4
Economia - [email protected]
O Estado do Maranhão - São Luís, 9 de agosto de 2009 - domingo
Primeiro semestre foi o pior
dos últimos anos, avalia CNI
Mesmo com o resultado considerado ruim, Confederação Nacional da Indústria já identifica uma
recuperação do faturamento em junho, com tendência de melhorar com as vendas de fim de ano
B
RASÍLIA - O primeiro semestre do ano foi o pior
dos últimos anos, na avaliação da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), que aponta,
no entanto, uma recuperação já
em curso. Para a CNI, a mudança na economia será puxada pelo mercado doméstico.
Semana passada, a instituição divulgou indicadores que
mostram crescimento do faturamento real de indústria em 1,6%
em junho em comparação com
o mês anterior. Em relação a junho do ano passado, porém,
houve queda de 5,8%, a oitava
nesse tipo de comparação desde
o início da crise internacional,
que começou a refletir no Brasil
em outubro. É o período mais
longo de piora desses indicadores, segundo a CNI, que teve sua
série histórica inciada em 2003.
Segundo o gerente executivo
da Unidade de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da CNI,
Renato da Fonseca, o impacto
da crise só não é comparável ao
da crise de 1929 porque não se
tem os dados estatísticos de então da maneira que se tem atualmente. Mas, com certeza, não
houve nada parecido nos últimos 10 ou 20 anos, afirmou.
"Em termos de comparação de
semestre, foi o pior. O tombo realmente da crise aconteceu no final
do ano passado e no início deste
ano. Foi uma das piores crises que
o Brasil e os outros países enfrentaram", acrescentou Fonseca.
Na comparação por semestres, a queda registrada este ano
no faturamento da indústria foi
de 7,7% em relação ao ano passado. Os números mostram
Agência Brasil
ainda que o uso da capacidade
instalada passou de 79,8% para 79,3% de maio para junho. A
queda foi maior em relação a
junho de 2008, quando o índice foi de 83,2%.
No mês, as horas trabalhadas
aumentaram 0,2% em relação a
maio, mas caíram 9,5%, se comparadas a junho do ano passado. No semestre, o setor acumula queda de 8,4% no total de horas trabalhadas. O índice praticamente voltou ao mesmo patamar de 2006. A queda na ocupação acaba afetando a massa
salarial, que registrou recuo de
2,9% em relação a junho do ano
passado e, no semestre, acumula baixa de 1,7%, comparandose com igual período de 2008.
"A expectativa é que o ajuste
chegue ao final na questão de
redução do emprego. Só que o
emprego demora a responder.
Ele demorou a cair no início da
crise. A expectativa é que haja
uma estabilidade nos próximos
meses", afirmou Fonseca. Uma
queda na massa salarial significa para a CNI que pode haver
redução no consumo e que isso se refletiria no crescimento
do mercado interno.
Ele acredita, porém, em uma
recuperação agora no segundo
semestre devido às vendas de
fim de ano, que tradicionalmente representam um incremento
ao setor. Para o economista, os
efeitos da crise estão acabando
e deve haver recuperação. Fonseca descarta, porém, que haja
uma compensação das perdas
que o país sofreu do início da crise até agora e não quis anunciar
quais setores poderiam puxar a
Renato da Fonseca, da CNI, afirmou que a crise no último semestre foi a pior dos últimos 20 anos
recuperação do setor industrial.
"Acredito que isso vai acabar
chegando aos eletrônicos (por
exemplo), um setor que ainda
mostra queda muito forte, e aos
demais setores da indústria. É
muito difícil prever qual setor seria o carro-chefe dessa recuperação", concluiu.
Emprego
na indústria
recua 0,1%
em junho
RIO - O nível de emprego na
indústria caiu 0,1% em junho,
na comparação com maio
deste ano. Foi a nona queda
consecutiva em relação ao mês
imediatamente anterior, mas a
menos intensa na passagem de
um mês para o outro em oito
meses. Em relação a junho de
2008, a queda é de 6,6%.
Com esse resultado, o emprego industrial fechou o primeiro semestre com queda de
5,1% em relação a igual período
do ano anterior. Nos 12 meses
fechados em junho, caiu 1,9%.
Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
mostram redução no ritmo de
queda da atividade do país.
Download

Primeiro semestre foi o pior dos últimos anos, avalia CNI