá a
vantagem de estar a ser desenvolvido
numa altura em que estão a ser
discutidas as possibilidades de apoio
comunitário e público ao sector
florestal a partir de 2007 no quadro do
Desenvolvimento Rural.
O especialista em incêndios florestais
considera assim que o sector florestal
"tem condições para se auto-sustentar
e pode ser uma base da economia e do
ambiente em Portugal".
info
Cobertura do Estádio
do Dragão premiada
A cobertura do Estádio do Dragão foi
galardoada com o prémio europeu de
construção metálica e mista,
promovido pela ECCS – European
Convention for Construction
Steelwork, na reunião bienal que teve
lugar no final do mês de Setembro, na
cidade francesa de Nice.
A responsabilidade pela candidatura
da obra pertenceu à CMM –
Associação Portuguesa Metálica
Mista, juntamente com o seu membro
Martifer – Construções
Metalomecânicas S.A., empreiteiro de
construção metálica. Além destas
duas entidades, foram ainda
distinguidos os gabinetes de
arquitectura RISCO, do arquitecto
Manuel Salgado, e de projectos de
engenharia GRID, bem como o dono
da obra, a Sociedade Anónima
Desportiva do FC Porto.
O projecto da cobertura do Estádio do
Dragão, desenvolvido pela GRID, teve
necessariamente em conta que as
“imagens” dos estádios são
frequentemente identificadas com a das
suas coberturas.
Conjugada com a arquitectura circular do
estádio, a imponente cobertura integra
280 toneladas de aço, suportadas por
vários pilares. Cobrindo uma área de
34.233 m2 de bancada e estendendo-se
aproximadamente 6 metros para fora do
contorno exterior do estádio, a
impressionante dimensão da estrutura
leva a que, do lado nascente, chegue a
atingir uma altura equivalente a um
prédio de 14 andares.
A cobertura do Estádio do Dragão é o
resultado de uma concepção estrutural
integrada, evidenciando as
NOTÍCIAS
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potencialidades do aço para vencer
grandes vãos com estruturas simples,
esbeltas e económicas.
No que se refere ao prémio atribuído, foi
realçada a qualidade e estética da
concepção estrutural, o grande vão da
estrutura – 180 metros –, realizado com
uma alta precisão da engenharia, e a
qualidade de fabrico.
Para além de Portugal, a gala de entrega
dos prémios contou com a participação
de mais 18 países europeus.
Paralelamente a este prémio, que visa
distinguir as mais notáveis construções
em aço da Europa, foram ainda
apresentados os Prémios Universitários
2005. Este ano foram distinguidos os
portugueses Ana Rita Marques, do
Instituto Superior Técnico, premiada na
área de Arquitectura, e Renato Reis
Amorim, da Escola Superior de
Tecnologia e Gestão de Beja, com o
prémio de Engenharia Civil.
Página 18
DESTAQUE
info
Ponte Maria Pia
Obra de Seyrig em livro
A Ponte Maria Pia não é da autoria de Gustave Eiffel mas sim
de Théophile Seyrig. Esta é uma das conclusões a que chegam
os leitores ao conhecer a história desta ponte escrita no livro
lançado pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte a 20 de
Setembro no auditório da sede no Porto.
Foram muitas as pessoas que não quiseram faltar a esta
apresentação do livro Ponte Maria Pia – obra-prima de Seyrig,
que contou a presença dos dois coordenadores da obra, José
Manuel Lopes Cordeiro e António Carlos Andrade Figueiredo
Vasconcelos, do presidente do Conselho Directivo da Região
Norte da Ordem dos Engenheiros, Gerardo Saraiva de
Menezes, e do coordenador do Conselho Regional do Colégio
de Engenharia Mecânica, José António Ferreira Ribeiro Pinto.
“O arco da ponte é que foi revolucionário e ele deve-se aos
cálculos de Seyrig. Tudo o resto da Maria Pia foi construído em
série e aplicado noutras pontes metálicas. Por isso, a ponte é
de Théophile Seyrig”, explicou Lopes Cordeiro na sessão de
apresentação do livro.
Para além deste contributo quanto à clarificação da autoria da
ponte, os coordenadores editoriais do livro pretenderam dar a
conhecer um pouco mais da história da Ponte Maria Pia,
datada de 1877, classificada como Monumento Nacional em
1982 e como International Historic Civil Engineering Landmark
O engenheiro António Carlos Andrade Figueiredo
Vasconcelos foi um dos coordenadores editoriais do livro
Ponte Maria Pia. A ele se deve a autoria de dois artigos
incluídos na publicação
em 1990, que foi uma referência no desenvolvimento da região
e uma obra de engenharia notável a todos os níveis.
Este livro integra, além de escritos dos coordenadores, artigos
de Manuel Maria Moreira, Horácio da Maia Ferreira e Costa,
José Manuel Dziezaski de Andrade Gil, Rosa Maria de Sousa
Gomes, José Francisco Ferreira Queiroz e Pedro Ramalho.
Devido à visão multifacetada do livro, seguem-se extractos dos
artigos.
Extractos do livro Ponte Maria Pia
Ponte Maria Pia, uma ponte para o futuro
“... tomei a iniciativa de promover o estudo de uma solução
para esta travessia, esperando que a bonita imagem da Ponte
Maria Pia não desapareça do horizonte quando as gerações
vindouras avistarem o rio Douro daqui a uns tantos anos.
Assim sendo, no dia 13 de Dezembro de 2002, o Governo Civil
do Distrito do Porto promoveu um debate, com diversas
info
DESTAQUE
Página 19
Texto de Ana Ferreira
entidades, acerca do passado, do presente e do futuro da
Ponte Maria Pia.
O objectivo deste encontro foi dar um primeiro passo para que
se encontrasse uma utilidade funcional para a Ponte, de forma
a que a sua manutenção estivesse assegurada.
Com vista a encontrar uma solução que possibilitasse a
reabilitação da Ponte Maria Pia, foi criado um grupo de
trabalho, constituído pelo Administrador da Empresa Metro do
Porto, SA, Eng.º Duarte Vieira, pelo Vereador do Urbanismo da
Câmara Municipal do Porto, Arq.º Ricardo Figueiredo, e pelo
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia,
Prof. Dr. Joaquim Poças Martins, ao qual presidi na qualidade
de Governador Civil, e que apresentou ao Governo, em tempo
oportuno, uma proposta com esse objecto.”
Manuel Moreira
A ponte de Seyrig
“O contributo que a Ponte Maria Pia prestou ao
desenvolvimento da engenharia civil residiu, por um lado,
numa espectacular economia de meios que decorria das
soluções técnicas adoptadas, e por outro, no método utilizado
para efectuar cálculos dos efeitos do vento e na arrojada
concepção do grande arco metálico, o elemento fundamental
Ao lançamento do Ponte Maria Pia, realizada na sede da
Ordem dos Engenheiros – Região Norte, no dia 20 de
Setembro, não quiseram faltar engenheiros e outras
figuras interessadas no património português
do conjunto. Quanto a este, logo no ano seguinte ao da
inauguração da ponte, soube-se que tinha sido concebido por
Théophile Seyrig, como o próprio deu a entender na descrição
do projecto da ponte que então apresentou à Société des
Ingénieurs Civils, na qual, significativamente, nunca refere o
nome de Eiffel. Mas, nesse mesmo ano de 1878 é a própria
Casa Eiffel et Cie. que nos proporciona a referência mais
significativa, relativa ao papel desempenhado por Théophile
Seyrig na concepção da Ponte Maria Pia. Numa pequena
publicação que editou para acompanhar a apresentação de um
modelo reduzido daquela estrutura, aquando da Exposição
Universal de 1878, é claramente atribuída a concepção da
Ponte Maria Pia a Théophile Seyrig e também a Henri de
Dion.”
José Manuel Lopes Cordeiro
Portugal, Eiffel e a Ponte Maria Pia
“O Contrat pour la Construction d’un Pont métallique à voie
Página 20
DESTAQUE
info
Ponte Maria Pia
unique sur le Douro, composto pela introdução e catorze
artigos, revela-se um documento inovador na formalização do
compromisso, em que a especificação das regras, completa e
exemplar, releva o seguinte:
A – Condições gerais
– o custo total da ponte – de 1 200 000 francos, de preço único
e em forfait, ao câmbio de 180 reis/franco – compreendendo
todos os fornecimentos, mão-de-obra, transportes prontos a
usar, custos de instalação no terreno, todos os custos de
montagem e de pintura de quatro demãos (sendo duas de
ferro, no mínimo, e duas de branco de alvaiade);
– as condições gerais e locais de pagamento;
– o direito de fiscalização da qualidade dos materiais e
execução da obra;
– o prazo de construção de 20 meses, após autorização obtida
do Governo pela Companhia;
– uma penalização de 500 francos por dia de atraso a pagar
pelo construtor até à caducidade do contrato, ao fim de quatro
meses, e responsabilização por prejuízos causados;
– um prémio de 1 000 francos a receber pelo construtor por
cada dia de adianto face à data do contrato;
– a responsabilidade do construtor pelo incumprimento do
tempo do contrato;
– as condições de importação e transporte dos materiais;
– as provas estabilidade/esforço da Ponte;
– o prazo de garantia e a liquidação da obra;
– as provas de estabilidade da ponte efectuar-se-iam no
cumprimento do regulamento aprovado por decreto de 24 de
Projecto da Ponte Maria Pia, datado de 1876,
apresentado pela Casa Eiffel
Fevereiro de 1863, na presença do empreiteiro, de engenheiros
do Governo e da Companhia, a cargo de quem corriam estas
despesas;
– via e seu assentamento a cargo da Companhia.”
Rosa Maria Gomes
Biografia breve da Ponte Maria Pia por ocasião do seu 127º
aniversário
“A controvérsia gerada à volta da substituição da Ponte
empolgava de tal maneira a opinião pública que um
vespertino de grande tiragem, desejoso de levantar o véu
que garantia o sigilo das soluções apresentadas a concurso,
se alheou do mais elementar espírito crítico e noticiou em
Janeiro de 1983 que uma das propostas com grandes
possibilidades de ser aceite era a da construção de uma
ponte de vidro, por uma firma japonesa.
Em Dezembro de 1983 foi levantada a suspensão e a
empreitada da nova ponte adjudicada, em Maio de 84, ao
Consórcio Soares da Costa/Teixeira Duarte/ Ilídio
Monteiro/OPCA por 3,8 milhões de contos, num prazo de 1
300 dias.
Estava finalmente encontrada a sucessora da Ponte Maria
Pia. Tal como ela, um recorde mundial, imponente na sua
elegância e ousada na sua aparente simplicidade.
info
A Ponte de S. João substituiu a Ponte Maria Pia a partir de
Junho de 1991 e, como outrora, é motivo de orgulho para o
povo portuense.
Tudo está bem, quando acaba bem, disse Shakespeare.
Mas a Ponte Maria Pia não está completamente bem: cheia
de passado e fora de serviço, ainda tem esperanças que um
futuro próximo lhe faça esquecer o presente”.
José Manuel Dziezaski de Andrade Gil
O ferro da Ponte Maria Pia
“Trata-se de ferro pudlado. Na época em que a Ponte Maria Pia
foi construída já seria possível dispor de aço produzido a partir
de gusa de fundição, pois em 1855 tinha sido inventado e posto
a funcionar, em marcha industrial, em Inglaterra, o processo
Bessemer. A utilização deste aço estava a difundir-se na
Europa, embora com problemas resultantes da necessidade de
dispor de gusas de baixo teor em fósforo. No entanto, só em
1878, com a invenção do processo Thomas, adaptado à
afinação de gusas fosforosas, se massificou a utilização do aço
produzido em convertidor. Assim, as reparações da estrutura
da Ponte, no início do século XX, com substituição de vários
elementos pode já ter sido feita com aço de convertidor”.
Horácio Maia e Costa
Pontes metálicas ferroviárias construídas em Portugal pela
Casa Eiffel
“A Casa Eiffel manteve no nosso país uma intensa actividade
de construção de pontes metálicas que se prolongou por 17
DESTAQUE
Página 21
Projecto do arquitecto Pedro Ramalho da requalificação
urbana da Ponte Maria Pia - plantas gerais e perfis
anos, desde a assinatura do contrato da Ponte Maria Pia em
Junho de 1875, até à conclusão em 1892 da sua última obra em
Portugal (Ponte da Asseca, linha do Norte). Ao todo, segundo
recentes informações recebidas do Serviço de Pontes da
REFER, a Casa Eiffel construiu no nosso país 33 pontes
metálicas ferroviárias (todas em ferro de pudlagem, como na
Maria Pia). Portugal foi assim um bom cliente, logo a seguir ao
seu país natal, a França.
A primeira ponte construída em Portugal pela Casa Eiffel foi a
do rio Cávado, em Barcelos, inaugurada a 21 de Outubro de
1877, coincidindo com a entrada em serviço do curto troço da
linha do Minho, Midões/Barcelos (a Ponte Maria Pia seria
inaugurada precisamente duas semanas mais tarde, a 4 de
Novembro). A superestrutura da referida Ponte do Cávado,
com 132 m de comprimento, foi substituída em 1976, por
outra, também metálica, construída pela empresa portuguesa
Sorefame.”
António Carlos Andrade Figueiredo Vasconcelos
Cinco notáveis pontes de arco metálico que marcaram o final
do século XIX (Maria Pia, James Eads, Garabit, Luís I e
Mungsten)
“Proponho-me neste texto dar a conhecer outras quatro
notáveis pontes de arco metálico da época da Ponte Maria Pia
Página 22
DESTAQUE
info
Ponte Maria Pia
e compará-las entre si (dispenso-me de descrever a Ponte
Maria Pia pois este tema já foi suficientemente tratado em
outros textos deste livro). Seleccionei assim as pontes James
Eads, em Saint Louis, Missouri, e Luís I, no Porto, e os
viadutos de Garabit e de Mungsten, construídos
respectivamente em 1874, 1886, 1884 e 1897. Contrariamente
ao que infelizmente acontece com a Ponte Maria Pia, todas
estas quatro pontes estão ainda em serviço.
Destas quatro obras de arte, duas (Luís I e Garabit) foram
inspiradas na Ponte Maria Pia e construídas com o mesmo
material metálico (ferro de pudlagem). As outras duas
constituem importantes obras de arte da mesma época (James
Eads e Mungstne) e já foram construídas em aço”.
António Carlos Andrade Figueiredo Vasconcelos
Três fotografias inéditas da Ponte Luís I
“Após a inauguração da Ponte Maria Pia, Théophile Seyrig
abandonará a sociedade com Gustave Eiffel passando a
colaborar com uma empresa concorrente da Casa Eiffel, a
Société Anonyme de Construction et des Ateliers de
Willebroeck, de Bruxelas, e será ao serviço desta que elaborará
o projecto da Ponte Luís I, vencendo o seu antigo sócio no
concurso internacional realizado para a adjudicação daquela
obra de arte.
Uma das fases menos conhecidas do processo de construção
da Ponte Luís I está documentada através de três interessantes
fotografias, registando diferentes perspectivas da montagem
provisória do arco na Bélgica. São fotografias de dimensão
apreciável coladas sobre cartão previamente impresso com a
seguinte legenda: Pont-route sur le Douro a Porto. Montage
provisoire de l’arc aux ateliers. Société Anonyme de
Construction et des Ateliers de Willebroeck (Belgique).”
Francisco Queiroz
Uma proposta para a recuperação da Ponte Maria Pia
“Com a recuperação da Ponte Maria Pia serão assim
atingidos três grandes objectivos:
- Salvaguardar a Ponte como Património;
- Recuperar e requalificar as margens do rio;
- Garantir as ligações ciclopedonais entre duas áreas
urbanas (em reconversão e desenvolvimento) do Porto e
de Vila Nova de Gaia.
Um dos principais objectivos da intervenção, ao pretender
inserir uma pista ciclopedonal, é obviamente respeitar o
perfil da ponte e manter o seu traçado original. Para isso,
optou-se por uma solução de grande “discrição”
construtiva mas que salvaguarda de modo eficaz a
segurança da travessia e potencia a sua qualidade de
mirante privilegiado sobre as duas margens:
- O tabuleiro deverá ser constituído por um gradil
metálico amarrado às longarinas onde actualmente
assentam as linhas do caminho-de-ferro, revestido
parcialmente com réguas de madeira;
- As vedações laterais de segurança e protecção dos
ventos serão asseguradas por painéis de vidro laminado,
mantendo-se os passadiços existentes exclusivamente
para a manutenção da Ponte.
A alteração da ponte ferroviária para ponte pedonal vai
exigir uma inserção diferente no tecido urbano ao ligar-se
à rede viária em ambos os lados. Assim, no Porto, o
prolongamento da rua do Duque de Saldanha será o
acesso privilegiado e, do lado de Vila Nova de Gaia, as
ligações são asseguradas a partir da VL9 com
continuidade até à rua de Silva Tapada.”
Pedro Ramalho
info
DESTAQUE
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Entrevista de Ana Ferreira
‘Investigador’ de obras
de Engenharia
José Manuel Lopes Cordeiro não é engenheiro, mas
escolheu esta área como o seu campo de estudo. Dedicase à investigação de obras de Engenharia em Portugal
porque considera fundamental a valorização do
património. O que impulsiona o investigador a estudar
trabalhos de Engenharia não é apenas o gosto com que o
faz, mas o chamar de atenção dos portugueses para o seu
valor real e para a necessidade de os manter.
Lopes Cordeiro licenciou-se em Ensino da História e
Ciências Sociais pela Universidade do Minho em 1985,
tendo-se tornado três anos mais tarde assistente do
Departamento de História, do Instituto de Ciências
Sociais dessa universidade. Foi fundador e director do
projecto do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave
entre 1987 e 1995, cargo que voltou a assumir a partir de
2002. É membro do Conselho do “TICCIH – The
International Committee for the Conservation of the
Industrial Heritage”, para o triénio 2003-2006.
A sua lista de participações em projectos e exposições é
extensa, à qual se somam as colaborações em revistas e
jornais especializadas, sendo membro dos conselhos de
redacção das revistas Patrimoine de l’Industrie/Industrial
Patrimony e Industrial Archaeology Review.
Publicou inúmeros trabalhos sobre arqueologia industrial,
história económica e museologia, entre os quais A
Indústria Conserveira em Matosinhos (1989), Património
Industrial do Vale do Ave (1992), Exposição de Arqueologia
Industrial. Um Século de Indústria no Norte, 1834-1933
(1999), As Pontes do Porto (2001, em colaboração),
Cooperativa Eléctrica do Vale d’Este. Sete décadas ao serviço
da electrificação rural (2003) e O Rasgo e a Vontade (2004).
Em co-autoria com o engenheiro Paulo Jorge de Sousa
Cruz, do Departamento de Engenharia Civil, o
investigador da Universidade do Minho venceu o 2005
Thomas Fitch Rowland Prize, atribuído pela ASCE –
American Society of Civil Engineers dos Estados Unidos,
pelo melhor artigo científico publicado em 2004, na área
da história da Engenharia Civil.
Este prémio, um dos mais antigos e prestigiantes no
mundo académico anglo-saxónico, nunca tinha sido
atribuído a investigadores portugueses.
José Manuel Lopes Cordeiro, um dos coordenadores
editoriais e autor de um artigo do livro Ponte Maria Pia,
faz das obras de Engenharia o objecto de investigação
Página 24
DESTAQUE
info
Ponte Maria Pia
O artigo Innovative and Contemporary Porto Bridges foi
publicado no número de Fevereiro de 2004 da revista
Practice Periodical on Structural Design and Construction
e foi a segunda parte de um conjunto de dois artigos – o
primeiro publicado em Novembro de 2003 na mesma
revista – dedicados à história das pontes da cidade do
Porto e do seu contributo para o desenvolvimento da
Engenharia Civil.
Com a edição do livro Ponte Maria Pia, Lopes Cordeiro
colaborou pela segunda vez com a Ordem dos
Engenheiros – Região Norte, tendo sido a primeira com a
publicação, em 2001, da monografia sobre o Elevador do
Bom Jesus em Braga.
É caso para dizer: José Manuel Cordeiro não é engenheiro,
mas faz da Engenharia a sua actividade.
Como surgiu a ideia de publicar o livro Ponte Maria Pia?
A publicação do livro era um dos pontos das
comemorações dos 125 anos da Ponte Maria Pia, como
outras iniciativas que foram realizadas antes. Surgiu há
mais de três anos. Há mais de 20 anos que me interesso
pela área relacionada com o património industrial e a
Ponte Maria Pia é uma obra industrial, extremamente
importante a nível nacional e internacional. Apercebi-me
que havia nos Estados Unidos uma associação norteamericana de engenheiros civis que actua a nível mundial.
É uma associação científica profissional muito prestigiada
e entre as suas muitas atribuições tem um departamento
que se dedica a estudar e a tomar medidas para
salvaguardar a memória da Engenharia a nível mundial.
Esse programa, com várias facetas, tem um programa
específico relacionado com o património com significado
e importância histórica, ao qual atribui um galardão, ou
seja, classificam-no. Tive conhecimento desse programa e
que a Ponte Maria Pia podia vir a ser classificada por esse
programa, até porque não havia nenhum monumento
deste tipo classificado por essa associação em Portugal.
Isto aconteceu cerca de um ano e meio antes do fim útil
da ponte. Para fazer a candidatura ao programa e
classificá-la tinha de obter um parecer da Ordem dos
Engenheiros, entidade profissional que eles reconhecem.
Quando os norte-americanos vieram a Portugal, devido a
várias vicissitudes vieram passados alguns anos, falou-se
destas questões da ponte e conheci o engenheiro
Vasconcelos. Estávamos em 1997 e na altura até se falou
mais do Elevador do Bom Jesus do que da Ponte Maria
Pia, uma outra obra notável. Apresentámos à Ordem dos
Engenheiros de Braga um projecto para se fazer uma
monografia sobre o Elevador do Bom Jesus, que foi feita.
Desse grupo de trabalho, eu, o engenheiro Vasconcelos e
um membro do Colégio de Mecânica consideramos o que
está na razão deste livro: a comemoração dos 125 anos da
Ponte Maria Pia, que se ia realizar em 2002 e para a qual
a Ordem dos Engenheiros – Região Norte resolveu criar
um grupo de trabalho e programar uma série de
iniciativas. O descerramento de uma placa, uma pequena
cerimónia no dia 4 de Novembro de 2002 e uma
monografia. Por várias vicissitudes atrasou-se este
trabalho que deveria ter sido publicado mais cedo.
O que sente agora que o livro foi finalmente publicado?
Valeu a pena o esforço. Toda a gente a conhece a Ponte
Maria Pia, mas não se apercebe, talvez por essa razão de
proximidade, que a ponte é o monumento da cidade do
Porto mais conhecido internacionalmente e isso resulta
da sua grande importância. É um marco na história da
Engenharia Civil.
Os portugueses dão-lhe um valor relativo e um dos
objectivos da edição deste livro foi realçar a importância
da ponte e para a necessidade de se actuar, pois não pode
permanecer assim. Já está há 14 anos com uma
manutenção mínima e tem de ter um destino, não pode
continuar nesta situação. Deste modo, o livro é também
uma chamada de atenção para as entidades responsáveis,
quer do Porto quer de Vila Nova de Gaia, do Ministério da
Cultura, que têm de encontrar uma solução para a ponte e
no livro é apresentada a do arquitecto Pedro Ramalho.
O livro também serviu para reforçar que a autoria da
ponte é de Seyrig e não de Eiffel.
Tudo em Portugal com estrutura metálica é atribuído ao
Eiffel, por desconhecimento e por um papel negativo da
comunicação social que não se esforça em tentar
investigar quem são os autores das obras. Depois
encontram-se as designações mais engraçadas, porque os
jornalistas mesmo sabendo que a obra não é do Eiffel
querem associá-la qualquer das maneiras a ele e dizem
que é da Escola do Eiffel ou de um colaborador ou do
estilo do Eiffel. A ponte é uma obra da Casa Eiffel, na
altura em que estava associado a Seyrig. Aliás, a empresa
é constituída pelos dois. Não tenho nada contra o Eiffel,
bem pelo contrário, admiro-o, mas as pessoas não
conhecem bem a sua actividade. Eiffel foi acima de tudo
um grande empresário. Fazia parte de uma empresa que
depois passou a ser praticamente dele, pois Seyrig saiu
após a conclusão da Ponte Maria Pia. Seyrig avançou com
uma acção em tribunal contra Eiffel, mas perdeu-a.
Eiffel em toda a vida de empresário viveu muita à custa
dos engenheiros que trabalhavam na Casa Eiffel,
concretamente de Seyrig para a Ponte Maria Pia. Até
parece um sacrilégio dizer isto, mas a Torre Eiffel não é
dele. A projecção de Eiffel não era só em França, mas em
termos mundiais era tão grande que a torre já era famosa
antes de ser construída. Quando anunciou que ia
construir uma torre para a Exposição de 1889 em Paris,
automaticamente a Imprensa de todo o mundo,
info
DESTAQUE
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inclusivamente a de Portugal e mais concretamente a do
Porto, já anunciava a torre como uma obra notável. Não
foi Eiffel que concebeu o projecto da torre. É evidente que
capitalizava o prestígio, pois era em nome dele que estas
obras se realizavam.
Qual a característica do livro que mais o satisfaz?
O livro resultou muito bem e dignifica a obra. São
abordados vários aspectos, sendo alguns inéditos, como,
por exemplo, a questão do ferro utilizado na ponte.
Apresentamos também um artigo interessante e inovador,
de Andrade Gil, pois não se conhecia nada sobre isso.
Apresenta todas as tentativas de substituição da ponte ao
longo do século XX, projectos elaborados que não foram
executados mas com muito interesse. São uma novidade,
pois não se sabia que havia essa intenção.
Qual é a sua opinião sobre o projecto apresentado pelo
arquitecto Pedro Ramalho para a reactivação da ponte em
via ciclopedonal?
Acho que o projecto neste momento é a única solução
para salvaguardar a ponte. Até foi bom que a publicação
do livro se atrasasse um pouco, pois assim incluiu-se esta
solução. Se tivesse sido publicado em 2002 não teríamos
a hipótese de o integrar, pois a projecto ainda não estava
elaborado. E fizemos questão em incluí-lo, pois remata o
conjunto dos artigos que o livro apresenta e acima de
tudo neste momento constitui aquilo que é preciso fazer.
Quem quiser hoje valorizar a Ponte Maria Pia e dar uma
solução para o impasse que neste momento está a
atravessar basta executar o projecto do arquitecto Pedro
Ramalho, que não é apenas bom em termos de realização
da ponte, mas também cria dois pólos, um do lado do
Porto e outro do lado de Vila Nova de Gaia, que
correspondem a uma concepção actualizada de difusão
do património que é criar um pequeno museu e centro de
documentação de um lado e uma zona de lazer e
restauração do outro.
Pretende continuar a investigar obras de Engenharia?
Vou continuar a colaborar com a Ordem dos Engenheiros
– Região Norte agora que este segundo projecto está
encerrado. Vamos dar sequência a um projecto que teve o
pontapé de saída há uns tempos atrás e que está
relacionado com os dois guindastes a vapor do Porto de
Leixões: os titãs. Contamos com o apoio da actual
direcção da APDL, que está muito interessada em
valorizar os guindastes, que são únicos a nível mundial.
Este projecto vai também resultar numa monografia, que
provavelmente será publicada no final de 2006. Será um
livro menos ambicioso que a Ponte Maria Pia, porque é
um caso mais focalizado, não tendo a mesma
repercussão que a ponte, mas os guindaste são de facto
Para Lopes Cordeiro, o livro Ponte Maria Pia reforça
a ideia de que a autoria da ponte não é de Eiffel, a
quem é vulgarmente atribuída, mas de Seyrig
dois exemplares magníficos do mesmo período. Todos os
portos do mundo que tinham este tipo de equipamento
sofrerem uma renovação e abateram estes equipamentos.
Portugal, por várias razões e até porque não participou na
II Guerra Mundial, altura em que muitos portos foram
destruídos, conseguiu conservar estes dois guindastes no
Porto de Leixões. Não estão em muito bom estado,
porque sofrem um desgaste muito grande da acção
marítima. Na sequência deste projecto, pensamos propor
uma solução de futuro para preservar os guindastes.
Depois vai também resultar numa pequena publicação
para realçar a importância daquelas peças que são
património industrial, únicas a nível mundial e de grande
importância para o Porto e Matosinhos.
Página 26
VIDA ASSOCIATIVA
Engenharia
Electrotécnica
em debate
O 7º Encontro Nacional do Colégio de
Engenharia Electrotécnica realizou-se, na
Exponor, durante os dias 12 e 13 de
Outubro, tendo como tema geral “O
Papel do Engenheiro Electrotécnico na
Engenharia dos Edifícios”. A iniciativa
conseguiu juntar vários especialistas
ligados à área em debate.
A sessão de abertura foi presidida pelo
engenheiro Pedro Sena da Silva, vicepresidente nacional da Ordem dos
Engenheiros (OE), em representação de
Fernando Santo, bastonário da OE. O
engenheiro Fernando Santo,
impossibilitado de estar presente no
encontro por impedimento de última
hora, enviou uma mensagem escrita aos
participantes do encontro, que foi lida
pelo engenheiro Machado e Moura,
coordenador regional Norte do Colégio
de Engenharia Electrotécnica.
Durante os dois dias do encontro foram
apresentadas e discutidas temáticas
importantes, tendo como ponto central
info
questões essenciais para o exercício da
profissão nas vertentes da Energia
Eléctrica, da Eficiência Energética, das
Telecomunicações e da Automação e
Segurança.
Académicos e industriais captaram a
atenção dos elevado número de
presentes que se encontrava na sala
apresentando as suas comunicações, os
seus pontos de vista e abrindo espaço
para troca de impressões.
A sessão de encerramento ficou
assinalada com a reflexão e conclusão da
presidente nacional do Colégio de
Engenharia Electrotécnica, engenheira
Maria Teresa Barros, que presidiu à
sessão. “Propor soluções sustentáveis de
conforto na era da informação” foi, em
síntese, a resposta encontrada por esta
profissional para o papel do Engenheiro
Electrotécnico na Engenharia dos
edifícios. O engenheiro Machado e
Moura apoiou esta ideia, acrescentando
que “agora há meios que não existiam
anteriormente e que permitem a
implementação dessas soluções”.
À semelhança do que a Ordem dos
Engenheiros – Região Norte defende foi
ainda reforçada a necessidade da revisão
ao Decreto 73/73, na medida em que
segundo os profissionais este se
encontra obsoleto.
“A Engenharia anda à frente da legislação
que temos em Portugal, mas encontra
travões”, defendeu a engenheira Zita
Vale, vogal do Colégio Regional Norte de
Engenharia Electrotécnica. Neste âmbito,
o engenheiro Machado e Moura reiterou
que “há soluções ao nível da Engenharia
que depois de confrontadas com a
legislação em vigor estagnam”.
OERN em Saragoça
A Ordem dos Engenheiros – Região
Norte, representada pelo vice-presidente
do Conselho Directivo, Luís Ramos,
participou, a convite do Colégio de
Ingenieros de Caminos Canales y
Puertos, na Jornada sobre Comunicações
Transfronteiriças que se realizou em
Saragoça a 26 de Outubro. Organizada
pela Confederación de Empresários de
Aragón, nesta jornada debateu-se a
escassez de ligações transfronteiriças e o
consequente risco de colapso das
existentes no curto prazo. Foram ainda
analisadas as consequências destes
problemas, mormente quanto ao
condicionamento da circulação de
pessoas e mercadorias e ao forte
constrangimento que representam para
o crescimento económico da Europa. O
problema da competência sobre este tipo
de comunicações e o eventual interesse
em que passem para a esfera de decisão
da União Europeia, na medida em que
deverão ser um valor estratégico para a
EU, foi também objecto de análise.
Aberta pelo presidente do Governo de
Aragão e encerrada pelo secretário de
Estado de Infraestructuras e
Planificación, esta jornada contou com a
presença do presidente do Colégio de
Ingenieros de Caminos Canales y
info
Puertos, D. Edelmiro Rua Alvarez, entre
outros oradores, em representação da
Administração Pública Autonómica e
Estatal e dos agentes económicos
portugueses, espanhóis e franceses.
6º Colóquio
Internacional sobre
Segurança e Higiene
do Trabalho de 2006
Bacia Hidrográfica
do Douro em discussão
em Janeiro
A 6ª edição do Colóquio Internacional
sobre Segurança e Higiene do Trabalho
terá lugar no auditório principal da
Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP) nos dias
23 e 24 de Fevereiro de 2006, e terá um
formato semelhante ao seu predecessor,
ainda que com temáticas mais actuais.
Este evento será novamente
organizado pela Ordem dos
Engenheiros – Região Norte (OERN),
Associação Portuguesa de Segurança e
Higiene o Trabalho (APSET) e a FEUP.
Na sessão de abertura estarão
presentes os responsáveis destas
instituições, respectivamente, Gerardo
Saraiva, Luís de Freitas e Carlos Costa.
Alfredo Soeiro da FEUP presidirá à
organização do colóquio.
O último colóquio registou cerca de
meio milhar de inscritos, pelo que se
tornou a partir do último ano numa
referência para os profissionais e
interessados nas temáticas de
segurança do trabalho.
A conferência de abertura será proferida
por um convidado da União Europeia e
terá como tema as perspectivas de
legislação e desenvolvimento de
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho
(SHST) no espaço europeu.
A seguir realizar-se-á um painel, com
várias intervenções, dedicado à
formação de profissionais de SHST
enquanto pilar fundamental da
prevenção de riscos. Realça-se que a
formação dos técnicos de SHST deve
estar intimamente ligada à realidade
das empresas e deve ser reiterado aos
técnicos de SHST que os problemas de
saúde com origem em desequilíbrios
A Ordem dos Engenheiros – Região
Norte levará a efeito no dia 27 de Janeiro
de 2006, na cidade do Peso da Régua,
um seminário sobre a “Bacia
Hidrográfica do Rio Douro”.
Este evento pretende discutir assuntos
relativos à exploração de recursos
hídricos e exploração turística da região
que envolve este rio transfronteiriço. A
navegabilidade, a utilização da água e o
convénio luso-espanhol serão assuntos a
debater.
O seminário decorrerá nas instalações da
delegação do Douro do IPTM e os
oradores serão convidados nacionais de
prestígio com larga experiência nesta
temática.
VIDA ASSOCIATIVA
Página 27
organizacionais e deficientes
condições de trabalho fazem parte da
área das competências exclusivas. No
domínio dos referenciais para a SHST
na construção há que atender às
inúmeras especificidades do processo
construtivo para a definição dos perfis
profissionais e de formação.
Ao coordenador de segurança na
construção estão atribuídas
competências vastas, que abrangem a
construção, como a elaboração de
projectos, direcção e acompanhamento
de obras, técnicas e processos
construtivos, e a SHST, como a gestão
de sistema de protecção de saúde e a
aplicação dos princípios e técnicas de
prevenção de riscos profissionais, bem
como o sistema de qualificação dos
coordenadores de segurança previsto
na legislação em discussão, serão
discutidos em mesa-redonda,
confrontando todos os potenciais
interessados.
Serão ainda abordados temas como o
dos acidentes de trabalho e das
doenças profissionais, da medicina no
trabalho e da prevenção de riscos
profissionais, trazendo a debate
inúmeras experiências provenientes
dos mais vastos sectores de
actividade. Os equipamentos de
trabalho e os sistemas de SHST serão
também analisados.
A sessão técnica será assegurada por
um alto quadro do IGT que abordará o
tema do impacto da legislação de
SHST, as respectivas responsabilidades
dos intervenientes nas empresas e os
desafios para o futuro. O aspecto
principal relaciona-se com o
enriquecimento do modelo teórico de
organização do trabalho, sendo
necessário definir a organização do
trabalho teórico.
O programa definitivo já se encontra
disponível na OE, na FEUP e na
APSET.
Página 28
VIDA ASSOCIATIVA
Presidente da CCDRN
na OERN –
II Encontro
dos Dirigentes
Regionais Norte da OE
“O Norte, como o país, precisa
de uma pequena revolução”
Começando por constatar que a crise da
região Norte é consequência da crise por
que passa o país, caracterizada por uma
estagnação prolongada, de raiz
estrutural, tratando-se verdadeiramente
de uma crise do sistema económico,
Carlos Laje, presidente da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento da
Região Norte (CCDRN), chamou a
atenção para algumas problemáticas no
seu discurso proferido no II Encontro
dos Dirigentes Regionais Norte da
Ordem dos Engenheiros que este ano
decorreu no Gerês, a 22 de Outubro.
Como orador convidado deste encontro,
Carlos Laje ainda assinalou que o país e
a região carecem de uma “pequena
revolução”, visando a equidade, a
eficiência do sistema e a redução do
Estado.
Uma região em declínio – Que fazer?
Depois de ilustrar a debilidade
económica da região Norte com o último
lugar que esta passou a ocupar em
matéria de PIB per capita – 79% da
média nacional – um indicador que tem
vindo a cair desde 1995, altura em que se
situava nos 85%, o presidente da
CCDRN apontou como causas a
globalização, a vulnerabilidade e a forte
exposição das indústrias.
Carlos Laje denunciou depois a existência
do que chamou “centralismo furtivo”,
fenómeno que tende a acentuar-se em
cenários de crise. À centralização
contrapôs um modelo de regionalização
na linha do modelo francês, rejeitando
info
inequivocamente modelos como o
espanhol ou o italiano, ambos com
sérios problemas neste momento.
Considerando necessária a autonomia
regional, salientou que esta deve ser
suportada numa legitimidade eleitoral
que valide as decisões.
O presidente da CCDRN considerou
ainda que a região tem absoluta
necessidade de se organizar, sendo
imprescindível o apoio ao investimento
na região. Neste sentido, haverá que
fazer um especial esforço no estudo e
preparação da participação regional no
próximo quadro comunitário, para o
período de 2007 a 2013. Apesar da
elaboração do agora chamado QREN
estar condicionada pelo esclarecimento
prévio de questões, como a definição das
perspectivas financeiras da União
Europeia e a análise das causas –
regionais ou nacionais – por que falhou
o modelo actual, importa que este plano
resulte de uma melhor selecção dos
objectivos por investimento e tenha
decididamente em vista a coesão
nacional.
Como prioridades regionais, o presidente
da CCDRN apontou as infra-estruturas,
as acessibilidades, as cidades e a
cooperação. Atribuiu especial atenção à
necessidade de definição de uma
verdadeira política industrial. Mais do
que a região ou o país, a Europa tem que
lutar contra a desindustrialização. No
caso da região Norte, por maioria de
razão, assim tem que ser na medida em
que a sua base é industrial. Isto sem
descurar a atenção aos ‘sectores
emergentes’, alguns já com alguma
expressão na região (indústria
farmacêutica, biotecnologias, etc.).
Contrariando a ideia de falência dos
sectores tradicionais, Carlos Laje,
apontou como exemplos o crescimento
das exportações em 2005 no calçado,
sector que congrega cerca de 45 mil
pessoas, e ainda o crescimento de
alguns subsectores do têxtil.
Por último, Carlos Laje alertou para o
grande potencial dos sectores
tradicionais, podendo beneficiar muito
ao investir na inovação não-tecnológica,
como, por exemplo, o design.
II Encontro de Dirigentes Regionais
Do programa do II Encontro de
Dirigentes Regionais ainda fez parte um
info
debate, que contou com as intervenções,
entre outros, dos engenheiros Luís Braga
da Cruz, Carlos Brito, José Mendes e
Matos de Almeida. Este momento
permitiu discutir aspectos tais como a
temática da especialização económica,
dissertando-se sobre as vantagens e
desvantagens que encerra. A atenção
dirigiu-se ainda para o eventual impacto
sobre a coesão social da dispersão
decorrente da regionalização, o défice de
liderança da região e a instabilidade que
a tem caracterizado, que poderão ser
razões principais de algum ‘desnorte’ ou
desorganização regional, a necessidade
de infra-estruturas que fomentem o
conhecimento, a problemática do ensino,
mormente do ensino da Engenharia,
com as indefinições estratégicas sobre
ensino politécnico e universitário, e a
valorização da Engenharia, para o que
muito poderão contribuir as propostas
que a Ordem dos Engenheiros (OE)
apresentou ao Governo, esperando agora
pela evolução do processo.
Na segunda parte do encontro, os
dirigentes regionais analisaram alguns
aspectos organizativos internos,
detiveram-se sobre a estratégia de
intervenção pública da OE, em especial
da sua estrutura no Norte. Discutida a
crise dos acessos aos cursos
tecnológicos, os presentes concluíram
pelo interesse, ou mesmo necessidade,
de promoção de uma grande acção,
tendo em vista a divulgação da
Engenharia junto dos mais jovens,
nomeadamente daqueles que
brevemente têm de fazer as suas opções
no ensino secundário.
Encontro Nacional
do Colégio
de Engenharia Civil
No passado dia 15 de Outubro
realizou-se, na Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP), o Encontro Nacional do
Colégio de Engenharia Civil, o Dia do
Departamento de Engenharia Civil da
VIDA ASSOCIATIVA
Página 29
FEUP e o Dia dos Antigos Alunos da
mesma área e instituição.
O encontro teve como objectivo
discutir aspectos importantes da vida
profissional dos engenheiros civis e
proporcionou o convívio entre colegas.
O espaço reservado ao evento revelouse pequeno para albergar os mais de
100 participantes.
A iniciativa contou com intervenções
do engenheiro Álvaro Cunha, da
Direcção da FEUP, do engenheiro
Fernando Branco, presidente do
Colégio de Engenheira Civil da Ordem
dos Engenheiros (OE), do engenheiro
José Ferreira Lemos, presidente do
Departamento de Engenharia Civil da
FEUP, e do engenheiro João Lopes
Porto, presidente da direcção da AECFEUP.
Algumas das preocupações do sector
foram apresentadas pelo engenheiro
Hipólito de Sousa, coordenador do
Conselho Regional Norte do Colégio de
Engenharia Civil, que abordou a
situação do ensino da Engenharia Civil
e dos engenheiros civis, do sector da
construção e dos respectivos
constrangimentos.
No plano do ensino, além de um breve
historial do ensino da Engenharia Civil
em Portugal, o engenheiro apresentou
indicadores relativos ao número de
cursos e de vagas, às médias de
acesso, à relação entre cursos
acreditados e não acreditados e à
evolução do número de diplomados.
Ficou patente a necessidade de
clarificação das vocações dos sistemas
nacionais de ensino politécnico e
universitário na Engenharia Civil, o
excesso de oferta relativamente à
procura nesta área, bem como o baixo
nível de exigência na admissão que
tem ocorrido em alguns cursos.
No que respeita à engenharia civil e ao
exercício profissional foi sublinhada a
desvalorização progressiva dos actos
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VIDA ASSOCIATIVA
profissionais e o desconhecimento de
grande parte dos utentes das
construções sobre o papel dos
engenheiros civis. Destacou-se, como
muito prejudicial para o sector, a
tendência legislativa recente e a prática
de algumas entidades públicas, de não
exigirem a inscrição na Ordem e a
outorga do título de engenheiro para o
exercício profissional nesses serviços.
Deste modo faculta-se o exercício de
actos de Engenharia a titulares de
cursos que, estando fora da alçada das
associações profissionais de direito
público (OE e ANET) não estão
subordinados à tutela ética,
deontológica e disciplinar, bem como
não satisfazem as condições de
reconhecimento pelas mesmas
associações. Esta prática, prejudica, no
plano dos princípios, a defesa da
qualidade da Engenharia e coloca,
frequentemente, problemas de
subordinação dos actos desses
agentes, a decisões hierárquicas
prejudiciais à confiança pública
associada aos actos de Engenharia.
Relativamente ao momento actual do
sector da construção, o retrato
efectuado não foi muito animador.
“Não há uma estratégia de
desenvolvimento para o sector”,
afirmou Hipólito de Sousa,
acrescentando: “o quadro legislativo e
regulamentar tem importantes
debilidades e não há um fio condutor
perceptível que lhe dê coerência”. O
engenheiro reconheceu que
“comparativamente a outros países as
ferramentas de apoio aos profissionais,
nomeadamente no campo normativo
são claramente insuficientes” e que o
nível de qualificação técnica das
empresas é manifestamente insuficiente
por uma inexplicável permissividade do
regime de alvarás. Afirmou ainda que o
sector só costuma ser notícia por más
razões e raramente pela excelência das
info
realizações, pelo que “é socialmente
mal visto”, em boa parte injustamente.
Como principais condicionantes,
Hipólito de Sousa apontou o
sobredimensionamento da capacidade
instalada, a forte concorrência, o peso
da burocracia e da fiscalidade, a fraca
qualidade de muitas organizações e a
deficiente formação da mão-de-obra.
“A OE tem que ter uma estratégia
coerente para o sector baseada na
qualidade final dos produtos de
construção e assumir uma posição
forte na defesa da engenharia civil”,
rematou Hipólito de Sousa. Nesse
sentido, relembrou as iniciativas
recentes do Colégio no sentido da
organização legislativa, articulada em
torno da proposta estruturante
apresentada pela OE para o novo
Decreto 73/73 relativo às qualificações
e responsabilidades de todos os
profissionais da fileira da construção,
sublinhando aos colegas a necessidade
duma atitude próactiva, participando
na discussão destas matérias e
valorizando um exercício profissional
moderno, responsável e ético.
O engenheiro Segadães Tavares foi o
orador convidado, cabendo-lhe a
abordagem ao tema “O Exercício
Profissional e a Ética na Engenharia
Civil”. Apoiando-se em experiências do
quotidiano para contar ‘estórias’,
Segadães Tavares abordou a
qualificação dos profissionais da
Engenharia, a prática da segurança, as
regras de jogo do mercado e a
responsabilidade de futuro.
O debate ficou marcado pela ideia de
que é fundamental inverter a tendência
de desqualificação que o próprio
Estado tem alimentado. O
reconhecimento social do papel do
engenheiro civil, tão injustamente
secundarizado relativamente a outras
profissões, resultará do reforço do
espírito de corpo e do aumento da
exigência da OE para com os seus
membros, promovendo uma cultura de
excelência. O Colégio de Engenharia
Civil demonstrou que tem assumido
uma postura mais exigente em
matérias legislativas, sendo motivo de
orgulho pelo elevado nível da sua
prestação.
O encontro foi encerrado pelo
engenheiro Fernando Santo,
bastonário da OE, que apelou à coesão
da classe.
info
Alfred Nobel
e os prémios
Mais uma vez o tema da energia
atómica é merecedor de espaço na
secção de Engenharia no Mundo da
Info. Desta vez o motivo relaciona-se
com a atribuição do Prémio Nobel da
Paz de 2005. Além disso, os Prémios
Nobel estão mais ligados à Engenharia
do que parece à primeira vista, a
começar pelo facto de o homem que
teve a ideia de os criar ter sido um
engenheiro de grande mérito.
O Comité Nobel decidiu este ano
premiar com o Nobel da Paz a
Agência Internacional de Energia
Atómica (IAEA) e o seu director-geral,
Mohamed ElBaradei, devido aos
esforços levados a cabo no sentido de
prevenir que a energia nuclear seja
usada para fins militares e para
assegurar que a energia nuclear para
propósitos pacíficos seja usada da
forma mais segura. Como explicou o
ministro norueguês dos Negócios
Estrangeiros, Jan Petersen: “O Prémio
Nobel da Paz deste ano, atribuído ao
Dr. Mohamed ElBaradei e à Agência
Internacional de Energia Atómica,
evidencia um dos mais sérios
desafios de segurança enfrentado
pelo mundo hoje. O prémio da Paz é
um importante sinal do mérito que o
Comité Nobel dá a estes assuntos. A
entrega do prémio da Paz ao Dr.
ElBaradei e à IAEA é também
importante para o trabalho que a
Noruega está a fazer para promover
os esforços do desarmamento nuclear
e fortalecer o regime de nãoproliferação internacional. Eu estou
confiante que a Noruega e a IAEA
juntas podem alcançar um óptimo
resultado nesta área”.
O prémio da Paz é entregue
anualmente no dia 10 de Dezembro e
o seu nome é proveniente de Alfred
Nobel (Estocolmo, 1833-San Remo,
1896). No seu último testamento
assinado em 1895, Nobel estipulou
que uma parte do capital da sua
fortuna fosse destinado à criação de
cinco prémios: Literatura, Química,
Física, Medicina e Paz (o da
Economia apenas foi criado em 1968,
no âmbito das comemorações do
300º aniversário do Banco da Suécia,
tendo sido atribuído pela primeira vez
no ano seguinte).
O testamento definitivo de Alfred
Nobel, aquele que deixou o seu
legado para a Humanidade, foi
redigido pelo próprio e assinado a 27
de Novembro de 1895, sem
assistência jurídica. Nesse documento
foram indicados dois testamenteiros
a quem Nobel deixava a missão de
executar a sua vontade: dois jovens
engenheiros, Ragnar Sohlman e
Rudolf Lilljequist, a quem se deve a
ENGENHARIA
NO MUNDO
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instituição de uma das entidades
mais respeitadas do mundo, a
Fundação Nobel.
Na noite de 10 de Dezembro de 1901,
num banquete reservado a homens, na
Sala dos Espelhos do Grande Hotel de
Estocolmo, foram entregues os primeiros
Prémios Nobel, exceptuando o da Paz,
visto o Parlamento norueguês apenas ter
anunciado nesse dia o nome dos
laureados.
Alfred Nobel desde pequeno recebeu
uma educação exigente e
multifacetada, o que lhe permitiu
adquirir gostos que abrangiam a área
da Engenharia e a das Letras (sabia
expressar-se em cinco idiomas e
dedicou-se à escrita).
Seguindo as pisadas do pai, Alfred
Nobel tornou-se num engenheiroinventor. O pai, dedicado à actividade
da detonação, desenvolveu projectos
e inventos, como as mortíferas minas
antipessoais e as minas marítimas,
chegando a ser o responsável pela
mais importante fábrica de
armamentos russos num período da
Guerra da Crimeia.
A dinamite, o grande invento de
Alfred Nobel, resultou de uma
combinação feita em 1866 de
nitroglicerina com pedra de Kiselguhr
para criar um explosivo. Após esta
descoberta, o engenheiro tornou-se
num dos homens mais ricos do
mundo e levou a cabo outras
descobertas, como a borracha
sintética, o pergamóide e a seda
artificial. Há quem considere a
balistite (datada de 1887) um
explosivo poderoso composto de uma
mistura de 40% de nitrocelulose e de
60% de nitroglicerina, a invenção
mais surpreendente de Nobel.
Ao longo da sua carreira, o
engenheiro-inventor registou 355
patentes e instalou fábricas em cerca
de 20 países.
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LAZER
Engineers Trophy
– Engenharia Global
A Ordem dos Engenheiros – Região
Norte (OERN) levará a efeito na
Primavera de 2006, inserido nas
comemorações dos seus 70 anos, o
Engineers Trophy – Engenharia
Global. Este evento pretende envolver
empresas, instituições e
universidades cujos quadro ou
curricula versem ou contenham o
tema “engenharia”.
A competição, que contém aspectos
desportivos e de lazer, mas também
aspectos técnicos, científicos, de cultura
geral e institucionais da Ordem,
colocará no terreno equipas de
engenheiros portugueses (empresas,
instituições ou universidades). Os
competidores terão que desenvolver
aspectos físicos através de provas
topográficas e desportivas para atingir
objectivos específicos, pontuáveis, bem
como comprovar conhecimentos sobre
várias matérias socioculturais e
técnicas.
O Engineers Trophy – Engenharia Global
visa uma aproximação da OERN à
sociedade, aos seus membros e às
instituições que contenham nos seus
quadros colaboradores engenheiros ou
potenciais engenheiros. Esta acção
permite também o envolvimento de
empresas, instituições e universidades,
num encontro que se pretende
fomentador de complementaridades
entre o ‘mercado’ e a respectiva
associação profissional,
abrindo assim a possibilidade de novas
valências e complementaridades.
Vale a pena focar que ‘engenheiro’ é o
licenciado em Engenharia, reconhecido
e qualificado profissionalmente pela OE,
competência exclusiva desta associação
profissional por delegação legal e
estatutária do Estado Português.
info
info
AGENDA
CONGRESSOS E SEMINÁRIOS
DEBATES
23 E 24 DE FEVEREIRO
27 JANEIRO
LOCAL: FEUP
ORGANIZAÇÃO: OERN, FEUP e APSET
LOCAL: Peso da Régua
ORGANIZAÇÃO: CDRN
6º COLÓQUIO DE SEGURANÇA E HIGIENE
DO TRABALHO
DEBATE SOBRE A GESTÃO DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO DOURO
ENCONTROS
CULTURA E LAZER
19 NOVEMBRO
5 DEZEMBRO
LOCAL: Bragança
ORGANIZAÇÃO: OE
LOCAL: Braga
ORGANIZAÇÃO: DD Braga
DIA NACIONAL DO ENGENHEIRO
COLOCAÇÃO DE FOTOGRAFIA
DO 1.º DELEGADO DISTRITAL DE BRAGA
(ENG. JOSÉ VIEIRA)
No dia 19 de Novembro os engenheiros reúnem-se num
encontro nacional, com realização na véspera de uma
mesa-redonda sobre o tema “Papel dos engenheiros na
Administração Local”.
FORMAÇÃO
3 E 10 SETEMBRO; 12 E 19 NOVEMBRO
E 10 E 17 DEZEMBRO
LOCAL: Sede da OERN
ORGANIZAÇÃO: OERN
CURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA
PROFISSIONAL
A Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN) tem
vindo a promover cursos de formação em Ética e
Deontologia Profissional com o objectivo de transmitir
conhecimentos e divulgar casos de reconhecida importância
para o exercício da profissão de engenheiro,
designadamente no tocante aos valores e princípios a ela
inerentes.
Estes cursos constituem, desde Janeiro de 2002, uma
componente obrigatória dos estágios de admissão à Ordem
dos engenheiros. Deste modo, qualquer membro estagiário
que se tenha inscrito depois de 1 de Janeiro, só será
admitido como membro efectivo após a frequência, com
aproveitamento, daqueles cursos.
A duração destes cursos é de 10 horas, a funcionar das
10h30 às 13h e das 14h30 às 17h.
O número de participantes por curso é limitado, sendo as
inscrições consideradas por ordem de recepção na OERN.
Para efectuar a inscrição deverá enviar a ficha de inscrição e
proceder ao pagamento de 25,00 euros
(inclui: documentação).
Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt
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14, 22, 28 NOVEMBRO E 6 DEZEMBRO
LOCAL: Café Concerto, Teatro de Vila Real das 21h15 às 22h30
ORGANIZAÇÃO: Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, Câmara Municipal de Vila Real, Fundação para a
Ciência e Tecnologia, Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional (FEDER), Ordem dos Engenheiros, Coordenações dos
Cursos de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, de
Ecologia Aplicada, de Biologia Científica e em Ensino de
Biologia e Geologia e respectivos núcleos de estudantes,
Centro de Estudos Tecnológicos, do Ambiente e da Vida
(CETAV), Centro de Estudos em Gestão de Ecossistemas
(CEGE), Rádio Universidade (RUM)
PARCERIAS: Governo Civil de Vila Real, Ipj, Emar, Águas de
Trás-os-Montes, Voz de Trás-os-Montes e Notícias de Vila Real,
Região de Turismo
TERTÚLIAS NO CAFÉ
“UM AMBIENTE DE CAFÉ” E “UM CAFÉ
COM BIOLOGIA”
A Reitoria da UTAD tem vindo a implementar, numa acção
conjunta com as coordenações de curso e de alguns
centros de investigação, diversas estratégias no sentido de
divulgar aspectos científicos junto da comunidade, em
particular, dos novos públicos. Nesta perspectiva,
pretende-se debater alguns assuntos que marcam a agenda
actual no domínio do ambiente e das ciências biológicas
com os seguintes objectivos: colocar a UTAD no palco da
discussão de temas da actualidade que preocupam as
pessoas e dos domínios mencionados; divulgar as
competências da UTAD através dos centros de investigação
para a resolução de problemas que afectam a região, em
particular, no domínio do ambiente; aumentar a visibilidade
da UTAD na discussão de temas da actualidade e a sua
ligação à região onde se insere; chamar a atenção dos
cidadãos para os problemas reais e das competências
científicas da UTAD; diversificar a oferta de iniciativas no
sentido de promover a captação de novos públicos, não se
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AGENDA
info
esgotando nos alunos do primeiro ciclo. A formação pósgraduada, contínua e especializada devem constituir outra
das preocupações da UTAD.
“UM AMBIENTE DE CAFÉ”
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOVOS DESAFIOS
Sessão 2: 28 de Novembro
Tema: Resíduos
Convidados: Prof. Graça Martinho (Universidade Nova de
Lisboa), Dr. Paulo Praça (Resíduos de Nordeste) e Eng.º
Paulo Noronha (Câmara Municipal de Vila Real)
Moderador: Margarida Correia Marques (CETAV)
Âmbito e objectivos: o problema mais crítico identificado no
estudo “Dissonâncias Ambientais do Douro” é o da
deposição ilegal de resíduos, em especial os resíduos de
sucata e resíduos de construção e demolição. Esta situação
causa detrimento da qualidade ambiental e da paisagem
com consequências na degradação geral do ambiente na
área do Alto Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO
como Património Mundial. A criação de condições de
gestão adequada de todos os tipos de resíduos (utensílios
domésticos fora de uso, sucatas, resíduos de construção e
demolição, resíduos inertes e resíduos industriais) é
fundamental para que deixem de ocorrer dissonâncias deste
tipo e para que se possa apostar numa política de redução e
reciclagem de resíduos, reutilização de recursos e redução
da perigosidade dos resíduos produzidos.
Esta sessão terá como tema central a política nacional de
gestão de resíduos e a actual gestão de resíduos na região
Norte. Os principais aspectos a abordar serão: a) a
problemática da gestão de resíduos e os sistemas de gestão
de resíduos da região Norte; b) a criação de alternativas de
gestão de fluxos especiais de resíduos na região Norte; c) a
implementação de uma solução de gestão e deposição final
de resíduos de construção civil e demolição na região
Norte; d) a valorização e o tratamento de resíduos agrícolas
na região Norte.
Sessão 3: 6 de Dezembro
Tema: Ar
Convidados: Prof. Carlos Borrego (Universidade de Aveiro),
Dr. Paulo Mata (Médico especialista)
Moderador: Margarida Correia Marques (CETAV)
Âmbito e objectivos: “Clean Air For Europe” – CAFE,
estabelecido no âmbito do 6º Programa de Acção em
Matéria do Ambiente, é um programa de análise técnica e
de desenvolvimento de políticas, cujo principal objectivo é o
desenvolvimento de uma estratégia política integrada e de
longo termo para a protecção, da saúde humana e do
ambiente, dos efeitos da poluição atmosférica. Com a
aprovação, a nível Europeu, da Estratégia Temática sobre
Qualidade do Ar, torna-se vital a nível nacional, proceder-se
a um acompanhamento da política acordada e das metas
traçadas até 2020 e das respectivas medidas associadas.
Esta sessão terá como tema central a monitorização e
gestão da qualidade do ar na região do Nordeste
Transmontano. Os principais aspectos a abordar serão: a) a
avaliação da qualidade do ar na região do Nordeste
Transmontano; b) a definição de medidas de minimização
dos impactos da poluição pelo ozono na saúde pública e no
ambiente em geral da região do Nordeste Transmontano; c)
o impacto da qualidade do ar ambiente na saúde pública e
nos ecossistemas, em especial em áreas classificadas de
montanha.
“UM CAFÉ COM BIOLOGIA”
NOVOS DESAFIOS NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Sessão 1: 14 de Novembro
Tema: Biotecnologia
Convidados: Prof. Carlos Faro (Universidade de Coimbra e
director científico da BIOCANT)
Âmbito e objectivos: esta sessão terá como tema central a
discussão dos novos desafios no domínio da biotecnologia
Sessão 2: 22 de Novembro
Tema: Células Estaminais
Convidados: Prof. Mário Sousa (Universidade do Porto)
Âmbito e objectivos: esta sessão terá como tema central a
discussão dos novos desafios no domínio das ciências
médicas.
Pin da Ordem dos Engenheiros
– Região Norte à venda na sede
e nas delegações distritais por 5 euros
info
AGENDA
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info - Ordem dos Engenheiros Região Norte