COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
XXVII SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
BELÉM – PA, 03 A 07 DE JUNHO DE 2007
T100 – A05
ALTERNATIVA DE CONTROLE DA COMPACIDADE RELATIVA DE SOLOS NÃOCOESIVOS
Fabio de Oliveira PENNA Neto
Engenheiro Líder do Laboratório de Materiais de Construção da UHE Tucuruí Eletronorte
Diyoiti SHINOHARA
Técnico Especializado do Laboratório de Materiais de Construção da UHE Tucuruí Eletronorte
João Benedito Ribeiro de FARIAS
Técnico Especializado do Laboratório de Materiais de Construção da UHE Tucuruí Eletronorte
Alfredo de Sousa SAMPAIO
Técnico Especializado do Laboratório de Materiais de Construção da UHE Tucuruí Eletronorte
RESUMO
Este estudo apresenta uma alternativa simples para obtenção da massa específica
aparente seca máxima (índice de vazios mínimo), através do ensaio usual de
compactação de solos na energia modificada. Para as areias naturais, fina, média e
grossa, da região da UHE Tucuruí, os resultados são semelhantes aos conseguidos
com a mesa vibratória eletromagnética, preconizada na NBR-12051/91 Determinação do Índice de Vazios Mínimo de Solos Não-coesivos.
Para os materiais estudados é apresentado também uma correspondência entre
Grau de Compactação e Compacidade Relativa dos mesmos.
ABSTRACT
This study presents a simple alternative for obtaining the apparent maximum dry
density (minimum voids index) through the usual soil compaction tests in modified
energy. For the natural, fine, medium and coarse sands of the Tucurui area, similar
results were found out with the electromagnetic vibrating table, as outlined in the
standard NBR-12051/91 - determination of the minimum voids index of no cohesive
soils. For the materials studied, a relation between Compaction Ratio and Relative
Compactness is also presented.
XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens
1
1.
INTRODUÇÃO
A especificação técnica de construção da UHE Tucuruí descreve: “O filtro de areia
natural compactada será constituído de partículas limpas, duráveis e de qualidade
uniforme. Deve apresentar coeficiente mínimo de permeabilidade de 10-2 cm/s nas
condições de compactação alcançadas durante a construção e possuir no máximo
5% de finos (< que 0,075mm) em peso. Deve também atingir a compacidade relativa
mínima de 42% e média inferior a 65% para filtro vertical e inclinado e igual ou
superior a 65% para filtro horizontal” [1].
Para a obtenção da compacidade relativa é necessário determinar o valor do índice
de vazios mínimo, ou massa específica aparente seca máxima, conforme método
NBR-12051/91 e o índice de vazios máximo, ou massa específica aparente seca
mínima, determinado conforme NBR-12004/90 da ABNT - Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
A realização dos ensaios mencionados exige laboratoristas qualificados e
experientes, devido a detalhes minuciosos dos métodos, inclusive de calibração dos
equipamentos. O custo da mesa vibratória eletromagnética, preconizada na NBR12051/91 é bastante elevado e o tempo gasto para realização dos ensaios supera 2
horas, o que pode impactar no tempo de liberação de camadas de construção dos
filtros. De forma a superar a condicionante de tempo, no controle expedito da
compacidade relativa da areia natural, utilizada na construção dos filtros da UHE
Tucuruí, adotou-se valores médios de massa específica aparente seca máxima e
mínima, determinados em ensaios realizados com amostras coletadas previamente
e comparadas com a massa especifica aparente seca “in-situ”.
O objetivo deste estudo foi então, encontrar uma forma mais simples para obtenção
da massa específica aparente seca máxima, através do método usual de
compactado de solos, que apresentasse valores iguais aos obtidos pelo método
NBR-12051/91 e propor ao meio técnico a possibilidade de estabelecer parâmetros
de controle da execução de filtros de areia natural em termos de grau de
compactação e não de compacidade relativa.
2.
ESTUDO
2.1 AREIAS NATURAIS UTILIZADAS
Foram selecionados três tipos de areias naturais, com granulometrias classificadas,
pela USCS, de areias fina, média e grossa. As amostras de areias fina e grossa
foram ensaiadas para dar maior abrangência ao estudo, sabendo que a areia
utilizada na construção dos filtros foi a de granulometria média.
Na Figura 01, estão apresentadas as curvas granulométricas das amostras
ensaiadas, com a respectiva faixa especificada da areia para execução de filtros na
UHE Tucuruí e os valores correspondentes da massa específica dos grãos.
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2
Areia
Areia
Areia
Fina
Grossa 100 Média
(%)
(%)
(%)
Passante Passante Passante
PENEIRAS (ASTM) Nº
90
1"
100,0
3/4"
100,0
1/2"
97,8
3/8"
96,8
100,0
100,0
99,1
100,0
98,7
100,0
Porcentagem que Passa
10
81,1
16
77,0
30
62,3
60
50
97,6
99,8
94,1
99,5
89,4
99,0
72,3
94,2
40
30
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)
PORCENTAGEM QUE PASSA (%)
100,0
70
92,7
40
30
33,1
10 8
4
3/8" 1/2"
3/4"
1"
11/2" 2"
3"
90
10
80
20
70
30
60
40
Faixa Especificada
UHE Tucuruí
50
50
40
60
30
70
6"
80
3
4
5,3
6,1
37,3
100
0,5
0,5
10,7
5
6 7 8 91
0,01
2
3
4
5
6 7 8 91
0,1
2
3
4
5
6 7 8 91
1
Massa Esp.
dos Grãos
Material
79,3
2
60
2
3
Areia Grossa
2,659 g/cm3
Areia Média
2,660 g/cm3
Areia Fina
2,661 g/cm3
3
4
5
6 7 8 91
10
2
3
4
90
100
5
6 7 8 91
100
Diâmetro dos grãos (mm)
PEDREGULHO
AREIA
USCS
SILTE
´
FINA
0,1
4"
0
0
1
0,001
0,1
16
10
0
200
20
Legenda:
10
28,6
60 50
20
20
40
10080
100,0
80
4
200
100
PORCENTAGEM RETIDA(%)
Peneiras
Nº
MEDIA
GROSSA
FINO
GROSSO
4,1
FIGURA 1: Curvas granulométricas das areias utilizadas no estudo.
2.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Na seqüência apresentamos as Figuras 2 e 3 com fotos e descrição dos
equipamentos utilizados no estudo.
1
FIGURA 2 – Conforme descrição
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2
3
4
FIGURA 3 – Conforme descrição
3
Figura 2: Mesa vibratória eletromagnética de aço, com vibração vertical acionada por
um vibrador eletromagnético do tipo impacto sólido, de massa maior que 45kg.
Deslocamento senoidal com o tempo, de amplitude dupla média (deslocamento pico
a pico) de 0,33 + 0,05mm com freqüência de 60Hz. Possui ajustamento de
freqüência de vibração entre 0 e 60Hz. Acompanha: molde cilíndrico metálico
padrões, tubo guia, disco base, sobrecarga, alça com rosca. Ensaio: NBR12051/1991.
Figura 3: 1 Cilindro metálico pequeno (cilindro de proctor) composto de: molde
cilíndrico Ø 100 + 0,4mm, altura 127,3 + 0,3mm e volume igual a 1.000 + 10cm3;
base e cilindro complementar de mesmo diâmetro (colarinho). Ensaio: NBR7182/1986.
2 Soquete pequeno, metálico com massa de (2.500 + 10)g e dotado de dispositivo
de controle de altura de queda (guia), que é de (305 + 2)mm. Dimensões conforme
figura 3 da NBR-7182/86, “Solo - Ensaio de Compactação”.
3 Soquete grande, metálico com massa de (4.536 + 10)g e dotado de dispositivo de
controle de altura de queda (guia), que é de (457 ± 2)mm. Dimensões conforme
figura 4 da NBR-7182/86, “Solo - Ensaio de Compactação”.
4 Soquete de compactação de aço, com 4.540g de massa e uma altura de queda
livre de 457,2mm. A face de compactação no pé do soquete é plana e circular,
conforme figura 2 da NBR-12891/93, “Dosagem de Misturas Betuminosas pelo
Método Marshall”.
2.3 PROCEDIMENTOS E MÉTODOS DE ENSAIOS
De inicio, o objetivo desse estudo foi o de compactar a areia conforme o método de
ensaio de compactação para solo, em cilindro pequeno, sem a preocupação da
definição da curva de compactação, mas sim, a obtenção da massa especifica
aparente seca máxima.
As variações da energia de compactação se deram, pelo fato de desconhecer, a
priori, em qual energia, molde cilíndrico e soquete, a massa especifica aparente
seca máxima seria semelhante à compactada na mesa vibratória.
Na Tabela 1 a seguir são apresentadas as energias de compactação aplicadas.
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4
Cilindro
Soquete
Conforme
NBR-7182
Compactação
de Solo
Pequeno
Conforme
NBR-12891
Compactação
Concreto
Asfáltico
Energia
Características Inerentes a Cada
Energia de Compactação
Normal
Intermediária
Modificada
Soquete
Pequeno
Grande
Grande
Número de Camadas
3
3
5
Número de Golpes por Camada
26
21
27
Soquete
Marshall
Marshall
Marshall
Número de Camadas
3
3
5
Número de Golpes por Camada
10
21
27
TABELA 1: Energias de compactação aplicadas nas areias
O soquete Marshall é utilizado para compactação de concreto asfáltico. A altura de
queda livre e a massa são idênticas à do soquete grande utilizado na compactação
de solos, com exceção da face de compactação, que no pé do soquete é plana e
circular com diâmetro de 98,4mm.
A Tabela 2 abaixo, apresenta os métodos e as quantidades dos ensaios realizados
por material.
Material
Método de Ensaio
Areia
Fina
Areia
Média
Areia
Grossa
NBR-7181 - Solo - Análise Granulométrica
3
9
3
NBR-6508 - Solo - Determinação da Massa Especifica dos
Grãos de Solos
3
9
3
NBR-7182 - Solo - Ensaio de Compactação na Energia
Normal, Intermediária e Modificada
3
9
3
NBR-7182 - Solo - Ensaio de Compactação com Soquete
Marshall na Energia Normal e Intermediária
3
9
3
NBR-12051 - Solo - Determinação do Índice de Vazios
Mínimo de Solos Não-coesivos Método A-1 e A-2
3
9
3
NBR-12004 - Solo - Determinação do Índice de Vazios
Máximo de Solos Não-coesivos Método A
3
9
3
TABELA 2: Métodos e quantidades dos ensaios realizados por material
3.
RESULTADOS
3.1 REGISTRO DOS ENSAIOS EXECUTADOS PARA CADA AMOSTRA DE AREIA
Na Tabela 3, estão os valores da massa especifica aparente seca máxima obtidos
para cada tipo de areia, conforme o método da mesa vibratória e, compactadas nas
energias normal, intermediária e modificada. Estão também incluídos na tabela, a
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5
massa específica aparente seca máxima obtida no estado úmido, método A-2 da
NBR-12051 e a mínima conforme método A da NBR-12004.
Determinação da Massa
Esp. Aparente Seca
γs
γs
Máxima
NBR12051/91
Método Método
A.1
A.2
Umido
Seco
3
3
(g/cm )
(g/cm )
Mínima
NBR12004/90
Ensaio
Energia
Energia
Ótima
(%)
γs máx.
(g/cm3)
Ótima
(%)
γs máx.
(g/cm3)
Ótima
(%)
Modificada
γs máx.
(g/cm3)
Intermediária
Ótima
(%)
Normal
γs máx.
(g/cm3)
Modificada
Ótima
(%)
Intermediária
γs máx.
(g/cm3)
Normal
Ótima
(%)
Nº
Ensaio de Compactação NBR-7182/86
Compactado com Soquete Marshall
γs máx.
(g/cm3)
Areia Grossa
Natural
Areia Média Natural
Areia Fina
Natural
Tipo
de
Material
Ensaio de Compactação
NBR-7182/86
01
1,805
1,701
1,548
1,719
Seca
1,779
Seca
1,801
Seca
1,764
Seca
1,779
Seca
1,806
Seca
02
1,806
1,700
1,545
1,728
Seca
1,763
Seca
1,781
Seca
1,761
Seca
1,782
Seca
1,794
Seca
03
1,815
1,698
1,555
1,746
Seca
1,752
Seca
1,787
Seca
1,752
Seca
1,779
Seca
1,800
Seca
Média
1,809
1,700
1,549
1,731
Seca
1,765
Seca
1,790
Seca
1,759
Seca
1,780
Seca
1,800
Seca
01
1,838
1,734
1,585
1,796
Seca
1,780
Seca
1,800
Seca
1,766
Seca
1,817
Seca
1,835
Seca
02
1,846
1,763
1,594
1,784
Seca
1,785
Seca
1,808
Seca
1,787
Seca
1,807
Seca
1,840
Seca
03
1,847
1,756
1,598
1,793
Seca
1,806
Seca
1,821
Seca
1,778
Seca
1,816
Seca
1,837
Seca
04
1,843
1,735
1,597
1,781
Seca
1,784
Seca
1,812
Seca
1,776
Seca
1,811
Seca
1,834
Seca
05
1,848
1,781
1,594
1,775
Seca
1,782
Seca
1,823
Seca
1,788
Seca
1,820
Seca
1,843
Seca
06
1,850
1,743
1,595
1,780
Seca
1,787
Seca
1,824
Seca
1,782
Seca
1,817
Seca
1,853
Seca
07
1,848
1,736
1,617
1,786
Seca
1,797
Seca
1,818
Seca
1,799
Seca
1,812
Seca
1,855
Seca
08
1,847
1,749
1,614
1,812
Seca
1,800
Seca
1,833
Seca
1,803
Seca
1,844
Seca
1,867
Seca
09
1,866
1,749
1,609
1,794
Seca
1,808
Seca
1,840
Seca
1,796
Seca
1,831
Seca
1,857
Seca
Média
1,848
1,750
1,600
1,789
Seca
1,792
Seca
1,820
Seca
1,786
Seca
1,819
Seca
1,847
Seca
01
1,914
1,817
1,686
1,860
Seca
1,869
Seca
1,894
Seca
1,885
Seca
1,894
Seca
1,929
Seca
02
1,910
1,825
1,683
1,863
Seca
1,870
Seca
1,899
Seca
1,881
Seca
1,896
Seca
1,932
Seca
03
1,916
1,816
1,679
1,858
Seca
1,873
Seca
1,896
Seca
1,879
Seca
1,902
Seca
1,930
Seca
Média
1,913
1,819
1,683
1,860
Seca
1,871
Seca
1,896
Seca
1,882
Seca
1,897
Seca
1,930
Seca
Método
A
(g/cm3)
TABELA 3: Massa específica aparente seca máxima e mínima das areias
estudadas.
Observar a semelhança dos valores de massa específica aparente seca máxima
médios, obtidos na Mesa Vibratória e os obtidos compactados com Soquete
Marshall e Soquete Grande, na energia modificada.
3.2 GRÁFICOS - MASSA ESPECIFICA APARENTE SECA (g/cm3) X UMIDADE (%)
As Figuras 4, 5 e 6 mostram os gráficos de massa específica aparente seca (g/cm3)
em função do teor de umidade (%) das amostras de areias. Estes valores
correspondem a médias de 3 , 9 e 3 ensaios realizados para cada teor de umidade,
respectivamente para a areia fina, média e grossa. Lembrando que a areia utilizada
na execução dos filtros da UHE Tucuruí foi a de granulometria média.
Observar que os pontos de massa específica aparente seca máxima ocorreram
sempre com teor de 0% de umidade para todas as alternativas estudadas.
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6
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Marshall nas Três Energias
1,9
1,800 g/cm3
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,8
1,7
1,6
0
1
2
3
4
Umidade (%)
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Pequeno na Energia Normal
e Soquete Grande na Energia Intermediária e Modificada
1,9
1,790 g/cm3
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,8
1,7
1,6
0
1
2
3
4
Umidade (%)
FIGURA 4: Ensaio de compactação - material areia fina natural
(média de três ensaios)
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Marshall nas Três Energias
1,9
1,847 g/cm3
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,8
1,7
1,6
0
1
2
3
4
Umidade (%)
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Pequeno na Energia Normal
e Soquete Grande na Energia Intermediária e Modificada
1,9
1,820 g/cm3
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,8
1,7
1,6
0
1
2
3
4
Umidade (%)
FIGURA 5: Ensaio de compactação - material areia média natural
(média de nove ensaios)
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7
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Marshall nas Três Energias
2,0
1,930 g/cm3
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,9
1,8
1,7
0
1
2
3
4
Umidade (%)
3
Massa Esp.Massa
Apar. Seca (g/cm )
Compactado com Soquete Pequeno na Energia Normal
e Soquete Grande na Energia Intermediária e Modificada
2,0
Energia Normal
Energia Intermediaria
Energia Modificada
1,896 g/cm3
1,9
1,8
1,7
0
1
2
3
4
Umidade (%)
FIGURA 6: Ensaio de compactação - material areia grossa natural
(média de três ensaios)
3.3 EQUAÇÕES
3.3.1 Compacidade Relativa
“Para os solos não-coesivos, os índices de vazios máximo e mínimo constituem-se
nos parâmetros básicos para avaliação do estado de compacidade. A compacidade
relativa fornece uma indicação do estado de compacidade de uma determinada
massa de solo, seja uma ocorrência natural, ou seja construída pelo homem” é o
que descreve a NBR-12051/91.
A compacidade relativa pode ser calculada como segue:
CR =
emáx - e
x 100
emáx- emín
ou
CR =
γs máx (γs - γs mín )
x 100
γs (γs máx - γs mín )
(1)
Onde:
CR = Compacidade Relativa (%);
e = índice de vazios em relação ao “in-situ”;
emáx = índice de vazios máximo;
emín = índice de vazios mínimo;
γs máx = massa específica aparente seca máxima da amostra do solo (g/cm3);
γs mín = massa específica aparente seca mínima da amostra do solo (g/cm3);
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8
γs = massa especifica aparente seca “in-situ” (g/cm3).
3.3.2 Grau de Compactação
É a relação entre a massa específica aparente seca (g/cm3) “in-situ” do solo e a
massa específica aparente seca máxima de laboratório, em uma determinada
energia de compactação. O cálculo do GC é feito utilizando a expressão abaixo:
GC =
γ s "in-situ"
γ s máx
x 100
(2)
Onde:
GC = Grau de Compactação (%);
γs “in-situ” = massa especifica aparente seca “in-situ” (g/cm3);
γs máx
= massa especifica aparente seca máxima de laboratório (g/cm3).
3.3.3 Energia de compactação (Laboratório)
É a energia empregada por unidade de volume de solo compactado, em um método
dinâmico de compactação qualquer. É dada pela equação a seguir:
Ε=
Ρ. Η . n . Ν
V
(3)
Onde:
E = Energia de Compactação (kg cm/cm3);
P = massa do soquete empregado (kg);
n = número de camadas;
H = altura de queda do soquete (cm);
N = número de golpes por camada;
V = volume do molde cilíndrico (cm3).
Nota: A energia aplicada com soquete Marshall neste estudo, é a mesma energia
citada na tabela do ítem 4.1. da norma NBR-7182. O soquete Marshall tem o mesmo
peso e a mesma altura de queda do soquete grande.
3.4 RELAÇÃO COMPACIDADE RELATIVA (CR) X GRAU DE COMPACTAÇÃO (GC)
A areia natural utilizada na construção dos filtros da UHE Tucuruí, foi a mesma areia
média natural apresentada neste estudo. Portanto, ela será utilizada como exemplo
da relação CR x GC.
O valor da densidade máxima obtida pela mesa vibratória foi de 1,848g/cm3 e pela
compactação manual com soquete Marshall, na energia modificada, de 1,847g/cm3.
Adotaremos como valor da densidade máxima para os dois métodos, o valor de
1,848g/cm3 e a mínima de 1,600g/cm3.
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9
Aplicando as equações do item 3.3. para cálculo de CR e GC, com γs “in-situ” simulado,
temos a correlação CR x GC mostrada na Tabela 4, a seguir.
γs “in-situ”
3
(g/cm )
1,600
1,622
1,644
1,667
1,691
1,696
1,715
1,740
1,753
1,766
1,792
1,820
1,848
CR
(%)
GC
(%)
0
10
20
30
40
42
50
60
65
70
80
90
100
86,6
87,8
89,0
90,2
91,5
91,8
92,8
94,2
94,9
95,6
97,0
98,5
100,0
Observações
GC de 86,6%
corresponde a CR de 0%
Especificação UHE Tucuruí
para o filtro vertical:
CR > 42% e média de CR < 65%.
O GC seria de 91,8% a 94,9%.
TABELA 4: Correlação CR x GC
4.
CONCLUSÕES
a) A média da massa especifica aparente seca máxima, compactada com soquete
Marshall e soquete grande, na energia modificada é muito semelhante à da média
obtida, do mesmo material, adensado na mesa vibratória (NBR-12051/91);
b) O método de ensaio NBR-12051/91 no item 6.2. descreve: “Considerar
satisfatórios os valores da massa especifica aparente seca obtidas que não diferem,
da correspondente média, de mais de 1,5% ou 2,5%, respectivamente para areia
fina a média ou para outra, dependendo do material que tenha sido ensaiado”.
Considerando então, somente os valores médios obtidos na mesa vibratória e,
compactados manualmente na energia modificada com soquete Marshall e soquete
grande em molde pequeno, obtemos os resultados mostrados na Tabela 5:
XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens
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Energia Modificada
Tipo
de Material
NBR-12051/91
Mesa Vibratória
γs máx (g/cm3)
Soquete
Soquete
Grande
Marshall
NBR-12891 NBR-7182
Especificação
na NBR12051/91
(%)
(g/cm )
Soquete
Marshall
Soquete
Grande
1,800
1,790
- 0,5
- 1,1
+ 1,5
1,848
1,847
1,820
- 0,1
- 1,5
+ 1,5
1,913
1,930
1,896
+ 0,8
-0,1
+ 2,5
γs máx
γs máx
(g/cm )
1,809
3
Areia Fina
Natural
Areia Média
Natural
Areia Grossa
Natural
Diferença Compactação
Manual e Vibratória
(%)
3
TABELA 5: Comparativo das médias de massa específica aparente seca máxima
As três amostras estudadas estão com os valores dentro das tolerâncias
especificadas, compactando-se com soquete Marshall e soquete grande.
c) A massa especifica aparente seca máxima obtida com soquete Marshall e
soquete grande se deu, nas três amostras, no ponto seco, como também a obtida
pela mesa vibratória pelo método A-1 (material seco).
d) O tempo para execução da compactação manual na energia modificada é de 45
minutos para três pontos e, na mesa vibratória, de 120 minutos. Diferença de 75
minutos.
e) O próprio material coletado na determinação da densidade “in-situ” é utilizado no
ensaio de compactação, sem impactar no tempo de liberação da camada.
f) Menor custo dos equipamentos para obtenção da massa especifica seca
máxima: uma mesa vibratória (preço de julho de 2006) é de R$ 46.000,00; soquete
Marshall R$ 696,00; soquete grande CBR R$ 174,00 e molde cilíndrico pequeno
R$ 192,00.
g) Adotando-se o grau de compactação como parâmetro de controle da qualidade
do filtro, eliminam-se certas dúvidas com relação a valores muito baixos de
compacidade relativa. Como mostrado no item 3.4, por exemplo, CR 0% é igual a
um GC de 88,1%.
h) O próprio método de determinação do índice de vazios máximo de solos nãocoesivos, (NBR-12004/90) no item 3.2, descreve: “Um índice de vazios máximo
absoluto não é necessariamente obtido pelos métodos especificados nesta norma”.
i) Como mostrado na Figura 7, devido ao fenômeno do inchamento das areias com
a umidade, o γs pode apresentar valores muito menores que a massa específica
aparente seca mínima, determinada conforme NBR-12004/90, levando a valores de
CR negativos, o que pode causar estranheza aos menos avisados.
XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens
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Massa Esp. Apar. Seca g/cm3)
1, 6 6 0
1, 6 4 0
1, 6 2 0
1, 6 0 0
1, 5 8 0
1, 5 6 0
1, 5 4 0
1, 5 2 0
1, 5 0 0
1, 4 8 0
1, 4 6 0
1, 4 4 0
1, 4 2 0
1, 4 0 0
1, 3 8 0
1, 3 6 0
1, 3 4 0
1, 3 2 0
1, 3 0 0
1, 2 8 0
1, 2 6 0
Densidade mínima obtida conforme NBR-12004.
(via seca como determina o método) 1,634 g/cm3.
1,276 g/cm3 (via úmida).
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Teor de Umidade (%)
FIGURA 7: Massa específica aparente seca
j) Quando da execução de filtros de areia deve ser adotado, sempre que possível,
a compactação do material no estado seco, tendo em vista que a compacidade
requerida é atingida com aplicação de menos energia de compactação.
5.
AGRADECIMENTOS
À Eletronorte - ETC - Gerência das Obras da Expansão da UHE Tucuruí, pelo
incentivo e apoio dado a esta pesquisa e elaboração do trabalho.
À Equipe de Laboratório de Materiais de Construção da Eletronorte - ETCCM, pela
realização dos ensaios apresentados neste trabalho e ao técnico Adelmar M. Pinto
pela elaboração gráfica do mesmo.
Ao Engenheiro Oscar Machado Bandeira pela versão em inglês do resumo do
trabalho.
6.
PALAVRAS-CHAVE
Compacidade relativa, Grau de compactação, Areia, Soquete, Mesa vibratória.
7.
[1]
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Consórcio Engevix-Themag (1998) - “Especificações Técnicas DT-TUC-015
Anexo VI Barragem de Terra e Enrocamento”, UHE Tucuruí - Projeto
Executivo.
XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens
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ALTERNATIVA DE CONTROLE DA COMPACIDADE RELATIVA DE