CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS
EXATAS
MODELAGEM MATEMÁTICA E BICICLETA:
PROPOSTA DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO DE
UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTANA-AP
Fábio Andress dos Santos
Lajeado, janeiro de 2015
Fábio Andress dos Santos
MODELAGEM MATEMÁTICA E BICICLETA: PROPOSTA DE ENSINO
E DE APRENDIZAGEM PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO
MÉDIO DE UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTANA-AP
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação Strictu Sensu Mestrado em
Ensino de Ciências Exatas do
Universitário
Univates,
como
Centro
parte
da
exigência para a obtenção do título de
Mestre em Ensino de Ciências Exatas. Linha
de
pesquisa:
Pedagógica
no
Epistemologia
Ensino
de
da
Prática
Ciências
Matemática.
Orientadora: Dra. Marli Teresinha Quartieri
Lajeado, janeiro de 2015
e
Fábio Andress dos Santos
MODELAGEM MATEMÁTICA E BICICLETA: PROPOSTA DE ENSINO
E DE APRENDIZAGEM PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO
MÉDIO DE UMA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SANTANA-AP
A Banca examinadora abaixo ____________________________ a Dissertação
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Exatas do
Centro Universitário Univates, como parte da exigência para obtenção do grau de
Mestre em Ciências Exatas.
__________________________________________
Dra. Marli Teresinha Quartieri – orientadora
Centro Universitário Univates
__________________________________________
Dra. Ieda Maria Giongo
Centro Universitário Univates
__________________________________________
Dr. Rogério José Schuck
Centro Universitário Univates
__________________________________________
Dra. Susana Paula Graça Carreira
Universidade do Algarve - Portugal
Lajeado, janeiro de 2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus pela oportunidade de cursar o mestrado, pois, apesar das dificuldades
encontradas ao longo dessa jornada, sempre esteve presente em minha vida,
concedendo-me sabedoria e discernimento para vencer a batalha.
À minha esposa, Ivana Santos, pelo incentivo, ajuda, paciência, palavras de
entusiasmo, carinho, companheirismo e por acreditar que eu conseguiria alcançar o
objetivo a que me propus. E, também, por me acompanhar nos estudos e comigo
compartilhar as alegrias e tristezas nessa etapa de minha vida.
Às minhas mães, Dilma Alves e Maria Freitas, pelos incentivos e
compreensão às minhas ausências e paciência nas horas que precisaram de mim.
Aos meus parentes, Charles Alves, Danielle Alves, meus irmãos e minha
prima Ângela Alves, dos quais pude contar com o apoio, amizade e incentivo, além
da ajuda e dedicação.
Ao Diretor, Jorge Carmona, por consentir a realização de minha
prática
pedagógica na Escola em que trabalho e pelas conversas, apoio e incentivo.
Aos alunos do 3º ano do ensino Médio que participaram desta pesquisa, pelo
interesse e envolvimento.
Ao meu pai e meu filho postiço, por me apoiarem e acreditarem na minha
vocação de professor.
Ao meu querido amigo, Edcarlos Vasconcellos, por toda ajuda que me
concedeu durante o curso.
À minha professora orientadora, Dra. Marli Teresinha Quartieri, por todas as
horas dedicadas a esta dissertação, apoio, paciência e preocupação com construção
deste trabalho.
Aos professores membros da banca, pelas contribuições e sugestões
oferecidas para melhoria deste meu trabalho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação de Ciências Exatas que,
com toda paciência e dedicação, contribuíram com a minha aprendizagem e
realização deste trabalho.
RESUMO
A falta de motivação e entusiasmo de alunos no desenvolvimento das atividades
durante as aulas de Matemática, no Ensino Médio, causaram inquietações e
estimularam a busca de alternativas para a melhoria dos processos de ensino e de
aprendizagem. Neste contexto, objetivou-se desenvolver uma intervenção
pedagógica para alunos do Ensino Médio, em uma escola pública da cidade de
Santana, AP, utilizando a Modelagem Matemática e o tema bicicleta. Portanto, o
propósito foi investigar implicações pedagógicas e sociais decorrentes da exploração
de atividades envolvendo Modelagem Matemática e o tema bicicleta, com alunos do
3º ano do Ensino Médio, nos processos de ensino e de aprendizagem. A pesquisa
foi qualitativa com aproximações ao estudo de caso. Os instrumentos de coleta de
dados foram questionários, diários de campo do professor e dos alunos, gravações
de aula em vídeo e áudio. Ao final da pesquisa, foi possível perceber a mudança de
postura dos estudantes, que se tornaram mais críticos, criativos, participativos e
motivados. No decorrer da prática pedagógica, foram construídos conceitos de
geometria plana, espacial e analítica, funções e porcentagem, bem como se
estimulou o uso do computador por meio do programa do Excel e pesquisas na
internet. O tema bicicleta proporcionou discussões, durante as aulas de Matemática,
a respeito dos deveres e direitos dos ciclistas, além de possibilitar momentos de
reflexão sobre a importância desse meio de transporte para a saúde.
Palavras-chave: Modelagem Matemática. Ensino Médio e Bicicleta.
ABSTRACT
The lack of motivation and enthusiasm of students in the development of activities
during Mathematics classes, in high school, have caused concerns and encouraged
the search for alternatives to improve the teaching and learning processes. In this
context, the objective of this paper was to develop an educational intervention for
high school students in a public school in the city of Santana, State of Amapá, using
the mathematical modeling and the bike theme. Therefore, the purpose was to
investigate educational and social implications of exploration activities involving
mathematical modeling and the bicycle theme, with students of the 3rd year of high
school, in teaching and learning processes. The research was qualitative applying
approaches of case study. Data collection instruments were questionnaires,
teacher’s and students’ written reports, classroom video and audio recordings. At the
end of the survey, it was possible to notice the change in attitude of the students,
who have become more critical, creative, participatory and motivated. During the
teaching practice, were constructed concepts of plane geometry, spatial and
analytical functions and percentage, as well as encouraged the use of computers via
the Excel program and research on the internet. The bicycle theme provided
discussions during the Mathematics lessons, about the duties and rights of cyclists,
and enable moments of reflection about the importance to health of this mean of
transportation.
Keywords: Mathematical Modeling. High School and Bicycle.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Desenvolvimento das bicicletas ................................................................... 18
Figura 2 - Mapa de Santana – AP ................................................................................... 45
Figura 3 – Gráfico sobre a frota de veículos de Santana ............................................. 63
Figura 4 – Quantidade de veículos de Santana ............................................................ 64
Figura 5 – Custo da mobilidade urbana ........................................................................ 67
Figura 6 – Depoimento do estudante durante avaliação do quarto encontro ............ 68
Figura 7 – Grupo de alunos apurando o questionário ................................................. 70
Figura 8 – Grupo de alunos apurando a contagem do questionário .......................... 71
Figura 9 – Depoimento de um aluno sobre o quinto encontro .................................... 75
Figura 10 – Gráfico elaborado pelos alunos na planilha do Excel .............................. 76
Figura 11 – Alunos observando as peças da bicicleta ................................................. 82
Figura 12 – Alunos preenchendo o inventário da bicicleta ......................................... 82
Figura 13 – Alunos comparando as peças da bicicleta com os conteúdos
matemáticos .................................................................................................................... 83
Figura 14 – Alunos debatendo sobre o inventário da bicicleta ................................... 85
Figura 15 – Inventário produzido pelo grupo de alunos .............................................. 85
Figura 16 – Slide produzido por um grupo para representar a geometria plana
envolvida na bicicleta ..................................................................................................... 89
Figura 17 – Imagem da bicicleta com os tipos de triângulos ...................................... 90
8
Figura 18 – Fórmulas da área do triângulo ................................................................... 91
Figura 19 – Representação do círculo e da circunferência ......................................... 92
Figura 20 – Cálculo da coroa com a catraca ................................................................. 93
Figura 21 – Fórmulas da circunferência ........................................................................ 95
Figura 22 – Apresentação das peças da bicicleta pelo grupo ..................................... 97
Figura 23 – Resolução de um exemplo sobre o cálculo da área de um prisma
pelo grupo ........................................................................................................................ 98
Figura 24 – Aluna desenhando o círculo trigonométrico........................................... 100
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Dissertação e teses sobre a Modelagem Matemática no Ensino
Médio de 2010 a 2013 ...................................................................................................... 36
Quadro 2 - Dissertações do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências
Exatas da Univates, no período de 2010 a 2013 ........................................................... 39
Quadro 3 - Atividades planejadas para intervenção pedagógica ................................ 48
Quadro 4 - Depoimentos de alguns alunos sobre o segundo encontro ..................... 57
Quadro 5 – Avaliação dos alunos sobre a produção do questionário
investigativo realizado durante a aula ........................................................................... 61
Quadro 6 - Quantidade de poluentes de um carro de passeio durante sua vida
útil ..................................................................................................................................... 65
Quadro 7 - Emissão de poluentes da frota de carros de passeio do município
de Santana durante10 anos ............................................................................................ 65
Quadro 8 - Custo do transporte público no município de Santana ............................ 67
Quadro 9 - Apuração da primeira questão do questionário ........................................ 72
Quadro 10 - Apuração da segunda questão do questionário ...................................... 72
Quadro 11 - Apuração da terceira questão do questionário ........................................ 73
Quadro 12 - Apuração da quarta questão do questionário .......................................... 73
Quadro 13 - Apuração da quinta questão do questionário .......................................... 74
Quadro 14 – Avaliação dos alunos sobre a atividade do questionário ...................... 75
Quadro 15 – Resumo dos textos descritivos de três grupos ...................................... 79
Quadro 16 – Inventário entregue aos alunos ................................................................ 81
10
Quadro 17 – Avaliação dos alunos sobre a produção do inventário .......................... 86
Quadro 18 – Síntese da avaliação dos alunos sobre aprendizado durante o
desenvolvimento das atividades ................................................................................. 104
SUMÁRIO
1 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA .......................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 22
2.1 Modelagem Matemática na Educação Básica – algumas perspectivas ............... 22
2.2 Objetivos da Modelagem Matemática no Ensino.................................................... 33
2.3 Estudos efetivados sobre a Modelagem Matemática e o tema bicicleta no
Ensino Médio ................................................................................................................... 36
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 43
4 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA .................................................................................... 50
4.1 Encontro 1: Apresentação do projeto e pesquisa sobre notícias referentes à
bicicleta ............................................................................................................................ 50
4.2 Encontro 2: Socialização das notícias selecionadas pelos alunos sobre a
bicicleta ............................................................................................................................ 51
4.3 Encontro 3: Elaboração do questionário de pesquisa sobre a bicicleta .............. 59
4.4 Encontro 4: Cálculo do custo benefício do uso da bicicleta ................................. 63
4.5 Encontro 5: Apuração do questionário de pesquisa sobre a bicicleta ................. 70
4.6 Encontros 6 e 7: Produção dos gráficos e tabelas no Excel ................................. 76
4.7 Encontro 8: Produção de um texto descritivo sobre a pesquisa efetivada ......... 78
4.8 Encontro 9: Produção do inventário da bicicleta ................................................... 80
4.9 Encontros 10 e 11: Pesquisa sobre conteúdos matemáticos encontrados no
12
inventário da bicicleta ..................................................................................................... 88
4.10 Encontro 12: Apresentação dos grupos: geometria plana, função,
geometria analítica .......................................................................................................... 88
4.11 Encontro 13: Apresentação dos grupos: geometria espacial e
trigonometria ................................................................................................................... 96
4.12 Encontro: Comentários do professor sobre os conteúdos apresentados ...... 101
4.13 Encontro 15: Avaliação final do processo pelos alunos .................................... 103
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 106
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 110
APÊNDICES ................................................................................................................... 120
APÊNDICE A - Respostas do Questionário Investigativo sobre o uso da
Bicicleta no Município de Santana, Estado do Amapá ............................................... 121
APÊNDICE B - Termo de concordância da direção da instituição de ensino........... 125
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre Esclarecido ...................................... 126
APÊNDICE D - Questionário para entrevista dos alunos da manhã ......................... 127
APÊNDICE E - Questionário de Avaliação Final sobre a Prática Realizada ............. 128
13
1 CONTEXTUALIZANDO A PESQUISA
Na atualidade, o ensino de Matemática nas escolas brasileiras passa por uma
série de mudanças em que é imprescindível não apenas conhecer as informações,
mas compreendê-las e saber utilizá-las na vida cotidiana. Aliada a isso, a
Matemática ainda é considerada um dos problemas da educação brasileira, com
notas baixíssimas nas avaliações externas, e com o seu ensino, muitas vezes,
desvinculado de situações do dia a dia do aluno. Nesse sentido, cabe pontuar que
existe uma necessidade cada vez maior de momentos de reflexão sobre as
possibilidades de um ensino mais significativo, na tentativa de superar velhos
processos que não atendem às expectativas dos educandos.
Apesar dos esforços dos professores quanto à maneira de ensinar e as
mudanças que vêm ocorrendo no ensino, ainda são frequentes as dificuldades dos
alunos durante os processos de ensino e de aprendizagem. Talvez um dos motivos
esteja na maneira descontextualizada como os conteúdos têm sido trabalhados, ou
seja, desvinculados da realidade dos discentes, causando, consequentemente, o
desinteresse pela disciplina de Matemática. Outros fatores que também podem
contribuir para tais dificuldades são a formação inadequada dos docentes, o uso de
apenas a metodologia tradicional e a escassez de recursos metodológicos
(MACHADO, 1992).
Construir uma concepção de ensino que não seja apenas uma cópia de
conteúdos, assistir às aulas e transmitir conhecimentos, onde o aluno é induzido a
decorar e realizar provas sem utilidade para sua vida, são desafios que hoje os
14
educadores precisam enfrentar. Portanto, faz-se necessária a busca de novas
metodologias capazes de incentivar a elaboração de estratégias de construção do
conhecimento que leve ao desenvolvimento de atitudes críticas e que favoreça
potencialidades do trabalho tanto no campo individual como no coletivo.
Em relação à Matemática, segundo os PCNs1 (BRASIL, 1997, p. 15), os
processos de ensino e de aprendizagem, frequentemente, produzem sensações de
contradição do ponto de vista do professor e também do aluno, tendo em vista “a
constatação de que se trata de uma área de conhecimento importante; de outro, a
insatisfação diante dos resultados negativos obtidos com muita frequência em
relação à sua aprendizagem”, levando os educadores a concluírem que estão diante
de um grande desafio. Este se expressa pelo fato de a Matemática ser vista como
uma ciência que possui um papel importante na vida da sociedade. Entretanto, cada
vez mais se percebe um afastamento do educando diante dos cálculos que o
docente propõe em sala de aula. Neste sentido, desafio deste é resgatá-lo mediante
um ensino motivador da Matemática, que seja capaz de transformar o estudante no
sentido de levá-lo a compreender que ela é uma disciplina presente em nossa
realidade, podendo estar em constante diálogo com as demais ciências.
Rodrigues (2005) escreve que essas relações que a Matemática possui com o
mundo real nem sempre são fáceis de serem percebidas pelo discente e/ou de
serem aplicadas pelo professor. O autor evidencia uma dupla dificuldade, tanto do
docente em desenvolver os conteúdos como do aluno em perceber as aplicações, o
que faz com que o processo de ensino e de aprendizagem não se complete no todo,
provocando um afastamento do estudante em relação à Matemática.
O professor de Matemática se encontra diante de uma situação em que há,
de um lado, a matemática escolar, seriada, pautada em conteúdos sequenciais, culta
e rígida do ponto de vista de suas leis e, de outro, uma matemática aplicada,
presente na vida cotidiana do aluno, mas que é de difícil percepção e compreensão
por parte deste. Entretanto, ambas precisam se encontrar para que uma complete a
outra.
A Matemática pode ser importante na formação do cidadão, contribuindo
1
PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais.
15
socialmente à medida que forem exploradas metodologias que desenvolvam no
educando a capacidade de aprender de forma contextualizada. De acordo com os
PCNs (BRASIL, 2002, p. 111), para que isso ocorra, é importante relacioná-la com
outros conhecimentos e auxiliar o aluno a compreender e interpretar situações,
apropriando-se de linguagens específicas. Ademais, cabe também ao docente ajudar
o aluno a argumentar, analisar e avaliar situações, tirar conclusões próprias, tomar
decisões e generalizar.
Como professor, pensar e discutir o ensino da Matemática é uma tarefa
delicada. Pesquisas apontam que “os conteúdos são separados da experiência do
aluno e das realidades sociais” (LIBÂNEO, 1983, p. 24). Além disso, a Matemática
trabalhada em sala de aula tem estado distante da realidade do aluno, deixando-o
desmotivado, haja vista não estar contribuindo para a melhoria do processo
educacional. Cabe destacar que tenho observado que o aluno só se interessa por
algo que lhe faça sentido.
A partir desse contexto e com o objetivo de procurar algumas respostas para
tais questionamentos, deparei-me com a Modelagem Matemática. Acredito que o
uso dessa metodologia de ensino pode tornar a Matemática mais significativa e,
dessa forma, levar o aluno ao convívio social, despertando-lhe o interesse, já que
parte de uma situação da realidade em que ele vive. A Modelagem Matemática,
segundo Barbosa (2004, p. 01), “é a aplicação da Matemática em outras áreas do
conhecimento”, sendo assim, a modelagem2 cumpre um papel importante estando
presente em muitas ciências.
Biembengut e Hein (2007) pontuam que, antes do desenvolvimento da prática
de modelagem, deve-se compreender o contexto no qual o aluno está inserido, para,
assim, trabalhar de maneira eficaz, adequando o conteúdo à sua realidade. Nesse
sentido, como professor, constatei que a bicicleta era um dos principais meios de
transporte alternativo que a maioria dos moradores da cidade de Santana – AP
utilizava. Observei que no pátio da escola havia uma quantidade enorme de
bicicletas, às quais os alunos demostravam estar muito apegados, além do desejo
de possuir uma melhor que a do colega. Portanto, a bicicleta era um elemento que
fazia parte do convívio e da realidade dos alunos. Assim, optei, por realizar a
2
A expressão modelagem se refere à Modelagem Matemática.
16
intervenção pedagógica tendo como tema a bicicleta e, como metodologia, a
Modelagem Matemática. Nesse sentido, Jacobini (2004, p. 02) comenta que “a
opção por temas de interesse do aluno amplia a sua motivação para o estudo e o
seu comprometimento com as tarefas inerentes ao trabalho com a Modelagem”. E,
como afirma Araújo (2002, p. 4), “independente da visão que cada autor tem de
modelagem como metodologia na Educação Matemática, todas são voltadas para o
estudo de problemas ou situações reais”. E, para comprovar a minha ideia apliquei
um questionário (APÊNDICE A) com o propósito de conhecer a opinião dos alunos
sobre o citado tema. Neste sentido, busquei, pretendi buscar elementos para a
pesquisa e verificar se ela despertaria o interesse dos alunos, pois a Modelagem
Matemática parte do pressuposto de que os temas devem prender a atenção dos
discentes e fazerem parte de sua realidade.
As cinco questões abertas foram dirigidas a vinte e cinco alunos que
frequentavam, em 2013, o segundo ano do Ensino Médio. A escolha deveu-se ao
fato de que a prática pedagógica seria desenvolvida em 2014, quando a turma
cursaria o terceiro ano. Abaixo, descrevo, resumidamente, o resultado da referida
enquete. Cabe destacar que, no Apêndice B, encontram-se as respostas dos alunos
respondentes.
Sobre a primeira questão “Você e sua família andam de bicicleta?”, 88% dos
alunos responderam sim e 12%, não. Portanto, a maioria afirmou que andava de
bicicleta, evidenciando que esta era um meio de transporte muito comum na cidade
de Santana.
Em relação à pergunta 02, “Por que você anda de bicicleta?”, a resposta do
aluno A13 resume o entendimento dos participantes: “Porque é um transporte barato,
rápido, que faz bem à saúde, não polui o meio ambiente”. Em geral, os discentes
entendiam que seu uso estava associado ao baixo custo, além de proporcionar
benefícios à saúde e ao meio ambiente.
À terceira questão, “Quais as vantagens de andar de bicicleta?”, a resposta do
aluno A10 evidencia o que pensava a maioria dos respondentes: “Faz bem para
saúde e é fácil de andar”. Portanto, concordavam que a utilização desse meio de
3
Os alunos serão identificados por A1, A2, A3,..., A25, para preservar-lhes o anonimato. Além disso,
suas falas aparecem em itálico para diferenciar de citações de pesquisadores.
17
transporte contribuía com a saúde.
Quanto à pergunta 04, “Quais as desvantagens de andar de bicicleta?”, a
resposta do aluno A5 comprova, de forma geral, o pensamento da turma, ao afirmar
que uma das desvantagens seria “os acidentes que acontecem entre os ciclistas e
os carros se dá pela falta de estruturas das vias públicas”, além do contato direto
com o calor solar.
Sobre a última questão, “Cite conteúdos matemáticos presentes no uso e na
estrutura de uma bicicleta”, o aluno A3 expressou: “O círculo, que é a roda da
bicicleta; o triângulo, que a gente senta para pedalar”. Comumente, a turma
percebeu que a roda da bicicleta representa um círculo, e o banco, um triângulo.
Nesse momento, pude observar que os conteúdos elencados tinham relação com a
geometria plana e espacial.
Também investiguei um pouco da historia da bicicleta, para conhecer mais
detalhes a respeito deste meio de transporte e desta forma contribuir nas discussões
que podeiram ocorrer durante a realização deste trabalho.
Desde os tempos mais primitivos, o ser humano procura maneiras de se
movimentar com mais eficiência e agilidade. Essa busca, ao longo do tempo,
fascinou muitas gerações de cientistas e investigadores, atraídas pelas ideias de
obter não apenas um meio de transporte, mas possibilitar a liberdade de locomoção
capaz de descobrir novos mundos. Nessa perspectiva, a história mostra inúmeras
tentativas de se desenvolver um transporte de duas rodas movido pela força
humana. Os primeiros registros desses experimentos datam dos séculos XV e XVI,
eram bastante semelhantes a máquinas pesadas e desarrumadas e movidos por
complexos mecânicos de correntes (MELO, 2005).
Um esboço notório e de grande relevância é o do artista e inventor Leonardo
da Vinci, que colocou suas ideias em cerca de 700 páginas, guardadas até hoje no
Museu de Madri. Nas escrituras de Vinci, encontram-se os primeiros conceitos de
transmissão de forças através de correntes, até hoje utilizadas nas bicicletas.
Entretanto, o primeiro formato de uma bicicleta ocorreu no ano 1790, quando o
conde Méde de Sivrac, da França, construiu o primeiro veículo de transporte de
duas rodas, dando início oficial à história da bicicleta. Inicialmente, esse meio de
18
locomoção recebeu o nome celerífero, derivado das palavras latinas celer (rápido) e
fero (transporte). Porém, era um transporte primitivo, ligado por uma trave de
madeira e movido por impulsos alternados dos pés sobre o chão (RIBEIRO, 2005).
O surgimento da bicicleta costuma ser discutido em muitas escolas
americanas, inglesas, francesas e espanholas e sua história tem servido de estímulo
à sua prática. Ela é um meio de transporte sustentável e acessível à maioria da
população. No Brasil, até o final do século XX, foram construídos em torno de quatro
milhões de velocípedes, usados quase que exclusivamente como atividade de lazer.
Entretanto, nas cidades de médio porte4, elas deixaram de ser restritas à recreação
e passaram a se tornar opção de transporte (PEZZUTO, 2002). Na Figura 1,
observa-se o seu processo de evolução, que sofreu várias modificações ao logo do
tempo.
Figura 1 - Desenvolvimento das bicicletas
Fonte: Wikipedia, evolução da bicicleta (2014, texto digital).
Na época dos primeiros modelos, a bicicleta era empurrada pelos usuários e,
por ser de madeira, necessitava-se de uma imensa força física. Na década de 1860,
o francês Pierre Lallement aumentou a roda dianteira para deixar a pedalada mais
leve, mas ficou desproporcional em relação ao tamanho das demais. Já Pierre
4
Cidade que abriga de 100 mil a 300 mil habitantes.
19
Michaux, em 1867, criou a primeira fábrica com aro de aço, possibilitando o
surgimento dessa modalidade de rodas, além de freios e tração traseira por
corrente.
Com o surgimento das correntes, a produção de velocípedes cresceu, e o seu
modelo tornou-se mais popular. O escocês John Boyd Dunlop, em 1887, criou uma
câmara de ar para as rodas da bicicleta do filho, surgindo, dessa forma, o pneu.
Após esse período, as bicicletas com corrente começaram a ganhar mercado,
aparecendo modelos mais modernos, com jogo de marchas, sem a necessidade de
o ciclista usar tanta força. Atualmente, elas chegam com os quadros em fibra de
carbono e o freio a disco, além de possuírem um design moderno, diminuindo-lhe o
peso.
Quanto ao uso da bicicleta como um meio de transporte, sabe-se que não
polui e seu custo de manutenção geralmente é baixo e ocupa menos espaço que os
carros. Além disso, proporciona benefícios à saúde, pois é considerada uma
atividade física. Entretanto, apresenta algumas desvantagens, tais como: é fácil de
ser roubada, exige mais tempo para chegar a um determinado local, é um meio de
transporte inseguro em locais onde não há ciclovias. Este estudo me proporcionou
vários elementos essenciais para a efetivação deste trabalho.
Diante do exposto, o presente trabalho foi desenvolvido em uma turma do 3º
ano do Ensino Médio, de uma escola do Município de Santana, Estado do Amapá,
tendo como tema de pesquisa Modelagem Matemática e bicicleta: proposta de
ensino e de aprendizagem para alunos do 3º ano do Ensino Médio.
Quais as implicações pedagógicas e sociais do uso da Modelagem
Matemática nos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática por meio do
tema bicicleta? foi o problema de pesquisa.
Como objetivo geral, o intuito foi investigar a evolução do interesse e do
desempenho dos alunos diante dos trabalhos decorrentes da exploração de
atividades envolvendo Modelagem Matemática e o tema bicicleta, com alunos do 3º
ano do Ensino Médio, nos processos de ensino e de aprendizagem. Os específicos
foram assim constituídos:
20
1) Desenvolver uma proposta pedagógica com foco na Modelagem
Matemática, utilizando o tema bicicleta, em uma turma de 3º ano do
Ensino Médio.
2) Identificar as relações matemáticas existentes no tema bicicleta a partir do
desenvolvimento das atividades propostas aos estudantes.
3) Verificar reações dos alunos diante de atividades envolvendo Modelagem
Matemática.
Assim, o intento desta prática pedagógica foi apresentar um ensino que
estivesse mais próximo da realidade dos educandos e que representasse um
significado maior em suas vidas. Insatisfeito em ver o aluno como um mero receptor
de informações e a forma como eram trabalhados os conteúdos matemáticos,
totalmente desvinculados do seu cotidiano, fui levado a refletir sobre o meu papel de
professore/educador. Com esse objetivo, propus-me a realizar este trabalho, uma
vez que, em meus estudos, constatei que a Modelagem Matemática procura dar
sentido ao ensino da Matemática. Além disso, essa metodologia tem como meta
transformar o discente em um ser ativo, possibilitando uma maior interação com o
ambiente em que vive e, assim, tornar o ensino mais agradável e contextualizado.
Em
minha
prática
docente,
com
frequência,
tenho
ouvido
alunos
questionarem a serventia de determinados assuntos matemáticos e, em muitos
casos, o disfarce de professores como uma maneira de fugir de tais indagações.
Ademais, acredito que, como educador, é meu dever construir estratégias que
possibilitem uma maior compreensão dos assuntos, utilizando ferramentas que
contribuam para uma metodologia capaz de problematizar temas da realidade e do
interesse do discente. Neste contexto, a Modelagem Matemática pode ser uma
metodologia facilitadora dessa problematização e, dessa forma, desperte o interesse
dos discentes, tendo como objetivo final o conhecimento Matemático.
Para discorrer sobre a pesquisa realizada e os resultados obtidos, estruturei o
presente trabalho em cinco capítulos.
No primeiro capítulo – Contextualizando a pesquisa -, abordo dificuldades
presentes no ensino de Matemática, a justificativa da escolha do tema e do
21
problema investigado, os objetivos que nortearam a pesquisa, bem como a
relevância deste estudo para os processos de ensino e de aprendizagem.
No segundo capítulo - Referencial Teórico - apresento pressupostos teóricos
que sustentaram a pesquisa, descrevendo algumas considerações acerca da
Modelagem Matemática; defino conceitos e realço a importância do uso dessa
metodologia em sala de aula com vistas à aprendizagem do aluno. Além disso,
exponho trabalhos efetivados no portal da CAPES, período de 2010 a 2013, cujo
foco de estudo é a Modelagem Matemática no Ensino Médio, assim como aqueles
sobre os temas matemática e bicicleta. No terceiro capítulo – Procedimentos
Metodológicos -, dedico-me principalmente a descrever a metodologia utilizada,
estabecendo este estudo como pesquisa qualitativa, em particular, em estudo de
caso. Também exibo os instrumentos de coleta de dados que foram utilizados, bem
como o planejamento inicial organizado para a intervenção pedagógica.
Em Intervenção Pedagógica -
quarto capítulo –, descrevo cada um dos
encontros realizados durante a intervenção pedagógica, buscando analisar os
resultados decorrentes por meio de ideias de pesquisadores.
Nas Considerações Finais - quinto capítulo -, reporto as considerações e
conclusões a respeito da utilização da Modelagem Matemática e o tema bicicleta
nos processos de ensino e de aprendizagem da Matemática no Ensino Médio.
Por fim, apresento as referências utilizadas no decorrer deste trabalho e os
apêndices que foram importantes para a efetivação deste estudo.
22
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, apresento os pressupostos teóricos que sustentaram a
pesquisa realizada. Inicialmente, discuto perspectivas de alguns autores sobre a
Modelagem Matemática na Educação Básica. Em seguida, descrevo alguns
objetivos da modelagem matemática no ensino. E, por fim, discuto alguns estudos
realizados no portal da CAPES, no período de 2010 a 2013, referentes ao uso da
Modelagem Matemática no Ensino Médio, bem como aqueles que tratam do foco
matemática e bicicleta.
2.1 Modelagem Matemática na Educação Básica – algumas perspectivas
Atualmente, o ensino de Matemática tem sido motivo de apreensão não
apenas dos professores, mas de pesquisadores na área de Educação Matemática.
Uma das preocupações é com as implicações do ensino mecanizado, tradicionalista,
que prioriza a teoria em detrimento da prática (BIENBENGUT; HEIN, 2007). Outra
diz respeito ao ambiente de aprendizagem que, para alguns pesquisadores, deveria
estar em sintonia com as revoluções tecnológicas, pois as transformações, no
âmbito educacional, acabam acontecendo à medida que a tecnologia chega à sala
de aula. Assim, no contexto escolar, há necessidade de uma nova realidade com
“reestruturações de currículo e métodos de ensino que forneçam elementos que
desenvolvam potencialidades,
propiciando capacidade
de
pensar
crítica
e
independentemente” (BIENBENGUT; HEIN, 2007, p. 9).
Para pensar a Matemática como uma linguagem que nos permite visualizá-la
e interpretá-la em inúmeras situações, basta olhar ao redor e ver a sua utilização.
23
Neste sentido, o papel do professor seria promover a curiosidade e incentivar os
alunos às descobertas para esta e outras atribuições. Assim, a Modelagem
Matemática se apresenta como uma forma de melhoria no ensino. De acordo com
Barbosa (1999, p. 69), ela é um método da Matemática Aplicada que “foi apreendido
e transposto para o terreno do ensino-aprendizagem como uma das formas de
utilizar a realidade nas aulas de Matemática”.
Sugerir metodologicamente a Modelagem Matemática é pressupor que o
ensino e a aprendizagem da Matemática podem ser potencializados ao se
problematizarem situações do cotidiano. Assim, Fiorentini (1995, p. 32) pontua que:
O aluno aprende significativamente Matemática, quando consegue atribuir
sentido e significado às ideias matemáticas – mesmo aquelas mais puras
(isto é, abstraídas de uma realidade mais concreta) – e, sobre elas, é capaz
de pensar, estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar.
Nessa visão, o conhecimento matemático deveria proporcionar condições
para que o estudante se conscientizasse das questões sociais, políticas, econômicas
e históricas que vivencia na sua realidade. A falta de conexão entre a matemática
escolar e a da vida cotidiana do aluno é um fator que pode apresentar aspectos
desfavoráveis à aprendizagem. Logo, cabe ao professor desenvolver estratégias que
possibilitem a transformação da realidade de forma efetiva, contribuindo, assim, para
a melhoria no ensino da Matemática. De acordo com Bassanezi (2002, p. 17),
No caso da Matemática, é necessário buscar estratégias alternativas de
ensino-aprendizagem que facilitem sua compreensão e utilização. A
Modelagem Matemática, em seus vários aspectos, é um processo que alia
teoria e prática, motiva seu usuário na procura do entendimento da
realidade que o cerca e na busca de meios para agir sobre ela e transformála. Nesse sentido, é também um método científico que ajuda a preparar o
indivíduo para assumir seu papel de cidadão.
O que o autor propõe é a Modelagem Matemática como uma estratégia de
ensino que favoreça uma aprendizagem significativa como fator de descoberta para
uma nova proposta metodológica, proporcionando elementos motivadores. Em
efeito:
A modelagem de situações-problemas envolvendo a realidade cotidiana
funciona como elemento motivador para o aprendizado dos alunos. Tal
efeito motivador não se reflete apenas no aprendizado da matéria, mas
também revela aos alunos a interação que existe entre as diversas ciências.
A Modelagem Matemática utilizada como estratégia de ensino
aprendizagem é um dos caminhos a ser seguido para tornar um curso de
matemática, em qualquer nível, mais atraente e agradável. Uma modelagem
24
eficiente permite fazer previsão, tomar decisões, explicar e entender, enfim,
participar do mundo real com capacidade de influenciar em suas mudanças
(BASSANEZI, 2002, p. 177).
Bassanezi (2002) define a Modelagem Matemática como um processo
dinâmico utilizado para obtenção de modelos matemáticos. Expressa também que
ela consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em
problemas matemáticos. Além disso, observa-se que a Modelagem Matemática é um
elemento de construção no processo de ensino. E, como afirma Bassanezi (2002, p.
16), “pode ser tomada tanto como um método científico de pesquisa quanto como
uma estratégia de ensino-aprendizagem que tem se mostrado muito eficaz” no
ensino e na aprendizagem de Matemática.
O autor sustenta que, ao utilizar a modelagem no ensino, é proporcionado
maior desempenho dos educandos, pois “[...] trabalhar com Modelagem Matemática
no ensino não é apenas uma questão de ampliar o conhecimento, mas, sobretudo,
de se estruturar a maneira de pensar e agir” (BASSANEZI, 1994, p. 40). Nessa
visão, adotar a prática da Modelagem Matemática no ensino é um meio que pode
possibilitar ao aluno condições de atingir melhor desempenho e de se tornar um dos
agentes de mudança. Assim,
Modelagem Matemática é um processo dinâmico utilizado para obtenção e
validação de modelos matemáticos. É uma forma de abstração e
generalização com a finalidade de previsão de tendências. A modelagem
consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em
problemas matemáticos, cujas soluções devem ser interpretadas na
linguagem usual (BASSANEZI, 2002, p. 24).
O nomeado estudioso ainda comenta que a Modelagem Matemática surge a
partir de problemas e de aspectos da realidade vivida pelos participantes do
processo de ensino:
Quando se procura refletir uma porção da realidade, na tentativa de
entender onde agir sobre ela, o processo usual é selecionar, no sistema,
argumentos ou parâmetros considerados essenciais e formalizá-los através
de um sistema artificial: o Modelo (BASSANEZI, 2002, p. 57).
Logo, produzir Matemática com o aluno pode transformar o ato educativo em
pesquisa, e esta é fundamental para dar sustentação à elaboração de modelos.
Bassanezi (1994, p. 34) apresenta uma sequência de etapas na utilização da
Modelagem Matemática:
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a) A experimentação (obtenção dos dados);
b) A abstração (seleção de variáveis, problematização, levantamento de
hipóteses e simplificação);
c) A resolução (obtenção de equações, gráficos ou figuras);
d) A validação (aceitação ou não do modelo);
e) A modificação (melhorias ou alterações no modelo).
O processo de Modelagem Matemática ocorre num ambiente onde os
modelos matemáticos são a pretensão dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos.
Nesse ambiente, alunos e professor compartilham tarefas de interesse, as quais
necessitam ser orientadas pelo docente por meio de indagações que levem o
estudante a formulações e comparações de dados.
Para Bassanezi (2002, p. 31), “um bom modelo é aquele que propicia a
formulação de novos modelos”. Assim, construir os que se aproximam ao máximo da
realidade e acreditar que não são definitivos e que, por meio deles, é possível criar
vários outros, são tarefas de quem trabalha com Modelagem Matemática. Diante
disso, os professores exercem um papel importante para as etapas que compõem o
processo de modelagem, pois, além de motivados, tornam-se motivadores dessa
aprendizagem, como aponta Bassanezi (2002, p. 175):
O desafio do professor, que toma o caminho da modelagem como método
de ensino, é ajudar o aluno a compreender, construindo relações
matemáticas significativas, em cada etapa do processo. Se um modelo é
inadequado para atingir determinados objetivos, é natural tentar caminhos
que permitem construir outro melhor ou, então, analisá-lo, de modo
comparativo, tomando como referência outro existente. O modelo nunca
encerra uma verdade definitiva, pois é sempre uma aproximação
conveniente da realidade analisada e, portanto, sujeito a mudanças – este
processo dinâmico de busca a modelos adequados, como protótipos de
determinadas entidades, é o que se convencionou chamar de Modelagem
Matemática.
Biembengut (2005), pesquisadora sobre temas importantes na Educação
Matemática, concebe a Modelagem Matemática como metodologia de ensino. Neste
sentido, salienta que é importante evidenciar algumas etapas que são necessárias
ao desenvolvimento do processo. De acordo com a autora, as atividades a serem
exploradas, com os alunos, durante a metodologia da modelagem, podem ser
26
organizadas em fases distintas:
1) Interação: ocorre o envolvimento com um tema do cotidiano a ser
estudado e problematizado. Isto pode ser efetivado por meio de um estudo
indireto (uso de jornais, livros e/ou revistas) ou direto (uso de experiências
em campo).
2) Matematização: “tradução” da situação-problema para a linguagem
matemática. Nesta fase, ocorre a formulação de um problema que deve
ser escrito segundo um modelo matemático que o soluciona.
3) Modelo Matemático: ocorre a “testagem” ou validação do modelo obtido
por meio da análise das respostas que o modelo oferece quando aplicado
à situação que o originou. “Se o modelo não atender às necessidades que
o geraram, o processo deve ser retomado na segunda etapa [...] mudandose ou ajustando-se hipóteses, variáveis, etc” (BIEMBENGUT, 2005, p. 52).
Nesta perspectiva a “Modelagem Matemática é o processo que envolve a
obtenção de um modelo” (BIEMBENGUT e HEIN, 2007, p. 15). Assim, os autores
denominam modelação matemática o processo como um todo, considerando suas
diversas fases mostradas em Barasuol (2006, p. 03): identificação do problema;
formulação do modelo matemático; obtenção da solução matemática do problema;
interpretação da solução; comparação com a realidade; apresentação dos
resultados.
Para Biembengut e Hein (2007, p. 11), “a ideia de modelagem suscita a
imagem de um escultor trabalhando com argila produzindo um objeto”. Logo, na
concepção dos citados autores, esse objeto que representa a ideia é um modelo e o
processo de obtenção deste é a modelagem. Dessa forma, o modelo “é um conjunto
de símbolos e relações matemáticas que traduz, de alguma forma, um fenômeno em
questão ou um problema de situação real, é denominado de modelo matemático”
(BIEMBENGUT; HEIN, 2007, p. 12).
Para esses estudiosos, a aprendizagem por Modelagem Matemática objetiva
proporcionar vários elementos motivadores, pois “pode ser um caminho para
despertar no aluno o interesse por tópicos matemáticos que ele ainda desconhece
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ao mesmo tempo em que aprende a arte de modelar, matematicamente” (Ibidem, p.
19). Esse caminho tem sido uma alternativa de mudança:
O conhecimento matemático deve ir além das simples resoluções de
questões matemáticas, muitas vezes sem significado algum para o aluno, e
levá-lo a adquirir uma melhor compreensão tanto da teoria quanto da
natureza do problema a ser modelado (BIEMBENGUT; HEIN, 2007, p. 18).
Com essas reflexões e a forma como é trabalhada a Modelagem Matemática,
acredita-se que seja possível estabelecer uma relação de proximidade entre a
Matemática dos programas escolares e a realidade do estudante. Esses autores
pontuam que o ensino de Matemática deve estar comprometido com a construção
do
conhecimento
matemático,
promovendo
situações
em que
os
alunos
desenvolvam habilidades e possam utilizá-las no dia a dia. Ainda, para eles, a
Modelagem Matemática é um método de ensino, pois oportuniza ao discente o
estudo de situações-problema por meio da pesquisa, desenvolvendo seu interesse e
aguçando seu senso crítico. Quanto ao
modelo matemático, os citados
pesquisadores também expressam que:
Um modelo matemático só é um modelo, se servir de referência ou se
permitir ser reproduzido para a resolução de problemas semelhantes que
originaram o modelo, além de ser mola propulsora para o desenvolvimento
de outros conhecimentos (BIEMBENGUT; HEIN, 2007, p. 16).
Para implementar a metodologia da Modelagem Matemática, de acordo com
os autores acima citados, convém que o professor faça, inicialmente, um
levantamento sobre o contexto no qual os alunos estão inseridos. Além disso,
importante saber qual o tempo disponível para a realização de trabalho extraclasse e
o conhecimento matemático que os discentes possuem. Com essas ideias e
conhecimentos, segundo esses pesquisadores, será possível realizar atividades que
propiciem o desenvolvimento do conteúdo programático, orientar os estudantes na
realização de seus modelos matemáticos e avaliar o processo.
De acordo com Burak (1992) a Modelagem tem como objetivo resolver um
problema da realidade, por meio de conceitos e teorias matemáticas estabelecendo
situações entre a realidade dos alunos e os conteúdos Matemáticos. Para o autor
A modelagem constitui-se em um conjunto de procedimentos cujo objetivo é
estabelecer um paralelo para tentar explicar, matematicamente, os
fenômenos presentes no cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer
predições e tomar decisões (BURAK, 1992, p. 62).
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Neste caminho, o professor em relação à Modelagem ganha importância, pois
ele é o ator responsável pela inserção da Modelagem em sala de aula, possibilitando
ao aluno momento para refletir sobre os fenômenos da realidade utilizando os
conhecimentos matemáticos para realizar predições e tomar decisões na resolução
dos problemas cotidianos. Dessa forma, o docente cria condições de discutir no
contexto escolar como a Matemática se faz presente na sociedade. Nesse sentido
Burak (1987, p. 32),
No estudo da Matemática através da Modelagem, as atividades se
constituem na ação de refletir, de fazer, de construir, de concluir e de
generalizar. Esta é a liberdade que essa prática educativa parece permitir a
cada participante do processo, ao favorecer o uso de suas próprias
estratégias, na sua maneira natural de pensar, sentir e agir.
Barbosa (2001, p. 12), outro pesquisador referenciado nos trabalhos de
Modelagem Matemática, pontua que “modelagem é um ambiente de aprendizagem
no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da
Matemática, situações com referência na realidade”. Nessa concepção, por meio da
Modelagem Matemática, é possível perceber uma motivação maior dos alunos em
desenvolver atitudes críticas, despertando a criatividade e impulsionando estratégias
que possibilitem a sua mudança perante a sociedade. A procura por elementos do
cotidiano pode tornar a aula mais atrativa e transformadora, além de possibilitar que
a aprendizagem aconteça de forma natural e criativa. Ademais, existe a necessidade
de situações que facultem a construção do conhecimento. Barbosa (2001) destaca
ainda que a inserção curricular da Modelagem Matemática pode acontecer em três
situações distintas:
a) Situação 1: o professor apresenta um problema, com seus dados
qualitativos e quantitativos, cabendo aos alunos apenas a resolução.
b) Situação 2: o professor apresenta um problema, cabendo aos alunos a
coleta de dados e a resolução.
c) Situação 3: o professor solicita que os alunos formulem problemas,
coletem dados e os resolvam. O professor é apenas um orientador.
Observando as três situações, ressalta-se a terceira, em que o sujeito está
totalmente envolvido no processo. Ele cria o problema, modela-o e tenta encontrar a
29
solução. Entretanto, nessa intervenção pedagógica, foram utilizadas as situações um
e dois.
Segundo Barbosa (2003, p. 4)
O ambiente de modelagem está associado à problematização e
investigação. O primeiro refere-se ao ato de perguntas e/ou problemas
enquanto que o segundo, à busca, seleção, organização e manipulação de
informações e reflexão sobre elas. Ambas as atividades não são separadas,
mas articuladas no processo de envolvimento dos alunos para abordar a
atividade proposta. Nela, podem-se levantar questões e realizar
investigações que atingem o âmbito do conhecimento reflexivo.
O autor comenta que “Modelagem Matemática na perspectiva da Matemática
aplicada é todo o processo de abordagem de um problema não matemático,
envolvendo a construção do modelo matemático” (BARBOSA, 2003, p. 53). Assim, o
processo de modelagem compreende desde a partida de uma situação real até a
construção de um modelo por meio da utilização de ferramentas e conteúdos
matemáticos, tais como gráficos, equações, inequações, para representar certos
aspectos de uma situação real. O autor propõe que o ensino da Matemática não se
restrinja ao desenvolvimento de cálculos matemáticos, mas também se ocupe de
sua utilização e da participação crítica dos alunos como cidadãos na sociedade. De
acordo com o nomeado pesquisador, a Modelagem Matemática na Educação
Matemática se define como uma metodologia que possibilita “[...] motivação,
facilitação de aprendizagem, preparação para utilizar a Matemática em diferentes
áreas, desenvolvimentos de habilidades gerais de exploração e compreensão do
papel sócio – cultural da matemática” (BARBOSA, 2004, p. 2).
De acordo com Barbosa (2004) dever-se-ia buscar atividades que
permitissem aos estudantes desenvolver competências na construção de modelos e
de aplicação Matemática, possibilitando que o aluno analise aspectos críticos de
importância para a sociedade podendo exercer um papel social crítico. Com estas
caracteristicas, tais atividades estariam inseridas na perspectiva sócio-crítica, já que
se baseiam no reconhecimento dos modelos Matemáticos de maneira crítica,
analisando resultados observados.Salienta-se que o termo ‘sócio-critica’ foi um
questionamento a uma perspectiva de Modelagem Matemática em ambiente da sala
de aula por Barbosa (2001) que buscou traduzir um esforço de propor questões
relativas ao papel da Matemática na sociedade por meio de atividades de
30
Modelagem. O autor argumenta que a perspectiva sócio-crítica está baseada no
reconhecimento que as atividades de Modelagem podem estimular situações em
que os alunos discutem a natureza e o papel na sociedade estabelecendo modelos
matemáticos.
Kaiser e Sriraman (2006, p. 306) pontuam que “o papel da Matemática na
sociedade reivindica a necessidade de encorajar o pensamento crítico sobre o papel
da Matemática na sociedade, sobre o papel e a natureza de modelos Matemáticos e
sobre a função da Modelagem Matemática na sociedade”. Nesta mesma linha
argumentativa, Skovsmose (2001) argumenta que a expressão ‘crítica’ tem relação
com a identificação de problemas estabecidos pelo social e sua avaliação com
reação às situações sociais complexas. Na busca de sentido a crítica implica em
reflexão, reação e ações concretas.
Jacobini e Wodewotzki (2006), pro sua vez, acreditam que atividades de
Modelagem Matemática sob esta perspectiva sócio-crítica pode possibilitar ao aluno,
além da aprendizagem conteúdos, reflexões, reações e ou ações acerca da
situações que está sendo investigada.
Outro pesquisador, Araujo (2009) defende que a não neutralidade dos
modelos matemáticos pode ser analisada na sala de aula e aulas de Matemática
assim conduzidas podem estar na perspectiva da Educação Matemática Crítica
procurando buscar discursos provenientes da sociedade. Assim, a busca de trazer
para sala de aulas debates da perspectiva sócio-crítica pode ser uma oportunidade
para conhecer o papel desafiador da Matematica.
Silveira e Ribas (2004, p. 10) também apontam algumas justificativas para a
utilização da Modelagem Matemática:
a) Interação e motivação dos alunos e do próprio professor;
b) Integração e maior facilitação da aprendizagem. O conteúdo matemático
passa a ter mais significação, deixa de ser abstrato e passa a ser concreto;
c) Preparação para vida e o mercado de trabalho;
d) Inquietações e desenvolvimento do raciocínio lógico e dedutivo em geral;
e) Atribuir novo sentido ao desenvolvimento do aluno como cidadão crítico e
transformador de sua realidade;
f) Compreensão em relação ao papel sociocultural da Matemática,
tornando-a, assim, mais importante.
Os autores pontuam que a Modelagem Matemática “é acima de tudo uma
31
perspectiva, algo a ser explorado, o imaginável e o inimaginável” (SILVEIRA; RIBAS,
2004, p. 2). Nessa visão, ela é livre e aparente, surge da necessidade de o homem
compreender os fenômenos que o cercam para interferir ou não em seu processo de
construção. Escolhê-la, de acordo com esses estudiosos, proporciona uma
aprendizagem com descobertas, um desafio que cabe ao professor atribuir novos
sentidos e, ao mesmo tempo, algo agradável e lógico. Assim, trabalhar com essa
metodologia pode facilitar a aprendizagem, pois o conteúdo matemático passa a ter
significação, ou seja, deixa de ser abstrato e para ser concreto, fazendo parte da
realidade que está presente na vida do aluno.
Alguns autores ao falar em perspectivas de Modelagem na Educação
Matemática,
estabelecem duas
perspectivas
importantes
para
os debates
educacionais sobre Modelagem: a pragmática e a científico - humanista.
A primeira perspectiva – a pragmática - estabelece usar a Modelagem para
estímulo na resolução de problemas, buscando com isso situações do dia-a-dia
possibilitando caminho para futuras profissões dos alunos, ou seja, usar a
Matemática para resolução de problemas do cotidiano. Kaiser e Messmer (1991, p.
84) pontuam que “os tópicos matemáticos ensinados na escola devem ser aqueles
que são úteis para sociedade”. Nesta perspectiva seria levar em consideração as
aplicações, desconsiderando os conteúdos Matemáticos que não são aplicáveis em
áreas não-Matemáticas.
No processo da perspectiva científico-humanista – segunda perspectiva - a
Modelagem Matemática teria por objetivo aprender Matemática, de modo que os
temas escolhidos ofereçam contexto para desenvolver os conteúdos previstos no
programa, produzindo motivação para que o aluno aprenda Matemática por meio de
significados Matemáticos, ou seja, estabelecendo relações das situações do
cotidiano para conduzir os alunos a tópicos Matemáticos. Neste sentido, buscando
estabelecer relações com outras áreas a partir da própria Matemática. Kaiser e
Messmer (1991, p. 85) pontuam “a ciência Matemática e sua estrutura como um guia
indispensável para ensinar Matemática, a qual não pode ser abandonada”. Assim, de
acordo com os autores, a Modelagem seria para muitos “cientistas”, uma forma de
introduzir novos conceitos.
32
Em termos gerais, a Modelagem Matemática procura ser compreendida
como uma abordagem, por meio da Matemática, de uma situação que não é
Matemática, mas faz parte da realidade. Segundo Araújo (2003), pelas perspectivas
gerais não se pode prever a multiplicidade de perspectivas de Modelagem que se
concretizam em diversas situações de aprendizagem, pelo fato de se localizarem em
contextos diferentes, o que traz mudanças significativas, na busca tanto na
perspectiva quanto nos processos de Modelagem.
Ao ter como ponto de partida a Modelagem Matemática e observar que os
alunos se locomoviam periódica e continuadamente através da bicicleta, decidi
investigar o seu uso em Santana, haja vista ser um dos principais meios de
transportes desse município. Com isso, surgiu a pretensão de introduzir conteúdos
matemáticos utilizando o tema bicicleta. Nessa perspectiva, os alunos poderiam
generalizar estruturas da bicicleta com seu universo matemático para compreender e
resolver as situações-problema. Além disso, foi importante considerar abordagens
extracurriculares nessa investigação, como a falta de políticas públicas para a
construção de vias que contemplasse os usuários desse meio de transporte
alternativo, o que contribuiria com a diminuição de acidentes. Por conseguinte, levar
essa problemática à sala de aula possibilitou uma aprendizagem próxima da
realidade dos alunos, bem como problematizar questões sociais referente ao tema
bicicleta. Assim, acredito ter usada a Modelagem Matemática de acordo com as
ideias de Barbosa (2003, 2004).
Em alguns países, há experiências bem sucedidas com relação ao uso da
bicicleta que merecem ser ressaltadas. Por exemplo, o Japão, que possui uma vasta
rede de ciclovias por todo o país; a capital alemã, Berlin, onde existe a maior malha 650 km; e, ainda, a Inglaterra, com um sistema central de locação de bicicletas. No
Brasil, ocorre a política da mobilidade urbana:
A política de mobilidade tem por função proporcionar o acesso amplo e
democrático ao espaço urbano. (...) Essa mobilidade urbana sustentável
pode ser definida como o resultado de um conjunto de políticas de
transporte e circulação que visam a priorização dos modos não-motorizados
e coletivos de transporte, de forma efetiva, que não gere segregações
espaciais, e seja socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável. A
Mobilidade Urbana Sustentável deve estar integrada às demais políticas
urbanas, com o objetivo maior de priorizar o cidadão na efetivação de seus
anseios e necessidades, melhorando as condições gerais de deslocamento
na cidade (BRASIL, 2006, p. 19).
33
Como a bicicleta era um dos meios de transporte mais utilizado pelos alunos
que participaram dessa investigação, proporcionando qualidade de vida e saúde à
população, acreditei que esses fatos poderiam contribuir para um clima de
motivação à realização dos trabalhos de Modelagem Matemática em sala de aula. A
respeito disso, Salla (2012, p. 52) afirma que:
A escola deve ser um espaço que motive e não somente que se ocupe em
transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o professor precisa propor
atividades que os alunos tenham condições de realizar e que despertem a
curiosidade deles e os faça avançar. É necessário levá-los a enfrentar
desafios, a fazer perguntas e procurar respostas.
Em relação ao Ensino Médio e, em especial, à Matemática, tenho identificado
obstáculos que precisam ser superados, para que, dessa forma, o aluno encontre
sentido no que está aprendendo. Assim, para superar alguns deles e proporcionar
melhoria nos processos de ensino e aprendizagem, realizei atividades utilizando a
bicicleta, objetivando tornar o ensino atrativo e agradável.
2.2 Objetivos da Modelagem Matemática no Ensino
A Modelagem Matemática tem como objetivo interpretar e entender os mais
diversos fenômenos do nosso cotidiano estabelecendo relações, devido às conexões
que a Modelagem proporciona pelas aplicações dos conceitos Matemáticos.
Descrever estes fenômenos, analisar e interpretar com o propósito de gerar
discursos que reflete sobre tais fenômenos que cercam nosso cotidiano. Neste
processo e possível refletir sobre a realidade e agindo sobre a formalização por meio
de um modelo. Segundo o autor Bassanezi (1994, p. 1),
Modelagem Matemática é um processo que consiste em traduzir uma
situação ou tema do meio em que vivemos para uma linguagem
Matemática. Essa linguagem, que denominamos Modelo Matemático,
pressupõe um conjunto de símbolos e relações Matemáticas que
representam o fenômeno em questão.
Procura-se com a Modelagem Matemática uma alternativa de ensino, com
objetivo de proporcionar atividades que levem o aluno a construir o seu próprio
conhecimento por meio de relações concretas e por procedimentos que valorize seu
aprendizado. Dessa forma, buscar implementar uma prática que leve o aluno a
34
buscar as relações existentes e estabelecidas entre o cotidiano e o mundo
Matemático, resgatando o gosto e interesse pela Matemática.
Ao considerar a Modelagem Matemática no ensino o objetivo principal não é
de chegar a um modelo, mas seguir etapas onde o conteúdo Matemático vai sendo
desenvolvido no processo. Portanto, os conceitos Matemáticos vão se tornando
implícitos. Por se acreditar no processo de Modelagem Bassanezi (2002, p. 17)
pontua que “a Modelagem Matemática, em seus vários aspectos, é um processo que
alia teoria e prática, motiva seu usuário a procura do entendimento da realidade que
o cerca e na busca de meios para agir, sobre ela e transformá-la”.
Neste contexto, entende-se que a inserção da Modelagem no ensino de
Matemática pode ser uma ferramenta para estimular os alunos no desenvolvimento
do raciocínio lógico dedutivo, o espírito de pesquisa e investigativo, por intermédio
da linguagem Matemática, em situações reais. Os pesquisadores Biembengut e Hein
(2000, p. 3) pontuam que “é um processo que emerge da própria razão e participa
da nossa vida como forma de constituição e de expressão do conhecimento”. Além
disso, o espírito exploratório pode estabelecer bons frutos para o processo de ensino
e aprendizagem.
Cabe ao professor realizar o seu trabalho com criatividade e conhecimento
matemático para estimular os alunos, pois lhe cabe a responsabilidade de planejar,
estruturar e gerir as relações sociais, educacionais e matemáticas nesse contexto.
Segundo Bassanezi (2002, p. 38),
[...] não é apenas uma estratégia de aprendizagem, onde o mais importante
não é chegar imediatamente a um modelo matemático bem sucedido, mas,
caminhar seguindo etapas onde o conteúdo matemático vai sendo
sistematizado e aplicado. Com a Modelagem o processo de ensinoaprendizagem não mais se dá no sentido único do professor para o aluno,
mas como resultado de interação do aluno com seu ambiente natural. Na
modelação, a validação de um modelo pode não ser obtidos é o processo
utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sociocultural. O
fenômeno modelado deve servir de plano de fundo ou motivação para o
aprendizado das técnicas e conteúdos da própria Matemática. As
discussões sobre esse tema escolhido favorecem a preparação do
estudante como elemento participativo na sociedade em que vive [...]
Pontes (2005, p. 13) pontua que usar modelagem matemática “é descobrir
relação entre objetos Matemáticos conhecidos ou desconhecidos, procurando
identificar as respectivas propriedades”. Desta forma, através da Modelagem o
35
professor estará oportunizando ao aluno vivenciar uma pesquisa baseada no
processo de reflexão. Esse processo quando incorporado ao conhecimento,
estabelece sentido na busca de compreender o que estão fazendo e são capazes de
aplicar
os
conhecimentos
Matemáticas
adquiridos
em
varias
situações
contextualizadas.
De acordo com Bassanezi (2002) existem vários argumentos que podem ser
utilizados a favor do uso da Modelagem Matemática, entre eles, os de:
1)
Natureza formativa: por meio das aplicações matemáticas e resoluções
de problemas se desenvolvem capacidades e atitudes críticas.
2)
Competência crítica: os estudantes são preparados para a vida real,
como cidadãos atuantes na sociedade, podendo formar suas próprias opiniões.
3)
Utilidade: o aluno aprenderá a fazer da Matemática um instrumento
para a resolução de seus problemas em diversas situações.
4)
Natureza intrínseca: a inclusão da modelagem com resoluções de
problemas e aplicações acaba fornecendo ao estudante uma forma mais eficiente de
entender e interpretar a própria Matemática.
5)
Aprendizagem: os processos aplicativos do método da modelagem
possibilitam um melhor entendimento dos conceitos matemáticos, valorizando a
disciplina.
Apesar de todos esses argumentos favoráveis ao uso da Modelagem
Matemática, há professores que ainda colocam obstáculos, principalmente quando
se trata da aplicação em cursos regulares. Diante de tantos atributos, na Modelagem
Matemática o papel do aluno de buscar o próprio conhecimento está inserido em um
ensino dinâmico mais vivo mais participativo em que os estudantes compreendam os
conceitos matemáticos em uma perspectiva construtivista.
Portanto, buscou-se nesta pesquisa utilizar a Modelagem Matemática com
uma temática de interesse dos alunos, objetivando melhoria para o aprendizado de
Matemática. Ademais, o intuito foi que os discentes relacionassem conhecimentos
matemáticos que estariam presente na bicicleta, que é o meio de transporte mais
36
usado por eles para se deslocarem até a escola.
Na próxima seção, apresento alguns estudos realizados sobre o uso da
Modelagem Matemática no Ensino Médio, no período de 2010 a 2013,
disponibilizados no portal da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior), bem como alguns trabalhos que referenciam a matemática e a
bicicleta.
2.3 Estudos efetivados sobre a Modelagem Matemática e o tema bicicleta no
Ensino Médio
Para verificar o que pesquisadores têm estudado em relação ao tema por mim
proposto nesta dissertação, fui à procura de dissertações e teses nos Programas de
Pós-Graduação (Mestrados e Doutorados), no período de 2010 a 2013, no portal da
CAPES. Inicialmente, utilizei os descritores “Modelagem Matemática e Ensino
Médio”; em seguida, “bicicleta e matemática”. Quanto à primeira, encontrei os
trabalhos que constam no Quadro 1 e no Quadro 2.
Quadro 1 - Dissertação e teses sobre a Modelagem Matemática no Ensino Médio de
2010 a 2013
Título
(ano)
Música e
Matemática: A
harmonia dos
Números
Revelada em uma
Estratégia
de Modelagem.
(2010)
Autor
(instituição)
Chrisley Bruno
Ribeiro Camargo
(Universidade
Federal de Ouro
Preto UFOP)
Objetivos
Resultados
Identificar
e
avaliar
contribuições
que
as
propostas
de
ensino,
envolvendo
modelos
Matemáticos e Música,
podem proporcionar ao
processo de ensino e
aprendizagem
de
progressões geométricas
no 2º ano do Ensino
Médio.
Proporcionou
modelos
matemáticos relacionados à
Música, numa perspectiva de
desenvolver algo significante e
motivador
aos
alunos,
professores e educadores.
Assim, para o autor, foram
identificadas
relações
dos
aspectos teóricos e práticos do
ensino de Matemática.
(Continua...)
37
(Conclusão)
Título
(ano)
A Inserção do Uso
do Computador no
Processo de
Modelagem
Matemática
Contribuindo para
o Aprendizado de
Conhecimentos
Matemáticos.
(2010)
Autor
(instituição)
Mário José
Siqueira da Silva
(Universidade
Federal do Pará
UFPA)
Modelagem
Matemática no
Ensino Médio: Um
olhar sobre a
necessidade de
aprender
Matemática
(2010)
Kátia Regina da
Silva Korb
(Universidade
Regional de
Blumenau
FURB)
O uso de
Modelagem no
ensino de função
exponencial.
(2011)
Cristina Maria
Brucki
(Pontifícia
Universidade
Católica de São
Paulo PUC-SP)
Objetivos
Resultados
Investigar a inserção do
uso do
computador com auxílio do
portfólio no processo de
Modelagem Matemática,
como
facilitadores
do
processo
de
aprendizagem
de
conhecimentos
matemáticos por alunos do
ensino médio.
Analisar a necessidade
dos alunos de Ensino
Médio
em
aprender
matemática por meio de
Modelagem Matemática.
Nas atividades desenvolvidas,
percebeu-se que o ambiente
gerado pelo processo de
Modelagem
dentro
do
laboratório
de
informática,
permitiu-se trabalhar de forma
coletiva e colaborativa. Os
resultados foram significativos,
principalmente, articulado ao
uso do computador.
Verificar se as atividades
de
aplicação
da
modelagem no ensino de
Função Exponencial, e a
utilização da Progressão
Geométrica
como
aprendizado
prévio
possibilitam
uma
aprendizagem significativa
do conceito de Função
Exponencial.
A
intervenção
pedagógica
ocorreu por meio dos temas
embalagem de produtos e
resfriamento da água. Os
conteúdos desenvolvidos foram
área total, lateral e volume de
prismas e cilindros, função
exponencial e função do 2º
Grau.
Como
resultados,
a
pesquisadora elencou alguns
pontos
importantes
como:
entusiasmo dos alunos nas
atividades; dificuldades em
transpor os obstáculos na
realização
das
pesquisas;
prazer
em
desenvolver
atividades em grupos e;
possibilidade
de
realizar
experiências diferenciadas.
Como resultado, a autora
observou que a utilização da
modelagem no ensino pode ser
realizada em qualquer escola
desde que o professor se
disponha a isso. Entretanto,
salienta que esta não é uma
tarefa simples. Isso porque são
exigidas do professor e do
aluno um comprometimento
com
a
produção
do
conhecimento
Além disso, concluiu que a
modelagem
possibilitou
aprendizagem
reflexiva
e
análise crítica no aluno, pois
por meio dela foi estabelecida a
relação
do
conteúdo
matemático e de problemas da
realidade.
(Continua...)
38
(Conclusão)
Título
(ano)
Modelagem
Matemática e o
ensino de Função
de 1º Grau.
(2011)
Autor
(instituição)
Luiz Gonçalves
Filho
(Pontifícia
Universidade
Católica de São
Paulo PUC/SP)
Concepções de
Modelagem
Matemática e
subsídios para a
educação
matemática:
quatro maneiras
de compreendê-la
no cenário
brasileiro.
(2011)
O Ensino de
Funções em
Escola Técnica de
Nível Médio por
meio da
Modelagem
Matemática e Uso
da Calculadora
Gráfica
(2012)
Vilma Candida
Bueno
(Universidade
Federal de Ouro
Preto UFOP)
Números
Complexos: uma
Proposta Didática
Baseada na
Modelagem
Matemática e em
Contextos
Históricos
(2013)
Liliam Aparecida
Alves Paes
(Universidade
Estadual de
Londrina (UEL))
Luiz Alfredo
Dealis Bilhéo
(Universidade
Federal de São
Carlos UFSCar)
Objetivos
Resultados
Conduzir o aluno à
aprendizagem significativa
da Matemática, formando
opinião crítica e autônoma
sobre
os
fatos
e
informações.
Discutir alguns conteúdos
mais
sensíveis
da
Matemática,
tanto
do
ponto de vista conceitual
quanto do metodológico.
Articular aspectos teóricos
e
metodológicos
que
fundamentam
as
concepções
de
Modelagem
Matemática
de uma amostra de
estudiosos da comunidade
brasileira de educadores
matemáticos.
Proporcionou aos alunos o
conhecimento de Função a
partir do relacionamento entre
grandezas
diretamente
proporcionais,
utilizando
a
modelação de uma conta de
água.
Os
alunos
demonstraram
interesse e foram participativos
durante
as
atividades
desenvolvidas.
A autora concluiu que o
trabalho
com
Modelagem
Matemática requer que o
docente leve em consideração
suas raízes e suas concepções
filosóficas.
Outro
ponto
defendido pela autora é o uso
da realidade que cerca o aluno
como meio de explorar a
modelagem por meio de seu
cotidiano.
Proporcionou ensino de função
a traves de uma calculadora
gráfica na construção de
tabelas, gráficos e expressões
por métodos de regressão.
Os alunos desenvolveram as
atividades com entusiasmo e
interesse.
Explorar o conceito e as
caracterizações
de
funções
afins
e
quadráticas, com suas
respectivas propriedades.
Mostrar outros tipos de
funções como a polinomial
e a racional, ampliando
assim a visão do aluno
para outros tipos de
gráficos.
Atribuir
significado
ao
processo de ensino e
aprendizagem
dos
números complexos no
ensino médio.
Proporcionou o aprendizado de
números complexos. Além
disso, o aluno foi ator ativo e
construiu
seus
próprios
conhecimentos.
Fonte: Elaborado pelo professor pesquisador.
Também analisei as dissertações que foram realizadas no Programa de PósGraduação Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas da Univates,
período de 2010 a 2013. Duas delas utilizaram a Modelagem Matemática com
alunos do Ensino Médio. A seguir, exponho alguns dados sobre tais trabalhos.
39
Quadro 2 - Dissertações do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas da
Univates, no período de 2010 a 2013
Título
(ano)
O
uso
da
Modelagem
Matemática no
Ensino
da
Geometria
Estudo de Caso:
EJA
(2011)
Autor
(instituição)
Jeison Rodrigo
Reinheimer.
(Centro
Universitário
Univates)
A
Modelagem
como
Ferramenta para
a Construção de
Conhecimentos
Matemáticos
(2012)
Fabiana Mattei
(Centro
Universitário
Univates)
Objetivos
Resultados
Desenvolver
uma
proposta de ensino
baseada
na
Modelagem
Matemática
como
metodologia
de
ensino
para
aprendizagem
de
conteúdo
de
Geometria (plana e
espacial) do 3º ano
do Ensino Médio em
uma turma de EJA.
Verificar que tipo de
habilidades
os
educandos utilizam
para
aprender
matemática
numa
situação em que a
metodologia
utilizada
é
a
Modelagem
Matemática.
Os resultados demonstraram maior
empenho dos alunos com participação
de
todos
os
estudantes
no
desenvolvimento das atividades, que
partiu de uma situação da realidade e
terminou na sala de aula. O autor
concluiu
que
a
Aprendizagem
Significativa foi
estabelecida
no
decorrer da intervenção pedagógica,
uma vez que juntou conhecimentos
novos aos conhecimentos prévios dos
alunos.
Ocorreu a construção de uma maquete
em
que
os
alunos
utilizaram
conhecimentos de escalas, áreas de
figuras e porcentagem, bem como
conceitos de geometria espacial. A
autora descreveu que seu estudo
proporcionou experiências matemáticas
significativas, úteis e estimulantes aos
alunos, motivando-os e demonstrando
uma atitude diferenciada frente à
Matemática.
Fonte: Elaborado pelo professor pesquisador.
A análise dos dois quadros me levou a concluir que:
a) Em relação aos objetivos propostos, os autores tiveram a preocupação de
tornar a participação dos alunos mais ativa, bem como proporcionar
atividades que possibilitassem aquisição de conhecimentos matemáticos.
Além disso, propuseram-se a utilizar temas da realidade e do interesse
dos discentes com o intuito de motivá-los à aprendizagem.
b) Os trabalhos possibilitaram o aprendizado dos conteúdos relacionados à
Geometria, como área, volumes, sistema de medidas, entre outros. Além
disso, apareceram conceitos de gráficos, funções e progressão aritmética
e geométrica. O uso do computador também foi citado como um diferencial
durante o desenvolvimento das atividades dos pesquisadores.
c) Os resultados encontrados nas pesquisas demonstraram possibilidades de
um aprendizado reflexivo, oportunizando ao aluno imaginação, crítica e
reflexões sobre o contexto histórico social. Ademais, ocorreu um ensino de
40
qualidade, atribuindo significado aos números e produzindo modelos
matemáticos provenientes da realidade da turma, contribuindo com a
interação e dinamismo dos estudantes.
Ao analisar as ideias de pesquisadores sobre a Modelagem Matemática, bem
como as teses e dissertações estudadas, posso inferir que é importante que o tema
de estudo esteja relacionado à realidade e ao interesse dos alunos.
Além disso, procurei também em teses e dissertações sobre, primeiramente,
“modelagem matemática e bicicleta”. Não encontrei nada. Após, usei “matemática e
bicicleta” também não encontrei nada, em teses e dissertações. Optei, então, em
investigar os descritores “matemática e bicicleta” em artigos no portal da CAPES.
Diante disso, selecionei dois artigos, intitulados “Modelagem Dinâmica de
Bicicleta” e “O uso de Bicicletas e das ciclovias de Rio Claro”, que descrevo a seguir.
“Modelagem Dinâmica de Bicicleta” é um artigo técnico escrito pelo
pesquisador Onaya (2011), cujo objetivo foi analisar o comportamento do ciclista
quando este pedalava bicicleta rígida sem amortecimento, com amortecimento
dianteiro e amortecimento total. O autor introduz seu trabalho enfatizando a
importância da bicicleta no mundo, apresentando-a como uma saída para viabilizar o
transporte público, além de retirar do sedentarismo a população que tem se utilizado
de veículos motorizados. Segundo o pesquisador, no mundo, existem cerca de um
bilhão de bicicletas, sendo o Brasil o terceiro maior fabricante, perdendo apenas
para China e Índia.
A pesquisa desenvolvida pelo autor acima mencionado foi um estudo
experimental, com base nas informações do deslocamento das rodas dianteira e
traseira da bicicleta e a deformação dos elementos mecânicos que atuam na
compressão e expansão do tecido muscular do ciclista. Ele a encerra afirmando que
“como conclusões válidas do modelo que podem ser tomadas com boa precisão
estão a amplitude máxima de oscilação do ângulo de pitch e do deslocamento
vertical, a resposta em regime e o tempo até que o sistema entre em equilíbrio”
(ONAYA, 2011, p. 12). Cabe destacar que o referido estudo utilizou equações
diferenciais e não possui relação com a Educação Básica.
41
“O uso de Bicicletas e das ciclovias de Rio Claro” é um artigo de caráter
técnico, escrito pelos pesquisadores Voltolini, Barco, Hallite, Rabethge e Trevisan
(2011), cujo objetivo foi procurar destacar a importância da eficiência alternativa em
transporte urbano, como a bicicleta. Segundo os autores, uma parcela significativa
da população da cidade pesquisada utilizava esse meio de transporte, sendo a
prática favorecida pelo relevo do local, além da facilidade de nele serem
encontrados “bicicletários”.
No entanto, é importante salientar que muitos usavam as bicicletas como uma
forma alternativa devido à ineficiência do transporte público urbano local. Sobre a
pesquisa realizada, a primeira etapa consistiu em uma revisão bibliográfica
envolvendo a “Mobilidade Urbana”. Outra atividade desenvolvida foi a aplicação de
um questionário com o objetivo de levantar dados quantitativos e qualitativos sobre o
uso da bicicleta pelos alunos da referida cidade em seu deslocamento para o
campus UNESP-Rio Claro.
Os autores concluem seu estudo relatando que a maioria dos estudantes
residia próximo à universidade, motivo pelo qual utilizavam a bicicleta como meio de
locomoção. Muitos alunos lembravam a necessidade da construção de vias
exclusivas para bicicletas, as chamadas “ciclo faixas”. Os pesquisadores ressaltaram
que o seu uso como meio de transporte era resultado de diferentes fatores que
possibilitavam benefícios, tais como: baixo custo de aquisição, facilidade de
manuseio, além de uma alternativa “sustentável” no deslocamento urbano e para o
meio ambiente. A carência de investimentos em projetos que englobassem
educação e respeito no trânsito também mereceu comentários.
Cabe destacar que, como em minhas buscas, não foram encontrados
trabalhos sobre Modelagem Matemática e bicicleta em aulas de Matemática na
Educação Básica, penso que este é um campo a ser explorado em trabalhos
relacionados à Modelagem Matemática.
No próximo capítulo, descrevo os procedimentos metodológicos utilizados
durante a intervenção pedagógica, abordando a Modelagem Matemática e o tema
bicicleta. O intuito foi melhorar os processos de ensino e de aprendizagem da
Matemática, em uma turma de 30.Ano do Ensino Médio, de uma escola estadual do
42
Município de Santana, Estado do Amapá.
43
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Vilela (2010, p. 05) explica que “a pesquisa é uma atividade voltada para a
solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos”.
À vista disso, é importante a escolha do método adequado em uma investigação
para que se obtenha sucesso nos resultados. Moreira (2003, p. 05), por sua vez,
escreve que, no campo educacional, muitos métodos de pesquisas podem ser
aplicados, mas a pesquisa em ensino tem como foco o próprio ensino e,
consequentemente, a aprendizagem, pois “o ensino sempre tem como objetivo a
aprendizagem e, como tal, perde o sentido se for tratado isoladamente”.
Neste sentido, a presente pesquisa contém uma abordagem qualitativa, uma
vez que, segundo Flick (2009, p. 37), esta “dirige-se à análise de casos concretos
em suas peculiaridades locais e temporais, partindo das expressões e atividades das
pessoas em seus contextos locais”. E, para Moreira (2003, p. 22):
Pesquisa qualitativa é um termo que tem sido usado alternativamente para
designar várias abordagens à pesquisa em ensino, tais como pesquisa
etnográfica, participativa observacional, estudo de caso, fenomenológica
construtivista, interpretativa, antropológica cognitiva. Cada uma dessas
abordagens forma um todo coerente, englobando suposições internamente
consistentes sobre natureza humana, sociedade, objeto de estudo e
metodologia, porém compartilham muitas semelhanças e por questão de
simplicidade são comumente chamadas de pesquisa qualitativa.
No contexto da pesquisa qualitativa, este trabalho foi configurado como um
estudo de caso, que, segundo Yin (2005), é uma investigação empírica que usa
como métodos o planejamento, as técnicas de coleta de dados e a análise destes.
Ainda, de acordo com o citado autor, o estudo de caso investiga o fato, o
44
acontecimento no tempo real, permitindo que as análises sejam baseadas nos
dados observados na medida em que eles ocorrem. Cabe destacar que a presente
pesquisa utilizou o estudo de caso tendo em vista que foram realizadas atividades
com um grupo específico de alunos e, a partir deles, efetivadas reflexões acerca dos
resultados.
O referido grupo é uma em uma turma do terceiro ano do Ensino Médio
Inovador, que pertence a uma escola da rede Estadual de Educação do Município
de Santana, Estado do Amapá. Além disso, eu era professor5 de Matemática desta
turma, quando da realização desta pesquisa. Foram utilizadas cinco aulas semanais
sendo três da grade curricular do Ensino Médio e duas aulas das disciplinas
integradoras de Matemática. As atividades foram desenvolvidas durante o segundo
bimestre letivo,nos meses de maio a agosto de 2014. A série era composta por 28
alunos, com faixa etária próxima aos 17 anos, vinte deles do sexo feminino e dezoito
do masculino. Cabe destacar que foi solicitado ao Diretor da referida escola a
permissão para a realização desta pesquisa por meio do termo de concordância da
Direção da Instituição de Ensino (APÊNDICE B).
A escola em que foi realizada a pesquisa, situa-se nas proximidades da área
portuária de Santana, de onde advinha a maioria dos alunos. Seus moradores eram
considerados de baixo poder aquisitivo, pois residiam em palafitas e continuavam
enfrentando imensos problemas sociais, como a falta de água, saneamento básico,
entre outros. A procura pela escola decorria pelo fato de ser a única a possuir Ensino
Médio na Região e continuava grande apesar das dificuldades financeiras e de
deslocamento. Os alunos, entretanto, demonstravam, durante as aulas, interesse em
aprender e tentavam superar os obstáculos.
Em relação a cidade de Santana (FIGURA 2) pode-se comentar que é uma
cidade localizada no Estado do Amapá, onde fica o Porto. O município vive
economicamente de atividades pesqueiras e a extração de cavaco 6, além da venda
de produtos tipicamente nortistas, como madeira e açaí. Ainda mantém sob o seu
domínio o distrito industrial, que sofre constante ampliação e onde se encontram as
Empresas Reama (que industrializa a Coca-Cola no Estado) e Amcel (responsável
5
Destaco que fui professor e pesquisador durante a intervenção pedagógica descrita da turma do
terceiro ano do Ensino Médio Inovador.
6
Lasca de madeira extraída da celulose.
45
pela plantação de pinhos e eucalipto), dentre outras.
Figura 2 - Mapa de Santana – AP
Fonte: Google Earth (2014, texto digital).
A cidade possui uma população de 102.860 habitantes, a maioria oriunda das
ilhas vizinhas do Estado do Pará. O município é considerado a segunda maior
economia do Estado, perdendo apenas para capital Macapá, localizada a 21 km de
Santana.
Em relação à Educação desta cidade e para a melhoria do ensino, seria
interessante que os moradores, que viviam em áreas sociais sem politicas públicas e
enfrentavam problemas financeiros, procurassem se organizar e reivindicar, junto ao
Poder Público, desde o saneamento básico até a infraestrutura e, dessa forma,
estabelecer uma condição de enfrentamento em todas as esferas do Governo em
prol de suas condições de vida. Talvez, a condição financeira fosse a causa principal
pela qual os alunos adotavam a bicicleta para se deslocarem à escola pesquisada,
impossibilitados de usar o transporte público, por ser este oneroso às famílias.
Diante desse contexto e com o propósito de investigar quais seriam as
46
implicações pedagógicas e sociais decorrentes de uma prática pedagógica,
utilizando a Modelagem Matemática e o tema Bicicleta, em uma turma de 3º Ano do
Ensino Médio, utilizei a Modelagem Matemática de acordo com a perspectiva de
Jonei Barbosa (2003). O autor destaca que a Modelagem Matemática pode
contribuir positivamente para a discussão de aspectos sociais nas aulas de
Matemática.
Como instrumentos para o levantamento de dados,
foram importantes a
gravação das aulas por meio de vídeos (filmagem) e áudio; o diário de campo dos
alunos e do professor; o questionário aplicado ao final de cada prática desenvolvida.
Com a metodologia da filmagem, é possível uma maior descrição dos fatos,
observando aspectos positivos e negativos que, muitas vezes, são desconsiderados
para a melhoria dos processos educacionais. Mauad (2004, p. 136) pontua que,
Por meio da filmagem, o pesquisador pode reproduzir a fluência do
processo pesquisado, sem introduzir qualquer distorção, ver aspectos do
que foi ensinado e apreendido e observar pontos que podem não ser
percebidos somente pela observação.
As tecnologias audiovisuais permitem melhorar o processo de observações
das atividades realizadas em sala de aula, favorecendo a diversidade e riqueza de
informações. Por esse motivo, utilizei, em alguns momentos, filmagens para o
levantamento de dados da pesquisa. Por meio delas, foi possível captar sons e
imagens, que possibilitaram a análise de reações, discussões e depoimentos dos
alunos durante as atividades.
Outro elemento importante no processo de pesquisa foi o diário de campo,
que permitiu registrar o que acontecia nas mais diversas situações, oportunizando a
anotação de atitudes, fatos e fenômenos observados e percebidos no campo da
pesquisa. Por meio dessa técnica, foi possível estabelecer relações entre a realidade
da pesquisa e as informações adquiridas em tempo real (durante a investigação). De
acordo com Hess (2006, p. 93), "O diário é uma fonte para trabalhar a congruência
entre teoria e prática".
O diário de campo dos alunos, utilizado durante a intervenção, serviu para
descrever e apresentar o desenvolvimento das atividades propostas pelos
participantes. Ademais, solicitei que eles colcassem suas percepções, dúvidas e
47
aprendizagem sobre as aulas no final de cada encontro. O do profesor foi por mim
utilizado para anotar as observações e percepções em relação à prática que estava
sendo desenvolvida. Esse instrumento me possibilitou refletir sobre dúvidas e
aprendizagens que estavam ocorrendo durante a prática em sala de aula,
melhorando o planejamento de atividades, a maneira como elas estavam
acontecendo, pensar sobre as futuras intervenções.
O questionário é uma técnica que serve para coletar as informações da
realidade. De acordo com Gil (1999, p. 18),
O questionário é uma técnica de investigação composta por um número
mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas,
tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,
interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.
Em quase
todos os momentos da intervenção pedagógica, utilizei
questionários que me possibilitaram recolher dados para posterior análise. De
acordo com Gil (1999), questionário é um instrumento de investigação que tem o
propósito de recolher informações, baseando-se, geralmente, em um grupo
representativo da população em estudo. Para isso, coloca-se e procura-se uma série
de questões que abrangem um determinado tema de interesse para ser investigado,
possibilitando uma maior clareza dos fatos.
Com o objetivo de contemplar a metodologia apresentada para a pesquisa, a
princípio, foram planejados 14 encontros, totalizando 21 horas aulas, com os
estudantes da futura turma 321. Nesses encontros, o intuito foi investigar o uso da
bicicleta no Município de Santana, fato que poderia contribuir para uma boa
qualidade de vida, bem como desenvolver conteúdos matemáticos provenientes do
tema escolhido. Aos alunos, foi solicitada a assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido (APÊNDICE C) para que tivessem ciência da participação nesta
pesquisa.
A seguir, no Quadro 3 as atividades que foram inicialmente planejadas para
cada um dos encontros da intervenção pedagógica.
48
Quadro 3 - Atividades planejadas para intervenção pedagógica
Encontro
Número
de horas
aulas
01
02
02
01
03
02
04
01
05
02
06
01
07
02
08
01
09
02
Atividade prevista
Apresentação aos alunos do projeto de pesquisa e comentários sobre o
porquê da escolha do tema bicicleta e dos instrumentos de coleta de
dados para a pesquisa: a filmagem das aulas, o diário de campo e o
questionário para verificação de opiniões.
Encaminhamento dos alunos, em grupos de quatro componentes, ao
laboratório de informática da Escola, para realização de uma pesquisa na
internet sobre notícias que abordassem o tema bicicleta e seu uso no dia a
dia. Cada grupo escolheria uma notícia para apresentar ao grande grupo.
Socialização e discussão dos resultados do primeiro encontro.
Elaboração de um questionário de pesquisa a ser utilizado pelos alunos
em uma entrevista junto à comunidade do bairro da escola. O questionário
deveria ter, no máximo, cinco questões de interesse dos alunos e seria
devidamente orientado pelo professor. Cada aluno entrevistaria um grupo
de moradores.
Para seleção de pessoas a serem entrevistadas, inicialmente, seriam
estudados conceitos referentes aos métodos estatísticos como
amostragem e população.
Observação: os alunos deveriam calcular o número de pessoas a ser
entrevistado de acordo com o método estatístico e com o número de
pessoas do bairro.
Realização de uma pesquisa, na internet, sobre a quantidade de poluição
que um carro produz ao ano e comparação do que poderia ser
economizado se andassem de bicicleta para a melhoria do meio ambiente.
Investigação do total de veículos de Santana no site do IBGE.
Apuração dos resultados do questionário elaborado no encontro três.
Para a efetivação da atividade, os alunos seriam divididos em cinco
grupos e cada faria o levantamento das respostas de seus questionários.
Após a análise, em pequenos grupos, os resultados seriam socializados
em grande grupo. Início do estudo de tabela, gráficos e porcentagem.
Continuação do estudo de conceitos relacionados a tabelas e gráficos,
utilizando os dados da pesquisa realizada pela turma, bem como revistos
cálculos de média e porcentagem. Os alunos construiriam gráficos
manualmente.
Construção dos gráficos e de tabelas, utilizando o programa Excel no
laboratório de informática.
Escrita de um texto descritivo sobre os gráficos, analisando os resultados
encontrados na pesquisa. Esta atividade seria realizada em grupo.
Produção de um inventário sobre a bicicleta da seguinte forma: todas as
principais peças que compõem uma bicicleta deveriam ser identificadas
pelos alunos e, em seguida, comparadas a formas geométricas e
relacionadas a algum conteúdo matemático. Para a construção do
inventário, seria levada para a sala de aula uma bicicleta ou os alunos
seriam conduzidos ao pátio da escola. Após o preenchimento do quadro,
os estudantes deveriam realizar uma pesquisa na internet sobre os
conteúdos matemáticos encontrados no inventário. Cada grupo escolheria
um conteúdo para procurar conceitos, fórmulas e aplicações referentes ao
(Continua...)
mesmo e, posteriormente, apresentar aos colegas.
(Continua...)
49
(Conclusão)
Encontro
Número
de horas
aulas
10
01
11
02
12
01
Atividade prevista
Continuação da pesquisa iniciada na aula anterior. Os alunos seriam
orientados para a apresentação da pesquisa a qual poderia ser realizada
com o auxílio do Datashow.
Apresentação dos conteúdos pesquisados. O professor auxiliaria quando
necessário para a compreensão do conteúdo matemático em estudo.
Continuação das apresentações dos grupos.
Exploração de conteúdos que os alunos não desenvolveram durante as
apresentações e que estão relacionados ao tema bicicleta.
Avaliação das aulas, por meio de um questionário, em que os alunos
14
01
deveriam apontar os pontos positivos e a melhorar e o que aprenderam
durante o desenvolvimento das atividades.
Fonte: Elaborado pelo autor.
13
02
No próximo capítulo, descrevo a intervenção pedagógica realizada com os
alunos, bem como a análise dos dados emergentes e os resultados decorrentes
desta investigação.
50
4 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
Este capítulo relata as atividades desenvolvidas, durante a intervenção
pedagógica, com o uso da Modelagem Matemática e o tema bicicleta na turma de 3º
Ano do Ensino Médio. Além disso, apresenta a análise efetivada dos dados
emergentes das filmagens de aulas, do diário de campo do professor e do aluno,
bem como de questionários realizados ao longo da prática. As atividades são
apresentadas por encontro, separadamente.
4.1 Encontro 1: Apresentação do projeto e pesquisa sobre notícias referentes à
bicicleta
O primeiro encontro junto à turma do 3º Ano do Ensino Médio foi realizado no
dia 02 de junho de 2014 e teve a duração de 2 horas-aula. Inicialmente, passei aos
alunos as informações referentes à proposta que seria desenvolvida, ou seja, como
se daria o projeto e os seus benefícios, uma vez que a bicicleta era considerada o
meio de transporte mais usado na cidade de Santana, Estado do Amapá. Além
disso, destaquei que as atividades aconteceriam no horário regular de aula, logo
após a explanação do projeto, e que, no final, deveriam responder a um
questionário, com foco nas percepções e conhecimentos. Jacobini e Wodewotzki
(2006, p. 78) pontuam que:
Sejam construídos [projetos de modelagem matemática] na sala de aula
levando em conta a participação ativa desse educando a partir do estudo de
situações-problema do seu cotidiano, e buscando aprofundar reflexões
51
proporcionadas pelas investigações realizadas, pelas consequências desse
empreendimento para a sociedade e pelo envolvimento do estudante com a
comunidade.
Em seguida, solicitei aos alunos a formação de grupos com quatro
componentes e os encaminhei ao laboratório de Informática da escola. Nesse
momento, realizaram uma pesquisa, na internet, sobre notícias referentes ao tema
bicicleta e seu uso no dia a dia. Após a investigação, cada grupo deveria socializar
os resultados com toda a turma. Quanto ao trabalho em grupo, Araújo (2009, p. 65)
afirma que:
Os estudantes são convidados a trabalhar em grupos. Nesse sentido, eles
são incentivados a negociar, debater, ouvir o outro e respeitar suas ideias.
Essa é uma forma de trabalhar questões políticas e democracia na microsociedade da sala de aula.
Os grupos iniciaram a investigação e, enquanto pesquisavam, solicitavam a
minha opinião, perguntando se estava ficando “boa a pesquisa”.
Nesses momentos, comunicava-lhes que deveriam ter autonomia na escolha
do tema e que a função do professor era apenas a de orientar o processo. De
acordo com Barbosa (1999, p. 7), “o papel do professor no momento em que perde o
caráter de detentor e transmissor de saber, será entendido como aquele que está na
condução das atividades, numa posição de partícipe”.
Á medida que os alunos se organizavam, surgiam várias ideias. Todos
demonstravam muito interesse pelo tema proposto. O papel do professor era o de
mostrar-lhes que tinham autonomia e criatividade e exerciam papel fundamental
para sua aprendizagem de forma coletiva e individual. Gonçalves (2000, p. 43)
pontua que:
O importante é que os professores de matemática possibilitem aos seus
alunos oportunidades de aprender e de pensar criativamente, de posicionarse criticamente aos problemas do dia-dia, buscando e discutindo soluções,
tomando decisões e construindo a sua cidadania.
4.2 Encontro 2: Socialização das notícias selecionadas pelos alunos sobre a
bicicleta
Nesse encontro, ocorreu a socialização dos trabalhos realizados na aula
anterior pelos cinco grupos. Cada um deles apresentou um tema que envolvia a
52
bicicleta. O primeiro falou sobre “Sinalização e a falta de respeito com os ciclistas”,
salientando que a maior dificuldade relatada pelos ciclistas era a falta de sinalização
para o uso da bicicleta nas ruas do município, que, somada ao desrespeito de
muitos motoristas pelos usuários da bicicleta, ocasionava muitos acidentes. O
favorecimento à condição física também mereceu destaque e que, por ser barato e
de fácil acesso, era o principal meio de transporte do município. O aluno A17 do
grupo declarou:
Acredito no uso da bicicleta como meio de transporte. Entretanto há falta de
incentivo por parte do poder público, como por exemplo, deveriam estimular
os fabricantes reduzindo ou zerando o imposto para fábricas nacionais,
investir em ciclovias bem sinalizadas, limitação ao trânsito de carros,
priorização de ciclovias que liguem os bairros aos locais de maior fluxo de
trabalhadores, ou seja, no centro comercial. Assim, nós não precisaríamos
de ônibus. Precisamos, sim, de governantes com peito para assumir uma
postura séria em relação à mobilidade. A bicicleta é fator de melhora na
saúde pública. Os estacionamentos ainda não veem o ciclismo de
mobilidade como um mercado importante (A1).
O segundo grupo apresentou o tema “O papel social das bicicletas”,
enfatizando que a questão social tinha a ver com o condicionamento físico, pois
muitos adolescentes utilizavam a bicicleta para a prática de esporte na busca por
uma melhor qualidade de vida. Além do mais, por ser um transporte cada vez mais
utilizado entre as pessoas, ela acaba sendo um instrumento de esporte, lazer e
trabalho, fazendo-se presente em praças e ruas, desempenhando um papel social,
principalmente, nos pequenos municípios.
Segundo esses alunos, nos grandes centros urbanos, o fluxo de carros é
enorme, o que dificulta o uso da bicicleta, e o ciclista necessita de sorte para não ser
atropelado. Embora os conhecidos problemas, reconhecidamente, o ciclismo é uma
atividade que traz benefícios não apenas a quem pedala, mas à cidade e ao meio
ambiente, ou seja, cria condições saudáveis e melhora a qualidade de vida das
pessoas de um modo geral. Outro fato salientado pelo grupo foi que adolescentes de
ambos os sexos utilizavam bicicletas para fazer compras, pagar dívidas, ir à escola e
para o lazer. Relataram também que as pessoas mais idosas ou obesas a usavam
em menor escala que os jovens.
“A função da bicicleta em uma sociedade mais desenvolvida” foi o tema
desenvolvido pelo terceiro grupo. Este lembrou que, no Estado do Amapá, o poder
7
Os alunos foram identificados por A1, A2, A3,..., A25, para preservar -lhes o anonimato.
53
aquisitivo da maioria das pessoas era baixo, o que as levava à utilização da bicicleta,
além da pouca disponibilidade de ônibus. Porém, de modo geral, quem possuía
melhores condições também preferia a bicicleta ao carro devido à precariedade das
vias públicas. O grupo relatou que, em algumas cidades brasileiras, havia
experiências bem sucedidas de estacionamento para bicicletas, melhorando, dessa
forma, os engarrafamentos dos grandes centros urbanos.
A turma também relatou a preocupação com os roubos no centro de Santana.
Ao deixarem as bicicletas um aluno do grupo comentou. “Professor quando
deixamos nossas bicicletas do lado de fora das lojas elas são furtas” (A5). No
estacionamento das lojas ao se dirigirem às lojas, as pessoas se deparavam com
esse problema, que não era solucionado, já que os lojistas por ele não se
responsabilizavam. Para a segurança dos ciclistas, em relação ao estacionamento
de suas bicicletas, seria necessário contratar funcionários na tentativa de sanar a
questão.
“O ciclismo” foi o tema abordado pelo quarto grupo, momento em que narrou
a forma como surgiu a bicicleta, quem a inventou, a evolução de sua utilização no
decorrer do tempo e como se tornou em um importante meio de transporte. De
acordo com os participantes do referido grupo, ela foi criada no ano de 1840, era um
equipamento de duas rodas, com um formato totalmente diferente do usado,
atualmente, pela população. Além disso, o pedal encontrava-se junto à roda traseira
por meio de um manete, muito semelhante aos carrinhos atuais para crianças. Os
apresentadores também falaram sobre a primeira prova internacional de ciclismo na
França, em 1869, cujo vencedor foi o Inglês James Moore, que correu os 123 km de
distância que separavam Paris de Rouen, com velocidade média de 12 km/h,
popularizando essa prática como atividade física.
O grupo também lembrou que o município de Afuá, na ilha do Marajó, no
Estado do Pará, possuía vias, todas em cima de palafitas, impossibilitando a
circulação de automóveis. Neste contexto, a bicicleta tinha papel fundamental, pois
desempenhava a função de táxi, ambulância, além de se tornar uma espécie de
atração turística na Região. Ressaltou que, por não agredir o meio ambiente e
ajudar a preservar a natureza, era muito utilizada na Amazônia. Um aluno do grupo
comentou. “Se utilizássemos a bicicleta em pequenas tarefas do dia a dia
54
preservaríamos, mas o meio ambiente (A7). Como mensagem final, os componentes
colocaram que, aliar uma boa alimentação ao uso da bicicleta, favorece a qualidade
de vida.
O quinto e último grupo discutiu o problema “A bicicleta no trânsito!”. Os
alunos iniciaram a apresentação comentando que o Código de Trânsito Brasileiro
(CTB), em relação às bicicletas, valoriza a vida e não o fluxo de veículos, além de
salientar muito a integridade física das pessoas. Também lembraram que, pela
estatística dos acidentes de trânsitos, mais da metade envolvia ciclistas e, por não
utilizarem proteção adequada, cabia-lhes a responsabilidade.
Na sequência, o grupo ressaltou os acidentes que comumente aconteciam no
município de Santana envolvendo ciclistas e pedestres, principalmente quando estes
atravessavam a rua, ciclovia ou ciclofaixa, resultando, não raro, em lesões. Outra
ponderação é de que havia muita discussão no país sobre a mobilidade urbana e a
bicicleta como um dos principais meios de transporte para a melhoria do trânsito.
Um dos pontos importantes do CTB previa que o motorista, que não
mantivesse a distância lateral de 1,5 metros do ciclista ao ultrapassá-lo, deveria ser
multado. Segundo o grupo, a efetivação dessa lei precisaria ser cobrada das
autoridades locais do município, além da instalação de mais “bicicletários” e a
inclusão do equipamento como mobiliário urbano em toda a cidade. Um dos alunos
expôs sua realidade:
Percebo que ao criar as ciclovias, a tentativa é de diminuir o trafego de
automóveis. Mais muitas vezes não são obedecidos os padrões de
segurança, e os motoristas têm que ser mais educados e respeitosos. Na
nossa cidade, tem gente que só anda atrasado, em geral muito mal
educado, e nossa cidade não comporta o transito atual falta um projeto mais
eficiente de trânsito. Sou ciclista e, infelizmente não tem ciclovias nos meus
trajetos, mas não vejo muitos problemas no dia a dia. Temos que incentivar
o uso desse meio saudável de transporte (A3).
Durante essas atividades, foi possível observar que os alunos se
preocupavam muito com os problemas que interferiam em sua vida, levando-os à
discussão de assuntos relevantes. O tema bicicleta fez com que surgissem ideias,
críticas e situações referentes à utilização consciente desse meio de locomoção.
Eram evidentes o envolvimento e o interesse da turma pelas questões sociais,
envolvendo principalmente o uso da bicicleta, considerada um transporte barato e
55
inserido na realidade de muitos. A sinalização das ruas também mereceu
comentários e opiniões e a aula foi se transformando em um verdadeiro debate entre
eles sobre as dificuldades presentes em Santana. Um aluno comentou “Eu uso a
bicicleta para vir à escola, não como esporte. Tem motorista que vê o ciclista como
desocupado, que está apenas passeando e é só lazer, mas não, a minha bicicleta é
o meu veículo de transporte” (A10). Nesse sentido, Barbosa (2001, p.30) aponta
que, “do ponto de vista sócio-crítico, destacam-se os interesses dos alunos como
determinantes nas atividades da Modelagem”.
Os benefícios que a utilização da bicicleta proporciona à saúde foi outro
assunto comentado pela turma. Alguns grupos salientaram que esse meio de
locomoção pode contribuir para melhorar o nosso corpo e que, por transmitir uma
sensação de liberdade e leveza, era muito usado pelos jovens. Talvez essa mesma
sensação não ocorresse com as pessoas de idade maior por, geralmente, não
possuírem o mesmo vigor físico da juventude. “Quem usa a bicicleta são pessoas de
baixa renda”, ouvi a turma afirmar. Essa situação talvez seja verdadeira na
conjuntura de nosso município; porém, não em nível nacional, pois pessoas com
boas financeiras têm usado esse meio de locomoção, preferindo-o às grandes filas
dos congestionamentos de carros.
A apresentação da história da bicicleta despertou a curiosidade e o interesse
dos alunos, tornando-se, por isso, marcante. Ao descobrirem como ocorreu o
primeiro campeonato de ciclismo e que o primeiro velódromo brasileiro surgiu na
capital paulista, demonstraram surpresa e admiração. O Velódromo Paulista, como
era chamado, sediou a primeira prova oficial de ciclismo no Brasil, da qual
participaram um pouco menos de 40 atletas.
A falta de ciclovias nas cidades brasileiras não foi apenas motivo de
insatisfação, mas de preocupação da turma, haja vista os acidentes, muitos deles
fatais e/ou graves, que os ciclistas vêm sofrendo. Na cidade de Santana-AP, as
únicas duas ciclovias que existiam até então eram estreitas e suas extensões,
insatisfatórias, pois não chagavam a um quilômetro de comprimento. Ademais, os
desníveis presentes no calçamento poderiam causar acidentes aos mais desatentos.
Durante a apresentação, os alunos ressaltaram as dificuldades cotidianas do
56
uso da bicicleta como transporte devido à falta de sinalização. Um aluno comentou
"Essa precariedade na sinalização aumenta as chances de acidentes envolvendo
condutores de carro e de bicicletas" (A12). Segundo eles, é fundamental orientar e
informar os usuários sobre a sinalização, destacando a necessidade do respeito às
regras de trânsito, acarretando, assim, maior segurança e organização aos
condutores e pedestres.
A falta de atenção e interesse dos governantes para com a mobilidade
urbana, em nível nacional, foi outro assunto que mereceu a discussão da turma.
Sabe-se que ela é um compromisso do Estado em relação aos cidadãos e diz
respeito a todos os meios de transportes, dos coletivos à bicicleta. Entretanto, esse
serviço público é o que mais tem recebido reclamações dos moradores do município
de Santana, haja vista a necessidade de investimentos na construção de ciclovias e
ciclofaixas. Por outro lado, a população deveria se organizar a fim de reivindicar
mudanças no trânsito, tais como a construção de “bicicletários”, o que diminuiria o
furto de bicicletas, principalmente nos momentos em que os usuários frequentassem
as lojas da cidade.
Ainda, para os discentes, a questão da segurança nos sistemas de transporte
era um desafio que a sociedade precisava enfrentar, pois a interação da realidade
possibilita um aprendizado das situações vivenciadas pelo estudante, levando-o à
melhor compreensão do uso da bicicleta no cotidiano. Sobre relevância social que
envolve os alunos, Barbosa (2003, p. 11) pontua que
O ponto que quero enfatizar é que isso precisa ser trazido à luz para ser
pensado sistematicamente pelos estudantes e professor, pois o exercício da
cidadania, fora da escola, depende também dessa familiaridade em intervir
em discussões sustentadas em matemática.
No final da apresentação, os alunos receberam um questionário para que
opinassem sobre a atividade realizada. Conforme o Quadro 4, é possível verificar os
depoimentos de alguns alunos sobre o trabalho realizado.
57
Quadro 4 - Depoimentos de alguns alunos sobre o segundo encontro
Aluno
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
O que você aprendeu na
aula?
Aprendi com esta aula que
a bicicleta tem papel social
na sociedade.
Aprendi que a bicicleta tem
a sua história, e muitas
conquistas na sociedade.
O uso da bicicleta faz bem
para a saúde e previne
muitas doenças.
O uso consciente da
bicicleta traz benefícios
para minha família, aprendi
muitas coisas novas, como
se locomover nas grandes
cidades, usando a bicicleta
e seus recursos e a
utilização das ciclovias nas
grandes cidades.
A questão ambiental que
envolve a bicicleta, desta
maneira, eu aprendi que a
bicicleta é um meio de
transporte ecológico, pois
não
agride
o
meio
ambiente,
e que as
cidades
não
têm
sinalização adequada para
os ciclistas.
A bicicleta é um meio de
transporte
do
nosso
cotidiano,
da
nossa
realidade, trabalhar esse
tema busca melhoria para
nossa comunidade e forma
consciente do seu uso.
A bicicleta tem um papel
importante na nossa vida e
na cidade por ser muito
utilizado,
os
nossos
governantes
deveriam
olhar mais com carinho
para esse transporte em
que as ciclovias não são
sinalizadas e os carros não
respeitam.
A importância da bicicleta
na vida dos moradores de
Santana, e falta maior
empenho
dos
nossos
representantes
para
Ótimo.
Que
dificuldades
você teve
durante esta
aula?
Nenhuma.
Muito legal.
Nenhuma.
Nada.
Interessante.
Não tive
dificuldades.
Para mim
nada.
Uma aula de
grande
aprendizado
para nossa vida.
Não da aula,
mais para
realizar a
pesquisa na
internet.
Um maior
silêncio por
parte dos
outros alunos.
Muito diferente
das aulas
normais de
matemática.
Nenhuma.
Nada.
Nível de
conhecimento
no trânsito.
Nenhuma.
Nada.
Muito
Interessante.
Nenhuma.
Nada.
Legal.
Nenhuma.
Nada.
O que você
achou desta
aula?
O que
poderia ser
mudado?
Nada, é muito
boa.
(Continua...)
(Conclusão)
58
construção de ciclovias e
melhorar as vias.
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Após a leitura das respostas, constatei que os alunos destacaram como itens
mais importantes da aula: preocupação em relação à forma como eram conduzidos
os projetos governamentais de mobilidade urbana envolvendo a bicicleta; a sua
história e importância; conhecimento do código de trânsito quanto a esse meio de
locomoção devido às suas variadas utilidades, tais como fazer compras, cuidar da
saúde, ir à escola. Além disso, em quase todos os questionários, foi comentado que
o uso bicicleta como meio de transporte não prejudica o meio ambiente.
É importante salientar que os alunos julgaram a aula “boa” ou “ótima”,
comentando que obtiveram aprendizado para a vida. Pode-se inferir que o interesse
por eles demonstrado durante essas aulas deveu-se ao fato de terem sido
abordados temas locais, ou seja, faziam parte da sua realidade. De acordo com
Bean (2003, p. 1), “as descrições de modelagem enfatizam aspectos como a
motivação e a utilidade da matemática para analisar e descrever situações e
problemas da vida social-cultural do aluno”.
Questionados sobre as dificuldades referentes às aulas, quase todos
afirmaram que “não tiveram nem uma dificuldade”. Talvez pela pesquisa ter ocorrido
no laboratório de informática e por meio da
internet, contribuiu para que se
sentissem motivados à realização das atividades, facilitando a aprendizagem. Nesse
sentido, Barbosa (2001, p. 7) comenta que “A investigação é a busca, seleção,
organização, e manipulação de informações. É uma atividade que não conhece
procedimentos a Priori, podendo comportar a intuição e as estratégias informais”.
No final do questionário, ao serem indagados sobre a necessidade de
mudanças no andamento das aulas e quais seriam, foram unânimes em afirmar que
nada precisaria ser modificado. “Foi uma aula diferenciada que nos tornou diferentes
na forma de pensar em situações cotidianas que estão presentes em nossa vida e
não percebemos” (A5), foi um comentário interessante que ocorreu entre os alunos
enquanto conversavam entre si. O fato demonstra que eles costumam se envolver
com as aulas quando o assunto lhes interessa. Além disso, pode-se inferir que, em
uma aula de Matemática, é possível trabalhar temas do cotidiano dos estudantes.
59
Cabe também destacar que o trabalho despertou a curiosidade e o interesse de
alguns discentes que não pertenciam à turma em questão. Prova disso, é que
permanecerem no laboratório pesquisando o tema bicicleta e comentando o que
descobriam.
Logo, o papel da escola não é apenas transmitir conhecimento, mas
conscientizar os alunos quanto ao seu papel na sociedade. Nesse sentido, Caldeira
(2004, p. 1) destaca a importância da escola ao se interagir com as questões sociais.
Em efeito:
A interação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos em sua vivência,
em consonância com a ação educativa da escola, num processo contínuo e
dinâmico de elaborar e sistematizar e, acompanhada da discussão das
implicações sociais, proporcionarão aos alunos as condições para a sua
atuação crítica no dia-a-dia.
Com essa prática, foi possível observar que os alunos, no processo de
aprendizagem, possuíam muitas ideias, frequentemente, não utilizadas na prática
pedagógica. Os grupos ressaltaram temas sociais de grande relevância para a
comunidade, que, geralmente, não são lembrados pelos governantes. Foi notória a
insatisfação dos estudantes com os representantes governamentais. De acordo com
Barbosa (2003, p. 6), “mais do que informar matematicamente, é preciso educar
criticamente através da matemática”. O autor ainda pontua que:
Se estivermos interessados em construir uma sociedade democrática, onde
as pessoas possam participar de sua condução e, assim, exercer cidadania,
entendida aqui genericamente como inclusão nas discussões públicas,
devemos reconhecer a necessidade das pessoas se sentirem capazes de
intervir em debates baseados em matemática (BARBOSA, 2003, p. 6).
Saliento, portanto, a importância de integrar os alunos em questões sociais,
possibilitando-lhes discutir e refletir sobre seu papel na sociedade.
4.3 Encontro 3: Elaboração do questionário de pesquisa sobre a bicicleta
No terceiro encontro, solicitei aos alunos que formassem grupos de, no
máximo, quatro elementos, o que não ocorreu na íntegra, já que alguns acabaram
ficando com um número maior. Vale frisar que a escolha e a organização ocorreram
conforme as afinidades. A tarefa proposta foi o uso da bicicleta em Santana e, para
isso, deveriam elaborar um questionário com cinco perguntas, sendo quatro de
60
múltipla escolha e uma aberta. A atividade tinha como objetivo entrevistar pessoas
pertencentes á comunidade do bairro da escola, escolhidas pelos próprios grupos.
Alguns alunos discordaram quanto ao público alvo e sugeriram que as
entrevistas não deveriam envolver pessoas da comunidade, mas sim alunos da
escola, haja vista serem eles os que mais utilizavam bicicletas. A decisão ficou para
o final da aula. Enquanto elaboravam as perguntas, questionavam se “estavam
boas”, momento em que os alertei sobre a importância da criatividade e escolha de
temas que despertassem a curiosidade das pessoas. Chaves (2005, p. 28) pontua
que,
Em outras palavras, podemos a partir da prática, da interação do sujeito
com o objeto que ele deseja conhecer, construir o formal para depois utilizar
em situações variadas e mais ampliadas. Além disso, vemos também que
através dessa estratégia de ensino é possível desenvolver no aluno
criatividade, autoconfiança e criticidade, competências importantes para
qualquer fase da vida.
À medida que as ideias fluíam, os grupos concluíam a elaboração das
questões. Em seguida, recolhi o questionário de cada grupo e comuniquei-lhes que
construiríamos, em conjunto, apenas um e que todas as perguntas seriam escritas
no quadro da sala. E, por votação, eles escolheriam as mais interessantes, sugestão
aceita por todos.
O interesse pela construção do questionário único foi incontestável, pois
enquanto eu colocava as questões formuladas por cada grupo no quadro, iniciava-se
a competição para a escolha das melhores. O resultado da votação foi bastante
“apertado”, numa demonstração do quanto estavam envolvidos. Um deles sugeria,
aos gritos, que as contempladas fossem as do seu grupo. Porém, a seleção ocorreu
conforme o combinado e, no final, cada equipe contribuiu com uma ou duas
perguntas, evidenciando a forma democrática e participativa na construção do
referido questionário que se encontra no apêndice D. Neste contexto, para atribuir
significado a futuros estudos de Matemática, Bassanezi (2002, p. 15) lembra que “o
gosto pela matemática se desenvolve com mais facilidade quando os interesses e
estímulos são externos, vindos do mundo real”.
No final, os alunos escolheram o grupo de pessoas que seria entrevistado.
Por unanimidade, decidiram-se pelos colegas do turno da manhã. Como justificativa,
61
alegaram a facilidade em realizar as entrevistas, já que irmãos e primos
frequentavam a mesma escola e referido turno. Comunique-lhes que nele
estudavam em média 700 alunos, questionando-os qual o espaço amostral que
utilizariam. Eles propuseram que cada um entrevistasse 10 colegas, momento em
que lhes perguntei o número de discentes da turma. Responderam-me que em torno
de 20, pois muitos haviam solicitado transferência para outras escolas por motivos
pessoais. Em conjunto, foi decidido que o espaço amostral envolveria 200 pessoas,
número considerado viável à pesquisa cujo objetivo foi apurar resultados e construir
gráficos e tabelas. Nesse contexto, Malheiros (2004, p. 38), escreve:
Acredito também que ao se trabalhar com a Modelagem em sala de aula, o
professor possibilita uma determinada autonomia para os estudantes
buscarem compreender temas de seus interesses, e, com isso, faz com que
eles consigam, muitas vezes, atribuir significados para determinados
conteúdos que, talvez não atribuíssem se os mesmos fossem estudados em
outro ambiente.
Ao analisar essa atividade, constatei o empenho dos alunos, visto que,
anteriormente, nenhum professor havia elaborado, em conjunto, questionário de
pesquisa com eles. Durante o andamento da aula, os grupos realizaram um debate
acirrado sobre as questões que estavam elaborando. Todos desejavam contribuir
com a realização do questionário da melhor forma possível e que suas opiniões
tivessem relevância no processo. Ao recolhê-lo, ouvia os comentários, tais como: “o
nosso vai ser o melhor, é o que vai ser escolhido”.
Ao final da aula, coube à turma receber um questionário onde deveriam
avaliar as atividades que lhe foram propostas. Segue, no Quadro 5, a opinião de
alguns alunos sobre o trabalho realizado.
Quadro 5 – Avaliação dos alunos sobre a produção do questionário investigativo
realizado durante a aula
Aluno
O que você aprendeu na
aula?
A1
Como e fácil elaborar um
questionário.
A2
Aprendi a fazer questionários.
A3
Aprendi como construir um
questionário.
Como construir uma situação
A4
O que você achou desta
aula?
Boa, porque envolveu toda
a turma.
O que poderia ser
mudado?
Nada, foi muito bom.
Produtiva.
Nada.
Excepcional.
Para mim, nada.
Achei muito produtiva, pois
Não deve ser mudado
(Continua...)
62
(Conclusão)
da nossa realidade em um
questionário.
os alunos se uniram e
produziram o questionário.
Aprendi a montar um
Achei muito importante,
questionário sobre a utilização
pois, demos a nossa
da bicicleta.
opinião.
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
A5
nada, tudo está
imprescindível.
Poderia ter mais
criatividade por parte
de nós alunos.
A avaliação acima me possibilitou atestar que a realização de uma atividade
prática, onde os alunos são convidados a participar, torna a aula mais agradável e
significativa. Eles se sentiram motivados quanto à construção dos processos de
ensino, sendo notória a satisfação dos grupos em elaborar o questionário de forma
participativa e democrática. Assim, cada um encontrou sentido na aprendizagem e
no que estava sendo explorado, pois o tema condizia com a realidade na qual a
turma estava inserida. Almeida e Dias (2004, p. 21) comentam que
O ciclo de aquisição do conhecimento é deflagrado a partir de fatos da
realidade. Deste modo, a construção do conhecimento matemático pode ser
mais eficiente se emergir de fenômenos que tem origem na realidade.
Assim, a exploração, no ensino, de situações de vida real, em que a
matemática se aplica, torna-a mais dinâmica e interessante e proporciona
maior eficiência no processo de ensino e aprendizagem.
O questionário impresso (por mim digitado) foi entregue aos alunos na aula de
outro professor, pois havia a necessidade de as entrevistas iniciarem imediatamente.
Nesse momento, um dos alunos comentou.
Ficou muito bom esse trabalho e o resultado da nossa união e do debate
que aconteceu na aula. Não teve nem um aluno que ficou ouvindo música
no fone ou usando o celular. Todos se empenharam em construir o
questionário. Uma aula diferente, porém muito participativa de toda classe
(A7).
O depoimento demonstra que a atividade diferenciada cativou os alunos e, ao
trabalhar, em sala de aula, situações do cotidiano, foi perceptível a maior
participação da turma nos debates. Segundo Barbosa (2001, p. 04),
Discussões na sala de aula podem agendar questões como as seguintes: O
que representam? Quais os pressupostos assumidos? Quem as realizou? A
quem servem? Com essa perspectiva, percebo que a Modelagem pode
potencializar a intervenção das pessoas nos debates e nas tomadas de
decisões sociais que envolvem aplicações da Matemática, o que parece ser
uma contribuição para alargar as possibilidades de construção e
consolidação de sociedades democráticas.
63
4.4 Encontro 4: Cálculo do custo benefício do uso da bicicleta
No encontro 4, propus aos alunos que pesquisassem sobre a “custo benefício
do uso da bicicleta”. Portanto, nessa aula, o propósito era levar a turma a investigar
o benefício do uso da bicicleta como meio de transporte e compará-lo a outros
(carros de passeio, motos, caminhões), em particular, ao meio ambiente. Dessa
forma, deveriam, em grupos, averiguar a quantidade de poluentes que um carro
produz na natureza durante sua vida útil e, em seguida, confrontá-la com o uso da
bicicleta.
A aula iniciou no laboratório de informática, onde inicialmente, os alunos
foram orientados a procurar o número de carros existentes do município de Santana.
Ao pesquisaram no site do IBGE, encontraram um gráfico com a quantidade da frota
geral desses veículos conforme consta na (FIGURA 3).
Figura 3 – Gráfico sobre a frota de veículos de Santana
Fonte: Site do IBGE (2014, texto digital).
“Olha professor, isto representa um gráfico com o tipo de carro que é muito
utilizado”, disseram-me os alunos ao observarem o gráfico. Ao serem por mim
questionados sobre o tipo de gráfico, responderam que se tratava de um “gráfico de
barras”. Logo em seguida, no site, apareceu uma tabela (FIGURA 4) que
representava o número de veículos.
64
Figura 4 – Quantidade de veículos de Santana
Fonte: Site do IBGE (2014, texto digital).
A quantidade de habitantes do município surpreendeu os alunos, pois
desconheciam o número de pessoas que residiam na cidade. Nesse momento, um
deles comentou: “neste site, é possível a gente saber a quantidade de moradores do
município também”. O fato comprova que, durante as atividades, o processo de
aprendizagem estava acontecendo a todo o momento e não envolvia apenas a
Matemática. Cury (2004, p. 66) comenta a importância da "investigação de situações
concretas trazidas por outras áreas do conhecimento que não a matemática”.
O segundo passo foi encontrar a quantidade de poluentes que um carro
produz na natureza. Durante a pesquisa, um dos alunos encontrou uma informação
interessante e sobre ela fez o seguinte comentário: “professor, neste site, encontrei
que os jovens estão morrendo mais de acidente de trânsito do que outra faixa etária
da população. Se fosse incentivado mais o uso da bicicleta, essa mortalidade com
certeza diminuiria” (A10). A colocação oportunizou-me mencionar a falta de
consciência das pessoas em relação ao uso da bicicleta, uma das principais causas
de acidentes.
Nesse estudo, um aluno observou que, caso fossem respeitados todos os
critérios de manutenção, com peças corretas e bons produtos, os carros durariam,
em média, 10 anos. A informação se referia aos carros populares básicos, que era o
nosso objeto de pesquisa, durante a qual os alunos também descobriram que os
65
automóveis jogam uma quantidade imensa de poluentes na camada de ozônio,
motivo pelo qual prejudicam muito o meio ambiente. Eles produziram um quadro
(QUADRO 6) para demonstrar a quantidade de poluentes produzida pelos carros
durante a vida útil.
Quadro 6 - Quantidade de poluentes de um carro de passeio durante sua vida útil
Produto químico
Hidrocarbonetos.
Monóxido de carbono.
Partículas sólidas.
Oxido nítrico.
Dióxido de enxofre.
Gás carbônico.
Platina.
Zinco.
Níquel.
Cobre.
Cromo.
Chumbo.
Desgaste do freio.
Desgaste dos pneus.
Desgasto do solo.
Formaldeídos e aldeídos.
Benzeno.
Fonte: Produzida pelos alunos.
Quantidade de poluentes
62,9 kg
368,1 kg
4,2 kg
89,5 kg
32,8 kg
59,7 t
1,3 g
0,8 g
1,2 g
4,3 g
0,2 g
85,8 g
150 g
750 g
17,5 g
203,1 g
812,5 g
Com a obtenção desses dados, os alunos calcularam a quantidade de
poluentes que a frota de veículos do município de Santana, que, segundo dados do
IBGE, era de 7.768 veículos, produzia durante os dez anos de sua vida útil. Com o
auxílio do professor, construíram um novo quadro (QUADRO 7), onde estão
expressos os resultados dessa investigação. Estes foram alcançados multiplicandose a quantidade de poluentes com a frota de carros existente no município.
Quadro 7 - Emissão de poluentes da frota de carros de passeio do município de
Santana durante10 anos
Produto químico.
Hidrocarbonetos.
Monóxido de carbono.
Partículas sólidas.
Oxido nítrico.
Dióxido de enxofre.
Gás carbônico.
Platina.
Zinco.
Níquel.
Cobre.
Cromo.
Quantidade de poluentes.
488607,2 kg
2859400,8 kg
32625,6 kg
695236,0 kg
254790,4 kg
463749,6 t
10,1 kg
6,21 kg
9,32 kg
33,4 kg
1,55 kg
66
Chumbo.
Desgaste do freio.
Desgaste dos pneus.
Desgasto do solo.
Formaldeídos e aldeídos.
Benzeno.
Fonte: Produção dos alunos.
666,49 kg
1165,2 kg
5826 kg
135,94 kg
1577,68 kg
6311,5 kg
Os resultados causaram surpresa aos alunos, que não imaginavam que os
carros poluíssem tanto o meio ambiente. Um deles comentou que “as pessoas
precisam urgentemente deixar os carros em casa e começar andar de bicicleta para
diminuir a poluição” (A4). A discussão levou os estudantes à reflexão, tornando-os
questionadores, já que o tema fazia parte da realidade com a qual conviviam e isso
fez com que se envolvessem com o assunto. Barbosa (2001, p. 30) cita que “do
ponto de vista sócio crítico, destacam-se os interesses dos alunos como
determinantes das atividades da Modelagem”.
Após essa atividade, os alunos continuaram a pesquisa e descobriram o custo
de se andar de carro de passeio e o de se utilizar a bicicleta. O interesse por eles
demonstrado nos remete ao que (BASSANEZI, 2002, p. 15) comenta: “o gosto pela
matemática se desenvolve com mais facilidade quando os interesses e estímulos
são externos, vindos do mundo real”.
Posteriormente, solicitei que averiguassem o custo dos transportes de
veículos, como, por exemplo: ônibus, carro particular, táxi, moto, a fim de compará-lo
com o da bicicleta. No decorrer da investigação, descobriram um site do Estadão de
São Paulo, em que tais custos eram divulgados conforme visualizado na Figura 5.
67
Figura 5 – Custo da mobilidade urbana
Fonte: Site do Estadão, sobre a mobilidade urbana (2014, texto digital).
Assim, os discentes descobriram que precisavam considerar a distância
percorrida (ida ou volta) e o custo final para uma pessoa. Os custos envolviam o
entorno da cidade de Santana e foram levantados de acordo com o valor do
quilômetro rodado. Conforme a turma, o objetivo do levantamento era conseguir uma
média dos gastos com transporte e o que poderia ser economizado com o uso da
bicicleta. No Quadro 8 - por eles construído -, há uma demonstração desses custos.
Quadro 8 - Custo do transporte público no município de Santana
Transporte
Distância 10 km
Distância 15 km
Distância 20 km
Carro de passeio
Transporte público
(ônibus)
R$ 5,98
R$ 8,97
R$ 11,97
R$ 3,00
R$ 3,00
R$ 3,00
Bicicleta
R$ 0,52
R$ 0,79
R$ 1,05
Moto
Táxi
R$ 4,36
R$ 29,10
R$ 6,55
R$ 41,60
R$ 8,73
R$ 54,10
Fonte: Produção dos alunos.
Para os carros particulares, foram considerados os gastos com pneu, óleo,
filtros, seguro, DPVAT, IPVA e combustível; para as motos, vela, bateria, peças e
gasolina e às bicicletas, apenas os pneus e as peças. Em relação aos táxis,
verificaram-se, além da bandeirada, pneus, óleo, filtros, seguro, DPVAT, IPVA,
combustível e, quanto aos ônibus, as tarifas intermunicipais do município de Santana
68
para Macapá. É importante relembrar que os custos se referiam a apenas uma
pessoa. “Vou falar na minha casa para a gente utilizar mais a bicicleta, pois teremos
uma grande economia no final do mês” (A10). Segundo Malheiros (2004, p. 69):
Ao se trabalhar com a Modelagem em sala de aula, o professor possibilita
uma determinada autonomia para os estudantes buscarem compreender
temas de seus interesses, e, com isso, faz com que eles consigam, muitas
vezes, atribuir significados para determinados conteúdos que, talvez não
atribuíssem se os mesmos fossem estudados em outro ambiente.
No final da aula, um aluno considerou que “não foi uma aula chata de
Matemática, mas, produtiva e que aprendemos muitas coisas” (A4). Já para outro, foi
“Uma forma mais criativa de aprender matemática” (A11). Assim, pode-se afirmar
que a aula foi produtiva para os discentes, pois, ao se envolverem com as atividades
propostas, aprenderam conteúdos matemáticos juntamente com temas de outras
áreas. Na Figura 6, a opinião de um estudante sobre a aula de modo geral.
Figura 6 – Depoimento do estudante durante avaliação do quarto encontro
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Abaixo, encontram-se alguns comentários e opiniões dos alunos quando
questionados sobre o que aprenderam durante essa aula.
Aprendi a quantidade de poluentes que um carro produz na atmosfera (A1).
Aprendi qual é a quantidade da frota dos carros de Santana e como os
carros prejudicam o meio ambiente (A2).
Foi muito interessante, descobrimos como os carros são prejudiciais para o
meio ambiente (A3).
Essa aula de pesquisa na internet mostrou como a gente economiza ao
andarmos de bicicleta, e não prejudica o meio ambiente e economiza no
bolso (A4).
Com esta aula aprendi como é importante a gente andar de bicicleta e que a
vida útil de carro é entorno de 10 anos. Além disso, como construir uma
tabela com dados que encontramos na internet. O aprendizado foi coletivo
entre todos os alunos (A5).
Construímos uma tabela que mostrou a economia no uso da bicicleta em
69
que nós alunos ficamos muitos envolvidos no trabalho. Nem vimos o tempo
passar. Foi muito legal saber essas informações de Santana, quanto à frota
de veículos e a poluição dos mesmos durante o seu tempo de uso. (A6)
Nesse caso, pude constatar o companheirismo e o envolvimento dos alunos
em torno das atividades durante esse encontro. Desenvolvê-las em outros locais, e
não em sala de aula, tornou-os mais motivados. O laboratório de informática se
transformou em um ambiente atrativo e, consequentemente, possibilitou a procura
por temas que envolviam o meio social. Relacionar os meios de transportes do
município com as questões ambientais foi relevante e atual.
É importante destacar que, no início das atividades, os alunos pareciam “meio
perdidos”, ou seja, não sabiam como iniciá-las. Mas, já no começo da investigação,
as ideias foram surgindo naturalmente. Em princípio, o objetivo era investigar a
quantidade de poluentes dos carros jogados na natureza durante um ano. Mas, com
o andamento da investigação, outros temas foram surgindo e com eles, as
discussões. Para ensinar Matemática por meio da Modelagem Matemática é
necessário que professores estejam abertos e preparados para realizá-las. Segundo
Almeida e Dias (2007, p. 9),
A formação para o ensino dos professores com a Modelagem Matemática
precisa lhes dar oportunidade de “aprender” sobre a Modelagem
Matemática; “aprender” por meio da Modelagem Matemática; “ensinar” por
meio da Modelagem Matemática; “ensinar” usando Modelagem Matemática.
A proposta de pesquisar, em sala de aula, a quantidade de poluentes que um
carro produz, além de comparar o seu custo com o da bicicleta utilizando a
Modelagem Matemática, favoreceu vários aspectos: proporcionou aos alunos uma
investigação através da Matemática usada no cotidiano; possibilitou a busca do
conhecimento em parceria com o professor e desenvolveu a capacidade de a turma
trabalhar em grupo. Os alunos passaram a ver a Matemática utilizada no dia a dia de
uma forma prática e objetiva e não somente a dos livros didáticos, sem sentido para
sua realidade. Assim, posso inferir que as atividades realizadas a partir do uso da
Modelagem Matemática contribuíram com a melhoria nos processos de ensino e de
aprendizagem. Para Barbosa (1999, p. 69):
Há evidências de que a integração de atividades matemáticas escolares
com situações da realidade pode contribuir para a aprendizagem de
matemática, tendendo a satisfazer, de forma mais eficiente, às
necessidades do individuo para a vida social.
70
4.5 Encontro 5: Apuração do questionário de pesquisa sobre a bicicleta
Nessa etapa, realizou-se a apuração do questionário, para a qual os alunos
formaram quatro grupos. O objetivo era analisar as entrevistas que aconteceram na
segunda aula. Nesse momento, informei-os de que os resultados seriam utilizados
para a construção de gráficos e tabelas no laboratório de informática da escola e que
usariam o programa do Excel, na aula seguinte. Questionados se o conheciam,
responderam afirmativamente, pois haviam feito o curso de informática.
Dando seguimento à aula, recolhi os questionários, cujo total foi 200, e os
alunos que não compareceram nesse dia enviaram as entrevistas pelos colegas. Em
seguida, distribuí-os entre os quatro grupos, cabendo 50 a cada um. À medida que
os recebiam, liam e comentavam, entre eles, as respostas. Por considerar uma delas
interessante, um aluno destacou a seguinte:
Que a bicicleta pode melhorar a musculatura de sua perna e ainda falou que
a bicicleta é como se fosse um amigo dele. Que não trocaria a bicicleta por
nada na vida. Sempre que arruma um dinheiro compra um acessório para a
sua magrela (A9).
Os discentes perceberam que os colegas entrevistados responderam de
forma pessoal e verdadeira. Houve a despreocupação quanto à maneira de exporem
suas opiniões, pois o intuito era contribuir da melhor forma possível com a pesquisa,
demonstrando os seus sentimentos a respeito da utilização da bicicleta.
Os alunos continuaram a apuração do questionário (FIGURA 7). Cada grupo
ficou responsável por determinada quantidade, tabulando todos os itens.
Figura 7 – Grupo de alunos apurando o questionário
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
71
Assim, os dados foram transcritos no papel e socializados em grande grupo.
Segundo a turma, todos os entrevistados mostraram-se interessados em opinar
sobre a utilização da bicicleta. Inclusive, alguns declararam preferi-la ao videogame
ou cinema, concedendo-lhe, portanto, uma importância maior. Assim, pode-se inferir
que o tema bicicleta foi um assunto relevante não apenas para a série investigada,
mas para as demais da escola.
Durante a apuração, constatei que os grupos já iniciavam discussões em
torno dos resultados dos questionários. Uns comentavam que havia respostas
óbvias e outras, muito interessantes. Os alunos transformaram a sala de aula em um
verdadeiro debate, pois enquanto averiguavam os resultados, discutiam entre si os
dados. Um deles questionou-me sobre a necessidade da correção dos erros
cometidos pelos colegas participantes da enquete. Informei-o de que as respostas
deveriam permanecer na forma como foram escritas. Nesse momento, alguns alunos
perguntaram como seriam colocados os dados da apuração de cada grupo. Sugeri a
exposição em forma de tabela para facilitar a análise. Finda a apuração, anotei a
primeira questão no quadro e solicitei que os grupos transcrevessem os resultados
encontrados (FIGURA 8).
Figura 8 – Grupo de alunos apurando a contagem do questionário
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
A primeira pergunta foi “Você utiliza a bicicleta com qual finalidade?”. Os
resultados constam no Quadro 9.
72
Quadro 9 - Apuração da primeira questão do questionário
Você utiliza a bicicleta com qual finalidade?
Como meio de
Para prática de
transporte.
esportes.
120
30
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Como lazer.
Não utiliza.
50
0
O resultado evidencia que a bicicleta era o principal meio de transporte,
havendo também os que a utilizavam para a prática de esporte e lazer. Mas o que
mais chamou a atenção foi o fato de que todos os entrevistados a usavam, o que
denota a importância do debate que envolveu o tema, principalmente em nível de
administração municipal, devido à necessidade de propiciar a viabilidade do uso
desse transporte na cidade. Um dos alunos, durante apuração do resultado no
quadro, questionou:
A escola poderia ter um lugar melhor para a gente guardar nossa bicicleta.
O espaço onde ficam as bicicletas é muito pequeno e fica tumultuado, uma
em cima da outra. Há casos de alunos que levam a bicicleta do outro. Não
há espaço suficiente no pátio onde elas ficam e quando chove molham
todas as bicicletas. Não tem cobertura no local e assim o banco da bicicleta
fica encharcado e molha a nossa calça. É um transporte de grande
importância, mas ainda é desprezado pelas pessoas. Isso é incrível! (A12).
Em vista disso, sugeri à turma que alunos e professores se mobilizassem e se
reunissem com o diretor, visando uma solução para essa situação. Com o propósito
de direcionar recursos para a melhoria do espaço físico da escola, não havia
percebido como são relevantes essas discussões que permeiam a comunidade
escolar. Araújo (2009, p. 59) atesta a importância do uso da Modelagem Matemática
para a discussão de questões sociais. Em efeito:
A participação dos estudantes em projetos de modelagem que explicitem
discussões políticas, refletindo sobre as consequências sociais dos
mesmos, e a ação política propriamente dita, envolvendo os estudantes em
efetivas ações comunitárias.
Continuando a apuração dos questionários, passamos à segunda pergunta: “A
bicicleta é o seu principal meio de transporte?”. Os resultados constam no Quadro
10.
Quadro 10 - Apuração da segunda questão do questionário
A bicicleta é o seu principal meio de transporte?
Sim.
110
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Não.
90
73
Para a maioria dos participantes da pesquisa, a bicicleta era o principal meio
de transporte. O fato demonstra a necessidade de a escola pensar em políticas
educacionais que envolvam o aluno ciclista e o torne mais preparado para as
dificuldades do transporte que utiliza no seu cotidiano.
Em relação à terceira pergunta, “Quantas pessoas na sua casa utilizam a
bicicleta?”, os resultados aparecem no Quadro 11.
Quadro 11 - Apuração da terceira questão do questionário
Quantas pessoas na sua casa utilizam a bicicleta?
Uma.
22
Duas.
90
Mais de três.
85
Não utilizam.
3
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Por meio desse quadro, observa-se que, na maioria das residências, duas ou
mais pessoas utilizavam a bicicleta, podendo acarretar enorme fluxo nas vias de
transporte. Um dos alunos comentou.
Professor, na minha casa, o papai vai para o trabalho dele de bicicleta. Isto
ajuda na economia, pois o dinheiro do ônibus ele deixa todo dia para gente
comprar pão. Ele só reclama que chega muito suado na loja que trabalha, e
tem que chegar mais cedo, para pegar um vento, para não ficar suado perto
dos clientes. Lá em casa, a gente mesmo ajeita a bicicleta quando
escangalha. O pai tem todo tipo de ferramenta em casa para a bicicleta.
Quando fura o pneu, a gente tem que vir andando para casa. Não é como
um carro que tem pneu reserva. Na minha casa, todos nós andamos de
bicicleta (A13).
Os resultados referentes á quarta questão, “Qual a sua preferência pelo tipo
de bicicleta?, encontram-se abaixo (QUADRO 12):
Quadro 12 - Apuração da quarta questão do questionário
Qual a sua preferência pelo tipo de bicicleta?
Equipada.
30
Esportiva.
10
Normal.
100
Não tenho preferência.
60
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Os dados acima demonstram a despreocupação dos alunos quanto ao tipo de
bicicleta, ou seja, se é ou não equipada. O importante para eles era usufruir de um
meio de transporte para se deslocar e movimentar para qualquer lugar. A turma
problematizou situações que faziam parte do seu cotidiano e que a tornasse mais
consciente de sua realidade. Em relação às discussões, Araújo (2009, p. 59) afirma
que “essas ideias são entendidas e discutidas de tal forma que os participantes
74
problematizem sua extensão para o contexto social”.
Na última pergunta, “Quais os benefícios que a bicicleta traz para vida”?, os
entrevistados apontaram situações bastante parecidas, que foram aglomeradas em
quatro temas. As respostas constam no Quadro 13.
Quadro 13 - Apuração da quinta questão do questionário
Quais os benefícios que a bicicleta traz para vida?
Saúde.
Transporte.
123
32
Fonte: Dados do professor pesquisador.
Exercícios físicos.
40
Economia.
5
Pelas respostas, verifica-se que a maioria dos alunos entrevistados acreditava
que o uso da bicicleta contribui para a melhoria da saúde. Para eles, o ciclismo podia
trazer benefícios físicos, cooperando com a qualidade de vida. Também sugeriram a
realização de passeios ciclísticos em datas comemorativas, como por exemplo, no
dia do estudante, entre outros. Em relação às questões econômicas que envolviam
esse meio de transporte, citaram as idas ao supermercado e trabalho.
Os dados do questionário mostram que a bicicleta era um dos meios de
transporte mais usado pelos moradores do município, sendo, portanto, necessário
melhorar a infraestrutura da cidade de Santana para o uso permanente de
velocípedes. Além disso, acredito na viabilidade de se promoverem palestras e
debates que estimulem a sua prática, bem como promover momentos de
conscientização sobre deveres e direitos dos ciclistas. Jacobini e Wodewotzki (2006,
p. 76) pontuam que
Essa articulação [entre projetos individuais e coletivos] possibilitará aos
indivíduos, em suas ações ordinárias, uma participação ativa na
comunidade ou na sociedade, assumindo responsabilidades afinadas com
os interesses e o destino de toda a coletividade.
Após a apuração das respostas do questionário, solicitei aos alunos que
convertessem os resultados encontrados em porcentagem. Além disso, informei-os
de que, na aula seguinte, utilizaríamos esses valores para elaboração dos gráficos e
tabelas. Visando à cooperação mútua para o aprendizado, os que sabiam como
fazer a conversão auxiliariam os colegas com dificuldade.
No final da aula, a turma avaliou o processo respondendo, por escrito, a
apenas uma pergunta. O que você aprendeu durante esta aula? Um aluno constatou
75
que a Matemática estava presente no cotidiano. Foram poucas palavras (FIGURA 9),
mas de importância para o andamento das futuras atividades.
Figura 9 – Depoimento de um aluno sobre o quinto encontro
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
O aluno conseguiu perceber a relação da Matemática com seu meio social.
Seguem, no Quadro 14, depoimentos de mais alguns alunos.
Quadro 14 – Avaliação dos alunos sobre a atividade do questionário
Alunos
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
Escreva o que você aprendeu durante esta aula?
Aprendemos, sobre o questionário que fazemos que envolva matemática.
Achei muito interessante, pois ficamos sabendo a quantidade dos alunos
que fizeram os questionários.
Aprendi a fazer tabela e trabalhar com porcentagem achei muito
interessante e produtiva. Poderíamos ter mais aula como essa.
A fazer tabela com o resultado tirado dos alunos da manhã da escola.
Eu aprendi a montar tabela e calcular porcentagem com numero de
pessoas que gostam de andar de bicicleta foi bem legal.
Que a bicicleta traz economia foi muito interessante.
Que a bicicleta é importante para saúde e deveríamos dar mais atenção
para este transporte.
Que alguns pontos no uso da bicicleta poderiam ser mudados.
Aprendi como as pessoas utilizam a bicicleta e o porquê.
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Ao analisar os depoimentos dos alunos, certifiquei-me de que eles gostaram
da proposta da entrevista. Constataram que, durante esse processo, os estudantes
da manhã, expressaram que foi muito interessante abordar o tema em questão, e
que ninguém antes havia pensado em discuti-lo. A possibilidade de se relacionarem
com os colegas do referido turno e abordarem assuntos populares, favoreceu a
aprendizagem e aumentou o seu interesse no processo educacional. Barbosa (2006,
p.77) comenta que a “Modelagem pode ser definida em termos dos propósitos e
interesses subjacentes à sua implementação, conduzindo a implicações conceituais
e curriculares”.
76
4.6 Encontros 6 e 7: Produção dos gráficos e tabelas no Excel
Para as aulas desenvolvidas nesses encontros, os alunos se dirigiram ao
laboratório de informática com o propósito de digitar os valores das tabelas no
programa do Excel e, assim, construir gráficos. Conforme anteriormente citado,
solicitei-lhes que a utilização do gráfico representasse da melhor maneira possível
os valores encontrados em cada resposta. Como o discente comentou que não
sabia como montá-lo, mostrei-lhe onde se encontrava a função “inserir” e,
posteriormente, “gráficos”. Fascinado, declarou: “é muito interessante professor”
(A8). Conforme Moretto (2003, p. 115), “é preciso que o professor conheça as
tecnologias disponíveis para apoio pedagógico e as melhores técnicas [estratégias]
de intervenção pedagógica, de modo a criar as melhores condições para que o aluno
aprenda”.
Os alunos utilizaram gráficos de barras, colunas, linhas, pizza (setores). Ao
me dirigir aos computadores com o quais trabalhavam, questionava-os sobre o tipo
de gráfico que estavam construindo, que, prontamente, indicavam. Na Figura 10, um
dos gráficos elaborado pelos alunos.
Figura 10 – Gráfico elaborado pelos alunos na planilha do Excel
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Durante a atividade, um aluno chamou atenção ao fazer o seguinte
comentário:
Professor, esse gráfico de linhas me lembra muito quando eu estudei
função crescente, decrescente e constante. Quando os valores são
parecidos, é uma parte de função constante e, quando ela dá um pico, é
77
crescente e, quando ele vem caindo, é uma função decrescente. Essa aula
é como se fosse uma revisão dos conteúdos estudados anteriormente
(A17).
O depoimento demonstra que o educando observou que os conteúdos não
estão desvinculados uns dos outros, mas interligados entre si. Além disso, percebeu
que a Matemática estabelece relações com a informática na produção de gráficos e
tabelas. Alguns alunos saíam de seus lugares para analisar os gráficos dos colegas
ou desfazer alguma dúvida. O fato levou-me à constatação de que ocorria uma
interação no aprendizado da turma de maneira coletiva.
No andamento da aula, observando a planilha desenvolvida pelos alunos,
verifiquei que os cálculos da porcentagem foram realizados diferentemente dos da
aula anterior utilizando o programa do Excel, estabelecendo outra forma de resolvêlos. Um aluno, ao terminar a atividade, anunciou:
Professor, eu fiz a tabela com os valores da porcentagem onde desenvolvi
vários tipos de gráficos de barras, colunas, linhas e etc.. Percebi que
podemos apenas colocar o valor e tem uma função que faz a porcentagem.
Assim fica fácil. O que eu fiz foi o seguinte: com os valores calculados na
aula passada e fiz outra tabela convertendo pelo próprio programa do Excel.
Bateu o resultado dos dois. Aprendi das duas formas, na usual e no
computador. Foi bacana (A18).
Assim, constatei que o aluno ficou entusiasmado em descobrir como produzir
os gráficos e calcular a porcentagem no Excel. O empenho da turma em construir os
gráficos a partir dos resultados do questionário propiciou maior compreensão do
conteúdo. Nesse processo, desempenhei apenas a função de orientador, levando o
educando a construir sua própria aprendizagem, papel principal da Modelagem
Matemática. Para essas e outras situações, Júnior e Espírito Santo (2004, p. 78)
pontuam que:
A modelagem oferece uma maneira de colocar a aplicabilidade da
Matemática em situações do cotidiano, no currículo escolar em conjunto
com o tratamento formal que é predominante no modelo tradicional. Esta
ligação da Matemática escolar com a Matemática da vida cotidiana do aluno
faz um papel importante no processo de escolarização do indivíduo, pois dá
sentido ao conteúdo estudado, facilitando sua aprendizagem e tornando-a
mais significativa.
Acredito que os professores deveriam aproveitar as habilidades dos alunos e
transformá-las em aprendizado, de maneira a tornar os saberes matemáticos mais
agradáveis e interessantes. Barbosa (2004, p. 2) lembra que o uso da Modelagem
Matemática proporciona “motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para
78
utilizar a Matemática em diferentes áreas, desenvolvimento de habilidades gerais de
exploração e compreensão do papel sociocultural da Matemática”.
À medida que a aula acontecia, os alunos concluíam
suas atividades e
perguntavam se o trabalho estava ficando bom. Respondia-lhe que sim e que o
empenho por eles demonstrado superava as dificuldades, ponto primordial para o
processo de aprendizagem. O trabalho de cooperação entre eles também foi
enriquecedor. Um dos alunos comentou.
Professor, vou lhe falar. O fato desta aula ser no laboratório de informática,
num ambiente que não é monótono como a sala de aula, e a gente pegar o
resultado do questionário produzido por nos e transforma isso em
matemática, e aprender a utilizar porcentagem no computador. Com tudo
isso passou até minha vontade de ir embora da sua aula. O tempo passou e
a gente nem percebeu, esses dois horários da aula. O senhor poderia fazer
mais aulas desta maneira. Nós alunos, aprendemos diferente, não copiando
no quadro, mas participando da aula (A19).
Portanto, o papel do professor é propor atividades diferenciadas que
possibilitem ao aluno se envolver nos processos de ensino e de aprendizagem.
Ademais, é imprescindível que estes se desenvolvam de forma a tornar a aula mais
agradável, diferenciada e interessante. Nesse sentido, Chaves (2005, p. 26)
expressa que
A utilização da Modelagem para o ensino aprendizagem da Matemática,
além de tornar um curso de Matemática atraente e agradável, pode levar o
aluno a desenvolver um espírito de investigação, utilizar a Matemática como
ferramenta para resolver problemas em diferentes situações e áreas,
entender e interpretar aplicações de conceitos matemáticos e suas diversas
facetas, relacionar sua realidade sociocultural com o conhecimento escolar
e, por tudo preparar os estudantes para a vida real, como cidadãos atuantes
na sociedade.
4.7 Encontro 8: Produção de um texto descritivo sobre a pesquisa efetivada
Nesse encontro, os alunos foram por mim orientados a formarem o grupo de
origem, visando à realização e avaliação do processo e, para isso, produziriam um
texto por meio do qual descreveriam os gráficos encontrados, analisariam os
resultados, expondo, assim a pesquisa. Analisando os textos dos alunos, constatei
que o aprendizado pode acontecer de forma natural em ambientes diferentes dos da
sala de aula, de maneira que a interação entre eles possibilitou uma aprendizagem
79
de maneira cooperativa. Seguem, no Quadro 15, os relatos, de forma resumida, dos
quatros grupos.
Quadro 15 – Resumo dos textos descritivos de três grupos
Grupo
A
B
C
D
Um texto descritivo sobre os gráficos encontrados
analisando os resultados e descrevendo toda pesquisa?
Como o tema mexe com nossas vidas durante o questionário
escolhemos as melhores perguntas e construímos o
questionário e escolhemos os alunos da manhã para
entrevista. No geral foi muito interessante, no laboratório de
informática os dados foram colocados no Excel e
transformados em diferentes gráficos bem uniforme.
Elaboramos um questionário com questões relacionadas com
o dia a dia da bicicleta, depois entrevistamos os alunos da
manhã, apuramos os dados e aprendemos a transformar tudo
em porcentagem. Na outra aula fomos para o laboratório de
informática e transformamos tudo tabela e gráficos, com o
estudo da bicicleta me possibilitou compreender melhor a
matemática, ou seja tudo que envolve a matemática em minha
vida.
Coletar dados a respeito da bicicleta no município de Santana
e procurar aplicar na matemática. O professor dividiu a turma
em quatro grupos onde os grupos construíram um
questionário onde se escolheu o melhor, escolhemos
entrevistar os alunos da manhã coletamos os dados e
transformamos em porcentagem, essa coleta de dados tinha
como objetivo utilizar no Excel para estudar matemática os
dados foram colocados em tabela e transformados em
gráficos onde o professor perguntava para nos o tipo de
gráfico e a gente respondia vários tipos. Alguns alunos
falaram que tinha vários tipos de funções. E que a matemática
esta presente no nosso cotidiano.
O professor pediu para que todos os grupos construíssem um
questionário do uso da bicicleta no cotidiano da nossa vida, no
final a gente escolheu o melhor resultado e escolhemos
entrevista os alunos da manhã da nossa escola, no outro dia
trouxeram os questionários entre os grupos que era para a
gente verificar a opinião dos alunos. Com resultado final a
gente transformou tudo em porcentagem. Na aula seguinte
fomos para o laboratório de informática, e começamos a
digitar o resultado do questionário no programa Excel logo
bateu a campa tivemos que salvar o que tínhamos feito no
computador. Na aula seguinte foi muito legal continuamos a
digitar os dados do questionário, com os dados do
questionário construímos gráficos para cada tabela: coluna,
pizza, rosca, linhas e áreas, com esta aula pode aprender a
conhecer os tipos de gráficos e as suas finalidades e que eles
representam a subida e descida de alguma situação que a
bicicleta e usada por mais metade dos alunos como transporte
e lazer, depois o professor pediu que a gente utilizasse os
dados da porcentagem e digitasse na planilha foi muito legal
podemos visualizar na forma normal e na porcentagem,
aprendi também que os gráficos apresentam funções
crescente, constante e muitas outras. Só tenho a agradecer ao
professor pela minha aprendizagem, e quando eu ver um
gráfico na prova do Enem poderei identificar que tipo de
gráfico é e se tiver situação de porcentagem conseguirei
resolver, deixo uma sugestão que tenha muitas aulas
80
parecidas com essa e o que a gente aprendeu a gente não
esquece.
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Ao realizar a análise dos textos construídos, observei que nenhum dos grupos
desenvolveu a atividade de forma correta, pois relataram os passos da pesquisa e
também o que eles acharam da atividade. Ademais, não fizeram uma análise dos
resultados encontrados com os gráficos, conforme solicitado no início da atividade.
Entretanto, pelos textos, é possível constatar o envolvimento de toda a turma
nessa atividade. Posso inferir que os alunos se transformaram, tornando-se mais
autônomos, questionadores e participativos. Além disso, houve grande cooperação
entre eles. No laboratório de informática, sentavam-se um ao lado do outro, o que
possibilitou maior interação e ajuda mútua. Foi interessante observar que, quando
não sabiam mexer no Excel, perguntavam ao colega mais próximo. Dessa forma,
desenvolveu-se o espírito de cooperação, um fenômeno que, normalmente, não
acontecia em sala de aula. Segundo Almeida e Dias (2004, p. 19), “as atividades de
Modelagem são atividades essencialmente cooperativas, na qual a cooperação e
interação entre os alunos e entre o professor e os alunos têm papel de destaque na
construção do conhecimento”.
Também penso ser importante o professor valorizar o aprendizado que o
educando já possui, ou seja, “a bagagem” que ele traz da sua vida. O fato de vários
alunos já conhecerem o programa de Excel, facilitou e auxiliou na aprendizagem de
conteúdos matemáticos. Cabe mencionar que, durante as atividades, a turma
aprendeu conceitos relacionados a gráficos, tabelas, regras de três e porcentagem.
4.8 Encontro 9: Produção do inventário da bicicleta
Ao dar início à aula, comuniquei aos alunos que desenvolveríamos uma
atividades com as suas bicicletas: relacionando os conteúdos matemáticos com a
bicicleta. Após a explanação da atividade, encaminhei-os ao pátio da escola. Ao
chegarmos, pedi que formassem os quatro grupos da aula anterior e perguntei-lhes
se tinham vindo de bicicleta. Responderam-me afirmativamente, erguendo a mão.
Diante disso, esclareci a forma como deveriam proceder: apenas um de cada grupo
81
traria sua bicicleta ao pátio e a colocaria em um balcão, em fila e de cabeça para
baixo. Em seguida, receberam, individualmente, o inventário, conforme visualizado
no Quadro 16.
Quadro 16 – Inventário entregue aos alunos
Peça da bicicleta
Formas
Conteúdo matemático
Circular
Circunferência
Pneu
Fonte: Elaborado pelo professor pesquisador.
Em seguida, informei-os de que recolheria apenas um inventário de cada
grupo. Ao ser por eles questionado sobre quais atividades desenvolveriam,
expliquei-lhes que deveriam comparar as peças que compunham a bicicleta,
identificando as formas geométricas e relacionando-as aos conteúdos matemáticos.
Barbosa (1999, p. 68) pontua que “torna-se importante que a matemática escolar
extrapole seus próprios limites disciplinares, buscando realizar conexões com a
realidade”. Por fim, avisei-os de que, observando o exemplo que constava no início
do formulário do inventário, entenderiam e iniciariam o seu preenchimento (FIGURA
11).
82
Figura 11 – Alunos observando as peças da bicicleta
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Durante o preenchimento do inventário, os alunos me consultavam para
verificar se estavam no caminho certo. Respondia-lhe que isso ficava a critério de
cada grupo; portanto, não poderia direcioná-los às respostas, e os resultados teriam
que acontecer naturalmente, possibilitando, assim, o andamento da pesquisa. O fato
nos remete a Barbosa (2001, p. 51) quando enuncia que “o professor fala o que
sabe, o que percebe, respeitando o entendimento posto pelos alunos, sublinhando a
forma como os conceitos matemáticos estão sendo usados, ‘problematizando’ os
procedimentos e seus resultados”. Com essa dinâmica (FIGURA 12), acredito ter
estimulado o interesse da turma pela Matemática, dando sentido a alguns conteúdos
matemáticos.
Figura 12 – Alunos preenchendo o inventário da bicicleta
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Durante a realização dos trabalhos, um aluno (FIGURA 13) questionou se a
83
relação deveria ocorrer com todas as peças, inclusive as menores, como parafusos
e porcas. Respondi-lhe que, caso conseguissem relacioná-las com algum conteúdo,
não havia problema. Um aluno fez a seguinte observação:
Professor, uma observação, o aro da bicicleta representa uma
circunferência e o “raio” que fica localizado no aro, representa o raio dessa
circunferência. Podemos relacionar com o ciclo trigonométrico. O cubo da
bicicleta representa um prisma possibilitando à gente calcular a área e o
volume do prisma, esses conteúdos foram estudados ano passado. Ainda
me lembro. O que é interessante que, nesta maneira, os conteúdos ganham
vida é mais fácil a sua compreensão (A17).
Figura 13 – Alunos comparando as peças da bicicleta com os conteúdos
matemáticos
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Alguns alunos conseguiram entender que a Matemática está presente de
várias formas e que os conteúdos não estão desvinculados da realidade. Tais
deduções possibilitaram uma maneira diferente de constatar a aplicação do ensino e
do cotidiano. De acordo com Barbosa (2001, p. 7), quando os estudantes são
convidados a participar do ambiente de aprendizagem, “organizam, decidem e
orquestram as atividades de sala de aula”, e, ao aceitarem o convite, passam a
investigar uma situação da realidade. Abaixo, o comentário de um discente
pertencente a outro grupo:
Professor, o quadro da bicicleta representa vários triângulos, como
isósceles, escaleno e retângulo. Também o celim representa um triangulo
isósceles. Eu também percebo que aparecem muitas formas de retângulo
como formato do pedal é da garupa que são situações da geometria plana.
Também professor, se a gente relacionar a catraca com a coroa, isto
representa uma função. Se os professores, durante as aulas, relacionassem
o que estavam ensinando com alguma coisa que a gente conhece, seria
mais fácil o entendimento. O que adianta o professor encher o quadro, se as
contas não têm nem uma utilidade para nossa vida (A18).
84
Acredito que não há como discordar da relevância do comentário acima. Os
professores, principalmente da área de Matemática, têm se preocupado mais em
trabalhar os conteúdos de maneira tradicional (quadro e pincel), sem relacioná-los
com a vivência dos alunos. Dessa maneira, acabam, geralmente, ocasionando o
desinteresse pela disciplina e aprendizagem.
Um dos grupos demonstrava dificuldade em relacionar as peças da bicicleta
com os conteúdos matemáticos. Questionados se já haviam estudado geometria e
funções, seus integrantes responderam afirmativamente. Portanto, sugeri que
realizassem a associação.
Convém lembrar que o conhecimento gerado na escola e a matemática
aplicada ao cotidiano têm perspectivas diferentes. Aquele enfatiza o conhecimento
formal; esta procura relacioná-lo à realidade do educando. Cabe acrescentar que o
primeiro é denominado “Matemática Escolar”, onde imperam o formalismo das
regras das fórmulas e o rigor dos cálculos. Já na segunda, tais conhecimentos
matemáticos, usualmente, passam despercebidos por inúmeros estudantes que não
conseguem relacionar a matemática com as suas atividades diárias.
Durante a realização da atividade, os alunos das outras turmas que passavam
pelo pátio da escola ficavam observando o que estava acontecendo. Alguns
contribuíram com preenchimento do inventário. Uma professora de Matemática,
turno vespertino, parou em frente a uma das bicicletas e comentou que “relacionar a
bicicleta com a Matemática é muito interessante, pelo fato dos alunos utilizarem. Foi
uma boa ideia. O senhor está de parabéns”. Ao problematizar tal questão, Barbosa
(2003, p. 2) pontua que “modelagem pode potencializar a intervenção das pessoas
nos debates e nas tomadas de decisões sociais que envolvem aplicações da
matemática”.
Na Figura 14, um momento importante para a construção de debates em
torno do inventário da bicicleta, que possibilitou um aprendizado participativo.
85
Figura 14 – Alunos debatendo sobre o inventário da bicicleta
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Os alunos foram concluindo o preenchimento do inventário (FIGURA 15),
demonstrando o êxito da atividade. Ao ler o que descreveram, constatei o quanto
foram perspicazes. As colocações iam ao encontro dos assuntos de geometria
espacial, plana e analítica, além de função e trigonometria.
Figura 15 – Inventário produzido pelo grupo de alunos
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
Em seguida, conduzi a turma ao laboratório de informática para o início da
86
pesquisa na internet, onde lhe comuniquei que o preenchimento dos inventários
havia focado cinco assuntos: geometria plana, espacial, analítica, função e
trigonometria. Em vista disso, estabeleci a formação de cinco grupos, de três a
quatro integrantes, com o propósito de dividir entre eles os assuntos citados, cuja
escolha ficou a critério deles. Cada equipe estudaria conceitos relacionados e
apresentaria conclusões aos demais colegas por meio do Power Point. A sala se
transformou em confusão, pois mais de um grupo havia optado pelo mesmo assunto,
motivo pelo qual decidi que seriam realizados sorteios. Sanada a dificuldade,
iniciaram a pesquisa, buscando conceitos, fórmulas e aplicações. Barbosa (2003, p.
70) pontua que
[...] o ambiente de Modelagem está associado à problematização e
investigação. O primeiro refere-se ao ato de criar perguntas e/ou problemas
enquanto que o segundo, à busca, seleção, organização e manipulação de
informações e reflexão sobre elas.
Para esse pesquisador, realizar investigações oriundas de questões
levantadas pode atingir o campo do conhecimento reflexivo. Antes do final da aula,
solicitei aos alunos que realizassem a avaliação do processo para constatar a
aprendizagem. No Quadro 17, algumas respostas.
Quadro 17 – Avaliação dos alunos sobre a produção do inventário
Alunos
A1
A2
O que você
aprendeu na aula?
O que você achou
desta aula?
Aprendi que o quadro
da bicicleta tem forma
de duas retas
paralelas cortadas
por duas transversais,
e que a maioria das
peças tem o conteúdo
matemático da
geometria plana.
Aprendi, quais formas
matemáticas se
encaixam em cada
peça, assim podendo
então formular as
questões e resolvêlas.
Bem interessante,
porque vi as peças
de bicicleta nos
mínimos detalhes,
as formas da
geometria que cada
uma representa os
conteúdos
matemáticos.
Boa, interessante
para todos.
Que dificuldades
você teve durante
esta aula?
Identificar
as
formas geométricas
que existem na
bicicleta, mas logo
depois eu aprendi e
facilitou.
O que
poderia ser
mudado?
Nada,
tudo
está
ótimo,
apesar das
dificuldades.
Identificar algumas
peças, as mais
escondidas.
Nada.
(Continua...)
87
(Conclusão)
Alunos
A3
A4
A5
A6
O que você
aprendeu na aula?
O que você achou
desta aula?
Eu aprendi o nome
das peças da
bicicleta, aprendemos
as formas circular,
geométrica e plana.
Também aprendi que
em uma bicicleta
podemos aprender
muitas coisas sobre
matemática.
Na aula de hoje, eu e
meus amigos
aprendemos como
analisar as peças de
uma bicicleta, como
circular e retangular a
gente aprende a dizer
os conteúdos
matemáticos.
Aprendi muitas
coisas, analisamos as
partes da bicicleta,
relacionamos as
mesmas com a
matemática.
Eu achei legal, pois
podemos analisar
bem a bicicleta, os
meus colegas
trouxeram a bicicleta
para o pátio.
Que a bicicleta tem
várias formas de
aprender matemática
e que os raios da
bicicleta formam
triângulos.
Que dificuldades
você teve durante
esta aula?
A dificuldade e por
que
a
bicicleta
estava muito suja, e
a outra era que não
sabia
algumas
formas da bicicleta.
O que
poderia ser
mudado?
Poderia ser
mudado
e
que o tempo
foi
muito
curto.
Na aula de hoje, foi
legal aprendemos
analisar lado peça
das bicicletas e dizer
cada nome delas.
Nenhuma, tudo que Nada.
tem
em
uma
bicicleta eu sei.
Muito interessante,
produtiva e
interativa.
Nenhuma.
A aula foi boa, bem
interessante e bem
divertida.
Nenhuma.
As Acho que foi
dúvidas foram todas boa, não tem
tiradas.
nada
a
mudar.
Nada a
mudado.
ser
Fonte: Banco de dados do professor pesquisador.
A análise das repostas levaram-me a concluir que eles haviam conseguido
perceber conteúdos de Matemática na bicicleta.
formas
geométricas,
a
geometria
foi
o
Talvez, por esta possuir várias
conteúdo
mais
reconhecido.
Ao
problematizarem tal questão, relembraram conteúdos matemáticos que foram
ensinados em anos anteriores. O fato de, só nesse momento, alguns terem a
oportunidade de conhecer as peças de bicicleta, mostrou a relevância do estudo.
Ademais, constataram que o ensino de Matemática não acontece só na sala de aula,
mas em outros ambientes da escola.
Ao perguntar o que eles acharam da aula, unanimemente, responderam que
“gostaram muito”, pois ela despertou-lhes o interesse pela Matemática. O fato
comprova que o aluno assimila algo quando este o cativa e lhe prende a atenção,
sendo que, dessa forma, a aprendizagem acontece de maneira natural e criativa.
88
4.9 Encontros 10 e 11: Pesquisa sobre conteúdos matemáticos encontrados no
inventário da bicicleta
As aulas foram desenvolvidas no laboratório de informática, de onde orientei
os cinco grupos em relação às atividades do dia. Comuniquei-lhes que seria
interessante relacionar conteúdos matemáticos do inventário com fórmulas e
aplicações referentes à bicicleta. E, ainda, que os resultados deveriam ser
apresentados aos colegas da turma, na sala de vídeo da escola, com o auxílio do
Datashow.
Durante o trabalho, os alunos comentavam a importância de serem orientados
para a produção das apresentações. A todo o momento, era questionado pelos
grupos se a pesquisa estava “ficando boa”, levando-me a sugerir atividades com as
quais os alunos concordavam. Assim, o envolvimento da turma na construção das
apresentações, enquanto orientados, tornou-se evidente. Alguns grupos tiveram
dificuldades com a utilização do programa Power Point e na montagem dos slides.
Ao serem por mim questionados sobre o problema, responderam ”não” quanto aos
conteúdos matemáticos e que, com a internet, estavam aprendendo muitas coisas.
No final, indaguei-os sobre o desenvolvimento da pesquisa. Declararam que
estavam gostando muito, pois tinham liberdade de se movimentar pela sala,
perguntar ao professor e se relacionar com outros grupos. É interessante lembrar
que alguns docentes têm trabalhado conteúdos Matemáticos distantes da realidade,
ocasionado pouco aprendizado. De acordo com Werneck (2002, p. 13),
Ensinamos demais e os alunos aprendem de menos e cada vez menos!
Aprendem menos porque os assuntos são a cada dia mais
desinteressantes, mais desligados da realidade dos fatos e os objetivos
mais distantes da realidade da vida dos adolescentes.
4.10 Encontro 12: Apresentação dos grupos: geometria plana, função,
geometria analítica
Nesse encontro, os alunos foram por mim conduzidos à sala de vídeo para a
apresentação. Ao chegarem, o grupo de geometria plana se propôs a ser o primeiro,
89
tendo seu pedido aceito. Assim, iniciaram a exposição com um slide em que
aparecia a união da geometria plana com a bicicleta. Destacaram que muitas formas
da bicicleta envolviam as da geometria plana, conforme podia ser visualizado na
Figura 16. O relato de ideias do mundo real traduzidas pela bicicleta possibilitou
autonomia em várias situações da realidade. Barbosa (2003, p. 18) pontua que
Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação,
apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica,
permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a
criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.
Figura 16 – Slide produzido por um grupo para representar a geometria plana
envolvida na bicicleta
Fonte: Banco de dados do professor.
O primeiro tópico discutido pelo grupo foi os tipos de triângulos. Os alunos
participantes iniciaram a exposição com o equilátero, explicando que ele possui os
lados congruentes – todos iguais – e que é encontrado no banco da bicicleta.
Acrescentaram que seus ângulos internos também são congruentes e suas medidas
são iguais a 60°. Em seguida, apresentaram o isósceles, demonstrando os dois
lados e dois ângulos congruentes, ou seja, iguais, e um diferente. O escaleno deu
sequência à mostra, momento em que os estudantes comentaram que as medidas
90
dos três lados são desiguais. Além disso, enfatizaram que os seus ângulos internos
também possuem medidas diferentes e que o quadro da bicicleta era um bom
exemplo desse triângulo.
O retângulo, cujo ângulo reto é de 90º, foi o quarto triângulo abordado pela
turma. A hipotenusa, nesse ângulo, é o lado oposto ao reto; os demais são
denominados catetos. O grupo que apresentaria trigonometria informou que
aprofundaria o assunto sobre o citado triângulo. Logo após, foi a vez do obtusângulo,
triângulo que possui um ângulo obtuso e dois agudos, e, por fim, o acutângulo, onde
os três ângulos são agudos. Na Figura 17, encontra-se o slide produzido pelo grupo.
Um exemplo desse triângulo, na bicicleta, é a parte onde fica a “garupa”.
Figura 17 – Imagem da bicicleta com os tipos de triângulos
Fonte: Google figuras (2014, texto digital).
O grupo de geometria plana deu sequência à apresentação, abordando o
cálculo de áreas. Seus participantes afirmaram haver várias aplicabilidades do
cálculo de área em diferentes situações, seja nas formas geométricas da aula ou em
situações da vida real. Abaixo, o depoimento de um dos alunos:
O pedreiro utiliza de forma informal este conteúdo. Através do conhecimento
de área, é possível calcular a quantidade de lajotas necessárias para lajotar um
determinado cômodo de uma casa (A4).
Em seguida, o grupo se referiu à área do quadrado, que representa uma
figura geométrica regular (lados e ângulos iguais). Como exemplo de uma peça de
bicicleta que pode ter a forma de um quadrado, citaram a cestinha onde é colocado
o material escolar. Para calcular a área de um quadrado, basta multiplicar dois dos
91
seus lados.
Outra figura do estudo de áreas foi o retângulo, que se apresenta nas faces
de várias formas geométricas da bicicleta, como o pedal e a borracha do freio de
alguns modelos. Essa figura possui os lados opostos paralelos e iguais; todos os
ângulos medem 90º e a área é calculada pelo produto do comprimento e da largura.
Dando prosseguimento ao cálculo de áreas, o grupo comentou os triângulos que,
para calcular sua área, multiplica-se a base pela altura e divide-se o resultado por
dois. Ainda, destacou que a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual 180º.
Na Figura 18, estão algumas fórmulas mostradas pelo grupo.
Figura 18 – Fórmulas da área do triângulo
Fonte: Banco de dados do professor.
E, por fim, os alunos expuseram o círculo e a circunferência, sendo o primeiro
um conjunto de todos os pontos de um plano, cuja distância de um ponto fixo é
menor ou igual que uma do raio. A parte interna do aro é um exemplo do círculo e o
raio da bicicleta representa os elementos desse círculo. Já a segunda é o lugar
geométrico de todos os pontos de um plano que estão localizados a uma mesma
distância do raio, de um ponto fixo denominado centro da circunferência (FIGURA
19), que representa o pneu e o centro da roda.
92
Figura 19 – Representação do círculo e da circunferência
Fonte: Banco de dados do professor.
No final, ao comunicar-lhes que, caso houvesse restado alguma dúvida
podiam esclarecê-la, um aluno fez a seguinte colocação:
Professor, com esta apresentação do grupo de geometria plana, aprendi
mais coisas que na aula normal. A importância das áreas das figuras do
círculo e da circunferência. Toda vez que eu olhar para uma bicicleta me
lembrarei dos conteúdos matemáticos apresentados aqui, a ponto de
perceber a sua aplicabilidade em situações reais (A18).
A percepção dos alunos em relação aos conteúdos matemáticos envolvendo
a bicicleta oportunizou um ensino diferente do desenvolvido de forma tradicional,
pois a aprendizagem aconteceu pela descoberta, buscando relacionar a realidade
com o ensino. É consenso de alguns pesquisadores, há algum tempo, que a
Matemática precisa ser contextualizada de maneira a possibilitar uma compreensão
melhor do processo educacional. Nesse sentido, Barbosa (2006, p. 294) pontua que
“uma boa oportunidade para perceber a natureza não neutra da matemática em
descrições de situações reais” é o uso da Modelagem Matemática, pois parte de
situações do interesse e da realidade do aluno.
O segundo grupo introduziu o tema “Função Matemática na bicicleta”.
Inicialmente, os alunos narraram alguns fatos envolvendo a história da bicicleta.
Trazida por imigrantes europeus, que se estabeleceram em Curitiba, Paraná, chegou
ao Brasil no final do sec. XIX. Ela é um veiculo de duas rodas presas a um
quadrado, movidas pelo esforço do próprio usuário através de pedais, sendo assim
um velocipédico de duas rodas. Atualmente, é considerada o meio de transporte
93
mais limpo e sustentável, pois não emite gases poluentes. A circunferência e as
funções também foram expostas.
O aro da bicicleta, segundo o grupo, representa uma circunferência. Sendo
assim, é possível calcular-lhe o comprimento por meio da seguinte fórmula: C=2.π.r,
onde (r) é o raio, e o pi (π) é = 3,14. Para exemplificar isso, os discentes calcularam
o comprimento correspondente a um giro completo da coroa e da catraca, atribuindo
valores para o raio mostrado em uma tabela (FIGURA 20).
Figura 20 – Cálculo da coroa com a catraca
Fonte: Banco de dados do professor.
O grupo continuou a explanação afirmando que a evolução entre a coroa e a
catraca representa uma função, enfatizando que tudo o que possui duas grandezas
diretas e inversamente proporcionais retrata uma função. Em seguida, explicou que,
enquanto a coroa dá uma volta, a catraca dá três. Com base nessas informações, os
expositores concluíram que a distância percorrida pela bicicleta, em cada pedalada,
seria o diâmetro da roda traseira igual a 80 cm. Portanto, o raio será, obviamente,
40cm e a bicicleta percorrerá, aproximadamente, 7,5 metros por pedalada completa.
Ademais, os alunos do citado grupo lembraram que o cálculo da coroa
representa um caso particular de função afim. No caso da bicicleta, “a” é 2π e “b” é
nulo. Assim, tem-se y = ax, que é uma situação de função linear. Afirmaram também
existirem outros casos particulares - função identidade e função constante –, e que a
função afim está presente em várias situações da vida, como em uma corrida de
táxi, na produção de uma peça na indústria e na economia. Como exemplo, citaram:
94
O custo de produção de uma empresa, baseando-se pelo tipo de produto ou
serviço da empresa. Nesta empresa, que fabrica e vende bicicletas, cada
bicicleta tem custo de produção dado pela função y = 20 + 75x, onde y é o
custo de cada bicicleta, R$ 20,00 é o custo fixo, R$ 75,00; x é o custo
variável, sendo x a unidade de bicicleta fabricada (Grupo das funções).
Abaixo, o relato de outro exemplo:
A cada bicicleta fabricada, a empresa paga tributos (impostos, taxas, etc.)
referente a 38% do valor de venda da bicicleta. Então a função dos tributos
pagos pode ser dada como f(x) = 0,38x, onde f(x) é o valor de tributos e x é
o valor de venda da bicicleta (Grupo das funções).
Os integrantes do mesmo grupo comentaram que a função afim pode ser
escrita de diferentes maneiras. Por fim, citaram os declínios que havia em algumas
ruas de Santana, o que dificultava o uso da bicicleta. Tais declínios, segundo eles,
lembravam parábolas, que é o gráfico da função quadrática. Em seguida,
apresentaram um exemplo prático: faróis de Automóveis.
Se colocarmos uma lâmpada no foco de uma parábola e esta emitir um
conjunto de raios luminosos que venham a refletir sobre um espelho
parabólico de um farol, os raios refletidos sairão todos paralelamente ao
eixo que contém o foco e o vértice da parábola. Esta é uma propriedade
geométrica importante ligada à Ótica que permite valorizar bastante o
conceito de parábola (Grupo das funções).
Logo após, um componente do grupo desenhou no quadro a parábola
formada. Barbosa (2009, p. 70) pontua que, na Modelagem Matemática, é possível
empregar “símbolos matemáticos, sejam tabelas, gráficos, equações, inequações,
etc; ou, em outras palavras, conceitos, notações e/ou procedimentos matemáticos”.
Nesse momento, perguntei aos demais alunos se queriam fazer alguma
colocação. Um deles ergueu a mão e falou:
Professor, na bicicleta, pode-se perceber outro conteúdo de outra disciplina,
a Física, que representa a trajetória retilínea que também tem a forma de
uma função afim. Foi trabalhado com a gente no primeiro ano. Quando
trabalhamos o espaço em função do tempo, possibilitando relacionar a
bicicleta, Física e Matemática de maneira prática (A20).
Esse aluno conseguiu compreender que as relações da Física com a
Matemática andam, muitas vezes, juntas na compreensão dos fenômenos, que
envolvem a realidade e os preparam para a contextualização das disciplinas.
Pinheiro (2001, p. 38) expressa que “Os modelos, devido à sua flexibilidade, podem
desempenhar diversas funções, às vezes até simultaneamente. Eles podem servir
para compreender, explicar, prever, calcular, manipular, formular”.
95
O terceiro grupo trabalhou o tema “A bicicleta e a geometria analítica”. A
apresentação iniciou com a colocação dos benefícios da bicicleta, entre eles, a
melhoria da saúde e a prevenção de doenças cardiovasculares. Em relação à
aprendizagem, a estrutura desse veículo evidencia muitos elementos geométricos.
Fainguelernt (1999, p. 20), comenta que “a Geometria é considerada uma
ferramenta para a compreensão, descrição e inter-relação com o espaço em que
vivemos”.
Em seguida, o grupo comentou que a roda da bicicleta representa uma
circunferência e, neste sentido, é possível calcular a distância entre dois pontos,
entendida como a equação reduzida da circunferência. Os apresentadores também
afirmaram que o raio é a distância do centro da circunferência até um ponto fixo no
círculo. Ademais, o raio da bicicleta tem a mesma ideia do raio da circunferência
(FIGURA 21).
Figura 21 – Fórmulas da circunferência
Fonte: Banco de dados do professor.
Outra colocação do grupo foi que a equação reduzida da circunferência
permite determinar os elementos essenciais à construção da circunferência: as
coordenadas do centro e o raio, e, quando o centro da circunferência estiver na
origem (C(0,0)), a equação da circunferência será x² + y² = r². Ao final, os
expositores declararam que a circunferência exerce um papel importante em vários
96
domínios da Física, incluindo a Astronomia.
Ao continuar a apresentação, o grupo comentou o plano cartesiano, ou seja,
sua representação geométrica (duas retas perpendiculares onde o ponto de
encontro é a origem do plano cartesiano). Na bicicleta, é possível visualizar o plano
cartesiano no encontro da altura do banco com o segmento do quadro da bicicleta.
Abaixo, o comentário de um aluno de outro grupo.
É verdade, se observarmos bem, dá para perceber que altura do banco com
o quadro da bicicleta representa realmente um plano cartesiano, e a gente
percebe que fica no espaço essa forma. O plano cartesiano professor, não e
usado somente na geometria analítica, eles a usam nas funções,
trigonometria em praticamente toda a matemática. É impressionante como
este grupo percebeu esta aplicabilidade (A21).
Diante disso, posso afirmar que os alunos têm condições de constatar fatos
que, às vezes, são considerados imperceptíveis. Nas apresentações, a contribuição
dos demais estudantes da turma demonstrou a importância de se relacionarem
situações do cotidiano com a Matemática. Em seguida, o grupo expôs a equação
geral da reta: ax + by + c = 0 e a equação reduzida da reta: y = mx + q. Embora
houvesse muitas outras funções, a opção foi pelas mais importantes.
No final, o grupo agradeceu a participação dos colegas, além de enfatizar a
importância do que aprenderam. Nesse momento, a campainha anunciou o final da
aula e ficou combinado que as demais apresentações aconteceriam na próxima
aula.
4.11 Encontro
13:
Apresentação
dos
grupos:
geometria
espacial
e
trigonometria
Nesse dia, ocorreu a continuação das apresentações. O primeiro grupo expôs
o tema “A geometria espacial e a bicicleta”. Ao fazerem um pequeno relato sobre a
história da geometria espacial, os alunos enfatizaram que ela é o estudo da
geometria no espaço onde são estudadas as figuras que possuem mais de duas
dimensões. Tais figuras recebem o nome de sólidos geométricos ou figuras
geométricas espaciais, e as mais estudadas são: prisma (cubo, paralelepípedo),
pirâmides, cone, cilindro, esfera.
97
O grupo comentou que, ao observarmos a bicicleta (FIGURA 22),
constatamos as formas geométricas presentes, tais como: o prisma; o pedal da
bicicleta; na borracha do freio, o cone, peça que segura o garfo; cilindro, tubo
horizontal e tubo do selim; esfera, encontrada no cubo da bicicleta e na catraca.
Sobre a relação da bicicleta com as formas geométricas na busca da realidade,
Vidaletti (2009, p. 6) pontua que “a relação entre o conteúdo trabalhado e os
problemas do cotidiano buscam uma qualidade constante no processo educacional”.
Figura 22 – Apresentação das peças da bicicleta pelo grupo
Fonte: Banco de dados do professor.
Ao continuar a exposição, o grupo comentou o prisma regular, explicando
que, na sua área, distinguem-se dois tipos de superfície: as faces laterais e as
bases. Assim, apresentaram as fórmulas para o cálculo da área total desse sólido,
destacando que, para o cálculo da área da base, deve-se ter o cuidado com a forma
da figura. Na Figura 23, encontra-se um exemplo de fórmula explicada pelo grupo.
98
Figura 23 – Resolução de um exemplo sobre o cálculo da área de um prisma pelo
grupo
Fonte: Banco de dados do professor.
“O que representa esse número seis?”, questionou um aluno da turma. ”É o
número de lados do hexágono”, respondeu um dos apresentadores. Desfeita a
dúvida, o grupo continuou com a exibição, explanando o cilindro, que é um corpo
redondo com duas bases opostas e paralelas. Sua classificação ocorre de acordo
com a inclinação da geratriz em relação aos planos das bases: cilindro circular
oblíquo (a geratriz é oblíqua às bases) e cilindro circular reto (a geratriz é
perpendicular às bases). Ademais, existem as áreas das bases, a área lateral e a
área total. Após apresentação das fórmulas do cilindro, os alunos citaram um
exemplo: Determine a área total de um cilindro circular reto de 16 cm de altura e raio
da base medindo 5 cm. (Use π = 3,14). Para este problema temos h = 16 cm, r = 5
cm, e o que se pede é o valor de St. A seguir, está expressa a forma como os alunos
solucionaram o problema.
St=2∙π∙r∙(h+r)
St = 2 ∙ 3,14 ∙ 5 ∙(16 + 5)
St = 2 ∙ 3,14 ∙ 5 ∙ 21
St = 659,4 cm2.
Dessa maneira, os alunos demostraram a aplicabilidade da fórmula e os
demais anotaram a resolução por achá-la interessante. No final, o grupo ainda
apresentou alguns dados sobre a esfera, declarando que denominamos esfera de
99
centro O e raio R o conjunto de pontos do espaço cuja distância ao centro é menor
ou igual ao raio R. Ademais, ao considerar a rotação completa de um semicírculo em
torno de um eixo, a esfera é o sólido gerado por essa rotação. Assim, ela é limitada
por uma superfície esférica e formada por todos os pontos pertencentes a essa
superfície e ao seu interior. Os discentes também explicaram que o volume da esfera
é dado pela fórmula: Ve = ∙π∙r3. Logo após, expuseram o seguinte exemplo: Um
reservatório possui a forma esférica com 15 metros de raio. Calcule a capacidade
total de armazenamento desse reservatório.
No final da apresentação, os demais alunos afirmaram que aprenderam
muitas coisas e que não sabiam que a geometria espacial está presente em
situações que não percebemos. Essas colocações levaram-me à conclusão de que
houve um grande aprendizado e que muitas situações da aplicação de fórmulas são
úteis às provas do ENEM. Um aluno do grupo fez o seguinte comentário:
Professor, vou ser franco com o senhor. No começo deste projeto, eu achei
que o senhor só estava enrolando a gente. Não tinha percebido como com
uma situação com a bicicleta a gente iria aprender tantas coisas, como a
geometria, por exemplo, pois existem muitos alunos que terminam o ensino
médio e nem veem este conteúdo. E, nessa situação, a gente acaba
aprendendo de forma prazerosa e significativa, muito legal (A21).
Ao ouvir tal comentário, passei a entender o objetivo da aprendizagem por
meio da modelagem: transformar um fato da realidade em uma situação matemática.
Penso ser importante destacar que, no início do trabalho, a turma mostrou-se
bastante resistente; as lamentações eram constantes; expressavam o desejo de que
o projeto logo acabasse, pois esperavam estudar Matemática, principalmente
Geometria. Foram situações que precisei enfrentar e administrar; porém, no final,
mostraram-se plenamente satisfeitos com os resultados e pude constatar que houve
aprendizagem. Barbosa (2001, p. 50) pontua que “cabe a ele [professor], o cuidado
de compreender a maneira como pensam os alunos para poder se comunicar com
eles, pois sem isso não se pode contribuir para o trabalho dos estudantes”.
Na quinta exposição, os alunos discutiram “trigonometria e a bicicleta”. Ao
iniciar, esclareceram que não utilizariam PowerPoint, preferindo a apresentação
convencional (quadro e pincel). Sobre isso, informei-os de que não havia problema,
pois a escolha cabia a eles. Inicialmente, desenharam o círculo trigonométrico no
100
quadro e comentaram que a roda da bicicleta representava uma forma do círculo
trigonométrico, e os raios, os arcos côngruos (FIGURA 24). Também afirmaram que
o ciclo trigonométrico é uma circunferência de raio unitário com intervalo de [0, 2π] e
que a cada ponto da circunferência associamos um número real. No ciclo
trigonométrico, são trabalhados três tipos de simetria: em relação ao eixo vertical
(seno), eixo horizontal (cosseno) e em relação ao centro.
Figura 24 – Aluna desenhando o círculo trigonométrico
Fonte: Banco de dados do professor.
O grupo explicou que o círculo trigonométrico é dividido em quatro
quadrantes, que são usados para localizar pontos e se caracterizam por ângulos
trigonométricos, onde os ângulos do primeiro quadrante são chamados de ângulos
agudos. Afirmaram também que os ângulos de 30º, 45º e 60º são conhecidos como
ângulos notáveis, e uma volta completa no círculo trigonométrico corresponde a 360º
ou 2π radianos.
Em seguida, apresentaram o seguinte exemplo: Determinar a localização
principal do arco de 4380º. Assim, dividiram 4380 por 360º. O resto da divisão é igual
a 60º, que é a determinação principal do arco. Dessa forma, sua extremidade
pertence ao 1º quadrante. Posteriormente, expuseram outro problema: Qual a
determinação principal do arco com medida igual a 1190º? Para resolvê-lo, dividiram
1190º por 360º, obtendo resultado 3 e resto 110º. Com isso, concluíram que o arco
possui três voltas completas e extremidade no ângulo de 110º, pertencendo ao 2º
quadrante.
Sobre os arcos côngruos, o grupo sugeriu um macete para saber se dois
arcos são côngruos: basta verificar se a diferença entre eles é um número divisível
101
ou múltiplo de 360º, ou seja, se a diferença entre as medidas dos arcos dividida por
360º o resto for zero, eles são côngruos; não os sendo caso seja diferente de zero.
Ao encerraram a apresentação, agradeceram aos colegas pela atenção e
paciência, questionando-os sobre a existência de alguma dúvida. Os alunos
responderam que haviam entendido muito bem as explicações dadas pelo grupo. O
fato nos remete a Barbosa (2001,p.6) quando afirma que
“A indagação não se
limita à explicitação do problema, mas uma atitude que permeia o processo de
resolução”.
4.12 Encontro: Comentários do professor sobre os conteúdos apresentados
Esse encontro tinha como objetivo sanar a defasagem de conteúdos deixada
pelos alunos. A primeira observação foi dirigida ao grupo de geometria plana.
Comuniquei-lhe que obtiveram um bom desempenho; entretanto, deixaram de
abordar questões de áreas de outras figuras, tais como: triângulos, trapézios,
losangos e círculos. À vista disso, fiz alguns comentários sobre as fórmulas da área
dessas figuras e expus alguns exemplos em conjunto com a turma.
Sobre o grupo de funções, destaquei que, nos exemplos, poderiam ter
trabalhado a questão do valor máximo e mínimo da função no momento em que
mencionaram o declínio e que as coordenadas do vértice da parábola são dadas
por:
. Além disso, discuti as aplicações desse cálculo, como o de lucro
máximo. O exemplo dado foi: O lucro de uma fábrica na venda de determinado
produto é dado pela função L(x) = – 5x² + 100x – 80, onde x representa o número de
produtos vendidos e L(x) o lucro em reais. Determine o lucro máximo obtido pela
fábrica na venda desses produtos.
O terceiro grupo havia apresentado conceitos relacionados à geometria
analítica. Ao comentarem a equação da circunferência, equação geral e reduzida da
reta, apresentaram pouca aplicabilidade desses conteúdos. Portanto, expus alguns
exemplos do uso das fórmulas e entreguei-lhes uma lista com questões que
envolviam tais conteúdos.
102
Em relação ao assunto geometria espacial, os alunos haviam apresentado
alguns exemplos significativos. Comentei que apenas acrescentaria algo sobre
prisma, pirâmide e esfera.
Para isso, expus um exemplo de cada sólido e,
posteriormente, solicitei a realização de alguns exercícios.
Trigonometria foi o tema desenvolvido pelos componentes do quinto e último
grupo, a quem fiz as seguintes observações: realizaram um bom trabalho sobre o
círculo trigonométrico, mas poderiam ter usado mais exemplos e aplicabilidade.
Portanto, foram trabalhados alguns exemplos; dentre eles, uma questão do ENEM8:
Nos X-Games Brasil, em maio de 2004, o skatista brasileiro Sandro Dias,
apelidado “Mineirinho”, conseguiu realizar a manobra denominada “900”, na
modalidade skate vertical, tornando-se o segundo atleta no mundo a
conseguir esse feito. A denominação “900” refere-se ao número de graus
que o atleta gira no ar em torno de seu próprio corpo, que, no caso,
corresponde a:
a) uma volta completa.
b) uma volta e meia.
c) duas voltas completas.
d) duas voltas e meia.
e) cinco voltas completas.
Em seguida, solicitei que desenvolvessem algumas atividades do livro de
Matemática e, caso surgissem dúvidas, poderiam me procurar. Ademais, informei-os
de que, na aula seguinte, responderiam a um questionário em que destacariam os
pontos positivos, os que precisariam ser melhorados e o que aprenderam durante o
desenvolvimento das atividades.
Realizando uma síntese do que foi apresentado pelos grupos, constatei que
os conteúdos matemáticos trabalhados proporcionaram aos alunos um interesse
maior pelo aprendizado. Também foi gratificante observar o envolvimento da turma
na apresentação de conceitos, fórmulas e aplicações. Cabe, ainda, destacar que os
trabalhos
desenvolvidos
amplamente
discutidos.
pelos
Ao
discentes
abordarem
envolveram
o
tema
diversos
bicicleta,
conteúdos,
perceberam
e
estabeleceram relações com esses conteúdos, em particular, com a geometria plana
e
espacial.
Consequentemente,
visualizaram aplicações
para
as
fórmulas
matemáticas, melhorando o entendimento dos cálculos de áreas e volumes.
A relação do conteúdo de funções com o tema bicicleta envolvendo a catraca
8
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.
103
foi uma forma de mostrar que a matemática pode estar presente em situações
práticas. Acredito que, se o aluno percebe essas situações, está-se adotando um
novo caminho para o ensino. Outra questão interessante foi a apresentação de fatos
históricos relacionados à chegada da bicicleta ao Brasil. Tais estratégias podem
servir de estímulos à introdução de novos conteúdos matemáticos. Sobre essas
concepções, Ventuan e Almeida (2007, p. 879) comentam que
A perspectiva de Modelagem Matemática diz respeito à suas
potencialidades enquanto oportunidade para os alunos compreenderem os
objetos Matemáticos, conhecer e relacionar as várias representações
destes objetos e utilizá-los para interpretar fatos da realidade. Registros de
representação associados a um mesmo objeto Matemático e a coordenação
adequada entre estes registros representa uma possibilidade do aluno
compreender o objeto Matemático como um todo.
Também é importante promover o resgate dos saberes e valores que os
alunos trazem consigo e levá-los à construção de um ensino voltado à sua
participação. Ao pensar que a matemática está presente em vários contextos, por
que não ensiná-la relacionando-a a elementos que fazem parte da vida dos alunos?
Com essa proposta, o educador os convida a realizarem atividades de Modelagem
Matemática
em
ambientes
educacionais
diferenciados,
possibilitando
o
conhecimento do aluno ou do grupo. Borba e Villarreal (2005, p.197) pontuam que
[...] os processos que os estudantes seguem nas suas atividades
matemática, [...] os procedimentos que eles elaboram, e [...] as
particularidades das suas estratégias [...]. Assim, estamos interessados em
ouvir a ‘voz dos estudantes’, e tentando entendê-las, a qual pode
certamente conduzir a mudanças de nossas perspectivas.
4.13 Encontro 15: Avaliação final do processo pelos alunos
No encontro final, os alunos avaliaram as aulas por meio de um questionário
(APÊNDICE E), apontando os pontos positivos, os que precisavam ser melhorados e
o que aprenderam durante o desenvolvimento das atividades. O Quadro 18
apresenta a resposta de alguns alunos.
104
Quadro 18 – Síntese da avaliação dos alunos sobre aprendizado durante o
desenvolvimento das atividades
De acordo com sua observação e participação nas práticas realizadas em sala de aula
envolvendo o uso da bicicleta, faça uma avaliação final descrevendo os seguintes pontos.
Os pontos positivos e os
pontos negativos caso
necessários
Os alunos citaram como
pontos positivos:
- a motivação
- apresentações dos grupos
- a complementação das
atividades pelo professor que
favoreceu ainda mais o ensino
- o espírito de equipe
a
assiduidade
e
o
comportamento dos alunos
- o tema escolhido (bicicleta).
Em relação aos pontos
negativos, citaram a estrutura
do laboratório de informática e
a dificuldade de acessar a
internet.
Além
disso,
ressaltaram o pouco para
tempo para desenvolver as
atividades e, por fim, a falta de
espaço físico para desenvolver
as atividades.
Quais os pontos a
melhorar?
Os principais pontos
a melhorar citados
pelos alunos foram
em
relação
à
estrutura
do
laboratório
de
informática
e
a
melhoria da internet.
Alguns
alunos
mencionaram
sua
insatisfação
em
relação
à
sua
apresentação,
afirmando
que
poderiam
ter
realizado melhor sua
apresentação.
Por fim, um número
menor destacou o
pouco tempo para a
preparação
do
material.
O que aprenderam
no
desenvolvimento
das aulas?
O que
aprenderam de
Matemática com
as atividades?
Os
alunos
constataram
a
aprendizagem em
várias situações da
prática, destacando:
- a construção dos
gráficos no Excel
as
formas
geométricas
provenientes
da
bicicleta
conteúdos
relacionados
à
Geometria
Plana,
Espacial e Analítica.
- a relação da roda
com a catraca, que
proporcionou
o
aprendizado
de
vários
tipos
de
funções, tais como:
afim,
linear,
constante
e
quadrática,
- a roda da bicicleta
que
proporcionou
aprendizagem
de
conceitos ligados ao
círculo,
circunferência
e
segmento de retas.
as
questões
sociais e o custo
benefício
envolvendo o uso
da bicicleta.
Os conteúdos de
Matemática
destacados foram:
gráfico de funções,
tabelas,
porcentagem,
formas
geométricas,
Geometria Plana,
Espacial
e
Analítica, funções;
trigonometria (ciclo
trigonométrico).
Fonte: Arquivos do professor pesquisador.
Conforme os depoimentos dos alunos, o aprendizado de Matemática
aconteceu de forma natural e participativa e a Modelagem Matemática contribuiu
para o processo. Ademais, constataram que, na bicicleta, as formas geométricas
estão presentes. Durante todo o processo, eu fui apenas o orientador, e a turma
desenvolveu seus conhecimentos por meio da pesquisa e apresentações de
trabalhos. A motivação foi primordial e, sobre isso, Malheiros (2008, p. 65) afirma:
105
Só considero que tal semelhança ocorre quando o tema eleito para a
investigação surge do interesse dos alunos ou quando este é definido a
partir de uma negociação pedagógica na qual os estudantes têm voz, são
ouvidos e, consequentes, seus interesses também prevalecem.
Consta, na avaliação dos alunos, que a geometria e a função foram
assimiladas por quase toda a turma. Além disso, merecem destaque o
companheirismo e a participação, que contribuíram para o aprendizado de modo
geral.
Ao se responsabilizarem pelas apresentações, os alunos desenvolveram a
autonomia e a reflexão de sua própria aprendizagem com os demais grupos, pois
quando se pesquisa, acaba-se aprendendo melhor. Segundo Burak (1987, p. 54), é
importante que “[...] os pesquisadores estabeleçam relações comunicativas com
pessoas ou grupo da situação investigada com o intuito de serem melhor aceitos”.
Cabe destacar que, além de se envolver com os próprios trabalhos, os grupos
participaram das apresentações dos colegas.
Em relação aos pontos negativos, foram citados os problemas estruturais da
escola, em particular a falta de internet. Aqui cabe uma reflexão sobre a necessidade
de melhores laboratórios de informática com internet, o que possibilitaria aos alunos
realizarem pesquisas durante as aulas.
Acredito também que a Modelagem Matemática deveria ser utilizada como um
processo de ensino pelo fato de ela buscar elementos que fazem parte do cotidiano.
Durante o estudo, pude comprovar que o interesse do aluno pelos conteúdos
depende de estes terem relação com a sua realidade, tornando-se, dessa forma,
agente ativo do seu processo de aprendizagem. Barbosa (2004, p. 4) pontua que
“Nesse caso [uso de atividades com Modelagem], o professor teve menos controle
sobre as atividades dos alunos e esses tiveram uma maior oportunidade de
experimentar todas as fases do processo de Modelagem”.
106
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho, produzido durante o Curso de Pós-Graduação stricto
sensu do Centro Universitário UNIVATES e realizado em uma Escola Estadual, no
Município de Santana, Estado do Amapá, com a turma do 3º ano do Ensino Médio,
objetivei investigar quais as implicações pedagógicas e sociais decorrem do uso da
Modelagem Matemática e o tema bicicleta. Neste sentido, desenvolvi a intervenção
pedagógica utilizando a Modelagem Matemática como metodologia de ensino aliado
a perspectiva de Barbosa (2003), visando à produção de conhecimento.
Ao concluir esta dissertação, considero que o trabalho desenvolvido
proporcionou experiências Matemáticas e que estas foram estimulantes e
significativas por envolverem o cotidiano do próprio aluno. As atividades levaram a
turma a atitudes diferenciadas frente às propostas de ensino, o que demonstra a
relevância da temática. Com as atividades realizada de interesse dos alunos pude
constatar que que os alunos ficaram motivados para o aprendizado.
A pesquisa propôs uma intervenção pedagógica a partir da metodologia da
Modelagem Matemática e o uso da bicicleta no município de Santana. Foram
abordadas situações provenientes da sua utilização, além de vários assuntos
matemáticos, como: funções; geometria plana, espacial e analítica; gráficos e
tabelas; porcentagem, dentre outros. Esses conteúdos proporcionaram a elaboração
de modelos a partir do estudo da bicicleta.
Durante as apresentações, os alunos expuseram todas as dificuldades
envolvendo a utilização desse transporte, bem como experiências bem sucedidas. O
107
envolvimento da turma com o processo comprovou que ocorreram transformações
quanto ao modo de pensar. Cabe destacar que constatei o aprendizado de questões
de relevância social, como por exemplo, a relação da saúde pública com a bicicleta,
a sinalização do código de trânsito das bicicletas, os acidentes no trânsito, a
precariedade das vias públicas, problemas relacionados à utilização da bicicleta no
Município de Santana e a necessidade de conscientização do uso do citado meio de
transporte.
A quantidade de poluentes que o carro produz na natureza e a diferença do
custo de seu uso com o de bicicleta despertou enorme interesse nos alunos. Em
vista disso, logo no início, ocorreu uma grande interação entre eles, ocasionando a
formação de apenas um grande grupo, momento em que estudaram conversão de
medidas, cálculo da quantidade de carros e poluentes produzidos na natureza. Isso
os levou a descobrir o quanto cada automóvel polui no decorrer de sua vida útil,
motivo pelo qual destacaram a importância do incentivo da utilização da bicicleta.
Durante a apuração do questionário, em que foram entrevistados os
estudantes do turno da manhã, os grupos relacionaram o uso da bicicleta com a
realidade de suas vidas, constatando a enorme economia proporcionada por esse
meio de transporte. Logo após a apuração do questionário no laboratório de
informática, foram trabalhados conteúdos matemáticos, tais como: construção de
gráficos de barra, coluna, setores, linhas. Ademais, retomei conteúdos das séries
anteriores, como: função constante, crescente e decrescente. Por meio desse
processo, a turma pôde constatar a aplicabilidade da Matemática em situações reais.
Aatividade envolvendo o inventário da bicicleta proporcionou o estudo de
alguns conteúdos matemáticos. Nesse momento, os alunos reconheceram vários
conteúdos que já haviam estudado em anos anteriores e os que ainda seriam
desenvolvidos durante o processo. Na apresentação dos grupos, foram tratados
assuntos matemáticos provenientes da bicicleta, tais como: geometria plana,
espacial e analítica; funções9. Para os que participariam do ENEM, trabalhar esses
conteúdos favoreceu a sua preparação para a prova.
Cabe lembrar que, no início do projeto, ouvia muitas lamentações dos alunos,
9
Destaco que os conteúdos de geometria espacial e geometria analítica estavam previstos no plano
da disciplina para o terceiro ano e ainda não tinham sido trabalhados com os alunos.
108
que desejavam o término rápido do projeto, pois, segundo eles, representava uma
perda de tempo e o professor “estava enrolando”. Além do mais, queriam “ver
Matemática, principalmente geometria”. Mas, à medida que a prática pedagógica era
desenvolvida, percebiam que estavam aprendendo matemática de uma forma
diferente, mostrando-se, no final, bastante satisfeitos.
As atividades oriundas da realidade estabeleceram relações da Matemática
com o contexto, proporcionando debates críticos, como estratégias para obter
melhorias no ensino e na aprendizagem. A seguir, algumas contribuições da prática
pedagógica:
a) Durante o desenvolvimento da proposta, os alunos do 3º ano do Ensino
Médio se tornaram mais interessados, empenhados e estimulados para a
aprendizagem de conteúdos matemáticos.
b) Motivação dos alunos devido à conexão entre a Matemática e a realidade
no desenvolvimento das atividades com a bicicleta.
c) A importância da realização de atividades em outros ambientes e não
somente na sala de aula. Estas ocorreram no pátio da escola e no
laboratório de informática, um dos pontos positivos na avaliação dos
alunos.
d) Matemática e o social – bicicleta e trânsito. Conscientização da
importância do uso da bicicleta como meio de transporte, bem como dos
direitos e deveres dos ciclistas. Houve também uma mudança de postura
do aluno quanto à sua utilização.
e) Estabelecimento das relações dos conteúdos matemáticos presentes nas
peças da bicicleta – o envolvimento dos alunos nas apresentações foi
muito produtivo.
f) Postura de aluno como pesquisador – durante as atividades, os discentes
se tornaram investigadores e eu, professor, apenas um orientador.
g) Contribuiu com um ensino voltado à participação e cooperação dos alunos,
além de promover o resgate dos saberes e valores que já possuíam. O
109
trabalho em grupo foi valorizado e todos se envolveram nas atividades
propostas. A colaboração entre os discentes foi constante durante a
intervenção.
Após o desenvolvimento desta prática, acredito que é possível discutir,
analisar e refletir sobre questões do cotidiano dos alunos nas aulas de Matemática.
Ademais, essas discussões permitem a construção de conhecimentos por meio de
trocas e experiências.
Penso ser relevante destacar que o presente trabalho contribuiu com a minha
formação profissional, pois, a partir dele, passei a refletir sobre a possibilidade de
relacionar o conteúdo matemático a ser estudado com a realidade do aluno. Acredito
que, dessa forma, minhas aulas se tornarão mais dinâmicas e participativas, e os
alunos, críticos e autônomos. Saliento também a importância do trabalho em equipe
que antes não utilizava em minhas aulas. Constatei que os discentes, ao serem
desafiados, estabelecem, em conjunto, estratégias para a solução dos problemas.
Durante meus estudos sobre a Modelagem Matemática e desenvolvimento
desta prática pedagógica, constatei que o ensino não pode continuar acontecendo
de dentro para fora da escola, mas sim de fora para dentro. Aliado a isso, penso que
deveríamos estabelecer situações de interesse que proporcionam motivação aos
nossos alunos para que eles sintam vontade de aprender. Percebi a importância de
ouvi-los durante as minhas aulas, pois a sua participação contribui para a melhoria
dos processos de ensino e de aprendizagem. Também posso destacar que, a partir
desta pesquisa, o uso da Modelagem Matemática, como metodologia de pesquisa,
fará parte das minhas aulas, pois acredito que ela torna as aulas de Matemática
mais interessantes e dinâmicas. Ademais, torna os alunos agentes ativos de sua
aprendizagem. .
110
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120
APÊNDICES
121
APÊNDICE A - Respostas do Questionário Investigativo sobre o uso da
Bicicleta no Município de Santana, Estado do Amapá
RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO SOBRE O USO DA
BICICLETA NO MUNICÍPIO DE SANTANA ESTADO DO AMAPÁ
Aluno
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01.Você e sua família andam de bicicleta?
Resposta
Sim
Não por que andamos, mas de carro mais de vez em quando eu e meu irmão andamos de
bicicleta para fazemos exercícios.
Sim porque único transporte que e mais fácil de lidar e um transporte mais barato por que
não paga nada que anda e meu tio minha tia minha prima e meu primo.
Sim, minha mãe meus irmãos meus tios todos da minha família, principalmente eu.
Sim, porque e um meio de transporte que toda população tem, e mais fácil de dirigir e
mais pratico pra todos na minha casa só eu e a minha tia andam de bicicleta o meu tio só
anda de moto.
Sim, mas da minha família apenas meu pai, meus parentes todos andam, mais eles não
moram com nós.
Sim, porque é divertido pedalar, eu e meus irmãos andamos de bicicleta.
Sim andamos.
Sim.
Sim.
Não, às vezes eu e os meus irmãos andamos de bicicleta.
Sim, porque precisamos andar principalmente quando for pra lugar mais. Minha família
toda.
Sim, porque necessitamos, e também e excelente para prática de exercícios. Todos de
casa andamos.
Sim meu pai vai para o trabalho, meu irmão a escola, minha tia vai ao supermercado e eu
vou a escola.
Sim mais nem todos andam.
Sim, meus irmãos e meu pai.
Não, eu e a minha família só andamos de carro ou moto.
Sim, minha mãe, pai e irmão e o nosso único meio de transporte.
Sim.
Sim, meu avô, meus tios, minha irmã e meus primos.
Sim, meu pai, minhas cinco irmãs menos a mamãe porque ela não sabe andar.
Sim, desde muito tempo pego a minha primeira queda, minha irmã, meu irmão e meu pai.
Sim, eu e a minha tia.
Sim, eu e minha mãe ela vai trabalhar de bicicleta.
Sim, ando na bicicleta do meu irmão.
02. Por que você anda de bicicleta?
Resposta
Por que é um transporte barato, rápido, que faz bem a saúde, não polui o meio ambiente.
Por que é muito mais fácil de locomover e muito melhor, pois não temos que enfrentar o
trânsito e ajuda a não poluir o meio ambiente.
Por que é transporte mais barato por que as pessoas não pagam nada, também para
fazer exercícios físicos para nossa saúde.
Por que é mais fácil andar de bicicleta, do que pegar um ônibus e um meio de transporte
bem saudável.
Porque é um dos meios de transportes que tem na minha casa e todo mundo lá anda de
bicicleta e um transporte veloz que todo mundo gosta serve para ir para o trabalho e para
praça e outros.
Meu pai anda de bicicleta, pois ele trabalha no seu dia a dia, e como todo trabalhador é
honesto e às vezes não temos condições de comprar uma coisa melhor andamos de
(Continua...)
122
(Continuação)
A7
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bicicleta mesmo.
Porque, é um transporte mais rápido que ônibus, porque o ônibus para muitas vezes para
pegar outros passageiros, que fica atrasando quem está com pressa e com a bicicleta é
melhor por que ela não.
Eu ando de bicicleta porque o meu único meio de transporte é a bicicleta e também
porque é bom andar de bicicleta. É também um esporte muito bom pra saúde de todos.
Porque não tenho transporte como carro, moto e não gosto de transporte alternativo.
Como ônibus e etc. E acredito que a bicicleta também é um esporte.
Porque além de ser fácil de andar ela faz bem pra saúde e não polui o meio ambiente.
Porque e o mais rápido de chegar ao ponto, não e caro como os ônibus servem para
atividade de lazer.
Porque ajuda nosso corpo a fazer exercício, e é legal.
Porque é meu único transporte é bem barato e não polui o meio ambiente.
Porque necessito praticar exercícios e também e único transporte que tenho para se
deslocar da minha casa a escola. Não preciso pagar 2,50 para uma passagem de ônibus.
Para mim ter melhor locomoção nas ruas ou então para mim chegar em algum local mas
rápido.
Único meio de transporte que tenho, mobilidade maior no transito e transporte do trabalho.
Não ando.
Porque é um meio de transporte sustentável, que faz bem para saúde e um meio de se
locomover na cidade.
Por que faz bem pra saúde.
Porque faz bem a saúde pra movimentar o corpo.
Porque é melhor de que andar de pé facilita mais pra gente, podemos ir em qualquer
lugar, mais barato e exercita o corpo.
Por que é o meio de transporte.
Eu moro longe da escola, e o meu único meio de transporte.
Demora muito passar o ônibus.
Por que e um meio de transporte barato.
Quais as vantagens de andar de bicicleta?
Resposta
Por que faz bem ao corpo, faz bem ao meio ambiente, é um exercício físico, é um esporte.
As vantagens são que andar de bicicleta e rápido, ajuda na saúde a fazer exercícios e
muito fácil de locomover, a bicicleta ajuda a não poluir o ambiente.
São os esportes que podem praticar na bicicleta e também não polui o meio ambiente,
pega vento no rosto.
Você fica 100% de saúde, você chega em um local rápido, não prejudica o meio ambiente
e também serve como exercício.
A5: A bicicleta traz muitas coisas boas pra nossa vida a gente faz exercício, passear com
a família e correr.
A bicicleta traz muitas coisas boas pra nossa vida a gente faz exercício, passear com a
família e correr.
Uma das vantagens são os movimentos que fazemos com isso nos exercitamos muito é
conseguimos ficar em forma e também ajuda muito na boa forma do ciclista, além de
proporcionar bem estar.
É mais rápido, divertido é com ela é mais fácil desviar de carros e pedestres é
principalmente não polui o meio ambiente é ainda nós ajuda até melhorar as condições
físicas.
Andar de bicicleta é um esporte. Então é uma grande vantagem para a saúde de todos
O ciclismo é um dos melhores esportes, porque pedalar movimenta todo o corpo e
também acho que, emagrece evita infarto e combate ao estresse. A final o esporte é a
melhor cura para os problemas.
Faz bem pra saúde, e fácil de andar.
Excelente para pratica de exercícios e movimenta as pernas.
A vantagem é ajuda a nossa saúde por que não polui o meio ambiente.
É por que nós exercitamos o corpo e porque o ônibus é ruim de pegar é o único transporte
que temos.
As vantagens e que você se senti, mas disposto a fazer as coisas, a bicicleta é um tipo de
esporte para nos exercitarmos no nosso dia- a – dia.
(Continua...)
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(Continuação)
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As vantagens não poluir o ar, o bom para as pessoas se exercitar faz bem para a saúde.
Não prejudica o meio ambiente e um meio de praticar exercício físico.
Fazer exercício, ajuda na musculatura do corpo, deixa as pernas fortes. É e um meio de
transporte para alguns.
É um transporte barato e fácil de se andar pela cidade, facilitando seu percurso.
Não polui o meio ambiente, é mais fácil de se locomover.
É melhor de andar na rua, e não prejudica o meio ambiente, e fico com bom físico.
Ajuda a nós, não poluir o meio ambiente serve para nos praticar exercícios e muito mais.
Sim um ciclista, ajuda, as pessoa a ter uma boa forma e tem menos problema de saúde.
Chega rápido na escola.
Uma boa forma do corpo.
Não tem custo nem um, e ajuda na saúde.
Quais as desvantagens de andar de bicicleta?
Resposta
As desvantagens é que a bicicleta é um meio de transporte arriscado, pela falta de
ciclovias, e a bicicleta tem que lutar com os carros, motos, ônibus, caminhões pelo um
pedaço de espaço nas ruas que favorece a um acidente.
As desvantagens são que não temos muitos lugares para poder andar pois os carros
tomam todo o espaço das ruas, e a rua esta cheia de buracos, acontece muitos acidentes
alguns graves
Que anda no sol não tem quase lugar para andar os carros não respeitam o ciclista no
transito.
As desvantagens são que você pega insolação, fura o pneu, as ruas que e só buraco e
desgasta a bicicleta, falta de ciclovia e risco de um carro bater.
Pode sofrer acidentes bater com o carro cair em um buraco.
Muitas vezes, em muitas ruas não tem ciclovia e as vezes acidentes acontecem muito
deles são gravíssimos.
Nós podemos ser atropelados, se não prestarmos atenção nas ruas, a bicicleta é um
objeto que é facilmente roubado.
Hoje em dia na cidade onde moro é muito difícil o tráfico de bicicleta, as ruas tem muitos
buracos e as ciclovias são somente no centro.
Acho que você teria uma péssima saúde, porque andar de bicicleta é um esporte, e se
você não praticar a sua saúde será andar de bicicleta movimenta todo o corpo.
Tem que ficar consertado e fura o pneu.
Melhor do que andar a pé no sol quente que da dor de cabeça, andar de bicicleta e ser
atropelado.
As desvantagens é que muitas, por que tem gente que tem problemas não tem bicicleta
para fazer exercício de bicicleta a gente anda no sol quente.
Quando o sol está quente queima muito a pele, e quando chove molha todo a gente.
As desvantagens e que a bicicleta não é um meio de transporte que não pode nos
proteger da chuva ou do sol, como o carro. Isso não é legal.
Não tem ciclovia, tem mas risco de sofrer acidentes.
Um meio de transporte que é muito vulnerável à acidentes.
Ela não tem muita proteção como carro. A gente sua pedalando e a segurança para os
ciclistas não é boa e os ciclistas correm risco de vida.
Que nesse município não é respeitado esse transporte, os carros e ônibus param encima
da faixa do ciclista e muitos pedestres andam no lugar das bicicletas.
Que as ruas são cheias de buracos e que quase não tem ciclovias em Santana.
O risco de acontecer muitos acidentes.
Muitos ciclistas não respeitam a sinalização é isso prejudica muito nos devemos andar
com muito cuidado e evitar acidentes.
A pessoa ter problema de saúde, a não ser se praticar algum esporte, pode não ser uma
boa forma.
O transido da cidade e muito ruim.
O sol e muito forte e a gente fica queimado.
Quando fura o pneu a gente tem que vim andando para casa.
(Continua...)
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(Conclusão)
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Cite conteúdos matemáticos presentes no uso e na estrutura de uma bicicleta.
Resposta
Como a roda da bicicleta que forma um circulo, o quadro da bicicleta que forma um
triangulo retângulo.
A combinação do raio forma um triângulo, o pneu forma um circulo o banco da bicicleta
forma um triângulo.
O circulo que e a roda bicicleta, triângulo que a gente senta para pedalar.
A roda, quadro, coroa e catraca.
Roda circunferência, selim um triangulo, quadro um triangulo, a coroa um circulo a catraca
uma função.
A roda lembra um círculo, o quadro lembra um triângulo retângulo, a garupa lembra um
retângulo.
A roda e um circulo, e ainda usando ela nós podemos fazer na rua círculos, quadrados,
triângulos etc...
A roda é redonda, o selim e um triângulo e a garupa é um retângulo.
Na estrutura da bicicleta, a roda pois é uma circunferência. O quadro, pois torna um
triângulo, e com o uso da bicicleta a movimentação, para calcular a distância.
O pneu tem forma de circulo.
As rodas em forma de circulo a coroa e a catraca.
Um círculo, um triangulo, a coroa e a catraca.
As combinações de raios formam triângulo e rodas formam circulo o cilindro é formado de
triângulo.
A vários tipos de bicicleta, e cada uma bicicleta tem um ou dois conteúdos matemáticos.
Como o quadrado parece o quadro de uma bicicleta, o celinho comum um triângulo e
outros.
O cilindro e o pneu.
Roda da circunferência e o quadro e um triangulo retângulo.
O pneu é redondo, a garupa é quadrada.
Uma função na coroa e na catraca da baick, uma circunferência na janci e forma de um
triangulo nos raios.
O pneu é um círculo, o selim é um triângulo e a garupa é um retângulo.
O pneu é um circulo e o selim é um triângulo.
Na roda da bicicleta.
O raio em forma de um triângulo retângulo o quadrado e a roda.
O guidom forma um ângulo teto.
No uso vejo a função que relaciona velocidade e aceleração e na estrutura vários
triângulos na roda e vejo um circulo escrito.
Aquando estamos pedalando tem um movimento circular, na bicicleta a roda e uma
circunferência.
125
APÊNDICE B - Termo de concordância da direção da instituição de ensino
TERMO DE CONCORDÂNCIA DA DIREÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Ao senhor (a) Diretor da Escola Estadual Professora Elizabeth Picanço Esteves –
Santana Estado do Amapá.
Autorizo o mestrando Fábio Andress dos Santos, aluno regularmente matriculado no
Curso de Pós-graduação Stricto Sensu, Mestrado Profissional em Ensino de Ciências
Exatas, do Centro Universitário UNIVATES de Lajeado, RS, para coletar dados neste
estabelecimento de ensino, para a realização de sua pesquisa de Mestrado, intitulada: “O
USO DA BICICLETA NO MUNICÍPIO DE SANTANA: UM ESTUDO UTILIZANDO
MODELAGEM MATEMÁTICA”. O objetivo geral da pesquisa é investigar quais as
implicações pedagógicas e sociais decorrentes da exploração de atividades envolvendo
Modelagem Matemática e o tema bicicleta, com alunos do 3º ano do Ensino Médio, nos
processos de ensino e de aprendizagem.
Tenho ciência de que a coleta de dados pretende ser realizada por meio de
observações, questionários, filmagens de aulas e atividades junto aos alunos do 3 o. ano do
Ensino Médio nesta instituição.
Pelo presente termo de, declaro que autorizo a realização da pesquisa prevista na
Escola Estadual Professora Elizabeth Picanço Esteves – Santana Estado do Amapá.
Data_____/____/_____
_________________________________________________
Direção da Escola
_________________________________________________
Fábio Andress dos Santos
Mestrando em Ensino de Ciências Exatas – UNIVATES
126
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Com o intuito de alcançar o objetivo proposto para este projeto: “investigar quais as
implicações pedagógicas e sociais decorrentes da exploração de atividades envolvendo
Modelagem Matemática e o tema bicicleta, com alunos do 3º ano do Ensino Médio, nos
processos de ensino e de aprendizagem” que será desenvolvido na Escola Estadual
Professora Elizabeth Picanço Esteves – Santana Estado do Amapá.”, venho por meio deste
documento declarar meu interesse em participar desta pesquisa que faz parte da
dissertação de mestrado desenvolvida no programa de Pós Graduação Stricto Sensu,
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas, tendo como Orientadora a Professora
Dra. Marli Teresinha Quartieri.
Deste modo, declaro estar ciente de que a partir da presente data:
- Os direitos da entrevista respondida (questionários), dos apontamentos registrados
no diário de campo e das filmagens de aulas realizada pelo pesquisador, serão utilizados
integral ou parcialmente, sem restrições.
- Estará assegurado o anonimato nos resultados dos dados obtidos, sendo que todos
os registros ficarão de posse do pesquisador por cinco anos e após esse período serão
extintos.
Será garantido também:
- Receber a resposta e/ou esclarecimento de qualquer pergunta e dúvida a respeito
da pesquisa.
- Poderá retirar seu consentimento a qualquer momento, deixando de participar do
estudo, sem que isso traga qualquer tipo de prejuízo.
Assim, mediante termo de Consentimento Livre e Esclarecido, declaro que autorizo
minha participação nesta pesquisa, por estar esclarecido e não me oferecer nenhum risco
de qualquer natureza. Declaro ainda, que as informações fornecidas nesta pesquisa podem
ser usadas e divulgadas neste curso Pós-graduação stricto sensu, Mestrado Profissional em
Ensino de Ciências Exatas do Centro Universitário, bem como nos meios científicos,
publicações eletrônicas e apresentações profissionais.
________________________________
______________________
Pesquisador: Fábio Andress dos Santos
Participante da pesquisa
[email protected]
127
APÊNDICE D - Questionário para entrevista dos alunos da manhã
Abaixo, encontra-se o questionário elaborado em conjunto:
1) Você utiliza a bicicleta com qual finalidade?
( ) Como meio de transporte
( ) Para praticar esportes
( ) Como Lazer
( ) Não utiliza
2) A bicicleta é o seu principal meio de transporte?
a) ( ) Sim
b) ( ) Não
3) Quantas pessoas na sua casa utilizam a bicicleta?
a) ( ) Uma
b) ( ) Duas
c) ( ) Três ou mais
d) ( ) Nenhuma
4) Qual a sua preferência pelo tipo de bicicleta?
a) (
) Equipada
b) (
) Esportiva
c) (
) Normal
d) (
) Não tenho preferência
5) Quais os benefícios que a bicicleta traz para vida?
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APÊNDICE E - Questionário de Avaliação Final sobre a Prática Realizada
Centro Universitário Univates
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS EXATAS
Mestrando: Fábio Andress dos Santos
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO FINAL SOBRE A PRÁTICA REALIZADA
Aluno(a):___________________________________________Nº__________
Data:_______/_____/_2014.
De acordo com sua observação e participação nas práticas realizadas em
sala de aula envolvendo o uso da bicicleta, faça uma avaliação final descrevendo os
seguintes pontos:
a) Os pontos positivos e os pontos negativos caso necessário.
b) Quais os pontos a melhorar?
c) O que aprenderam no desenvolvimento das aulas?
d) O que aprenderam de Matemática com as atividades?
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MODELAGEM MATEMÁTICA E BICICLETA: PROPOSTA