EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE SEXUAL
Célio Henrique Gonçalves1
RESUMO
O presente artigo como finalidade tratar a diversidade sexual na educação, e suas
manifestações em várias instâncias da sociedade presente. Discute também a posição do
educador diante da homossexualidade no ambiente escolar e procura desconstruir preconceitos
e discriminações referentes à diversidade sexual. Procura fornecer ainda alternativas aos
educadores, principalmente professores da Educação pública, para uma aproximação com
jovens homossexuais, ou que apresentam tendências homossexuais, no ambiente escolar.
Palavras-chave: Diversidade Sexual. Educação. Direitos Humanos.
No Brasil muitos educadores se sentem despreparados para enfrentar a temática
“diversidade” em suas escolas. A pesquisa “Juventudes e Sexualidade”, publicada em 2004
pela UNESCO2, mostrou que 60% dos professores brasileiros afirmaram não ter conhecimento
o suficiente para lidar com a questão da diversidade em sala de aula e apontou que a
dificuldade de desenvolvimento de projetos e capacitações para o corpo docente reside no
fato de que o mesmo, também, está incluído em um contexto social carregado de preconceitos
e dogmas.
Preconceitos que, muitas vezes, são reproduzidos sem crítica no espaço
escolar.
A Escola tem importante função no processo de conscientização, orientação e
instrumentalização dos corpos da criança e do adolescente. A instituição escolar, ao classificar
os sujeitos pela classe social, etnia e sexo, tem historicamente contribuído para (re)produzir e
hierarquizar as diferenças.
1 Bacharel em Teologia pelo Centro Universitário Isabella Hendrix; especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional, com ênfase em Inclusão Social pela ISEIB – BH/MG e, atualmente, trabalha como agente de
relacionamento no programa Jovem Aprendiz (Instituição sem Fins Lucrativos – ISBET).
2
ABRAMOVAY, MIRIAM. Juventude e sexualidade / Miriam Abramovay, Mary Garcia Castro e Lorena
Bernadete da Silva. Brasília: UNESCO Brasil, 2004.
Essa tradição deixa à margem aqueles que não estão em conformidade com a norma
hegemônica e, desta forma, não contempla a inclusão da diversidade sexual, proposta na
atualidade. Esse cenário alerta para o papel da educação no combate à homofobia, por meio de
ações que promovam a construção de uma sociedade justa e equilibrada e que garanta os
direitos humanos, por intermédio da integração das Políticas Públicas citadas aos Parâmetros
Curriculares Nacionais de 1997 para a Orientação Sexual.
No ambiente escolar, a discriminação e o desrespeito para com as diversidades humanas,
raciais, religiosas, sexuais e de gênero, são pontos significativos para evasão escolar e isto
revela que a escola, enquanto instituição social, reproduz as estruturas histórico-culturais que
inferiorizam, desqualificam e ou imobilizam pessoas que não respondem aos modelos
cristalizados e socialmente legitimados do que é bom, bonito e correto. Assim, tratar a
diversidade no ambiente escolar é um grande desafio contemporâneo.
É preciso pensar uma didática e uma maneira de relacionar-se com a diversidade no
ambiente escolar, procurando desconstruir preconceitos e discriminações quanto à orientação
sexual dos alunos e funcionários, condição social e cor da pele. O preconceito e a
discriminação como violações do direito de igualdade são, sempre, atitudes culturais dirigidas
a membros de um grupo ou categoria social combinadas de crenças e juízos de valor.
Por isso fica a pergunta, Por que é necessário refletir sobre as diversidades no ambiente
escolar? Porque as diversidades humanas não passam despercebidas nas escolas – sejam elas
de ensino fundamental, médio ou superior – e toda pessoa, independente de sua condição
sexual, social e raça tem o direito à educação, dignidade, igualdade e liberdade, etc.
O diálogo sobre a diversidade sexual, apesar de necessário nas escolas, muitas vezes é
evitado e, no ambiente escolar, os assuntos relacionados ao sexo e à sexualidade, geralmente
são reduzidos aos aspectos biológicos e médicos, são tratados por ideais heteronormativos e
por profissionais inseguros ou desconhecedores do tema. O papel dos educadores na quebra
do silêncio para implementar o direito humano à igualdade é fundamental.
Tornando-se primordial reconhecer as diversidades sexuais e tirá-las da invisibilidade
este é o primeiro passo para uma didática democrática e respeitosa. A crescente mobilização
de diversos setores sociais em favor do reconhecimento das diferenças tem correspondido a
uma percepção cada vez mais aguda do papel estratégico da educação para a diversidade. Ela
é vista como fator essencial para garantir inclusão, promover igualdade de oportunidades e
enfrentar
toda
sorte
de
preconceito,
discriminação
e
violência,
especialmente no que se refere a questões de gênero e sexualidade. Essas questões envolvem
conceitos fortemente relacionados, tais como gênero, identidade de gênero, sexualidade e
orientação sexual, que requerem a adoção de políticas públicas educacionais que, a um só
tempo, contemplem suas articulações, sem negligenciar suas especificidades. Para isso, é
preciso considerar a experiência escolar como fundamental para que tais conceitos se
articulem ao longo de processos, em que noções de corpo, gênero e sexualidade, entre outras,
são socialmente construídas e introjetadas. Uma experiência que apresenta repercussões na
formação identitária de cada indivíduo, incide em todas as suas esferas de atuação social e é
indispensável para proporcionar instrumentos para o reconhecimento do outro e a
emancipação de ambos.
A escola e, em particular, a sala de aula, é um lugar privilegiado para se
promover a cultura de reconhecimento da pluralidade das identidades e
dos comportamentos relativos a diferenças. Daí, a importância de se
discutir a educação escolar a partir de uma perspectiva crítica e
problematizadora, questionar relações de poder, hierarquias sociais
opressivas e processos de subalternização ou de exclusão3. (SILVA,
1996, 2000 e 2001).
Da mesma maneira, pode ser observada também como espaço de construção de
conhecimento e de desenvolvimento do espírito crítico, onde se formam sujeitos, corpos e
identidades. A escola tornar-se-ia uma referência para o reconhecimento, respeito,
acolhimento, diálogo e convívio com a diversidade.
Se a escola se dispuser a pensar a diversidade, automaticamente se torna um local
de questionamento das relações de poder e de análise dos processos sociais de produção de
diferenças e deixando de ser uma das precursoras em desigualdades, opressão e sofrimento.
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação
(Secad/MEC)4 deveria entender que, em uma perspectiva inclusiva, políticas educacionais que
correlacionam gênero, orientação sexual e sexualidade não devem se restringir à dimensão à
saúde sexual e reprodutiva. É preciso ir além e, ao mesmo tempo,
partir de outros pressupostos.
3
4
SILVA, 1996, 2000 e 2001.
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) O objetivo da Secadi é
contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino, voltado à valorização das diferenças e da
diversidade, à promoção da educação inclusiva, dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental,
visando à efetivação de políticas públicas transversais e intersetoriais. Site:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=290&Itemid=816 (Consultado em
16/06/14 às 08:55 horas)
Dessa forma, ao falar em diversidade sexual, a Secad/MEC deveria procurar, antes,
situar questões relativas a gênero, orientação sexual e sexualidade no terreno da ética e dos
direitos humanos, vistos a partir de uma perspectiva emancipadora. Assim fazendo, evitaria
discursos em sala de aula que, simplesmente, relacionam tais questões a doenças ou a ameaças
a uma suposta normalidade. Ao mesmo tempo, afastaria tanto posturas naturalizantes, quanto
atitudes em que o cultural passa a ser acolhido ou recusado de forma simplista e acrítica.
Nesse sentido, vê-se como fundamentais investimentos em formação inicial e continuada de
educadores/as, uma vez que a oferecida não contempla conteúdos que os/as prepare para esses
debates. Tal lacuna percebida nas escolas dificulta a adoção de uma visão positiva sobre o
outro (que é percebido como diferente, desigual, inferior ou anormal), especialmente em
matéria de sexualidade. Da mesma forma uma permanente revisão curricular e a produção,
difusão e avaliação contínua do material didático, são importantes para promover enfoques e
conteúdos pedagogicamente mais adequados.
As pequenas tentativas de pensar a diversidade sexual nas escolas no Brasil, em certo
sentido, repercutem nos movimentos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Movimentos
que por sua vez, integram a ampla mobilização social por direitos civis e políticos.
Com o acesso a internet percebe-se uma grande aceleração da globalização, gerando,
portanto movimentos por direitos humanos que se apoiam cada vez mais a temas relacionados
a diversidade e sexualidade que por sua vez são discutidos e em diversas conferências e
convenções organizadas pelas Organizações das Nações Unidas.
Tais discussões têm catalisado a formulação de políticas e a construção de instrumentos
jurídicos especialmente voltados a enfrentar as situações de desigualdade, injustiça e
iniquidade. A Constituição Brasileira de 19885 representa o marco institucional-legal mais
relevante na história recente, consolidando mudanças nos marcos conceituais e
organizacionais, e, possibilitando transformações no campo dos direitos humanos. É
importante dizer que os direitos das mulheres apresentam alto grau de consolidação,
amparados em instrumentos internacionais de direitos humanos e em legislação ordinária
brasileira, fortalecida a partir da Constituição. O mesmo não é verdade para os direitos de
gays, lésbicas, transexuais, transgêneros e bissexuais.
O fundamentalismo religioso e o
repúdio à homossexualidade por parte de várias religiões, assim como a pressão exercida por
grupos religiosos junto a governos e organismos internacionais têm sido as principais
barreiras para a regulação internacional dos direitos de LGBT.
5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm (Consultado em 16/06/14 às 09:00 horas)
É de incumbência do governo e da escola criar condições e estratégias para que alunos
homossexuais tenham liberdade de expressão e se sintam seguros no ambiente escolar, sem
medo de agressões tanto físicas como morais. Para que isso possa ocorrer, o incentivo de
professores e responsáveis é de extrema importância. Aulas, palestras e vídeos dialogando
sobre a sexualidade e suas diferentes combinações podem ajudar nesta luta de conscientização
da diversidade sexual.
Luiz Mott diz em seu Artigo: O/A jovem homossexual na escola6, que a educação
diferenciada para jovens homossexuais no Brasil pode parecer, para alguns professores e pais
mais conservadores, uma espécie de provocação dos próprios homossexuais assumidos,
desejosos em fazer proselitismo de sua orientação sexual. Porém, se deve lembrar que o
princípio da livre orientação sexual dos jovens e adolescentes é um direito humano
fundamental garantido pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e
pelos principais documentos internacionais de Direitos Humanos.
Assim violar tais diretos é ir contra, não só com a Constituição Federal, mas também
aos órgãos de grande representatividade para o cenário internacional como o Conselho Federal
de Medicina, o Conselho Federal de Psicologia, a Organização Mundial de Saúde e as
principais Associações Científicas brasileiras e internacionais. Por exemplo, desde 1970, nos
Estados Unidos e, desde 1985 no Brasil, deixaram de considerar a homossexualidade como
desvio ou doença, mas sim uma orientação sexual tão saudável e normal quanto a
bissexualidade ou a heterossexualidade; já que desde 1821, com o fim do terrível tribunal da
Santa Inquisição, o amor entre pessoas do mesmo sexo deixou de ser crime7. Não existindo
nenhuma lei no Brasil que condene as relações homoeróticas; considerando que respeitados
teólogos católicos, protestantes e judeus negam ser pecaminosa a prática homossexual8.
Já é tempo de se abandonar esta mentalidade e acabar com tamanha violência contra os
jovens homossexuais. Neste sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) permite
uma leitura mais humanitária e menos homofóbica, podendo tornar-se instrumento legal na
defesa
da livre orientação sexual dos/as jovens.
6
MOTT, Luiz Roberto de Barros. O/A jovem homossexual na escola. Noções básicas de Direitos Humanos para
Professores/as da Educação Básica. No prelo. 2009.
7
http://www.diversidadecatolica.com.br/opiniao_mott.asp(Consultado em 16/06/14 às 12:33 horas)
8
KOSNIK, 1982; VIDAL, 1985; HORNER, 1989; Boletim do GGB, 1996 - perguntam: se não é pecado, crime
ou doença ser gay, lésbica ou transgênero, o que justifica tanto medo e repressão contra os homossexuais?
Resposta: ignorância, preconceito, falta de informação científica e desrespeito aos direitos humanos
fundamentais do cidadão (Manual do Sobrevivência Homossexual, 1996; ABC dos Gays, 1995).
A criança e o adolescente têm o direito à liberdade, ao
respeito e à dignidade como pessoas humanas. (ECA Artigo 15).
Humilhar, insultar ou castigar uma criança ou adolescente simplesmente porque
demonstra tendência homossexual, é um acinte contra o Estatuto quando garante: “O direito
ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade e da autonomia”.
A escola incentiva e impedir que crianças e adolescentes desenvolvam livremente sua
orientação homossexual. Viola assim o artigo 18 da mesma Lei9. Portanto, é irrevogável que
os órgãos governamentais competentes, ao divulgar a Campanha Nacional de Combate à
Violência contra a Criança10, condenem não apenas a exploração sexual e prostituição
infanto-juvenil, mas também o abuso psicológico e as advertências e violências físicas
praticadas contra os jovens homossexuais. Pensar a Diversidade Sexual nas Escolas como
Práxis é um primeiro passo para se corrigir tais abusos. Afinal, a Constituição Federal estipula
como um dos objetivos fundamentais da República: “lutar contra todas as formas de
preconceitos”.
Luiz Mott diz que a homofobia é ainda o principal preconceito existente em nossa
sociedade. Os educadores deste país devem pensar que a livre orientação sexual infantojuvenil também é direito humano e que só uma educação diferenciada, que respeite as
especificidades étnicas e a livre orientação sexual das crianças e adolescentes, poderá
garantir que cada um se constitua como sujeito a partir de suas diferenças. Afinal, os
homossexuais também são seres humanos, cidadãos e têm os mesmos direitos que qualquer
adulto, criança ou adolescente.
É descabido aceitar que as escolas brasileiras deixem as crianças serem humilhadas,
castigadas e violentadas física e psicologicamente só porque manifestam uma orientação
sexual diferente da heteronormatividade11. Tendo em vista o patético conceito relativamente
comum de muitos educadores e profissionais da saúde que se afrontam com a presença de
jovens homossexuais em seu círculo de relações, Luis Mott enumera uma série de sugestões
9
Artigo 189 da LDB determina: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, atemorizante, vexatório ou constrangedor.”
10
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/campanha-de-enfrentamento-a-violenciacontra-a- crianca-e-o-adolescente/nao-desvie-o-olhar.-fique-atento.-denuncie. (Consultado em 10/03/14 s 19:00
horas)
11
Perspectiva que considera a heterossexualidade e os relacionamentos entre pessoas de sexo diferente como
fundamentais e naturais dentro da sociedade, levando por vezes à marginalização de orientações sexuais
diferentes da heterossexual (De hetero + normatividade) Porto: Porto Editora, 2003-2014.
que devem ser levadas em consideração para que o professor e a professora possam orientar
um jovem que apresenta tendências homossexuais e solicita seu auxílio. Caso o adolescente
procure aconselhamento junto a profissionais ou a algum amigo ou familiar, estas
questões elaboradas por ele auxiliarão a orientá-lo de forma mais solidária e consequente, na
busca de sua realização como ser humano12. A primeira atitude segundo Mott é não se
surpreender nem fazer escândalo: o homoerotismo13 sempre existiu, sobretudo entre
adolescentes. Procure ganhar a confiança do aluno ou aluna para que sinta em você um aliado
com quem pode se abrir e ter solidariedade no caso de ser discriminado.
A segunda medida mais inteligente e respeitadora dos direitos humanos segundo Mott, é
oferecer apoio no caso de perceber que o aluno ou a aluna demonstram necessitar deste tipo
de atenção. Tais jovens geralmente vivenciam profundos conflitos pessoais e sociais, pois
costumam ser rejeitados pela família e pelos colegas. Ser gay, lésbica, travesti ou transexual
não é um problema em si, nem reflete necessariamente transtornos familiares ou desajuste
psicológico. Mott conclui que o problema é a intolerância dos outros, que como os racistas e
machistas, oprimem quem não é igual a si. Com essa explicação pode-se proferir que o
professor (a) e familiares devem proteger sempre o jovem homossexual contra agressões
físicas e verbais. Os abusos e tratamento violento devem ser denunciados e punidos: gays,
lésbicas e transgêneros devem ter sua privacidade e liberdade respeitadas. A livre orientação
sexual dos jovens é também um direito humano fundamental como foi instruído anteriormente
neste artigo.
É necessário que não se fique apenas nos saberes, mas que a escola imprima nos demais
alunos/as a discussão sobre as questões referentes ao preconceito e a discriminação na escola,
numa perspectiva crítica e histórica, com vistas a uma postura contrária ao preconceito e a
discriminação de qualquer espécie, para que assim, sejam solidários com seus colegas, ditos
“diferentes”. É importante que os educadores conheçam os endereços de entidades e
organizações gays, e que
possam servir de apoio na definição da orientação sexual dos jovens.
12
MOTT, Luiz Roberto de Barros. O/A jovem homossexual na escola. Noções básicas de Direitos Humanos
para Professores/as da Educação Básica. No prelo. 2009.
13
Relacionamento erótico, sem ser obrigatoriamente sexual, entre pessoas do mesmo sexo. Porto Editora, 20032014.[Consult.2014-08-16].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/linguaPortuguesa/homoerotismo>.
O adolescente inquieto com sua homossexualidade prefere geralmente conversar com
pessoas fora de seu meio familiar, da escola ou da igreja. Se não tiver apoio confiável e
responsável, poderá optar por experiências em lugares perigosos e marginais. Ao mesmo
tempo no Brasil, nas principais capitais, já existem grupos específicos de apoio para gays,
lésbicas, travestis e transexuais, além de grupos de ajuda ligados às Organizações nãoGovernamentais (ONGs) que trabalham na prevenção da AIDS e dos Direitos Humanos.
Um educador de verdade não é um reprodutor de
preconceitos e tradições sociais sem nexo com o mundo
em que vivemos, mas sim um guia seguro que pode
conduzir um individuo – aluno – ao ato reflexivo e
perguntar de vez e quando: por que ele é diferente? 14
Apesar da dificuldade em se tratar a homossexualidade, no Brasil já há um programa
chamado “Brasil sem homofobia”15, lançado em 2004, e criado para a não discriminação por
orientação sexual de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. O programa busca estabelecer
uma cultura de serenidade colocando o respeito para todos (as). Apesar de pouco
conhecido, este já é bastante significativo, pois assegura ao homossexual o direito de
denunciar qualquer forma de abuso contra tal grupo através do “Disque Direitos
Humanos”, que serve para registrar denuncias, encaminhar para rede de proteção e
responsabilização e informar à pessoa sobre as providencias cabíveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode deixar de citar O kit gay que é um material destinado a combater a
homofobia nas escolas públicas, a distribuição do material a principio previsto para 2010 não
aconteceu, até que em 25/05/2011 a presidenta Dilma Rousseff cancela a distribuição do kit
14
STANLEY ALCUNHA, André. de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do livro “O Cadáver”
(Editora Multifoco – 2013); presidiu o Centro acadêmico do curso de História no UNIFEG em 2007, é membro
efetivo da Ass. Dos Historiadores e pesquisadores dos Sertões do Jacuhy desde 2004. Atua hoje como professor e
pesquisador de História Cultural. Também leciona língua inglesa, idioma que domina desde a adolescência
15
Brasil sem homofobia: Criado com o objetivo apoiar: “Projetos de fortalecimento de instituições públicas e
não-governamentais que atuam na promoção da cidadania homossexual e/ou no combate à homofobia;”
“Capacitação de profissionais e representantes do movimento homossexual que atuam na defesa de direitos
humanos;” “Disseminação de informações sobre direitos, de promoção da auto-estima homossexual;” “Incentivo à
denúncia de violações dos direitos humanos do segmento GLBT”. Brasil sem Homofobia, Conselho Nacional
de
Combate
a
Discriminação,
2004,
p.
8.
nas escolas, usando como justificativa a rebelião que a bancada evangélica e católica do
Congresso ameaçou fazer, caso o material fosse entregue nas escolas. Assim, os alunos
ficaram sem o kit de combate a homofobia, mas também não foi criado nenhum projeto em
substituição para orientar os alunos a respeito da sexualidade e homossexualidade.
Pode-se finalizar que o olhar do heterossexual a respeito do homossexual ainda é
formulado pelo preconceito, não existe uma integral aceitação no convívio diário com uma
pessoa que se declare diferente. A maioria não se importa com a orientação homossexual de
outrem, desde que, este viva sua sexualidade fora do convívio dos ditos homens e mulheres
“naturais”. A diversidade sexual nas escolas é outro ponto crítico, pois mesmo os que
concordam com uma orientação sexual “fora do padrão”, não aceitam o ensinar sobre a
realidade da homossexualidade na escola. É de obrigação da escola criar condições e
estratégias para que alunos homossexuais tenham liberdade de expressão e se sintam seguros
no ambiente escolar, sem medo de agressões tanto físicas como morais. Para que isso possa
ocorrer, o incentivo de professores e responsáveis é de extrema importância. Aulas,
palestras e vídeos dialogando sobre a sexualidade e suas diferentes combinações podem
ajudar nesta luta de conscientização da diversidade sexual.
A iniciação de informações como estas nas escolas é um grande auxílio na luta contra
a homofobia. Discutir o assunto abertamente é a melhor maneira de erradicar com o
preconceito, proporcionando palestras aos alunos, que ajudem a entender a sexualidade e
homossexualidade. Somando com aulas, desenvolvidas por professores capacitados, não só
teoricamente, mas com práxis, para que o aluno possa ampliar seu modo de pensar a sociedade
presente, para que haja respeito nas diferentes opções sexuais.
REFERÊNCIAS
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1983.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. (organizador). Diversidade sexual na educação:
problematizações sobre a homofobia nas escolas. 1ª ed. Brasília: Unesco, 2009.
MOTT, Luiz. Homossexualidade: mitos e verdades. 1ª ed. Salvador: Grupo Gay da Bahia,
2003.
MOTT, Luiz Roberto de Barros. O/A jovem homossexual na escola. Noções básicas de
Direitos Humanos para Professores/as da Educação Básica. No prelo. 2009.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm (Consultado em 16/06/14
às 09:00 horas)
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=290&Itemid=816
(Consultado em 16/06/14 às 08:55 horas)
http://www.diversidadecatolica.com.br/opiniao_mott.asp(Consultado em 16/06/14 às 12:33
horas)
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/campanha-de-enfrentamento-aviolencia-contra-a-crianca-e-o-adolescente/nao-desvie-o-olhar.-fique-atento.denuncie(Consultado em 10/03/14 às 19:00 horas)
heteronormatividade In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult.
2014-08-16] http://www.infopedia.pt/lingua- ;jsessionid=z2CxKbS2lHN0Ot4ZQia0Uw >.
STANLEY ALCUNHA, André. de André Luiz Ribeiro é professor e escritor; autor do
livro “O Cadáver” (Editora Multifoco – 2013);
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 3ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1983.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. (organizador) Diversidade sexual na educação:
problematizações sobre a homofobia nas escolas. 1ª ed. Brasília: Unesco, 2009.
MOTT, Luiz. Homossexualidade: mitos e verdades. 1ª ed. Salvador: Grupo Gay da Bahia,
2003. 16
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