A PROBLEMÁTICA URBANA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE CAMPO
MOURÃO – PR
Letícia Sampaio Domingues do Nascimento, Geografia, (PIBID), Unespar – Câmpus de Campo
Mourão, [email protected]
Adriano Ferreira Guimarães, (PIBID), Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
[email protected]
Cláudia Chies, (OR), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]
RESUMO: Este trabalho fez parte das atividades do Estágio Curricular Supervisionado em Geografia
I, desenvolvidas no ano de 2013, no curso de geografia da Unespar, campus de Campo Mourão - PR.
Foi desenvolvido com alunos do 9º ano C, do Colégio Estadual Ivone Soares Castanharo de Campo
Mourão. O objetivo foi promover mais compreensão sobre o processo de produção e gerenciamento
dos resíduos sólidos no município de Campo Mourão, a fim de contribuir para melhorar a
compreensão quanto à educação ambiental dos envolvidos, sensibilizando-os para práticas cotidianas
em relação à separação domiciliar dos resíduos orgânicos e recicláveis, dando enfoque para as
consequências da destinação incorreta dos mesmos. O projeto ocorreu em três etapas: 1ª) Aulas
expositivas e dialogadas com auxílio de imagens, slides e vídeos sobre a temática; 2ª) Atividades com
os alunos em sala de aula referentes ao conteúdo; 3ª) Estudo do meio com visita técnica ao Aterro
Sanitário de Campo Mourão e a Associação de Catadores de Recicláveis - Cooperresíduos. Como
resultados constatamos: mais envolvimento dos alunos com as questões ambientais e com a
problemática local do lixo; obtenção de conhecimentos mais aprofundados pelos alunos e estagiários
sobre a problemática urbana do lixo e a reciclagem.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Aterro Sanitário. Educação Ambiental.
INTRODUÇÃO
Na atualidade a problemática dos resíduos sólidos é uma das mais preocupantes para a
sociedade, pois é gerado um grande volume de lixo, sendo que a destinação desses resíduos, na maior
parte das vezes, não se dá de forma correta. No entanto, essa questão não é nova, e acompanha a
história dos grupos humanos, desde quando deixaram de ser nômades e passaram a acumular lixo em
um espaço específico, dando origem aos lixões a céu aberto.
Devido às doenças provenientes da proliferação de insetos, moscas, ratos, etc., o ser humano
passou a recobrir o lixo por camadas de terra, a fim de evitar a contaminação da população, bem como
o mau-cheiro causado pelo lixo.
Por meio dessa prática, foram surgindo os primeiros aterros
sanitários. Antigamente os resíduos não causavam tanta preocupação à população, eram definidos
como algo sem valor e que não tinham utilidade alguma.
Já a partir do século XIX passa a ser discutida a importância do reaproveitamento dos bens de
consumo utilizados pela população. Na atualidade por existir uma má destinação desses resíduos, ou
falta de conscientização da população a respeito da reciclagem e destinação, é importante que se tenha
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um trabalho de educação ambiental que enfatize esses pontos, para que existam melhores condições de
vida e mais preservação do meio ambiente.
Compreendemos que as ações de educação ambiental devem envolver tanto os
administradores das cidades, como os agentes educacionais, para que haja sensibilização da
população, em relação à qualidade de vida da mesma, podendo minimizar a agressão ao meio
ambiente e à saúde pública promovendo assim menos impactos ao ambiente.
A educação ambiental na escola é muito importante e relevante para a melhoria da prática
social em relação à destinação final dos resíduos sólidos. A mediação do professor faz com que os
alunos elaborem uma compreensão mais adequada em relação ao meio ambiente, tanto local, como
global, a fim de informá-los e conscientizá-los da importância de contribuir com o gerenciamento dos
resíduos sólidos.
Neste sentido este trabalho que foi aplicado no Colégio Estadual Professora Ivone Soares
Castanharo, com alunos do Ensino Fundamental e realizado a partir das atividades do Estágio
Curricular Supervisionado de Geografia I e com o subprojeto PIBID de Geografia, da Unespar,
campus de Campo Mourão, visou tratar da realidade vivenciada no município de Campo Mourão- PR,
com relação à produção, gestão e destinação dos resíduos sólidos. Foi importante para que os alunos
conheçam esta realidade no município em que vivem, a fim de que também se sintam responsáveis em
contribuir para a melhoria do gerenciamento local dos resíduos sólidos, da separação do lixo, da
destinação adequada e do repasse de informações a outras pessoas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A primeira etapa do trabalho foi a elaboração de um projeto de ensino para ser aplicado aos
alunos de duas turmas de 9º anos do Ensino Fundamental em conjunto com as atividades do Estágio
Curricular Supervisionado em Geografia I e o subprojeto PIBID de geografia da Unespar - Campus de
Campo Mourão – PR, envolvendo diretamente 4 docentes (do Departamento de Geografia) da
universidade, 1 docente (de Geografia) do colégio e 4 acadêmicos do curso de Geografia, além da
comunidade escolar. Para a elaboração desse projeto foram utilizadas fontes variadas, como diversas
bibliografias referentes aos resíduos sólidos, e a legislação brasileira vigente que diz respeito à
Educação Ambiental e à destinação correta dos resíduos sólidos.
Para a aplicação do projeto na escola foi utilizado um total de 10 horas, sendo realizadas aulas
expositivas e dialogadas com a apresentação de slides e vídeos (foi utilizado data show, TV pen drive,
quadro branco, pincéis e note book), com o apoio de uma apostila preparada pelos acadêmicos. A
partir das aulas foram realizadas atividades diversificadas como: debates, discussões, desenhos, caçapalavras e palavras-cruzadas. A próxima etapa do projeto constituiu em atividades de campo com
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visita técnica ao Aterro Sanitário de Campo Mourão e à Associação de Catadores de Recicláveis
Cooperresíduos. Após a visita técnica foi elaborado um relatório da aula de campo para verificar o
aprendizado obtido com o trabalho realizado.
A PROBLEMÁTICA URBANA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS: DESTINAÇÃO, SEPARAÇÃO
DO LIXO E RECICLAGEM
Um dos grandes problemas urbanos e ambientais é a destinação final que é dada para os
resíduos sólidos, por existir uma má destinação desses resíduos, ou uma falta de conscientização da
população a respeito de reciclagem e destinação. Neste sentido é importante que se tenha um trabalho
de educação ambiental que enfatize esses pontos, para que existam melhores condições de vida e mais
preservação do meio ambiente.
Nestes tempos de intenso desenvolvimento, transformações tecnológicas, inovações, internet,
multimídia etc., é necessário que haja preocupação com a educação ambiental tanto por parte da
administração das cidades como na área educacional, para a sensibilização da população (como
objetivo uma possível conscientização), em relação à qualidade de vida das mesmas, podendo
minimizar a agressão ao meio ambiente e a saúde pública, promovendo assim um novo tipo de
desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável.
Conforme Pádua e Tabanez (1998), apud Jacobi (2003 p. 196), “a educação ambiental propicia
o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições
básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente.”.
A educação ambiental na escola é muito importante e relevante para a melhoria da prática
social em relação à destinação final dos resíduos sólidos. A mediação do professor faz com que os
alunos criem uma compreensão mais adequada em relação ao meio ambiente, tanto local, como global,
a fim de informá-los e conscientizá-los da importância de contribuir com o gerenciamento dos
resíduos sólidos. De acordo com Pedro Jacobi (2003, p. 204) importante para a “interdependência dos
problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade
planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável”.
A sociedade atual está vivendo em meio a várias transformações, o homem por sua vez, vem
modificando o meio no qual está inserido para suprir suas necessidades. Este processo de modificação
tem gerado vários danos ao meio ambiente como contaminação dos rios, poluição da atmosfera, o
depósito incorreto do lixo e consequentemente os problemas gerados por este processo.
É visível que nossa sociedade produz milhões de toneladas de lixo todos os dias. A variedade
do lixo, tratado cientificamente como resíduos sólidos, é elevada e são produzidas em diversas
atividades do homem, sejam elas domésticas, públicas, comerciais ou industriais. (CARDOSO, 2004).
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Dessa forma, é pertinente apresentar o conceito técnico de Resíduos Sólidos. Conforme a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apud Cardoso (2004), através da NBR
10.004(1987), define resíduo sólido como:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da
comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou
tóxicos). Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável
seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviável, em face à melhor tecnologia
disponível.
Os resíduos sólidos podem ser físicos químicos e biológicos, sendo dividido em três classes
diferentes, de ordem perigosa, (inflamáveis, corrosivos e tóxicos, apresentam riscos a saúde e ao meio
ambiente), não inerte, (que não apresentam risco ao homem nem ao meio ambiente) e os inertes (não
se degradam ou se decompõe quando em contato com o solo), como por exemplo, resto de construção
civil. Para compreender melhor esse conceito, e levando em conta que o projeto visa compreender a
gestão dos resíduos sólidos urbanos, apresentam-se como os resíduos sólidos urbanos são
classificados, conforme quadro 1:
Tipo de Resíduo
Descrição
Residencial ou doméstico
Constituído de restos de alimentação, invólucros diversos,
varreduras, folhagens, ciscos e outros materiais descartados
pela população diariamente;
Comercial
Proveniente de diversos estabelecimentos comerciais, como
escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados,
quitandas e outros, apresentando mais ou menos os mesmos
componentes que os resíduos sólidos domésticos como
papéis, papelão, plásticos, caixas, restos de lavagem;
Industrial
Proveniente de diferentes áreas do setor industrial, de
constituição muito variada, conforme as matérias-primas
empregadas e o processo industrial utilizado;
Resíduos de serviços de saúde ou Constituído de resíduos das mais diferentes áreas dos
hospitalar
estabelecimentos hospitalares: refeitório, cozinha, área de
patogênicos,
administração,
limpeza;
e
resíduos
provenientes de farmácias, laboratórios, de postos de saúde,
de consultórios dentários e clínicas veterinárias;
Especiais
Constituído
por
resíduos
e
materiais
produzidos
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esporadicamente como folhagens de limpeza de jardins,
restos de podas, animais mortos, mobiliários e entulhos;
Feiras, varrição e outros.
Proveniente de varrição regular de ruas, conservação da
limpeza de núcleos comerciais, limpeza de feiras,
constituindo-se principalmente de papéis, tocos de cigarros,
invólucros, restos de capinas, areia, ciscos e folhas;
De aeroportos, portos, terminais Constituem os resíduos sépticos, ou seja, aqueles que
rodoviários e ferroviários.
contêm ou podem conter germes patogênicos, trazidos aos
portos, terminais rodoviários e aeroportos; basicamente,
originam-se de materiais de higiene, restos de alimentação,
que podem veicular doenças provenientes de outras
cidades, estados ou países.
Quadro 1 – Classificação dos resíduos sólidos urbanos
Fonte: Adaptado de Gomes (1989) e Jardim et al. (1995) apud Cardoso (2004).
Segundo Lauriano (2009), os problemas relacionados aos resíduos sólidos estão presentes em
nossa sociedade desde os primórdios, quando as comunidades migravam para outros locais devido ao
incômodo causado pela quantidade de lixo que geravam. Assim, quando o homem deixou a vida
nômade, o lixo começou a fazer parte da sua história, e ao mesmo tempo houve um aumento do lixo
disposto nas comunidades a céu aberto, conhecido como lixões a céu aberto, e devido às doenças
provenientes da proliferação de insetos, moscas, ratos, etc., o ser humano passou a recobrir o lixo por
camadas de terra, a fim de evitar a contaminação da população, bem como o mau-cheiro causado pelo
lixo. Por meio dessa prática, foram surgindo os primeiros aterros sanitários. Antigamente os resíduos
não tinham tanta importância para a população, eram definidos como algo sem valor e que não tinham
utilidade alguma. Já a partir do século XIX passa a ser discutida a importância do reaproveitamento
dos bens de consumo utilizados pela população.
Um dos grandes problemas enfrentados atualmente no meio urbano para a preservação do
meio ambiente e das cidades, é o aumento da população urbana e os altos índices de consumo da
população, que tem gerado a escassez dos recursos naturais, o aumento da quantidade dos resíduos que
são diretamente descartados na natureza, aumentando os impactos no meio ambiente. Outro problema
é a falta de conscientização, algumas pessoas ou boa parte delas que não sabem como podem reciclar
de forma correta sem colocar em risco a saúde e o meio ambiente. Isso ocorre muitas vezes devido a
pouco interesse da população em reciclar determinados materiais ou pode ocorrer devido falta de
preocupação e de divulgação por parte da administração local.
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O gerenciamento dos resíduos sólidos engloba um conjunto de fatores e ações normativas,
como monitoramento, saneamento básico e aterro sanitário, ou seja, é preciso que haja participação
política e técnica de forma correta, mediante o transporte adequado para tratamento, evitando assim
danos à saúde pública.
Dessa forma, a solução encontrada é a gestão integrada dos resíduos urbanos:
Através da gestão integrada dos resíduos urbanos é possível diminuir a quantidade
de matéria-prima retirada da natureza, gerar emprego à população considerada de
baixa renda e reduzir a quantidade de resíduos recicláveis destinados aos aterros
sanitários. No entanto, os custos elevados com coleta seletiva, triagem, construção
de aterros sanitários e o pouco interesse do cidadão sobre o destino dos rejeitos
domésticos produzidos em sua residência e no município, além do consumismo
exagerado de produtos descartáveis, têm levado as pequenas cidades do interior do
país a adotarem a coleta tradicional, a qual é considerada de baixo custo
(GALDINO; MALYSZ; COLAVITE, 2012, p.2).
Conforme destaca Galdino, Malysz e Colavite (2012), os resíduos sólidos coletados de forma
seletiva eventualmente não ocorrem adequadamente, como é frequentemente observado, quando os
resíduos separados nas residências para reciclagem acabam junto com os demais resíduos e enviados
para o aterro sanitário.
Assim, as autoras Galdino, Malysz e Colavite (2012, p. 2) afirmam que:
O gerenciamento adequado de resíduos urbanos exige compreensão sobre o
processo de coleta, separação e destinação final, bem como, do papel dos catadores,
considerados agentes ambientais que agem de forma anônima na problemática do
lixo urbano, sendo importante um trabalho de educação ambiental.
Em relação à Educação Ambiental, a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a
educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, definindo a educação
ambiental como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
Ainda conforme a referida Lei,
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal, cabendo às
instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos
programas educacionais que desenvolvem.
Nesse sentido, conforme destaca Laureano (2009) a educação ambiental não se preocupa
apenas com a aquisição de conhecimento, mas também, fundamentalmente, visa possibilitar um
processo de mudança de comportamento e aquisição de novos valores e conceitos convergentes às
necessidades do mundo atual, com as inter-relações e interdependências que se estabelecem entre o
ambiente social, cultural, econômico, psicológico e humano.
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Todo esse processo do lixo é organizado pela coleta seletiva onde os materiais já devem estar
condicionados, ou seja, embalados corretamente de acordo com suas características, todo esse lixo
recolhido é transportado para um tratamento adequado. De todo lixo coletado no Brasil, cerca de
70,3% é destinado para aterros sanitários, e cerca de 30,5 % são destinados a lixões de céu aberto.
Em Campo Mourão, segundo a Secretaria de Obras e Serviços Públicos do município a coleta
de resíduos comerciais, domiciliares e públicos, abrange 100% de toda área urbanizada, o cronograma
da coleta seletiva é dividida em três setores, cada um deles abrange os bairros em diferentes dias da
semana, com início às 8:00 horas. Segundo o Departamento de Agricultura e Meio Ambiente de
Campo Mourão o programa lixo separado - cidade limpa atende a 100% do perímetro urbano do
município, onde são coletadas em torno de 30 toneladas por mês de materiais recicláveis, contribuindo
assim para a vida útil do aterro sanitário entre várias outras vantagens como: melhoria da limpeza da
cidade, melhoria da qualidade de vida das pessoas, economia de energia, diminuição de animais
portadores de doenças e incentivo às indústrias de reciclagem que podem assim gerar novos empregos.
As coletas desenvolvidas no município são divididas em quatro modalidades, a coleta
mecanizada onde, os materiais recicláveis são coletados, postos de entrega voluntária que são
instalações fixas de metais, vidros, papéis e plásticos, os catadores que trabalham na coleta, e por fim
pontos de troca que percorre os bairros promovendo compra de resíduos e em troca fazem a doação do
vale feira. Todo este trabalho é feito para satisfazer a população de Campo Mourão e contribuir com o
meio ambiente e a coleta seletiva.
O objetivo da coleta seletiva não é somente a separação do lixo, mas também amenizar
problemas da saúde pública, problemas ambientais, sociais e econômicos que o mesmo pode causar.
Um dos grandes problemas enfrentados atualmente no meio urbano para a preservação do meio
ambiente e das cidades, é o aumento da população urbana e alto índice de consumo da população, que
tem gerado a escassez dos recursos naturais, o aumento da quantidade dos resíduos que são
diretamente descartados na natureza, aumentando os impactos no meio ambiente.
É referente ao trabalho de educação ambiental que esse projeto vem propor aos alunos do 9º
ano C do Colégio Estadual Ivone Soares Castanharo de Campo Mourão, a compreensão do processo
de coleta, separação, destinação final e demonstrar qual o papel dos catadores de resíduos referente aos
resíduos sólidos gerados no município de Campo Mourão.
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APLICAÇÃO DO PROJETO DE ENSINO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PROBLEMA
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO
Para realizar o projeto, uma apostila contendo materiais referentes aos tipos de resíduos
sólidos, produção, coleta seletiva e reciclagem foi entregue aos alunos antes da aplicação, sendo
utilizada como material didático, sendo os conteúdos baseados em diversas fontes.
Para fixação do conteúdo, atividades diversas foram pré-elaboradas o que auxiliou no
aprendizado, entre elas palavras-cruzadas, caça-palavras, questões dissertativas e objetivas além da
utilização de imagens para melhor visualização.
Nas primeiras duas aulas teóricas realizadas com os alunos, o conteúdo trabalhado foi:
resíduos sólidos, coleta seletiva e sua importância, reciclagem e sua importância, resíduos sólidos
perigosos, descarte dos diversos tipos de resíduos. Para melhor fixação do conteúdo, foi apresentado
aos alunos um vídeo referente ao conteúdo explicado.
As aulas foram dinâmicas, e os alunos se mostravam interessados e participativos respondendo
às perguntas feitas pelos acadêmicos, e também fazendo perguntas referentes ao assunto, sendo que os
acadêmicos e os alunos mantinham um diálogo reflexivo em relação ao conteúdo. Ao término das
aulas, após as explicações do conteúdo, foi proposta uma atividade a ser feita em casa, com o objetivo
de que continuassem refletindo sobre a temática até as próximas aulas.
Nas duas aulas seguintes o conteúdo ministrado foi: a diferença entre aterro sanitário e lixão,
sendo também propostas atividades de reflexão, desta vez para responderem em sala de aula, os
acadêmicos também entregaram uma tabela com os tipos de resíduos sólidos para os alunos. Nestas
aulas a forma de participação da maioria dos alunos foi realizando as atividades propostas e fazendo
perguntas referentes ao assunto aos acadêmicos.
Vale salientar que a proposta de aplicação dos conteúdos era que fossem ministrados de modo
claro, objetivo e com uma perspectiva crítica, trazendo informações sobre a realidade na qual os
alunos vivem e informando-os sobre a coleta de lixo da cidade, a importância da separação correta dos
resíduos e da reciclagem, o consumismo, entre outros temas relacionados à temática, visando
sensibilizá-los para que passassem a tomar atitudes mais adequadas com relação aos resíduos que
produzem e ao meio ambiente de modo geral.
A fim de aproximá-los da realidade a próxima etapa de aplicação do projeto foi uma visita
técnica ao aterro sanitário de Campo Mourão e a Associação de Catadores de Recicláveis Cooperresíduos. Para as visitas, foi solicitado transporte junto à prefeitura municipal de Campo
Mourão e autorização da instituição de ensino e aos pais para a saída dos alunos da escola em horário
de aula.
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A visita iniciou pelo quarto lote do aterro sanitário (Figura1) com explicações detalhadas a
cada represa de chorume. Foi possível apenas a visualização da primeira represa com o chorume
integral e da segunda represa com o chorume no estado mais limpo (Figura 2). Devido ao mau tempo e
à quantidade de barro e por se encontrar em local de difícil acesso, a terceira represa ficou
impossibilitada de receber visita, porém, não deixou de ser explicada e compreendida. A cada passo
era possível ver nos olhares atentos dos alunos expressões de surpresa com a imensidão do aterro, e
nojo com a quantidade de urubus e o mau cheiro devido à quantidade de chuva daquela semana.
Figura 01: Quarto Lote de lixo – Aterro Sanitário de Campo Mourão
Foto: Adriano Ferreira Guimarães, 2013.
Figura 02: 1ª célula de chorume
Foto: Adriano Ferreira Guimarães, 2013.
Os resultados puderam ser constatados por meio das reações dos alunos ao receberem
“choques de realidades”, tanto no aterro sanitário pela quantidade de lixo produzido na cidade em que
vivem, quanto na cooperativa, com as condições de trabalho e a situação ao qual se submetem as
pessoas que dali retiram seu sustento. As expressões eram de surpresa, espanto e pena.
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Nas atividades produzidas pelos alunos, nos debates realizados, e nas conversas e discussões,
tanto na volta para o colégio ainda dentro do ônibus, quanto depois do término do projeto em sala de
aula, constatou-se que conseguiram compreender a diferença entre lixão e aterro sanitário, a
importância de participar na separação dos resíduos em suas casas, para a coleta seletiva, como reduzir
e reciclar cada tipo de resíduo e a importância da reciclagem na vida das pessoas que trabalham tanto
na Associação, quanto catadores de recicláveis autônomos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral se compreende que o trabalho realizado complementou o conhecimento dos
alunos a respeito da separação dos resíduos sólidos no município de Campo Mourão. Foi de suma
importância debater a respeito da reciclagem e da forma ao qual devemos cuidar dos resíduos a partir
da regra dos “Três R”: reciclar; reutilizar e reduzir. Além disso foi possível compreender que a
separação do lixo, além de ser a melhor alternativa para diminuir a poluição dos rios e solos, também
serve como sustento para muitas famílias, e que por mais caro que possa ser a implantação de um
aterro sanitário, essa ainda é a melhor saída para a destinação correta dos resíduos sólidos possuindo
uma vida útil muito maior do que os lixões a céu aberto.
O envolvimento dos acadêmicos no projeto possibilitou aos alunos as atividades práticas, que
nem sempre são possíveis de ocorrer na escola. Este envolvimento, supervisionado e orientado pelos
professores, possibilitou também aos acadêmicos a aproximação entre a teoria e as atividades práticas
de ensino, preparando-os para o exercício da docência com diversificação de metodologias, motivando
os alunos para aprendizagem. A forma como a realidade foi mostrada conduziu a um aprendizado mais
intenso em menor tempo, contribuindo para que os alunos compreendessem que existem inúmeras
pessoas que tiram o sustento da reciclagem de produtos que para eles já não possui mais valor algum,
e até para a mudança de comportamento de alguns alunos com relação a separação e reciclagem do
lixo após a realização do trabalho.
O trabalho mostrou a eles a realidade do município em que vivem, pois os alunos envolvidos
no projeto não conheciam o aterro municipal, nem ao menos sabiam que havia um e onde se
localizava.
Por meio dos resultados obtidos com os trabalhos realizados pelos alunos, concluímos que o
objetivo de promover mais compreensão sobre a diferença entre aterro sanitário e lixão a céu aberto,
de como ocorre o processo de produção e gerenciamento dos resíduos sólidos no município de Campo
Mourão e entre outros, foi alcançado. Além da contribuição em relação à educação ambiental e os
problemas causados se houver uma má destinação desses resíduos.
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A associação entre atividades teóricas, atividades de campo com a visita técnica e retorno a
escola, com debates e discussões e o registro do que foi aprendido em campo, possibilitou mais
abstração do conhecimento, percepção da realidade e sensibilização para a separação, reutilização e
reciclagem do lixo produzido no dia a dia, bem como para disseminação destas práticas.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Mário Bertoldo; ao Colégio Estadual Professora Ivone Soares Castanharo (Campo
Mourão PR); a Unespar - Campus de Campo Mourão; à Prefeitura municipal de Campo Mourão; a
Associação de Catadores de Recicláveis Cooperresíduos e a CAPES.
REFERÊNCIAS
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A PROBLEMÁTICA URBANA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS