64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
DA PRODUÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO DO CIPÓ-TITICA NO ESTADO
DO AMAPÁ, BRASIL
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Adriano C. Brito , Kézia P. Silva , Bruno C. Rosário , Jackson R. L. Barbosa , Luciano A. Pereira
¹Universidade do Estado do Amapá;
2,3,4,5
Pró-Reitoria de Graduação; Curso de Engenharia Florestal
*[email protected]
Introdução
A crescente demanda de consumidores e de indústrias
por produtos naturais, associado ao fortalecimento da
premissa do desenvolvimento baseado no uso dos
recursos florestais, com a promoção da valorização e
conservação
dos
ecossistemas
florestais
vem,
evidenciando o interesse mundial pelos Produtos
Florestais Não-Madeireiros (PFNMs) que ocorrem
abundantemente nas florestas [1].
O cipó-titica é o nome popular dado ao táxon do gênero
Heteropsis spp. comumente encontrado na Amazônia[3].
Essas lianas de habito hemiepífito, produz uma longa
fibra clara, resistente e flexível utilizada na confecção de
móveis e artefatos artesanais[2]. Esse recurso é
intensivamente explorado por causa do grande valor
comercial agregado [2;3] e de forma ilegal, devido as
exigências burocráticas definidas pelo Estado, contudo,
possui raras informações sobre as práticas de manejo.
O presente trabalho objetiva analisar a atividade da
produção e comercialização do cipó-titica no estado do
Amapá.
Com a extração média de 15kg/dia de cipó-titica uma
pessoa pode ter um rendimento de R$ 12,00 a R$
500,00/dia, mesmo com a existência da cadeia de
atravessadores [3]. Não obstante, [5] analisando esse
rendimento conclui que um extrativista poderá ter uma
renda diária de R$ 30,00/dia com a extração média de
15kg/dia, em valores atualizados para 2013 essa renda
pode chegar a R$ 60,00/dia.
Nas entrevistas, constatou-se a necessidade de maior
organização local para o estabelecimento de acordos
entre comunidade e empresas, para que seja garantido o
fornecimento de cipós a partir de uma extração
sustentável.
Conclusões
A atividade de extrativismo do cipó-titica foi e continua
sendo significativa para a composição da renda de
agroextratores locais.
A comercialização vem sendo efetuada de forma
precária, uma vez que depende em grande parte dos
atravessadores, apesar do grande potencial de mercado
desse recurso no Estado.
Metodologia
Agradecimentos
Esse trabalho foi realizado utilizando dados secundários e
por meio de pesquisas de campo.
Através do método de vigilância científica adaptado de
[4], que consiste em levantar, através de busca de dados
por palavra chave, informações em periódicos científicos
sobre determinado tema, estudou-se o cipó-titica.
Foram realizadas entrevistas com extratores no período
entre 2004 e 2013, nos assentamentos do INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
Munguba (Porto Grande), Tucano I e II (Pedra Branca do
Amapari), no estado do Amapá, referentes à
comercialização e economia local do cipó-titica.
À Universidade do Estado do Amapá, a Secretaria de
Estado da Ciência e Tecnologia do Amapá e ao Instituto
de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá.
Resultados e Discussão
No Amapá, a extração do cipó-titica é realizada em
assentamentos ou em propriedades de comunidades
tradicionais ou que habitam o entorno das Unidades de
Conservação.
A raiz de cipó-titica que se desenvolve livre (reta) no
forófito é a preferida pelos extratores, visto que sua casca
pode ser removida com mais facilidade para assim,
serem entregues aos intermediários (atravessadores ou
varejistas) e/ou aos artesãos [3].
Estudos sobre a economia do cipó-titica no Amapá [5],
constatou que os agroextrativistas vendiam em 2010 o
cipó a R$ 2,00/kg para os varejistas, embora esse valor
em 2013 tenha chegado a R$ 4,00/kg, que revendem aos
atacadistas ao preço de R$ 3,00/kg (2010) à R$ 5,00/kg
(2013). E estes, revendem às indústrias do Centro-Oeste,
Sul e Sudeste, ao preço médio de R$ 9,00/kg à R$ 15,00.
A atividade de extrativismo do cipó-titica foi e continua
sendo significativa para a composição da renda de
agroextratores locais, visto que, segundo [6] a renda
familiar em alguns locais do Estado chega ao acréscimo
de 60% á 80% e supera em ganhos as atividades
agrícolas.
Referências Bibliográficas
[1] Empresa brasileira de pesquisas agropecuárias. 2008.
Manejo sustentável de Produtos Florestais Não-Madeireiros na
Amazônia. Projeto Kamukaia. Anais... Rio Branco: I Seminário
do projeto Kamukaia Manejo Sustentável de Produtos Florestais
Não-Madeireiros na Amazônia. ISBN 978-85-99190-09-8,. 182p.
[2] Queiroz, J. A. L.; Gonçalves, E. G; Rabelo, B. V.; Carvalho, A.
C. A.; Pereira, L. A.; Cesarino, F. 2000. Cipó-titica (Heteropsis
flexuosa (H.B.K.) G.S.Bunting): diagnóstico e sugestões para o
uso sustentável no Amapá. Macapá: Embrapa Amapá. 17p.
(Embrapa Amapá. Séries Documentos, 17).
[3] Ferreira, M. G. R.; Bentes-Gama, M. M. 2005. Ecologia e
formas de aproveitamento econômico do cipó-titica (Heteropsis
flexuosa (H.B.K.) G.S. Bunting). Porto Velho: Embrapa
Rondônia,. p. 21. (Embrapa Rondônia. Séries Documentos, 95).
[4] Batista, D. S.; Sánchez, M. V. G.; Calvet, H. C. 2003.
Establecimiento de um sistema de vigilancia científicotecnológica.
Disponível
em:
<http://bvs.sld.cu/revistas/aci/vol11_6_03/aci08603.htm>. Acesso
em: 14 jul 2012.
[5] Carvalho, A. C. A. 2010. Economia dos produtos florestais
não-madeireiros no estado do Amapá: Sustentabilidade e
Desenvolvimento Endógeno. Belém. 132-148 p. Tese (PósGraduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido).
Universidade Federal do Pará.
[6] Pereira, L. A. Vieira, A. R. R.; Reis, M. J. 2005. A
importância do agroextrativismo de cipó-titica – Heteropsis
flexuosa (Araceae) e dos instrumentos legais no controle do
desmatamento no Amapá. In: III Congresso brasileiro de
agroecologia, Florianópolis/ SC. 2005. (sn).
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