O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E A CRIACÃO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE)
Inalda Maria dos Santos – PPGE/UFAL
[email protected]
Ana Patrícia Santana Rosa de Lima - UFAL/IFPE
[email protected]
Gerline Maciel - UFAL/IFPE
[email protected]
RESUMO
Este artigo objetiva resgatar a história e o papel da Educação Superior no Brasil. Para
tanto, foi utilizada a abordagem histórico-crítica com base em autores como Fávero
(2000), Cunha (2000), Mota (2007) e Souza (1994) que problematizam o percurso de
criação, evolução e desenvolvimento do ensino superior no Brasil desde as origens até
os dias atuais. Neste contexto, o estudo sobre o processo de formação da Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), justifica-se por constituir uma instituição
pública no Estado que presta serviços à sociedade, tendo início com a criação do Curso
Superior de Medicina Veterinária na cidade do Recife em 1926. O processo de
federalização deu-se anos depois com a Lei n o. 2.524/1955, compondo o Sistema
Federal de Ensino Agrícola Superior e passando a denominar-se Universidade Federal
Rural de Pernambuco em 19 de maio de 1967 com o Decreto no 60.731. Enfim, o
referido estudo constatou a contribuição dessa instituição para o desenvolvimento das
ciências agrárias, biológicas, exatas e humanas e a formação de cidadãos com visão
técnica, cientifica, humanística e empreendedora, auxiliando o Estado no enfrentamento
dos desafios e demandas sociais.
Palavras-chave: Ensino Superior – História da Educação - UFRPE.
INTRODUÇÃO
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Conhecer o passado para se entender o presente constitui fator imprescindível
quando falamos em pesquisa no âmbito educacional. A importância de revisitarmos a
história das origens do ensino superior no Brasil está na tentativa de entender o retrato
que está posto na atualidade quando falamos em ensino no âmbito nacional.
No decorrer deste artigo entenderemos que nem sempre o social era posto em
primeiro plano, como pregam as lideranças da atualidade. Houve um tempo em que para
a classe dominante, o que interessava era o quanto poderiam explorar a colônia de
Portugual (O Brasil). Não se evidenciavam esforços da coroa lusitana para a criação de
Universidades no Brasil, a não ser de cursos superiores que atendessem ao interesse
pragmático da corte recém chegada, por ocasião do domínio napoleônico em Portugal.
Assim como todas as conquistas para o bem social foram marcadas por fatores
sócio-históricos e diversas conjunturas, não seria diferente para criação da Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que em sua trajetória de criação contou com
dificuldades e atropelos. Na parte que trata da Criação da UFRPE, compreenderemos
em que perspectiva foi posto a criação da UFRPE, quais os atores, os cenários e os
acontecimentos que contribuíram para este contexto.
Vale a pena demonstrar a força que a sociedade possui quando se une para o
bem comum, e como a materialização das idéias e a argumentação são relevantes para o
esclarecimento dos fatos e a tomadas de decisões importantes para o Estado e quiçá para
o país. Assim foi a Exposição de Motivos endereçada ao então Secretário de Agricultura
do Estado de Pernambuco, que na ocasião é objeto de nossa análise.
Na parte que trata da UFRPE na atualidade e sua função social, abordaremos a
importância dessa renomada instituição de ensino superior para o desenvolvimento do
Estado e seu retrato no campo educacional. Neste sentido, o presente texto objetiva
contribuir para a compreensão da Educação Superior no Brasil a partir de um resgate
histórico e a criação da então UFRPE até os dias atuais.
O ENSINO SUPERIOR E A UNIVERSIDADE NO BRASIL: CONHECENDO O
PASSADO PARA ENTENDER O PRESENTE.
Ao aportar em terras brasileiras Portugal não tinha a intenção de instituir
estabelecimento de ensino superior, mas sim de fiscalizar e defender as terras recém
descobertas estabelecendo seu domínio. Seguindo em direção oposta a Espanha,
Portugal não incentivou a instalação do ensino superior em suas colônias, desta forma o
3
Brasil apenas teve seu primeiro estabelecimento de ensino superior fundado pelos
jesuítas no Estado da Bahia, que na ocasião era sede do Governo Geral, em 1550.
A história da criação de universidades no Brasil revela, inicialmente,
considerável resistência tanto por parte de Portugal, como reflexo de sua
política de colonização, como parte de brasileiros, que não viam justificativas
para a criação de uma instituição desse gênero no País, considerando mais
adequado que as elites da época procurassem a Europa para fazer seus
estudos superiores (MOACYR, 1937, v. II, p. 580-581, apud FÁVERO,
2000, p. 17).
Durante aproximadamente trezentos anos as iniciativas educacionais vieram
única e exclusivamente dos jesuítas. A falta de estímulo para a instalação de Cursos
Superiores na colônia era uma estratégia para impedir que o conhecimento chegasse a
toda a sociedade e fomentasse movimentos de independência. Em lugar da instalação de
cursos superiores, a metrópole concedia bolsas para que certo número de filhos de
colonos pudesse concluir seus estudos em Coimbra. (CUNHA, 2000).
É ainda Cunha (2000, p. 153) quem enfatiza que o modelo de ensino superior
que vemos hoje não descendeu como muitos pensam do modelo jesuíta na época da
colônia. No século XIX houve uma multiplicação e variedade do ensino superior
decorrente do status de Reino Unido a Portugal e Algarve, obtido pelo Brasil. Nesse
ínterim, muitos foram os acontecimentos históricos que influenciaram a instalação e
mudança de paradigma do ensino superior no Brasil, para isso podemos citar a chegada
da Família Real ao Brasil no ano de 1808, devido à invasão estrangeira.
O novo ensino superior nasceu, assim, sob o signo do Estado Nacional,
dentro ainda dos marcos da dependência econômica e cultural, aos quais
Portugal estava preso, respectivamente, a Inglaterra e a Franca, o ensino
superior incorporou tanto os produtos da política educacional napoleônica
quanto os da reação alemã a invasão francesa, esta depois daquela.
Apesar de em 1817, o então príncipe regente D. João VI não ter a iniciativa de
criar universidades, institui cátedras de ensino superior para a formação de
profissionais, seguindo o modelo napoleônico: Medicina em 1808 na Bahia e
Engenharia no Rio de Janeiro, unidades de extrema simplicidade na época que
funcionavam na base do improviso.
Apenas cinco anos depois da independência do Brasil (1827), o príncipe regente
D. Pedro I acrescentou aos já existentes, o Curso Jurídico em Olinda e em São Paulo, o
que completaria o panorama dos três cursos hegemônicos no País: Medicina,
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Engenharia e Direito. Nessa perspectiva, até aquele momento o curso de Engenharia era
voltado quase que exclusivamente para objetivos bélicos. O ensino superior apenas
ganhou mais intensidade no período imperial (1822-1889), pois as cátedras existentes
juntaram-se em cursos transformando-se em academias.
Dentro desse panorama de evolução do ensino superior no Brasil, que passou de
Clerical até 1808 (chegada da família Real) e estatal até 1889 (Proclamação da
República), temos de um lado os liberais, convictos de que apesar da precariedade da
instrução das massas era importante a criação de uma universidade para o
desenvolvimento educacional do país; do outro lado estavam os positivistas que:
opunham-se violentamente a criação de uma universidade por acreditarem
tratar-se de uma instituição irremediavelmente comprometida com o
conhecimento metafísico (classificação Comteana), que a ciência estava
destinada a substituir (CUNHA, 2000, p. 156).
Contudo, os filhos da aristocracia local necessitavam de educação superior ao
menos nas áreas profissionais (Medicina e Engenharia), pelo fato do bloqueio
napoleônico impedi-los de estudar na Europa. Devido ao seu caráter profissional e pelo
fato de ser ministrada em faculdades isoladas, pesquisadores como Paulo Nathanael P.
de Souza, entendem que até hoje nosso sistema de ensino é profundamente marcado por
distorções.
Para o pesquisador, mesmo após a Proclamação da Independência, nota-se um
crescimento de escolas superiores no Brasil, porém seguindo o mesmo modelo com
unidades isoladas, sem nexo e sempre voltadas à formação profissional e pragmática.
Destacam-se ainda algumas tentativas frustradas para a criação das Primeiras
Universidades no Brasil, tais como: Projeto de 1843 (visava criação da Universidade de
Pedro II) e o Projeto de 1847 (visava criação do Visconde de Goiânia). Todavia,
nenhum desses projetos chegou a se concretizar.
Mesmo com a Proclamação da República e com a Constituição de 1891, nota-se
uma omissão e um descompromisso do governo com a criação da Universidade. A
Universidade do Pará surge apenas em 1912 por iniciativa de forças locais,
estabelecendo-se apenas durante 03 (três) anos.
Com o Decreto nº 14.343, de 07 de setembro de 1920, surge oficialmente a
Universidade do Rio de Janeiro (URJ), atualmente Universidade Federal do Rio de
Janeiro (URFJ), que na época reunia os cursos superiores da cidade: Escola Politécnica,
Faculdade de Medicina e a Faculdade de Direito. A este modelo de união podemos
5
chamar de Instituições Agregadas, pois que surgem da união de cursos isolados e
possuem como elo entre si a Reitoria e o Conselho Universitário, e não mecanismos
administrativos.
Após a Revolução Constitucional de 1932 surge a USP (Universidade de São
Paulo), que diferentemente da URJ, reuniu os cursos superiores existente no Estado,
tendo como elo não a Reitoria ou mecanismos administrativos, mas a própria Faculdade
de Filosofia, Ciência e Letras (FFCL). A FFCL compensaria o isolamento físico e
acadêmico integrando em uma base comum ensinamentos de diversas áreas do saber, o
que seria a porta de entrada para quaisquer dos cursos profissionalizantes, sem descartar
uma de suas principais características: Ensino, Pesquisa e Extensão.
No período que compreende as décadas de 50 e 70, o Brasil viu a criação de
Universidade Federais em todo o país, devido à descentralização do ensino superior e a
criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1961. Todavia a
proliferação do ensino superior foi mais evidente a partir da década de 70, onde houve
um aumento significativo nas matrículas de 300.000 em 1970 para um milhão e meio
em 1980. Nesse período houve grandes mudanças no retrato do ensino superior
brasileiro: O êxodo rural e a crescente urbanização da população, bem como a
exigências das indústrias por uma melhor formação de sua mão de obra, impulsiona o
governo a permitir que o Conselho Federal de Educação aprove novos cursos. O exame
de seleção para ingresso nesses cursos também sofre reformulação, passando de exames
orais e provas dissertativas para múltipla escolha.
Sob este prisma verifica-se um aumento significativo dos cursos e do número de
matrículas, o que dificulta a fiscalização por parte do poder público, gerando assim uma
queda na qualidade do ensino e proliferação da imagem mercantil da educação, traço
que persiste até hoje. Mesmo com os avanços evidenciados no ensino superior
brasileiro, torna-se evidente que muito ainda pode ser feito para a melhoria da qualidade
social da educação. Alguns traços marcantes do ensino superior em seu início persistem
até hoje, tal como o modelo brasileiro de Universidade, que reúne institutos isolados via
uma Reitoria. Se hipoteticamente boa parte de nossos esforços enquanto pesquisadores
e pensadores das dinâmicas educacionais de nosso país, são para a melhoria da
qualidade da educação, talvez fosse o momento de refletirmos se não chegou a hora de
dar um novo norte ao paradigma que está posto.
CRIAÇÃO DA UFRPE: CONTEXTO HISTÓRICO.
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Como grande parte dos eventos históricos, a criação da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE) foi revestida por inquietações e anseios da sociedade.
No Estado de Pernambuco, mais precisamente na cidade do Recife até o ano de 1926, já
contávamos com o Curso Superior de Medicina Veterinária, entretanto o mesmo teria
sido interrompido no citado ano. Neste sentido, vislumbrava-se no Recife a necessidade
de reinício do referido Curso, porém para isso seria preciso reunir profissionais
dispostos a trabalhar junto às autoridades competentes, para concretizar este sonho de
progresso para o Estado. (MOTA, 2000, p.60).
Inicialmente a UFRPE foi conhecida como Escola Superior de Agricultura e
Medicina Veterinária (ESAMV) que fora criada em 03 de novembro de 1912, todavia a
instituição foi inaugurada em 01 de fevereiro de 1914, ocasião em que foi lançada a
pedra fundamental do edifício que a abrigaria na cidade de Olinda, ato que fora efetuado
pelo Reverendo Abade do Mosteiro de São Bento, Dom Pedro Roeser .
O Curso de Agronomia logo foi transferido para o Engenho de São Bento,
propriedade da Ordem Beneditina, localizado no município de São Lourenço da Mata
em Pernambuco, ao tempo em que o Curso de Veterinária permaneceu em Olinda
compondo a Escola Superior de Veterinária São Bento. Por intermédio de sua
desapropriação, a Escola Superior de Agricultura São Bento passou a denominar-se
Escola Superior de Agricultura de Pernambuco (ESAP). Apenas em 1938, por
intermédio do Decreto n° 82 de 12 de março do mesmo ano, a ESAP foi transferida para
o bairro de Dois Irmãos no Recife, onde permanece até hoje.
As necessidades da sociedade da época foram materializadas através da
Exposição de Motivos de algumas lideranças da área de agronomia da época, a saber:
Jose Wanderley Braga (redator)1, Armando Maia e Silva2 e Carlos Cavalcanti Paes3. A
Exposição de Motivos consistia em uma análise critica da atual conjuntura da região
nordeste, em que os autores elegem categorias tais como: acontecimentos, cenários,
atores, relações de força, articulação (relação entre estrutura e conjuntura); para assim
justificar a instalação urgente de uma Escola de Medicina Veterinária ou Curso de
Medicina Veterinária - anexo da Escola Superior de Agricultura e mediar as prementes
necessidades de Saúde Pública e Economia Agrícola do Estado de Pernambuco.
1
Medico Veterinário e professor da cadeira de Zootécnica Especializada da Escola Superior de
Agronomia e Química.
2
Interventor do Estado de Pernambuco.
3
Médico veterinário e Diretor de Serviços Médicos Municipais da Prefeitura do Recife.
7
Consta da Exposição de Motivos, que a produção pecuária pernambucana não
supria sequer ao mercado interno, e os rebanhos das diversas espécies jamais atingiram
numérica ou qualitativamente o nível de desenvolvimento dos demais estados da
federação, devido à falta de manejo e conhecimento das técnicas necessárias para o
desenvolvimento da produção.
Atribuem esse fator às questões sociológicas e geofísicas, como os hábitos
tradicionais dos primeiros colonizadores e o desenvolvimento da indústria canavieira.
Esses acontecimentos possivelmente refletiam de maneira triste no desenvolvimento do
Estado de Pernambuco, em que o sertão sem pasto e quase sem água, era chamado de
zona de criação de um gado de reduzida produtividade, e quase única atividade de uma
pobre população local.
O documento também faz crítica à importação desenfreada de produtos que
poderiam muito bem ser obtidos em território pernambucano, diminuindo assim o preço
dos mesmos e condicionando a aquisição à maior parte da população. Esses produtos
seriam: charque, manteiga, banha, leite conservado, salsicha, sebo, animais para
açougue (abate), entre outros. Para se ter uma idéia da situação, basta saber que 80 a
90% dos gados abatidos no matadouro do Recife eram adquiridos por outros estados.
Neste contexto, a Exposição de Motivos era enfática no sentido de cumprir
urgentemente com a criação de animais úteis ao homem, pelo seu trabalho, sua carne e
produtos que fornecem; defendendo esses rebanhos de seus inimigos naturais, tais como
as doenças e pragas, o que apenas seria possível através do conhecimento adquirido no
Curso de Medicina Veterinária.
Em Pernambuco, como alhures, os animais são portadores freqüentes de
moléstias transmissíveis ao homem, como Carbúnculo, a Raiva, a Aftosa,
certas verminoses, e outras ainda mais perigosas, porque se infiltram
insidiosamente revelando-se quando não e mais possível combater-se os
efeitos, como a Tuberculose, de que, por estimativa, devem estar atacados
40% do gado leiteiro que abastece as cidades, especialmente as vacarias da
capital, a Brucelose, cuja percentagem de infecção aumenta cada vez mais
(Trechos de Exposição de Motivos).
Para os autores da Exposição de Motivos, as doenças nos rebanhos atuavam tal
como ladras, e roubavam:
alimentos destinados a população já parcamente nutrida, roubando valores
produtivos representados pela saúde do homem, roubando vidas humanas,
diminuindo arrecadação orçamentária do governo pela diminuição da
riqueza pastoril que estava em circulação, representada pelos animais vivos e
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seus produtos – as doenças dos rebanhos constituem um inimigo tenaz, que
deve ser combatido sem delongas, fazendo-se preparar um corpo de técnicos
aqui formados e aqui radicados (Trechos da Exposição de Motivos).
A partir do que fora consubstanciado através da Exposição de Motivos, se para a
fundação da Escola de Veterinária fosse necessário dispor de um empréstimo, ainda
assim seria vantajoso para o Estado, entretanto ao expor os motivos justificados da
instalação da mesma, os autores têm o cuidado de elencar situações favoráveis quanto a
sua estruturação, faltando apenas o ato administrativo que segundo os autores “não
custava dinheiro”.
As instalações seriam as da Escola Superior de Agricultura e Química; a
aparelhagem didática as desta Escola e do Instituto de Pesquisas
Agronômicas, principalmente da sua Seção de Veterinária: o professorado, o
grupo de professores da Escola e mais alguns técnicos especializados,
dispostos a iniciar o ensino gratuitamente, contanto que a Escola ou o curso
de instale. Os candidatos, os numerosos alunos da Escola de Agricultura e
outros que me têm procurado frequentemente para dizer que se inscreverão
na Escola de veterinária logo que ela seja criada (Trechos da Exposição de
Motivos).
O ato da Exposição de Motivos culminou na criação do Decreto-Lei no 1.741 de
24 de julho de 1947, o que para todos aqueles que estavam imbuídos naquela luta, fora
uma excelente conquista e fruto do esforço conjunto de todos os profissionais e
idealistas que formavam à época a classe dos Médicos Veterinários e Engenheiros
Agrônomos em Pernambuco (MOTA, 2000, p.76).
Através do referido Decreto, houve a união das Escolas Superiores de
Agricultura, Veterinária, Escola Agrotécnica de São Lourenço da Mata e do Curso de
Magistério de Economia Doméstica Rural. A partir dessa união e com o reconhecimento
do valor científico e educacional, bem como seu crescimento estrutural e acadêmico, a
escola torna-se referência do Ensino Superior em Pernambuco.
Apenas com a criação da Lei Federal n
o.
2.524 de 04 de julho de 1955, houve a
federalização da Universidade, ocasião em que a mesma passa a compor o Sistema
Federal de Ensino Agrícola Superior, passando a denominar-se Universidade Federal
Rural de Pernambuco em 19 de maio de 1967 com a promulgação do Decreto Federal no
60.731.
A UFRPE NA ATUALIDADE: FUNÇÃO E REFLEXO SOCIAL.
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Composta por quase mil professores, cerca de 900 técnicos e em média 12 mil
estudantes, a UFRPE tem voltado seus esforços para a intensa busca do conhecimento
científico nas áreas de Ciências Agrárias, Humanas e Sociais, Biológicas, Exatas e da
Terra; além de ações focadas no ensino e na pesquisa das referidas áreas. Possui como
missão:
exercer uma ação integrada das atividades de ensino, pesquisa e extensão,
visando alcançar a qualidade acadêmica, a promoção do desenvolvimento das
Ciências Agrárias, Biológicas, Exatas e Humanas e a formação de cidadãos
com visão técnica, cientifica, humanística e empreendedora, capazes de
enfrentar desafios e atender as demandas da sociedade (www.ufrpe.br).
)
Na centralidade de sua função social está a necessidade de atender aos anseios
da sociedade através da evolução educacional e tecnológica do Estado, produzindo e
oferecendo subsídios para o avanço do país tanto científico quanto social. Seu objetivo é
cumprir com presteza o papel de uma Instituição de Ensino Superior formando
cidadãos.
Como instituição inclusiva desde o ano de 2009, não adota o regime de ingresso
por meio de vestibular, atualmente a nota do Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) é a única forma de acesso aos cursos. Essa ação prova a preocupação da
instituição em cumprir as orientações do Ministério da Educação (MEC), escolhendo a
etapa única por meio do ENEM e oferecendo facilidades de acesso aos estudantes que
poderão fazer opção em cinco rodadas distintas entre os cursos de todas as Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES) que adotem o ENEM como único processo de
ingresso. Com um significativo processo de expansão, a UFRPE oferece mais de 44
(quarenta e quatro) cursos de graduação, a saber: 22 (vinte e dois) na sede no bairro de
Dois Irmãos, 09 (nove) na Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST), 07 (sete) na
Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG) e 04 (quatro) de Ensino a Distância. Abrange
22 (vinte e dois) Programas de Pós-Graduação compreendendo 34 (trinta e quatro)
Cursos, 13 (treze) de Doutorado e 21(vinte e um) de Mestrado.
Seu retrato estrutural consta de uma Reitoria4 que coordena todas as atividades
institucionais, a qual se encontra na sede de Dois Irmãos. O planejamento, execução e
fiscalização de todo o processo administrativo e educacional é realizado pela Reitoria e
órgãos que a compõem. Estes órgãos são: o Gabinete do Reitor, as Pró-Reitorias de
Administração (PROAD), Ensino de Graduação (PREG), Planejamento (PROPLAN),
4
Órgão maior da administração da UFRPE
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Atividades de Extensão (PRAE), Gestão Estudantil (PROGEST) e Pesquisa e PósGraduação, bem como órgãos de apoio, assessoria e administração geral e específica.
Ainda sobre a sua estruturação, a Universidade contempla órgãos em outras
regiões do Estado, a saber: Na ilhota da Coroa do Avião (Estação de Estudos sobre
Aves Migratórias e Recursos Ambientais), na Zona da Mata (Estação Experimental de
Cana-de-açúcar, de Pequenos Animais e a Ecológica do Tapacura), na Zona do Agreste
(Clínica de Bovinos), no Sertão (Estação de Agricultura Irrigada).
No Campus Dois Irmãos, a estrutura contempla Centro Esportivo, residências
estudantis, núcleo de serviços à saúde e o Hospital Veterinário que realiza
aproximadamente 600 atendimentos mensais, incluindo consultas, exames e cirurgias de
castração para cães e gatos da população carente, além da Biblioteca Central (BC) com
um excelente acervo acessível a toda a comunidade acadêmica e local.
Devido ao alto nível de capacitação de seus servidores (mestres e doutores) e a
intensa atividade de pesquisa que desenvolve, tornou-se um centro de excelência
alcançando o status de figurar entre as 18 (dezoito) melhores Instituições Federais de
Ensino Superior do Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cerne das discussões sobre a história do ensino superior no Brasil demonstra
um eurocentrismo por parte das elites brasileiras, acreditando e defendendo que a
Europa era o centro cultural e educacional como referência para o mundo, neste sentido
não admitiam que a cultura fosse feita pelo homem esteja ele onde estiver.
As metrópoles podavam todas as tentativas de independência, até mesmo as de
cunho cultural e político como reflexo da ideologia dominante. Mais uma vez a classe
privilegiada (neste caso, a Corte Portuguesa), impõe suas prioridades à classe oprimida
(trabalhadora) e desprovida de quem lhes “desse voz”.
Não fosse a vinda da Corte juntamente com a Família Real para o Brasil,
provavelmente não haveria a criação dos cursos superiores de Medicina, Engenharia e
Ciências Jurídicas naquele período, porque pelo que observamos todas as ações
convergiam para o atendimento aos interesses da Corte.
Muitas foram às tentativas frustradas para a criação da Universidade no Brasil,
entretanto a participação da sociedade através dos movimentos de Independência, da
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Proclamação da Republica, reformulação constitucional entre outros foram de grande
importância para uma nova configuração do ensino superior brasileiro.
No momento em que a sociedade se organiza para o bem comum e defende seus
argumentos com veemência e coerência, há uma relação direta nas decisões da ideologia
dominante. Foi o caso da Exposição de Motivos para a criação da Escola Superior de
Medicina Veterinária em Pernambuco, que foi um marco para a criação da Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), instituição que tem ao longo desses anos
contribuído para o desenvolvimento das ciências agrárias, biológicas, exatas e humanas
e a formação de cidadãos com visão técnica, cientifica, humanística e empreendedora,
auxiliando o Estado no enfrentamento dos desafios e demandas sociais.
De 1912 até 2010 a UFRPE cresceu, evoluiu e estabeleceu-se como instituição
de respeito e renome no âmbito do ensino, pesquisa e extensão, tornando-se um centro
de excelência citado mundialmente, motivo de orgulho para todos que compõem o
Estado de Pernambuco bem como toda a sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Luiz Antonio. Ensino Superior e Universidade no Brasil. 500 Anos de
Educação no Brasil/ organizado por Eliane Marta Teixeira Lopes, Luciano Mendes de
Faria Filho, Cynthia Greive Veiga, - Belo Horizonte: Autentica 2000. 2 a edição.
DEBELLE, Jean; DREZE, Jacques. Concepções da Universidade. Fortaleza: edições
Universidade Federal do Ceará, 1983.
FÁVERO, Maria de Lourdes. Universidade no Brasil: das origens a construção. Rio
de Janeiro, UFRJ, COMPED/MEC/INEP. 2000.
MOTA, Vilma Wanderley Braga. José Wanderley Braga – Uma vida dedicada a
Medicina Veterinária – Recife: EDUFERPER, 2007.
PINTO, V. A. A questão da Universidade. 2ª Ed. São Paulo: Cortez. 1994.
12
PÚBLICO, 2010. Disponível na Internet. 24.05.2010 as 10:00. (http://www.ufrpe.br)
SOUZA, Paulo Nathanel P. História do Ensino Superior. “Estrutura e Funcionamento
do Ensino Superior Brasileiro” – Pioneira Ciências Sociais.
TEIXEIRA, Anísio. Educação e Universidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1988.
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