Colóquio Percursos de Investigação em Sociologia
3.º ano do Programa de Doutoramento em Sociologia,
10 e 11 de Maio de 2006
ISCTE
RAZÕES PARA A PRÁTICA DO KARATÉ EM PORTUGAL: SÍNTESE DE UM INQUÉRITO
Vítor Alberto Valadas Rosa
1
NOTA PRÉVIA
Em Portugal, o único estudo que se conhece sobre as motivações dos praticantes de
karaté é aquele que nos é apresentado no livro A FCDEF-UP e a Psicologia do Desporto:
Estudos sobre Motivação, de 2001, cuja responsabilidade de coordenação coube ao Professor
Doutor António Manuel Fonseca. Pela sua importância, importa aqui resumir em breves linhas
os resultados obtidos.
Da autoria de Fernando Mota, Eduardo Silva, David Pinto e António Manuel Fonseca, o
«estudo exploratório acerca dos motivos para a prática do karaté», realizado em 1995, centrase em dois objectivos principais: i) a identificação dos principais motivos para a prática
desportiva dos praticantes de karaté; ii) a exploração de eventuais diferenças entre esses
motivos, em função do sexo, idade, tempos de prática, etc. Para este efeito, e utilizando uma
metodologia diferente da utilizada normalmente nos trabalhos desenvolvidos sobre a temática,
aplicaram um inquérito por questionário a uma amostra de 40 praticantes, de ambos os sexos,
com idades compreendidas entre os 12 e os 53 anos, e com tempos de prática da modalidade
que variavam entre os 2 e os 20 anos. Depois do consentimento dos praticantes e respectivos
instrutores, preencheu-se o Questionário de Motivação para as Actividades Desportivas
(QMAD: Serpa & Frias, 1990), que é uma versão traduzida e adaptada do Participation
Motivation Questionnaire (PMQ: Gill, Gross e Huddleston, 1983). Este questionário, cujo real
alcance deve escapar a uma significativa maioria dos portugueses, consiste numa lista de trinta
motivos que os jovens normalmente referem como estando na origem da sua decisão de
praticarem desporto, neste caso as razões pelas quais os jovens escolhem praticar o karaté,
recorrendo a uma escala de Likert de 5 pontos (de 1 = nada importante a 5 = muito importante).
No entanto, e conforme se pode perceber pela leitura do estudo, o PMQ – e, naturalmente, as
suas versões traduzidas – não é o instrumento mais adequado para avaliar as principais razões
que levam os indivíduos a praticar esta modalidade. O karaté caracteriza-se por uma certa
especificidade, e que não é contemplada nos trinta motivos que constituem o PMQ. Os motivos
indicados pelos karatecas para prática desta modalidade foram agrupados então em sete
categorias (a escala utilizada foi diferente: 1 = importante, 2 = muito importante e 3 =
importantíssimo), e que, pela sua importância, passamos a referi-los: Bem Estar-Físico e/ou
Psicológico; Defesa Pessoal; Auto-Controlo; Afiliação (v.g.: convívio, manutenção ou aquisição
de amizades); Competição (v.g.: motivos respeitantes à competição com outras pessoas, ou
seja, “contacto físico”); Disciplina/Concentração; Prazer Elicitado pela Prática do Karaté (v.g.:
fruição proporcionada pela prática do karaté). Em termos de resultados, observou-se que: 82%
dos inquiridos referiram o bem-estar físico e/ou psicológico como o principal motivo para a
prática de karaté; 41% o prazer elicitado pela sua prática; 30% a afiliação; 27,5% o autocontrolo; 25% a disciplina e a concentração; 10% a competição; 4,3% a defesa pessoal
(considerado como o motivo menos importante). Apesar da aparente dissemelhança existente
entre o karaté e uma qualquer modalidade desportiva (como a natação, o voleibol, o futebol, ou
a ginástica), os motivos que levam as pessoas a orientar-se para a sua prática não são tão
diferentes como poderia ser de esperar. Este quadro psicossociológico leva os autores a
observar que: «Os motivos indicados pelos karatecas como responsáveis pela sua decisão de
praticarem a sua modalidade foram relativamente semelhantes aos indicados, noutros estudos,
por praticantes de outras modalidades desportivas. Por exemplo, o Bem-Estar Físico e/ou
Psicológico parece não só uma das principais resultantes da actividade desportiva, mas
1
Doutorando em Sociologia, ISCTE.
1
também, e até por isso, uma das maiores razões para a prática desportiva dos indivíduos (v.g.:
Brodkin & Weiss, 1990; Fonseca & Fontaínhas, 1993; Fonseca & Novais, 1994; Frias & Serpa,
1991; Serpa, 1992). Também a maior importância atribuída pelos karatecas aos motivos
relacionados com o Prazer Elicitado pela Prática do Karaté encontra equivalente noutros
estudos em que o divertimento foi considerado como um dos motivos mais importantes pelos
inquiridos (v.g.: Cruz & Costa, 1988; Fonseca & Ribeiro, 1994). A Afiliação, igualmente
considerada pelos praticantes neste estudo como uma razão importante para a sua prática do
karaté, tem sido igualmente apontada nos estudos como um dos motivos mais importantes
para a prática desportiva dos indivíduos (v.g.: Cruz & Cunha, 1990; Frias & Serpa, 1991; Serpa,
1992)» (Fonseca et al., 2001: 27). Os motivos relacionados com o desenvolvimento das
capacidades de Defesa Pessoal, habitualmente associadas aos praticantes de artes marciais,
não foram considerados por estes como dos mais importantes para a sua prática desportiva.
Admite-se, no entanto, ser possível que a importância deste motivo seja maior numa fase inicial
da prática do karaté, vindo a esbater-se com o decorrer da sua prática, à medida que os
praticantes aumentam as suas competências técnicas.
Influenciados pela singularidade deste estudo, quisemos explorar esta linha de
investigação, recorrendo, igualmente, à aplicação de um inquérito por questionário aos
praticantes de karaté. No entanto, pretendeu-se ir um pouco mais longe na análise. Para além
das razões relativas à prática do karaté, utilizando uma escala ligeiramente diferente, procurouse conhecer um pouco mais o perfil de forma sociológica dos karatecas a nível nacional. É
sobre os resultados alcançados que este paper versa.
1. METODOLOGIA
1.1 Amostra
Dado que se desconhecem diversas características da população-alvo (v.g.: número
exacto de praticantes, idade, sexo, nível sócio-económico, nível de escolaridade, local de
residência, local de prática), e dada a impossibilidade de obter-se uma listagem de todos os
elementos do universo de trabalho, recorreu-se aos métodos de amostragem não aleatória
(não casual). O que é que nos diz este tipo de amostragem? Diz-nos que quando não haja
preocupação de rigor na representatividade da amostra (por exemplo, na realização de estudos
piloto ou de análises preliminares), podem-se utilizar métodos de amostragem não aleatórios
(ou não probabilísticos), que não permitem definir com rigor as probabilidades de inclusão dos
diferentes elementos da população na amostra. Estes métodos são mais expeditos e mais
2
económicos do que os aleatórios . No entanto, não se pode assegurar que para um intervalo
de confiança de 95% o erro seja aproximadamente 5%. Conscientes de que este erro não é
passível de quantificação, as conclusões aqui apresentadas deverão ter em conta este tipo de
situação. Assim, os dados em análise baseiam-se numa amostra de 62 karatecas (51 do sexo
3
masculino e 11 do sexo feminino) que responderam ao questionário .
1.2 Âmbito e aplicação do questionário
O inquérito abrangeu o território do Continente e das Regiões Autónomas dos Açores e
Madeira, tendo-se estabelecido que os resultados deveriam ser representativos ao nível da
NUT’s II – Nomenclatura de Unidades Territoriais para fins Estatísticos. O questionário foi
aplicado de diferentes formas: envio por correio postal, por e-mail, provocando um efeito do
tipo "bola-de-neve" (snowball), entregue pessoalmente em estágios nacionais e internacionais,
encontros, treinos normais e especiais, acções de formação.
1.3 Realização e tratamento do questionário
A recolha de informação decorreu entre 3 de Novembro de 2005 e 31 de Março de
2006. O conjunto de dados recolhidos foi tratado com recurso ao SPSS (versão 6.0).
2
3
Explicações claras e simples dos métodos de amostragem podem ser encontradas em Vicente, Reis e Ferrão
(1997) ou Reis, Melo, Andrade e Calopez (1999).
Apresentamos os nossos agradecimentos aos 62 karatecas que responderam ao questionário.
2
2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
2.1 Aspectos sociográficos
Começando por analisar a distribuição por sexo, constata-se que a quase totalidade da
amostra (82%) é do sexo masculino e apenas 18% é do sexo feminino. A enorme
desproporção verificada entre os sexos parece reveladora do reduzido peso que a mulher
ainda detém no quadro da prática do karaté.
Gráfico 1: Distribuição dos inquiridos, por sexo
Feminino
18%
Masculino
82%
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
A idade dos inquiridos oscila entre os 9 e os 55 anos, sendo as faixas etárias dos 24-35
anos e 36-55 anos as que reúnem uma maior percentagem de praticantes (74,2%). Em relação
à média de idades, ela situa-se entre os 31,87 anos, sendo as idades mais frequentes de 17,
23, 27, 29, 34, 35, 39 e 55 anos. O valor que acumula até si 50% das observações (mediana)
diz-nos que nesta distribuição metade dos inquiridos têm no máximo 30 anos, logo trata-se de
um conjunto de pessoas muito jovens.
Quadro 1: Distribuição dos inquiridos, por escalões etários
Escalões etários
Menos de 10 anos
N
%
1
1,6
10 – 13 anos
14 – 18 anos
19 – 23 anos
1
5
9
1,6
8,1
14,5
24 – 35 anos
36 – 55 anos
24
22
38,7
35,5
Mais de 55 anos
Total
0
62
0,0
100,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Sendo uma das preocupações centrais do trabalho encontrar uma relação (ou ausência
dela) entre a opinião dos praticantes sobre diversos aspectos relacionados com a sua
modalidade, afigurou-se-nos importante garantir o controlo de outras variáveis que pudessem
estar correlacionadas com o sexo. Assim, averiguámos a relação entre escalão etário e sexo,
2
tendo-se concluído não existir relação entre ambas ( = 0,00827; p = 15,5462).
Uma situação que poderá suscitar alguma surpresa, traduz-se na detenção de
elevados capitais escolares por parte dos inquiridos. Com efeito, 54,8% frequentam ou
completaram uma formação de nível médio (bacharelato) ou superior (licenciatura, mestrado ou
doutoramento). O nível de ensino modal, que frequentaram ou concluíram, é mesmo a
licenciatura. Contudo, não sabemos até que ponto teremos aqui um efeito de enviesamento de
amostra, uma vez que esta se constituiu, como se disse, a partir da resposta voluntária, logo
muito dependente da motivação dos inquiridos por responder.
3
Quadro 2: Distribuição dos inquiridos, por nível de ensino que frequentaram ou concluíram
Nível de ensino
Doutoramento
N
%
1
1,6
Mestrado
Licenciatura
6
24
9,7
38,7
Bacharelato
Secundário (10.º, 11.º e 12.º anos)
3.º Ciclo (7.º, 8.º e 9.º anos)
3
20
5
4,8
32,3
8,1
2.º Ciclo (5.º e 6.º anos)
1.º Ciclo (escola primária)
Total
2
1
62
3,2
1,6
100,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Analisando a distribuição dos escalões etários e sexos, por nível de ensino, verifica-se
que entre os mais escolarizados encontram-se os praticantes mais jovens (dos 24 aos 35 anos
de idade) e do sexo masculino.
As dificuldades que os karatecas enfrentam no exercício da sua modalidade poderia
servir para explicar uma recusa à assunção de responsabilidades conjugais. Contudo, esta
hipótese revelou-se infundada, uma vez que uma boa parte dos inquiridos (45,2%) são
casados ou vivem em união de facto. Não se registaram casos de viuvez.
Quadro 3: Distribuição dos inquiridos, por situação conjugal
Estado civil
N
%
Solteiro(a)
31
50,0
Casado(a)/União de facto
Separado(a)/Divorciado(a)
Total
28
3
62
45,2
4,8
100,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Relativamente à nacionalidade, 98% são portugueses e apenas 2% têm mais do que
uma nacionalidade.
Quadro 4: Distribuição dos inquiridos, segundo a nacionalidade
Nacionalidade
Portuguesa
Mais do que uma nacionalidade
Total
N
%
61
1
62
98,4
1,6
100,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
No que respeita à zona geográfica onde os inquiridos, no activo, praticam a sua
modalidade, constata-se que a região do Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo concentram a maior
parte dos inquiridos. Se agregarmos as regiões Norte e Centro e as regiões Alentejo e Algarve,
consegue-se a seguinte distribuição percentual: 39,9%, Norte+Centro; 30,6%, Lisboa e Vale do
Tejo; 33,8%, Alentejo+Algarve. Apesar dos nossos esforços, não foi possível obter resultados
para a Região Autónoma dos Açores.
4
Quadro 5: Distribuição dos inquiridos, por zona geográfica de residência
Zona geográfica de residência
Continente
N
%
Norte
Centro
14
7
22,6
11,3
Lisboa e Vale do Tejo
Alentejo
Algarve
19
19
2
30,6
30,6
3,2
61
98,3
0
1
0,0
1,6
1
62
1,6
100,0
Soma
Ilhas Adjacentes
Açores
Madeira
Soma
Total
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
O cruzamento das variáveis zona de residência e grupo etário revela diferenças
significativas, podendo-se concluir a não existência de associação entre estas duas variáveis
2
( = 22,3721; p = 0,61417).
Quanto à actividade económica, a distribuição de frequências revela que 60% dos
inquiridos trabalham por conta de outrém, 8% trabalham por conta própria e 1,6% é
empresário. 26% dos inquiridos ainda é estudante e 4,8% procuram um primeiro ou novo
emprego.
Quadro 6: Distribuição dos inquiridos, perante a actividade económica
Actividade económica
Empresário/patrão
Trabalhador por conta de outrém
N
%
1
37
1,6
59,7
5
0
8,1
0,0
Procura de 1.º emprego
Procura de novo emprego
Estudante
1
2
16
1,6
3,2
25,8
Reformado
0
62
0,0
100,0
Trabalhador por conta própria
Trab. familiar não remunerado
Total
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
2.2 Tempo de prática, graduação, desistência e motivações para a modalidade
À pergunta: «Há quanto tempo praticas karaté», verifica-se que temos praticantes que
praticam à menos de 6 meses e temos outros com grande longevidade nesta modalidade,
ultrapassando os 40 anos. Isso atesta duas coisas: a primeira, é que é uma modalidade para a
vida, isto é, até que a saúde o permita; segundo, é uma modalidade que aproxima praticantes
mais velhos e praticantes mais jovens, numa partilha inter-geracional de vivências.
5
Quadro 7: Distribuição dos inquiridos, por tempo de prática
Tempo de prática
Menos de 6 meses
N
%
1
1,6
Entre 1 e 5 anos
Entre 5 e 10 anos
12
12
19,4
19,4
Entre 10 e 15 anos
Entre 15 e 20 anos
Entre 20 e 25 anos
10
13
0
16,1
21,0
0,0
Entre 25 e 30 anos
Entre 30 e 35 anos
6
2
9,7
3,2
2
4
62
3,2
6,5
100,0
Entre 35 e 40 anos
Mais de 40 anos
Total
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Cruzando os dados entre a permanência na modalidade e o sexo, constata-se que são
os homens que permanecem mais tempo. As mulheres, por razões sobejamente conhecidas,
têm tempos de permanência no karaté bastante mais curtos do que os homens. Não se
encontrou casos de mulheres que ultrapassassem os 25 anos de prática.
Quando lhes é perguntado se alguma vez desistiram de praticar karaté, 74% afirma
que não.
Quadro 8: Desistência da prática da modalidade
Desistência
N
%
Sim
16
Não
46
Total
62
25,8
74,2
100,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Os 16 indivíduos que desistiram da modalidade, mas que regressaram, afirmaram que
foram os estudos e os motivos profissionais as principais causas do afastamento relativamente
à prática.
Quadro 9: Razões para a desistência da modalidade
Desistência da modalidade
Questões de saúde
Estudos (escola)
N
%
2
6
3,2
9,7
Motivos profissionais
Motivos familiares
4
1
6,5
1,6
Falta de instalações
Outro(s) motivo(s)
Total
1
2
16
1,6
3,2
25,8
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Questionados sobre a graduação que têm na modalidade, os resultados obtidos
demonstram que 55% têm graduações avançadas (a partir de cinto negro) e 45% têm
graduações inferiores (kyu).
6
Quadro 10: Distribuição dos inquiridos, por graduação na modalidade
Tempo de prática
5.º dan (cinto negro)
N
%
3
4,8
2
6
3,2
9,7
2.º dan (cinto negro)
1.º dan (cinto negro)
1.º kyu (cinto castanho)
9
14
8
14,5
22,6
12,9
2.º kyu (cinto castanho)
3.º kyu (cinto azul)
8
5
12,9
8,1
4.º kyu (cinto verde)
5.º kyu (cinto amarelo)
3
3
4,8
4,8
6.º kyu (cinto branco)
Total
1
62
1,6
100,0
4.º dan (cinto negro)
3.º dan (cinto negro)
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
No que se refere aos motivos subjacentes à prática do karaté, e o seu grau de
importância, verifica-se o seguinte:

Muito Importante: O Prazer Elicitado pela Prática obteve 45 respostas (72,6%),
seguido do Bem-Estar Físico e/ou Psicológico com 33 respostas (53,2%);

Importante: A Afiliação colheu 31 respostas (50%). Muito próximo deste resultado
esteve a Disciplina/Concentração com 29 respostas (46,8%);

Pouco Importante: A Defesa Pessoal conquistou 20 respostas (32,3%). A
Competição ficou com 13 respostas (21%);

Nada Importante: A Competição recebeu 33 respostas (53,2%).
Quadro 11: Distribuição das respostas dadas pelos inquiridos, segundo as motivações para a prática
Razões para a prática
Muito
importan
-te
%
Importante
Pouco
importante
%
%
Nada
importante
%
Bem Estar-Físico e/ou
Psicológico
33
53,2
27
43,5
2
3,2
0
0,0
Defesa Pessoal
Auto-Controlo
15
29
24,2
46,9
23
24
37,1
38,7
20
8
32,3
12,9
4
1
6,5
1,6
Afiliação
Competição
Disciplina/Concentração
16
3
28
25,8
4,8
45,2
31
13
29
50,0
21,0
46,8
9
13
3
14,5
21,0
4,8
6
33
2
9,7
53,2
3,2
Prazer Elicitado pela
Prática
45
72,6
16
25,8
1
1,6
0
0,0
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Quadro 12: Distribuição das razões, segundo o desvio padrão
Razões para a prática
Média
Desvio Padrão
Prazer Elicitado pela Prática
Bem Estar-Físico e/ou Psicológico
3,71
3,50
0,492
0,565
Disciplina/Concentração
Auto-Controlo
3,39
3,30
0,723
0,759
Afiliação
Defesa Pessoal
2,91
2,79
0,893
0,890
1,77
0,948
Competição
Fonte: Inquérito ao praticante de karaté
Dos vários cruzamentos possíveis, encontrámos relações entre os motivos, sexo e
estado civil.
7
3. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Em função da informação recolhida, e salvaguardadas, naturalmente,
condicionantes respeitantes à amostragem, poder-se-á esboçar as seguintes conclusões:








as
Forte predominância do sexo masculino (82,3%).
Os escalões etários mais representativos em ambos os sexos são entre os 24 e os
35 anos e os 36 e os 55 anos.
Elevados níveis de qualificações escolares.
A maioria dos praticantes de karaté inquiridos exerce a sua actividade económica
por conta de outrém.
A maioria dos praticantes que responderam ao inquérito reside nas Regiões de
Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo.
A maioria dos karatecas não desiste da prática da sua modalidade. Se o faz,
nalgum momento da sua vida, é devido, essencialmente, a questões profissionais
ou escolares.
Os motivos indicados como sendo os mais importantes para os karatecas são o
Bem-Estar Físico e Psicológico e a Afiliação. A Competição é o que menos
interessa aos praticantes de karaté.
Os tempos de permanência dos homens no karaté são superiores aos das
mulheres.
4. RECOMENDAÇÕES




É importante continuar-se a fazer estudos desta natureza, alargando-se o universo
de inquiridos. Isso só é possível com a colaboração da Federação, que até ao
momento não tem tido vontade ou capacidade para o fazer, e das várias
associações da modalidade.
Os estudos deveriam ser alargados a outras modalidades semelhantes (v.g.: judo,
taekwondo, aikido) em território nacional, procurando obter-se comparações. A
informação recolhida contribuiria, sem sombra de dúvida, para um melhor
conhecimento das várias práticas, como também seria pioneira a nível
internacional.
Os investigadores (e não só) que se debruçam sobre estas temáticas deveriam
unir-se em torno de projectos comuns, dedicando uma atenção mais do que
passageira. Isto porque uma investigação detalhada excede rapidamente as
capacidades de uma só pessoa. Há demasiadas pistas diferentes para seguir.
Aos karatecas mais antigos na modalidade, aqueles que tantas dores de cabeça
deram às instituições estatais, nomeadamente à Comissão Directiva de Artes
Marciais, criada em 1972 e extinta em 1987, exortamos para uma maior
colaboração em iniciativas desta natureza, procurando a afirmação do karaté, não
só pelas suas técnicas de combate, mas também pelo lado cultural e científico.
8
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONSECA, Manuel António (2001), «Estudo exploratório acerca dos motivos para a prática do karaté», in A FCDEF-UP
e a Psicologia do Desporto: Estudos sobre Motivação, FCDEF-UP, pp. 25-27.
GILL, D. L.; GROSS, J. e HUDDLESTON, S. (1983), Participation Motivation in Youth Sport, International Journal of
Sport Psychology, 44, pp. 1-14.
REIS, E.; MELO, P.; ANDRADE, R. e CALOPEZ, T. (1999), Estatística Aplicada, 3.ª ed., Lisboa, Edições Sílabo.
SERPA, S. e FRIAS, J. (1990), Estudo da relação professor/aluno em ginástica de representação e manutenção.
Trabalho não publicado, Universidade Técnica de Lisboa, FMH.
VICENTE, P., REIS, E. e FERRÃO, F. (1997), Sondagens, Lisboa, Edições Sílabo.
9
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