Coração Saudável
Dr. Rafael Manhabosco – Cardiologista
Ao longo dos últimos trinta anos, observou-se uma mudança significativa no perfil de
morbimortalidade da população brasileira, com grande predomínio das doenças crônicodegenerativas, dentre elas o câncer e as doenças cardiovasculares (DCV).
No Brasil, as DCV são a principal causa de mortalidade. Até a idade de 50 anos, os homens são mais
acometidos. Esta aparente predisposição a um número maior de eventos clínicos no sexo masculino
ocorre especialmente numa idade precoce. Após os 50 anos, idade em que geralmente as mulheres
entram na menopausa, a incidência de DCV nas mulheres aproxima-se à dos homens, indicando um
papel protetor do estrogênio (principal hormônio feminino) nas mulheres.
O evento clínico, infarto do miocárdio/acidente vascular cerebral, é a linha final de um longo processo
conhecido como aterosclerose - acúmulo lento e progressivo de gordura na parede dos vasos
sanguíneos. Este processo inicia-se nos primeiros anos de vida e é influenciado diretamente pelos
nossos hábitos. Estes, juntamente com a predisposição familiar, o sexo e a idade, constituem-se no
que costumamos chamar de fatores de risco. Podemos dividi-los em: Não modificáveis - história
familiar, sexo e idade, e Potencialmente modificáveis - tabagismo, obesidade, hipertensão arterial,
diabetes e colesterol. Estes últimos são responsáveis por aproximadamente 80% de todos os eventos
clínicos
Para identificar esses fatores modificáveis, surgiu o conceito de "check-up cardiológico", que tem
como objetivo avaliar as chances (os riscos) de uma pessoa vir a ter uma doença cardiovascular.
Com esta análise, o médico é capaz de classificar o paciente em níveis de risco, que conforme
classificação de Framingham podem variar de baixo risco (até 10% de eventos clínicos em 10 anos) à
risco elevado (mais de 20% de eventos em 10 anos).
Conforme a categoria de risco, o médico traça um plano de ação, que varia desde a simples
mudança no estilo de vida, à solicitação de exames complementares e a intervenções mais
complexas, como o cateterismo cardíaco. O "check up" cardiológico consiste em encontrar um
equilíbrio que traga segurança ao paciente e tranquilidade ao médico.
Não há uma idade definida para a primeira avaliação cardiológica, embora a Sociedade brasileira de
Cardiologia recomende que ela deva ocorrer até os 40 anos em homens e até os 50 anos nas
mulheres. A Organização Mundial de Saúde sugere uma avaliação básica aos 30 anos ou a partir dos
20 anos naqueles com fatores de risco. Independente da idade, o mais importante para a prevenção
das DCV é a mudança de hábitos de vida, em ambos os sexos e o mais precoce possível.
Coração Saudável - Dr. Rafael Manhabosco - Cardiologista (01-10-2012)
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