Fundações Estatais como
estratégia para Novos Modelos
Públicos de Gestão
Hospitalar
Pedro R. Barbosa – ENSP/FIOCRUZ
CONASEMS
Joinville - SC
27/06/07
1
O Problema I




Reconhecimento da inadequação e da rigidez do
modelo da administração pública direta e autárquica
para a gestão hospitalar eficiente e com qualidade
Dificuldades decorrentes da limitada autonomia de
gestão, com particular estrangulamento na área de
gestão das pessoas
Alternativas jurídico-administrativas sendo
legalmente questionadas (p.ex.:fundações de apoio,
organizações sociais – nível federal)
Insuficiente integração dos hospitais aos sistemas
regionais/SUS – ausência de contratos com funções
definidas e avaliação de desempenho
2
O Problema II




A Crise dos hospitais no Rio de Janeiro eleva
responsabilidades do Governo Federal quanto a
capacidade pública de gestão hospitalar
Pressões crescentes dos órgãos de controle – MPF,
TCU – alternativas existentes questionadas e “com dias
contados”
Ações no atual modelo de gestão são insuficientes e
paliativas, quando não agravam os problemas
(concursos públicos, sistemas de gratificações,
melhorias administrativas, etc);
Risco e perdas de conquistas nos atuais Institutos e
Hospitais federais, considerando a produção e a
qualidade da assistência;
3
Preliminares da Proposta – Plano
Federal





Diagnóstico dos Principais Problemas dos Institutos
e Hospitais do MS
Análise de Alternativas (de Modelos) por
Especialistas em Administração Pública e Gestão
Hospitalar - MPOG e MS
Identificação de Bases Legais
Posicionamento Preliminar de Dirigentes do
Ministério da Saúde e do Planejamento
Projeto de Lei Complementar
4
Dimensões do Projeto

Jurídica e Institucional: Lei de constituição,
estatutos, outros atos legais

Sistema de Gestão e Contrato de Gestão

Gestão das Pessoas
5
Princípios do Modelo
SUS Exclusivo
Autônomo e Flexível
Público e Estatal
6
A Proposta do Governo Federal
FUNDAÇÃO ESTATAL
Nova personalidade
jurídico-administrativa
Gestão de RH
pela CLT *
*considerando
transição dos
atuais RJU
Eficiência
Qualidade
Foco no Cliente
Integração no
SUS
Sustentabilidade
Inovação
Novos mecanismos de
acompanhamento e
prestação de contas
no âmbito do MS/SUS
Financiamento
mediante contrato
de gestão
7
Modelo Proposto
Autonomia de Gestão
Nova personalidade
jurídico-administrativa:
FUNDAÇÃO ESTATAL
Novo dispositivo na relação
Governo/hospital:
Contrato de gestão
Novos mecanismos de
Accountability
8
Fundação Estatal
Autonomia de Gestão
Novos Mecanismos de
Accountability
Contrato de gestão
Profissionalização
da Gestão
Nova Estrutura
de Incentivos
Gestão de RH
Inovadora
Melhoria do Desempenho Organizacional
9
Características das FUNDAÇÕES
ESTATAIS
V - CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Normas de Controle e Fiscalização previstos nos Estatutos – Conselho
Externo de Administração;

Supervisão do Ministério da Saúde e demais instâncias de contratação
regional e/ou municipal;

Tribunal de Contas;

Ministério Público

Subordinação ao Controle Social em Saúde exercido pelos Conselhos
de Saúde Local e Regional/Estadual em decorrência da Inserção do
Hospital no Sistema Loco-regional.
10
Características das FUNDAÇÕES
ESTATAIS
VI – Contrato de Gestão

Objetivos, Metas, Prazos, critérios de controle e avaliação,
obrigações e responsabilidades de seus dirigentes;
Investimento anual com base em percentual de receitas em
ações de inovação, capacitação de pessoal, adequação
mobiliária e imobiliária;

Fixação de teto percentual para gastos com pessoal;

Dirigentes com penalidade de perda de mandatos no caso de
descumprimento do contrato de gestão injustificadamente;

11
Características das FUNDAÇÕES
ESTATAIS
VII – Estrutura Organizacional

Conselho Curador (de Administração) – Órgão de Direção
Superior, Controle, Fiscalização e Avaliação;

Comissão ou Conselho Fiscal – Órgão de Assessoramento ao
Conselho Curador na área de gestão contábil, patrimonial e
financeira;

Conselho de Direção – Direção Executiva, responsável pela
gestão técnica, patrimonial, administrativa e financeira
12
Características das FUNDAÇÕES
ESTATAIS
VII – Regime
de Pessoal

Regime Jurídico da CLT

Aprovação do Plano de Carreira e Salários pelo Conselho
Curador, incluindo benefícios, reajustes, etc, em consonância
com Contrato de Gestão

Previsão na Lei das Demissões pela CLT.

Previsão na Lei para o enquadramento/alinhamento do
pessoal estatutário – processo de transformação.
13
FUNDAÇÃO ESTATAL:
características em síntese








Autonomia de Gestão
Regime CLT – Acordo Coletivo do Trabalho
Não integra o orçamento público: financiamento via
contrato de gestão
Contabilidade típica de empresa estatal
Sistema de compras e contratos por regulamento
próprio (base 8666)
Governança com Conselho Curador/Administração
(majoritário governamental)
Gestão profissionalizada
Contrato de Gestão com Dirigentes do SUS
14
Ganhos Esperados
•







Profissionalização da Gestão
Uso mais Eficiente dos Recursos
Ganhos em Produtividade e Qualidade
Sustentabilidade Política, Jurídica e Econômica
Alavancagem Institucional: formulação de políticas,
ensino, P&D
Maior integração ao SUS
Maior Controle Social
Diretriz para Gestão (hospitalar) no SUS e
aprimoramento do aparelho de Estado brasileiro
15
Custos Econômicos
Associados






“Recontratação” da força de trabalho com base em
pesquisa salarial
Estrutura gerencial profissionalizada
Introdução de novos sistemas e ferramentas de
gestão
Ajustes no custeio associados aos novos padrões de
desempenho
Investimentos associados ao desenvolvimento
institucional
Custos de transação relacionados à
operacionalização dos contratos
16
Algumas Considerações

Proposta responde a um problema real dos hospitais
federais e também de hospitais estaduais e municipais

Solução é ajustada com a literatura e com experiências
internacionais no âmbito da reforma hospitalar

Plena implementação envolve mudanças para além do
modelo jurídico - processo exige um tempo de
aprendizado e de maturação

Proposta possui efeito demonstrativo e de liderança do
Governo Federal com efeito multiplicador no país
(muitos estados e mesmo municípios já encontram-se
com propostas análogas, aguardando a Lei
Complementar)
17
Projeto Fundações Estatais
Fim
18
Razão de ser da Autonomia de Gestão




No modelo tradicional de gestão, as decisões concentram-se no
nível central, distantes dos hospitais e daqueles que detêm
informações relevantes associadas a tais decisões, sendo uma
das principais causas do desempenho insatisfatório desses
estabelecimentos.
Além disso, esse modelo centralizado torna os processos de
tomada de decisão mais burocráticos e morosos.
Um modelo fundado em uma maior autonomia de gestão
significa não só dotar os dirigentes hospitalares de maior poder
de decisão, como responsabilizá-los diretamente pelo
desempenho dessas organizações.
A autonomia de gestão também confere maior agilidade e
flexibilidade à condução dos hospitais públicos, estabelecendo
condições mais efetivas para que essas organizações respondam
às políticas, diretrizes e incentivos governamentais.
19
Razão de ser da Autonomia de Gestão



Um modelo fundado em uma maior autonomia de gestão
deve ainda resultar na conquista de uma maior estabilidade
política para os hospitais públicos
Tal modelo de gestão envolve, em contrapartida, a adoção
de novos dispositivos de acompanhamento, prestação de
contas e responsabilização, como Conselhos de
Administração e contratos de gestão.
A autonomia de gestão tem sido tomada como o elemento
central das reformas dos modelos de gestão hospitalar
pública em diversos países - Reino Unido, Austrália, Nova
Zelândia, India, Indonésia, Quênia.
20
Esferas da Autonomia de Gestão
1. Autonomia de escopo
2. Autonomia orçamentária-financeira
3. Autonomia na gestão das pessoas
4. Autonomia na área de compras e contratos
5. Autonomia para associações
21
Esferas da Autonomia de Gestão
1.
Autonomia de escopo
2.
Autonomia orçamentário-financeira
3.
Autonomia na gestão das pessoas
4.
Autonomia na área de compras e contratos
5.
Autonomia para associações
• A missão, o elenco e o volume dos
serviços oferecidos pela Instituição
são objeto de pactuação junto às
autoridades do SUS e são fixadas no
contrato de gestão
• O Hospital dispõe de liberdade para
introduzir inovações no âmbito dos
procedimentos e das tecnologias
empregadas
22
Profissionalização da Gestão
 Ampliação e Capacitação do Quadro de
Gerentes Hospitalares
 Política de remuneração dos gerentes
hospitalares compatível com as suas novas
responsabilidades
 Aprimoramento do Sistema de Gestão dos
Institutos/Hospitais
Combinação de conhecimentos, dispositivos, métodos, técnicas e
instrumentos de gestão adotados nas diferentes áreas de
funcionamento da organização com vistas ao alcance de seus
objetivos.
23
Aprimoramento do Sistema de Gestão
Envolve o aperfeiçoamento e ou a implantação de
dispositivos organizacionais, ferramentas de gestão e, em
particular, sistemas de informação gerencial, de gestão de
custos, de planejamento, acompanhamento e avaliação e
instrumentos de melhoria contínua das distintas áreas de
funcionamento institucional.


Áreas destacadas:
o
o
o
o
o
o
Assistência
Ensino
Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico
Gestão das Pessoas
Orçamentário-Financeira
Administração – logística
24
“Accountability” ou responsabilidade

dever dos indivíduos ou organizações (agentes) de
prestar informações a respeito e ou justificativa para suas
ações perante outros (principal). Ser “accountable”
significa ter a obrigação de responder sobre suas ações e
ou decisões .

diz respeito também aos procedimentos e processos por
meio dos quais uma determinada parte (agente) apresenta
justificativa e se responsabiliza por suas ações perante uma
outra parte (principal)
25
Tipos de “Accountability”
financeira: remete-se às decisões relativas ao
emprego dos recursos financeiros disponíveis,
compreendendo a análise da eficiência de alocação dos
mesmos

performance: refere-se à prestação de contas relativa
aos resultados organizacionais alcançados frente àqueles
previamente estabelecidos

política/democrática: tem por objeto verificar em que
medida o governo ou uma dada organização
governamental atende às necessidades e expectativas de
seus cidadãos/usuários, diz respeito à legitimidade dos
26
órgãos do governo

Novos Dispositivos de “Accountability”

Institutos e hospitais federais uma vez convertidos em
fundações estatais, não se encontram mais sob o mando direto e
hierárquico do MS, passando a gozar de maior autonomia
gerencial. Esta situação exige a instauração de dispositivos
novos, indiretos, de “accountability” como os contratos de
gestão e os Conselhos de Administração.

Os Conselhos de Administração têm uma função estratégica
no Modelo de Gestão proposto, constituindo o locus central de
prestação de contas, de acompanhamento e avaliação do
desempenho institucional.
27
Contrato de Gestão


Instrumento utilizado para pactuar ou contratar objetivos
institucionais entre o ente executor das ações de saúde e o
mantenedor institucional
Dispositivo de "acompanhamento e avaliação do
desempenho institucional da entidade contratada e de
aperfeiçoamento das suas relações de cooperação,
supervisão e fiscalização com o poder público". (doc.
Governo Federal / Casa Civil e MPOG)


O contrato de gestão implica na explicitação de
compromissos e metas almejadas, favorecendo a
instauração de uma “cultura de resultados” na organização
O processo de contratualização e de acompanhamento dos
contratos resulta em custos adicionais de transação
28
A Natureza do Contrato de Gestão
proposto para os Institutos e o GHC

Contrato não diz respeito apenas a uma compra de
serviços (SESSP/OSS)

Contrato tampouco constitui um mero dispositivo para a
incorporção de incentivos no financiamento dos
Institutos
Contrato como instrumento nuclear de pactuação
e acompanhamento do funcionamento e do
processo de alavancagem institucional
29
Contrato de Gestão: Dimensões do Objeto
O objeto do contrato deve ser especificado de acordo com
dimensões e eixos norteadores da ação institucional, que
compreendem o conjunto das atividades ali realizadas e
requerem financiamento e acompanhamento distintos
Dimensões:
 Assistencial
 Ensino
 Pesquisa e Desenvolvimento
 Sistema de Gestão
 Gestão das Pessoas
 Gestão Econômica e Financeira
30
Contrato de Gestão: Eixos Norteadores do Objeto
Eixos Norteadores:

Qualidade

Eficiência

Inovação

Inserção no SUS
31
Matriz Programática do Contrato
DIMENSÕES/ EIXOS
NORTEADORES
Qualidade
Eficiência
Inovação
Inserção
no SUS
Assistência
Ensino
Pesquisa e
Desenvolvimento
tecnológico
Sistema de
Gestão
Gestão das
Pessoas
Gestão Econômicofinanaceira
32
Elementos da nova Estrutura de Incentivos




Financiamento da instituição condicionado ao
desempenho
Política de investimentos conforme resultados
alcançados
Manutenção e renovação do mandato do
dirigente hospitalar sujeitas à avaliação dos
cumprimento de compromissos e metas fixadas
no contrato
Introdução de uma parte variável no sistema de
remuneração dos funcionários
33
Desempenho Organizacional
Principais componentes :

Qualidade

Foco no Cliente

Eficiência

Inovação

Inserção no SUS
34
Atributos do Modelo








AUTONOMIA
GOVERNANÇA
PROFISSIONALIZAÇÃO DA GESTÃO
FINANCIAMENTO
GESTÃO DAS PESSOAS
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
ADEQUAÇÃO TECNOLÓGICA
ORGANIZAÇÃO DO CUIDADO
35
Atributos voltados às Finalidades
(Missão e Desempenho)





QUALIDADE
EFICIÊNCIA
P & D e ENSINO
ASSISTÊNCIA FOCADA NO CLIENTE
INSERÇÃO NO SUS
36
Questões gerais e encaminhamentos ordenadores dos processos
de gestão e das relações de trabalho.
• Estabelecer processo de negociação com os trabalhadores, via mesa de
negociação específica ou permanente.
Os trabalhadores podem instituir um Fórum inter-sindical e destacar deste os
representantes para a mesa de negociação
 Considerar a possibilidade de na fase de finalização do Acordo, envolver o
Ministério Público.
• Definir data base unificada para o acordo coletivo de trabalho.
Entre maio e junho seria o período ideal para estabelecer a data base,
considerando o cronograma de elaboração do orçamento federal, que deverá
prever os recursos para o Contrato de Gestão
37
Questões gerais e encaminhamentos ordenadores dos processos
de gestão e das relações de trabalho.
• Questões básicas a serem estabelecidas em Protocolo de Relações de
Trabalho/ Acordo Coletivo de Trabalho.
 Formas de remuneração/ salários de ingresso.
 Jornada de trabalho/ período de descanso.
 Escala de trabalho e compensação horária.
 Horas extras/ Banco de horas.
 Sobreaviso (plantão a distância)
38
Questões gerais e encaminhamentos ordenadores dos processos
de gestão e das relações de trabalho.
Questões básicas a serem estabelecidas em Protocolo de Relações de
Trabalho/ Acordo Coletivo de Trabalho.
 Trabalho e adicional noturno.
 Férias anuais /parcelamento /cancelamento ou adiamento.
 Faltas/ atrasos/ ausências justificadas e licenças.
Estabilidade/ insuficiência de desempenho/ desídia no desempenho das
respectivas funções.
 A questão das gratificações/ complementação por exercício de função de
gestão (cargo de confiança) – parcela atribuível.
39
Questões gerais e encaminhamentos ordenadores dos processos
de gestão e das relações de trabalho.
• Questões básicas a serem estabelecidas em Protocolo de Relações de Trabalho/
Acordo Coletivo de Trabalho.
Auxílio alimentação / vale transporte.
Exames de admissão e demissão.
Atividades insalubres ou perigosas / insalubridade e periculosidade.
Segurança e medicina do trabalho/ saúde ocupacional/ fornecimento e uso de
EPI.
Garantias aos membros da CIPA.
Contribuições: Assistencial e Confederativa profissional.
 Outros tópicos...
40
Condição para os atuais
servidores

-
-
-
Direitos garantidos
Manutenção nos atuais planos de carreira
Evolução nos atuais planos com todos os
benefícios, até a aposentadoria
Cessão com ônus para as fundações
Alinhamento com novo Plano
(complementações possíveis)
Nova pactuação no trabalho
41
Download

- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão