ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS E URBANÍSTICAS 01. Município: Uberlândia 02. Distrito: Sede 03. Designação: Igreja Espírito Santo do Cerrado 04. Endereço: Avenida dos Mognos, 355 - Bairro Jaraguá 05. Propriedade: Propriedade Privada - Eclesiástica 06. Responsável: Ordem dos Padres Franciscanos 07. Histórico: A Igreja Espírito Santo do Cerrado foi projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, iniciando-se o projeto em 1975, quando o Frei Egydio Parisi e o Frei Fúlvio Sabia pediram à arquiteta que lhes fizesse um desenho. Com os moradores, foi constituído um “conselho de construção”, por eles mesmos eleito. Conseguiu-se uma ajuda substancial da organização alemã Adveniat, sediada em Essen. A Igreja foi construída em um sistema de mutirão, realizando-se, assim, um trabalho em conjunto entre arquiteto e mão-de-obra. De 1975 a 1981, a arquiteta esteve por diversas vezes em Uberlândia, para dar prosseguimento à construção, escolhendo os materiais, fazendo todos os detalhamentos in loco e, principalmente, trabalhando diretamente com os mestres de obras e os operários. 09. Documentação Fotográfica: 08. Descrição: A Igreja Espírito Santo do Cerrado constitui-se de um conjunto formado pelo espaço de celebração – a igreja propriamente dita, por uma residência para três religiosas, um salão e um campo de futebol. A implantação destes foi realizada através da execução de quatro platôs, sendo o mais baixo no limite da Avenida dos Ipês e, o mais alto, no limite da Rua das Mangabeiras. Na realização desse projeto foram utilizados materiais do próprio local, tais como tijolos de barro e a estrutura portante de madeira, em aroeira da região. Restringiu-se o emprego do concreto armado apenas às partes essenciais da estrutura: pilares e vigas dos volumes circulares da igreja e da residência. O volume da igreja é localizado na parte mais alta do relevo. Seu acesso se dá frontalmente à Avenida dos Mognos, por uma porta de madeira treliçada. O volume é constituído por um círculo, cuja estrutura do telhado é sustentada por 8 pilares em madeira, dispostos regular e ortogonalmente. A estrutura do volume apresenta vigas e pilares em concreto armado, aparentes na fachada, com fechamento externo em tijolinho também aparente. As paredes internas apresentam massa e pintura na cor branca, aplicadas em uma intervenção posterior. O piso é realizado em pedra portuguesa, com pintura na cor rosa, com corredor central com piso com pintura branca e moldura em toda a extensão da circunferência na cor preta. A Igreja não possui forro, ficando aparentes a estrutura do telhado em madeira e o revestimento em telhas capa-e-canal. Foram colocados pilares em madeira para escoramento de vigas que apresentam rachaduras. O altar situa-se em um nível um pouco acima do nível da Igreja, recebendo piso em cimento queimado vermelho. No telhado acima do altar, o revestimento é realizado em telhas translúcidas, destinadas a proporcionar iluminação nessa área. A parte posterior do altar é fechada por uma parede de alvenaria, que recebe textura nas cores azul e branco. Atrás dessa parede, localiza-se uma sala que abriga a sacristia, com fechamento lateral também em paredes de alvenaria, contando com armários, mesas, cadeiras, mesa de som. Desse espaço, tem-se acesso ao campanário, que não possui sino. As instalações elétricas e hidráulicas da Igreja são aparentes, apresentando, em alguns locais, fiação exposta. O volume da residência, também circular, está situado em um platô em um nível abaixo do da Igreja. Seu acesso principal conduz a um hall, que permite a entrada tanto à secretaria da Paróquia quanto à sala da administração. Desta última, tem-se acesso a um banheiro e ao hall de circulação interno dos dormitórios. Na secretaria da Paróquia foi instalada uma divisória, criando-se um pequeno depósito. Deste, tem-se acesso à cozinha, e desta à uma despensa. Todos os ambientes possuem forro em réguas de madeira e o piso é constituído de tábuas corridas de madeira, exceto nas áreas molhadas – cozinha, banheiros e lavanderia, que é feito em cimento. O volume conta com um pátio interno central, descoberto, com uma pequena fonte, que atualmente não funciona. O piso desse pátio é feito em cimento, com seixos rolados. As janelas dos dormitórios, banheiros e outras dependências voltam-se para esse pátio, assim como uma porta que dá acesso à cozinha e outra à sala da secretaria. Todas as paredes internas recebem massa com pintura, sendo que os banheiros recebem revestimento em cerâmica branca, 15x15cm. A estrutura do telhado é em madeira, com revestimento em telhas capa-e-canal. No hall de circulação interno, uma parte da cobertura, localizada acima da escada que permite acesso à Igreja, recebe revestimento em vidro temperado, no formato de um triângulo, proporcionando iluminação à essa área. Da cozinha, tem-se acesso à lavanderia, que conta com um banheiro e um tanque. Da lavanderia, descendo-se para um nível inferior, chega-se a uma área coberta – destinada originalmente à churrasqueira, que hoje possui alguns bancos e uma pia, sendo utilizada pela creche. Esse espaço possui uma escada, que permite acesso ao subsolo do volume da residência, que abriga duas salas de depósito e um banheiro. Nessa área, o piso é em cerâmica vermelha, 15x15cm, e as paredes possuem revestimento apenas de reboco grosso. No mesmo nível dessa área coberta localiza-se o salão, destinado a eventos, reuniões e festas; constitui-se de um volume com estrutura com pilares de madeira, que sustentam a estrutura também em madeira do telhado. Seu fechamento é em peças roliças de madeira, até a altura do telhado. O piso é feito em placas de concreto. No nível mais baixo, no limite com a Avenida dos Ipês, encontrase o campo de futebol, originalmente gramado, que hoje recebe pavimentação com placas de concreto. Na parte voltada para a avenida acima citada, o lote recebe fechamento em muro de alvenaria. Na face voltada para a Avenida dos Mognos, recebe grade. 10. Uso Atual: ( ( ( ) Residencial ) Comercial ) Industrial 11. Situação de Ocupação: ( X ) Própria ( ) Cedida ( ) Outros ( ) Serviço ( X ) Institucional ( ) Outros 12. Proteção Legal Existente ( X ) Tombamento ( ) Municipal ( ) Federal ( X ) Estadual ( ) Nenhuma Designação: Igreja Espírito Santo do Cerrado ( ( ) Alugada ) Comodato 13. Proteção Legal Proposta: ( ( ( ( ( ( ) Tombamento Federal ) Tombamento Estadual ) Tombamento Municipal ) Entorno de Bem Tombado ) Documentação Histórica ) Inventário ( ( ( ( ( ) Tombamento Integral ) Tombamento Parcial ) Fachadas ) Volumetria ) Restrições de Uso e Ocupação 14. Análise do Entorno - Situação e Ambiência: O entorno da Igreja Espírito Santo do Cerrado encontra-se bastante adensado, diferentemente da época em que foi inaugurada, em que existiam poucas edificações no bairro – considerado periferia. Atualmente, o entorno é constituído por edificações em sua maioria térreas, cujo uso predominante é o residencial. Existem, no entanto, na área, uma creche, localizada ao lado da Igreja, e algumas edificações destinadas ao comércio local, tais como bares, mercearias e sacolão. Não há uma tipologia arquitetônica específica e predominante nas edificações do entorno. Situado em uma esquina, o terreno da Igreja, que ocupa toda a extensão da quadra, é delimitado pela Avenida dos Mognos, Avenida Ipê e Rua das Mangabeiras. As duas avenidas são de duplo sentido, com canteiro central arborizado, contando, cada uma delas, com duas pistas de rolamento e uma pista para estacionamento. A Rua das Mangabeiras também possui duplo sentido, com duas pistas de rolamento e estacionamento nos dois lados. A calçada, em todas as três vias de circulação, possuem 5 metros de largura. Entretanto, na extensão do lote da Igreja, a calçada não é pavimentada, possuindo apenas grama, que não conta com manutenção e cuidados especiais. Também nessa extensão, existem três sibipirunas. Quanto ao fluxo de veículos, na Avenida Ipê, ele é intenso; na Avenida dos Mognos, é moderado; e na Rua das Mangabeiras, é pequeno, configurando-se como uma via de acesso residencial. 15. Estado de Conservação: ( ) Excelente ( X ) Bom ( X ) Regular ( ) Péssimo 16. Análise do Estado de Conservação: Igreja: O espaço circular que abrange a igreja propriamente dita – local de celebração de missas – encontra-se em estado de conservação regular. A edificação apresenta problemas físico-construtivos e problemas estéticoformais. Na primeira classificação, encontram-se principalmente os problemas relacionados à estrutura do telhado, que apresenta vigas em madeira com início de processo de rachamento (foram colocados escoramentos nas peças que apresentam essas rachaduras, no entanto, esses escoramentos, de madeira pouco resistentes, têm sido atacados por cupins, comprometendo a função a que se destina), e às instalações elétricas, visto que essas estão aparentes, com fiação exposta e com risco de curto-circuito. Na segunda classificação, encontram-se as intervenções realizadas no imóvel, que provocaram uma sensível descaracterização deste em relação ao projeto original da arquiteta Lina Bo Bardi: aplicação de massa sobre o tijolinho nas paredes internas da Igreja (que em alguns pontos apresentam rachaduras); fechamento dos vãos de iluminação em toda a extensão da Igreja, provocando perda da circulação cruzada de ar; construção de paredes de alvenaria, formando um cômodo para abrigar a sacristia, localizada atrás do altar; pintura da pedra portuguesa do piso; recobrimento do piso do altar, originalmente de tijolinho, em cimento queimado vermelho; entre outros. Residência: O volume que abriga atualmente a administração da Paróquia Espírito Santo do Cerrado encontrase em bom estado de conservação, visto que mantém sua integridade físico-construtiva. Os problemas identificados nesse local são de fácil resolução: desgaste em peças do forro de madeira; necessidade de troca de algumas peças danificadas do rodapé em madeira; desgaste e manchas no piso em cimento da cozinha e banheiros. Esse volume, assim como o da Igreja propriamente dita, apresenta intervenções descaracterizantes em relação ao projeto original: substituição de uma esquadria original; instalação de forro em réguas de madeira; entre outros. Salão: O salão encontra-se em bom estado de conservação, no que tange à sua integridade física e construtiva. A estrutura do volume e do telhado, as telhas, o fechamento e o piso não apresentam danos. No entanto, assim como os dois volumes anteriores, o salão sofreu intervenções conflitantes com o projeto original: fechamento com peças de madeira até a altura do telhado; pavimentação do piso com placas de concreto; entre outros. 17. Fatores de Degradação: Os principais fatores de degradação identificados na edificação estão relacionados à presença de cupins; infiltrações de água pelo telhado (o que foi solucionado com uma completa revisão em sua estrutura e vedação, mas que provocou danos em peças do forro em madeira); desgaste natural de materiais em função do uso; e, principalmente, a realização de intervenções improcedentes e descaracterizantes em relação ao projeto original de Lina Bo Bardi. 18. Medidas de Conservação: As principais medidas de conservação a serem realizadas na Igreja Espírito Santo do Cerrado são: tratamento e cuidados especiais de peças de madeira para o combate à atuação dos cupins; substituição de peças danificadas do forro; manutenção do imóvel; execução de um projeto de restauração que venha solucionar os problemas que a edificação apresenta, sem descaracterizar o projeto original e sem provocar a perda da qualidade arquitetônica, ambiental e de conforto aos usuários. 19. Intervenções: Igreja • • Aplicação de massa sobre o tijolinho, anteriormente aparente, nas paredes internas da igreja, com pintura em tinta branca; Fechamento dos vãos de iluminação e ventilação cruzada, antes existentes em toda a extensão da circunferência do volume da igreja, também com massa, provocando uma sensível queda no conforto ambiental do espaço; • Colocação de pilares de madeira para funcionarem como escoramento de vigas que apresentam rachaduras; não cuidando para que essas peças fossem realmente resistentes, visto que se apresentam em processo de degradação pela ação de cupins, prejudicando a função para a qual foram destinados; • Construção de um cômodo com paredes de alvenaria, localizado atrás do altar, com paredes chegando até a estrutura do telhado, ocasionando assim, a perda da qualidade estética do espaço, cujo volume circular foi quebrado por uma intervenção totalmente improcedente; • Substituição do piso do altar, originalmente de tijolinho, por cimento queimado vermelho, provocando perda da unidade no piso, que era totalmente realizado em pedra portuguesa; • Pintura do piso em pedra portuguesa em toda a parte interna da Igreja, na cor rosa, efetuando-se pintura da piso de corredor central na cor branca. • Instalação de luminárias, sem cuidados com a fiação elétrica, que encontra-se aparente e com fios expostos. Residência • Substituição da porta da atual sala da administração, onde a esquadria original foi retirada e em seu lugar foi instalada uma porta de madeira com uma moldura em vidro jateado, no qual foi inscrito o nome do Padre Henrique; • Fechamento do vão da porta de acesso ao banheiro, que anteriormente se abria para o hall de entrada da residência, transferindo-se esse acesso para a sala da administração, configurando esse banheiro como privativo; • Instalação de forro em réguas de madeira em toda a área interna da residência; • Instalação de divisórias na atual sala da secretaria da Paróquia (antiga sala de reuniões); • Construção de um subsolo, abaixo da residência, com acesso pela parte posterior – próximo à churrasqueira, que conta com duas áreas para depósito de materiais e um banheiro; • Ampliação da cobertura da área da churrasqueira. Salão • Substituição do fechamento do espaço, a meia altura, em bambu, por peças em madeira roliça, cuja altura alcança a estrutura do telhado; • Pavimentação do piso, originalmente em terra batida, por placas de concreto. Campo de Futebol • Pavimentação do campo com placas de concreto, em substituição à grama, provocando com isso, além da impermeabilização do solo, um aumento considerável na temperatura local; • Fechamento do campo com muro em alvenaria, encimado por uma cerca de arame farpado. Área externa • Fechamento frontal com grade metálica, na extensão da esquina da Avenida Ipê até o nível do platô onde localizase a residência – acesso principal da Igreja. Esta grade faz também o fechamento do acesso externo do salão, quebrando o caráter público da instituição; • Construção de um volume anexo para abrigar a secretaria da Paróquia, encostado no volume cilíndrico do campanário, provocando perda da qualidade estética da edificação; • Instalação de guarda-corpos metálicos no nível mais elevado do terreno, na parte frontal. 20. Referências Bibliográficas: • Bardi, Lina & Almeida, Edmar de. Igreja Espírito Santo do Cerrado – 1976/1982. Editora Blau – Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1999. Lisboa, Portugal. 21. Informações Complementares: 22. Atualização de Informações: 23. Ficha Técnica: Fotografias: Data: Elaboração: Cíntia Chioca Data: outubro/2002 Revisão: Fábio Leite Data: outubro/2002